2 • SÁBADO, 3 DE NOVEMBRO 2012 Associações têm papel fundamental na defesa dos direitos dos doentes As associações de doentes têm dado várias provas de vitalidade e capacidade de intervenção pública e política na defesa dos direitos e das necessidades dos doentes. Qual é o papel que está reservado às associações de doentes? De que forma é possível estabelecer parcerias entre os doentes e os diferentes protagonistas da área da Saúde? ções. Na sua opinião, “perante uma situação de constrangimento financeiro, devem ser analisados os problemas que são prioritários, de modo a assegurar que os doentes e as suas famílias não fiquem de algum modo comprometidos.” Para o Prof. Fausto Amaro, sociólogo e professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), estejamos ou não numa situação de crise económica e social, “a sociedade civil, e especialmente as associações de doentes, têm sempre um papel preponderante, não só Susana Catarino Mendes Na opinião do deputado, “muitas têm porque desempenham funções que, de conseguido um caminho importante de certa forma, deviam ser da responsabiintervenção direta na comulidade do Estado, mas tamm 2008, um estudo realizado pelo nidade, sendo a sua partibém porque conhecem meCentro de Estudos da Universicipação determinante para lhor que ninguém o lado dos dade de Coimbra concluiu que o que o Estado possa tomar doentes, aspeto que pode Sistema Nacional de Saúde (SNS) deve decisões corretas tendo em ser de grande ajuda para os muito às associações de doentes, uma conta o contexto”. serviços de saúde”. vez que são estas que gastam os seus Paula Brito e Costa, pre“Há muitos anos que se recursos a apoiar doentes e familiares sidente da Federação das considera que o cidadão em despesas que são da responsabiliDoenças Raras de Portugal saudável deve preocupardade do Estado. (FEDRA) e da Raríssimas se com a sua saúde. Uma Na ótica do Dr. Ricardo Baptista Leite, – Associação Nacional de vez doente, faz todo o senmédico, deputado e membro da Comissão Deficiências Mentais e Raras tido que continue a interesParlamentar de Saúde, “muitas das asso– destaca a elaboração, pela sar-se e que colabore com Paula Brito e Costa ciações nasceram já para colmatar falhas Associação, do Registo Nao serviço de saúde”, afirma do Estado”. A grande vantacional de Doeno sociólogo, desenvolvengem das primeiras é “a dedites com patologias Raras do que “a prova disso é o facto de exiscação extrema, impossível de em Portugal (RNDR). Uma tirem já serviços de saúde que preveem superar num qualquer funiniciativa pioneira para o rea sua colaboração com o SNS”. cionário público ou privado, gisto dos doentes com patoTodavia, em tempo de crise, o professor porque não tem um interesse logias raras no País. do ISCSP considera que as associações são tão direto”. Ricardo Baptista Leite ainda mais importantes porque os probleO responsável recorda entende que “deve haver mas são maiores e as pessoas necessitam que o grande “boom” das asuma base científica e, para de resolver questões concretas. No entansociações aconteceu há cerisso, as associações devem to, a ação destas exige um financiamento ca de uma década. “Primeiro contar com parcerias que (do Estado e de mecenas), que atualmente surgiram num contexto de possam assegurar que os é cada vez menor. autoajuda e entreajuda”, de- Dr. Ricardo Baptista Leite investimentos e iniciativas Por este motivo, Fausto Amaro desempenhando um papel imdestas instituições responfende que as associações têm que portante no apoio aos doentes dam com máxima eficiência mostrar que possuem qualidade de e familiares. Depois, prossegue, “evoluíaos desafios prementes com que se deprestação de serviço. Para o socióloram para um modelo de assistencialismo param e que garantam a sua go, “apenas aquelas que o e cuidados de saúde mais diferenciados, sustentabilidade”. fizerem sobreviverão num envolvendo também especialistas”. mundo de recursos muito Em tempo de crise, escassos”. associações prestam Paula Brito e Costa “Muitas das associações cuidados cada vez mais acredita que “vingarão, em primeiro lugar, as associanasceram já para colmatar diferenciados ções que se diferenciem falhas do Estado”, Segundo Ricardo Bapdas demais e, em segundo, tista Leite, têm chegado à as que substituam o Estado considera o Dr. Ricardo Assembleia da República em determinadas áreas”. A vários relatos de cortes no responsável adverte, conBaptista Leite. financiamento às associa- Prof. Fausto Amaro tudo, para a necessidade E da existência de um parceiro Estado que reconheça o trabalho que as associações desenvolvem pelo bem do País, nas diversas valências em que atuam. Em tempo de crise, as associações são ainda mais importantes porque os problemas são maiores. Contudo, o financiamento que lhes é atribuído pelo Estado e por mecenas é cada vez menor. Associações “a uma só voz” No passado mês de setembro, 25 associações de doentes reuniram-se para encontrar propostas concretas para evitar problemas de acesso a medicamentos e a cuidados de Saúde, resultando a “Carta Branca para as Doenças Crónicas”, um documento apresentado publicamente que pretende alertar a Troika, o Governo e a população em geral para o impacto das mudanças que se estão a verificar no setor da Saúde. A criação de um Fundo de Comparticipação para Medicamentos Inovadores, a definição de Normas de Orientação Terapêuticas, com a participação de representantes das associações de doentes e a centralização das centrais nacionais de compras num instituto e não por hospital, foram três das soluções apresentadas pelas associações. Sobre a criação de um Fundo de Comparticipação para Medicamentos Inovadores, Paula Brito e Costa, membro do Comité Executivo do Fórum Saúde, explica: “Deverão ser criados critérios muito bem definidos, onde serão estipulados que doentes têm direito a determinada terapêutica.” O objetivo da medida é, “de alguma forma, retirar esse peso às administrações hospitalares ”. Diretor: José Alberto Soares Assessora de Direção: Helena Mourão Redação: Andreia Pereira, Bruno Miguel Dias, Cátia Jorge, David Carvalho, Paula Pereira, Sílvia Malheiro, Susana Catarino Mendes Fotografia: Ricardo Gaudêncio (editor), Jorge Correia Luís Agenda: [email protected] Diretor de Produção: João Carvalho Diretor de Produção Gráfica: José Manuel Soares Diretora de Marketing: Ana Branquinho Diretor de Multimédia: Luís Soares Redação: Av. Infante D. Henrique, 333 H, 5.º 1800-282 Lisboa, Tel. 21 850 40 00, Fax 21 850 40 09, [email protected], www.jasfarma.com. 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