ISSN 1984-8218 Reconstrução Algébrica e Tomografia Computadorizada Lara Martins Barbosa1, Marcos Antônio da Câmara2 UFU - Faculdade de Matemática – Campus Santa Mônica 38408-100, Uberlândia, Minas Gerais E-mail: [email protected], [email protected] RESUMO A tomografia computadorizada (TC), introduzida na prática clínica em 1972, é uma modalidade da Radiologia reconhecida pelo alto potencial de diagnóstico. A TC possibilitou a investigação por imagem de regiões do corpo humano até então não reproduzidas pelos métodos convencionais. Como visto em [1], a invenção da TC apoiou-se em um tubo de raios-X que gira emitindo radiação em torno do paciente num plano axial. Um conjunto de detectores posicionados no lado oposto do tubo capta os fótons de raios-X que atravessam o paciente sem interagir e um algoritmo de reconstrução, composto de uma seqüência de instruções matemáticas, converte os sinais medidos pelos detectores em uma imagem. A imagem por TC é um mapeamento do coeficiente linear de atenuação da seção do corpo humano em estudo. A imagem é apresentada como uma matriz bidimensional em que a cada elemento desta matriz, o pixel, é atribuído um valor numérico, denominado número de TC. Este é expresso em unidades Hounsfield (UH) e está relacionado ao coeficiente linear médio de atenuação do elemento de volume, voxel, no interior do corte que o pixel representa. O grau da qualidade da imagem ligase à fidelidade com que o conjunto de números de TC reproduz as pequenas diferenças em atenuação entre os tecidos. Em [2], vemos que os fótons que constituem o feixe de raios X são absorvidos pelo tecido dentro do pixel numa taxa proporcional à densidade de raios X do tecido. Se o feixe de raios X passa por uma fileira inteira de pixels, então o número de fótons saindo de um pixel é igual ao número de fótons entrando no próximo pixel na fileira. Se estes pixels são numerados e é a densidade de raios X do j-ésimo pixel então, pela propriedade aditiva da função logarítmica, temos que Já a densidade de feixe do i-ésimo feixe de um escaneamento é denotada por e é dada por Para cada feixe que passa paralelo por dentro de uma fileira de pixels nós devemos ter que Assim, se o i-ésimo feixe passa paralelo por dentro de cada pixel de uma linha ou coluna de pixels numerados então, . 1 Aluna PROMAT/FAMAT-UFU 2 Tutor do PET Matemática da UFU – SESu/MEC Agradecimento: Os autores agradecem à FAPEMIG pelo apoio financeiro 177 ISSN 1984-8218 Se definirmos então, podemos escrever Logo, escrevendo o conjunto de M equações de feixe de um escaneamento completo, teremos um sistema linear de M equações (as M equações de feixe) em N incógnitas (as N densidades de pixel). Neste trabalho vamos considerar apenas o sistema sobredeterminado, em que M > N. Devido aos erros experimentais e de modelagem não devemos esperar que nosso sistema linear tenha uma solução matemática exata, portanto encontraremos uma solução “aproximada” para o sistema. Muitos foram os algoritmos desenvolvidos para tratar o sistema sobredeterminado. O Algoritmo de Kaczmarz, que iremos descrever, encontra-se em [3] e pertence a uma classe chamada de Técnicas de Reconstrução Algébrica. ; para a primeira rodada, tome p = 1; para k = 1, 2,..., Escolha um ponto arbitrário do M, calcule – ; denote p em 1 e retorne ao cálculo de sobre o hiperplano . A iterada ; aumente o número da rodada é chamada a projeção ortogonal de . Consequentemente, este algoritmo determina uma sequência de projeções ortogonais de um hiperplano sobre o seguinte até chegar ao último, quando então retornamos, voltando a projetar no M-ésimo hiperplano, convergem a um ponto sobre o primeiro. As iteradas naquele hiperplano que não depende da escolha do ponto inicial Na tomografia computadorizada é escolhida uma das iteradas , com suficientemente grande, como uma solução aproximada do sistema linear para as densidades dos pixels. O algoritmo de reconstrução é selecionado conforme a indicação clínica e a área de estudo. Alguns intensificam as bordas melhorando a resolução espacial, apropriados para exibir a imagem detalhada do tecido ósseo. Contudo, todas as técnicas devem resolver o mesmo problema matemático básico: encontrar uma boa solução aproximada de um sistema sobredeterminado e inconsistente constituído de um grande número de equações lineares. Palavras-chave: Tomografia, Algoritmo de Kaczmarz, Reconstrução algébrica Referências [1] M. T. Carlos, “Tomografia computadorizada: Formação da imagem e radioproteção”, LNMRI, IRD/CNEN, 2002. [2] A. Howard, e C. Rorres, “Álgebra linear com aplicações”, 8ª edição, Bookman, Porto Alegre, 2001. [3] T. Strohmer and R. Vershynin, A randomized Kaczmarz algorithm with exponential convergence, J. Fourier Anal. Appl., vol. 15, pp. 262-278, (2009). 1 Aluna PROMAT/FAMAT-UFU 2 Tutor do PET Matemática da UFU – SESu/MEC Agradecimento: Os autores agradecem à FAPEMIG pelo apoio financeiro 178