educação
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financeira
no Ensino Fundamental I:
Desafios e possibilidades
Álvaro Modernell
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Educação Financeira no Ensino Fundamental I:
desafios e possibilidades
Álvaro Modernell, especialista em Educação Financeira1
Tom Wang/Shutterstock/ID/BR
Educação Financeira é um dos principais temas da atualidade na pauta das escolas,
no cotidiano das famílias brasileiras, na imprensa e na agenda de governantes e legisladores. Porém, ainda há pouca clareza sobre o que é, realmente, Educação Financeira.
Nesse cenário efervescente e de indefinições, alguns segmentos da sociedade e certas
entidades de classe procuram impor vieses que nem sempre são os mais adequados.
Mas, apesar da falta de sinergia, a soma dessas iniciativas amplia o alcance e os benefícios da Educação Financeira para a população em geral e para a comunidade como um
todo. O resultado acaba por ser positivo.
Álvaro Modernell é especialista em Educação Financeira, autor de vários livros infantis sobre o assunto, palestrante
e consultor. É mestre em Finanças, MBA em Negócios Internacionais e em Finanças, especialista em Metodologia do
Ensino e em Política e Estratégia. Professor de Educação Financeira em MBA e cursos de pós-graduação, apresentador
do programa Bate-papo com quem entende e colunista para diversas mídias.
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Em vistas do que vem sendo discutido e divulgado, pelo menos está ficando claro que
Educação Financeira não é o mesmo que matemática financeira ou introdução ao mercado de ações. Que não se trata apenas de falar de economia e finanças em linguagem
simples. Tampouco é uma trilha para o enriquecimento fácil ou uma estratégia para reduzir o consumo ou evitar o endividamento. Mas há muito a ser esclarecido, até para que
as ações sejam efetivas e sinérgicas entre si. Quando o tema é levado açodadamente às
escolas, em que a maioria dos professores sequer teve ou tem noções sobre o assunto e
se vê diante da missão de trabalhar com essa temática como se a dominasse, os riscos de
que a Educação Financeira seja distorcida ou rejeitada ficam potencializados na mesma
proporção da pressa que lhes é exigida na implantação.
Mas essa, pelo menos em parte, foi uma decisão consciente, necessária. Foi a esse
consenso que chegamos enquanto fiz parte do Grupo de Apoio Pedagógico (GAP), do MEC
e do Banco Central, na elaboração do projeto da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), nos anos de 2009 a 2010. Concluímos que seria preciso trocar os pneus com
o carro andando.
Para esclarecer o assunto, vamos começar desmitificando a tese de que Educação
Financeira seja novidade ou produto do capitalismo, como alguns críticos chegaram a
colocar. Se nos reportarmos aos clássicos da literatura infantil, como as fábulas de Esopo
(600 anos a.C.), vamos perceber que histórias como A galinha dos ovos de ouro e A cigarra
e a formiga, são, na essência, abordagens do tema Educação Financeira com o objetivo de
alertar sobre riscos e perigos da ganância e da falta de previdência. Ressaltam, ainda que
de maneira subliminar, a importância da formação de reservas de poupança, da diversificação nas fontes de renda e outros fundamentos de finanças pessoais.
AkaraKingDoms/Shutterstock/ID/BR
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Na Idade Média, essas fábulas foram revitalizadas por La Fontaine e, ao longo de
séculos, vêm passando de geração em geração, atestando a importância do assunto e o
interesse no seio familiar. Os Irmãos Grimm também deixaram sua contribuição nessa
área, com o conto João Felizardo.
Nossos pais, avós e professores leram algumas dessas histórias para nós. Ainda que
não fossem feitos com o nome de Educação Financeira, os propósitos e a moral das histórias eram óbvios: orientar sobre o uso do dinheiro, atestando o quanto esse assunto é
importante para a humanidade.
Essa herança histórica é multicultural:
•
Na cultura cristã, por exemplo, há o ensinamento que se deve “Ensinar a pescar, ao
invés de dar o peixe”, em clara alusão à maior importância de um legado de Educação
Financeira em comparação com eventual herança de bens materiais.
•
Na cultura árabe, circula o inteligente ditado “Quem compra o que não precisa, um dia
terá que vender o que precisa”, que retrata a necessidade de priorizar os gastos com
as necessidades, antes de atender a simples desejos.
•
Na sabedoria oriental, destacamos a citação “Cave um poço antes que sinta sede”, em
alusão à importância da previdência e das reservas de poupança.
•
Na cultura popular brasileira, há ditados como “Não se deve colocar todos os ovos na
mesma cesta” e “O olho do dono engorda o boi”, os quais se relacionam com o princípio
da diversificação e o da necessidade de acompanhar, de perto, os próprios investimentos.
Nós também fizemos ou faremos o mesmo por nossos filhos, ainda
que empiricamente, valendo-nos de literatura, ditados ou da tradição
popular, pois queremos que o dinheiro seja bem aproveitado.
Nas últimas décadas, a Educação Financeira ganhou, além
do nome formal, uma roupagem especial e uma legião de profissionais e entusiastas. Passou a ser estudada, estruturada, inserida em contextos educativos, acadêmicos, sociais
e políticos.
Anna Hoychuk/
Shutterstock/ID/BR
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Atualmente, mais de 90 países possuem projetos
para fomento da Educação Financeira e Previdenciária
de seus cidadãos. Sim, a Educação Financeira assumiu
também esse papel, o de auxiliar na inclusão social, na
melhor distribuição de renda e na formação cidadã das
pessoas. A alfabetização financeira, a difusão dos direitos
dos consumidores, a prevenção ao endividamento e a inclusão bancária passaram a ser vistas como requisitos na sociedade moderna. Empreendedorismo e microfinanças associaram-se a essa tendência, visando a qualidade de vida por meio de melhor uso e
aproveitamento dos recursos financeiros.
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O Brasil está bem inserido neste contexto. Desde 2010 contamos com a ENEF, instituída pelo Decreto Presidencial 7.397, de 22 de dezembro de 20102, um dos projetos mais
abrangentes e inclusivos de que se tem notícia no cenário mundial. Trata-se de uma importante referência para entidades e profissionais que buscam orientação ou convergência com as diretrizes governamentais para projetos de Educação Financeira.
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No âmbito escolar, vale uma consulta ao documento “Orientações para a Educação
Financeira nas Escolas”. A iniciativa privada, de maneira geral, tem sido ágil, vem criando
instrumentos e metodologias diversificados para oferecer Educação Financeira à população. Com mais opções, fica mais fácil cada um escolher o que mais lhe interessa.
Medioimages/Photodisc/Thinkstock/ID/BR
Segmentos específicos e representativos, como cooperativas, fundos de previdência,
o INSS, sindicatos e entidades de classe vêm trabalhando para que a população se sensibilize sobre a importância e os problemas da previdência que, no futuro, trarão reflexos
para a situação financeira e a qualidade de vida de todos. As perspectivas dos problemas
previdenciários crescem na mesma proporção que os avanços da medicina em prol da
longevidade da população. Daí a maior necessidade de educação previdenciária para todos, principalmente os jovens.
Entidades de defesa do consumidor, como o Procon, vêm focando na difusão e preservação dos direitos dos consumidores e no combate e prevenção ao superendividamento,
problema que assola grande parte da população, especialmente as pessoas que ingressaram recentemente no mercado de trabalho e de consumo, uma consequência clara da
falta de Educação Financeira, que deveria ter sido provida com antecedência.
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A ENEF tem a finalidade de promover a educação financeira e previdenciária e contribuir para o fortalecimento da
cidadania, a eficiência e solidez do sistema financeiro nacional e a tomada de decisões conscientes por parte dos consumidores. (Disponível em: <www.vidaedinheiro.gov.br>. Acesso em: 28 abr. 2014.)
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Enquanto o comércio e a indústria investem em meios para aumentar o consumo e
o sistema financeiro busca estimular o uso do crédito, outras entidades devem ajudar a
preparar os consumidores para evitar que caiam em armadilhas, até mesmo as buscadas
inconscientemente por elas próprias, e não sejam vítimas de abusos dos fornecedores.
Dentre essas outras entidades, destaca-se o papel das escolas e demais instituições
de ensino.
Na Educação Financeira infantil, as escolas, especialmente as particulares, têm assumido a frente, apesar da importância da participação das famílias e da expectativa de
participação das escolas públicas, conforme previsto na ENEF.
David Franklin/iStock/Thinkstock/ID/BR
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As teorias e literaturas geralmente são apresentadas nas escolas, mas apenas em
casa poderão ser experimentadas as práticas do cotidiano. Teoria e prática precisam se
complementar. Em países que saíram na vanguarda, como Nova Zelândia, Estados Unidos
e Canadá, que inicialmente não focaram nas crianças, logo perceberam que precisariam
rever suas estratégias.
Hoje, no mundo inteiro, as ações de Educação Financeira têm por princípio incluir
as crianças. Embora existam controvérsias sobre a idade inicial adequada, a maioria dos
profissionais converge para o início da alfabetização – por volta dos seis ou sete anos.
No Brasil, há alguns anos, escolas que ofereciam Educação Financeira e o faziam
como diferencial positivo eram poucas. Atualmente, esse número cresceu, afinal, em breve, segundo a ENEF, as escolas públicas de todo o país, desde o primeiro ano do Ensino
Fundamental até o último ano do Ensino Médio, também terão Educação Financeira. Isso
já começou em alguns estados e em mais de 400 escolas, nas quais foram realizados
testes-piloto. Educação financeira não é modismo. Chegou para fazer parte da vida e da
formação das pessoas, da rotina e do programa das escolas, tão importante quanto a
educação alimentar e a educação ambiental, pois são fundamentos que precisam acompanhar as pessoas por toda a vida e farão a diferença na forma de viver e no legado que
deixarão.
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Vamos partir de um conceito bastante difundido, apresentado pela Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que tem estado ao lado de vários países e entidades internacionais na criação e integração de iniciativas e ações ligadas à
Educação Financeira, que assim a define:
Processo pelo qual consumidores e investidores melhoram sua compreensão sobre
produtos, conceitos e riscos financeiros, e obtêm informação e instrução, desenvolvem
habilidades e confiança, de modo a ficarem mais cientes sobre os riscos e oportunidades financeiras, para fazerem escolhas mais conscientes e, assim, adotarem ações para
melhorar seu bem-estar.
É um conceito completo e abrangente, mas muito ligado à visão estatal e acadêmica,
até pela natureza estratégica de sua definição e de suas relações. Na prática e em ações
pontuais, ligadas a grupos reduzidos, acaba distanciado do que cada um faz ou gostaria de
fazer por si, por sua família ou por pequenos grupos, como turmas de alunos, grupos de
trabalhadores de determinada empresa ou membros de comunidades de bairro. Assim,
em vistas dessa percepção, propus um conceito mais simples e mais objetivo, apresentado em 2008 no seminário organizado pelo Coremec3, realizado no Banco Central, que vem
sendo adotado por vários profissionais e muitas entidades desde então:
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Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiro, de
Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização.
rstoc
k/ID/B
hutte
A ideia é mostrar que a Educação Financeira
deve ser vista como um conjunto de hábitos financeiros saudáveis, que contribuem para melhorar a
situação, o proveito e as perspectivas financeiras
das pessoas. Claro que, conforme o viés, o foco, o
interesse ou as necessidades específicas, isso pode
e deve ser adaptado. Mas a essência deve ser preservada: deve ser contínua, com visão de longo prazo, desassociada do nível de renda ou social, sem
estabelecer o que é certo ou errado, mas proporcionando condições de escolhas e decisões conscientes e bem embasadas, que evitem problemas
financeiros e ajudem no bem-estar das pessoas.
R
Conjunto amplo de orientações e esclarecimentos sobre posturas, valores e atitudes
adequadas no planejamento e uso dos recursos financeiros pessoais.
i JM/S
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O que é Educação Financeira?
Gelp
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A Educação Financeira contempla:
•
ética nos relacionamentos – rejeição à corrupção, negociação justa, cumprimento de
prazos e valores acordados;
•
consciência ambiental – uso racional dos recursos, combate ao desperdício, respeito
à natureza, visão coletiva e humanitária;
•
responsabilidade social – visão coletiva, espírito solidário, consciência tributária, defesa da sustentabilidade.
Analisando a produção literária nacional, é possível surpreender-se ao saber quem já
tratou de questões ligadas à Educação Financeira em suas obras infantis:
Cora Coralina, com o livro A menina, o cofrinho e a vovó;
Ziraldo, com o Almanaque do Maluquinho – Pra que dinheiro?;
Jonas Ribeiro, com O homem mais rico da cidade e A bicicleta voadora;
Bia Hetzel, com A troca;
Vera Lucia Ramos, com O cofre do João;
Ruth Rocha, com o livro Como se fosse dinheiro.
Ainda na literatura infantil, vários autores nacionais possuem ampla produção dirigida à Educação Financeira, entre os quais me incluo e destaco os livros Zequinha e a
porquinha Poupança, O pé de meia mágico e Paulina e o Ipê-amarelo. Cito, ainda, outros profissionais da área com publicações infantis, como Cássia D’Aquino, Reinaldo Domingos
e Fabio Araujo, com seu romance infantojuvenil Sociedade da Fortuna. Como se vê, há
muitas opções e essa diversidade é salutar.
Analisando-se as publicações dos últimos anos, percebem-se duas linhas de abordagem se consolidando no mercado: a humanista e a financista.
Na linha humanista, onde me incluo, o foco é o bem-estar, a melhor qualidade de
vida, a busca pela tranquilidade financeira e pelos benefícios que podem ser aproveitados
com uma boa situação financeira. A ideia é estimular as pessoas a refletir sobre suas
posturas, valores e atitudes em situações que envolvem dinheiro, como consumo consciente, formação de reservas, bom uso do crédito, distanciamento de dívidas, atenção aos
aspectos previdenciários. Os resultados financeiros são mais lentos, mas os ganhos e
benefícios tendem a ser mais duradouros.
Na linha financista, o foco maior é no aprendizado sobre o funcionamento do sistema
financeiro, no conhecimento de produtos bancários, no domínio da matemática financeira,
no estabelecimento de controles e metas, nos resultados dos investimentos, no acúmulo
de dinheiro. Às vezes enfatiza as restrições e os sacrifícios em prol dos objetivos. A medição do sucesso nessa linha está mais associada ao crescimento do saldo bancário e do
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patrimônio. Para quem se adapta a ela, a tendência é obter ganhos financeiros mais rápidos e mais significativos, mas não necessariamente melhor qualidade de vida. Tem sido a
linha mais adotada por pessoas ligadas à área de Matemática, geralmente mais objetivas
e menos influenciadas pelos aspectos psicológicos, subjetivos e sociais, além dos ideais
pedagógicos.
São duas linhas interessantes e necessárias, motivo pelo qual devem coexistir, de
preferência de maneira complementar, por conta da diversidade cultural e de interesses
da população. Mas a base, principalmente na Educação Financeira infantil, deve ser a
linha humanista.
Ao colocarmos o foco no Ensino Fundamental I, crianças de 6 a 10 anos, a responsabilidade é infinitamente maior. Crianças dessa faixa etária são ávidas por novos conhecimentos. As consequências da educação e das abordagens nessa fase da vida terão
influência por décadas, gerações.
Triloks/iStock/Thinkstock/ID/BR
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Tratando-se de Educação Financeira, vale também um importante princípio de finanças, o da diversificação, popularmente conhecido como não colocar todos os ovos na
mesma cesta. Digo isso por considerar saudável a prática de as escolas, ao optarem por
trabalhar com materiais didáticos, não abrirem mão da adoção e uso de livros literários
para tratar de Educação Financeira, possibilitando ao educando o contato com diferentes
tipos de linguagem, o que favorecerá a compreensão dos conceitos trabalhados e mostrará que existe mais de um caminho, mais do que uma única escolha e, principalmente,
mais de uma visão sobre o assunto.
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Como implantar Educação Financeira?
Para dezenas de escolas que atendi ao longo dos
anos, em consultas sobre a melhor forma de iniciar
com Educação Financeira, tenho sugerido o seguinte
caminho, que vem dando bons resultados:
Iniciar com a introdução de livros voltados para
Educação Financeira nos projetos de leitura.
Durante algum tempo, que pode ser de um ou
dois anos, sem a necessidade de investimentos
adicionais na escola, sem gastos extras para os
pais, sem mexer na grade curricular, simplesmente acrescentando literatura ou paradidáticos voltados para Educação Financeira na lista de livros de todas as séries (Veja, no
final, lista de sugestões de livros e autores).
Dessa forma, o assunto Educação Financeira passa a frequentar naturalmente o cotidiano da escola. As crianças e os pais se interessam, os professores passam a ter contato,
a pesquisar, a capacitar-se e, naturalmente, surgem os mais interessados e com potencial para liderar um projeto específico, quando chegar o momento (proposta bottom-up
ou out-in). Geralmente surge ou intensifica-se a demanda, tornando o terreno mais fértil
para que seja oferecido algo estruturado.
Ao longo desse período de sensibilização, é importante levar à escola especialistas
para fazer palestras, oficinas, provocar discussões. Na medida do possível, o público deve
variar de internos (professores, funcionários e alunos) a externos (pais e familiares de alunos e cônjuges de professores e funcionários). Não menos do que dois eventos devem ser
organizados, de preferência com a presença de diferentes profissionais, para estimular
comparações, reflexões e diversidade autoral.
É importante também consultar e ponderar as diretrizes do Comitê Nacional de Educação Financeira (Conef) e do MEC:
•
Visitar ou realizar intercâmbio de informações com outras escolas.
•
Avaliar se a melhor opção para a escola seria o uso de metodologias patenteadas de
sistemas de ensino, por exemplo, ou o desenvolvimento de metodologia própria, com
assessoria especializada.
•
Contar com o apoio de editoras para consultoria e indicação de autores e bibliografia
especializados.
•
Ponderar, também, na escolha dos materiais, nos preços dos livros e outros materiais a serem indicados aos pais.
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De acordo com as diretrizes acima, é recomendável a realização de benchmarking
em escolas similares ou o estudo de casos de sucesso. Não há necessidade de reinventar. Metodologias patenteadas são mais fáceis de implementação, mas nem sempre são
as melhores escolhas. Escolas pequenas podem basear-se na experiência das maiores.
Grandes redes podem investir para adaptar o que mais condiz com sua realidade e estrutura. Todas podem contar com a parceria de editoras e devem assegurar-se de que os
materiais escolhidos sejam compatíveis com o contexto da comunidade e da região.
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Tratando-se de assunto ligado às finanças, inclusive familiares, não posso deixar de
abordar uma questão relevante para o orçamento familiar: o custo e os preços dos materiais escolares e dos livros. Cabe às escolas ponderarem, também, o preço dos livros a
serem selecionados, indicados e adotados, contribuindo, como parceiras dos consumidores, para que a relação custo-benefício seja positiva.
Os professores precisam ser capacitados e os funcionários da escola, sensibilizados.
Educação Financeira envolve todos os segmentos da instituição, da sala de aula à cantina,
passando pela tesouraria. É importante os alunos observarem que a prática na escola
é condizente com as teorias da sala de aula. Com as crianças não funcionam discursos
dissociados das práticas e dos exemplos.
As escolas precisam responsabilizar-se por essa formação de modo sério e sistemático. Seja por questões financeiras ou por questões de educação, valho-me de Derek Bok
(ex-reitor da Faculdade de Direito de Harvard):
“Se você acha que educação é cara, experimente a ignorância.”
Como trabalhar Educação Financeira no Ensino Fundamental I?
Monkey Business Images/Thinkstock/ID/BR
No Ensino Fundamental I, principalmente nos primeiros anos, o foco deve ser na
apresentação de fundamentos da Educação Financeira e na sensibilização sobre a importância do tema.
Existem questões relevantes sobre as quais é preciso refletir. Listo algumas, sem
a menor pretensão de esgotar
o assunto, mas com o firme
propósito de instigar reflexões
e auxiliar nas melhores escolhas para cada instituição de
ensino. Nos demais segmentos, algumas mudanças devem acontecer.
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I. Educação Financeira deve ser compreendida como disciplina autônoma ou ensino
transversal?
Ensino transversal.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:
A transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa,
uma relação entre aprender na realidade e da realidade de conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real (aprender na
realidade e da realidade). (PCN, p. 27)
Assim, os temas transversais, como se propõe para a Educação Financeira, dão sentido social ao aprendizado ao aproximar o conhecimento escolar da vida real.
Embora os PCN não apontem, ainda, a Educação Financeira com um tema transversal, entendemos que o dinheiro e as questões financeiras se fazem presentes em praticamente todos os ambientes e tipos de relacionamento que temos, portanto, é transversal
em nossas vidas. Melhor que seja compreendido assim desde o princípio. Ademais, abordando o tema nas diversas áreas do conhecimento, e com a possibilidade de mais professores envolvidos, as crianças serão estimuladas a refletir sobre o verdadeiro papel do dinheiro na vida e sobre valores, até mesmo os que não têm preço, sob várias perspectivas.
Quanto à metodologia, é importante trabalhar com diferentes abordagens, formas,
discursos, instrumentos, canais, exemplos e visões.
Nas escolas que oferecem turno complementar ou ensino em tempo integral, pode-se criar disciplina extracurricular, com carga horária específica, mas sem abandonar a
transversalidade.
II. Usar ou não livros e materiais didáticos específicos sobre Educação Financeira?
Cabe à escola verificar qual é a melhor opção de acordo com seu projeto político-pedagógico e seu corpo docente. O importante a saber é que nenhuma coleção de material didático disponível atualmente possui mais do que dois ou três anos de circulação
no mercado. Assim, precisam passar por uma boa análise antes da adoção e o trabalho
deve ser ampliado, fazendo uso de livros de literatura e paradidáticos, sempre buscando
a diversidade de autores e editoras. O uso do contraditório é importante.
Os materiais que se usam como recurso didático expressam valores e concepções a
respeito de seu objeto. A análise crítica desse material pode representar uma oportunidade para se desenvolverem os valores e as atitudes com os quais se pretende trabalhar.
(PCN, p. 32)
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III. E sobre a capacitação dos professores?
Fator de extrema importância. Além de oferecer a bibliografia disponível, os professores devem ter acesso a palestras, congressos, cursos, oficinas, seminários e outras
oportunidades de capacitação. Na própria escola, é importante que um bom número de
professores envolva-se com o projeto ou as atividades de Educação Financeira, permitindo a troca de ideias, a elaboração de materiais e a construção coletiva de sequências didáticas e projetos interdisciplinares. Isso ajuda na ampliação dos horizontes, na pluralidade
de ideias e na motivação dos profissionais.
Para o professor, a escola não é apenas lugar de reprodução de relações de trabalho
alienadas e alienantes. É, também, lugar de possibilidade de construção de relações de
autonomia, de criação e recriação de seu próprio trabalho, de reconhecimento de si,
que possibilita redefinir sua relação com a instituição, com o Estado, com os alunos,
suas famílias e comunidades. (PCN, p. 34)
Como abordar Educação Financeira na transversalidade das disciplinas
do Ensino Fundamental I?
Primeiramente, é necessário definir objetivos a serem alcançados.
Os objetivos e competências da ENEF foram definidos tendo como base dimensões
espaciais e temporais.
A dimensão espacial engloba os conceitos de EF baseada no impacto de ações individuais no contexto social e nas consequências dessas ações nas condições econômicas e
financeiras desses mesmos indivíduos. A dimensão espacial é organizada nos campos
de cobertura social, do mais restrito (individual) para o mais amplo (global).
Na dimensão temporal, os conceitos são discutidos tendo como base a noção de que
decisões tomadas no presente afetam o futuro. Os espaços são cruzados pela dimensão
temporal, que conecta o passado, o presente e o futuro, em uma corrente de inter-relações. Essa corrente torna possível a percepção do presente não apenas como um
resultado de decisões tomadas no passado, mas como o momento em que certas iniciativas foram tomadas, e os resultados e consequências dessas iniciativas – positivos e
negativos – serão coletados no futuro.
Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pre/pef/port/Estrategia_Nacional_Educacao_Financeira_ENEF.pdf>.
Acesso em: 3 maio 2014.
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Para definir os objetivos específicos de acordo com a realidade da escola e do perfil
dos educandos, o educador deve levar em conta a tabela de objetivos, competências e
conceitos proposta pela ENEF:
Os objetivos, competências e conceitos relacionados à ENEF
Objetivo
Competência
1. Formar para cidadania (DE) 1. Exercer direitos e
deveres de forma ética e
responsável
Conceitos
Cidadania
Consumo responsável
(consciente e sustentável)
2. Educar para o consumo e a 2. Tomar decisões financeiras
poupança (DE)
social e ambientalmente
responsáveis
Receitas e despesas/
orçamento
3. Aplicar compreensão de
receitas e despesas na
manutenção do balanço
financeiro
4. Harmonizar desejos e
necessidades, refletindo
sobre os próprios hábitos
de consumo e poupança
5. Valer-se do sistema
financeiro formal para a
utilização de serviços e
produtos financeiros
Reservas (poupança) e
investimento
Crédito
6. Avaliar ofertas e tomar
3. Oferecer conceitos e
decisões financeiras
ferramentas para a tomada
autônomas de acordo com
de decisão autônoma
as reais necessidades
baseada em mudança de
atitude (DE)
Autonomia
4. Formar disseminadores e/
ou multiplicadores em EF
(DE)
7. Atuar como disseminador
dos conhecimentos e
práticas de EF
Disseminação e/ou
multiplicação
5. Desenvolver a cultura da
prevenção e proteção (DT)
8. Valer-se de mecanismos
de prevenção e proteção
de curto, médio e longo
prazos
Prevenção
6. Instrumentalizar para
planejar em curto, médio e
longo prazos (DT)
9. Elaborar planejamento
financeiro no curto, médio
e longo prazos
7. Proporcionar a
possibilidade de melhoria
da própria situação (DT)
10. Analisar alternativas
para superar dificuldades
econômicas
DE – Dimensão Espacial
Proteção
Planejamento
Mudança de condições de vida
DT – Dimensão Temporal
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Elencamos alguns objetivos de acordo com as sugestões de atividades que serão
propostas.
1. Conhecer noções básicas relacionadas à Educação Financeira.
2. Perceber a diferença entre necessidades e desejos.
3. Compreender a importância do planejamento financeiro para alcançar objetivos individuais e/ou coletivos.
4. Observar e analisar fatos e situações do ponto de vista financeiro, de forma crítica.
5. Compreender a necessidade de desenvolver atitudes e valores positivos relacionados à
Educação Financeira visando à ética nos relacionamentos, consciência ambiental e responsabilidade social.
Nas aulas de Arte, é possível abordar o tema propondo atividades como: aproveitar
e reciclar materiais; construir ou decorar os próprios cofrinhos, bauzinhos, pés de meia,
envelopes ou outros recipientes para acumular temporariamente moedas; analisar ilustrações e símbolos de moedas, bilhetes, notas de diferentes épocas e países; trabalhar a
intangibilidade e a subjetividade dos valores de obras de arte famosas, bem como o valor
daquilo que não se pode comprar.
Nas aulas de Língua Portuguesa, explorar a literatura dirigida; fazer produção e interpretação de textos; usar ditos populares e pensamentos; trabalhar vocabulário. Como
atividade instigadora de reflexão sobre o tema, podem ser realizadas produções de texto
em diferentes gêneros, como histórias em quadrinhos, fábulas e lendas, e concursos relacionados a elementos da Educação Financeira próprios da idade das crianças.
Nas aulas de Matemática, substituir parte dos exemplos tradicionalmente realizados
com frutas e outros objetos por moedas ou valores; utilizar exemplos ligados a assuntos
de interesse das crianças; trabalhar com preços, panfletos, publicidade, anúncios de produtos infantis; propor exercícios de acúmulo, projeção, troco, comparação; utilizar moedas em substituição ao material
dourado em alguns exercícios; trabalhar
com adição, subtração, divisão, fração e
multiplicação de valores; trabalhar medidas de grandeza, tempo, custo e preço.
Vladgrin/Thinkstock/ID/BR
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Nas aulas de Geografia, História e
Filosofia, associar a fatos históricos, evolução das sociedades, fatores de produção, condições climáticas, geográficas,
culturais; provocar reflexões, instigando
pesquisas, comparando épocas, países,
lugares.
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Entretanto, o interessante e mais indicado no Ensino Fundamental I é que os professores desenvolvam projetos interdisciplinares em que o tema Educação Financeira
apareça de forma transversal, envolvendo a situação cotidiana dos alunos, da escola e/ou
das famílias.
A organização dos conteúdos em torno de projetos, como forma de desenvolver atividades de ensino e aprendizagem, favorece a compreensão da multiplicidade de aspectos que compõem a realidade, uma vez que permite a articulação de contribuições de
diversos campos de conhecimento. Esse tipo de organização permite que se dê relevância às questões dos Temas Transversais, pois os projetos podem se desenvolver em
torno deles e ser direcionados para metas objetivas ou para a produção de algo específico (como um jornal, por exemplo). Professor e alunos compartilham os objetivos do
trabalho e os conteúdos são organizados em torno de uma ou mais questões. Uma vez
definido o aspecto específico de um tema, os alunos têm a possibilidade de aplicar os
conhecimentos que já possuem sobre o assunto; buscar novas informações e utilizar os
conhecimentos e os recursos oferecidos pelas diversas áreas para dar um sentido amplo
à questão. (PCN, p. 38)
Nesse sentido, seguem algumas sugestões de projetos interdisciplinares a serem
desenvolvidos com os alunos do EFI:
I. De olho nas contas (Matemática, Ciências e Geografia):
Objetivos: economizar os recursos financeiros da família e preservar os recursos naturais, valorizando atitudes de respeito ao meio ambiente a partir do desenvolvimento de
hábitos saudáveis.
Atividade:
• Analisar contas de água, energia, telefone e elaborar plano para redução do consumo.
II. De olho nas compras (Matemática, Língua Portuguesa e Ciências):
Objetivos: refletir sobre os hábitos da família ao fazer compras, promover a reflexão com
os alunos daquilo que consomem e adquirem, distinguindo necessidade de desejo.
Atividades:
1. Produzir lista de compras, analisar as compras da família e as questões nutricionais
dos alimentos que costumam ser adquiridos.
2. Montar com os alunos um minimercado com embalagens vazias de produtos variados
e usar dinheiro de brincadeira, permitindo que façam compras, comparem preços,
calculem, pensem em como economizar na próxima compra, verificar se fizeram ou
não boas compras. Essa é uma atividade lúdica que agrada muito aos alunos e promove aprendizados de valores, atitudes e conceitos.
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III. Produção de uma horta (Ciências e Geografia):
Objetivos: trabalhar diversos conteúdos conceituais específicos de Ciências e Geografia
ao ensinar aos alunos a possibilidade de produzir o próprio alimento, sem agrotóxicos e
com um custo mais baixo do praticado em supermercados, sacolões e feiras.
Atividades:
1. Em algumas escolas, é possível fazer uma horta, trabalhando com os alunos como
se faz o plantio, os cuidados necessários, o prazer e os benefícios de consumir aquilo
que se plantou.
2. Promover uma visita ao supermercado do bairro ou à feira, para entender o caminho
que o alimento percorre até chegar à mesa do consumidor. Essa atividade também
é importante para que os alunos conheçam outros produtos nutritivos que não estão
acostumados a consumir.
IV. Livro de receitas (Matemática, Língua Portuguesa, Geografia, História e Ciências):
Objetivo: promover a pesquisa e coleta de receitas próprias da comunidade escolar, organizando-as de acordo com o local de origem das famílias e com o valor nutricional.
Atividade:
• Elaborar coletânea escrita de receitas, que devem ser escolhidas pelo valor nutricional, baixo custo e por indicar a origem das famílias que fazem parte da comunidade
escolar. Depois de pronta a coletânea, organizar com os alunos a divulgação do livro
em evento aberto às famílias.
V. Planejando o final de semana (Geografia, História, Educação Física e Língua Portuguesa):
Objetivos: pensar como a família pode se divertir no final de semana sem gastar muito;
refletir sobre as diferentes possibilidades de diversão e a importância de se realizar passeios culturais com a família.
Atividade:
•
Propor pesquisa de locais de visitação próximos ao bairro onde a escola está situada
e locais mais distantes que possam ser acessados utilizando o transporte público,
como parques, praças, museus, casas de cultura, teatros, cinemas, eventos culturais,
planetários, etc.
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VI. Atenção ao desperdício (Matemática, Arte, Língua Portuguesa, História, Geografia
e Ciências):
Objetivos: promover reflexão sobre a questão do desperdício e pensar em ações concretas de como evitá-lo.
Atividades:
1. Saber cuidar: na escola, trabalhar os cuidados necessários com os materiais de uso
pessoal e coletivo (caneta, lápis, borracha, papel, caderno, giz), o mobiliário e o espaço físico. Propor peças de teatro, elaboração de cartazes e panfletos trabalhando o
tema com o objetivo de conscientizar os alunos sobre a importância de cuidar do que
é seu e do que é de todos.
2. Feira da troca: a escola pode promover, com os alunos e com os pais, no final do ano,
a feira da troca: de livros, de brinquedos e demais objetos em bom estado de conservação, como roupas, sapatos, utilidades domésticas, etc.
3. Reciclar é preciso: organizar na escola a separação do lixo, reciclando aquilo que
for possível, como papel usado, que pode se tornar um porta-retratos ou um livro de
receitas feito pelos alunos e ser dado de presente às mães no Dia das Mães. Além de
trabalhar os problemas ambientais causados pelo acúmulo de lixo, é possível abordar
a preservação de recursos naturais, a inclusão social, a oportunidade de geração de
renda, a economia de energia, etc.
Yaruta/iStock/Thinkstock/ID/BR
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No ensino por projetos:
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A educação financeira é tratada como um assunto transversal, incorporando Situações
Didáticas4 que dialogam com várias áreas do conhecimento e utilizam como pontos
iniciais situações do dia a dia relevantes para os estudantes e para a sociedade.
Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pre/pef/port/Estrategia_Nacional_Educacao_Financeira_ENEF.pdf>.
Acesso em: 3 maio 2014.
Além disso, permite que o trabalho com os conteúdos conceituais, procedimentais e
atitudinais aconteça de forma integrada e interdisciplinar, promovendo uma aprendizagem significativa e a formação de indivíduos mais atentos à realidade que os cerca, com
consciência cidadã e atitudes e valores sólidos para fazer a diferença no desenvolvimento
sustentável do planeta, ou seja, sabendo como suprir suas necessidades, sem comprometer o futuro das próximas gerações.
Os conteúdos de cada disciplina envolvida devem ser elencados de acordo com a faixa
etária e o grau de desenvolvimento cognitivo. Lembrando que os desafios apresentados
aos educandos, segundo Vygotsky, devem estar de acordo com a zona de desenvolvimento
proximal do educando. E, como sugerido pelos PCN:
Quanto à divisão dos conteúdos por ciclos, considerou-se que nos Temas Transversais
não há nada que, a priori, justifique uma sequenciação dos conteúdos. Ao contrário,
os conteúdos podem ser abordados em qualquer ciclo, variando apenas o grau de profundidade e abrangência com que serão trabalhados. O que servirá para diferenciar
os conteúdos e sequenciá-los serão as questões particulares de cada realidade, a capacidade cognitiva dos alunos e o próprio tratamento didático dado aos conteúdos das
diferentes áreas. A transversalidade possibilita ao professor desenvolver o trabalho com
uma abordagem mais dinâmica e menos formalista. (PCN, p. 35)
Situação Didática é um conjunto de ações e atividades que auxiliam os estudantes no desenvolvimento de competências para lidar com várias situações do cotidiano.
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Dicas de livros SM para o Ensino Fundamental I:
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•
A filha do rei, de Telma Guimarães Castro Andrade. 2005.
Raquel não conhece o pai. Sua mãe diz que ele é um
rei maravilhoso, que lhe faz todas as vontades, só que
de longe. Se ele é tão bom assim, não poderia ajudar
no orçamento apertado da casa? Enquanto não chega
à conclusão de que esse rei existe mesmo, a garota faz
descobertas e fala da mãe, dos problemas da favela, e
de seus sonhos e dificuldades de forma singela e reflexiva.
•
As panquecas de Mama Panya, de Mary e Rich Chamberlin. 2005.
Moradora de um vilarejo no Quênia, África Oriental,
Mama Panya resolve fazer panquecas e vai ao mercado
com o filho, Adka, para comprar farinha. Animado, o garoto convida para o jantar todos os amigos que encontra
pelo caminho. Mama Panya se preocupa, pois tem poucas moedas na bolsa, mas o que poderia ser um problema se transforma em forte manifestação de amizade.
•
Fábulas de Esopo, de Beverley Naidoo. 2011.
Adaptação de 16 fábulas de Esopo, tomando como ponto
de partida a ideia de que o grande fabulista da Antiguidade grega teria origem africana. Distantes dos finais
felizes dos contos de fadas, as fábulas morais de Esopo
revelam como a vida pode ser dura, perigosa ou mesmo
acabar mal para aqueles que não usam o bom senso ou
se deixam cegar por sentimentos como inveja, vaidade,
orgulho, vingança, etc.
•
Feliz aniversário, Jamela!, de Niki Daly. 2009.
Jamela vai fazer 7 anos. Muito animadas, Mama e Gogo
decidem fazer uma festa de aniversário para ela. Antes,
vão às compras e, na loja de sapatos, a mãe escolhe um
par que também sirva para ir à escola, e não o modelo
Princesa de que a menina tanto gostou. Jamela, então,
tem uma grande ideia...
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•
Três segundos, de Georges Lemoine. 2013.
A cada três segundos voa um pássaro e o arco-íris desponta. Em três segundos, milhares de sementes se espalham no ar, milhões de palavras são ditas. Mas a cada três
segundos também uma terrível injustiça atinge a humanidade. Não podemos nos conformar com a forme mundial:
o direito à vida é fundamental e inviolável.
Outras dicas de livros para o Ensino Fundamental I:
• A bicicleta voadora, de Jonas Ribeiro. São Paulo: Elementar.
• A cigarra e a formiga, de Esopo/La Fontaine. Diversas edições.
• A economia de Maria, de Telma Andrade. São Paulo: Ed. do Brasil.
• A galinha dos ovos de ouro, de Esopo/La Fontaine. Diversas edições.
• A menina, o cofrinho e a vovó, de Cora Coralina. São Paulo: Global.
• A troca, de Bia Hetzel. Rio de Janeiro: Manati.
• Almanaque Maluquinho – Pra que dinheiro?, de Ziraldo. São Paulo: Globo.
• Bacana, de novo!, de Telma Guimarães. São Paulo: Formato.
• Belas parábolas sobre dinheiro, de Alexandre Rangel. Belo Horizonte: Leitura.
• Convivendo com o dinheiro, Unicef. São Paulo: Ática.
• Ganhei um dinheirinho, de Cássia D’Aquino. São Paulo: Moderna.
• De grão em grão, de Katie S. Milway. São Paulo: Melhoramentos.
• João Felizardo, dos Irmãos Grimm. São Paulo: Ática.
• O cofre do João, de Vera Lúcia Dias. Brasília: Mais Ativos.
• O homem mais rico da cidade, de Jonas Ribeiro. Brasília: Mais Ativos.
• O menino do dinheiro, de Reinaldo Domingos. São Paulo: DSOP.
• O pé de meia mágico, de Álvaro Modernell. Brasília: Mais Ativos.
• O tesouro do vovô, de Álvaro Modernell. Brasília: Mais Ativos.
• Pai rico pai pobre, de Robert Kiyosaki. São Paulo: Campus.
• Paulina e o Ipê-amarelo, de Álvaro Modernell. Brasília: Mais Ativos.
• Poço dos desejos, de Álvaro Modernell. Brasília: Mais Ativos.
• Quem mexeu no meu queijo?, de Spencer Johnson. Rio de Janeiro: Record.
• Quero ser rico, rico de verdade, de Álvaro Modernell. Brasília: Mais Ativos.
• Sociedade da Fortuna, de Fabio Araujo. Brasília: Mais Ativos.
• Versinhos de prosperidade, de Álvaro Modernell. Brasília: Mais Ativos.
• Zequinha e a porquinha Poupança, de Álvaro Modernell. Brasília: Mais Ativos.
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Dicas de sites:
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• www.bankids.com.br
• www.batebolafinanceiro.com.br
• www.canaleducacaofinanceira.com.br
• www.educacaofinanceira.com.br
• www.intusforma.com.br
• www.maisativos.com.br
• www.meubolsoemdia.com.br
• www.themoneycamp.com.br
• www.tveducacaofinanceira.com.br
• www.vidaedinheiro.com.br
• www.aefbrasil.org.br
Dica de programa:
•
Educadores em conexão
<http://www.canaleducacaofinanceira.com.br/category/educadores-em-conexao/>
Conduzido por Iris Borges, o programa apresenta atividades, projetos escolares, livros, escritores, iniciativas e eventos ligados à Educação Financeira em geral.
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Glossário:
Educação previdenciária: conjunto de atitudes preventivas relacionadas a temas previdenciários e financeiros, com o objetivo de conhecer melhor as perspectivas, regras e alternativas para aposentadoria, da previdência oficial e das previdências complementares,
para que possam ser tomadas decisões adequadas em relação ao futuro financeiro.
bottom-up ou out-in: expressões indicadas como referência para projetos cuja ideia, nascedouro ou chamamento vem da base, das pessoas que lidam com o assunto no dia a dia
ou do mercado. Por conta disso, ao chegar aos níveis decisórios, geralmente têm apoio
dos níveis tático e operacional, o que facilita a adoção e implementação.
benchmarking: busca de referências no mercado entre aqueles que possuem as melhores
práticas, para tomar como exemplo ou base ao realizar determinada tarefa.
(Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Benchmarking>. Acesso em: 28 abr. 2014.)
Referências:
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais, ética. Brasília: MEC/SEF, 1997.
Semeando Educação Financeira. Disponível em: <www.vidaedinheiro.gov.br>. Acesso em: 3
maio 2014.
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Educação Financeira no Ensino Fundamental I