GESTÃO INTERDISCIPLINAR DO
CONHECIMENTO: A FILOSOFIA EM
PROJETOS
“A escola não se põe em movimento nem por urgência histórica, nem pela obrigação de fazê-lo, mas
sim pelo desejo e a necessidade de mudança de um grupo de docentes” (Fernando Hernández).
BERNARDO GOYTACAZES DE ARAÚJO
Membro do Centro de Pesquisas Estratégicas “Paulino Soares de Sousa”, da UFJF.
Acadêmico do Curso de Filosofia da UFJF.
SÉRGIO LUNA COUTO
Membro do Núcleo de Cosmologia e Filosofia das Ciências, da UFJF.
Acadêmico do Curso de Filosofia da UFJF.
1- Apresentação:
A partir dos nossos estudos realizados no núcleo de pesquisa avançada em Educação,
“Pensando bem...”, pertencente ao departamento de Filosofia da UFJF e com as
experiências feitas no Colégio de Aplicação João XXIII, da Universidade supracitada,
unimos à prática Filosófica do pensar, do construir e elaborar, novas idéias que venham a
ajudar no desenvolvimento de metodologias inovadoras e aperfeiçoadas no que tange à
docência de Filosofia. Estas visam a aguçar, nos educandos, um interesse pela pesquisa e
incentivo no entendimento do mundo, por meio de uma maneira criativa e questionadora.
Como uma alternativa para os problemas que encontrávamos no cotidiano da escola,
pensamos em elaborar um projeto que venha não a substituir o que já vem sendo realizado,
e sim propor uma maneira diferenciada de trabalhar com a Filosofia na escola, não só como
uma disciplina, mas, ao mesmo tempo, colaborando com a maneira de se educar da escola.
O ensino de Filosofia seria feito por meio de projetos, integrados e interligados a outras
disciplinas, formando uma cadeia interdisciplinar e transdisciplinar.
Procura transgredir a visão do currículo escolar centrada nas disciplinas, entendidas como
fragmentos empacotados em compartimentos fechados, que oferecem ao educando algumas formas de
conhecimento que pouco tem a ver com os problemas dos saberes fora da escola, que estão afastados das
demandas de diferentes setores sociais. 1
2 - Desenvolvimento
2.1 Momento atual:
Em um primeiro momento, gostaríamos de destacar a realidade em que se encontra
a educação no Brasil de hoje. Parece-nos que este tema está bastante aquém das nossas Leis
de Diretrizes e Bases, bem como de nossa Constituição Federal, em que temos visto um
abismo entre aquilo que se prega e aquilo que se faz. Segundo a Constituição Federal, em
seu artigo 205:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da Família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Em uma análise mais profunda da LDB, percebemos que seus aspectos relevantes
vão de acordo com a Constituição Federal de 1988 e complementam, ainda mais, o
compromisso do Estado e da família na educação dos seus.
Não sendo praticado com eficácia aquilo que é dito na lei, o educando, na maioria
das vezes, fica em segundo plano, no que tange à preparação para a vida, para sociedade e
na produção de um saber engajado. Nosso processo educacional ainda não prioriza um
sistema no qual o educando é valorizado e potencializando. Ele é, unicamente, posto a
competir, a todo o momento e a qualquer preço, nem que este preço seja a própria educação
e o crescimento da nação.
Perante as diversidades, várias idéias de modificar o ensino foram lançadas e poucas
surtiram efeito, ficando apenas na idéia, ou em ações espaçadas. Com isso, apresentamos
um projeto que se torna viável na construção de uma nova escola onde o aluno busca o
conhecimento questionando, pesquisando, dialogando e produzindo resultados que venham
a contribuir em seu processo, enquanto cidadão e enquanto educando, inserido em um
contexto social, político, ético e econômico, preparando-o para a realidade fora dos “muros
da escola”.
1
HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação. Os projetos de trabalho. p.12
Saint John’s College, anexo à Universidade de Cambridge,
Inglaterra, onde, nos anos 1920 iniciou-se audacioso programa de
Humanidades, baseado na leitura dos autores. Para se chegar a
uma formação humanística integral, são lidas, em 4 anos, 130
obras clássicas, de forma interdisciplinar (abarcando história,
literatura, filosofia, pensamento político, econômico, religioso e
jurídico).
2.2 O que a lei nos fala?
Na LDB, no art. 36, faz-se a seguinte referência acerca da Filosofia:
Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que
ao final do Ensino Médio o educando demonstre domínios dos conhecimentos de Filosofia e
Sociologia necessários ao exercício da cidadania.
Já nos PCNs, destacamos os seguintes pontos:
[Deve-se cuidar] da abstração, do desenvolvimento do pensamento sistêmico, ao contrário
da visão parcial e fragmentada dos fenômenos, da criatividade, da curiosidade, da capacidade de
pensar múltiplas alternativas para a solução de um problema, ou seja, do desenvolvimento do
pensamento divergente, da capacidade de trabalhar em equipe, da disposição para procurar e aceitar
crítica, da disposição para o risco, do desenvolvimento do pensamento crítico, do saber comunicarse, da capacidade de buscar conhecimento. 2
Até que ponto este preparo tem sido realizado, dentro de nossos estabelecimentos de
ensino? Até onde o educando se desenvolve como cidadão realizado ou consciente de seus
direitos, deveres e sonhos, na pátria em que vive?
Referindo-nos a estes questionamentos e propostas, comparamo-los com as idéias
dos quatro pilares da educação:
Aprender a conhecer isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer para
poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos a fim de participar e cooperar com os
outros em todas as atividades humanas; aprender a ser via essencial que integra os três precedentes. É
claro que estas quatro vias do saber constituem apenas uma, dado que existem entre elas múltiplos
pontos de contato, de relacionamento e de permuta. 3
Na Constituição Federal, no artigo terceiro, e em seus vários incisos, levanta-se a
questão de se ter liberdade de aprender, ensinar e pesquisar a cultura, o pensamento, a arte e
o saber, unindo a uma pluralidade de idéias e de concepções pedagógicas, respeitando a
liberdade e o apreço à tolerância.4
2
PCNEM, vol I, p. 10-24
Relatório da Comissão Internacional sobre educação para o século XXI - UNESCO
4
Constituição Federal, Lei nº 9394/ 96 Título II, Art. 3º, incisos de II à IV.
3
No que tange à docência, no exercício de nosso dever enquanto educadores, a lei
nos fala, no título IV, art. 13, que o educador deve zelar pela aprendizagem dos alunos,
estabelecendo estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento e
colaborando com as atividades de articulação da escola com as famílias e com a
comunidade, além de elaborar e cumprir plano de trabalho segundo a proposta pedagógica
do estabelecimento de ensino.
O trabalho daquele que ensina é complexo e, mais ainda, se como profissionais
pretendemos uma adaptação constante da escola ao mundo, insuflando a atividade do docente de um
ar de atualização. 5
Fazendo uma análise dos documentos oficiais e percebendo a importância da
Filosofia em todos estes contextos, destacamos, ainda, a Declaração de Paris para a
Filosofia, organizada pela Unesco, em 1995. Ela trata dos seguintes aspectos:
Nós, participantes das jornadas internacionais de estudo "Filosofia e democracia
no mundo”, organizadas pela UNESCO, que ocorreram em Paris, nos dias 15 e 16 de
fevereiro de 1995,
Constatamos que os problemas de que trata a filosofia são os da vida e da existência
dos homens considerados universalmente. Estimamos que a reflexão filosófica pode e deve
contribuir para a compreensão e conduta dos afazeres humanos. Consideramos que a
atividade filosófica, que não subtrai nenhuma idéia à livre discussão, que se esforça em
precisar as definições exatas das noções utilizadas, em verificar a validade dos raciocínios,
em examinar com atenção os argumentos dos outros, permite a cada um aprender a pensar
por si mesmo. Sublinhamos que o ensino de filosofia favorece a abertura do espírito, a
responsabilidade cívica, a compreensão e a tolerância entre os indivíduos e entre os grupos.
Reafirmamos que a educação filosófica, formando espíritos livres e reflexivos - capazes de
resistir às diversas formas de propaganda, de fanatismo, de exclusão e de intolerância contribui para a paz e prepara cada um a assumir suas responsabilidades face às grandes
interrogações contemporâneas, notadamente no domínio da ética. Julgamos que o
desenvolvimento da reflexão filosófica, no ensino e na vida cultural, contribui de maneira
importante para a formação de cidadãos, no exercício de sua capacidade de julgamento,
elemento fundamental de toda democracia.
É por isso que, engajando-nos em fazer tudo o que esteja em nosso poder - nas
nossas instituições e em nossos respectivos países - para realizar tais objetivos, declaramos
que:
Uma atividade filosófica livre deve ser garantida por toda parte - sob todas as formas
e em todos os lugares onde ela possa se exercer - a todos os indivíduos. O ensino de
filosofia deve ser preservado ou estendido onde já existe, criado onde ainda não exista, e
denominado explicitamente “filosofia”. O ensino de filosofia deve ser assegurado por
professores competentes, especialmente formados para esse fim, e não pode estar
subordinado a nenhum imperativo econômico, técnico, religioso, político ou ideológico.
Permanecendo totalmente autônomo, o ensino de filosofia deve ser, em toda parte onde
isto é possível , efetivamente associado - e não simplesmente justaposto - às formações
universitárias ou profissionais, em todos os domínios. A difusão de livros acessíveis a um
largo público, tanto por sua linguagem quanto por seu preço de venda, a geração de
emissões de rádio ou de televisão, de audiocassetes ou videocassetes, a utilização
pedagógica de todos os meios audiovisuais e informáticos, a criação de múltiplos espaços de
5
HERNÁNDEZ, Fernando. A organização do currículo por projetos de trabalho – O conhecimento é um
caleidoscópio. 5ª Ed. p.5
debates livres, e todas as iniciativas susceptíveis de fazer aceder um maior número a uma
primeira compreensão das questões e dos métodos filosóficos devem ser encorajadas, a fim
de constituir uma educação filosófica de adultos. O conhecimento das reflexões filosóficas
das diferentes culturas, a comparação de seus aportes respectivos e a análise daquilo que os
aproxima e daquilo que os opõe, devem ser perseguidos e sustentados pelas instituições de
pesquisa e de ensino.
A atividade filosófica, como prática livre da reflexão, não pode considerar alguma
verdade como definitivamente alcançada, e incita a respeitar as convicções de cada um;
mas ela não deve, em nenhum caso, sob pena de negar-se a si mesma, aceitar doutrinas que
neguem a liberdade de outrem, injuriando a dignidade humana e engendrando a barbárie.
2.3 O que propomos?
Diante do que foi citado, baseados nas leis da educação, na Constituição Federal e
nos Documentos da UNESCO, nossa expectativa é uma melhora na aplicação da docência
de Filosofia, visando uma integração maior dos educandos com a disciplina, tornando-a
mais agradável e promovendo uma melhor visão do verdadeiro sentido da Filosofia dentro
da Escola. Esta ocorrerá com a elaboração de projetos que fomentariam o ensino de
Filosofia dentro de sala, fazendo uma ligação interdisciplinar com as matérias já vigentes
na escola.
Este trabalho ocorrerá com a elaboração de temas, principalmente ligados aos
anseios dos educandos, bem como sobre suas questões existenciais e do mundo
circundante. Em conjunto com os educadores e com o corpo docente de toda a instituição,
faremos um trabalho interdisciplinar, abordando um mesmo tema, nas diversas facetas que
este apresenta, vindo a ser realizado um projeto de pesquisa, embasado no questionamento
e na construção do pensamento. Estes caminhos levarão o educando a se tornar
potencializado enquanto cidadão, comprometido com as causas que o rodeiam, bem como
em sintonia com as necessidades de preparação do profissional que o país espera, em
qualquer área do conhecimento.
Entendemos a importância de se pensar e refletir a realidade atual, com as suas
variações e adaptações, bem como produzir uma dialogicidade perante os anseios e as
colocações dos educandos, em todo o seu processo. Levando em conta suas razões,
emoções e sua afetividade, já que é um ser humano, inserido em um contexto, que dele
cobra uma postura existencial, a todo o instante.
Assim, pensamos em uma ação que pode ser feita em todas as etapas de ensino,
melhorando e inovando na qualidade e na eficiência que a escola já apresenta, por meio de
sua busca, em relação à sua responsabilidade como construtora do saber.
Anfiteatro para conferências da Biblioteca-Museu de
Alexandria (por volta de 200 a c.). Nesse Centro de
Estudos, que constituiu a primeira Universidade da
Antigüidade, eram abordadas, de forma interdisciplinar, as
grandes questões filosóficas e científicas do Mundo
Antigo. Alexandria foi importante encruzilhada das
culturas na época de Alexandre e dos seus sucessores, os
Ptolomeus.
2.4 - O Projeto parte a parte
2.4.1 – Como iniciar o projeto?
O primeiro passo será a disposição de cada turma, tendo, em cada uma delas, a
escolha de um tema a ser trabalhado, para disciplina de Filosofia. Esse tema pode ser
escolhido, por meio dos anseios da turma, ou por proposta dos educadores, ou até mesmo
por uma necessidade histórica significativa, que se apresente no contexto social em que a
instituição está inserida.
O segundo passo será a manutenção das turmas, preservando as suas estruturas por
período escolar. Mas isso não significa que deixaria de haver uma grande integração entre
períodos, principalmente na produção e na pesquisa, bem como uma integração com a
escola toda em que está inserida cada turma, isso vindo a partir da interdisciplinaridade.
O grande motivo de toda esta ação são os educandos e nosso alvo, como um todo,
seria a comunidade escolar, onde o estabelecimento de ensino está inserido. As ações se
darão da seguinte maneira:
Tema: O desenvolvimento da técnica
Disciplinas interligadas no projeto:
-
Artes: produção artística dos homens desde a pré-história até os dias de hoje –
como o homem vem produzindo sua arte?
Química: a importância do fogo; elementos químicos; evolução da química;
combustão...
Biologia: enfocando a evolução das espécies, teoria de Darwin, e contraposição
com a visão Criacionista;
-
-
História: a Formação das sociedades; a evolução histórica do homem; como o
homem foi se constituindo ao longo dos séculos? Produção cultural...
Informática: a inclusão digital, a importância da computação no mundo de hoje, e
dados para as diversas pesquisas;
Física: Fontes de energia (destacar as fontes de energia do Brasil)
Geografia: A evolução da Terra e como esta foi de serventia para o homem.
Organização Histórica, política, social e econômica das sociedades.
Português: Produções de texto, poesias, análises e interpretações.
Matemática: Progressão Geométrica e Progressão Aritmética analisando o
crescimento da população mundial – pode-se fazer um trabalho específico na região
onde se vive;
No final será realizada uma avaliação multidisciplinar, em que o educando fará
apenas uma prova e nela constarão questões relacionas entre si e que fazem uma
interligação com todas as disciplinas e matérias estudadas, no período.
A Filosofia seria aquela disciplina que estaria a fomentar, nos educandos, os
diversos questionamentos e produzindo, neles, o interesse pela investigação e pela pesquisa,
nestas áreas do saber e de tantas outras que não foram citadas. Ou seja, teríamos um grande
elo de ligação em toda a escola, já que o tema foi proposto em conjunto, e iniciado pela
Filosofia. Tornamos, assim, não mais a ter um saber fragmentado, mas uma forma de
conhecimento que, em conjunto, apresenta uma inovação nas técnicas de trabalho da
docência.
Sede da Open University inglesa em Cambridge. Esta sede é
chamada de “Sintra House”, porque o estilo do prédio reproduz
o que prevaleceu, em Sintra - Portugal, no período pombalino
(século XVIII).
2.4.2 – Etapa por módulos
Ao pensarmos em um currículo escolar com a implantação e desenvolvimento de
projetos, não se pode deixar de lado a importância primeira do projeto político pedagógico
da instituição escolar. Nesse sentido, junto ao corpo docente deve ocorrer, primeiramente,
uma análise do processo já em vigor, buscando uma interatividade com o novo processo a
ser adotado.
Diante de toda essa nova adaptação, é proposta a implantação do sistema de
módulos integrados à grade do horário curricular, podendo ser tomada esta sugestão como
opcional. E dentro destes módulos iria sendo desenvolvida, entre os educandos e os
coordenadores dos módulos, a elaboração dos projetos. Um processo gradativo e
interligado ao projeto central.
No processo dos módulos, seriam trabalhados temas discutidos e sugeridos pelos
docentes diante de uma análise dos anseios dos educandos, bem como estes temas poderiam
ser sugeridos pelos próprios educandos da escola, a partir de uma realidade vivida, ou de
uma proposta coletivamente elaborada. Sempre mantendo um diálogo e uma atualização
dos educandos para com os educadores e destes para com os educandos.
A idéia de trabalhar os módulos traria gradativamente o desenvolvimento do gosto
pelo diálogo, pela pesquisa e pelos debates. O que foi encontrado propõe elaborar questões
sobre o projeto abraçado, em que o interesse pela interação do educando e dos educadores
seria a força motriz do bom êxito dos projetos, bem como o melhor reflexo do desempenho
dos educandos, até mesmo nas disciplinas curriculares. Isso estaria instigando a capacidade
de busca e construção do pensamento, trazendo ao educando um empenho ainda maior
pelos estudos, e o incentivo para uma escolha vocacional desejada.
A avaliação dos módulos se dará a partir da participação, levando em consideração
as seguintes variáveis: presença nos módulos, desempenho da pesquisa, desempenho no
desenvolvimento dos projetos, ficando a cargo da escola a decisão sobre lançar ou não a
nota do educando no boletim escolar. A grande proposta, além dos próprios módulos, é a
diversidade de temas a serem oferecidos. Como no exemplo acima, em que falávamos
sobre o tema: O desenvolvimento da técnica, os módulos também poderiam trabalhar um
tema conjunto, mas de maneiras diversificadas, ligando cada matéria ao tema proposto. Os
coordenadores dos módulos de Filosofia trabalhariam relacionando o tema com as diversas
abordagens feitas nos outros módulos, interligando o saber e produzindo um pensar
embasado na metodologia investigativa. Esta seria base para toda a produção de pesquisa e
de conhecimento na escola.
2.4.3 – Escola de ação
Esta forma de trabalho ocorrerá mediante a escolha de um tema pertinente ao PPP, e
de diversos temas que serão trabalhados em sala de aula, com as diversas séries da escola.
Estes temas poderão ser trabalhados durante um bimestre e envolverão todas as disciplinas
correntes da grade curricular.
A escolha dos temas dos projetos poderá ser feita através dos educandos, ou por
meio do grupo de docentes que, ao avaliar as possibilidades de adaptação dos currículos,
optará por um tema que abranja a totalidade daqueles assuntos a serem trabalhados.
Estes projetos funcionarão com uma temática e serão levados a cabo por todos os
professores. Pode-se dizer que teremos um projeto amplamente interdisciplinar e atualizado
com as necessidades do mundo cotidiano. Poderão ser feitas, ao longo dos meses, todas e
quaisquer adaptações necessárias para o bom funcionamento do projeto, bem como a
escolha de um novo tema, para ser trabalhado no projeto seguinte.
Esta dinâmica barateia os custos da escola, interliga as ações do professores,
promovendo, além de uma autonomia maior, um reforço no processo de identidade da
escola com os educandos, com os educadores, com a comunidade escolar, com o objetivo
de estar sempre inovando e mantendo a qualidade do ensino oferecido.
A Escola de Ação será um local de encontro entre as realidades de casa, as
realidades do mundo e a produção do saber, feita pelo educando através de um
envolvimento comunitário, em que toda a comunidade escolar estará envolvida no processo
de ensino e de aprendizagem. Alguns eventos culturais serão de fundamental importância,
tornando-se elemento de integração comunitária.
Sede da Open University em San Luis
Obispo, California, USA. A Open University
oferece, sob a modalidade de projetos,
programas (interdisciplinares) de ensino de
humanidades à distância. No Brasil, a
Universidade de Brasília implantou, na
década de 1980, alguns cursos dessa
natureza, a partir do Decanato de Extensão,
dirigido pelo professor e diplomata Carlos
Henrique Cardim.
Estes eventos podem ser:
-
-
Cafés Filosóficos;
Rodas Literárias;
Debates sobre temas vigentes e/ou propostos pelos pais, educadores ou comunidade;
Encontros com os pais, para avaliar o desempenho de seus filhos na escola, não só
como uma simples reunião, mas como tomada de responsabilidade em conjunto
com a escola;
Avaliação dos projetos com os docentes e corpo administrativo da escola, ao final
de cada projeto elaborado;
Feiras de apresentação final dos projetos elaborados e pesquisados;
Feiras Multidisciplinares;
Estas organizações e produções, por meio dos projetos, serão pensadas e orientadas
pelo grupo de docentes de Filosofia, cujo papel será estar avaliando e colaborando para a
elaboração dos diversos projetos filosóficos. As novas tecnologias vêm em nosso auxílio,
tanto dentro quanto fora da sala de aula.
Essa é a característica da escola do futuro: conectada às novas tecnologias, sem
deixar de lado a construção de um conhecimento que seja revolucionário e consistente,
tornando seus educandos verdadeiros cidadãos para um mundo globalizado e novo, que
exige competências novas e habilidades além dos muros da própria escola.
Sede da Universidad Abierta de Cataluña
em Barcelona - Espanha. Esta
Universidade oferece, on line, programas
de humanidades, de forma interdisciplinar,
e conta com sede em Santiago do Chile.
3 – Conclusão
Mediante esta proposta, pretendemos apresentar uma possibilidade de ação
integrada da escola, com os seus meios possíveis de trabalho, bem como com os seus
educandos, educadores e comunidade escolar, oferecendo uma resposta verdadeiramente
nova para os anseios do futuro, a partir de um diálogo e de uma pesquisa bem elaborada,
construindo o conhecimento.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL, Legislação. Constituição da República Federativa do Brasil – 1988. (Edição especial). São Paulo:
Encyclopaedia Britannica do Brasil – Serviço de Biblioteca no Lar, 1988.
BRASIL, Legislação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996. In:
http://www.rebidia.org.br/direduc.html (consultado em 13/12/2005).
BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares
nacionais – Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999. (Documento acessado in:
http://www.mec.gov.br/sef/sef/pcn.shtm, em 13/12/2005).
HART, Stuart N. (Editor). “Children’s rights in education”. In: United Nations Educational Prospects 110 –
Quarterly Review of Comparative Education. International Bureau of Education. Vol. XXIX, no. 2 (June
1999).
HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação. Os projetos de trabalho. Porto Alegre:
Artes Médicas, s/d.
HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A organização do currículo por projetos de trabalho –
O conhecimento é um caleidoscópio. (Tradução de Jussara Hubert Rodrigues). 5ª Ed. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1998.
UNESCO. Declaração de Paris para a Filosofia. In: http://www.milenio.com.br/ifil/unesco.htm (consultado
em 15/12/2005).
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