Perspectiva Será que o Fast Tracking é Fast mesmo? | Perspectiva Será que o Fast Tracking é Fast Mesmo? Descubra o que há por trás de um projeto EPC Fast Tracking de sucesso Fabio P. Teixeira de Melo | PMP M. Aslam Mirza | CE, MBA, PMP Roberto de Mesquita Sahlit | PMP Paralelismo é só cronograma? Cronogramas comprimidos com a técnica de paralelismo (fast tracking) são hoje uma abordagem praticamente obrigatória em projetos EPC (Engineering – Procurement – Construction). Entretanto é bastante comum encontrar projetos atrasados ou sacrificando metas de custo para recuperar prazos. O que é que está errado?Este artigo pretende discutir a idéia de que o paralelismo não deve ser visto apenas como uma técnica de compressão de cronogramas, mas sim como uma abordagem abrangente que deve ser comunicada e aceita por todas as partes interessadas, principalmente pela equipe do projeto. O artigo inicia com uma breve história sobre o motivo pelo qual o modelo de contratos EPC nasceu e os cronogramas comprimidos passaram a ser adotados. Passa então a discorrer sobre os problemas que surgem da aplicação do paralelismo como uma simples técnica de compressão, sem uma visão ampla. Segue enumerando algumas técnicas que devem ser usadas em conjunto no projeto para que a aplicação do paralelismo resulte em sucesso. A conclusão convida os gerentes de projeto a não enxergarem o paralelismo como uma abordagem obrigatória e a compartilharem sua visão com outras partes interessadas, incluindo o cliente. Também são destacadas dicas sobre pontos a verificar quando se estiver executando um projeto tipo EPC Fast Tracking. Fabio Pereira Teixeira de Melo, PMP, é gerente de planejamento da Construtora Norberto Odebrecht. Sua experiência em construção e gerenciamento de projeto ultrapassa 15 anos e inclui projetos EPC nas áreas de energia, óleo & gás e petroquímica, no Brasil e exterior. Certificado PMP® desde 2001 e graduado pelo PMI Leadership Institute® na turma de 2004, fundador e primeiro presidente do Capítulo Recife do PMI®. Participou da elaboração do Construction Extension to the PMBOK® Guide e do Practice Standard for Scheduling® e atuou como coordenador para América Latina do PMI® DPC SIG, o grupo de interesse específico em engenharia e construção. Participação: M. Aslam Mirza, CE, MBA, PMP e Roberto de Mesquita Sahlit, PMP. 1 Mundo Project Management Nos primórdios da construção de plantas industriais, os projetos eram feitos em etapas muito bem definidas. Primeiro se desenvolvia a engenharia, então se compravam os equipamentos e materiais, e a construção somente iniciava quando a maior parte do projeto e dos bens estava disponível no canteiro. Para cada etapa eram contratadas empresas diferentes e o proprietário, que normalmente se encarregava do suprimento, era o responsável pela integração das etapas. Quando a construção iniciava, os problemas começavam a aparecer e eram todos levados ao proprietário, que normalmente não estava preparado para administrá-los. O modelo de contrato EPC (Engineering – Procurement – Construction) foi criado para agregar valor aos proprietários na área de gerenciamento das interfaces entre etapas. Nesse modelo um contratado principal é o responsável por executar todas as fases, de modo que as interfaces são internas à sua organização e o proprietário pode se concentrar no seu negócio. As empresas que ofereciam a solução EPC logo perceberam que, estando todas as fases dentro de seu escopo, não necessitariam mais esperar que todo o projeto estivesse concluído ou todos os bens supridos para iniciar a construção. Por isso começaram a aplicar um paralelismo entre as fases (Figura 1). Hoje em dia os cronogramas com paralelismo são uma abordagem obrigatória. Mas será que o paralelismo se resume às atividades e ligações de um cronograma? De acordo com o guia PMBOK®, o paralelismo é “uma técnica de compressão do cronograma de um projeto específico que altera a lógica de rede para sobrepor fases que normalmente seriam realizadas em sequência, como a fase de projeto e a fase de construção, ou para realizar atividades do cronograma em paralelo”. Embora essa defiAbril / Maio 2009 | www.mundopm.com.br Epcista Fornecedor Especificar bomba Entregar dados de cargas da bomba Checar consistência Entregar outros dados de projeto Projetar base da bomba Emitir informação certificada Emitir para construção Figura 1. Exemplo de uma situação de paralelismo, representada pela linha pontilhada vermelha. nição esteja correta, ela pode levar à perigosa simplificação de reduzir a aplicação do conceito unicamente à esfera do gerenciamento do prazo, ao passo que ele tem uma natureza muito mais ampla. Abordagem abrangente do paralelismo Para obter êxito na aplicação da técnica de paralelismo, ela deve ser coordenada com ações em outras áreas. O conceito deve ser vendido à equipe do projeto em todos os níveis e comunicado de várias formas. Uma abordagem abrangente do paralelismo deve incluir ações como as mencionadas a seguir. 2