Skopos HG FICFIA
Carta ao Investidor
“Metade da humanidade passa fome e metade faz regime.
Resumindo, a humanidade inteira passa fome”
Paulo M. Cerqueira
Março 2008
Em março o Skopos HG FICFIA desvalorizou-se 0.42%, acumulando -0.34% no ano e 24.43% nos
últimos 12 meses. Novamente, tivemos muita volatilidade e o evento mais marcante foi a venda forçada
da Bear Sterns para o JP Morgan, numa operação de salvamento coordenada pelo FED. Após o quase
colapso de uma das maiores e mais tradicionais corretoras americanas, o mercado recebeu bem o fato
de que as autoridades utilizarão de todas as formas não convencionais para evitar um alastramento do
problema da crise de confiança.
Nesse mês gostaríamos de ressaltar um tema importante para nosso fundo e que recentemente tem
ganhado mais importância na mídia e na comunidade financeira. Aquecimento global, preço do petróleo e
inflação estão em destaque. A mídia global fez com que estes assuntos ficassem mais populares do que
a gripe aviária. As pessoas sabem que a queima de petróleo e carvão aumenta a quantidade de CO2 na
atmosfera provocando um aumento na temperatura da Terra. Os efeitos destas mudanças ainda não são
claros, o que acaba aumentando o temor pelo desconhecido.
Infelizmente, a sobrevivência dos ursos polares recebe mais atenção do que os desafios que a inflação
nos alimentos tem gerado a milhões de pessoas que vivem em países pobres. No entanto, alimento e
petróleo possuem algo em comum: são formas diferentes de energia. O nível de CO2 aumenta quando
queimamos a energia estocada na forma de petróleo. Já na produção de alimentos, as plantas absorvem
o CO2 que está no ar, para produzir energia que pode ser usada por humanos, animais e mais
recentemente, por automóveis. A nova demanda por alimentos criada pelo etanol não é favorável para os
países com uma população pobre e extensa como China e Índia. Estas nações contribuíram
significativamente para o aumento na demanda por petróleo e a inflação nos alimentos se apresenta
agora como um efeito colateral do sucesso destes países.
O principal insumo para a produção de alimentos é o petróleo (fertilizantes, mecanização e transporte) e
a inflação dos alimentos é um dos efeitos retardados do aumento do preço do petróleo. No Brasil o etanol
é uma realidade. Não existem subsídios para sua produção (na verdade o etanol paga impostos), e
motoristas conseguem economizar até 30% se utilizarem apenas etanol em seus carros. O etanol
continuará sendo viável desde que o preço do petróleo permaneça acima de 50 dólares por barril
(considerando a taxa de câmbio atual).
Considerando que apenas 35% da energia contida na cana-de-açúcar está armazenada na forma de
açúcar, existem muitas oportunidades para o desenvolvimento de co-geração de energia elétrica com a
queima do bagaço da cana, o que reduziria ainda mais o custo do álcool tornando-o mais competitivo
contra a gasolina.
No futuro, a tecnologia gerará, cada vez mais, um aumento da correlação entre alimento e petróleo
devido à arbitragem econômica existente entre esses produtos. Porém, combustíveis renováveis vão
capturar CO2 da atmosfera ao invés de usar o CO2 estocado, podendo assim, serem produzidos em
países com uma maior estabilidade socioeconômico. Nosso feeling é que as sociedades desenvolvidas
estão convencidas de que é necessária uma redução da dependência de petróleo. Por medidas de
segurança, ambientais e por lobby dos fazendeiros, os combustíveis renováveis terão uma maior
importância no futuro. Também fica claro que o etanol a base de milho não é a solução, mas, outras
tecnologias acabarão sustentando a tese de que se deve buscar novas formas de produzir energia
renovável e portável.
Já os investidores estão se perguntando onde estará a próxima Arábia Saudita. Aparentemente um sério
candidato é o Brasil. Disponibilidade de terra, abundância de água, luz solar e tecnologia são
componentes essenciais para a produção de alimentos. O Brasil tem, de longe, a maior quantidade dos
três primeiros elementos acima.
O primeiro recurso é terra. Se você sonhava com a possibilidade de ter o seu próprio poço de petróleo,
compre uma fazenda de cana de açúcar no Brasil. Se for paciente, compre algumas pastagens e aguarde
as novas usinas de cana-de-açúcar serem construídas próximas a você.
Terra Cultivável
% terra cultivável em uso
Brasil
58
Brasil
(+Pasto)
58
160
160
EUA
132
UE
116
India
Argentina
60%
66%
176
96
45
27
100%
138
76
71
15%
70%
269
220
169
China
Canada
175
188
Russia
27%
Área ocupada
Potencial
Pasto
70%
59%
38%
O segundo recurso é água. De acordo com a ONU, existe uma estimativa de que 1/3 de todos os países
vai se deparar com escassez de água em 2025. Esses países provavelmente não irão considerar um dia
chuvoso como um dia ruim. Apenas 3% da água no mundo é doce e o Brasil, sozinho, tem 20% das
reservas mundiais. Hoje, na China, a principal preocupação relacionada ao aumento da produção de
alimento não é terra, mas sim água.
O terceiro recurso é luz solar. Resumidamente, as plantas absorvem a luz solar e a convertem em
alimentos. Mas por que os produtores de celulose (principalmente para papel) cortam suas florestas a
cada 7 anos sendo que seus competidores no Canadá e no Norte da Europa têm que esperar de 30 a 50
anos para fazer o mesmo? Exposição à luz solar é a principal resposta. Algumas fazendas de grãos
podem ter até duas colheitas em um mesmo ano sem irrigação.
Tecnologia é outro recurso crítico. Sementes, fertilizantes e maquinário são os principais insumos para a
produção. No curto prazo, o uso de sementes de melhor qualidade e o aumento do uso de fertilizantes
produzem uma melhora no rendimento agrícola mais significativo do que um aumento na área plantada.
Infelizmente, gasta-se tempo e dinheiro para administrar uma fazenda e é muito difícil encontrar escala
para aquisições; além disso, é necessário ser um profissional da área para administrar grandes
propriedades. Nosso desafio é encontrar oportunidades de investimento em empresas listadas, com
liquidez e potencial de alocação de recursos suficientes para aproveitar essa tendência secular.
Atualmente companhias no setor de papel e celulose, fertilizantes, açúcar e álcool representam uma
parte importante de nossa carteira. De diferentes formas, essas empresas investidas se beneficiam dessa
vantagem natural que o Brasil tem em relação ao resto do mundo.
Obrigado pela confiança,
Skopos Adm. de Recursos
Anexo 1. Rentabilidade do fundo Skopos HG FICFIA
RENTABILIDADES*
Jan
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Fev
2.22
-3.20
1.96
-2.49
2.36
7.12
-4.78
6.37
-0.63
0.07
8.04
2.22
0.22
5.11
Mar
11.18
7.03
3.09
-4.24
0.90
1.98
-0.42
Abr
8.34
-5.09
-7.25
0.22
5.95
2.22
Mai
3.03
9.32
-0.22
-4.48
0.65
-0.93
3.87
Jun
8.22
-17.91
10.47
7.88
-2.05
2.87
3.92
Jul
7.16
-4.34
3.85
11.39
-1.71
1.27
3.44
Ago
0.31
-2.21
4.98
11.94
1.15
3.25
1.44
Set
-6.91
7.22
3.93
5.93
8.93
1.25
4.99
Out
5.72
20.56
-2.20
0.65
0.77
5.55
2.64
Nov
23.56
0.46
2.45
5.33
6.39
10.41
-0.05
Dez
-0.69
2.55
9.18
4.22
1.57
8.96
0.13
Ano
44.73%
46.43%
33.51%
46.72%
17.56%
53.24%
36.69%
-0.34%
Ibov.
-8.36%
-17.52%
97.10%
17.74%
27.06%
33.73%
43.68%
-5.26%
Acum.
Fdo
Acum. Ibov
44.73%
-8.36%
111.93%
-24.42%
182.95%
48.97%
315.15%
75.41%
388.03% 122.87%
647.88% 198.04%
922.31% 328.24%
918.85% 305.75%
Rentabilidade líquida de administração e bruta de impostos
Anexo 2. Perfil de Liquidez do fundo Skopos HG FICFIA
# Ações
Longs
Shorts
Financeiro
31-Mar-08
% PL
29-fev-08
31-Mar-08
29-fev-08
29-fev-08
17
16
750,115,236
714,328,923
95%
31-Mar-08
89%
24
16
-228,604,013
-217,012,406
-29%
-27%
Curva de
Concentração
Curva
de
Concentração
100%
90%
80%
%Carteira
% Carteira
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1
5
9
13
17
21
25
29
33
37
41
45
49
Ações
##Ações
Long Anterior
Liquidity Range
R$ 10 mn/day
R$ 1 mn to R$ 10 mn/day
R$ 1 mn/day
29-fev-08
77%
22%
1%
31-Mar-08
79%
20%
1%
Short Anterior
Long Atual
Short Atual
Market Cap. Range
R$ 10 bn
R$ 1 bn to R$ 10 bn
R$ 1 bn
29-fev-08
18%
80%
1%
31-Mar-08
18%
81%
1%
Download

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