Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil1
Estimating earnings losses due to chronic renal disease in Brazil
Marcia Regina Godoy2; Giacomo Balbinotto Neto3; Pedro Pita Barros4 & Eduardo Pontual Ribeiro5
RESUMO
O artigo tem como objetivo estimar as perdas de rendimentos individuais devido a doença renal crônica. A partir
de dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD/1998) são estimadas as perdas de rendimento
através dos métodos dos mínimos quadrados ordinários e de regressão quantílica, que permite medir o impacto da
doença sobre os rendimentos, ao longo da distribuição do salário no Brasil. Os resultados indicaram que os mais
pobres têm maior redução de rendimento devido à doença renal crônica, sugerindo que políticas direcionadas para
reduzir a incidência da doença renal crônica podem contribuir para a redução de desigualdade de rendimento.
PALAVRAS-CHAVE: Regressão Quantílica; Perda de Rendimento; Doença Renal Crônica.
ABSTRACT
This paper estimates the earnings losses due to chronic renal disease in Brazil. Based on data from the National
Household Sample Survey (PNAD/1998), the study estimates these earnings losses using the ordinary least squares
and the quantile regression methods. The quantile regression method allows to measure the impact of illness on
incomes, in association with wage distribution in Brazil. The results showed that the most affected are those with
lower income, which demonstrates that policies aimed at reducing chronic renal disease would contribute to
diminishing earnings inequalities.
KEYWORDS: Quantile Regression; Earnings Losses; Chronic Renal Disease.
1 Esta pesquisa contou com o apoio financeiro da CAPES e CNPq.
2 Doutoranda em Economia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Mestrado em Economia – Universidade de Brasilia.
3 Professor Adjunto na UFRGS. Doutor em Economia pela USP.
4 Professor Catedrático na Universidade Nova de Lisboa. Doutor em Economia pela Universidade Nova de Lisba.
5 Professor Adjunto na UFRGS. Doutor em Economia pela University of Illinois.
Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil
INTRODUÇÃO
Este ensaio tem por objetivo estimar as perdas de rendimento devido
cente dos economistas tem ocorrido
nicos, a doença ainda pode ter ou-
em função dos elevados gastos pú-
tras implicações econômicas pois,
blicos e privados com o tratamento
segundo a Sociedade Brasileira de
dos pacientes renais crônicos.
Nefrologia (SBN), 50% dos pacientes
à doença renal crônica (DRC). A base
O tratamento dos pacientes re-
em listas de espera para transplan-
de dados utilizada é a Pesquisa Naci-
nais crônicos tem importantes im-
tes renais estão na faixa etária de 15
onal de Amostra de Domicílios (PNAD)
plicações econômicas, pois há ele-
a 49 anos que, em conseqüência da
de 1998. A abordagem teórica utili-
vados gastos em transplantes e no
insuficiência renal crônica, reduzem
zada é a teoria do capital humano e o
tratamento de terapia renal substi-
suas atividades profissionais duran-
modelo de demanda por saúde.
tutiva (TRS). A assistência médica
te o tempo de tratamento.
O número de pacientes com in-
aos pacientes é bastante dispendio-
Embora a solução mais eficaz para
suficiência renal crônica tem cres-
sa para o Sistema Único de Saúde
a IRC, desde que não haja contra-indi-
cido bastante, tanto no Brasil quan-
(SUS). Segundo dados do DATASUS,
cação médica, seja o transplante de
to no resto do mundo, tornando-se
rim, este pode demorar cerca de três
um grave problema de saúde públi-
anos para acontecer. Durante o tem-
ca (LESSA, 2004; SCHIEPPATI & REMUZI,
po em que aguarda por transplante,
2005). A insuficiência renal crônica
o paciente é submetido à diálise3,
(IRC) é uma doença fatal, a menos
O TRATAMENTO DOS PACIENTES RENAIS
porém suas atividades ficam mais res-
que o paciente seja submetido a tra-
CRÔNICOS TEM IMPORTANTES IMPLICAÇÕES
tritas em virtude das longas horas de-
tamento de terapia renal substitutiva (TRS) ou a transplante de rim.
ECONÔMICAS, POIS HÁ ELEVADOS GASTOS EM
NÉRI & SOARES (2002), usando dados
TRANSPLANTES E NO TRATAMENTO DE
da PNAD/1998, verificaram que cer-
dicadas ao procedimento. Em geral,
o paciente fica submetido à hemodiálise para a filtragem do sangue, em
três sessões semanais, que duram cer-
TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA
ca de quatro horas cada.
ca de 5% dos entrevistados declara-
Deste modo, ocorre uma redução
ram ter doença renal crônica.
Desde o final da década de 1980,
das horas disponíveis para o traba-
vários economistas começaram a
lho e outras atividades, o que, mui-
estudar aspectos ligados ao trata-
em 2004, 16% dos recursos desti-
tas vezes, inviabiliza o exercício de
mento da doença renal crônica, prin-
nados à cobertura hospitalar pelo
atividade profissional e pode influ-
1
enciar as decisões de participação
para diminuir as longas filas para
e 13,17% dos recursos destinados
no mercado de trabalho e/ou de alo-
transplante renal (BARNEY & REYNOLDS,
à cobertura ambulatorial foram
cação de tempo para trabalhar.
1989; KASERMAN & BARNETT, 1991; BE-
gastos em diálise.
cipalmente propondo mecanismos
CKER
& ELIAS, 2004; ROTH et al., 2005,
SU & ZENIOS, 2005). O interesse cres-
SUS foram gastos em transplantes ,
2
Corroborando com este raciocí-
Além dos gastos públicos, com o
nio, analisando os registros da Cen-
tratamento dos pacientes renais crô-
tral de Transplantes do Estado do Rio
1
No ano de 2004, foram pagos pelo SUS 10.921 transplantes de órgãos e tecidos, sendo que 3.058 foram transplantes renais, os quais
representaram um gasto de R$ 55.595.009,00.
2
Valor igual a R$ 1.010.858.392,53.
3
Dentre as técnicas de diálise, a hemodiálise é a mais utilizada, no Brasil: 89,77% dos pacientes recebem este tratamento (SBN, 2005).
GODOY, Marcia Regina et al
Grande do Sul, verificamos que 62%4
seção três é feita uma análise des-
saúde pode influenciar a obtenção e
dos pacientes inscritos na lista de es-
critiva a respeito da doença renal
a manutenção das formas de capi-
pera para transplante renal, não exer-
crônica dentro de algumas faixas
tal, isto porque, na busca da manu-
cem atividade profissional, e que 52%
salariais e educacionais; a seguir,
tenção das condições de saúde, os
dos pacientes da lista de espera es-
são apresentados os resultados das
indivíduos podem usar o capital fí-
tão na faixa etária de 18 a 50 anos.
estimações. Na seção quatro são
sico e financeiro para adquirir cui-
tecidas as considerações finais.
dados de saúde. A saúde pode afe-
Dados da Sociedade Brasileira
tar tanto o capital humano quanto
de Nefrologia mostram que dos
REVISÃO DA LITERATURA
58.808 pacientes em TRS no Bra-
o fisico. Uma vez que, com a presença de doenças graves, os indiví-
sil, 49,3% estão na faixa etária de
15 a 49 anos. Sendo assim, a ma-
Os modelos de capital humano
duos tendem a fazer um menor in-
nutenção de pacientes em TRS, por
consideram que a saúde é a base
vestimento em educação. A redução
longo tempo, pode trazer sérias
para a produtividade do trabalho,
do nível educacional pode, então,
afetar os rendimentos do indivíduo.
implicações econômicas.
A teoria do capital humano ga-
Embora COELHO (2002, p.22) e NERI
& SOARES (2002) mostrem que no
nhou força a partir da década de
Brasil a doença renal crônica está
1960, em virtude da preocupação
mais presente nos níveis socioeco-
SAÚDE E EDUCAÇÃO
cada vez maior com os problemas
casos associada a condições de hi-
SÃO OS DOIS PILARES
distribuição de renda. A teoria co-
giene, os autores não aprofundaram
DA TEORIA DO
meçou a ser desenvolvida com os
nômicos mais baixos, e em muitos
a discussão.
de crescimento econômico e melhor
estudos de Gary Becker. O pressu-
CAPITAL HUMANO
Assim, este artigo busca, através
posto central dessa teoria é o de que
de um estudo econométrico, verifi-
o capital humano é algo que pode
car o impacto da DCR sobre os rendi-
ser produzido, ou seja, é o produto
mentos dos portadores de doença re-
de decisões de investimento em edu-
nal crônica no Brasil. Para tanto, uti-
cação ou em treinamento. Conside-
liza o modelo de regressão quantíli-
para o desenvolvimento intelectu-
ra-se, aí, que o grau de educação
ca para capital
humano, visando
al, físico e emocional. Saúde e edu-
possuído por um indivíduo correla-
obter informações sobre o impacto
cação são os dois pilares da teoria
ciona-se positivamente com os ren-
das variáveis de capital humano e
do capital humano. Conceitualmen-
dimentos pessoais, e buscam-se ex-
saúde, em alguns pontos da distri-
te, as pessoas podem ter três tipos
plicar as diferenças de produtivida-
buição de salário no Brasil.
de capital: capital saúde, na forma
de dos indivíduos por diferenças no
O texto está organizado do se-
da saúde do próprio corpo; capital
estoque de capital humano.
guinte modo: além da introdução,
humano, na forma de educação e
Embora os trabalhos de BECKER
na seção seguinte são discutidos
capital físico; e financeiro na for-
(1965) e MUSHKIN (1962) tenham in-
alguns aspectos teóricos sobre ca-
ma de bens ou ativos (CASE & DEA-
dicado que o capital saúde faz par-
pital saúde e capital humano. Na
TON ,
te do estoque de capital humano, os
4
2003). Entretanto, o capital
Fonte: Cálculos feitos pelos autores a partir do banco de dados da Central de Transplantes do Estado Rio Grande do Sul.
Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil
autores deram maior ênfase à edu-
modo simultâneo (JUDGE & PATTERSON,
me a idade do indivíduo e conside-
cação e não fizeram uma modela-
2001; KENEDY, 2003).
ra que as despesas com cuidados
gem incluindo a variável saúde.
Nesse sentido, a saúde afeta os
médicos elevam-se com a idade. Um
O conceito do capital saúde deri-
salários através de seus efeitos so-
aspecto relevante é que a educação
va da teoria de capital humano.
bre a produtividade do trabalhador.
aumenta a eficiência com que os
GROSSMAN (1972), em seu artigo se-
Adicionalmente, há a suposição de
investimentos em saúde são produ-
minal, construiu um modelo de de-
que os indivíduos mais saudáveis
zidos. Deste modo, os indivíduos
manda para o capital saúde, eviden-
possuem maior estoque de capital
com maior nível educacional deman-
ciando que o estado de saúde afeta
humano, implicando que estes ten-
dam mais cuidados de saúde.
a produtividade e influencia os sa-
deriam a ser mais produtivos do que
lários dos indivíduos.
aqueles com saúde precária.
De acordo com a teoria do capital
humano, aumentos no estoque de
A teoria que permeia esta discussão baseia-se no modelo de GROSSMAN
A análise dos impactos de doenças sobre os rendimentos tem crescido na academia. MARCOTTE & WILCOX
(2003), através de regressão
capital de conhecimento eleva a pro-
quantílica, estimaram as perdas de
dutividade dos indivíduos, podendo
rendimento devido a doença mental
assim, obter ganhos potenciais de-
e verificaram que essas perdas são
correntes deste aumento de produti-
maiores em mulheres.
vidade. Conseqüentemente, os indi-
HÁ A SUPOSIÇÃO DE QUE OS INDIVÍDUOS
víduos teriam um incentivo para in-
MAIS SAUDÁVEIS POSSUEM MAIOR ESTOQUE
vestir em educação e treinamento.
A diferença entre capital humano
e capital saúde se dá em função de o
estoque de conhecimento de uma
DE CAPITAL HUMANO, IMPLICANDO QUE ESTES
TENDERIAM A SER MAIS PRODUTIVOS DO
QUE AQUELES COM SAÚDE PRECÁRIA
KAHN (1998, p.895), utilizando
o modelo tobit, verificou que os
diabéticos têm rendimento inferior aos dos não-diabéticos. YOUNG
et al. (1994, p.911) verificaram
que a incidência do diabetes meli-
pessoa afetar sua produtividade; en-
tus e da doença renal crônica são
quanto que o estoque de saúde de-
inversamente correlacionadas com
termina a quantidade total de tempo
o status socioeconômico.
que ela pode ter em atividades pro-
No Brasil, a pesquisa envolven-
dutivas (GROSSMAN,1972, p.224) ou
(1972), o qual busca explicar as va-
do a questão da desigualdade de
como será feita a divisão de tempo
riações na saúde
e nos cuidados
renda, escolaridade e saúde tem
entre as atividades de mercado e as
médicos, entendendo a saúde como
sido discutida desde os anos 1960.
de não-mercado (BOLIN et al., 2002).
um estoque de capital durável que
Autores como NÉRI (1999), NÉRI &
Segundo FUCHS (2004, p.655), a
produz um tempo de vida saudável,
S OARES (2002), A LVES & A NDR ADE
relação entre saúde e renda é forte.
utilizado nas atividades de lazer e
(2002), THOMAS & STRAUSS (1997), de-
Muitos estudos têm indicado uma
trabalho. Os indivíduos herdam um
bateram a desigualdade de renda e
estreita relação entre renda e saú-
estoque inicial de saúde, o qual se
saúde no Brasil.
de, uma vez que um estado de saú-
deprecia com a idade e pode ser au-
de pobre leva a baixos rendimen-
mentado por investimentos.
THOMAS & S TRAUSS (1997), utilizando os dados do Estudo Nacio-
tos, e que a baixa renda leva a uma
Desta forma, o modelo inclui
nal de Despesa Familiar (ENDEF),
piora do estado de saúde; ou seja,
uma taxa de depreciação do esto-
analisaram a relação entre saúde
as variáveis são determinadas de
que de saúde, que aumenta confor-
e produtividade no trabalho. Os re-
GODOY, Marcia Regina et al
sultados por eles obtidos confir-
fre alteração de acordo com o nível
cuidados com a saúde, independen-
mam a idéia de que a saúde é uma
de renda, e desta forma os impactos
te das características socioeconômi-
forma de capital humano que in-
da saúde sobre os rendimentos so-
cas individuais. Contudo, o modelo
fluencia os rendimentos.
frem alterações ao longo da distri-
de demanda por saúde de Grossman
KASSOUF (1999) utilizou dados da
buição de renda. Deste modo, poder-
mostra que aqueles com renda mais
Pesquisa Nacional sobre Saúde e
se-iam obter estimativas mais acu-
alta tendem a fazer mais investimen-
Nutrição (PNSN) de 1989 para avali-
radas a respeito do impacto da saú-
tos em saúde, ou seja, os resultados
ar o impacto de condições inadequa-
de sobre os rendimentos.
encontrados por NÉRI & SOARES são os
das de saúde sobre os rendimentos
NÉRI & SOARES (2002) analisaram
de homens (com idade de 18 a 65
a distribuição de ativos entre pobres
Diaz (2003) analisou as desigual-
anos) no Brasil. A autora mostrou
e não-pobres enfocando a discussão
dades socioeconômicas na área da
que uma saúde precária provoca
na questão da saúde e planos de saú-
saúde no Brasil por meio da men-
perdas tanto por meio da redução na
de. Os autores verificaram que 74%
suração de índice de concentração
teoricamente esperados.
probabilidade de o indivíduo partici-
para a variável ‘auto-avaliação’ do
par da força de trabalho quanto da
estado de saúde, com dados origi-
menor taxa de salários. A variável
nados pela Pesquisa Domiciliar so-
utilizada como proxy para o estado
bre Padrões de Vida (PPV/1996). Os
de saúde foi Índice de Massa Corpo-
A SAÚDE É UMA
resultados obtidos pela autora re-
ral (IMC). Os resultados, obtidos pela
FORMA DE CAPITAL
velaram a presença de desigualda-
autora, indicaram que as condições
des que favorecem os indivíduos
de saúde têm efeitos significativos
HUMANO QUE
das camadas mais elevadas das es-
sobre os rendimentos dos indivídu-
INFLUENCIA OS
calas socioeconômicas.
os e que aqueles com IMC< 20 têm
menores taxas de salário.
SESSO et al. (2003), investigando
RENDIMENTOS
uma amostra de 118 pacientes do
ALVES & ANDRADE (2002), utilizan-
Hospital de Clínicas de São Paulo,
do dados da PNAD/1998, verificaram
verificaram que existe correlação
a relação entre saúde e rendimen-
entre o status socioeconômico e do-
tos no Brasil. Os autores, através
dos 10% mais ricos possuem planos
ença renal crônica. Além disso, os
de um modelo logit, encontraram
de saúde, enquanto que, apenas 2,9%
autores constataram que após um
evidências de que o estado de saú-
dos 10% mais pobres o possuem.
ano de hemodiálise os pacientes com
de afeta os rendimentos. Uma pos-
Além disto, verificaram que existe
maior status socioeconômico têm
sível extensão desse trabalho seria
uma relação inversa entre estado de
um aumento maior da qualidade de
a inclusão de coorte para idade e
saúde e planos de saúde, isto é,
vida do que os com status socioe-
renda, pois de acordo com o Mode-
aqueles com mais necessidades de
conômico mais baixo.
lo de GROSSMAN (1972) ocorre a dete-
atendimentos de saúde
possuem
RIVERA & CURRAIS (2004), utilizan-
rioração da saúde com o tempo, in-
menos planos de saúde. Isto, segun-
do dados da Pesquisa Domiciliar
fluenciando, assim, a variável auto-
do os autores, contraria o princípio
sobre Padrões de Vida (PPV/1996)
avaliação de saúde, que foi utiliza-
de eqüidade vertical, que diz que os
examinaram, por regressão quantí-
da pelos autores. Além disto, a va-
serviços de saúde devem ser distri-
lica, a relação entre salários e saú-
riável auto-avaliação de saúde so-
buídos segundo a necessidade de
de. Os autores também utilizaram
Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil
variáveis instrumentais para esti-
tuar investimentos neles mesmos,
consumo ao longo da vida são vis-
mar uma equação de saúde que foi
buscando aumentar o seu estoque
tas como um problema de investi-
utilizada como instrumento na equa-
de conhecimento ou capital huma-
mento, de tal forma que o consu-
ção de rendimento. Os resultados
no, de modo que ocorra uma ele-
midor pode escolher entre investir
indicaram que escolaridade e renda
vação da sua produtividade e, con-
na sua própria saúde ou investir
afetam positivamente a renda e que
seqüentemente, aufiram maiores
no mercado financeiro, de modo
ocorre o inverso diante de má qua-
rendimentos. A fim de obter tais
que a formação do capital saúde5
lidade de moradia. Na equação de
ganhos de produtividade, os indi-
determina a quantidade de tempo
rendimento, notaram que um melhor
víduos possuem incentivos para
que os indivíduos podem gastar
status de saúde aumenta o nível de
investir em educação ou treinamen-
para trabalhar e obter renda e para
rendimento para homens e mulhe-
to. Através da relação custos de
outras atividades. Assim, um au-
res. O uso regressão quantílica per-
investimentos e retornos salariais,
mento no estoque de saúde reduz a
mitiu verificar que os impactos da
pode-se determinar o nível ótimo de
quantidade de tempo perdido por
saúde variam ao longo da distribui-
investimento em capital humano.
estar enfermo, permitindo maior ní-
ção, sendo que o primeiro quantil
(0.10) apresenta maior coeficiente.
Modelo de Grossman
GROSSMAN (1972) buscou expandir
vel de rendimento.
as aplicações da teoria do capital
O modelo de Grossman usa uma
humano e fez o modelo de Demanda
função de utilidade intertemporal de
por Saúde, em que as escolhas de
um consumidor típico:
Michael Grossman foi quem pri-
U = U (φ o H o ,..., φn H n , Zo ,..., Z n )
meiro tratou o ‘bem’ saúde como
(1)
um estoque de capital (1972). Ele
construiu um modelo que explica
onde:
variações na saúde e cuidados mé-
Ho = estoque de saúde herdado
dicos, em termos de variações de
Hi = estoque de saúde no tempo i
curvas de oferta e de demanda pelo
φi = fluxo de serviço por unidade de estoque
‘bem’ saúde. Nesse modelo, a saú-
hi = φi Hi consumo total de serviços de saúde
de pode ser vista como um bem de
Zi = total de consumo de outros bens no período i.
consumo que entra diretamente na
função ‘utilidade’ dos indivíduos e
Por (1) temos que a função utili-
também como um ‘bem de capital’
dade do consumidor depende tanto
que permite dias saudáveis (ACEVE-
do estoque de saúde herdado, como
DO,
também
2000). De certo modo, pode-se
desse estoque em cada
dizer que este modelo foi oriundo
momento do tempo; além do consu-
da teoria do capital humano desen-
mo de outros bens.
volvida por Gary Becker.
O tempo de vida depende da
trição de recursos. Além disto, (1)
está sujeita a algumas restrições:
a) Depreciação
O Modelo de Grossman assume
que, em cada período, o consumi-
Os trabalhos de Becker eviden-
quantidade de Hi que maximiza a
dor faz investimentos em saúde e
ciam que os indivíduos podem efe-
utilidade sujeita a produção e res-
que o investimento líquido no esto-
5
Capital saúde é a acumulação de fontes de saúde, tanto físico como psicossocial, que podem ser herdados ou adquiridos durante os estágios
da vida que vai determinar a saúde atual e a saúde potencial no futuro (KIISKINEN, 2002, p.9).
GODOY, Marcia Regina et al
que de saúde é igual ao investimen-
educadas produzem investimento
onde:
to bruto, menos a depreciação:
em saúde de forma mais eficiente.
Pi e Vi = preços de Mi (cuidados
Hi+1 – Hi = Ii - δHi
(2)
GROSSMAN (1972) assumiu que uma
onde:
mudança no capital humano afeta a
Ii = investimento bruto
eficiência do processo de produção nas
δ = taxa de depreciação durante o
atividades não-mercado, bem como a
período i.
mudança de tecnologia muda eficiên-
A taxa de depreciação é assu-
médicos) e Xi (outros bens),
Wi = taxa salarial, TWi são as horas de trabalho,
Ao = renda descontada,
r = taxa de juros.
cia do processo de produção no setor
mida como exógena, mas ela pode
mercado.
Ele definiu também que
variar de acordo com a idade.
todas as funções de produção de seu
d) Restrição de Tempo
A restrição de tempo requer que
modelo são homogêneas de grau 1,
Ω, o tempo total disponível em qual-
isto implica que não há ilusão mone-
quer período, seja exaurido através
Os consumidores fazem investimento bruto em saúde e em ou-
tária no modelo. Conseqüentemente,
de todos os possíveis usos.
tros bens, que estão presentes na
de pode ser escrito como:
b) Funções de Produção
a função de investimento bruto em saú-
sua função de utilidade e variam
I i = M i g (t i ; E i ) ( 4 )
de acordo com um conjunto de função de produção:
( 3’ )
onde:
Mi = cuidado médico (serviços mé-
ti = TH i M i .
por: TW (tempo dedicado ao tra-
função de produto do investimento
para produzir investimento em saú-
bruto em saúde são dados por:
de) + T (tempo para produzir outros bens (Z)). 6
∂I i
∂g
= g´ ( 5’ )
=
∂TH i
∂ti
Por (7) pode ser notado que os indivíduos têm um conjunto de decisões:
∂I i
= g − ti g´ ( 5’’ )
∂M i
usado na produção de saúde e ou-
a) dividir o tempo entre trabalho
e lazer;
tras atividades)
c) Restrição Orçamentária
Z i = consumo de bens em cada
A equação (6) representa o valor
período i,
vidade na produção de investimento em saúde (3’) depende do nível
de educação, isto é, pessoas mais
6
(tempo perdido devi-
do à doença) + TH (tempo usado
THi e Ti = insumos tempo (tempo
transmitir a idéia de que a produti-
balho) +
do tempo e dos cuidados médicos na
Xi = insumos na produção de Zi,
E corresponde a educação e busca
Ω representa o tempo total disponível em cada período, que é dado
dicos, medicamentos, etc.)
Ei = estoque de capital humano.
onde:
onde:
Segue que os produtos marginais
( 3’’ )
TW i + TL i + TH I + T i = Ω ( 7 )
presente dos rendimentos, que é
b) dividir o tempo restante de lazer na produção de saúde e outros bens;
igual ao valor presente dos bens da
c) dividir o rendimento gerado entre
cesta orçamentária, durante o ciclo
bens intermediários para a produ-
de vida, mais a renda descontada:
ção de saúde e do bem consumo;
∑
W TW
Pi M i + Vi X i
= ∑ i ii + A0
(1 + r)i
(1 + r )
(6)
O modelo assume que TLi é inversamente relacionado ao estoque de saúde, isto é, ∂TLi / ∂Hi<0.
d) investir em saúde para o período seguinte.
Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil
O tempo perdido com doenças é
Várias extensões teóricas já foram
dado pelo tempo total disponível,
feitas no modelo de GROSSMAN (1972)7,
menos os dias saudáveis em um
como, por exemplo: o trabalho de
dado ano.
BOLIN, JACOBSSON & LINDBERG (2002) que
analisa como se dá a demanda de
TLi = Ω – h i . ( 8 )
saúde dentro das famílias, buscando
verificar como se dá a distribuição
Se Ω (7) for mensurado em dias
e se
φi for definido como o fluxo
dos investimentos em saúde entre os
membros da família. Os autores as-
METODOLOGIA
Descrição dos Dados
A análise é baseada na P NAD de
1998, suplemento saúde. Essa pesquisa é realizada anualmente pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), contudo as
questões de saúde não são abor-
de dias saudáveis por unidade de
sumem a hipótese da existência de
Hi, hi será igual ao número total
incerteza nos investimentos em saú-
de dias saudáveis em um determi-
de. São modeladas tanto as decisões
nado ano.
de investimentos em saúde seja para
existe pesquisa que faça acompa-
Considerando que, se a taxa de
família com apenas dois membros
nhamento temporal de um mesmo
depreciação do estoque de saúde fos-
(marido e esposa), como também para
indivíduo, impedindo dessa forma
se constante, um aumento em THi
famílias com filhos. Segundo os au-
a aplicação de estudo por dados
aumentaria Ii e Hi+1, e reduziria TLi+1.
tores, os indivíduos nas famílias não
em painel.
Então, THi e TLi+1 seriam negativa-
produzem apenas saúde para si, mas
A PNAD cobre todo o território bra-
mente correlacionadas.
dadas todos os anos. Vale ressaltar que, infelizmente no Brasil não
também para os outros membros.
sileiro, exceto a área rural da região
De maneira simplificada, pode-se
LILJAS (1997) introduz a incerteza, já
Norte. Na PNAD/1998 foram entrevis-
dizer que os principais pontos deste
que os indivíduos não sabem com pre-
tadas 344.975 pessoas, distribuídas
modelo são: a) a idade é negativa-
cisão a idade em que morrerão.
pelas faixas etárias da Tabela 1:
mente correlacionada com o capital
saúde, mas positivamente correlaci-
TABELA 1 – Distribuição por faixa etária – PNAD/1998
onada com os gastos em cuidados
com saúde; b) a taxa salarial dos
Faixa etária (anos)
Freqüência
Percentual
Perc. acumulado
indivíduos é positivamente correla-
0 a 17
127.233
036,88
036,88
cionada tanto com a demanda por
18 a 24
045.246
013,12
050,00
25 a 29
027.235
007,89
057,89
30 a 34
026.788
007,77
065,66
35 a 39
024.731
007,17
072,83
40 a 44
021.914
006,32
079,15
45 a 49
017.628
005,11
084,26
acima de 50
054.299
015,74
100,00
Total
344.974
100
saúde, quanto com a demanda por
cuidados de saúde; c) a educação é
positivamente correlacionada com o
capital saúde, mas negativamente
correlacionada com os gastos com
cuidados de saúde; d) os que possuem maior nível educacional demandam maior estoque ótimo de saúde;
Fonte: Dados da pesquisa.
e) que o bem saúde é uma commodity que é produzida individualmente.
7
GROSSMAN (1999) apresenta e discute várias destas extensões.
GODOY, Marcia Regina et al
A renda dos entrevistados está
TABELA 2 – Distribuição da renda – PNAD/1998
distribuída conforme a Tabela 2.
Em relação à auto-avaliação de
saúde, a Tabela 3 mostra que poucos indivíduos com doença renal
crônica relataram ter um estado de
saúde “muito bom” e “bom”.
Como pode ser verificado na Tabela 4, a doença renal crônica não
está distribuída uniformemente por
escolaridade. Nota-se que, quanto
menor os anos de estudo, maior é
a taxa de incidência. Percebe-se que
a taxa de incidência dos indivíduos com um ano de estudo é quase
Renda (em Reais)
Freqüência
Percentual
Perc. Acumulado
Até 100
162,030
059.05
059.05
101 a 200
035,676
013.00
072.05
201 a 300
022,246
0008.11
080.16
301 a 400
013,592
0004.95
085.12
401 a 500
008,711
0003.17
088.29
501 a 1.000
018,357
0006.69
094.98
1.001 a 1.500
005,837
0002.13
097.11
1.501 a 2.000
003,043
0001.11
098.22
2.001 a 5.500
004,199
0001.53
099.75
5.501 a 10.000
000556
0000.20
099.95
Acima de 10.000
000139
00000.05
100.00
Total
274.386
100
Fonte: Dados da pesquisa.
cinco vezes superior aos com 14
anos de estudo.
TABELA 3 – Auto-avaliação de saúde dos indivíduos com e sem doença renal crônica – PNAD/1998
Considerando os dados aqui expostos, a técnica de regressão quantílica permite verificar como ocorrem
as perdas de rendimentos em função
Sem DRC
Nº de Pessoas
%
91.694
99.54
175.861
98.69
56.406
93.29
9.001
86.47
1.876
83.56
Auto-avaliação de Saúde
Muito bom
da doença renal crônica ao longo da
distribuição de rendimento.
Bom
Regular
Modelo Econométrico:
regressão quantílica
Ruim
Muito Ruim
Para verificar o efeito da presença de doença renal crônica sobre os
rendimentos, é utilizada a metodo-
Com DRC
Nº de Pessoas
%
423
0.46
2.343
1.31
4.056
6.71
1.408
13.53
369
16.44
Pearson chi2(5) = 1.4e+04 Pr = 0.000.
TABELA 4 – Distribuição dos casos de DRC por anos de estudo – PNAD/1998
logia de regressão quantílica, desen-
Anos de Estudo
% Não tem DCR
% tem DCR
Total
volvida por KROENKER & BASSET (1978).
1
94,66
5,34
100
A regressão quantílica permite ana-
2
95,10
4,90
100
lisar o impacto das variáveis expli-
3
95,24
4,76
100
cativas ao longo da distribuição
4
95,39
4,61
100
condicional da variável dependente
5
96,08
3,92
100
(lnw = salário), enquanto que a re-
6
970,0
30,0
100
gressão de mínimos quadrados es-
7
97,17
2,83
100
tima apenas o efeito médio do im-
8
97,31
2,69
100
pacto de uma variável.
9
97,36
2,64
100
Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil
TABELA 4 – Distribuição dos casos de DRC por anos de estudo – PNAD/1998 (continuação)
Anos de Estudo
% Não tem DCR
% tem DCR
Total
10
98,10
1,90
100
11
98,30
1,70
100
12
98,11
1,89
100
13
98,27
1,73
100
14
98,89
1,11
100
15
98,53
1,47
100
16
98,39
1,61
100
Total
96,85
3,15
100
Fonte: Dados da pesquisa.
A Figura 1 fornece uma ilustração dos ajustes aos dados pretendidos com uso de estimações por quantis, em
contraste com a regressão estimada por Mínimos Quadrados (MQO).
FIGURA 1 – Ajustes das Regressões por MQO e Regressão Quantílica
Fonte: Silveira Neto & Campelo (2003).
Os modelos de regressão quantílica têm sido bastante utilizados para estudar o retorno das variáveis do capital
humano, desigualdade e renda no Brasil. Nesse sentido, trabalhos como os de RIBEIRO (2001), SILVEIRA N ETO & CAMPELO
(2003), ARABSHEIBANI, CARNEIRO & HENLEY (2003), JUSTO (2004) entre outros, exploram esta abordagem.
O modelo de regressão quantílica pode ser escrito como:
ln w i = x i β θ + µ θi , Quant θ (ln w i | x i ) = x i β θ , ( 9 )
onde xi é um vetor de variáveis exógenas e
condicional de lnw dado x, onde
θ ∈ (0,1).
β θ é um vetor de parâmetros. Quantθ (ln w i | x i ) denota o quantil
Segundo Vieira (1999, p.100), o
ferentes valores de
θ ∈ (0,1). A re-
quantis amostrais para o caso de
objetivo é estimar o vetor de parâ-
gressão quantílica pode ser vista
um modelo linear yt =X t β +
βθ para di-
como uma extensão natural dos
qual assume a seguinte forma:
metros desconhecidos



min n  ∑ θ y t − x t β + ∑ (1 − θ) y t − x t β  = min
b∈ℜ
t∈{t:y < x β }

t∈{t:y ≥ x β }
−1
t
em que
t
t
ρ é a função “check” de-
finida por:
(10.1)
θ u,
ρ θ (u) = 
(θ − 1)u,
u ≥ 0
u < 0
onde a função ρθ multiplica os resí-
n
n −1 ∑ ρ θ (y t − x t β)
t
εt , o
( 10 )
i =1
• A estimação dos coeficientes an-
ta a estimação dos parâmetros.
gulares de cada quantil é obtida
Muitos pacotes econométricos já
considerando a totalidade dos da-
possuem comandos próprios para
dos, ou seja, não há subamostras
esta finalidade, tais como R, S-
do conjunto de dados;
PLUS, Stata, SHAZAM , entre outros.
• Regressão quantílica é robusta
a outliers;
Uma das justificativas para o
uso de tal metodologia neste ensaio
duos por θ se eles forem não-nega-
• Por utilizar a distribuição condi-
se dá em função da doença não es-
tivos e por (θ – 1) caso contrário,
cional da variável resposta, po-
tar distribuída uniformemente entre
para que desta forma sejam trata-
dem-se estimar os intervalos de
os decis de rendimento – conforme
dos assimetricamente.
confiança dos parâmetros e do re-
Quadro 1 –, havendo redução
gressando diretamente dos quan-
incidência com o aumento da renda
tis condicionais desejados;
(YOUNG et al., 1994, NÉRI & SOARES,
Com a variação de θ, diferentes
quantis podem ser obtidos.
Os
quantis mais freqüentemente estimados são: 0,1; 0,25; 0,50; 0,75 e
0,90. Deste modo, a regressão
quantílica permite descrever como
ocorre o impacto das variáveis explicativas sob a dependente ao longo da distribuição.
• Como os erros não possuem uma
distribuição normal, os estimadores provenientes da regressão
quantílica podem ser mais eficientes
que os estimadores por
meio de MQO;
da
2002), ou seja, nos decis de renda
mais baixos a presença de doença
renal crônica é maior, e diminui ao
longo da distribuição.
A equação de rendimento estimada depende de características individuais como sexo, cor, idade e ca-
De acordo com SILVA & PORTO JUNIOR
• A regressão quantílica pode ser
racterísticas de capital humano, es-
(2004), as principais vantagens da
representada como um modelo de
colaridade e presença de doença re-
regressão quantilica são:
programação linear, o que facili-
nal, e é expressa por:
• A técnica de regressão quantílica
permite caracterizar toda distri-
logWθ = α 0θ + α 1θ E + α 2θ S + α 3 I + α 4θ I 2 + α 5θ D + α 6θ B + ε θ (11)
buição condicional de uma variável resposta a partir de um conjunto de regressores;
onde:
W: renda;
doença renal crônica e 0 em caso
E: anos
de estudo
contrário; B (branco)
(v0404):
• A regressão quantílica pode ser
(v0610); I: idade (v8005); S: sexo
dummy que é igual a 1 se o indiví-
usada quando a distribuição não
(v0302); D: dummy que é igual a 1
duo é branco e 0 em caso contrário,
é gaussiana;
se o indivíduo reporta a presença de
θ denota o quantil estimado.
QUADRO 1 – Presença de doenças crônicas, segundo decis de rendimento – PNAD/1998
Decil de Rendimento
Tem doença de coluna ou costas
Tem artrite ou reumatismo
Tem câncer
Tem diabetes
Tem bronquite ou asma
Tem hipertensão
Tem doença do coração
Tem doença renal crônica
Tem depressão
Tem tuberculose
Tem tendinite ou tenossinovite
Tem cirrose
1
40,8
18,9
0,1
1,4
2,4
13,9
3,6
6,3
6,0
0,3
2,3
0,2
2
44,0
23,3
0,2
2,5
3,6
20,3
6,3
5,6
6,8
0,2
2,7
0,3
3
37,4
17,9
0,3
3,3
3,6
21,9
7,4
5,4
8,1
0,2
2,7
0,5
4
35,0
17,5
0,4
3,2
4,6
20,7
8,5
6,6
8,1
0,3
2,9
0,4
5
33,2
13,7
0,3
3,5
4,2
19,4
7,2
5,9
6,6
0,1
2,5
0,4
6
32,1
15,3
0,4
4,2
5,2
21,0
8,3
5,2
7,3
0,2
2,9
0,2
7
28,9
12,4
0,4
3,7
4,0
21,0
7,8
4,3
7,3
0,1
2,7
0,3
8
27,4
11,6
0,5
4,5
3,7
21,6
6,9
3,9
6,7
0,1
2,6
0,3
9
26,2
9,7
0,6
4,8
3,2
20,6
7,1
3,8
6,5
0,1
3,1
0,2
10
22,5
8,3
0,6
5,1
3,2
19,7
6,9
2,8
6,1
0,1
3,9
0,2
Total
32,7
14,9
0,4
3,6
3,8
20,0
7,0
5,0
6,9
0,2
2,8
0,3
Fonte: Néri & Soares (2002).
A variável dependente (lnw) é o
A utilização do salário-hora faz
logaritmo do salário-hora, e foi ob-
com que seja melhor identificado o
tida através da variável rendimen-
impacto da presença da doença re-
to total (v4719),8 dividida pelo nú-
nal crônica (v1316), controlando des-
mero de horas trabalhadas (v4707)
te modo, o problema da utilização
e multiplicada por 4.
da variável rendimento total (v4719)
que pode ser afetada pela redução
do número de horas trabalhadas pelos indivíduos com doença renal crônica, já que, teoricamente, uma pessoa doente tende a trabalhar menos
tempo em decorrência da doença
(THOMAS & STRAUSS, 1997).
TABELA 5 – Estatística Descritiva – PNAD/1998 – Brasil (18 a 55 anos – Mulheres)
Variável
Média
Idade
Renda em R$
Anos de Estudo
Horas semanais de Trabalho
37.47
293.44
7.04
037.40
Com DRC
Desvio
Min
Padrão
9.36
18
449.81
8
4.21
1
15.19
2
Max
Média
55
6150
16
98
33,94
427.03
7,78
38.23
Sem DRC
Desvio
Min
Padrão
9.77
18
656.25
3
4.39
1
13.91
1
Média
34.18
628.26
7.55
45.43
Sem DRC
Desvio Padrão
Min
10.0
18
1012.78
5
4.31
1
12.04
1
Max
55
20.000
16
98
Fonte: Dados tabulados pelos autores.
TABELA 6 – Estatística Descritiva – PNAD/1998 – Brasil (18 a 55 anos – Homens)
Variável
Idade
Renda
Anos de Estudo
Horas semanais de Trabalho
Média
39.01
533.45
5.94
47.20
Com DRC
Desvio Padrão
9.21
873.79
4.09
12.80
Min
18
4
1
2
Max
55
15.000
16
98
Fonte: Dados tabulados pelos autores.
8
Nota: os números das variáveis entre parênteses referem-se ao código da variável atribuído pelo IBGE na PNAD/1998.
Max
55
20.000
16
98
GODOY, Marcia Regina et al
Nas Tabelas 5 e 6, nota-se que a
anos, com renda maior que R$ 1,00.
resultados mais consistentes, as
média dos indivíduos com
A justificativa para utilizar tal inter-
estimativas foram obtidas co m
doença renal crônica é menor do que
valo de idade é que, segundo a Soci-
bootstrapping de cem replicações.
a dos demais. As mulheres com do-
edade Brasileira de Nefrologia, a
As estimações foram feitas tanto
ença renal crônica recebem cerca de
maior parte dos pacientes renais crô-
conjuntamente quanto separada
45,52% menos do que as que não
nicos situam-se nesta faixa etária.
por gênero, para os quantis 0,10,
renda
têm a doença. No caso dos homens
De início, utilizou-se o método de
0,25, 0,50, 0,75 e 0,90. Tal proce-
é muito menor
mínimos quadrados ordinários para
dimento permite fazer uma análi-
(17,77%). Percebe-se ainda que o
verificar o impacto da presença da
se mais adequada dos impactos da
número de anos de estudo é menor
doença renal crônica sobre os rendi-
doença renal crônica.
entre os indivíduos com DRC.
mentos em diversas faixas de renda.
No Quadro 3 encontram-se os re-
Os resultados estão apresentados no
sultados das estimações para a amos-
esta diferença
Em relação ao número de horas
de trabalho por semana, as Tabelas
Quadro 2 e mostram que nas faixas
5 e 6 mostram que, em média, os
4 e 5, são apresentados os resulta-
homens com doença renal crônica
dos das estimações por gênero.
ofertam maior número de horas de
Os resultados obtidos mostraram
trabalho do que os que não têm a
doença. No caso das mulheres, ocorre o inverso, ou seja, as mulheres
tra total. Logo adiante, nos Quadros
que todos os sinais das variáveis são
OS HOMENS DOENTES
os esperados teoricamente e significativos estatisticamente.
que não têm DRC trabalham mais
OFERTAM MAIS HORAS
horas do que aquelas que têm do-
DE TRABALHO DO QUE
positivo, indicando que os indivídu-
OS NÃO DOENTES
os brancos têm maior rendimento.
A variável cor apresenta sinal
ença renal crônica. Este padrão é similar ao encontrado por ALVES (2002),
O coeficiente da variável sexo mos-
que verificou que os homens doen-
tra que as mulheres têm rendimen-
tes ofertam mais horas de trabalho
to menor do que os homens, pois o
do que os não doentes.
coeficiente da variável tem sinal
de renda mais baixas (de R$ 2,00 a
negativo, indicando desta forma a
R$ 900,00) a variável renal é signifi-
existência de discriminação no mer-
Nesta seção são apresentados os
cativa, indicando que os indivíduos
cado de trabalho para mulheres.
resultados econométricos obtidos
mais pobres são os que têm mais
pelas metodologias de mínimos qua-
perda de rendimento. Os resultados
ça renal crônica é mais importante
drados
ordinários e de regressão
de SESSO et al. (2003) e os encontra-
no quantil 0,25 e diminui ao longo
quantílica. Os resultados foram ob-
dos neste trabalho revelam que os
dos quantis. Os resultados indicam
tidos utilizando o software Stata,
indivíduos dos estratos sociais mais
que o impacto da presença de DRC
versão 8.2. As estimações foram fei-
baixos sofrem maior impacto com a
varia entre 10,3% e 13,2%. O valor
tas utilizando dados da PNAD/1998.
doença renal crônica.
do coeficiente no quantil 0,90 suge-
RESULTADOS ECONOMÉTRICOS
O impacto da presença de doen-
A seguir a equação (11) foi es-
re que os rendimentos dos indivídu-
111.988 observações de homens e
timada via regressão quantílica si-
os neste quantil são menos sensí-
mulheres com idade entre 18 e 55
multânea (SQREG ). De modo a obter
veis à presença da DRC.
A amostra utilizada contém
Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil
QUADRO 2 – Resultados das Estimações por Mínimos Quadrados Ordinário por Faixa de Renda
Variável
dependente: lnw
R$ 2 a
R$ 179
R$ 180 a
R$360
R$361 a
R$600
R$601 a
R$900
R$901 a
R$1300
R$1301 a
R$1800
R$1801 a
R$2500
R$2501 a
R$5000
R$ 5.001 a
R$10.000
Mais de
R$10.000
Renal
-0.042
(2.60)**
-0.0405
(3.51)**
-0.046
(3.01)**
-0.052
(2.22)***
-0.024
(0.80)
-0.032
(0.93)
-0.030
(0.73)
0.053
(0.83)
-0.203
(3.00)**
0.022
(0.16)
Sexo
0.067
(10.87)**
0.090
(20.53)**
0.107
(17.79)**
0.102
(11.68)**
0.093
(9.16)**
0.090
(6.88)**
0.083
(5.56)**
0.071
(4.00)**
0.080
(1.84)*
0.315
(2.43)***
Estudo
0.039
(43,62)**
0.028
(47.02)**
0.022
(31.38)**
0.023
(22.09)**
0.020
(16.18)**
0.020
(11.83)**
0.020
(11.57)**
0.019
(7.91)**
-0.000
(0.00)
-0.071
(2.77)**
Idade
0.0170
(8.66)**
0.063
(4.42)**
-0.037
(1.91)*
-0.451
(1.41)
-0.046
(1.13)
-0.057
(0.96)
-0.061
(0.87)
-0.064
(0.70)
-0.019
(0.89)
-0.179
(0.39)
Idade 2
-0.019
(6.79)**
-0.037
(1.83)*
0.007
(2.90)**
0.008
(1.97)***
0.007
(1.37)
0.010
(1.28)
0.010
(1.21)
0.012
(0.70)
0.290
(1.09)
0.025
(0.46)
Branco
0.055
(9.12)**
0.3185
(8.03)**
0.134
(2.73)**
0.014
(2.02)***
0.000
(0.04)
-0.002
(0.23)
0.000
(0.04)
0.005
(0.29)
0.009
(0.23)
0.116
(1.12)
Constante
1.555
(47.68)**
2.501
(103.08)**
3.319
(96.51)**
3.771
(65.24)**
4.170
(54.12)**
4.504
(40.59)**
4.780
(34.55)**
5.229
(28.35)**
6.390
(14.02)
8.023
(8.78)**
Nº Observações
31838
35764
20364
8528
6273
3257
2772
2573
545
98
R2
0.0818
0.1046
0.1008
0.1114
0.0824
0.0797
0.0701
0.0406
0.0215
0.1822
QUADRO 3 – Resultados das Estimações por MQO e Regressão Quantílica
MQO
RQ .10
RQ .25
RQ .50
RQ .75
RQ .90
Sexo
-0.359
(78.23)**
-0.308
(35.28)**
-0.324
(64.00)**
-0.359
(65.71)**
-0.383
(54.43)**
-0.378
(42.75)**
Estudo
0.141
(258.33)**
0.122
(111.90)**
0.130
(172.00)**
0.141
(215.07)**
0.147
(212.91)**
0.150
(162.88)**
Idade
0.874
(54.74)**
0.717
(32.77)**
0.793
(36.49)**
0.878
(40.93)**
0.947
(39.98)**
1.014
(26.61)**
Idade 2
-0.088
(38.52)**
-0.077
(24.66)**
-0.083
(27.27)**
-0.089
(29.00)**
Branco
0.104
(23.36)**
0.101
(12.76)**
0.110
(19.25)**
0.108
(18.28)**
0.104
(20.66)**
0.101
(12.80)**
Renal
-0.111
(8.33)**
-0.112
(4.72)**
-0.132
(7.15)**
-0.119
(7.91)**
-0.115
(5.77)**
-0.103
(5.26)**
Constante
0.246
(9.30)**
-0.127
(3.51)**
0.051
(1.39)
0.233
(6.66)**
0.485
(12.93)**
0.744
(12.00)**
R2 / Pseudo R2
0.44
0.1704
0,2155
0.2610
0.3033
0.3213
-0.093
(26.64)**
-0.099
(18.08)**
Estatística t entre parênteses. ** Significante a 1%. Nº Observações: 111.988.
A variável estudo teve sinal posi-
de estudo é maior para os indivídu-
os adultos entre 18 e 55 anos, a qual
tivo e significativo, e revela que a
os do quantil 0,90. A Tabela 7 apre-
também evidencia que os retornos
taxa de retorno de anos adicionais
senta os retornos de escolaridade para
são mais elevados no percentil 0,90.
GODOY, Marcia Regina et al
Para obter maior robustez dos
TABELA 7 – Retorno (em lnw) de Anos de Escolaridade por percentil – Adultos de 18 a 55 anos
resultados estimou-se as regressões
Categoria de
Escolaridade
(anos de estudo)
Não sabe ler
1- 3
4
5- 8
9-11
>12
por gênero. Sendo os resultados
apresentados no Quadro 4.
Os resultados das regressões
quantílicas para o sexo masculino
e feminino são similares aos obtidos para a amostra completa, sen-
p 10
p 25
Mediana
p 75
p 90
1.504
1.792
1.897
2.095
2.383
3.219
1.897
2.095
2.383
2.526
2.862
3.807
2.303
2.526
2.813
2.996
3.401
4.423
2.788
3.076
3.337
3.481
3.992
5.043
3.258
3.507
3.807
3.973
4.605
5.521
Fonte: Dados tabulados pelos autores.
do todos os sinais esperados e estatisticamente significativos.
A variável de interesse deste es-
QUADRO 4 – Resultados das Estimações por MQO e Regressão Quantílica – Sexo Masculino
tudo (renal) apresenta coeficiente
negativo, de monta. Para os homens, o coeficiente é mais alto no
quantil 0,25 e diminui ao longo da
Estudo
Idade
distribuição condicional de salário,
Idade 2
variando entre 11,3% e 14,8%. Já no
Branco
caso do sexo feminino, os valores
dos coeficientes são menores, vari-
Renal
ando de 6,9% a 10,4%, e o quantil
Constante
0,10 é o que apresenta maior coefi-
R2 /
Pseudo R2
ciente. A comparação dos valores
dos coeficientes da variável renal
MQO
0.135
(185.12)**
0.924
(45.62)**
-0.095
(32.78)**
0.228
(38.73)**
-0.130
(7.58)**
0.140
(4.18)**
RQ .10
0.115
(102.07)**
0.778
(22.98)**
-0.087
(18.18)**
0.208
(21.84)**
-0.113
(4.53)**
-0.206
(3.51)**
RQ .25
0.123
(142.90)**
0.853
(33.59)**
-0.092
(25.39)**
0.219
(29.79)**
-0.148
(7.27)**
-0.041
(0.96)
RQ .50
0.136
(152.65)**
0.947
(48.01)**
-0.099
(34.95)**
0.219
(31.85)**
-0.137
(6.73)**
0.101
(3.16)**
RQ .75
0.143
(147.74)**
0.991
(33.02)**
-0.099
(23.27)**
0.217
(26.81)**
-0.132
(5.76)**
0.380
(7.74)**
RQ .90
0.144
(110.44)**
1.045
(28.86)**
-0.101
(20.25)**
0.231
(19.68)**
-0.118
(3.03)**
0.653
11.28)**
0.45
0.1704
0.2155
0.2610
0.3033
0.3213
Estatística t entre parênteses. ** Significante a 1%. Nº Observações: 68.688.
para o sexo masculino e feminino
sugere que a presença de doença
renal crônica tem menor impacto
sobre os rendimentos das mulheres.
Em síntese, os resultados sugerem que doença renal crônica têm
Quadro 5 – Resultados das Estimações por MQO e Regressão Quantílica – Sexo Feminino9
Variável
dependente: lnw
Estudo
Idade
impacto negativo sobre os rendimentos. A utilização da técnica de re-
Idade 2
gressão quantílica permitiu verifi-
Branco
car que este impacto é muito mais
importante nos quantis de renda
Renal
mais baixos. De modo geral, os re-
Constante
sultados encontrados são similares
R2 / Pseudo R2
aos de RIVIERA & CURRAIS (2004), que
9
MQO
RQ .10
RQ .25
RQ .50
RQ .75
RQ .90
0.135
(155.59)**
0.785
(31.03)**
-0.078
(21.55)**
0.238
(33.38)**
-0.092
(4.35)**
0.045
(1.08)
0.45
0.123
(64.43)**
0.611
(12.22)**
-0.063
(8.74)**
0.237
(16.75)**
-0.104
(2.99)**
-0.331
(4.00)**
0.1885
0.127
(105.21)**
0.684
(22.36)**
-0.069
(15.13)**
0.232
(25.02)**
-0.087
(3.75)**
-0.115
(2.23)*
0.2216
0.132
(132.70)**
0.776
(28.16)**
-0.077
(19.69)**
0.236
(30.21)**
-0.086
(3.26)**
0.079
(1.66)
0.2643
0.140
(121.76)**
0.874
(26.01)**
-0.087
(17.73)**
0.240
(21.70)**
-0.069
(3.46)**
0.251
(4.53)**
0.3012
0.144
(96.28)**
0.934
(23.65)**
-0.091
(15.82)**
0.257
(20.47)**
-0.072
(2.00)*
0.506
(7.56)**
0.3127
Estatística t entre parênteses. ** Estatisticamente significante ao nível de 1%. Nº Observações: 43.324.
A utilização do procedimento de Heckman (1979, 1990), que trata do problema de viés de seleção, pode melhorar as estimativas para o sexo
feminino em função das decisões de participação no mercado de trabalho. Contudo, neste artigo, não foi utilizado tal procedimento.
Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil
verificaram que um melhor estado
sível calcular a perda total causada
And Health Care In Sweden 1980/
de saúde tem impacto positivo so-
pela doença renal crônica, conside-
81 And 1988/89. 2002
bre os rendimentos.
rando seus efeitos sobre a participação no mercado de trabalho, o
CONCLUSÃO
número de horas trabalhadas e o
salário-horário.
C ASE , Anne C. & D EATON , Angus.
Broken Down by Work and Sex: How
Our Health Declines. NBER. Working
Paper 9821, 2003.
O principal objetivo deste ensaio
REFERÊNCIAS
foi verificar o impacto da presença
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de doença renal crônica sobre o rendimento. Os resultados das estima-
ACEVEDO, Juan Miguel. Aspectos Teó-
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ções por mínimos quadrados ordi-
ricos sobre la Salud como un De-
Unicamp, Campinas, 2002.
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terminante del Crecimiento Econó-
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sugeriram que a presença de doen-
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A utilização de regressão quantíli-
ARABSHEIBANI, G. Reza; CARNEIRO, G. F.
GROSSMAN, Michael. On the Concept
ca permitiu mostrar que ao longo
& H ENLEY, A. Human capital and
of Health Capital and the Demand
de toda a distribuição condicional
earnings inequality in Brazil 1988-
de rendimento a presença de doen-
1998: quantile regression evidence.
ça renal crônica afeta negativamen-
World Bank Research Working Paper
te os rendimentos, indicando desta
3147, p.1-20, 2003.
forma que medidas que visem a
BARNEY. L. & REYNOLDS, L. An Econo-
prevenção da DRC podem contribuir
mic Analysis of Transplant Organs.
para a redução de desigualdade de
Atlantic Economic Journal; Sep
HECKMAN, James. Sample selection bias
rendimento e possibilitar a existên-
1989; 17, 3, 1989.
as a specification error. Econometri-
negativo sobre os rendimentos.
Os resultados de MQO mostraram que este impacto é mais importante nas faixas de rendimento
mais baixas, ou seja, os efeitos são
mais fortes sobre os mais pobres.
cia de uma população mais saudável e com maior participação no
mercado de trabalho.
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Considerando que as regressões
nomic Review, Vol. 80, 1990.
estimadas utilizaram apenas infor-
BECKER, Gary & ELIAS, J. Introducing
mações dos indivíduos que estavam
Incentives in the Market for Live and
JUDGE, Ken & PATERSON, Iain. Poverty,
trabalhando, é necessário obter-se
Cadaveric Organ Donations. Working
Income Inequality and Health. TREA-
dados sobre aqueles doentes renais
Paper. Mimeo, 2004.
SURY WORKING PAPER, 01/29, 2001.
crônicos que estavam fora do mer-
BOLIN, Kristian; JACOBSON, Lena & LIND-
JUSTO, Wellington. Capital Humano
cado de trabalho. Assim, será pos-
GREN,
Diminui Desigualdade? Evidências
Björn. The Demand For Health
GODOY, Marcia Regina et al
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Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal