Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil1 Estimating earnings losses due to chronic renal disease in Brazil Marcia Regina Godoy2; Giacomo Balbinotto Neto3; Pedro Pita Barros4 & Eduardo Pontual Ribeiro5 RESUMO O artigo tem como objetivo estimar as perdas de rendimentos individuais devido a doença renal crônica. A partir de dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD/1998) são estimadas as perdas de rendimento através dos métodos dos mínimos quadrados ordinários e de regressão quantílica, que permite medir o impacto da doença sobre os rendimentos, ao longo da distribuição do salário no Brasil. Os resultados indicaram que os mais pobres têm maior redução de rendimento devido à doença renal crônica, sugerindo que políticas direcionadas para reduzir a incidência da doença renal crônica podem contribuir para a redução de desigualdade de rendimento. PALAVRAS-CHAVE: Regressão Quantílica; Perda de Rendimento; Doença Renal Crônica. ABSTRACT This paper estimates the earnings losses due to chronic renal disease in Brazil. Based on data from the National Household Sample Survey (PNAD/1998), the study estimates these earnings losses using the ordinary least squares and the quantile regression methods. The quantile regression method allows to measure the impact of illness on incomes, in association with wage distribution in Brazil. The results showed that the most affected are those with lower income, which demonstrates that policies aimed at reducing chronic renal disease would contribute to diminishing earnings inequalities. KEYWORDS: Quantile Regression; Earnings Losses; Chronic Renal Disease. 1 Esta pesquisa contou com o apoio financeiro da CAPES e CNPq. 2 Doutoranda em Economia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Mestrado em Economia – Universidade de Brasilia. 3 Professor Adjunto na UFRGS. Doutor em Economia pela USP. 4 Professor Catedrático na Universidade Nova de Lisboa. Doutor em Economia pela Universidade Nova de Lisba. 5 Professor Adjunto na UFRGS. Doutor em Economia pela University of Illinois. Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil INTRODUÇÃO Este ensaio tem por objetivo estimar as perdas de rendimento devido cente dos economistas tem ocorrido nicos, a doença ainda pode ter ou- em função dos elevados gastos pú- tras implicações econômicas pois, blicos e privados com o tratamento segundo a Sociedade Brasileira de dos pacientes renais crônicos. Nefrologia (SBN), 50% dos pacientes à doença renal crônica (DRC). A base O tratamento dos pacientes re- em listas de espera para transplan- de dados utilizada é a Pesquisa Naci- nais crônicos tem importantes im- tes renais estão na faixa etária de 15 onal de Amostra de Domicílios (PNAD) plicações econômicas, pois há ele- a 49 anos que, em conseqüência da de 1998. A abordagem teórica utili- vados gastos em transplantes e no insuficiência renal crônica, reduzem zada é a teoria do capital humano e o tratamento de terapia renal substi- suas atividades profissionais duran- modelo de demanda por saúde. tutiva (TRS). A assistência médica te o tempo de tratamento. O número de pacientes com in- aos pacientes é bastante dispendio- Embora a solução mais eficaz para suficiência renal crônica tem cres- sa para o Sistema Único de Saúde a IRC, desde que não haja contra-indi- cido bastante, tanto no Brasil quan- (SUS). Segundo dados do DATASUS, cação médica, seja o transplante de to no resto do mundo, tornando-se rim, este pode demorar cerca de três um grave problema de saúde públi- anos para acontecer. Durante o tem- ca (LESSA, 2004; SCHIEPPATI & REMUZI, po em que aguarda por transplante, 2005). A insuficiência renal crônica o paciente é submetido à diálise3, (IRC) é uma doença fatal, a menos O TRATAMENTO DOS PACIENTES RENAIS porém suas atividades ficam mais res- que o paciente seja submetido a tra- CRÔNICOS TEM IMPORTANTES IMPLICAÇÕES tritas em virtude das longas horas de- tamento de terapia renal substitutiva (TRS) ou a transplante de rim. ECONÔMICAS, POIS HÁ ELEVADOS GASTOS EM NÉRI & SOARES (2002), usando dados TRANSPLANTES E NO TRATAMENTO DE da PNAD/1998, verificaram que cer- dicadas ao procedimento. Em geral, o paciente fica submetido à hemodiálise para a filtragem do sangue, em três sessões semanais, que duram cer- TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA ca de quatro horas cada. ca de 5% dos entrevistados declara- Deste modo, ocorre uma redução ram ter doença renal crônica. Desde o final da década de 1980, das horas disponíveis para o traba- vários economistas começaram a lho e outras atividades, o que, mui- estudar aspectos ligados ao trata- em 2004, 16% dos recursos desti- tas vezes, inviabiliza o exercício de mento da doença renal crônica, prin- nados à cobertura hospitalar pelo atividade profissional e pode influ- 1 enciar as decisões de participação para diminuir as longas filas para e 13,17% dos recursos destinados no mercado de trabalho e/ou de alo- transplante renal (BARNEY & REYNOLDS, à cobertura ambulatorial foram cação de tempo para trabalhar. 1989; KASERMAN & BARNETT, 1991; BE- gastos em diálise. cipalmente propondo mecanismos CKER & ELIAS, 2004; ROTH et al., 2005, SU & ZENIOS, 2005). O interesse cres- SUS foram gastos em transplantes , 2 Corroborando com este raciocí- Além dos gastos públicos, com o nio, analisando os registros da Cen- tratamento dos pacientes renais crô- tral de Transplantes do Estado do Rio 1 No ano de 2004, foram pagos pelo SUS 10.921 transplantes de órgãos e tecidos, sendo que 3.058 foram transplantes renais, os quais representaram um gasto de R$ 55.595.009,00. 2 Valor igual a R$ 1.010.858.392,53. 3 Dentre as técnicas de diálise, a hemodiálise é a mais utilizada, no Brasil: 89,77% dos pacientes recebem este tratamento (SBN, 2005). GODOY, Marcia Regina et al Grande do Sul, verificamos que 62%4 seção três é feita uma análise des- saúde pode influenciar a obtenção e dos pacientes inscritos na lista de es- critiva a respeito da doença renal a manutenção das formas de capi- pera para transplante renal, não exer- crônica dentro de algumas faixas tal, isto porque, na busca da manu- cem atividade profissional, e que 52% salariais e educacionais; a seguir, tenção das condições de saúde, os dos pacientes da lista de espera es- são apresentados os resultados das indivíduos podem usar o capital fí- tão na faixa etária de 18 a 50 anos. estimações. Na seção quatro são sico e financeiro para adquirir cui- tecidas as considerações finais. dados de saúde. A saúde pode afe- Dados da Sociedade Brasileira tar tanto o capital humano quanto de Nefrologia mostram que dos REVISÃO DA LITERATURA 58.808 pacientes em TRS no Bra- o fisico. Uma vez que, com a presença de doenças graves, os indiví- sil, 49,3% estão na faixa etária de 15 a 49 anos. Sendo assim, a ma- Os modelos de capital humano duos tendem a fazer um menor in- nutenção de pacientes em TRS, por consideram que a saúde é a base vestimento em educação. A redução longo tempo, pode trazer sérias para a produtividade do trabalho, do nível educacional pode, então, afetar os rendimentos do indivíduo. implicações econômicas. A teoria do capital humano ga- Embora COELHO (2002, p.22) e NERI & SOARES (2002) mostrem que no nhou força a partir da década de Brasil a doença renal crônica está 1960, em virtude da preocupação mais presente nos níveis socioeco- SAÚDE E EDUCAÇÃO cada vez maior com os problemas casos associada a condições de hi- SÃO OS DOIS PILARES distribuição de renda. A teoria co- giene, os autores não aprofundaram DA TEORIA DO meçou a ser desenvolvida com os nômicos mais baixos, e em muitos a discussão. de crescimento econômico e melhor estudos de Gary Becker. O pressu- CAPITAL HUMANO Assim, este artigo busca, através posto central dessa teoria é o de que de um estudo econométrico, verifi- o capital humano é algo que pode car o impacto da DCR sobre os rendi- ser produzido, ou seja, é o produto mentos dos portadores de doença re- de decisões de investimento em edu- nal crônica no Brasil. Para tanto, uti- cação ou em treinamento. Conside- liza o modelo de regressão quantíli- para o desenvolvimento intelectu- ra-se, aí, que o grau de educação ca para capital humano, visando al, físico e emocional. Saúde e edu- possuído por um indivíduo correla- obter informações sobre o impacto cação são os dois pilares da teoria ciona-se positivamente com os ren- das variáveis de capital humano e do capital humano. Conceitualmen- dimentos pessoais, e buscam-se ex- saúde, em alguns pontos da distri- te, as pessoas podem ter três tipos plicar as diferenças de produtivida- buição de salário no Brasil. de capital: capital saúde, na forma de dos indivíduos por diferenças no O texto está organizado do se- da saúde do próprio corpo; capital estoque de capital humano. guinte modo: além da introdução, humano, na forma de educação e Embora os trabalhos de BECKER na seção seguinte são discutidos capital físico; e financeiro na for- (1965) e MUSHKIN (1962) tenham in- alguns aspectos teóricos sobre ca- ma de bens ou ativos (CASE & DEA- dicado que o capital saúde faz par- pital saúde e capital humano. Na TON , te do estoque de capital humano, os 4 2003). Entretanto, o capital Fonte: Cálculos feitos pelos autores a partir do banco de dados da Central de Transplantes do Estado Rio Grande do Sul. Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil autores deram maior ênfase à edu- modo simultâneo (JUDGE & PATTERSON, me a idade do indivíduo e conside- cação e não fizeram uma modela- 2001; KENEDY, 2003). ra que as despesas com cuidados gem incluindo a variável saúde. Nesse sentido, a saúde afeta os médicos elevam-se com a idade. Um O conceito do capital saúde deri- salários através de seus efeitos so- aspecto relevante é que a educação va da teoria de capital humano. bre a produtividade do trabalhador. aumenta a eficiência com que os GROSSMAN (1972), em seu artigo se- Adicionalmente, há a suposição de investimentos em saúde são produ- minal, construiu um modelo de de- que os indivíduos mais saudáveis zidos. Deste modo, os indivíduos manda para o capital saúde, eviden- possuem maior estoque de capital com maior nível educacional deman- ciando que o estado de saúde afeta humano, implicando que estes ten- dam mais cuidados de saúde. a produtividade e influencia os sa- deriam a ser mais produtivos do que lários dos indivíduos. aqueles com saúde precária. De acordo com a teoria do capital humano, aumentos no estoque de A teoria que permeia esta discussão baseia-se no modelo de GROSSMAN A análise dos impactos de doenças sobre os rendimentos tem crescido na academia. MARCOTTE & WILCOX (2003), através de regressão capital de conhecimento eleva a pro- quantílica, estimaram as perdas de dutividade dos indivíduos, podendo rendimento devido a doença mental assim, obter ganhos potenciais de- e verificaram que essas perdas são correntes deste aumento de produti- maiores em mulheres. vidade. Conseqüentemente, os indi- HÁ A SUPOSIÇÃO DE QUE OS INDIVÍDUOS víduos teriam um incentivo para in- MAIS SAUDÁVEIS POSSUEM MAIOR ESTOQUE vestir em educação e treinamento. A diferença entre capital humano e capital saúde se dá em função de o estoque de conhecimento de uma DE CAPITAL HUMANO, IMPLICANDO QUE ESTES TENDERIAM A SER MAIS PRODUTIVOS DO QUE AQUELES COM SAÚDE PRECÁRIA KAHN (1998, p.895), utilizando o modelo tobit, verificou que os diabéticos têm rendimento inferior aos dos não-diabéticos. YOUNG et al. (1994, p.911) verificaram que a incidência do diabetes meli- pessoa afetar sua produtividade; en- tus e da doença renal crônica são quanto que o estoque de saúde de- inversamente correlacionadas com termina a quantidade total de tempo o status socioeconômico. que ela pode ter em atividades pro- No Brasil, a pesquisa envolven- dutivas (GROSSMAN,1972, p.224) ou (1972), o qual busca explicar as va- do a questão da desigualdade de como será feita a divisão de tempo riações na saúde e nos cuidados renda, escolaridade e saúde tem entre as atividades de mercado e as médicos, entendendo a saúde como sido discutida desde os anos 1960. de não-mercado (BOLIN et al., 2002). um estoque de capital durável que Autores como NÉRI (1999), NÉRI & Segundo FUCHS (2004, p.655), a produz um tempo de vida saudável, S OARES (2002), A LVES & A NDR ADE relação entre saúde e renda é forte. utilizado nas atividades de lazer e (2002), THOMAS & STRAUSS (1997), de- Muitos estudos têm indicado uma trabalho. Os indivíduos herdam um bateram a desigualdade de renda e estreita relação entre renda e saú- estoque inicial de saúde, o qual se saúde no Brasil. de, uma vez que um estado de saú- deprecia com a idade e pode ser au- de pobre leva a baixos rendimen- mentado por investimentos. THOMAS & S TRAUSS (1997), utilizando os dados do Estudo Nacio- tos, e que a baixa renda leva a uma Desta forma, o modelo inclui nal de Despesa Familiar (ENDEF), piora do estado de saúde; ou seja, uma taxa de depreciação do esto- analisaram a relação entre saúde as variáveis são determinadas de que de saúde, que aumenta confor- e produtividade no trabalho. Os re- GODOY, Marcia Regina et al sultados por eles obtidos confir- fre alteração de acordo com o nível cuidados com a saúde, independen- mam a idéia de que a saúde é uma de renda, e desta forma os impactos te das características socioeconômi- forma de capital humano que in- da saúde sobre os rendimentos so- cas individuais. Contudo, o modelo fluencia os rendimentos. frem alterações ao longo da distri- de demanda por saúde de Grossman KASSOUF (1999) utilizou dados da buição de renda. Deste modo, poder- mostra que aqueles com renda mais Pesquisa Nacional sobre Saúde e se-iam obter estimativas mais acu- alta tendem a fazer mais investimen- Nutrição (PNSN) de 1989 para avali- radas a respeito do impacto da saú- tos em saúde, ou seja, os resultados ar o impacto de condições inadequa- de sobre os rendimentos. encontrados por NÉRI & SOARES são os das de saúde sobre os rendimentos NÉRI & SOARES (2002) analisaram de homens (com idade de 18 a 65 a distribuição de ativos entre pobres Diaz (2003) analisou as desigual- anos) no Brasil. A autora mostrou e não-pobres enfocando a discussão dades socioeconômicas na área da que uma saúde precária provoca na questão da saúde e planos de saú- saúde no Brasil por meio da men- perdas tanto por meio da redução na de. Os autores verificaram que 74% suração de índice de concentração teoricamente esperados. probabilidade de o indivíduo partici- para a variável ‘auto-avaliação’ do par da força de trabalho quanto da estado de saúde, com dados origi- menor taxa de salários. A variável nados pela Pesquisa Domiciliar so- utilizada como proxy para o estado bre Padrões de Vida (PPV/1996). Os de saúde foi Índice de Massa Corpo- A SAÚDE É UMA resultados obtidos pela autora re- ral (IMC). Os resultados, obtidos pela FORMA DE CAPITAL velaram a presença de desigualda- autora, indicaram que as condições des que favorecem os indivíduos de saúde têm efeitos significativos HUMANO QUE das camadas mais elevadas das es- sobre os rendimentos dos indivídu- INFLUENCIA OS calas socioeconômicas. os e que aqueles com IMC< 20 têm menores taxas de salário. SESSO et al. (2003), investigando RENDIMENTOS uma amostra de 118 pacientes do ALVES & ANDRADE (2002), utilizan- Hospital de Clínicas de São Paulo, do dados da PNAD/1998, verificaram verificaram que existe correlação a relação entre saúde e rendimen- entre o status socioeconômico e do- tos no Brasil. Os autores, através dos 10% mais ricos possuem planos ença renal crônica. Além disso, os de um modelo logit, encontraram de saúde, enquanto que, apenas 2,9% autores constataram que após um evidências de que o estado de saú- dos 10% mais pobres o possuem. ano de hemodiálise os pacientes com de afeta os rendimentos. Uma pos- Além disto, verificaram que existe maior status socioeconômico têm sível extensão desse trabalho seria uma relação inversa entre estado de um aumento maior da qualidade de a inclusão de coorte para idade e saúde e planos de saúde, isto é, vida do que os com status socioe- renda, pois de acordo com o Mode- aqueles com mais necessidades de conômico mais baixo. lo de GROSSMAN (1972) ocorre a dete- atendimentos de saúde possuem RIVERA & CURRAIS (2004), utilizan- rioração da saúde com o tempo, in- menos planos de saúde. Isto, segun- do dados da Pesquisa Domiciliar fluenciando, assim, a variável auto- do os autores, contraria o princípio sobre Padrões de Vida (PPV/1996) avaliação de saúde, que foi utiliza- de eqüidade vertical, que diz que os examinaram, por regressão quantí- da pelos autores. Além disto, a va- serviços de saúde devem ser distri- lica, a relação entre salários e saú- riável auto-avaliação de saúde so- buídos segundo a necessidade de de. Os autores também utilizaram Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil variáveis instrumentais para esti- tuar investimentos neles mesmos, consumo ao longo da vida são vis- mar uma equação de saúde que foi buscando aumentar o seu estoque tas como um problema de investi- utilizada como instrumento na equa- de conhecimento ou capital huma- mento, de tal forma que o consu- ção de rendimento. Os resultados no, de modo que ocorra uma ele- midor pode escolher entre investir indicaram que escolaridade e renda vação da sua produtividade e, con- na sua própria saúde ou investir afetam positivamente a renda e que seqüentemente, aufiram maiores no mercado financeiro, de modo ocorre o inverso diante de má qua- rendimentos. A fim de obter tais que a formação do capital saúde5 lidade de moradia. Na equação de ganhos de produtividade, os indi- determina a quantidade de tempo rendimento, notaram que um melhor víduos possuem incentivos para que os indivíduos podem gastar status de saúde aumenta o nível de investir em educação ou treinamen- para trabalhar e obter renda e para rendimento para homens e mulhe- to. Através da relação custos de outras atividades. Assim, um au- res. O uso regressão quantílica per- investimentos e retornos salariais, mento no estoque de saúde reduz a mitiu verificar que os impactos da pode-se determinar o nível ótimo de quantidade de tempo perdido por saúde variam ao longo da distribui- investimento em capital humano. estar enfermo, permitindo maior ní- ção, sendo que o primeiro quantil (0.10) apresenta maior coeficiente. Modelo de Grossman GROSSMAN (1972) buscou expandir vel de rendimento. as aplicações da teoria do capital O modelo de Grossman usa uma humano e fez o modelo de Demanda função de utilidade intertemporal de por Saúde, em que as escolhas de um consumidor típico: Michael Grossman foi quem pri- U = U (φ o H o ,..., φn H n , Zo ,..., Z n ) meiro tratou o ‘bem’ saúde como (1) um estoque de capital (1972). Ele construiu um modelo que explica onde: variações na saúde e cuidados mé- Ho = estoque de saúde herdado dicos, em termos de variações de Hi = estoque de saúde no tempo i curvas de oferta e de demanda pelo φi = fluxo de serviço por unidade de estoque ‘bem’ saúde. Nesse modelo, a saú- hi = φi Hi consumo total de serviços de saúde de pode ser vista como um bem de Zi = total de consumo de outros bens no período i. consumo que entra diretamente na função ‘utilidade’ dos indivíduos e Por (1) temos que a função utili- também como um ‘bem de capital’ dade do consumidor depende tanto que permite dias saudáveis (ACEVE- do estoque de saúde herdado, como DO, também 2000). De certo modo, pode-se desse estoque em cada dizer que este modelo foi oriundo momento do tempo; além do consu- da teoria do capital humano desen- mo de outros bens. volvida por Gary Becker. O tempo de vida depende da trição de recursos. Além disto, (1) está sujeita a algumas restrições: a) Depreciação O Modelo de Grossman assume que, em cada período, o consumi- Os trabalhos de Becker eviden- quantidade de Hi que maximiza a dor faz investimentos em saúde e ciam que os indivíduos podem efe- utilidade sujeita a produção e res- que o investimento líquido no esto- 5 Capital saúde é a acumulação de fontes de saúde, tanto físico como psicossocial, que podem ser herdados ou adquiridos durante os estágios da vida que vai determinar a saúde atual e a saúde potencial no futuro (KIISKINEN, 2002, p.9). GODOY, Marcia Regina et al que de saúde é igual ao investimen- educadas produzem investimento onde: to bruto, menos a depreciação: em saúde de forma mais eficiente. Pi e Vi = preços de Mi (cuidados Hi+1 – Hi = Ii - δHi (2) GROSSMAN (1972) assumiu que uma onde: mudança no capital humano afeta a Ii = investimento bruto eficiência do processo de produção nas δ = taxa de depreciação durante o atividades não-mercado, bem como a período i. mudança de tecnologia muda eficiên- A taxa de depreciação é assu- médicos) e Xi (outros bens), Wi = taxa salarial, TWi são as horas de trabalho, Ao = renda descontada, r = taxa de juros. cia do processo de produção no setor mida como exógena, mas ela pode mercado. Ele definiu também que variar de acordo com a idade. todas as funções de produção de seu d) Restrição de Tempo A restrição de tempo requer que modelo são homogêneas de grau 1, Ω, o tempo total disponível em qual- isto implica que não há ilusão mone- quer período, seja exaurido através Os consumidores fazem investimento bruto em saúde e em ou- tária no modelo. Conseqüentemente, de todos os possíveis usos. tros bens, que estão presentes na de pode ser escrito como: b) Funções de Produção a função de investimento bruto em saú- sua função de utilidade e variam I i = M i g (t i ; E i ) ( 4 ) de acordo com um conjunto de função de produção: ( 3’ ) onde: Mi = cuidado médico (serviços mé- ti = TH i M i . por: TW (tempo dedicado ao tra- função de produto do investimento para produzir investimento em saú- bruto em saúde são dados por: de) + T (tempo para produzir outros bens (Z)). 6 ∂I i ∂g = g´ ( 5’ ) = ∂TH i ∂ti Por (7) pode ser notado que os indivíduos têm um conjunto de decisões: ∂I i = g − ti g´ ( 5’’ ) ∂M i usado na produção de saúde e ou- a) dividir o tempo entre trabalho e lazer; tras atividades) c) Restrição Orçamentária Z i = consumo de bens em cada A equação (6) representa o valor período i, vidade na produção de investimento em saúde (3’) depende do nível de educação, isto é, pessoas mais 6 (tempo perdido devi- do à doença) + TH (tempo usado THi e Ti = insumos tempo (tempo transmitir a idéia de que a produti- balho) + do tempo e dos cuidados médicos na Xi = insumos na produção de Zi, E corresponde a educação e busca Ω representa o tempo total disponível em cada período, que é dado dicos, medicamentos, etc.) Ei = estoque de capital humano. onde: onde: Segue que os produtos marginais ( 3’’ ) TW i + TL i + TH I + T i = Ω ( 7 ) presente dos rendimentos, que é b) dividir o tempo restante de lazer na produção de saúde e outros bens; igual ao valor presente dos bens da c) dividir o rendimento gerado entre cesta orçamentária, durante o ciclo bens intermediários para a produ- de vida, mais a renda descontada: ção de saúde e do bem consumo; ∑ W TW Pi M i + Vi X i = ∑ i ii + A0 (1 + r)i (1 + r ) (6) O modelo assume que TLi é inversamente relacionado ao estoque de saúde, isto é, ∂TLi / ∂Hi<0. d) investir em saúde para o período seguinte. Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil O tempo perdido com doenças é Várias extensões teóricas já foram dado pelo tempo total disponível, feitas no modelo de GROSSMAN (1972)7, menos os dias saudáveis em um como, por exemplo: o trabalho de dado ano. BOLIN, JACOBSSON & LINDBERG (2002) que analisa como se dá a demanda de TLi = Ω – h i . ( 8 ) saúde dentro das famílias, buscando verificar como se dá a distribuição Se Ω (7) for mensurado em dias e se φi for definido como o fluxo dos investimentos em saúde entre os membros da família. Os autores as- METODOLOGIA Descrição dos Dados A análise é baseada na P NAD de 1998, suplemento saúde. Essa pesquisa é realizada anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contudo as questões de saúde não são abor- de dias saudáveis por unidade de sumem a hipótese da existência de Hi, hi será igual ao número total incerteza nos investimentos em saú- de dias saudáveis em um determi- de. São modeladas tanto as decisões nado ano. de investimentos em saúde seja para existe pesquisa que faça acompa- Considerando que, se a taxa de família com apenas dois membros nhamento temporal de um mesmo depreciação do estoque de saúde fos- (marido e esposa), como também para indivíduo, impedindo dessa forma se constante, um aumento em THi famílias com filhos. Segundo os au- a aplicação de estudo por dados aumentaria Ii e Hi+1, e reduziria TLi+1. tores, os indivíduos nas famílias não em painel. Então, THi e TLi+1 seriam negativa- produzem apenas saúde para si, mas A PNAD cobre todo o território bra- mente correlacionadas. dadas todos os anos. Vale ressaltar que, infelizmente no Brasil não também para os outros membros. sileiro, exceto a área rural da região De maneira simplificada, pode-se LILJAS (1997) introduz a incerteza, já Norte. Na PNAD/1998 foram entrevis- dizer que os principais pontos deste que os indivíduos não sabem com pre- tadas 344.975 pessoas, distribuídas modelo são: a) a idade é negativa- cisão a idade em que morrerão. pelas faixas etárias da Tabela 1: mente correlacionada com o capital saúde, mas positivamente correlaci- TABELA 1 – Distribuição por faixa etária – PNAD/1998 onada com os gastos em cuidados com saúde; b) a taxa salarial dos Faixa etária (anos) Freqüência Percentual Perc. acumulado indivíduos é positivamente correla- 0 a 17 127.233 036,88 036,88 cionada tanto com a demanda por 18 a 24 045.246 013,12 050,00 25 a 29 027.235 007,89 057,89 30 a 34 026.788 007,77 065,66 35 a 39 024.731 007,17 072,83 40 a 44 021.914 006,32 079,15 45 a 49 017.628 005,11 084,26 acima de 50 054.299 015,74 100,00 Total 344.974 100 saúde, quanto com a demanda por cuidados de saúde; c) a educação é positivamente correlacionada com o capital saúde, mas negativamente correlacionada com os gastos com cuidados de saúde; d) os que possuem maior nível educacional demandam maior estoque ótimo de saúde; Fonte: Dados da pesquisa. e) que o bem saúde é uma commodity que é produzida individualmente. 7 GROSSMAN (1999) apresenta e discute várias destas extensões. GODOY, Marcia Regina et al A renda dos entrevistados está TABELA 2 – Distribuição da renda – PNAD/1998 distribuída conforme a Tabela 2. Em relação à auto-avaliação de saúde, a Tabela 3 mostra que poucos indivíduos com doença renal crônica relataram ter um estado de saúde “muito bom” e “bom”. Como pode ser verificado na Tabela 4, a doença renal crônica não está distribuída uniformemente por escolaridade. Nota-se que, quanto menor os anos de estudo, maior é a taxa de incidência. Percebe-se que a taxa de incidência dos indivíduos com um ano de estudo é quase Renda (em Reais) Freqüência Percentual Perc. Acumulado Até 100 162,030 059.05 059.05 101 a 200 035,676 013.00 072.05 201 a 300 022,246 0008.11 080.16 301 a 400 013,592 0004.95 085.12 401 a 500 008,711 0003.17 088.29 501 a 1.000 018,357 0006.69 094.98 1.001 a 1.500 005,837 0002.13 097.11 1.501 a 2.000 003,043 0001.11 098.22 2.001 a 5.500 004,199 0001.53 099.75 5.501 a 10.000 000556 0000.20 099.95 Acima de 10.000 000139 00000.05 100.00 Total 274.386 100 Fonte: Dados da pesquisa. cinco vezes superior aos com 14 anos de estudo. TABELA 3 – Auto-avaliação de saúde dos indivíduos com e sem doença renal crônica – PNAD/1998 Considerando os dados aqui expostos, a técnica de regressão quantílica permite verificar como ocorrem as perdas de rendimentos em função Sem DRC Nº de Pessoas % 91.694 99.54 175.861 98.69 56.406 93.29 9.001 86.47 1.876 83.56 Auto-avaliação de Saúde Muito bom da doença renal crônica ao longo da distribuição de rendimento. Bom Regular Modelo Econométrico: regressão quantílica Ruim Muito Ruim Para verificar o efeito da presença de doença renal crônica sobre os rendimentos, é utilizada a metodo- Com DRC Nº de Pessoas % 423 0.46 2.343 1.31 4.056 6.71 1.408 13.53 369 16.44 Pearson chi2(5) = 1.4e+04 Pr = 0.000. TABELA 4 – Distribuição dos casos de DRC por anos de estudo – PNAD/1998 logia de regressão quantílica, desen- Anos de Estudo % Não tem DCR % tem DCR Total volvida por KROENKER & BASSET (1978). 1 94,66 5,34 100 A regressão quantílica permite ana- 2 95,10 4,90 100 lisar o impacto das variáveis expli- 3 95,24 4,76 100 cativas ao longo da distribuição 4 95,39 4,61 100 condicional da variável dependente 5 96,08 3,92 100 (lnw = salário), enquanto que a re- 6 970,0 30,0 100 gressão de mínimos quadrados es- 7 97,17 2,83 100 tima apenas o efeito médio do im- 8 97,31 2,69 100 pacto de uma variável. 9 97,36 2,64 100 Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil TABELA 4 – Distribuição dos casos de DRC por anos de estudo – PNAD/1998 (continuação) Anos de Estudo % Não tem DCR % tem DCR Total 10 98,10 1,90 100 11 98,30 1,70 100 12 98,11 1,89 100 13 98,27 1,73 100 14 98,89 1,11 100 15 98,53 1,47 100 16 98,39 1,61 100 Total 96,85 3,15 100 Fonte: Dados da pesquisa. A Figura 1 fornece uma ilustração dos ajustes aos dados pretendidos com uso de estimações por quantis, em contraste com a regressão estimada por Mínimos Quadrados (MQO). FIGURA 1 – Ajustes das Regressões por MQO e Regressão Quantílica Fonte: Silveira Neto & Campelo (2003). Os modelos de regressão quantílica têm sido bastante utilizados para estudar o retorno das variáveis do capital humano, desigualdade e renda no Brasil. Nesse sentido, trabalhos como os de RIBEIRO (2001), SILVEIRA N ETO & CAMPELO (2003), ARABSHEIBANI, CARNEIRO & HENLEY (2003), JUSTO (2004) entre outros, exploram esta abordagem. O modelo de regressão quantílica pode ser escrito como: ln w i = x i β θ + µ θi , Quant θ (ln w i | x i ) = x i β θ , ( 9 ) onde xi é um vetor de variáveis exógenas e condicional de lnw dado x, onde θ ∈ (0,1). β θ é um vetor de parâmetros. Quantθ (ln w i | x i ) denota o quantil Segundo Vieira (1999, p.100), o ferentes valores de θ ∈ (0,1). A re- quantis amostrais para o caso de objetivo é estimar o vetor de parâ- gressão quantílica pode ser vista um modelo linear yt =X t β + βθ para di- como uma extensão natural dos qual assume a seguinte forma: metros desconhecidos min n ∑ θ y t − x t β + ∑ (1 − θ) y t − x t β = min b∈ℜ t∈{t:y < x β } t∈{t:y ≥ x β } −1 t em que t t ρ é a função “check” de- finida por: (10.1) θ u, ρ θ (u) = (θ − 1)u, u ≥ 0 u < 0 onde a função ρθ multiplica os resí- n n −1 ∑ ρ θ (y t − x t β) t εt , o ( 10 ) i =1 • A estimação dos coeficientes an- ta a estimação dos parâmetros. gulares de cada quantil é obtida Muitos pacotes econométricos já considerando a totalidade dos da- possuem comandos próprios para dos, ou seja, não há subamostras esta finalidade, tais como R, S- do conjunto de dados; PLUS, Stata, SHAZAM , entre outros. • Regressão quantílica é robusta a outliers; Uma das justificativas para o uso de tal metodologia neste ensaio duos por θ se eles forem não-nega- • Por utilizar a distribuição condi- se dá em função da doença não es- tivos e por (θ – 1) caso contrário, cional da variável resposta, po- tar distribuída uniformemente entre para que desta forma sejam trata- dem-se estimar os intervalos de os decis de rendimento – conforme dos assimetricamente. confiança dos parâmetros e do re- Quadro 1 –, havendo redução gressando diretamente dos quan- incidência com o aumento da renda tis condicionais desejados; (YOUNG et al., 1994, NÉRI & SOARES, Com a variação de θ, diferentes quantis podem ser obtidos. Os quantis mais freqüentemente estimados são: 0,1; 0,25; 0,50; 0,75 e 0,90. Deste modo, a regressão quantílica permite descrever como ocorre o impacto das variáveis explicativas sob a dependente ao longo da distribuição. • Como os erros não possuem uma distribuição normal, os estimadores provenientes da regressão quantílica podem ser mais eficientes que os estimadores por meio de MQO; da 2002), ou seja, nos decis de renda mais baixos a presença de doença renal crônica é maior, e diminui ao longo da distribuição. A equação de rendimento estimada depende de características individuais como sexo, cor, idade e ca- De acordo com SILVA & PORTO JUNIOR • A regressão quantílica pode ser racterísticas de capital humano, es- (2004), as principais vantagens da representada como um modelo de colaridade e presença de doença re- regressão quantilica são: programação linear, o que facili- nal, e é expressa por: • A técnica de regressão quantílica permite caracterizar toda distri- logWθ = α 0θ + α 1θ E + α 2θ S + α 3 I + α 4θ I 2 + α 5θ D + α 6θ B + ε θ (11) buição condicional de uma variável resposta a partir de um conjunto de regressores; onde: W: renda; doença renal crônica e 0 em caso E: anos de estudo contrário; B (branco) (v0404): • A regressão quantílica pode ser (v0610); I: idade (v8005); S: sexo dummy que é igual a 1 se o indiví- usada quando a distribuição não (v0302); D: dummy que é igual a 1 duo é branco e 0 em caso contrário, é gaussiana; se o indivíduo reporta a presença de θ denota o quantil estimado. QUADRO 1 – Presença de doenças crônicas, segundo decis de rendimento – PNAD/1998 Decil de Rendimento Tem doença de coluna ou costas Tem artrite ou reumatismo Tem câncer Tem diabetes Tem bronquite ou asma Tem hipertensão Tem doença do coração Tem doença renal crônica Tem depressão Tem tuberculose Tem tendinite ou tenossinovite Tem cirrose 1 40,8 18,9 0,1 1,4 2,4 13,9 3,6 6,3 6,0 0,3 2,3 0,2 2 44,0 23,3 0,2 2,5 3,6 20,3 6,3 5,6 6,8 0,2 2,7 0,3 3 37,4 17,9 0,3 3,3 3,6 21,9 7,4 5,4 8,1 0,2 2,7 0,5 4 35,0 17,5 0,4 3,2 4,6 20,7 8,5 6,6 8,1 0,3 2,9 0,4 5 33,2 13,7 0,3 3,5 4,2 19,4 7,2 5,9 6,6 0,1 2,5 0,4 6 32,1 15,3 0,4 4,2 5,2 21,0 8,3 5,2 7,3 0,2 2,9 0,2 7 28,9 12,4 0,4 3,7 4,0 21,0 7,8 4,3 7,3 0,1 2,7 0,3 8 27,4 11,6 0,5 4,5 3,7 21,6 6,9 3,9 6,7 0,1 2,6 0,3 9 26,2 9,7 0,6 4,8 3,2 20,6 7,1 3,8 6,5 0,1 3,1 0,2 10 22,5 8,3 0,6 5,1 3,2 19,7 6,9 2,8 6,1 0,1 3,9 0,2 Total 32,7 14,9 0,4 3,6 3,8 20,0 7,0 5,0 6,9 0,2 2,8 0,3 Fonte: Néri & Soares (2002). A variável dependente (lnw) é o A utilização do salário-hora faz logaritmo do salário-hora, e foi ob- com que seja melhor identificado o tida através da variável rendimen- impacto da presença da doença re- to total (v4719),8 dividida pelo nú- nal crônica (v1316), controlando des- mero de horas trabalhadas (v4707) te modo, o problema da utilização e multiplicada por 4. da variável rendimento total (v4719) que pode ser afetada pela redução do número de horas trabalhadas pelos indivíduos com doença renal crônica, já que, teoricamente, uma pessoa doente tende a trabalhar menos tempo em decorrência da doença (THOMAS & STRAUSS, 1997). TABELA 5 – Estatística Descritiva – PNAD/1998 – Brasil (18 a 55 anos – Mulheres) Variável Média Idade Renda em R$ Anos de Estudo Horas semanais de Trabalho 37.47 293.44 7.04 037.40 Com DRC Desvio Min Padrão 9.36 18 449.81 8 4.21 1 15.19 2 Max Média 55 6150 16 98 33,94 427.03 7,78 38.23 Sem DRC Desvio Min Padrão 9.77 18 656.25 3 4.39 1 13.91 1 Média 34.18 628.26 7.55 45.43 Sem DRC Desvio Padrão Min 10.0 18 1012.78 5 4.31 1 12.04 1 Max 55 20.000 16 98 Fonte: Dados tabulados pelos autores. TABELA 6 – Estatística Descritiva – PNAD/1998 – Brasil (18 a 55 anos – Homens) Variável Idade Renda Anos de Estudo Horas semanais de Trabalho Média 39.01 533.45 5.94 47.20 Com DRC Desvio Padrão 9.21 873.79 4.09 12.80 Min 18 4 1 2 Max 55 15.000 16 98 Fonte: Dados tabulados pelos autores. 8 Nota: os números das variáveis entre parênteses referem-se ao código da variável atribuído pelo IBGE na PNAD/1998. Max 55 20.000 16 98 GODOY, Marcia Regina et al Nas Tabelas 5 e 6, nota-se que a anos, com renda maior que R$ 1,00. resultados mais consistentes, as média dos indivíduos com A justificativa para utilizar tal inter- estimativas foram obtidas co m doença renal crônica é menor do que valo de idade é que, segundo a Soci- bootstrapping de cem replicações. a dos demais. As mulheres com do- edade Brasileira de Nefrologia, a As estimações foram feitas tanto ença renal crônica recebem cerca de maior parte dos pacientes renais crô- conjuntamente quanto separada 45,52% menos do que as que não nicos situam-se nesta faixa etária. por gênero, para os quantis 0,10, renda têm a doença. No caso dos homens De início, utilizou-se o método de 0,25, 0,50, 0,75 e 0,90. Tal proce- é muito menor mínimos quadrados ordinários para dimento permite fazer uma análi- (17,77%). Percebe-se ainda que o verificar o impacto da presença da se mais adequada dos impactos da número de anos de estudo é menor doença renal crônica sobre os rendi- doença renal crônica. entre os indivíduos com DRC. mentos em diversas faixas de renda. No Quadro 3 encontram-se os re- Os resultados estão apresentados no sultados das estimações para a amos- esta diferença Em relação ao número de horas de trabalho por semana, as Tabelas Quadro 2 e mostram que nas faixas 5 e 6 mostram que, em média, os 4 e 5, são apresentados os resulta- homens com doença renal crônica dos das estimações por gênero. ofertam maior número de horas de Os resultados obtidos mostraram trabalho do que os que não têm a doença. No caso das mulheres, ocorre o inverso, ou seja, as mulheres tra total. Logo adiante, nos Quadros que todos os sinais das variáveis são OS HOMENS DOENTES os esperados teoricamente e significativos estatisticamente. que não têm DRC trabalham mais OFERTAM MAIS HORAS horas do que aquelas que têm do- DE TRABALHO DO QUE positivo, indicando que os indivídu- OS NÃO DOENTES os brancos têm maior rendimento. A variável cor apresenta sinal ença renal crônica. Este padrão é similar ao encontrado por ALVES (2002), O coeficiente da variável sexo mos- que verificou que os homens doen- tra que as mulheres têm rendimen- tes ofertam mais horas de trabalho to menor do que os homens, pois o do que os não doentes. coeficiente da variável tem sinal de renda mais baixas (de R$ 2,00 a negativo, indicando desta forma a R$ 900,00) a variável renal é signifi- existência de discriminação no mer- Nesta seção são apresentados os cativa, indicando que os indivíduos cado de trabalho para mulheres. resultados econométricos obtidos mais pobres são os que têm mais pelas metodologias de mínimos qua- perda de rendimento. Os resultados ça renal crônica é mais importante drados ordinários e de regressão de SESSO et al. (2003) e os encontra- no quantil 0,25 e diminui ao longo quantílica. Os resultados foram ob- dos neste trabalho revelam que os dos quantis. Os resultados indicam tidos utilizando o software Stata, indivíduos dos estratos sociais mais que o impacto da presença de DRC versão 8.2. As estimações foram fei- baixos sofrem maior impacto com a varia entre 10,3% e 13,2%. O valor tas utilizando dados da PNAD/1998. doença renal crônica. do coeficiente no quantil 0,90 suge- RESULTADOS ECONOMÉTRICOS O impacto da presença de doen- A seguir a equação (11) foi es- re que os rendimentos dos indivídu- 111.988 observações de homens e timada via regressão quantílica si- os neste quantil são menos sensí- mulheres com idade entre 18 e 55 multânea (SQREG ). De modo a obter veis à presença da DRC. A amostra utilizada contém Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil QUADRO 2 – Resultados das Estimações por Mínimos Quadrados Ordinário por Faixa de Renda Variável dependente: lnw R$ 2 a R$ 179 R$ 180 a R$360 R$361 a R$600 R$601 a R$900 R$901 a R$1300 R$1301 a R$1800 R$1801 a R$2500 R$2501 a R$5000 R$ 5.001 a R$10.000 Mais de R$10.000 Renal -0.042 (2.60)** -0.0405 (3.51)** -0.046 (3.01)** -0.052 (2.22)*** -0.024 (0.80) -0.032 (0.93) -0.030 (0.73) 0.053 (0.83) -0.203 (3.00)** 0.022 (0.16) Sexo 0.067 (10.87)** 0.090 (20.53)** 0.107 (17.79)** 0.102 (11.68)** 0.093 (9.16)** 0.090 (6.88)** 0.083 (5.56)** 0.071 (4.00)** 0.080 (1.84)* 0.315 (2.43)*** Estudo 0.039 (43,62)** 0.028 (47.02)** 0.022 (31.38)** 0.023 (22.09)** 0.020 (16.18)** 0.020 (11.83)** 0.020 (11.57)** 0.019 (7.91)** -0.000 (0.00) -0.071 (2.77)** Idade 0.0170 (8.66)** 0.063 (4.42)** -0.037 (1.91)* -0.451 (1.41) -0.046 (1.13) -0.057 (0.96) -0.061 (0.87) -0.064 (0.70) -0.019 (0.89) -0.179 (0.39) Idade 2 -0.019 (6.79)** -0.037 (1.83)* 0.007 (2.90)** 0.008 (1.97)*** 0.007 (1.37) 0.010 (1.28) 0.010 (1.21) 0.012 (0.70) 0.290 (1.09) 0.025 (0.46) Branco 0.055 (9.12)** 0.3185 (8.03)** 0.134 (2.73)** 0.014 (2.02)*** 0.000 (0.04) -0.002 (0.23) 0.000 (0.04) 0.005 (0.29) 0.009 (0.23) 0.116 (1.12) Constante 1.555 (47.68)** 2.501 (103.08)** 3.319 (96.51)** 3.771 (65.24)** 4.170 (54.12)** 4.504 (40.59)** 4.780 (34.55)** 5.229 (28.35)** 6.390 (14.02) 8.023 (8.78)** Nº Observações 31838 35764 20364 8528 6273 3257 2772 2573 545 98 R2 0.0818 0.1046 0.1008 0.1114 0.0824 0.0797 0.0701 0.0406 0.0215 0.1822 QUADRO 3 – Resultados das Estimações por MQO e Regressão Quantílica MQO RQ .10 RQ .25 RQ .50 RQ .75 RQ .90 Sexo -0.359 (78.23)** -0.308 (35.28)** -0.324 (64.00)** -0.359 (65.71)** -0.383 (54.43)** -0.378 (42.75)** Estudo 0.141 (258.33)** 0.122 (111.90)** 0.130 (172.00)** 0.141 (215.07)** 0.147 (212.91)** 0.150 (162.88)** Idade 0.874 (54.74)** 0.717 (32.77)** 0.793 (36.49)** 0.878 (40.93)** 0.947 (39.98)** 1.014 (26.61)** Idade 2 -0.088 (38.52)** -0.077 (24.66)** -0.083 (27.27)** -0.089 (29.00)** Branco 0.104 (23.36)** 0.101 (12.76)** 0.110 (19.25)** 0.108 (18.28)** 0.104 (20.66)** 0.101 (12.80)** Renal -0.111 (8.33)** -0.112 (4.72)** -0.132 (7.15)** -0.119 (7.91)** -0.115 (5.77)** -0.103 (5.26)** Constante 0.246 (9.30)** -0.127 (3.51)** 0.051 (1.39) 0.233 (6.66)** 0.485 (12.93)** 0.744 (12.00)** R2 / Pseudo R2 0.44 0.1704 0,2155 0.2610 0.3033 0.3213 -0.093 (26.64)** -0.099 (18.08)** Estatística t entre parênteses. ** Significante a 1%. Nº Observações: 111.988. A variável estudo teve sinal posi- de estudo é maior para os indivídu- os adultos entre 18 e 55 anos, a qual tivo e significativo, e revela que a os do quantil 0,90. A Tabela 7 apre- também evidencia que os retornos taxa de retorno de anos adicionais senta os retornos de escolaridade para são mais elevados no percentil 0,90. GODOY, Marcia Regina et al Para obter maior robustez dos TABELA 7 – Retorno (em lnw) de Anos de Escolaridade por percentil – Adultos de 18 a 55 anos resultados estimou-se as regressões Categoria de Escolaridade (anos de estudo) Não sabe ler 1- 3 4 5- 8 9-11 >12 por gênero. Sendo os resultados apresentados no Quadro 4. Os resultados das regressões quantílicas para o sexo masculino e feminino são similares aos obtidos para a amostra completa, sen- p 10 p 25 Mediana p 75 p 90 1.504 1.792 1.897 2.095 2.383 3.219 1.897 2.095 2.383 2.526 2.862 3.807 2.303 2.526 2.813 2.996 3.401 4.423 2.788 3.076 3.337 3.481 3.992 5.043 3.258 3.507 3.807 3.973 4.605 5.521 Fonte: Dados tabulados pelos autores. do todos os sinais esperados e estatisticamente significativos. A variável de interesse deste es- QUADRO 4 – Resultados das Estimações por MQO e Regressão Quantílica – Sexo Masculino tudo (renal) apresenta coeficiente negativo, de monta. Para os homens, o coeficiente é mais alto no quantil 0,25 e diminui ao longo da Estudo Idade distribuição condicional de salário, Idade 2 variando entre 11,3% e 14,8%. Já no Branco caso do sexo feminino, os valores dos coeficientes são menores, vari- Renal ando de 6,9% a 10,4%, e o quantil Constante 0,10 é o que apresenta maior coefi- R2 / Pseudo R2 ciente. A comparação dos valores dos coeficientes da variável renal MQO 0.135 (185.12)** 0.924 (45.62)** -0.095 (32.78)** 0.228 (38.73)** -0.130 (7.58)** 0.140 (4.18)** RQ .10 0.115 (102.07)** 0.778 (22.98)** -0.087 (18.18)** 0.208 (21.84)** -0.113 (4.53)** -0.206 (3.51)** RQ .25 0.123 (142.90)** 0.853 (33.59)** -0.092 (25.39)** 0.219 (29.79)** -0.148 (7.27)** -0.041 (0.96) RQ .50 0.136 (152.65)** 0.947 (48.01)** -0.099 (34.95)** 0.219 (31.85)** -0.137 (6.73)** 0.101 (3.16)** RQ .75 0.143 (147.74)** 0.991 (33.02)** -0.099 (23.27)** 0.217 (26.81)** -0.132 (5.76)** 0.380 (7.74)** RQ .90 0.144 (110.44)** 1.045 (28.86)** -0.101 (20.25)** 0.231 (19.68)** -0.118 (3.03)** 0.653 11.28)** 0.45 0.1704 0.2155 0.2610 0.3033 0.3213 Estatística t entre parênteses. ** Significante a 1%. Nº Observações: 68.688. para o sexo masculino e feminino sugere que a presença de doença renal crônica tem menor impacto sobre os rendimentos das mulheres. Em síntese, os resultados sugerem que doença renal crônica têm Quadro 5 – Resultados das Estimações por MQO e Regressão Quantílica – Sexo Feminino9 Variável dependente: lnw Estudo Idade impacto negativo sobre os rendimentos. A utilização da técnica de re- Idade 2 gressão quantílica permitiu verifi- Branco car que este impacto é muito mais importante nos quantis de renda Renal mais baixos. De modo geral, os re- Constante sultados encontrados são similares R2 / Pseudo R2 aos de RIVIERA & CURRAIS (2004), que 9 MQO RQ .10 RQ .25 RQ .50 RQ .75 RQ .90 0.135 (155.59)** 0.785 (31.03)** -0.078 (21.55)** 0.238 (33.38)** -0.092 (4.35)** 0.045 (1.08) 0.45 0.123 (64.43)** 0.611 (12.22)** -0.063 (8.74)** 0.237 (16.75)** -0.104 (2.99)** -0.331 (4.00)** 0.1885 0.127 (105.21)** 0.684 (22.36)** -0.069 (15.13)** 0.232 (25.02)** -0.087 (3.75)** -0.115 (2.23)* 0.2216 0.132 (132.70)** 0.776 (28.16)** -0.077 (19.69)** 0.236 (30.21)** -0.086 (3.26)** 0.079 (1.66) 0.2643 0.140 (121.76)** 0.874 (26.01)** -0.087 (17.73)** 0.240 (21.70)** -0.069 (3.46)** 0.251 (4.53)** 0.3012 0.144 (96.28)** 0.934 (23.65)** -0.091 (15.82)** 0.257 (20.47)** -0.072 (2.00)* 0.506 (7.56)** 0.3127 Estatística t entre parênteses. ** Estatisticamente significante ao nível de 1%. Nº Observações: 43.324. A utilização do procedimento de Heckman (1979, 1990), que trata do problema de viés de seleção, pode melhorar as estimativas para o sexo feminino em função das decisões de participação no mercado de trabalho. Contudo, neste artigo, não foi utilizado tal procedimento. Estimando as perdas de rendimento devido a doença renal crônica no Brasil verificaram que um melhor estado sível calcular a perda total causada And Health Care In Sweden 1980/ de saúde tem impacto positivo so- pela doença renal crônica, conside- 81 And 1988/89. 2002 bre os rendimentos. rando seus efeitos sobre a participação no mercado de trabalho, o CONCLUSÃO número de horas trabalhadas e o salário-horário. C ASE , Anne C. & D EATON , Angus. Broken Down by Work and Sex: How Our Health Declines. NBER. Working Paper 9821, 2003. O principal objetivo deste ensaio REFERÊNCIAS foi verificar o impacto da presença COELHO, V. Escassez Ou Ineficiência? Política de Saúde e Transplante Re- de doença renal crônica sobre o rendimento. Os resultados das estima- ACEVEDO, Juan Miguel. Aspectos Teó- nal no Brasil. Tese de Doutorado. ções por mínimos quadrados ordi- ricos sobre la Salud como un De- Unicamp, Campinas, 2002. nários (MQO) e regressão quantílica terminante del Crecimiento Econó- DIAZ , Maria Dolores. Desigualdades sugeriram que a presença de doen- mico. Universidad del Rosario. Bor- Econômicas na Saúde. Revista Bra- ça renal crônica tem um impacto radores de Investigación, n.5, 2000. sileira de Economia. Vol 57(1), p. ALVES, Luis Fernando & ANDRADE, Mo- 7-25, 2003. nica Viegas. O impacto do estado de FUCHS, Victor. Reflections on the so- saúde sobre rendimentos individu- cio-economic correlates of health. ais no Brasil e em Minas Gerais. Journal of Health Economics, 23, Encontro de economia Mineira. 2002. p. 653-661, 2004. A utilização de regressão quantíli- ARABSHEIBANI, G. Reza; CARNEIRO, G. F. GROSSMAN, Michael. On the Concept ca permitiu mostrar que ao longo & H ENLEY, A. Human capital and of Health Capital and the Demand de toda a distribuição condicional earnings inequality in Brazil 1988- de rendimento a presença de doen- 1998: quantile regression evidence. ça renal crônica afeta negativamen- World Bank Research Working Paper te os rendimentos, indicando desta 3147, p.1-20, 2003. forma que medidas que visem a BARNEY. L. & REYNOLDS, L. An Econo- prevenção da DRC podem contribuir mic Analysis of Transplant Organs. para a redução de desigualdade de Atlantic Economic Journal; Sep HECKMAN, James. Sample selection bias rendimento e possibilitar a existên- 1989; 17, 3, 1989. as a specification error. Econometri- negativo sobre os rendimentos. Os resultados de MQO mostraram que este impacto é mais importante nas faixas de rendimento mais baixas, ou seja, os efeitos são mais fortes sobre os mais pobres. cia de uma população mais saudável e com maior participação no mercado de trabalho. for Health. Journal of Political Economy 80:223 – 255, 1972. . 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