Avaliação da Utilização da Mistura Solo-Coloide como Substituta de Resíduos Sólidos Urbanos em Ensaios Edométricos de Pequenas Dimensões Leticia Maria Nocko Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brasil, [email protected] Eduardo Dell’Avanzi Egel Engenharia/ Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brasil, [email protected] RESUMO: A estimativa acurada do desempenho de um aterro sanitário, objetivando melhorar o aproveitamento do espaço de instalação com garantia da segurança estrutural do aterro durante e após seu período de operação, passa, obrigatoriamente, pelo desenvolvimento de modelos matemáticos que descrevam o comportamento mecânico dos resíduos sólidos urbanos (RSU). Esses modelos visam diagnosticar o potencial de instabilidade da pilha de resíduos considerando o comportamento mecânico desse material. No entanto, um dos maiores desafios no desenvolvimento desses modelos é estabelecer metodologias padronizadas para obtenção dos parâmetros utilizados, visto que os RSU apresentam composição e, consequentemente, comportamento mecânico diferentes de acordo com o local onde são gerados. Além disso, a realização de ensaios de laboratório com RSU é muito trabalhosa, devido à falta de homogeneidade e representatividade de amostras de pequenas dimensões. Visando contornar esse problema, foi desenvolvida uma mistura de solo e coloide gelatinoso que, ao ser submetida a ensaios triaxiais, simulou de forma satisfatória o comportamento de RSU quando submetidos a ensaios similares. O objetivo deste trabalho é analisar o comportamento dessa mistura solo-coloide e avaliar sua capacidade de simular RSU quando submetida a ensaios edométricos. As amostras de solo-coloide utilizadas nos ensaios foram preparadas de forma ligeiramente diferente da forma proposta na literatura, para que fosse possível montar corpos de prova com diversas porcentagens de coloide e, assim, simular resíduos com diferentes teores de matéria orgânica. Foram realizados ensaios edométricos em corpos de prova com 26, 38, 43, 47 e 74% de coloide em massa, além de corpos de prova compostos somente por areia (0% de coloide) e somente por coloide (100% de coloide). Os ensaios foram realizados em ambiente com temperatura controlada e cada carregamento teve duração de uma hora, de forma que todo o ensaio fosse feito em um dia, evitando variações no estado de consistência do coloide. Os resultados forneceram valores de índice de compressão semelhantes aos valores observados na literatura para RSU. As curvas tensão-deformação apresentaram um comportamento diretamente relacionado com a porcentagem de coloide contida no corpo de prova, revelando que quanto maior o teor de coloide, maior é a deformação sofrida pelo corpo de prova e mais próximas as curvas ficam umas das outras. Além disso, a resposta dos corpos de prova de solo-coloide durante os ensaios foi semelhante à apresentada por corpos de prova formados por RSU, confirmando a possibilidade de utilização do solo-coloide como substituto dos RSU na realização de ensaios de laboratório de pequenas dimensões. PALAVRAS-CHAVE: Solo-coloide, Ensaio edométrico, Resíduos Sólidos Urbanos 1 INTRODUÇÃO Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2010), o Brasil gera diariamente mais de 250 mil toneladas de resíduos sólidos, das quais mais de 60% são destinadas a aterros sanitários. A grande quantidade de resíduos gerada, quando aliada à escassez de áreas ambientalmente adequadas para a instalação de aterros sanitários, faz com que os aterros recebam cada vez mais resíduos e atinjam alturas maiores. Essa intensificação do uso dos aterros sanitários torna o estudo das propriedades físicas e mecânicas dos resíduos sólidos urbanos (RSU) ainda mais importante, uma vez que o conhecimento dessas propriedades permite obter um melhor funcionamento do aterro, com melhor aproveitamento do espaço em que será instalado e garantia de segurança durante e após o período de operação. Visando prever áreas de instabilidade geotécnica e evitar o deslizamento das pilhas de resíduos, diversos modelos matemáticos têm sido propostos para descrever o comportamento dos RSU. Alguns tentam descrever os processos que ocorrem no interior da pilha de RSU, como atividade bacteriana, biodegradação e geração de gases e líquidos, a fim de identificar áreas de maior geração de poropressão e possibilitar um melhor dimensionamento dos sistemas de coleta de efluentes. Outros visam descrever o comportamento mecânico da pilha de resíduos como um todo, analisando os parâmetros de compressibilidade e resistência dos RSU, a fim de evitar a ruptura da pilha. No entanto, uma das maiores dificuldades no desenvolvimento e na calibração desses modelos é a definição de metodologias padronizadas para obtenção dos parâmetros utilizados, uma vez que a composição dos RSU e, consequentemente, seu comportamento variam dependendo do local em que são gerados. Além disso, a realização de ensaios de laboratório com RSU é trabalhosa devido à heterogeneidade do material, que pode apresentar componentes com diferentes propriedades e dimensões, e à dificuldade em se obter amostras de pequenas dimensões que sejam representativas. As propriedades dos RSU utilizadas atualmente são mais comumente obtidas a partir de retroanálises do material rompido (RIBEIRO ET AL, 2013; EID ET AL, 2000), de ensaios de laboratório realizados com RSU triturados, a fim de possibilitar a montagem de corpos de prova menores e mais homogêneos (REDDY ET AL, 2008; REDDY ET AL, 2009; STOLTZ ET AL, 2012), ou de ensaios de grandes dimensões, que permitem a utilização de amostras mais representativas, mas que são mais caros e lentos que os ensaios padrão (MATASOVIC E KAVASANJIAN, 1998; ZEKKOS ET AL, 2007; CARVALHO, 1999). Devido a essa variedade de metodologias no preparo de amostras e à variedade na composição dos RSU, os valores obtidos para os parâmetros de resistência e compressibilidade desse material variam consideravelmente. Carvalho (1999), realizando ensaios triaxiais com amostras reconstituídas de RSU com 55% de fração pastosa, encontrou valores de intercepto coesivo entre 42 e 60 kPa e de ângulo de atrito interno entre 21 e 27°. Ribeiro et al (2013), através de retroanálises de superfícies de ruptura de RSU em modelos reduzidos, sugeriram valores de intercepto coesivo entre 10 e 20 kPa e de ângulo de atrito entre 28 e 32° para os resíduos dos aterros brasileiros com aproximadamente 65% de matéria orgânica. Gabr e Valero (1995), através de ensaios de cisalhamento direto com componentes dos RSU menores que 6,3 mm e sem fração orgânica, obtiveram valores de intercepto coesivo entre 0 e 27,5 kPa e valores de ângulo de atrito interno entre 20,5 e 39°. Reddy et al (2009), realizando ensaios de cisalhamento direto com amostras de RSU frescos e triturados, com 60% de matéria orgânica, encontraram valores de intercepto coesivo entre 31 e 64 kPa e de ângulo de atrito interno entre 26 e 30°. Quanto aos parâmetros de compressibilidade, Carvalho (1999) encontrou índices de compressão primária entre 0,56 e 0,92 e Gabr e Valero (1995) obtiveram valores entre 0,4 e 0,9. Chen et al (2009), ensaiando resíduos com diferentes idades e com teor de matéria orgânica variando entre 20 e 60%, encontraram valores entre 0,2 e 1,4. E Nascimento (2007) obteve valores entre 1,46 e 1,59 para resíduo novo, com aproximadamente 40% de fração pastosa, ensaiado em prensa de adensamento de grandes dimensões. Na literatura, frequentemente é feita uma diferenciação entre fração orgânica e fração pastosa. A fração orgânica é composta por materiais de origem orgânica e com potencial de biodegradação. Já a fração pastosa é, de modo geral, formada por restos alimentares, podas de jardim, eventuais quantidades de solo de cobertura, materiais em diferentes estágios de decomposição e outros de difícil identificação (NASCIMENTO, 2007; MACHADO ET AL, 2005; CARVALHO, 1999). A inclusão do termo “fração pastosa” na descrição dos RSU torna-se necessária principalmente na análise de resíduos mais antigos, normalmente retirados de perfurações no aterro. Isso porque quanto mais antigo for o resíduo, mais difícil torna-se a diferenciação macroscópica entre a matéria orgânica em decomposição e o solo de cobertura e outros materiais incluídos nesse termo. Buscando entender o comportamento mecânico dos RSU e propor uma metodologia padronizada para calibração dos parâmetros de modelos matemáticos propostos para descrever esse comportamento, Otsuka et al (2010) desenvolveram um material composto por areia e coloide gelatinoso. Esse material permitiu a simulação de ensaios triaxiais feitos com RSU (OTSUKA ET AL, 2010; SALES, 2010), com a vantagem de ter um custo reduzido, apresentar uma metodologia mais simples de montagem dos corpos de prova e permitir que os ensaios fossem feitos com amostras menores, mas igualmente representativas. O objetivo deste trabalho é analisar o comportamento dessa mistura solo-coloide e avaliar sua capacidade de simular RSU quando submetida a ensaios edométricos. O ensaio edométrico é interessante por possibilitar a caracterização do comportamento de RSU utilizando amostras de grandes dimensões com uma execução mais simples e barata que a de outros ensaios, como, por exemplo, o ensaio de compressão triaxial. 2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Características dos materiais Anteriormente à moldagem dos corpos de prova de solo-coloide foi feita a caracterização tanto do solo quanto do coloide utilizados, a fim de verificar as propriedades dos materiais empregados nos ensaios. O solo utilizado foi uma areia quartzosa, escolhida por ser um material similar ao empregado por Otsuka et al (2010) e Sales (2010) na realização de ensaios triaxiais com solo-coloide. A Tabela 1 apresenta os parâmetros obtidos na caracterização do solo. Tabela 1. Parâmetros de caracterização do solo Densidade dos grãos 2,66 Coeficiente de permeabilidade 5,5 x 10-5 m/s Intercepto coesivo 8,6 kPa Ângulo de atrito 32,8° O material utilizado para elaboração do coloide foi colágeno de origem animal, comercialmente designado como gelatina, sem açúcar, cor ou sabor. Diferentemente de Otsuka et al (2010) e Sales (2010), optou-se por utilizar colágeno sem adição de açúcar para evitar a variação na resistência da mistura solo-coloide devido à cristalização do açúcar. O material foi preparado como sugerido na embalagem do produto, rendendo 0,5l de coloide para cada 12g de colágeno em pó (um envelope). As massas específicas obtidas para a mistura foram de 1,00 g/cm³ a 37°C (no estado líquido) e 1,05 g/cm³ a 3°C (coloide). 2.2 Montagem dos corpos de prova A metodologia de montagem dos corpos de prova empregada neste trabalho foi ligeiramente diferente da utilizada por Otsuka (2010) e Sales (2010), a fim de se obter corpos de prova com teores de coloide variando entre 0 e 100% em massa. Visto que diferentes RSU podem apresentar diferentes idades e características e, consequentemente, diferentes porcentagens de matéria orgânica, e sabendo que o teor de matéria orgânica influencia consideravelmente a deformabilidade do resíduo (ZEKKOS ET AL, 2010), essa maior abrangência de teores de coloide permitiu simular ensaios com os mais diversos tipos de RSU. Isso porque na mistura solo-coloide o solo simula o comportamento da matéria sólida e mais resistente presente nos RSU e o coloide simula o comportamento da matéria orgânica, ou do material pastoso. Primeiramente, o coloide era preparado e levado à geladeira até atingir um estado intermediário entre o estado líquido e o coloidal. Nesse ponto, era possível acrescentar a areia sem que o solo decantasse, permitindo produzir amostras de solo-coloide com diversas porcentagens de coloide. Assim, quando o coloide atingia esse estado intermediário era adicionada uma quantidade de areia prédeterminada para proporcionar o teor de coloide desejado. O solo e o coloide eram misturados até a máxima homogeneidade e o conjunto era levado à geladeira por mais 12 horas, para que toda a mistura atingisse um estado coloidal. Quando a mistura atingia o estado esperado, o anel de adensamento era cravado na amostra e suas superfícies eram niveladas, produzindo corpos de prova do tamanho exato (76,37 mm de diâmetro e 20 mm de altura) (Figura 1). Figura 1. Corpo de prova constituído por solo-coloide com 43% em massa de coloide. Para verificação do teor de coloide de cada corpo de prova foi desenvolvida a Equação (1), que fornece a massa de coloide no corpo de prova (Mg1) em função das massas específicas do coloide (ρg), dos grãos do solo (ρs) e da mistura solo-coloide em questão (ρsc), e da massa de coloide que ocupa o volume total do anel de adensamento (Mg2). (1) Os valores de Mg2, ρg e ρs foram obtidos na caracterização dos materiais e o valor de ρsc era obtido para cada corpo de prova a partir da relação entre sua massa e o volume interno do anel de adensamento. A dedução dessa equação pode ser encontrada em Nocko (2013). O teor de coloide foi definido como a porcentagem em massa de coloide contida no corpo de prova. Isso porque, ao trabalhar com RSU, a caracterização do resíduo a partir das porcentagens em massa dos componentes é mais rápida e precisa que a partir das porcentagens em volume. Foram montados corpos de prova com 26%, 38%, 43%, 47% e 74% de coloide, além de corpos de prova compostos somente por areia (0% de coloide) e somente por coloide (100% de coloide). 2.3 Ensaios edométricos Os ensaios edométricos foram realizados com carregamentos a cada 1 hora. O tempo de duração dos carregamentos foi escolhido para que todo o ensaio pudesse ser realizado em um único dia, de forma a evitar variações no estado físico do coloide, e consequentemente na sua resistência, por ficar muito tempo fora da refrigeração. De modo a minimizar a mudança na consistência do coloide, todos os ensaios foram realizados em laboratório com temperatura controlada, mantida entre 15 e 20°C. Os corpos de prova com maiores teores de coloide foram submetidos a carregamentos iniciais menores, uma vez que, devido ao grande volume de coloide, apresentavam menor resistência. Para teores de coloide maiores que 40%, a aplicação de grandes carregamentos iniciais provocou a ruptura do corpo de prova com vazamento de grandes quantidades de material, descaracterizando o ensaio. Para altos teores de coloide (74% e 100%), devido aos menores incrementos de carregamento, o número de carregamentos foi maior, não havendo tempo, no período de um dia, para a realização dos estágios de descarregamento e recarregamento. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A Figura 2 apresenta as curvas índice de vazios x tensão (escala log) obtidas para cada ensaio realizado. Comparando as curvas é possível confirmar que, devido à amostra ser composta somente por coloide e solo, quanto maior o teor de coloide do corpo de prova, maior o seu índice de vazios inicial. 6.0 Índice de vazios 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 0.1 1.0 10.0 Tensão (kPa) Areia seca - 0% de coloide 38% de coloide 47% de coloide 100.0 1000.0 26% de coloide 43% de coloide 74% de coloide Figura 2. Curvas índices de vazios x tensão obtidas para diversos teores de coloide. Também foi possível perceber a influência do teor de coloide na deformabilidade do corpo de prova, ao observar que os corpos de prova com maior teor de coloide apresentaram maior redução nos seus índices de vazios ao longo do ensaio. De acordo com Zekkos et al (2010), essa maior deformabilidade também foi observada em RSU com maior teor de matéria orgânica, quando comparados com material com menor teor de matéria orgânica. A curva índice de vazios x tensão do corpo de prova com 100% de coloide não foi gerada, visto que sem sólidos na amostra não há sentido em calcular seu índice de vazios. Observou-se que o índice de vazios da amostra com 26% de coloide foi menor que o da amostra de areia seca. A razão mais provável para essa diferença é que a amostra de areia seca foi preparada com uma configuração fofa, característica não controlada no preparo da mistura do solo com o coloide. Outro fator que pode ter influenciado é o fato do coloide, assim como a água, se contrair com redução da temperatura até 4°C. Isso reduz o volume de coloide, induzindo uma aproximação das partículas sólidas e consequente diminuição do volume de vazios da amostra. A Tabela 2 apresenta os valores dos índices de compressão primária (Cc) e expansão (Cs) obtidos para os corpos de prova ensaiados, bem como os valores de índice de vazios inicial apresentados pelos corpos de prova. Os valores de índice de compressão primária obtidos, entre 0,055 e 0,999, encontram-se dentro da faixa de valores obtidos em ensaios realizados com RSU. Assim como observado na literatura, esses valores apresentam uma tendência de crescimento com o aumento do teor de coloide. Os valores mais baixos, obtidos para corpos de prova com 0 e 26% de coloide, são menores que os valores mais comumente encontrados na literatura. Isso ocorre porque os resíduos ensaiados geralmente são frescos ou com alto teor de matéria orgânica, resultando em maior compressibilidade das amostras. As amostras com 0 e 26% de coloide simulam RSU sem sem matéria orgânica, ou com uma porcentagem mais baixa desse componente (26%). Por não ter sido submetido a um estágio de descarregamento, o corpo de prova com 74% de coloide não teve seu índice de expansão calculado. O corpo de prova composto por 100% de coloide não teve seus parâmetros calculados por não apresentar partículas sólidas na sua composição, o que impediu o cálculo do seu índice de vazios. Tabela 2. Valores de índices de compressão e expansão e índice de vazios obtidos para os corpos de prova ensaiados. Índice de Índice de Índice de compressão vazios expansão Amostra primária inicial (Cs) (Cc) (e0) 0% de coloide 0,055 0,006 0,917 26% de coloide 0,150 0,019 0,791 38% de coloide 0,510 0,046 1,304 43% de coloide 0,724 0,052 1,562 47% de coloide 0,656 0,221 1,657 74% de coloide 0,999 5,716 100% de coloide - Na Figura 3 são apresentadas as curvas tensão x deformação obtidas nos ensaios. A análise do gráfico mostra que o comportamento das curvas depende diretamente da porcentagem de coloide contida no corpo de prova e que quanto maior é esse teor de coloide, maior é a deformação sofrida pelo corpo de prova e mais próximas as curvas ficam uma da outra. Esse comportamento, obtido em ensaios edométricos com solocoloide, é semelhante aquele obtido em ensaios realizados com RSU (BABU ET AL, 2010; REDDY ET AL, 2011). 180 160 140 Tensão (kPa) 120 100 80 60 40 20 0 0.00 0.05 Areia seca 47% coloide 0.10 0.15 0.20 Deformação 26% coloide 74% coloide 0.25 38% coloide 100% coloide 0.30 0.35 43% coloide Figura 3. Curvas tensão x deformação obtidas para diversos teores de coloide. 4 CONCLUSÕES Foram realizados ensaios edométricos com solo-coloide visando avaliar a capacidade desse material de simular o comportamento de RSU quando submetidos aos mesmos ensaios. Os valores de índice de compressão primária obtidos encontram-se dentro da faixa de valores observados na literatura para RSU. Além disso, as curvas índice de vazios x tensão e tensão x deformação mostram que a deformabilidade é maior em corpos de prova com maior teor de coloide, o que condiz com o comportamento observado na literatura para RSU com maior teor de matéria orgânica. Esses resultados confirmam a possibilidade de utilização da mistura solo-coloide como substituta dos RSU em ensaios de laboratório de pequenas dimensões, a fim de se verificar o comportamento dos materiais quanto à sua deformabilidade. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a CAPES pela concessão de bolsa de mestrado ao primeiro autor e ao CNPq pelo apoio ao segundo. REFERÊNCIAS Babu, G. L. S., Reddy, K. R., Chouksey, S. K. (2010). Constitutive model for municipal solid waste incorporating mechanical creep and biodegradationinduced compression, Waste Management, v. 30, p. 11-22. Carvalho, M. F. (1999). Comportamento mecânico de resíduos sólidos urbanos, Tese de doutorado, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 300 p. Chen, Y. M., Zhan, T. L. T., Wei, H. Y., Ke, H. (2009). Aging and compressibility of municipal solid waste, Waste Management, v. 29, n. 1, p.86-95. Eid, H. T., Stark, T. D., Evans, W. D., Sherry, P. E. (2000). 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