XI ENCONTRO NACIONAL DA ECOECO Araraquara-SP - Brasil O PAPEL DOS MUNICÍPIOS AMAZÔNICOS NA CONSTRUÇÃO DE UM NOVO MODELO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL Erika de Paula Pedro Pinto (Universidade de Brasília) - [email protected] Bacharel em Ecologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e mestranda do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília. No Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) atua como pesquisadora Maria Lucimar Souza (IPAM) - [email protected] Atual pesquisadora e coordenadora do escritório regional do IPAM em Altamira. Tem bacharelado em Psicologia pela Universidade Federal do Pará e mestrado em Estudos Latino-americanos e Conservação Tropical e Desenvolvimento pela Universidade da Flórida Osvaldo Stella (IPAM) - [email protected] Engenheiro mecânico com mestrado em Energia pela USP e doutorado em Ecologia e Recursos Naturais pela UFSCar. Atualmente, atua como Diretor de Programa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) Paulo Roberto de Souza Moutinho (IPAM) - [email protected] Biólogo pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, mestre e doutor em ecologia pela Universidade Estadual de Campinas (SP). Atualmente, atua como diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia Denise Reis do Nascimento (IPAM) - [email protected] Engenheira agronôma formada pela Universidade Federal do Pará. Atualmente é coordenadora técnica da equipe regional do IPAM em Altamira. Isabel de Castro Silva (IPAM) - [email protected] Engenheira florestal e mestre em Ciências Florestais pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia O PAPEL DOS MUNICÍPIOS AMAZÔNICOS NA CONSTRUÇÃO DE UM NOVO MODELO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL Erika de Paula Pedro Pinto Maria Lucimar de Lima Souza Osvaldo Stella Martins Paulo Roberto de Souza Moutinho Denise Reis do Nascimento Isabel de Castro Silva Resumo O processo de descentralização da gestão ambiental alia a perspectiva de viabilizar um novo modelo de desenvolvimento capaz de conciliar a melhoria da qualidade de vida da população com a conservação do meio ambiente e estratégias inovadoras de crescimento econômico. Segundo Díaz e Muñiz (2008), atualmente o conceito de descentralização contempla novas formas de cooperação, maior participação social, entre outros aspectos que lhe atribuem uma conotação mais ampla. Para isso, precisa ser desenvolvido um amplo processo de fortalecimento das capacidades dos gestores locais e criação de espaços participativos que permitam soluções coletivas capazes de reduzir o custo das ações e maximizar seus benefícios. Assim, o presente estudo apresenta o Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Sustentável da Transamazônica e Xingu (CIDS) como uma experiência em curso na região oeste do estado do Pará, que foi criado para fortalecer governos locais de forma a atuarem efetivamente na agenda socioambiental da região. Palavras-chave: descentralização, gestão socioambiental, consórcio intermunicipal, municípios amazônicos, desenvolvimento sustentável. Introdução Na década de 90, o processo de descentralização política e participação da população passaram a ganhar mais espaço (Azevedo et. al., 2007). Por outro lado, a falta de capacidade de governos locais e a carência de recursos tem sido apontados como entraves para o sucesso das experiências de descentralização, em menor ou maior grau, dependendo do contexto onde estão inseridas ou na forma como estão sendo implementadas (Robinson, 2007). No Brasil, a importância do papel dos municípios tem sido reconhecida desde a Constituição de 1934, a qual ampliou a autonomia municipal e suas fontes de receita (Mello, 2013). Na Constituição de 1988, “o município tornou-se membro federado com poderes para gerir o próprio território e interesses” (Tozi, 2007). Como colocado por Ribot (2007), o reconhecimento do papel dos governos locais descentralizados é fundamental para seu próprio fortalecimento e para que estes possam servir aos interesses locais. Especificamente no processo de descentralização da gestão ambiental no Brasil, Azevedo et. al. (2007) citam como principais entraves a falta de recursos administrativos e financeiros para a execução efetiva das políticas pelos municípios e o baixo controle social. Os autores ressaltam ainda que a descentralização é distante principalmente daqueles municípios brasileiros aonde a questão ambiental é vista por muitos políticos locais como uma ameaça ao desenvolvimento econômico da região. O enfrentamento das questões socioambientais pelos municípios amazônicos: a experiência da região oeste do Pará A região da Transamazônica (BR230) – oeste do estado do Pará - é uma área rica em recursos naturais. Porém, tem sofrido uma perda maciça destes recursos principalmente desde a década de 70, quando o governo federal promoveu a estratégia de integração da Amazônia ao resto do país (IPAM, 2011). Esse modelo de ocupação estabelecido na região não tem garantido melhoria na qualidade de vida da população. Em 2007, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e algumas das secretarias municipais de meio ambiente e agricultura da região iniciaram a construção conjunta de estratégias para fortalecer a atuação dos gestores locais na agenda socioambiental. Este processo culminou na formação do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Transamazônica e Xingu (CIDS), contemplando os municípios de Altamira, Anapu, Brasil Novo e Senador José Porfírio. Estes municípios ocupam uma área total de 19,2 milhões de hectares, quase a mesma extensão territorial do estado do Paraná. Até 2014, eles já haviam perdido 1,4 milhões de hectares de sua cobertura vegetal original. Apesar disso, os estoques florestais remanescentes giram em torno de 17,2 milhões de hectares. Atualmente, mais cinco municípios da região estão em processo de inserção no CIDS. Conclusões Promover um modelo de desenvolvimento que concilie melhoria nas condições socioeconômicas de uma região e conservação ambiental demanda o envolvimento dos principais atores dentro de uma estratégia integrada. É fundamental que os municípios sejam capacitados e fortalecidos para desempenharem um papel chave na gestão ambiental dos seus territórios. Esforços conjuntos podem ser capazes de reduzirem custos, maximizar os resultados das ações, gerar soluções coletivas e integradas para problemas ambientais que se estabelecem no nível de paisagem. Porém, os desafios são muitos e os avanços não são alcançados na velocidade necessária. De qualquer forma, é importante reconhecer que a estratégia de fortalecimento da descentralização da gestão ambiental na região da Transamazônica por meio da criação de um consórcio intermunicipal (CIDS) tem sido capaz de colocar na pauta de discussão dos gestores locais um tema que antes estava entre os últimos na lista de prioridades para o desenvolvimento dos municípios. Referências bibliográficas AZEVEDO, A., PASQUIS, R., & BURSZTYN, M. 2007. A reforma do Estado, a emergência da descentralização e as políticas ambientais. Revista do Serviço Público Brasília 58 (1): 37-55 Jan/Mar 2007. DÍAZ, L. M. & MUÑIZ, P. D. 2008. Municipios, Desarrollo Local Y Descentralización En El Siglo XXI. Ra Ximhai Vol. 4. Número 3, septiembre – diciembre 2008, pp. 581-605. IPAM – INSTITUTO DE PESQUISA AMBIENTAL DA AMAZÔNIA. 2011. A região da Transamazônica rumo à economia de baixo carbono: estratégias integradas para o desenvolvimento sustentável. Pinto, E. (org.). Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. MELLO, D. L. D. 2013. Associativismo como instrumento de desenvolvimento dos governos locais: a experiência brasileira e de outros países. Revista de Administração Pública, 31(6), 55-a. RIBOT, J. 2007. Representation, Citizenship and the Public Domain in Democratic Decentralization. Development (43-49). ROBINSON, M. 2007. Does Decentralisation Improve Equity and Efficiency in Public Service Delivery Provision? IDS Bulletin,Volume 38, Issue 1, pages 7–17. TOZI, S. C.. 2007. Municipalização da gestão ambiental: situação atual dos municípios do Estado do Pará. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Pará, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Belém, 2007.