REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE ENSINO DE HISTÓRIA PARA PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL I Arthur Vianna Ferreira 1 – UERJ Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Esta pesquisa, oriunda do PIBICT sobre ensino de História da Universidade Castelo Branco no Rio de Janeiro, teve como objetivo investigar as representações de ensino de História de professores de uma escola municipal. Para tanto buscou-se identificar os processos de formação docente inicial dos professores responsáveis pelas turmas dos dois primeiros anos do ensino fundamental I, averiguar os saberes, as práticas e os discursos educativos dos professores em sala de aula relacionados à História e analisar as possíveis representações sociais a partir da organização do trabalho pedagógico em conjunto. O referencial teórico utilizado foi da Teoria das Representações Sociais em uma abordagem societal. Estudos sobre a didática da disciplina abordam fatores importantes que influenciam no ensino desta disciplina, tais como as deficiências da formação, depreciação da prática educativa, excesso de teoria, dicotomia entre pesquisa e ensino, dificuldade de adaptar os conteúdos exigidos pelos documentos oficiais. Observam-se, também as queixas dos professores a respeito da desvalorização financeira e social da profissão e a crescente apatia dos discentes como contribuintes para um rendimento negativo em relação aos conteúdos desta disciplina. Pesquisas recentes evidenciam as inúmeras dificuldades em lecionar esta disciplina no mundo pós-moderno de cunho imediatista, de constantes transformações tecnológicas, políticas, econômicas e sociais e indicam a importância de problematizar e acrescentar as mídias eletrônicas, supervalorizadas entre os jovens na atualidade devido à velocidade das informações, como recursos didáticos para dinamizar as aulas. A partir desta realidade vivida pelos licenciados foi realizada pesquisa entre 2013 e 2104 sobre as representações de ensino de História de professores de um Centro Integrado de Educação Pública (CIEP) localizado na zona oeste do Rio de Janeiro, região de precárias condições socioeconômicas, possuindo alto índice de desemprego e subemprego, além de escassa assistência pública. A escolha deste CIEP foi devido à organização do trabalho pedagógico feito a partir do Projeto Político Pedagógico denominado AFRA (Amor, Fraternidade, Respeito e Amizade) que busca, a partir destes valores, nortear ações interdisciplinares no ambiente escolar, e à constituição de práticas e saberes ancorados na relação entre os conteúdos da disciplina e os das comunidades empobrecidas. Foram realizadas entrevistas semidirigidas com todos os professores das três 1 Doutor em Educação: Psicologia da Educação pela PUC-SP. Professor adjunto do Departamento de Educação da Faculdade de Formação de Professores da UERJ. Email: [email protected] ISSN 2176-1396 30546 primeiras séries do ensino fundamental I para o recolhimento de seus discursos sobre sua formação inicial e continuada, saberes e práticas de sua realidade docente. Foram realizadas observações de aulas de história durante períodos bimestrais. A análise dos dados deu-se a partir da análise retórica do discurso e dos campos/modelos figurativos das representações. Os resultados mostraram que os saberes e as práticas destes professores estão ancorados na metáfora ‘contar história’, ou seja, ensinar a disciplina História para crianças é similar a narrar os contos de literatura infantil. Os professores empreendem práticas docentes e mobilização de saberes profissionais que tratam esta disciplina com certa ‘inferioridade’ em relação às disciplinas como Matemática e Língua Portuguesa. Isto se configura em uma dissociação de noção da categoria figurativa ‘conteúdos fundamentais’ apresentadas ao longo do discurso dos professores, ou seja, existem disciplinas que são mais fundamentais do que outras. E neste caso específico do grupo, estas disciplinas são as de ciências humanas – história e geografia – e ciências naturais. As consequências da vivência do núcleo figurativo desta representação social, partilhada por este grupo de professores, dificultam a efetiva prática do projeto de interdisciplinaridade proposta pela escola. De fato, a categoria figurativa ‘empobrecidos’ auxilia o núcleo destas representações sociais a construírem nos professores o sentimento de que estão corretos ao organizarem suas práticas dando uma importância maior as disciplinas de português e matemática em relação as demais por causa da necessidade sociais e econômicas deste grupo. Ou seja, estas representações incentivam uma ‘potencialidade disciplinar’ de algumas disciplinas em relação às outras que são consideradas, pelos professores estudados, como mais importantes para a formação dos indivíduos na sociedade de consumo, porém esvaziada do seu caráter político. Os possíveis resultados da presença desta representação sobre ensino de história entre estes professores é uma dificuldade na conexão entre o que é aprendido na escola com a realidade do aluno. Ou seja, quando elementos fundamentais para o ensino de história como a história de seu grupo social, as memórias fundantes de sua realidade e a possibilidade de novas leituras de existência de mundo não são trabalhadas nas três primeiras séries iniciais do ensino fundamental, este perde a possibilidade de articular os conteúdos que são aprendidos na escola com a realidade do seu cotidiano. Além disto, a não valorização dos elementos metodológicos de história e geografia nas séries iniciais não prepara o aluno para a linguagem e didática específica das mesmas no ensino fundamental II, podendo ocasionar uma falta de interesse discente por estas disciplinas como também um maior índice de baixo aproveitamento dos alunos em relação a estas disciplinas. Afinal, os alunos aprenderam, a partir das representações sociais destes professores e nas práticas docentes destes profissionais, que algumas disciplinas, como história, são “menos fundamentais” que outras na formação básica do sujeito na sociedade. Palavras-chave: Representações sociais. Professores. Ensino Fundamental.