OS SABERES DOCENTES SOBRE A GESTÃO ESCOLAR NO ENSINO
FUNDAMENTAL
BUSS*, Rosinete Bloemer Pickler – FURB
[email protected]
SILVA**, Neide de Melo Aguiar – FURB
[email protected]
Resumo
Este estudo está sendo desenvolvido na Linha de Pesquisa Educação, Estado e Sociedade, do
Grupo de Pesquisa em Educação (EduPesquisa), no Programa de Pós-Graduação em
Educação – Mestrado em Educação - da Universidade Regional de Blumenau - FURB e
busca, fundamentalmente, discutir concepções de Gestão Escolar. A discussão se dá pelo viés
das representações sociais, com vistas a identificar e compreender, através dos saberes de um
grupo de docentes, a representação social de Gestão Escolar. A Gestão Escolar apresenta-se
como um conjunto de estratégias que visam enfrentar os desafios oriundos da administração
da escola, buscando gerir significativamente a estrutura pedagógica, administrativa e de
recursos humanos no âmbito da educação escolar. Tem como sujeitos de pesquisa trinta e oito
docentes que atuam no Ensino Fundamental das redes estadual e municipal de ensino do
município de Pomerode–SC. O referencial teórico metodológico centra-se em Ladislau
DOWBOR, Beno SANDER, José Carlos LIBÂNEO, na discussão referente à Gestão Escolar,
Serge MOSCOVICI, Sandra JOVCHELOVITCH no que diz respeito às representações
sociais e Maurice TARDIF, sobre os saberes docentes. Realizou-se, inicialmente, para
validação do tema, uma entrevista semi-estruturada como instrumento de coleta. Neste estudo
prévio, os olhares docentes apontam para uma Gestão Escolar compartilhada, democrática e
com maior distribuição de responsabilidades. Da mesma forma, enfatizam o distanciamento
entre o real e o imaginário desejável, ponderando as dificuldades nas práticas de Gestão
Escolar vivenciadas em seus ambientes de trabalho. Mediante fragilidades no processo de
realização das entrevistas e dificuldades visualizadas na análise dos dados, surgiu a
necessidade de utilizar um questionário como instrumento de coleta, para auxiliar na
qualificação e veracidade da pesquisa. No estágio atual o estudo acentua, através da análise, a
busca de determinantes dos saberes sociais sobre Gestão Escolar, e elementos elucidativos das
práticas em Gestão Escolar.
Palavras-chave: Gestão Escolar 1; Saberes docentes 2; Representações sociais 3.
Refletindo sobre a problemática da gestão escolar sob o olhar docente, este estudo
busca desvelar representações sociais que possam refletir as formas de conhecimento dos
docentes em seus saberes e fazeres no que tange á gestão de unidades escolares.
*
Professora do Ensino Fundamental Séries Iniciais, pesquisadora do grupo EduPesquisa e Mestranda do
Programa de Pós-Graduação em Educação pela Universidade Regional de Blumenau - FURB/SC
**
Docente e pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Regional de
Blumenau. Doutora em Educação Matemática pela UNESP-Rio Claro/SP. Coordenadora do Grupo de Pesquisa
EduPesquisa: Educação, Estado e Sociedade
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A pesquisa tem como objetivo identificar e compreender através das representações
sociais os saberes e fazeres docente, quanto à gestão escolar.
A Gestão Escolar apresenta-se como um conjunto de estratégias que visa enfrentar os
desafios oriundos da administração da escola, buscando gerir significativamente a gestão
pedagógica, gestão administrativa e a gestão de recursos humanos no âmbito da educação
escolar.
Este é um estudo, desenvolvido como dissertação de mestrado no Programa de Pósgraduação em Educação – Mestrado em Educação da Universidade Regional de Blumenau
(FURB), na linha Educação, Estado e Sociedade, junto ao EduPesquisa, Grupo de Pesquisa
em Educação. A referida linha de pesquisa centra-se nos aspectos sociais, históricos, políticos e
culturais como constituintes fundamentais da educação, das instituições educativas e suas práticas.
Assim, esta pesquisa se desencadeia a partir de temáticas relativas aos saberes docentes
sobre o processo de gestão escolar.
A fundamentação teórica se desenvolve, para melhor compreender o objeto de
pesquisa que é o sentido da gestão escolar sob o olhar docente. Deste modo, o texto aborda a
escola e sua função; o objeto de estudo a gestão escolar e a gestão escolar sob o olhar
democrático e autônomo.
Quanto ao objeto de estudo “gestão escolar”, volta-se a responsabilidade de todos os
agentes de uma escola. No que se refere à gestão escolar sob o olhar democrático e autônomo,
buscam-se alternativas de ação do saber descentralizar através da efetiva participação de
todos.
A metodologia deste estudo busca as representações sociais, pois, as representações
possibilitam visualizar a interpretação dos saberes docentes quanto ao sentido da gestão
escolar.
Os dados foram coletados através de questionários, após aplicação de uma entrevista
semi-estruturada, com o objetivo de validação do tema proposto nesta pesquisa. A entrevista
prévia analisada sob o olhar das representações sociais aponta à importância de uma gestão
escolar compartilhada e democrática.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A escola
Segundo o Dicionário Aurélio: A escola tem origem grega SCHOLÈ, obtendo
significado de ócio, lugar de “descanso de trabalho, folga”.
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Escola, como estabelecimento de ensino, é também um lugar onde não se espera
encontrar dominação; ao contrário, dela se espera o cumprimento de sua função social na
construção efetiva do indivíduo.
A constituição de 1988 define em seu artigo 205 que “a educação é um direito de
todos e dever do estado e da família”. A escola, como mediadora do processo educacional,
possui o duplo papel “de formar não somente os indivíduos, mas também uma cultura que
vem por sua vez penetrar, moldar, modificar a cultura da sociedade global”. (CHERVEL,
1990, p. 177)
Nestes termos, não se credita à escola somente a responsabilidade pela preservação
dos conhecimentos historicamente sistematizados, também uma ampla participação no
processo de educação continuada.
A educação continuada, como constituinte necessário dos princípios reguladores de
uma sociedade para além do capital, é indispensável da prática significativa da
autogestão. Ela é parte integral desta última, como representação no início da fase de
formação na vida dos indivíduos, e, por outro lado, no sentido de permitir um
efetivo feedbeck dos indivíduos educacionalmente enriquecidos, com suas
necessidades mudando corretamente e redefinidas de modo eqüitativo, para a
determinação global dos princípios orientadores e objetivos da sociedade.
MÉSZÁROS (1981, p.75)
Atribui-se à escola a responsabilidade de oportunizar um ambiente onde se divide e
multiplica o processo de construção do conhecimento, buscando transformar esse ambiente
num espaço especializado para o desenvolvimento das capacidades intelectuais dos sujeitos
que por ela passam.
A escola se desenvolve quando procura valorizar a sensibilidade,
responsabilidade, respeitabilidade, convivibialidade através dos aspectos cognitivo, afetivo e
social dos indivíduos que compõem o universo escolar.
Nessa perspectiva, conforme Ladislau Dowbor, (1998, p. 259), a escola deixará de ser
“lecionadora” para ser “gestora do conhecimento”. Segundo o autor, “pela primeira vez a
educação tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento”.
Assim, o objetivo da escola consiste em promover o pleno desenvolvimento do Ser
Humano, permitindo que ele exerça sua cidadania, bem como, promover qualificação para o
trabalho.
A escola, em sua diversidade, trabalha para que seus alunos, sua comunidade,
consigam interagir com outras pessoas respeitando a diversidade cultural da sua comunidade
escolar.
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Neste viés, uma escola única e acabada não muda o mundo, a escola muda com o
mundo, através das parcerias e trocas de experiências. Partindo deste pressuposto, os
indivíduos podem ampliar seus conhecimentos e a capacidade de auxiliar para uma educação
melhor, mais justa e igualitária.
Gestão escolar
A origem etimológica do termo gestão, segundo Cury (2002, p. 164) vem do “(verbo
latino gerere, exercer, executar), chamando a atenção para a postura dialógica subjacente ao
conceito de gestão como forma de governo da educação em seus distintos níveis e
modalidades de ensino”.
A gestão escolar apresenta-se com foco no âmbito da escola, responsável pelas ações e
tarefas que dizem respeito a ela.
Para melhor compreensão, a gestão escolar tem por finalidade superar os desafios
oriundos à administração escolar, buscando olhares significativos à gestão pedagógica, gestão
dos recursos humanos e administrativos no âmbito da educação escolar.
Assim, a gestão escolar pode ser classificada em três áreas: Gestão Pedagógica;
Gestão de Recursos Humanos e Gestão Administrativa.
Para a gestão escolar, acredita-se que a gestão Pedagógica deva ser a mais importante,
pois, institui objetivos para o ensino-aprendizagem, onde propõe metas para a concretização
das propostas pedagógicas e sua avaliação.
O responsável imediato pela articulação e sucesso da gestão pedagógica é o diretor da
escola, hoje, mais conhecido como gestor escolar.
A gestão dos recursos humanos direciona-se a gestão de pessoas, ou seja, gestão de
alunos, professores, comunidade escolar em geral.
Manter as pessoas desenvolvendo suas atividades contentes, satisfeitas não é tarefa
fácil, pois, todos têm atribuições a cumprir, deste modo o regimento interno escolar existe
para ser efetuado e cobrado pela equipe gestora de forma ética buscando não deixar lacunas
para mal entendidos e/ou interpretações ambíguas.
A gestão administrativa tem por finalidade zelar pela parte física da escola, da parte
burocrática da instituição, dos direitos e deveres de todos os agentes da unidade, bem como no
cumprimento do regimento interno escolar.
Estas três áreas apresentadas, a gestão pedagógica, gestão dos recursos humanos e a
gestão administrativa caminham juntas, integradas, com o objetivo de garantir o processo
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educativo das unidades escolares. Sendo o gestor escolar o agente responsável direto por
todas as áreas.
Mencionadas as principais incumbências da escola, ou seja, da gestão escolar, não se
pode deixar de dialogar com a gestão escolar com a autonomia desta gestão relacionadas às
peculiaridades da comunidade a qual a escola está inserida e com o processo de construção do
conhecimento, aprendizagem.
O exercício da gestão implica em lidar com pessoas, procurando mediar às
interlocuções vindas de um sistema; visa acatar olhares de todos que dela participam de forma
sistêmica, que auxilia a entender e gerenciar os processos interligados como um sistema,
interagindo, observando das partes para o todo e/ou vice-versa.
Segundo Régis Jolivet (1975, p.205) sistema significa “conjunto de elementos
interdependentes e formando um todo organizado; conjunto de idéias ou de teses solidárias
uma das outras e formando um todo lógico”.
Em toda instituição existem regras, leis, normas; não é diferente na instituição escolar.
Assim, a gestão escolar procura envolver todos que da escola fazem parte, buscando em
conjunto oportunizar uma escola voltada ao desenvolvimento pleno de sua função social.
Para Libâneo (2004, p. 101) “a gestão é a atividade pela qual são mobilizados meios e
procedimentos para se atingir os objetivos da organização, envolvimento, basicamente os
aspectos gerenciais e técnico-administrativos. Neste sentido é sinônimo de administração”.
A gestão de uma instituição escolar visa à prática educativa organizacional num
processo compartilhado. Entende-se por gestão participativa o saber compartilhar, escrever
uma história onde todos são autores do processo.
A gestão escolar volta-se a responsabilidade de todos os agentes de uma escola. Neste
contexto de gestão se faz necessário o trabalho em equipe, ou seja, de um grupo de pessoas
que trabalham juntas, dando ênfase à formação e à aprendizagem dos alunos.
Quando se escreve envolvimento ou tarefa de todos, entende-se que todos têm o seu
valor no que diz respeito à escola e à gestão. Todos os trabalhadores da instituição, incluindo
alunos e comunidade escolar, são essenciais para atingir uma organização permanente onde
todos sejam beneficiados.
Na busca da qualidade e produtividade no âmbito da gestão escolar em escolas públicas,
a gestão pode se realizar plenamente através do processo mediador. Neste foco desenvolvem
o trabalho através das características dialógicas as relações pedagógicas, assumindo ações
democráticas para atender aos anseios da comunidade escolar.
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A educação diante de uma gestão escolar democrática e autônoma concebe como
primordial o conhecimento, pois ele é uma construção social autônoma.
Neste sentido Libâneo (2004, p. 141) coloca que:
A autonomia é o fundamento da concepção democrático-participativa de gestão
escolar, razão de ser do projeto-curricular. Ela é definida como faculdade das
pessoas de autogovernar-se, de decidir sobre seu próprio destino. Autonomia de uma
instituição significa ter poder de decisão sobre seus objetivos e suas formas de
organização, manter-se relativamente independente do poder central, administrar
livremente recursos financeiros.
A gestão democrática sob o viés da autonomia não implica na ausência de Leis e no seu
cumprimento; pelo contrário através das normas e Leis a escola tem autonomia de traçar seus
objetivos, oportunizando condições de definir suas ações, pretensões, anseios da comunidade
escolar buscando conformidades com os parâmetros elaborados pelos governos de quaisquer
esferas.
Observa-se
que
o objetivo
de
uma
gestão
escolar democrática,
baseia-se
fundamentalmente pela participação efetiva da comunidade escolar. Valorizando os anseios
coletivos constituídos por alunos, pais, educadores e membros dos conselhos comunitários;
atendendo desta forma, as necessidades reais da escola.
A autonomia e a democratização são dois aspectos relevantes à gestão escolar, sendo
considerados indissociáveis ao processo emancipador das pessoas e da humanidade.
A escola no contexto da gestão escolar democrática busca ter autonomia para realizar
alternativas de ação; partindo do coletivo para alcançar a excelência que a comunidade escolar
almeja diante de sua realidade. O alcance da autonomia percorre pelo ato de descentralizar.
Libâneo (2004, p. 141) coloca que a escola é o fundamento da concepção
democrático-participativa de gestão escolar, razão de ser do projeto curricular. Ela é definida
como faculdade das pessoas de autogovernar-se, de decidir sobre seu próprio destino.
Nos meandros da gestão escolar democrática e autônoma, cabe ao gestor escolar
aproveitar o potencial de todos os agentes ativos e participativos da escola, assim soma idéias
e, discernir em conjunto o que for melhor para o bem da comunidade escolar. Neste
movimento de novas idéias, pensamentos e sugestões vale ressaltar a importância do gestor
escolar zelar pelo bom andamento e efetividade da gestão escolar democrática.
Partindo do coletivo para alcançar a excelência que a comunidade escolar almeja
diante de sua realidade, buscam-se alternativas de ação, numa gestão escolar democrática e
autônoma. Neste contexto, a autonomia se conquista através do saber descentralizar.
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A gestão democrática anseia pela participação e tomada de decisão dos sujeitos
envolvidos no processo; neste movimento busca-se gerar conhecimento. O conhecimento
surge das opiniões, idéias ou teorias que sejam justificadas (de forma empírica) acolhidas por
uma comunidade.
Fundamentos Teórico Metodológicos
Centrado na preocupação de compreender o conhecimento docente sobre gestão
escolar, este estudo toma como foco a teoria e a metodologia das Representações Sociais.
Tem como fundamentação teórica os escritos de Serge Moscovici, bem como de
outros estudiosos desta vertente de investigação. A opção se faz pertinente por entender que
as representações sociais oportunizam melhor compreensão da troca de idéias entre os
indivíduos em seus grupos sociais.
As representações sociais têm como função auxiliar na percepção das condutas e na
identidade do real, propiciando justificativas relevantes às conclusões detectadas.
Elas
oportunizam visualizar com mais veracidade a interpretação dos saberes docentes quanto à
gestão escolar.
Nesta perspectiva as representações estão presentes na área do conhecimento, no
campo das ações permeando as práticas sociais.
Os saberes sociais, segundo Jovchelovitch, (2001, p. 24):
Nas nossas sociedades dinâmicas, eles se movem, eles se deslocam, como a gente
vai e vem. E quando eles se deslocam, eles deixam contextos com relações
específicas e chegam em outros contextos com outras relações específicas e nesse
processo eles se transformam.
O saber transforma-se quando perpassa de um contexto para outro. Neste movimento,
os saberes se modifica pelos caminhos que passam, auxiliando os agentes de uma comunidade
na construção e ampliação na aquisição de novos saberes.
Para discutir aspectos específicos de gestão escolar são tomados como referencial os
autores Ladislau DOWBOR, o qual busca apresentar propostas para uma gestão
descentralizadora; Beno SANDER, que orienta sobre a consolidação da gestão democrática da
educação que é um desafio de grandes proporções, que implica uma filosofia política e uma
estratégia de ação pedagógica; José Carlos LIBÂNEO, onde foca a gestão como uma
atividade que mobiliza procedimentos para atingir os objetivos de uma organização,
envolvendo aspectos gerenciais e técnico administrativo. Apresentando a gestão como
sinônimo de administração.
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Na perspectiva de fundamentar os saberes docentes e sua formação, propomos nesta
pesquisa um diálogo com os autores Maurice TARDIF e as idéias Freireanas, que servem
como estímulo para o processo de formação docente, quando se refere à prática pedagógica,
no que tange saber dialogar, escutar, respeito ao saber do educando, admirando a identidade
cultural do outro.
Tipo de pesquisa
A busca da compreensão, do conhecimento referente ao processo de gestão escolar se
dá, neste estudo, através de pesquisa qualitativa.
As pesquisas que se utilizam da abordagem qualitativa possuem a facilidade de
poder descrever a complexidade de determinada hipótese ou problema, analisar a
interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos
experimentados por grupos sociais, apresentar contribuições no processo de
mudança, criação ou formação de opiniões de determinado grupo e permitir, em
maior grau de profundidade, a interpretação das particularidades dos
comportamentos ou das atitudes dos indivíduos. (OLIVEIRA, 2002, p. 61)
A pesquisa com abordagem qualitativa possibilita ao pesquisador analisar e interpretar
relações entre o mundo real, os sujeitos da investigação e as questões levantadas, realizando
análise indutiva do seu objeto de estudo.
A pesquisa qualitativa oferece maior objetividade acerca da compreensão da ação
social dos indivíduos.
Sujeitos da pesquisa
A pesquisa de campo promovida através deste estudo se desenvolve em duas escolas,
uma da rede estadual e outra da rede municipal de ensino de um município de pequeno porte
(cerca de vinte e cinco mil habitantes) no interior do Estado de Santa Catarina.
As unidades escolares foram selecionadas, utilizando critérios de localização, sendo
uma localizada na região Norte da cidade e outra na região Sul. O critério de localização das
escolas se justifica pela preocupação de não obter professores que lecionam em ambas as
unidades escolar, o que é comum neste município pela proximidade das escolas. Podendo isto,
causar danos a pesquisa sob a reflexão do objeto de estudo que é a gestão escolar.
Outro fator determinante foi buscar dados de unidades pertencentes a esferas distintas,
uma da rede municipal e outra da rede estadual de ensino, oportunizando enriquecimento na
análise dos dados.
3110
Os sujeitos envolvidos são professores do Ensino Fundamental - séries iniciais e
finais. Os determinantes para a seleção dos sujeitos da pesquisa são: - ser professor das séries
iniciais, (um professor de cada série ou ano, conforme níveis desenvolvidos na escola pela
implementação da nova lei da implantação do Ensino Fundamental de Nove Anos); ser
professor das séries finais (um professor de cada área do conhecimento).
Dadas às condições e a não obrigatoriedade de participação na pesquisa, contou-se
com um número de 35 docentes divididos entre as duas escolas.
Instrumentos de investigação
O procedimento inicial na exploração da coleta dos dados se deu por meio de
entrevistas semi-estruturadas, com intuito de abrir novas questões durante a entrevista, se
necessário.
A entrevista é um instrumento no qual o entrevistador tem por objetivo obter
informações relacionadas a um objetivo específico. A opção pela entrevista semi-estruturada
se justifica porque a “... formulação da maioria das perguntas [é] prevista com antecedência e
sua localização é provisoriamente determinada." (COLOGNESE E MÉLO, 1998).
Na entrevista semi-estruturada o entrevistador tem uma participação ativa, apesar de
observar um roteiro, ele pode fazer perguntas adicionais para esclarecer questões para melhor
compreender o contexto pesquisado. De acordo com TRIVIÑOS (1987 p. 174):
Entrevista semi-estruturada é aquela que parte de certos questionamentos básicos,
apoiados em teorias e hipóteses, que interessam á pesquisa e que, em seguida
oferecem amplo campo de interrogativas, junto de novas hipóteses que vão surgindo
á medida que recebem as respostas do informante. Desta maneira o informante,
seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro
do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do
conteúdo da pesquisa.
Durante a realização da entrevista podem ser introduzidas outras questões que surgem
de acordo com o que acontece no processo em relação às informações desejadas.
Para realização das entrevistas foi utilizado um gravador de voz. Conforme
MARCONI E LAKATOS (2002), “o uso do gravador é ideal na entrevista para registro das
respostas, desde que o entrevistado concorde com sua utilização”.
As entrevistas semi-estruturadas foram realizadas previamente para validação do tema
proposto neste estudo. As entrevistas foram aplicadas em uma escola da rede municipal de
ensino do município ora já citado.
3111
Esse procedimento contribuiu no delineamento, tanto das questões de pesquisa quanto
do universo a ser investigado. Através dela foi possível legitimar a intenção do estudo, bem
como refletir com mais profundidade sobre questões nucleares em relação à temática.
Mediante fragilidades no processo de realização das entrevistas e dificuldades
visualizadas na análise dos dados, surgiu a necessidade de utilizar um questionário como
instrumento de coleta de dados, para auxiliar na qualificação e veracidade no viés das
representações sociais.
No estágio atual o estudo acentua, através da análise, a busca de determinantes dos
saberes sociais sobre Gestão Escolar, bem como elementos elucidativos das práticas em
Gestão Escolar.
ANÁLISE DOS DADOS
A análise de dados procura estabelecer articulações entre as informações coletadas
pelo pesquisador através da entrevista e o referencial teórico do estudo, procurando desta
forma responder às questões da investigação.
Neste estudo, a análise dos dados coletados está sendo realizada com o intuito de
buscar compreender o conhecimento empírico dos docentes, seus saberes acerca de gestão
escolar.
As representações sociais são tomadas como viés de interpretação para compreender
os sujeitos em sua ação na prática social nos aspectos cognitivos, afetivos e ideológicos.
Moscovici, (2002, p. 17) coloca que:
Sujeito e objeto não são funcionalmente distintos, eles formam um conjunto
indissociável. Isso quer dizer que um objeto não existe por si mesmo, mas apenas
em relação a um sujeito (indivíduo ou grupo): é a relação sujeito-objeto que
determina o próprio objeto. Ao formar sua representação de um objeto, o sujeito, de
certa forma, o constitui, o reconstrói em seu sistema cognitivo, de modo a adequálo ao seu sistema de valores, o qual, por sua vez, depende de sua história e do
contexto social e ideológico no qual está inserido.
Nesta perspectiva, NÓBREGA (2001) no âmbito do processo representacional
caracteriza as mudanças sociais em 3 níveis, sendo: a) o cognitivo - que permite acesso as
instruções, esforço demonstrado através do modo de agir das pessoas; b ) formação – procura
entender o lado concreto, perfazendo um movimento de tornar concreto baseado no já
existente; c ) edificações das condutas - análise das posições, procedimentos e condutas dos
pesquisados.
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Percorrendo os níveis da cognição, formação e edificações de condutas nas
representações sociais o pesquisador concentra-se nas hipóteses, observação e experimentação
referente ao seu objeto de estudo, para aí validar e comprovar a pesquisa em questão.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
A pesquisa de campo realizada através de entrevistas semi-estruturadas apontou com
maior ênfase, a preocupação dos docentes entre o saber da experiência e o saber teórico nas
práticas de gestão.
Dentre os entrevistados houve maior preocupação em levantar, através da experiência
concreta, práticas de gestão consideradas incoerentes em detrimento da presença de
concepções e elementos constitutivos da gestão escolar.
Por ser esta uma discussão mais recente no contexto da escola brasileira e por
vislumbrar, em termos de políticas nacionais e educacionais, diretrizes ainda pouco
discutidas, os posicionamentos dos docentes em prol de gestão escolar podem estar
desvelando no espaço social o seu lugar enquanto agentes da gestão.
Através desta prévia os olhares dos docentes entrevistados ressaltaram para a
pertinência de Gestão Escolar compartilhada, democrática e com maior distribuição de
responsabilidades, apontam que na prática cotidiana isto não é percebido.
Da mesma forma, enfatizam o distanciamento entre o real e o imaginário desejável,
ponderando as dificuldades nas práticas de Gestão Escolar vivenciadas em seus ambientes de
trabalho.
Tais considerações levaram a uma redefinição do instrumento de pesquisa: a partir das
entrevistas o instrumento adotado foi o questionário.
O questionário como instrumento de coleta dos dados, foi aplicado no primeiro
semestre do corrente ano. Os questionários aplicados estão em fase de tabulação dos dados,
para posterior análise.
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