O ENSINO DE HISTÓRIA NAS SÉRIES INICIAIS
Jean Carlos Cerqueira Pereira
[email protected]
Graduando em Pedagogia – UEFS
Orientadora: Professora do Departamento de Educação da UEFS – Drª Lilian
Miranda Bastos Pacheco
[email protected]
RESUMO
Este trabalho pretende discutir sobre o ensino de História nas Séries Iniciais,
considerando sua relevância para a formação do indivíduo, bem como o papel
do professor de História na contribuição para a consciência crítica e descoberta
de si como agente de transformação social, com o poder de intervir na
sociedade. Ideias são discutidas, amparando-se em diversos autores, para
corroborar a importância do estudo e ensino de História nas séries iniciais.
Palavras-chave: História, Ensino de História, Séries Iniciais,
1 - INTRODUÇÃO
O ensino de História nas séries iniciais do Ensino Fundamental tem
passado por uma grande transformação, isso aconteceu a partir do momento
em que ela foi desvinculada da Geografia, tornando-se uma disciplina
especifica, com características próprias. Nas últimas décadas, o ensino de
História foi consolidado em suas especificidades. Nas séries iniciais, a
princípio, a criança não entende o sentido de história em seu contexto de
temporalidade, este tema está inserido no currículo escolar e deve ser
trabalhado para que então a criança comece a construir esta noção de
temporalidade. Segundo Oliveira (1995, p. 263-264), “... poucos historiadores
interessam-se pelo processo de construção do conhecimento histórico em
2
crianças. Muitos sequer acreditam na possibilidade da criança aprender história
nas séries iniciais”.
Nesta perspectiva o ensino de História nas Séries Iniciais, deve buscar
envolver as crianças num sentido de valorização de sua própria história,
alicerçando-se assim, para a aquisição de história local e do mundo. Conforme
os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (BRASIL, 1997), um dos
objetivos mais relevantes quanto ao ensino de História relaciona-se à questão
da identidade. É de grande importância que os estudos de História estejam
constantemente pautados na construção da noção de identidade, através do
estabelecimento de relações entre identidades individuais, sociais. O ensino de
História deve permitir que os alunos se compreendam a partir de suas próprias
representações, da época em que vivem, inseridos num grupo, e, ao mesmo
tempo resgatem a diversidade e pratiquem uma análise crítica de uma memória
que é transmitida.
O estudo de História deve ter o professor como meio de ligação entre o
conhecimento e o aluno, derrubando desse modo o paradigma de que História
é uma ciência decorativa. Logo, faz-se necessário que novas maneiras de ser,
sentir e saber o mundo sejam estimuladas no ensino de História, visando
favorecer a formação do cidadão para que este assuma formas de participação
social, política e de atitudes críticas diante da realidade que o cerca,
aprendendo a
discernir limites e possibilidades em
sua atuação e
transformação da realidade histórica na qual esta inserido.
Deste modo, recorrendo novamente aos PCNs (BRASIL, 1997), os
conteúdos para os primeiros ciclos do Ensino Fundamental deverão partir da
história do cotidiano da criança, em seu tempo e espaço específicos. Porém
incluindo contextos históricos mais amplos, partindo do tempo presente e
denunciando a existência de tempos passados, e modos de vida e costumes
diferentes dos que conhecemos, sempre os relacionando ao tempo presente e
ao que a criança conhece, para que não fique apenas no abstrato.
2 – O ENSINO DE HISTÓRIA NAS SÉRIES INICIAIS
3
O Ensino de História nas Séries Iniciais deve considerar a história de
vida do aluno, uma vez que somos seres históricos. Contudo o Ensino de
História nas Séries Iniciais, nas palavras de Cruz (2003, p. 2) é de suma
importância já que para este autor:
Estudar História e Geografia na Educação Infantil e no Ensino
Fundamental resulta em uma grande contribuição social. O ensino
da História e da Geografia pode dar ao aluno subsídios para que ele
compreenda, de forma mais ampla, a realidade na qual está inserido
e nela interfira de maneira consciente e propositiva.
Sendo assim, o ensino de História nas Séries Iniciais e Educação Infantil
devem promover a reflexão e cabe ao professor fazer com que esta reflexão
seja efetivada, ainda que de modo tímido.
O estudo de História nas Series Iniciais deve partir da própria história
de vida do aluno, avançando para o estudo da história local que deve ser
apresentada como algo, vivo, vibrante, capaz de despertar paixão e colaborar
para a compreensão do mundo. Ressalta-se a importância dos PCNs de
História e Geografia para o Ensino Fundamental, estes elucidam que o papel
do ensino de História está vinculado à produção da identidade e que:
A opção de se introduzir o ensino de História desde os primeiros
ciclos do ensino fundamental explicita uma necessidade presente na
sociedade brasileira e acompanha o movimento existente em
algumas propostas curriculares elaboradas pelos estados. (...) A
demanda pela História deve ser entendida como uma questão da
sociedade brasileira, ao conquistar a cidadania, assume seu direito
de lugar e voz, e busca no conhecimento de sua História o espaço
de construção de sua identidade. (BRASIL, 1997, p.4-5)
Neste sentido, o papel do professor é preparar-se para que esta
construção da identidade seja estimulada, para que a História enquanto veículo
de identidade e de memória jamais seja tido como decorativos e
desestimulantes.
Para que isto não aconteça faz-se necessário que na história ensinada,
haja um consenso entre os historiadores, pedagogos, professores e políticas
educacionais, no sentido de cuidar dos limites do uso do saber histórico factual
4
e sua postura meramente reprodutora. Desse modo, Fonseca (1997, p. 18)
destaca que:
A proposta de metodologia de Ensino de História que valoriza a
problematização, a análise crítica da realidade, concebe alunos e
professores como sujeitos que produzem história e conhecimento em
sala de aula. Logo, são pessoas, sujeitos históricos, que
cotidianamente atuam, transformam, lutam e resistem nos diversos
espaços de vivências: em casa, no trabalho, na escola, ... Essa
concepção de ensino e aprendizagem facilita a revisão do conceito
de cidadania abstrata, pois ela nem é apenas herdada via
nacionalidade, nem liga-se a um único caminho de transformação
política. Ao contrário de restringir a condição de cidadão a de mero
trabalhador e consumidor, a cidadania possui um caráter humano e
construtivo, em condições concretas de existência.
Assim, corroborando com as palavras da autora, o ensino de História
nas Séries Iniciais deve ter esse caráter transformador, despertando o aluno
para a condição de sujeitos que fazem História ao longo do tempo e dos
espaços. A construção de novas formas de intervenção no ato de fazer história
precisa perceber a escola como uma instituição social plural, que se educa
para a vida e para a cidadania, e que, portanto, segundo Fonseca (2008, p.
101):
Nesse contexto sociocultural e educacional processa-se de forma
intensa o debate acerca dos paradigmas, das relações entre os
padrões e níveis de conhecimento, das concepções de educação e
da escola, o que evidencia a necessidade de repensar as práticas
pedagógicas dos professores no interior dos diferentes espaços
educativos. Isso não é novidade. Entretanto, há sim algo novo nessa
discussão: a abordagem das formas e relações entre conhecimentos
e metodologias. A meu ver, é aí que ganha força a idéia da inter e da
transdisciplinaridade.
Corroborando com o fragmento acima, Kochhann (2007, p.70) destaca
que a interdisciplinaridade na sala de aula, “[...] é a possibilidade de elaboração
de idéias harmonicamente equilibradas com as diversas áreas do conhecimento num processo de pensamento dialético alicerçada na alteridade.”.
Neste sentido, o ensino de História passa por uma mudança necessária
e que nas palavras de Wanderley (2002) o processo de ensino e aprendizagem
produz um conhecimento histórico escolar. O saber histórico escolar deve ser
apontado
como
alicerce
para
o
desenvolvimento
de
habilidades
e
5
competências relevantes para o conhecimento. Cabe ao professor identificar os
elementos que a fundamentam.
Segundo os PCNs (BRASIL, 1997, p. 35-36)
O saber histórico escolar, na sua relação com o saber histórico,
compreende de modo amplo, a delimitação de três conceitos
fundamentais: o fato histórico, de sujeito histórico e de tempo
histórico. Os contornos e as definições que são dadas a estes três
conceitos orientam a concepção histórica, envolvida no ensino da
disciplina. Assim, é importante que o professor distinga algumas
dessas possíveis conceituações.
Nesta perspectiva, o ensino de História nas Séries Iniciais deve
promover a reflexão do aluno além de motivá-los a conhecer a história do
mundo e do povo do qual fazem parte.
Cabe ao professor promover situações para que o aluno critique e
compreenda o estudo da disciplina como fator necessário para sua formação
enquanto individuo. Segundo Cruz (2005), é necessário dinamizar conceitos
como, o fato histórico: uma reflexão sobre a atividade cotidiana; o tempo
histórico: suporte para uma avaliação sobre o tempo e finalmente, uma
observação e avaliação sobre as ações cotidianas que identificam o sujeito
histórico, partindo da premissa do cotidiano da criança.
Desse modo, para que o professor possa disponibilizar elementos que
favoreçam o crescimento intelectual do aluno, é preciso que conheça e saiba
trabalhar com elementos diversos e, para isso, é preciso gostar de trabalhar
com História. Nesta perspectiva, Freire (1996, p. 136) pondera que:
O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu
gesto a relação dialógica em que confirma como inquietação e
curiosidade, como inconclusão em permanente movimento da
História
É preciso fomentar a interdisciplinaridade a fim de dimensionar o ensino
e aprendizagem de História bem como a construção do saber. Este saber
específico se faz necessário para que se entenda a relação entre diferentes
tempos, significando então reconhecer o valor do passado para o presente e o
6
futuro. Desse modo, Terra e Freitas (2004, p 7) assinalam que os professores
de História:
Provocam reflexões sobre como o presente mantém relações com
outros tempos, inserindo-se em uma extensão temporal, que inclui o
passado, o presente e o futuro; ajuda analisar os limites e as
possibilidades das ações de pessoas, grupos e classes no sentindo
de transformar realidades ou consolidá-las; colabora para expor
relações entre acontecimentos que ocorrem em diferentes tempos e
localidades; auxilia a entender o que há de comum ou de diferente
no ponto de vista, nas culturas, nas formas de ver o mundo e nos
interesses de grupos, classes ou envolvimento político; enfim, são
questões mais comprometidas em formar pessoas para analisar,
enfrentar e agir no mundo.
Nesta ótica, o ensino de História nas Séries Iniciais torna-se relevante, já
que as relações entre tempo e espaço também dependem da ação do homem
em seu meio. Fazendo com que a História seja percebida na construção das
identidades sociais.
3 – O PAPEL DO PROFESSOR NO ENSINO DE HISTÓRIA
A educação é um processo de aprendizagem contínuo e permanente,
necessário ao indivíduo, favorece as relações sociais e também, é o meio pelo
qual a sociedade se renova, constituindo-se ainda num processo de
transmissão cultural. Com um papel importante na construção e formação do
caráter do indivíduo, a educação tem uma função bem maior.
Assim, o papel fundamental do professor e da educação no
desenvolvimento das pessoas e das sociedades amplia-se ainda mais no
despertar do novo milênio e aponta para a necessidade de se construir uma
escola voltada para a formação de cidadãos, conforme os PCNs (BRASIL,
1997).
O ensino e a aprendizagem de História no Ensino Fundamental, se
alicerçam no trabalho do professor, que deve ter o intuito de introduzir o aluno
na leitura das diversas formas de informação, com a visão histórica dos fatos e
dos agentes.
7
Nesta perspectiva, o professor tem um papel fundamental na construção
do saber histórico já que “a história tem como papel central a formação da
consciencia histórica dos homens, possibilitando a construção de identidades,
a elucidação do vivido, a intervenção social e praxes individual e coletiva.”
(FONSECA, 2005, p, 89). A finalidade principal da escola é a educação integral
do indivíduo, reconhecendo a importância de contemplar o ser humano como
um todo, estabelecendo uma conexão do indivíduo com o meio, entendido
como ambiente próximo ou distante que influi na aprendizagem do estudante
A escola e o professor tem como princípio básico a formação dos
cidadãos nas suas concepções mais amplas e democráticas. Nesse contexto,
se faz necessário a construção de uma prática pedagógica que privilegie as
diferenças existentes no próprio ambiente de sala de aula. Assim, segundo
Caniato, (1997. p, 65):
A escola deve e pode ser o lugar onde, de maneira mais sistemática
e orientada, aprendemos a Ler o Mundo e a interagir com ele. Ler o
mundo significa aqui poder entender e interpretar o funcionamento
da Natureza e as interações dos homens com ela e dos homens
entre si. Na escola podemos exercitar, aferir e refletir sobre a Ação
que praticamos e que é feita sobre nós. Isso não significa que só na
escola se faça isso. Ela deve ser o lugar em que praticamos a
Leitura do Mundo e a Interação com ele de maneira orientada, crítica
e sistemática.
Neste sentido, o professor de História ocupa posição central na análise
dessa conjuntura e na possibilidade de construir situações concretas de
superação através da prática pedagógica por ele desenvolvida no interior do
espaço escolar. Nesta perspectiva, Fonseca, (2003, p. 89) alerta que é preciso
pensar a disciplina de história como “fundamentalmente educativa, formativa,
emancipadora e libertadora.”
(...) o professor de história, com sua maneira própria de ser, pensar,
agir e ensinar, transforma seu conjunto de complexos saberes em
conhecimentos efetivamente ensináveis, faz com que o aluno não
apenas compreenda, mas assimile, incorpore e reflita sobre esses
ensinamentos de variadas formas. É uma reinvenção permanente
(FONSECA, 2003, p. 71).
Assim, a aula de história possibilita a construção do saber histórico
através da relação interativa entre educador e educando, transformando essa
prática em ato político, no sentido de transformação consciente do fazer
8
histórico. Nesse contexto, salienta-se a importância do professor ser também
um pesquisador e produtor do conhecimento e não apenas um mero executor
de saberes já produzidos.
Corroborando com o parágrafo acima, considero as palavras de Freire
(1996, p. 29) que destaca que:
não há pesquisa sem ensino (...) Ensino porque busco, porque
indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para contratar,
contratando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso
para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a
novidade.
Assim, salienta-se a importância do professor ser também um
pesquisador e produtor do conhecimento e não apenas um mero executor de
saberes já produzidos.
Assim, o papel do professor, torna-se relevante no
sentido de possibilitar a transformação de um saber histórico em um saber
compreensível e atuante para a compreensão do aluno. Neste sentido, Knass
(2001, p. 29-30) aponta sobre a pesquisa:
(...) o processo de aprendizagem confunde-se com a iniciação à
investigação, deslocando a problemática da integração ensinopesquisa para todos os níveis de conhecimento, mesmo o mais
elementar. A pesquisa é assim entendida como o caminho
privilegiado para a construção de autênticos sujeitos do
conhecimento que se propõem a construir sua leitura de mundo
Reporto-me neste momento às palavras de Luckesi (1984, p. 46) que
aponta o professor como,
Um educador, que se preocupe com que a sua prática educacional
esteja voltada para a transformação, não poderá agir inconsciente e
irrefletidamente. Cada passo de sua ação deverá estar marcado por
uma decisão clara e explícita do que está fazendo e para onde
possivelmente está encaminhando os resultados de sua ação. A
avaliação, neste contexto, terá de ser uma atividade racionalmente
definida, dentro de um encaminhamento político e decisório a favor
da competência de todos para a participação democrática da vida
social.
É papel social do professor de História do Ensino Fundamental munir os
alunos de instrumentos para libertação. "O respeito à autonomia e à dignidade
de cada um é um imperativo ético não um favor que podemos ou não conceder
uns aos outros." (Freire, 1996, p. 59). Nesta linha de pensamento freiriana o
9
ensino
de
História
torna-se
fundamental
para
a
compreensão
dos
acontecimentos históricos do passado.
Uma questão que deve ser considerada pelo professor de História é a
questão interdisciplinar. Para Fazenda (1999, p. 31):
[...] o professor interdisciplinar traz em si um gosto especial por
conhecer e pesquisar possuiu um grau de comprometimento
diferenciado para com seus alunos, ousa novas técnicas e
procedimentos de ensino, porém, antes, analisa-os e dosa-os
convenientemente. Esse professor é alguém que está sempre
envolvido com seu trabalho, em cada um de seus atos.
Competência, envolvimento, compromisso marcam o itinerário desse
profissional que luta por uma educação melhor. Entretanto, defrontase com sérios obstáculos de ordem institucional no seu cotidiano.
Apesar do seu empenho pessoal e do sucesso junto aos alunos,
trabalha muito, e seu trabalho acaba por incomodar os que têm a
acomodação por propósito.
Nesta perspectiva, o professor de História tem o compromisso de
construir uma educação pautada no paradigma holístico, com olhar crítico e
sensível para processo de construção da História. Desse modo, o papel do
professor de História nas séries iniciais deve acontecer na direção do diálogo
em conjunto com os alunos e a comunidade escolar, constituindo-se desta
forma em um processo educativo fundamentalmente democrático, construído
em conjunto, balizado pelo desenvolvimento de capacidades de percepção,
crítica e autoconhecimento com sujeitos de um tempo e lugar.
4 – O ESTUDO E ENSINO DE HISTÓRIA ENQUANTO ELEMENTO DE
FORMAÇÃO DO CIDADÃO.
É importante considerar a contribuição da história no processo de
construção do ser humano. Compreender esse processo é fazer com que o
homem escreva sua história, produza cultura e se perceba enquanto sujeito
histórico. O ensino de História possui papel relevante, na construção da
cidadania e na emancipação social e política dos sujeitos. Dessa maneira, o
conhecimento histórico considera diferentes povos e culturas em diferentes
espaços e temporalidades na singularidade de suas manifestações.
10
Desse modo, problematizar os fatos é fazer com que o aluno seja
estimulado na construção do saber bem como exercite sua visão critica. Neste
sentindo, Zamboni (1993, p. 7) considera que,
O processo de construção da história de vida do aluno, de suas relações sociais, situado em contextos mais amplos, contribui para situálo historicamente, em sua formação intelectual e social, a fim de que
seu crescimento social e afetivo desenvolva-lhe o sentido de
pertença.
Nesse sentido, o ensino de História tem um papel relevante na
construção da cidadania e na emancipação social e política dos sujeitos
históricos. Segundo Florescano (1997, p. 67) “... a função da história é dotar de
identidade a diversidade de seres humanos que formavam a tribo, o povo, a
pátria ou nação”
A História tem uma função de resgate, enquanto elemento de formação
da cidadania e a escola têm papel fundamental no exercício e formação do
cidadão. Deste modo, Oriá (2006, p. 134) considera que a história para
formação do cidadão deve levar o aluno a:
compreender quem somos, para onde vamos, o que fazemos,
mesmo que muitas vezes pessoalmente não nos identifiquemos com
o que esse mesmo bem evoca, ou até não apreciemos sua forma
arquitetônica ou seu valor histórico. (...), pois é revelador e
referencial para a construção de nossa identidade histórico-cultural.
Em suma, ensinar história é agir em função de metas e objetivos,
conscientemente perseguidos, no interior de um contexto de atuação
educacional, permeada pelos desafios cotidianos e pela burocratização do
ensino. Segundo, Terra e Freitas (2004, p. 8) o ensino de História enquanto
elemento da formação do cidadão,
Inclui a percepção pelo aluno de sua sociedade, considerando que
tem sido construída a partir de relações entre indivíduos, grupos,
classes sociais, interesses econômicos, costumes e mentalidades,
os estudos históricos podem contribuir, por exemplo, para que ele
compreenda sua sociedade como uma construção coletiva (...)
11
As mesmas autoras também consideram que o ensino dos conteúdos de
História para formação do cidadão:
podem contribuir para o aluno conhecer como têm acontecido as
lutas por direitos, as relações sociais e econômicas que repercutem
nas relações favoráveis ou desfavoráveis em relação à natureza, os
modelos de Estado e como se constituem nos confrontos políticos e
sociais, e as reivindicações das diferentes classes sociais
confiscadas de seus direitos. (TERRA, FREITAS, 2004, p. 8)
Neste sentido o ensino de História estabelece um diálogo com a
construção da cidadania implicando no reconhecimento do indivÍduo enquanto
ser histórico e com elementos que permitem compreender melhor a realidade
em que estamos inseridos e a sociedade em que vivemos.
Outrossim, é necessário que os alunos identifiquem no processo de
ensino e aprendizagem de História oportunidades para o desenvolvimento de
uma atitude crítica com relação à sociedade, intervindo de forma consciente
enquanto seres que fazem história e pertencem a uma época e espaços
próprios. O sujeito constrói seu conhecimento do mundo e o conhecimento de
si mesmo como sujeito Histórico.
O conhecimento é um conhecimento dentre outras formas de
conhecimento da realidade, que está sempre se constituindo, nunca está
pronto ou acabado. Assim, Borges (19870 p. 47-48) elucida que:
(...) a história procura especificamente ver as transformações pelas
quais passaram as sociedades humanas. A transformação é a
essência da história. Quem olha para trás, na história de sua própria
vida, poderá compreender isso facilmente. Nós mudamos
constantemente; isso é válido para o indivíduo e também é válido
para a sociedade. Nada permanece igual e é através do tempo que
se percebem a mudança.
Desse modo, o mais importante é lembrar que a tarefa urgente é refletir,
juntamente com nossos alunos, que todos somos sujeitos e podemos ser
agentes do processo histórico de mudanças e, ou permanências e podemos
contribuir na construção da realidade. A escola deve educar para a vida desde
bem cedo. O professor tem o direito e o dever de exigir que isso aconteça e
deve aprender a se enxergar como elemento crucial para a formação do
indivíduo que enxerga a sociedade como um espaço de realizações.
12
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas palavras de Freire (2007) a educação proporciona a emancipação e
promove a autonomia e a consciência crítica dos educandos. Neste sentido, a
educação deve estender-se a todos os homens sem distinção de cor, credo ou
qualquer outro tipo de discriminação.
Nesse sentido, o Ensino de História
perpassa por estas leituras, envolvendo principalmente a questão de tempo e
da ação do homem no meio. Enquanto ser histórico, o individuo tem a função
de intervir e questionar a história que lhe é ensinada.
Faz-se necessário que a escola e o professor de História nas Séries
Iniciais, considerem que é preciso instigar no aluno a formação de uma
consciência crítica e cidadã, uma vez que está deve ser encarada como mola
propulsora para passos na formação histórica, de cada agente.
O conhecimento da história da civilização é importante porque nos
fornece as bases para compreender o nosso futuro, permite-nos o
conhecimento de como aqueles que viveram antes de nós equacionaram as
grandes questões humanas.
Não se pode pensar no ensino de História, sem fazer referência aos
PCNs (BRASIL, 1997) que apontam que o estudo e ensino de História nas
Séries Iniciais devem partir da história do cotidiano da criança em seu tempo e
espaço, incluindo contextos históricos, partindo do tempo presente e
denunciando a existência de tempos passados, e modos de vida e costumes
diferentes dos que conhecemos. Desse modo, o professor deve trabalhar
atividades que envolvam questionamentos, reflexões, análises, pesquisas,
interpretações, confrontamentos e organização de conteúdos históricos.
Desse modo, faz-se necessário que o ensino de História promova uma
reflexão critica, a fim de que os indivíduos se reconheçam como agentes
históricos. É importante que a História seja entendida como o resultado da ação
de diferentes grupos, setores ou classes de toda a sociedade. É importante que
o aluno conheça a história da humanidade como a história da produção de
13
todos os homens e não como resultado da ação ou das idéias de alguns
poucos.
Neste sentido, o ensino dessa disciplina deve investir na autonomia do
aluno, criando então pressupostos para que este interfira na sociedade de
modo crítico enquanto sujeito histórico. Estudar história é muito mais do que
decorar nomes e datas. É descobrir, analisar fatos registrados no passado,
entender as atividades dos homens do mundo. É através dela que as relações
estabelecidas em uma determinada época podem ser estudadas, podendo
perceber as mudanças, resistências e permanências com o passar do tempo.
Conhecer a sua história permite ao sujeito compreender o que acontece
nesse lugar, perceber que o município mundo.
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