Sistema Nacional de Comércio Justo, Ético e Solidário Rosemary Gomes FASE NACIONAL Conselho Político do Instituto Faces do Brasil O que é um sistema? • Equivalente à POLÍTICA; • Requer um marco legal; • Agrega: – – – – conceitos: o que é? métodos: como fazer? mecanismos de garantia: como garantir e comunicar? programas de fomento: como tornar realidade? ... sobre comercialização solidária e o Comércio Justo, Ético e Solidário, ambos no contexto brasileiro. Qual o sentido de termos um sistema nacional CJES? • Válido como processo e como produto Fortalecimento das articulações, parcerias, e, consequentemente, sinergia do movimento de CJES com a Economia Solidária Instrumento de garantia e de fomento com apoio público e controle social Não é imprescindível ao processo de crescimento e consolidação das práticas de CJES, mas pode articulá-las, e, em conjunto, evitar/prevenir seus aspectos negativos (ex.exclusão de alguns atores produtivos...) e aproveitar/usar seus aspectos positivos (garantir com instrumentos públicos a aplicação dos valores e príncipios; criar políticas de fomento...) Como se constrói? • De forma radicalmente democrática; • Articulando-se entre e com grupos e movimentos afins; • Por quem pensa, faz e milita pelo CJES no Brasil; • Partindo da realidade nacional da produção, comercialização, consumo inseridos nas Redes de Ecosol e de grupos associados ao CJES; • Partindo de experiências e referências – erros e acertos, nacionais e internacionais; • De baixo para cima... Qual a posição do Faces? • • • • Missão: Fomentar a criação de um ambiente favorável à construção e implementação de um sistema brasileiro de Comércio Justo, Ético e Solidário, promovendo a equidade e a inclusão social; Através da construção e animação de uma ampla rede nacional de comércio justo; aglutinando atores de várias naturezas e fomentando ações práticas nos territórios Histórico: – 2001-2004: Encontro entre as organizações e movimentos e formação conceitual - a partir de seminários e reuniões de consultas públicas, criando consensos apartir dos Princípios e Critérios de CJES; – 2005: elaboração de elementos para um sistema nacional e aplicação de uma avaliação de conformidade em alguns casos pilotos – confrontando conceito e prática; Papel do FACES no Sistema Público: – Um ator coletivo de articulação, com um acúmulo cedido, e uma vontade comum. Quem Somos? Entidades Fundadoras do Instituto FACES : •ONG’s (Organizações sem fins lucrativos de assessoria, formação, consumo etc): FASE Nacional, Kairós, FES, Visão Mundial, Instituto Sere, Onda Solidária, IMAFLORA Conselho Político: •Produtores (organizações e redes nacionais, representantes de trabalhadores rurais e urbanos etc): UNISOL, UNICAFES, RBSES, FBES, Rede Ecovida, ADS-CUT ; •Governo: SENAES – MTE, SAF-MDA; • Sistema Nacional de Fomento :SEBRAE Nacional; •Empresa Social: Ética O acúmulo Faces: •Conceito •Princípios e Critérios; •Indicativos e repertório sobre: •Marco Legal; •Estrutura de Organização; •Sistema de Garantia; •Guia de Avaliação de conformidades – para testagem em casos pilotos Processo de construção 2003 2004 2005 Revisão Bibliográfica Consulta Pública (Internet) Reunião Presencial Estratégica Sudeste e Centro Oeste(São Paulo-SP & Brasília-DF) Viagem de Articulação (México) Reunião Presencial Estratégica com produtores da região norte(Manaus-AM) Organização do bloco comércio justo na XI Conferência da UNCTAD-SP principais atividades Reunião Presencial Estratégica no FSM (Porto Alegre-RS) Participação na conformação da Mesa Coordenadora de Comércio Justo e Ecosol da America Latina e no Encontro de Cochabamba Processo de construção Produção Rural AGROTEC-GO; APACO-SC; APAEB-BA; AQCC-PE; Artesanato Solidário-SP; CAEPS-SC; CAPEB-AC; Capim Dourado-DF; COMARU-AP; CONTAG-DF; COOMAG-PA; COOPASB-BA; COOPERAGUA-SP; COOPERCAJU-RN;EcoSol-RS; Fetraf-Sul-PR; NecaAC; PESACRE-AC; Rede Cerrado-GO; Rede de Comercialização Solidária-GO; Rede de Produção de Mel-RN; Rede Ecológica-RJ; Rede Ecovida-Sul Produção Urbana Abayomi-RJ; Banco Palmas-CE; Centro de Ação Comunitária-RJ; Criola-RJ Assistência Técnica AACC-RN; CAPINA-RJ; CART-PA; Coordenação SUD-França; CUT-PR; Ecoamazon-AC; Embrapa-SP; Esplar-CE; FUCAPI-AM; PACS-RJ; PDPI-AM; Sebrae-AL; Sebrae-PE; Sebrae Nacional-DF Governo MMA-DF; Programa de Economia Solidária (Embaixada da França-RJ); SAF/MDA-DF; SDS/Governo do Amazonas-AM; SDT/MDA-DF; SENAES/MTE-DF ONG ABONG-RJ; ACTION AID-RJ; AS-PTA-RJ; ECOAR-SP; FASE Nacional-RJ; FASE-PA; FES/ILDESSP Fund. Lyndolpho Silva-DF; GRESP-Peru; GTA-AM; IBASE-RJ; IDEC-SP; Imaflora-SP; Instituto de Pesquisas Ecológicas-SP; Instituto Kairós-SP; Instituto Polis-SP; Instituto Sere-RJ; ISASP Visão Mundial-PE; Viva Rio-RJ Universidade ESALQ/USP-SP; FGV-SP; UFFRJ/CPDA-RJ Empresa Açúcar Ético-PR; Artesãos do Mundo-França; Associação Mundaréu-SP; Banco Real-SP Beraca & Sabará-SP; BSD-SP; FLO/Coagrosol-SP; Max Havelar-França; Natura-SP; Pão-deAçúcar-SP; Simplesmente Banana-SP Conceito “Comércio justo é uma parceria comercial, baseada em diálogo, transparência e respeito, que busca maior equidade no comércio internacional. Ele contribui para o desenvolvimento sustentável, através de melhores condições de troca e da garantia dos direitos para produtores e trabalhadores marginalizados – principalmente do Sul.” (Fonte: EFTA) “Considera-se Comércio Ético e Solidário o fluxo comercial diferenciado que, a partir do estabelecimento de relações éticas e solidárias entre todos os elos da cadeia produtiva, resulte em uma forma de empoderamento dos(das) trabalhadores(as) assalariados(as), agricultores(as) familiares, indígenas, quilombolas, extrativistas e camponeses(as) que estão em desvantagem ou marginalizados(as) pelo sistema convencional das relações comerciais.” (Fonte: Faces do Brasil) Valores, Princípios e Critérios de CES I. Valores/Crenças FACES do Brasil a) Respeito à saúde das pessoas; b) Respeito Ecológico aos distintos ecossistemas; c) Respeito e solidariedade entre os povos. • Princípio 1 - Fortalecimento da Democracia, Respeito à Liberdade de Opinião e Organização: Os grupos de produtores(as) e prestadores(as) de serviços ligados ao CES devem primar pelo exercício da democracia, da liberdade de opinião e organização na constituição, gestão e desenvolvimento do grupo. Princípio 2 - Condições Justas de Produção e Comercialização: O CES deve proporcionar aos(as) produtores(as) e prestadores(as) de serviços, condições dignas de trabalho e remuneração, visando a sustentabilidade sócio-ambiental da Cadeia Produtiva Econômica. Princípio 3 - Apoio ao Desenvolvimento Local e Sustentável: A prática do CES deve estar associada ao compromisso com o bem-estar sócio-econômico da comunidade e sua sustentabilidade, promovendo assim, a inclusão social através de ações geradoras de trabalho e renda. Princípio 4 - Respeito ao Meio Ambiente: O CES deve contribuir com o desenvolvimento sustentável, através do fomento a práticas mais responsáveis e menos prejudiciais ao meio ambiente. Princípio 5 - Respeito aos direitos das Mulheres, Crianças, Grupos Étnicos e Trabalhadores(as): A prática do CES deve promover a equidade de gênero, a equidade racial e o respeito aos direitos dos(as) trabalhadores(as), crianças e adolescentes. FACES do BRASIL Valores e Princípios do CES no Brasil Princípio 6 -Informação ao Consumidor: O CES deve primar pela transparência na cadeia comercial, visando uma maior aproximação entre produtor e consumidor. É proibida a utilização de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) por técnicas de transgenia (transgênicos) para a composição ou fabricação de produtos éticos e solidários. Produção Ética e Solidária Em um ambiente de bem estar social... Com dignidade humana e profissional... Com respeito aos trabalhadores e trabalhadoras... Em uma estrutura organizacional horizontal, transparente e democrática... Com igual respeito e valorização de homens e mulheres... Com seus filhos e demais crianças da comunidade estudando e brincando... Respeitando o meio ambiente... Valorizando a sua cultura e o conhecimento local ... Um dos objetivos do CJES é De maneira integrada e preocupada com a favorecer o comunidade a que pertence... desenvolvimento endogeno/local/doméstico, integrado e sustentável de comunidades a partir do estímulo à geração de renda, à territorialização e ao respeito à cultura local. Cooperativas e Associações são a estrutura mais recomendada para a organização de grupos produtores. Para saber um pouco mais consulte a Lei do Cooperativismo Lei n º 576471 e os Princípios do Cooperativismo 1. Livre adesão dos sócios 2. Gestão democrática 3. Participação econômica do sócio 4. Autonomia e independência 5. Educação, treinamento e informação 6. Cooperação entre as cooperativas (Intercooperação) 7. Interesse pela comunidade Comercialização Ética e Solidária O Preço Justo... - Oferece uma remuneração justa ao produtor pelo trabalho exercido; - É formulado de comum acordo entre produtor e comerciante; - Incorpora como custo, os impactos socioambientais envolvidos no processo produtivo. -Respeito e valorização do produtor -Pagamento do Preço Justo -Manutenção de uma relação comercial duradoura; -Não praticar a CONSIGNAÇÃO; -Garantir a informação do consumidor acerca do que é o CES, quem são os produtores e do próprio produto, assim como a composição do preço final; A Consignação é uma prática comercial exploratória, pois o produtor acaba assumindo, sozinho, os riscos da venda, além de contribuir, eventualmente, para o seu endividamento. É importante lembrar que os espaços de comercialização podem contribuir para a sensibilização e educação dos consumidores para a valorização do consumo ético, solidário e responsável. Um importante mecanismo de informação ao consumidor é a certificação, de origem ou de qualidade, sendo certo que esta é uma ferramenta possível, mas não a única, devendo ser tratada dentro de uma discussão sobre garantias de qualidade que sejam participativas, pouco onerosas, inclusivas e auto-reguladas. Consumo Ético e Solidário O consumidor da cadeia de CES tem direito à informação sobre a procedência, o processo produtivo e a composição do preço do produto ou serviço que está adquirindo, sendo recomendado ao comerciante anexar rótulo ou etiquetas aos produtos comercializados em seu estabelecimento com tais informações. Consumo responsável é... “ a capacidade de cada pessoa ou instituição pública ou privada, escolher serviços e produtos que contribuam, de forma ética e de fato, para a melhoria de vida de cada um, da sociedade, e do ambiente” A difusão e a conscientização para a prática do Consumo Solidário, Ético e Responsável, deve ser estimulada como forma de ampliação e consolidação do CES como um todo. Consumo como ato de escolha pressupõe um consumidor informado sobre os produtos e serviços que está adquirindo. Entretanto, a publicidade e o marketing não são veículos de informação, sendo, muitas vezes mais de ilusão e persuasão. Assim, o consumidor consciente deve buscar se informar através de outros meios como internet, os rótulos dos produtos, etc... DESAFIOS – o que falta: • Definições e consensos entre os diversos atores nacionais envolvidos; • Promoção de conceito e programa de consumo responsável; • PROGRAMA INTEGRADO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO para a produção popular e solidária: definir estrutura de apoio aos grupos produtivos para cumprimento dos critérios/estandares; • Definir operacionalização do monitoramento; modelo adequado de certificação participativa em rede; • Definir estratégia de comunicação ao mercado consumidor; • Realizar Seminários Regionais para disseminação das informações e criar laços territoriais; Como seguir: • Elaboração de publicação sobre a proposta de modelo de Sistema FACES • Democratizar, divulgar e consolidar o processo de construção de Sistema Nacional de CJES via Sub-GT PCCS- Produção, Comercialização e Consumo Solidários; •Usar como base de ampliação o Sistema Nacional de Informação em Economia Solidária (SNIES) – 15.000 empreendimentos mapeados pela SENAES. Exemplos de Casos Piloto FACES • CAPEB (Cooperativa Mista de Produção Extrativista e Agropecuária de Epitaciolândia e Brasiléia), no Estado do Acre, com estudo da cadeia de produção e comercialização da castanha do Brasil; • Comunidades extratoras do buriti, em Igarapé-Miri, no Estado do Pará, fomentado pelo POEMA (Programa Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia) que contribui para comercialização à Empresa Beraca Sabará (Químicos e Ingredientes) que produz o óleo refinado do buriti; • COOPERCAJU (Cooperativa dos Beneficiadores Artesanais de Castanha de Cajú) no Rio Grande do Norte; Assessorado pela Visão Mundial • COOPERAGUA (Cooperativa da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Guapiruvu), no Vale do Ribeira, Estado de São Paulo, produtores de banana; • COFRUTA - Cooperativa de produtores de açaí (principal produto), na região Norte do Pará. Esta cooperativa recebe apoio institucional da FASE-Pará e já está em estágio avançado de organização para comercialização do produto, que é inclusive exportado para os EUA. • Rede de Comercialização Solidária: localizada na região de Goiânia-GO, trabalha com produtos típicos do cerrado, cujo principal é a castanha de baru e a faveira. Abrange centenas de famílias em Goías, Minas Gerais e Bahia e recebe apoio técnico e institucional do CEDAC, uma ONG local. Instituto Faces www.facesdobrasil.org.br