esurno, O uso do tabaco & um dos mais importantes roblernzç de saúde pública do mundo atuai. Nos países esenvolvidoç, as doenças relacionadas com o tabaco subtraem de cinco a dez anos de vida do fumante médio, Entre as fumantes, algumas vezes o tabaco t a m b h afeta o resultado da gravidez. Em países desenvolvidos, a consci6ncia desse perigo está começando a dissuadir o uso do fumo, especialmente entre pessoas melhor educadas. Mas nos países em desenvolvimento, pouca tem sido a atenção dada aos perigos do fumo e o consumo de tabaco aumenta à razão de cerca de 5% ao ano. Não é fácil para os governos adotar vigorosas políticas de ordem sanitária em relação ao tabaco, devido parcialmente às substanciais receitas fiscais e de exportação por ele geradas. N5o obstante, deveriam os profissionais da saúde ter consciência de toda a escala de riscos associados ao fumo. Especialmente quem trabalhe em saúde maternoinfantil e planejamento familiar deveria compreender os perigos do tabaco para o processo reprodutivo, os infantes e as crianças, a fim de melhor educar a respeito os futuros pais. O impacto do tabaco sobre a saúde tem sido amplamente documentado. Confirma o relatório sobre fumo e saúde emitido em 1979 pelo Diretor Geral de Saúde Pública dos EUA que os índices de mortalidade de homens americanos fumantes, em comparaqão com não fumantes, eram cerca de 10 vezes maiores por câncer do pulmão, 5 vezes maiores por bronquite, enfisema e asma, e 2-3 vezes maiores por cardiopatias. Algo menor é o risco de morte de fumantes de cachimbos e charutos, dos que fumam sem inalar, dos que fumam cigarros de filtro e das mulheres, mas o risco geral de morte do fumante aumenta progressivamente com a intensidade do hábito. Nos países em desenvolvimento, mal começam a se revelar os custos a longo prazo do uso do fumo, embora se saiba há muito tempo do vínculo que existe entre o uso do fumo e a mosbidade e mortalidade - tal como, na Ilndia, a relação entre o hábito de mascar fumo e O câncer oral. Nos países desenvolvidos, após 20 anos de campanha sobre os perigos do fumo, começa a se reduzir o número de fumantes. Entre 1964, ano em que foi dado a público o primeiro relatório do Diretor Geral de Saúde Pública dos EUA sobre fumo e saúde, e 1975, a propor~ãode homens fumantes baixou de 52% para 39%, e a de mulheres, de 34% para 29%. Também entre 1964 e 1975, a proporção de fumantes americanos egressos de universidades caiu de 42,5% para 28,7%. Na Grã-Bretanha, revelaram levantamentos de 60.000 médicos homens que metade deixou de fumar. Em consequência, os índices de mortalidade de médicos por doenças relacionadas com o tabaco caiu a nível acentuadamente inferior ao dos indices de mortalidade da população masculina em geral. No mundo em desenvolvimento, as tendências parecem seguir direção oposta. Fumar é um símbolo de modernismo, de ocidentalização e de posses materiais - conforme insiste a propaganda da indústria do tabaco, dirigida 9s elites urbanas educadas e aos que contam com certa renda pecuniária. O hábito de fumar aumenta entre estudantes universitários, incluídos os acadhicos de rnedicipa. Assim, em 1976, na Universidade de bagos, cerca de tr6s quartos dos alunos e um quarto das estudantes de medicina deram conta de ser fumantes. 0 s crescentes mercados dos países em desenvolvimento, onde poucas são as restrições às vendas, à promoção e à propaganda, revelam-se cada vez mais atraentes para a indústria do tabaco, a qual, nos países desenvolvidos, enfrenta normas reguladoras e restriçaes maiores do que nunca. Embora aumente a rnanufatura mundial de cigarros ao estilo ocidental, entre populações rurais ou pobres rnasculinas e femininas continuam populares o tabaco de culiivo doméstico, os cigarros fortes envoltos em folhas ou enrolados à mão, o fumo de cachimbo, o fumo de mascar e outras misturas. 8 presente boletim foi preparado por Samuel Coleman, Ph.D., Phyllis T. Piotrow, Ph.D., e Ward Rinehart, do Programa de Informação sobre Popula~ão,com base em trabalhos pubiicados e inéditos, correspondência e entrevistas. Receberemos de bom grado quaisquer comentários e material adicional. Agradecemos a assistência prestada pelos seguintes revisores: Heinz W. Berendes, L. P. Chow, Elizabeth B, Connell, Larry L. Ewing, Howard C. Goodman, janet 5. Hardy, ]ames R. Heiby, Louis Hellman, John F. Kanter, Theodore M. King, Robert Kolodny, Miriam H. Labbock, Mary B. Meyer, Diana E. Petitti, Malcolm Potts, Reimert T. Ravenholt, Allan Rosenfield, Marschal Rothe, ]ames D. Shelton, j. loseph Speidel e William O. Sweeney. Receberemos de bom grado quaisquer comentarios e dados adicionais. opealatisn Reports, é um boletim bimestraf publicado pelo Programa de Informação sobre População (624 North Broadway, Baltimore, Maryland 21205, EUA) da Universidade Johns Hopkins, sob OS auspícios da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional. Pagou-se tarifa postal de segunda classe em Baltimore, Maryland e outros escritórios. (USPS 063-150) A finalidade desta publicação é proporcionar uma visão geral correta e informada de importantes eventos no campo da população. Population Reports não é portavoz de políticas oficiais da Universidade Johns Hopkins ou da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional. Diretora: Phyllis T. Piotrow, Ph.D.; Diretora Adjunta: Helen K. Kolbe, M.S.; Editor: Ward Rinehart; responsavel pelo presente número: Frances Sherr Wilson. Population Reports is published bimonthly ai 624 North Broadway, Baltimore, Maryland 21205, by t h e Population Information Program of t h e J o h n s Hopkins University. Seco n d class postage paid a t Baltimore, Maryland, and addiiional officeç. (USPS 063-150) 8 Uso do Tabaco Durante a Gravidez Embora grande parte das primeiras pesquisas sobre o tabaco abrangesse homens adultos, o fato de aumentar o número de mulheres jovens fumantes faz com que a atenção se concentre cada vez mais no impacto do fumar sobre o processo de reprodução humana e, especificamente, sobre o desenvolvimento do feto e do infante. Em geral, esse impacto é adverso. Associa-se o fumar durante a gravidez ao seguinte: peso mais baixo ao nascer menor período de gestação maiores índices de aborto espontâneo, especialmente durante os últimos meses da gravidez complicações mais frequentes da gravidez e do parto e, mais importante, índices mais elevados de mortalidade perinatal. @ Para uma rnulher sadia e bem nutrida, na casa dos 20 anos, que fuma moderadamente e tem acesso a bons cuidados médicos, o risco adicional de um parto de natimorto ou da morte de um infante atribuível ao fumar é pequeno, não sendo, provavelmente, superior em 10%-20% ao da não fumante. Em contraste, a mulher que fuma intensamente e é mais idosa, pobre ou anêmica corre o risco até 100O/0 maior de perder sua crianca. Em Bangladesh, por exemplo, entre mulheres sem educaçãio formal e com baixos níveis de hemoglobina, a mortalidade perinatal das fumantes era duas vezes maior do que não fumantes. Embora ainda não tenha sido inteiramente esclarecido o modo pelo qual o tabaco afeta o peso ao nascer, a mortalidade perinatal e outros aspectos da gravidez, suspeitam os pesquisadores que isso seja causado pelo monóxido de carbono, pela nicotina ou por ambos os fatores. Mesmo após o nascimento, os infantes de mães fumantes podem enfrentar problemas adicionais. De acordo com certos estudos, evidenciaram-se entre infantes anomalias congênitas em maior escala, inclusive aiteraç6es cardiovasculares capazes de resultar, mais tarde, em doença coronária. Se as mães em aleitamento forem fumantes, seus filhos ingerirão nicotina e, possivelmente, mais DDT, com conseqi.iências desconhecidas. Maior é a probabilidade de que, em famílias com um ou ambos os pais fumantes, os infantes sejam afetados por bronquite e pneumonia durantes os primeiros anos de vida. Suspeitase também que o perigo de Síndrome de Morte Súbita Infantil (SMSI) é maior em famílias em que a mãe é fumante. Certos efeitos podem persistir durante a infância. Constatou-se, assim, que a altura de crianças de mães britânicas fumantes era inferior em um centímetro à de crianças de mães não fumantes. Mais importante ainda: seu desempenho em leitura, matemática e testes de "aptidão geral" era levemente inferior ao de crianças de mães não fumantes. Contudo, é difícil provar que, por si só, o fumo tenha sido a causa dessas diferenças. Restriçóes Governamentais A medida que o público passa a reconhecer, se não todos, pelo menos alguns desses perigos, nos últimos 20 anos os governos de países desenvolvidos têm sofrido pressões cada vez maiores no sentido de tomar a iniciativa, o que vêm pouco a pouco começando a fazer. Mas nessa área as políticas não se modificam com facilidade. Para citar o exemplo dos EUA, os esforços de promoção de uma política de combate ao fumo desenvolvidos pela Sociedade Americana do Câncer, pelo Diretor de Saúde Pública, por numerosos profissionais da saúde e, atualmente, por muitos ex-fumantes, sofrem a oposição dos plantadores de fumo, da indústria do tabaco, das ernpresas de propaganda, dos meios de comunicação dependentes da publicidade sobre o tabaco, dos vajeristas e de certos fumantes. Receitas fiscais de cerca de US$6 bilh6es contribuem para que o governo relute em agir. Em 1974, uma pesquisa de 25 países desenvolvidos revelou que 20 haviam adotado normas reguladoras do fumar, contra apenas 13 de 49 países em desenvolvimento. POPULATION REPORTS Desde então, muitos países aumentaram os impostos e alguns impuseram normas ainda mais restritas. A Finlândia, a Noruega e a Suécia, entre os países desenvolvidos, e Cingapura, entre os países em desenvolvimento, provavelmente registram o maior grau de avanço rumo à instituição de políticas de combate ao fumo. Isso significa "passar, em relação ao tabaco, de uma política implícita predominantemente a serviço de interesses comerciais e fiscais, para uma política explícita de controle do hábito de fumar, a serviço da saúde" (137). Entre as agências internacionais, coube à Organização Mundial de Saúde (OMS) a iniciativa de assinalar os perigos do fumo para a saúde e de recomendar vigorosas políticas governamentais de combate ao hábito de fumar. Para a aplicação de "uma política de controle do hábito de fumar orientada para a saúde", poderiam os governos adotar, entre outras, as seguintes ações: ,e expandir a pesquisa empreender campanhas de educação do público aumentar os impostos, especialmente os que incidem sobre produtos com alto teor de alcatrão e nicotina estabelecer padrões oficiais para produção reduzir os subsídios de exportação O eliminar serviços de extensão agrícola e apoio governamental exigir a inclusão de advertências de saúde e de especificação de conteúdo nos produtos e na publicidade do tabaco O limitar ou proibir a propaganda comercial limitar as vendas, e.g., para menores ou em certas áreas proibir o fumar em áreas péiblicas e ambientes de trabalho estabelecer prêmios diferenciais de seguro de vida para fumantes Até agora, nenhum governo adotou roda a gama de ações que constituiria, em relação ao tabaco, uma política "orientada para a saúde", embora existam amplas oportunidades para que os profissionais da s h d e tomem esse rumo. Trabalhando em centros de saíide materno-infantil e em programas de planejamento familiar de bases clínicas ou comunitárias em todo o mundo, profissionais da saúde e líderes comunitários estão em permanente contato com casais férteis e famílias. Desestimulando o alastramento de hábito pernicioso, podem etes ajudar essas famílias a reduzir a mortalidade infantil, melhorar as condições de reprodução e proteger o desenvolvimento da próxima geração. O FUM0;A SAÚDE E A MORTALIDADE Em relação aos perigos do fumo para a saúde, fortes evidências científicas começaram a surgir nas décadas de 1920 e 1930, época em que o pessoal e os estatísticos de saúde deram conta, entre os homens, de aumentos dos índices de óbitos por câncer do pulmão e da proporção de fumantes afetados por essa doença (13, 240). Em 1938, Raymond Pearl, um dos primeiros demógrafos americanos, então membro da Escola de Higiene e Sali Pública da Universidade Johns Hopkins, publicou um estudo sobre o uso do tabaco e a longevidade, baseado nas tábuas vitais de 6.813 homens brancos (196) (v. excerto, pág. L-5). Entre homens da faixa etária de 30-50 anos, correspondiam aos fumantes em grande escala índices de mortalidade geral específica por idade aproximadamente duas vezes maiores do que os dos não fumantes e, em cada idade, a sobrevivência dos fumantes era menor do que a dos não fumantes (v. Fig. 1). Embora inicialmente recebidas com ceticismo, essas constatações foram reforçadas nas décadas de 1950 e 1960 por um número cada vez maior de estudos de comparação de casos (ou retrospectivos) e prospectivos realizados nos EUA, na Grã-Bretanha, no Canadá e no Q @ Fim d o resumo. Ocidental a responsabi ade de impedir que isso Em nossa hpria terra jái prodaizimos aconteqa. cigarro. Erro gravisslmo milhões de escravos seria exportar essa escravidão para OS países em esenvolvimenta."' . .. British Medical Journal 9 de outubro de 1971 POPULATION REPORTS FIG.1. The survivorship lines of life tables for wliite males falling into lhree categories relative do the usage of tobaeeo. A, Noan-usem (soPid line) ; B. Xoderate smokens (dash line) ; C. Heavy srnobers (dot line). Figure 1. O estudo de homens dos EUA realizado em 1 ue o iaaimero de Bumantes ventes de qualquer Idade superior a 30 anos era menor do que o de náo fumantes. Fonte: Peari (196) ade por Certas Doengas, EUA, 1905-1975 (por 180.000 habitantes) Causa de Morte Todas as causas Tubercaalsse (todas as formas) 1905 - 1915 1.588,9 1.317,6 179,9 140,1 Neoplasmas malignos do Homens Mulheres 017 Total Homens Mulheres Total Doengas do sistema respiratório Pneumonia Bronquite, enfisema e asma* Homens 167,4 156,s 161,9 168,6 158,9 163,9 202,O 112,3 159,9 81,3 35,7 20,l Mulheres Total Nota: Por serem as causas de morte submetidas decenalmente a reclassificaç6es internacionais, os índices de mortalidade não se prestam a comparações estritas durante períodos muito longos. Entre a Quinta Revisão, que abrangeu o período 1939-1948, e a Sexta Revisão, que cobriu o período 1949-1960, a comparabilidade da mortalidade por câncer do pulmão, bronquite, enfisema e asma é deficiente. Ademais, esses índices não são ajustados por idade, motivo por que a crescente proporção de grupos mais idosos na populaqão resulta em maior incidència de certas doenças de velhice (tais como as cardiopatias e o câncer do pulmão) do que a que ocorreria se a distribuição etária fosse idêntica à de 1905. * Para 1955 e 1965, a bronquite, o enfisema e a asma incluem as categorias 500-502, 527.1 e 241 da CID; para 1975, as categorias 490-493, 466 e 519.3 (em 1965 não estava relacionada a doença pulmonar obstrusiva crônica). Iapão, que identificaram não apenas uma associação direta entre o uso do fumo e o câncer do pulmão como também um efeito de reação à dose: os índices de mortalidade cresciam proporcionalmente ao número médio de cigarros fumados por dia (27, 36, 56, 57, 99, 100, 112, 122, 268). Tais resultados foram consubstanciados por estudos com animais de laboratório. Revelaram os estudos epidemiológicos relações entre indices de mortalidade masculina que variavam de cerca 2:l a 1 0 : l entre fumantes moderados de cigarros e não fumantes, e até de mais de 203 em relação aos fumantes em grande escala. Mais baixos são os coeficientes de mortalidade para os fumantes de cachimbos e charutos (27, 56, 57, 99, 100, 122), as mulheres (99), os fumantes que não inalam a fumaça, os fumantes de cigarros com filtro e os exfumantes, cujos riscos, a partir do abandono do hábito, diminuem com o correr do tempo (257). fumava) aumentou i % , ao passo que os índices de mortalidade de médicos caíam 38% (56, 57, 214). Um dos mais convincentes elementos de prova da associação entre o fumar e a morte é fornecido por um estudo de cerca de 60.000 médicos britânicos (56, 57). Não só os fumantes morreram com menos idade como também aqueles que abandonaram o hábito revelaram durações de vida quase normais. Entre 1951 e 1956, cerca de metade dos 43% dos médicos fumantes de cigarros abandonaram o hábito. Entre 1953-57 e 1961-65, os índices de mortalidade por câncer do pulmão entre a população masculina em geral (cerca de metade da qual Fonte: Centro Nacional de Estatística Sanitária dos EUA (202, 250, 251) Mostra a Tabela 1 que, nos Estados Unidos, os índices de mortalidade por câncer do pulmão praticamente quintuplicaram entre 1945 e 1975, criando, no dizer do Serviço de Saúde Pública, "uma alarmente epidemia" (257). Em conjunto com dados prospectivos e de comparação de casos e com estudos em animais, essas tendências de mortalidade "confirmam a conclusão de que o consumo de cigarros é a principal causa de câncer do pulmão entre os homens" (257). Na próxima década, o câncer do pulmão ultrapassará o câncer da mama como causa principal de morte por câncer entre mulheres dos Estados Unidos (259). "Atualmente, não pode haver dúvida de que o hábito de fumar é um verdadeiro suicidio em câmara lenta. (. .) O fato de um hábito poderoso, muitas vezes adotado por crianças desavisadas, forjar tantas mortes e tantas doenças atinge proporções de tragédia nacional. ." Joseph A. Califano, Ir. Secretário do Departamento de Satíde, Educação e Bem-Estar dos EUA . .. POPULATION REPORTS O uso do tabaco também aumenta o risco de outras formas de câncer, em especial nos tecidos que entram em contato direto com partículas e fumaça do tabaco. Os risco de morte por câncer da laringe são, por exemplo, 6-10 vezes maiores entre fumantes de cigarros do que entre não fumantes (257); os riscos de morte por câncer do esôfago são 2-6 vezes maiores. De acordo com estimativas de estudos de comparação de casos, os riscos de morte de fumantes por câncer da bexiga são duas vezes maiores do que os de não fumantes, demonstrando estudos prospectivos em grande escala que esse risco aumentado guarda relação com a dose (214). A faringe, a cavidade oral, o pâncreas, os rins (218, 257) e, possivelmente, o colo uterino (270) são outros locais sujeitos a maior risco de câncer causado pelo hábito de fumar ou de mascar fumo. O câncer do pulmão foi a primeira doença a ser claramente associada ao uso do tabaco, sendo a relação entre índices de mortalidade, de 10:l entre fumantes e não fumantes, maior do que qualquer outra causa importante! de morte associada ao uso do tabaco. Estudos prospectivos demonstraram, porém, que apenas 15% do excesso total de mortalidade entre fumantes é atribuível ao câncer do pulmão. O restante é causado por maiores índices de doença coronária, afecções respiratórias crônicas, outras formas de câncer e causas diversas de morte (27, 56, 57, 99, 205). Cardiopatias As cardiopatias são importante causa de morte nos países industrializados. Atuaimente, nos Estados Unidos, a mortalidade por cardiopatias é maior do que por qualquer outra doença e cerca de 1 0 vezes maior do que por câncer do pulmão (v. Tabela I). No Reino Unido, as cardiopatias vitimam cerca de um terço dos homens na faixa etária de 35-64 anos (214). Numerosos estudos prospectivos e de comparação de casos confirmaram que os fumantes de cigarros revelam tndices de mortalidade por doença coronária significativamente mais elevados do que os não fumantes e que, também nesse caso, o risco aumenta com o número de cigarros fumados (27, 56, 57, 100, 112, 122, 123, 213). Na ausência de outros fatores de predisposição, tais como altos índices de colesterol no sangue, presszo alta, obesidade ou diabetes, o índice de mortalidade de homens que fumam mais de 20 cigarros por dia é 2-3 vezes maior do que o dos não fumantes (123). Definitivo, embora muito menor, é o risco de cardiopatia dos fumantes de cachimbos e charutos, das mulheres e dos ex-fumantes. Tal como ocorre com O câncer do pulmão, o contraste entre os médicos britânicos e a população masculina da Inglaterra e do País de Gales é, em geral, revelador: nos períodos abrangidos pelo estudo, os índices de mortalidade por doença cardiovascular entre médicos homens caiu 6'/', ao passo que os da população masculina em geral aumentaram 9% (159). O uso do tabaco também contribui para a doença cerebrovascular e para uma ampla escala de outros distúrbios do sistema circulatório, inclusive a arteriosclerose, adensamento e enrijecimento das artérias, e em particular a aterosclerose, acúmulo de tecidos graxos (lipídios) ao longo das paredes das médias e grandes artérias. POPULATION REPORTS Ambas as condiqões diminenem o suprimento de sangue que flui para o coração e outros órgãos (257). Entre as mais importantes, a terceira área de morbidade e mortalidade induzida pelo fiumar 6 a das doenças respiiatórias benignas. Maior entre os fumantes do que entre os não fumantes é 8 probabilidade de padecer e morrer de bronquite, asma, enfisema e outrQs distúrbios do sistema respiratório. Mais ainda: substancial número de mortes atribuídas a outras causas poderão ter sido aceleradas por uma função pulmonar anormal devida ao fumar (257). As relaçepes entre Endices de mortalidade por bronquite crdnica dos fumantes variam entre 3:l e í O : í em comparação com os não fumantes, e as entre os Endices de mortalidade por enfisema entre fumantes em grande escala são superiores a 20:1 (257). No estudo de médicos britânicos, os Obitos por bronquite foram 20 vezes mais frequentes entre os fumantes de 25 ou mais cigarros por dia do que entre os não fumantes. No grupo de médicos, a mortalidade por bronquite caiu 22% entre as décadas de 1950 e 7960, contra uma redução de apenas de 4% entre a população masculina total (56, 57, 214). Num país desenvolvido, como é o caso dos Estados Unidos, o impacto total do tabaco sobre a mortalidade, mesmo que só permita estimativas, 6 claramente grande. Analisando dados de 1966, calculou R. T. Ravenholt que, nos Estados Unidos, aproximadamente 361.560 óbitos por câncer, doenças do sistema circulatório e afecções respiratórias foram causados pelo fumo, contra 307.310 óbitos causados pela combinação de todas as infecções, acidentes, suicídos, homicídios e diabetes (206). Usando a relação de 1% entre óbitos por câncer do pulmão e a todos os excessos de óbitos induzidos pelo tabaco, calculou ele recentemente que até um quarto dos óbitos anuais nos Estados Unidos podem ser atribuídos ao uso do fumo (205). De outra perspectiva, E. C. Hammond calculou que um jovem americano de 25 anos fumante de 20 cigarros por dia abrevia sua vida em oito anos (98), estimativa que veio a ser confirmada (210). Na Ingtaterra, o Real Colégio de Médicos calculou que o fumante britânico médio de 35 anos reduz em 5% anos seu tempo de vida (274). O preGo que o uso do fumo cobra à saúde deve ser aferido não s6 em termos de mortalidade como tamb6rn de morbidade. A tosse, os resfriados, as pequenas infecções respiratórias, a falta de ar e os problemas alérgicos afetam mais os fumantes do que os não fumantes; sua recuperação de numerosas condições respiratórias e, muitas vezes, também da cirurgia é mais demorada. Além disso, a probabilidade de úlceras pgpticas entre fumantes é duas vezes maior. Além dos males e do desconforto pessoal que causa, estima-se que a morbidade induzida pelo tabaco custa anualmente nada menos que 50 milhões de dias de trabalho na Grã-Bretanha (214) e 81 milhões de dias nos Estados Unidos (259). e e Morbidade em Países em Desenvolvimeaats Nos países em desenvolvimento, embora a informacão epidemiológica sobre a morbidade e a mortalidade relacionadas com o tabaco nem sequer se aproxime da extensão que atinge em nações industrializadas, evidencia-se porém que, em toda parte, os usuários do fumo sofrem de doenças causadas por seu hábito. As pesquisas mais extensivas sobre doenças relacionadas com o tabaco no Terceiro Mundo têm tido lugar na [ndia, a partir do começo do século. Desde entáo, diversos estudos descreveram casos de câncer da cavidade oral que, em algumas 6reas do pais, têm constituído de 15% a 70% de todas as notifjcaq6es de câncer (116). As pesquisas indianas associaram o câncer oral ao mascar fumo, ao mascar mistura de fumo, noz-de-areca e outros ingredientes e ao fumar charutos domésticos ao contrário, ou seja, mantendo a ponta acesa dentro da boca (218). Na década de 1960, uma pesquisa em grande escala determinou um coeficiente de câncer oral de quase 52 por 100.000 pessoas (116). ecente produto da pesquisa indiana, indicativo de seu avanço, é um estudo de comparação de casos que abrangeu 683 pacientes masculinos de câncer no pulmão e 1.279 controles. Constatou o estudo que, em compara@o com não fumantes, os usuários de cigarros corriam um risco relativo de câncer pulmonar 2,36 vezes maior. Os fumantes do bidi, cigarro feito com fumo local enrolado numa folha da árvore ternburni, corriam um risco relativo 3,38 vezes maior. Esses riscos relativos são consideravelmente menores do que os observados no âmbito de estudos em países desenvolvidos. O risco relativo diferia entre muçulmanos e hindus, mesmo após a estratiíicação por frequência e duração do hábito, a qual, em média, não diferia entre os dois grupos religiosos (390). Perguntam-se os pesquisadores se fatores genéticos ou alimentares poderiam explicar a baixa incidência e a diferença entre os membros de ambas as religiões (190). As práticas de inalaqão, que talvez ajudem a explicar ambos os detalhes, não foram estudadas. O u t m pesquisas sobre o uso do fumo e o câncer na India resultaram nas seguintes constatações: Entre as mulheres, as fumantes de chuttas, tipo de charuto de fabricação caseira que 6 fumado com a extremidade acesa no interior da boca, corriam risco õelacivo de carcinoma do palato duro 132 vezes maior do que outras mulheres (300). O câncer da bochecha era oito vezes mais comum entre os que mascavam uma mistura de tabaco, lima e noz-de-areca desbastada. Relacionou-se o efeito à quantidade mascada e à frequência e duração desse hábito. Quando o usuário conservava 0 bocado durante a noite, seu risco de incidência era 30 vezes maior do que o dos não usuários (304). Contrariando a impressão comum de que as formas tradicionais de uso do tabaco são menos perigosas do que 0 uso de cigarros manufaturados, numa série de 25 casos de câncer bronquial entre homens do vale de Cachemira, apenas dois eram fumantes de cigarros, contra 77 fumantes exclusivos de narguilés e três fumantes de uns e outros (297). @ @ @ Recentemente, outros países em desenvolvimento tambkrn começaram a dar conta de uma associação entre o câncer e o uso do tabaco. De acordo com um estudo de comparação de casos na Rodesia, de 32 pacientes africanos de câncer do pulmão, 87,5% fumavam, contra 22% de 32 controles. Assinalam os autores que, por não haver poluição do ar na Rodésia, provavelmente O consumo de cigarros é a causa mais importante de câncer do pulmão daquela área (89). Em estudo sobre câncer pulmonar realizado na África do Sul, todos os 45 casos, mas apenas 60 de 90 controles, eram ou haviam sido fumantes, e a proporção de casos em grandes consumidores diários de .tabaco era ainda maior (219). Em 500 homens do Marrocos com câncer na laringe, apenas 52 não fumavam. Cerca de 80% fumavam pelo menos 20 cigarros por dia, e 90% haviam fumado por pelo menos 10 anos (32). ""O U "Historicamente, o homen tem-se habituado ao uso rotineiro de diferentes substâncias e ingredientes fisiologicamente desnecessários à continuidade de sua existência. O chá, o café, o álcool, o fumo, o ópio e a noz-de areca são alguns dos exemplos estatisticamente mais flagrantes desses ingredientes. . . . Todos eles, se prescritos em dosagens apropriadas, contêm substâncias de considerável potência farmacológica. Criou-se assim uma situação que, longe de se limitar ao campo fisio!ógico, como às vezes se pensa com certa ingenuidade, é extremamente complexa do ponto de vista do comportamento. Presentes tanto em animais inferiores como no homen, os elementos puramente hedonísticos são de real importância. Com frequência, seus aspectos motivacionais chegam a superar a razão e até os fatores fisiológicos de inibição de natureza puramente reflexa. Muitos são, sem dúvida, os que continuariam a usar habitualmente a substância que apreciam, mesmo que fossem absolutamente irrespondiveis e concludentes as provas de que tal substância Ihes 6 algo deletéria. Em sua maioria, racionalizariam essa atitude com um tipo de argumento compensador - tal como o de que O intenso prazer pesa mais do que o mal (em sua opinião) relativamente menor. 631 objetivo deste trabalho 6 relatar parte dos resultados de uma pesquisa acerca da influência do tabaco sobre a iongevidade humana. . . . A conclusão final é clara. Neste avultado material, estabeleceu-se relação estatística entre o tabagismo a redução da duração da vida e se constatou que a magnitude ou o grau dessa redução aumentava na razão direta do aumento da intensidade do fumar. . . . Aç diferenças de índice de mortalidade específica entre os grupos de uso . . . praticamente desapareciam aproximadamente a partir dos 70 anos. . . . Nos grupos com morbidade, aqueles que sobrevivem até cerca de 70 anos são espécimes de tamanho vigor e resistência que a ação do tabaco já não Ihes causa, como grupo, prejuízo apreciável." Fonte: Peari (196) POPULATION REPORTS No Paquistão, um estudo em grande escala de 1.192 casos de carcinoma da cavidade orai e da orofaringe e de 3.562 controles constatou que o hábito de mascar nozde-areca e tabaco quadruplicava o risco entre homens e o triplicava entre mulheres. O fumar quintuplicava o risco entre homens e o dodecuplicava entre mulheres. OS maiores riscos - 1 0 vezes mais altos para os homens e 1 3 vezes mais altos para as mulheres - foram associados ao hábito de mascar tabaco. O uso de um narguilé acarretava risco superior em mais de três vezes ao de fumar cigarros, ao passo que o risco dos fumantes de bidis era mais de sete vezes maior do que o de fumantes de cigarros manufaturados (293). ' domicílios em Chandigarh, India, foram detectados 22 casos de úlcera péptira em homens. Destes, 11 eram fumantes. De 2.013 homens não afetados por úlceras, 28,1% fumavam. A diferença é estatisticamente significante (p<0,05) (303). Em Cingapura, entre 131 chineses portadores de câncer do esôfago, o risco que corriam homens e muiheres fumantes de cigarros de tabaco chinês enrolado à mão era, respectivamente, de 2,s e 6,25, em relação aos não usuários, cifras que revestem importância estatística (p<0,01). O consumo de cigarros de estilo ocidental foi associado a riscos relativos maiores do que 1,0 mas menores do que 1,5 - cifras sem significação estatística. Considerados diversos fatores em conjunto, a ingestão de Iíquidos quentes mostrou maior associação com o câncer do esôfago do que o consumo de cigarros chineses (291). Na Rodésia, revelou um estudo que todos os 26 pacientes homens de câncer do esôfago eram fumantes, contra 1 4 de 26 controles da mesma idade e do mesmo sexo. Embora menor, também foi estabelecida associação entre o consumo de álcool e o câncer (306)). Numa s6rie de 260 casos consecutivos de câncer do puimão constatados em Hong-Kong, eram fumantes 92% dos 180 homens e 56% das 80 mulheres. Em comparacão, constatou um levantamento de 1.347 homens e 1.428 mulheres na população geral que apenas 59% dos homens e 11% das mulheres eram fumantes. A utilização de fogões de querosene também foi associada ao ciincer do pulmão entre mulheres (295). De lugares diversos como Papua-Nova Guiné, Çuiana e jamaica, tem-se dado conta de uma associação entre a doenqa pulmonar obstrusiva cronica e o hábito de fumar. Assinala G. J. Milier que, nesses países, não existem outros fatores associados à doença - poluiqão atmosférica, clima frio e úmido e riscos industriais - o que evidencia ainda mais a associação com o fumar. Considera Miller que o fumar é a causa principal de tosse e expectoração cronica nas Indias Ocidentais (170). Entre um grupo populacionai de Papua-Nova Guiné em que era quase universal o consumo de charutos feiios com tabaco local, a incidência de doença pulmonar crônica era maior entre os que inalavam do que entre os que não inalavam a fumaça (11). Em levantamento de 2.360 homens indianos, a bronquite crônica foi diagnosticada em 15% dos fumantes e em 5% dos não fumantes (296). Outro levantamento indiana constatou que 12,5% de 473 homens na faixa etária de 17-64 anos sofriam de bronquite crônica. Ao passo que menos de 4% dos não fumantes sofriam de bronquiie, a proporção era superior a 20% entre os fumantes, mesmo que nenhum deles fumasse mais de 20 cigarros por dia (294). Relata-se no mundo em desenvoivimento, tanto quanto no desenvolvido, uma associação entre a úlcera péptica e o hábito de fumar. Por meio de um levantamento de escritórios e POPULATION REPORTS dência dessas doencas em países em desenvolvimento e o grau de risco oferecido pelo Fumar justificam o prosseguimento das pesquisas. ponenteç Nocivos Na mistura de gases e gotículaç alcatroadas que formam a fumaqa do tabaco identificaram-se mais de 4000 compostos (259). Destes, mais de 30, incluído o palbnio 270, elemento radioativo, contribuem ou são suspeitos de aumentar os riscos do fumar para a saúde (257), mas três foram particularmente citados como ao agentes mais ativos de causa ou promoção da doença: o rnonóxido de carbono, a iiicotina e o alcatrão (210, 257, 277). Toxicos para o homen, todos os três estão presentes ein quantidade suficiente para oferecer risco e são prontarnc- te absorvidos pelos tecidos, érgãos e líquidos do corpo a eles expostos. O monóxido de carbono é um gás incolor e inodoro produzido pela combustão incompleta. Dependendo em parte da porosidade do papel (277), o gás compõe de 3% a 5% da fumaqa do cigarro (262). O fumante que a inala está exposto a uma concentração de cerca de 400 capacidade mental e o desempenho de adulros normais (142). 0 monóxido de carbono também pode aumentar a formação de depósitos graxos nas paredes arteriais (214). A nicotina é um alcalóide denso e oleoso sem aplicação terapêutica (51). Q teor de nicotina do tabaco varia em função do tipo de tabaco e da forma em que é usado. O fumo de cachimbo contém entre 0,6% e 1,43% de nicotina por unidade de peso; os charutos, de 0,75% a 3%; e os cigarros, de 0,9% a 1,96% (262). Os fumantes que inalam absorvem até 90% da nicotina de seus cigarros (214), quantidade que oscila entre 0,04 e 3,s mq por cigarro (214, 262). Uma dose de cerca de 60 mg de nicotina é agudamente letal, mas uma dose de apenas 4 mg pode produzir sintomas de toxicidade em pessoa cujo corpo não esteja acostumado à droga (51). Por ser a fumaça do cigarro acidídica, a nicotina é absorvida principalmente depois de haver entrado nos pulmões; por outro lado, a fumaça do cachimbo e do charuto é alcajina, o que implica a absorcão de maior quantidade de nicotina pela mucosa bucal e pela faringe (214). Amplos e complexos são os efeitos da nicotina sobre os diferentes tecidos do corpo. A nicotina pode agir sobre o sistema nervoso central como estimulante ou sedativo, dependendo da dose e da constituição fisiológica e psicológica do usuário do tabaco (214). Tanto as injeções de nicotina como a fumaça de cigarros produzem descarga de adrenalina e noradrenalina e exercem influência direta sobre os centros nervosos de controle da pressão sanguínea e do batimento cardíaco. Em indivíduos normais, isso resulta em aceleração do pulso e aumento da pressão sanguínea, do rendimento cardíaco, do volume sistólico, da velocidade das contrações cardíacas, do consumo miocárdico de oxigênio e da arsitmia cardíaca (214). Injetada e aspirada com a fumaça do cigarro, a nicotina também pode elevar o teor de ácidos graxos no sangue e estimular a aglutinação de plaquetas sanguíneas ou sua aderência às paredes vasculares (214). A prodanqáio mundial de tabaco em a977 h&calculada em 4,9 rnilhóes de toneiadas. (Colégio de Agricultura da Universidade de Kenrucky, EUA) partes por milhão (214). Num ambiente impregnado de fumaça de tabaco, os não fumantes (às vezes chamados de fumantes "passivos" ou "involuntários") podem inalar concentrações de monóxido de carbono de até 25-100 partes por milhão (143). A hemoglobina do sangue humano, que transporta oxigênio a todo o corpo, tem pelo mon6xido de carbono uma afinidade mais de 200 vezes maior do que a que tem pelo oxigênio (142). A força dessa ligação formada com o átomo de ferro da hemoglobina explica a natureza venenosa do monóxido de carbono (742). A carboxihemoglobina composto resultante, é incapaz de transportar oxigênio; assim, podem-se perder até 10% da capacidade transportadora de oxigênio do sangue (92). O rnonóxicáo de carbono também aumenta a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio. Isso significa que a liberação de oxigênio para outros tecidos fica impedida (262). Devido a esses efeitos combinados, concentra@es de carboxi-hemoglobina de apenas 4%-5% podem alterar a , Sendo o agente farmacológico mais poderoso do tabaco, a nicotina é tida também como responsável pelo "hábito de fumar", a conhecida dependência que dificulta o abandono do tabaco. Como assinala o Real Colégio de Médicos, "o extraordinário alastramento do hábito em todo o mundo e a dificuldade que sente a maioria dos fumantes em se abster de fumar sugerem que a base desse intenso desejo é farmacológica" (214). O monóxido de carbono e a nicotina exercem ação combinada sobre o coração: o monóxido de carbono reduz a quantidade de oxigênio disponível para o coração, ao passo que a nicotina intensifica a atividade cardíaca, o que aumenta a necessidade de oxigênio daquele órgão. Juntamente com o aumento de depósitos graxos nas paredes arteriais atribuível a ambas as substâncias, a função cardíaca assim onerada e estimulada ajuda a explicar o papel do tabaco na doença cardíaca coronária (262), especialmente a insuficiência coronária aguda e o enfarte do miocárdio. O alcatrão é um material pardo-escuro e viscoso, composto de partículas condensadas da fumaça de cigarros que permanecem após a remoção da umidade e da nico- POPULATION REPORTS \ Tabaco, imunda erva da terra, A maldição do diabo encerra; Queima dinheiro, a roupa, até De meu nariz faz chaminé. Oliver Wendell Holmes (1809-1894) tina. E no alcatrão que residem os agentes conhecidos e suspeitados como iniciadores e promotores do câncer. Entre os carcinógenos conhecidos do alcatrão destacamse os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (214). Em menores quantidades, também existem no alcatrão carcinógenos mais virulentos, tais como as nitrosaminas e a betanaftilamina (277). Incluem-se entre os promotores do câncer, ou cancerígenos, os fenóis e os ácidos graxos e seus ésteres (214). São conhecida suas propriedades cancerígenas tanto na pele de animais de laboratórios como quando aspirados por animais. Agindo separadamente e em combinação, esses três ingredientes - monóxido de carbono, nicotina e alcatrão têm sido repetidamente implicados como responsáveis pelos riscos de saúde causados pelo consumo de cigarros. 0 s produtos com teor mais baixo de alcatrão eiou nicotina parecem menos perigosos, mas qualquer quantidade desses ingredientes exerce efeitos adversos sobre os animais e sobre o homem. Problemas de Pesquisa Embora se associe de longa data o consumo de cigarros com maiores índices de óbitos por câncer do pulmão, tal associação não é prova, por si só, de um vinculo causal. Conforme salientou em 1964 o Relatório da Comissão Assessora do Diretor Geral de Saúde Pública (258), a prova de uma genuína relacão de causa e efeito depende da constância, da solidez, da especificidade, do relacionamento temporal e da coerência das associações notadas (258). Outra consideração é a plausibilidade biológica (110). No tocante ao câncer do pulmão, a certas doenças respiratórias e a diversas condi~õescárdio e cerebrovasculares, a relação causal com o fumar já está substancialmente documentada. Particularmente entre homens, foi demonstrada a coerência (ou extensibilidade da apiicação) de constatações a numerosos e diferentes países, períodos e estudos. Evidencia-se a solidez dos relacionamentos não só nos altos coeficientes de risco em estudos de comparação de casos e nas altas relações entre índices de incidência em estudos prospectivos, como também na aguda elevação dos índices nacionais de mortalidade paralela à expansão do uso do tabaco. Clara é a especificidade da associação no que se refere ao câncer do pulmão e ao enfisema, ainda que não seja tão clara em relação à categoria mais ampla da isquemia coronária. O relacionamento temporal do fumar com diversas patologias está documentado pela correlação entre o índice de fumantes e os aumentos dos índices nacionais de mortalidade e é reforçada pela diminuição dos índices de mortalidade que agora se constata entre a população masculina que abandonou o hábito. Evidencia-se a coerência não só das curvas de resposta à doses, que revelam POPULATION REPORTS o crescimento dos índices de incidência de acordo com o número de cigarros fumados por dia, como também dos elementos comuns de estudos com animais, autópsias e evidências de laboratório, que elucidam os processos biológicos envolvidos na patogênese. Em conjunto, as evidências formam uma ampla peça acusatória científica contra o consumo de cigarros como importante fator de recentes aumentos de mortalidade masculina em muitos países desenvolvidos. Não obstante, em produtos, no uso e entre consumidores do tabaco, subsistem características que constituem problemas especiais para o estudo das consequências do fumar para a saúde. Assim, o tabaco aparece como fumo de mascar, charuto, fumo de cachimbo e cigarros - e em cada forma são inumeráveis as opções quanto à potência e contextura e, no caso dos cigarros, aos filtros, papéis e outros ingredientes. Cada uma dessas variações pode afetar o risco do uso do tabaco. Ainda mais importantes podem ser os hábitos individuais: se o fumante aspira ou não a fumaça e, se o faz, a profundidade da aspiração; quantas vezes cada cigarro é levado à boca e por quanto tempo permanece entre os lábios; e até que ponto cada cigarro é fumado - variável especia1mente importante, já que o alcatrão e a nicotina se acumulam perto da extremidade do cigarro à medida que este é consumido, sendo assim aspirados em montantes cada vez maiores A medida que o cigarro vai sendo fumado. Essas variáveis podem confundir as relações entre a quantidade fumada e a extensão da exposição e dificultar a classificação dosimétrica dos fumantes. Q efeito poderá ser o diluir-se a aparente solidez das relacões entre dose e resposta. É necessário atentar mais para o desenvolvimento de medidas padronizadas da experiência com o fumo (207). A pesquisa defronta-se com um conjunto de problemas ainda mais sérios inerentes à natureza dos próprios usuários do tobaco. Estatisticamente, o tabagismo está assoc i a d ~a certas características demográficas, psicológicas e sociais que incluem a idade, a raça e a cPasses social (conforme indicada pela ocupação, pelo nível de educação, pela renda ou, no caso de estudos hospitalares, pela condição de pagante de instituição privada em contraste com a instituição pública). Nos EUA e na Grã-Bretanha, parece haver uma relação entre o fumar e características da personaiidade, tendo-se realizado numerosos estudos com vistas a identificar diferenqas entre fumantes e não fumantes (106, I1 7, 718, 138, 153, 221, 234). Comentando essa pesquisa, observou o Real L d 6 g i o de Médicos: 0 s fumantes tendem a ser indivíduos arrojados, impuisivos, desejosos de estímulos, amantes do perigo e hostis à autoridade. Eebem mais chá, café e áicool e sZo mais propensos a acidentes de trânsito, ao divórcio e ci mudança de emprego. Coletivamente, algumas dessas características implicam certo grau de extroversão. Constatou-se que, em média, os fumantes de cigarros são mais extrovertidos do que os não fumantes (70, 71, 72, 227). Embora sejam de alta significancia estatística, as d~ferenças são pequenas e existe grande juçtaposição de fumantes e não fumantes, de modo que as características de personalidade não são fidedignas para que se possa prever quais os indivíduos que se tornarão fumantes de cigarros (214). Em outras pafavras, na medida em que as pessoas que Fumam possam ser menos cautelosas para corn sua saúde também noutros aspectos, essa tendência poderia contrrBsuir, de forma inteiramente independente de seu hábito de ;-ma-, para o aimeqto dos ícdices de morraiidade. Sugerer aquclzs q : ~ qiies.tionam a existência de urna r z l a j c cic czusa e cfêitc enire o :a5aco e diferentes dosrçüs que esszs discrepâncias de persona:idace e ,c,..por~arrcnto z c r t r i b ~ r r nsubsralcialmente - 3 : ~ o aum e n ~ o63 mcrtaliclade (72, 136). Contudc, 7e:hcrn Cesses zs:ucsc q~1~n::iiicou os efeito; 92 personalidade sobre a ii?.cidC:;ci; de dcenczs cspecíilcas com: o cânc-r do pul!-r&, n e r se podem identificar caractzrísticas de ~crsor,a!ickiecapazes de definir , r a "persor?alidade do ,!,L,-ry-, , 1;~:. -15 'a:.-,, ç~g'1rdc2s esi:inizli'/cç 20 p-13: . A -; ., :c C ~ K S LSer;! ~ T ?e Saíldc Fjbl;ca t:c EUP., j o d e r - s e atr'bAir as varizçòes d e pexonalidade apenzs 3-59; c;! variSrcia -a aferição cio '?aDi!o de ' ~ r r a r(259). S c ~ c ' 3 35si.1, ::um es:udo idado dosam ente projetado, eç;o; vari;còes 2.1 personal:dade sb p o d e r i m ser rec, . pi?;ô.iois, .;LI~I:~o m~lit::, psr peqiena ?ascola de ej<:cjsc Ci- rrzrin idade obsevzdo crtre iurnrtes. Mas os rs:~iCo; dovorizir c o ~ t r ~ O I 2U ~~ ~ S ~ Uxr:i;Oes F Cle co-:3crra-wnto cqazcs de afetar a sakde, ;r?c1c~e2dente~---,:e dc hábitu de fumar. pp ,L - - I'-- que o uso do fumo produziria menor aumento de morlaiidade cardiovascular e cerebrovascular. Por outro lado, condiçoes que se combinam com o uso do tabaco para aumentar acentuadamente as complicações da gravidez podem ser mais comuns em certas áreas em desenvolvimento. Além disso, as deficiências nutricionais são mais comuns e mais severas em muitos países em desenvolvimento, podendo, em associação com o hábito de fumar, causar ou promover condições adversas. Claro está que os riscos comprovados do uso de tabaco por homens nos países desenvolvidos deveria atrair mais atenqão para os riscos potenciais do hábito para homens, mulheres e crianças de todo o mundo. - !m[3í)rt3rk ~ ~ ~ b i e r ~n va- ! d o;?eie exame especí'ics Co i-; 3:cts ?o í;xo ~ o k r z2 s ~ l í d rreprcdutiva 6 3 do vviurrlz criztivameii~c-peq:ero de p . z ~ q u i sssbre ~j a~ r r !k::. i i i ~ . ? i i ? .Ceve-se essa I z c i ~ ~ C- -r pezcvis;, c;ue está .. sc.:do agora yadâ:iva-iei~t~prrencrida, 2: k t c $e as depois dos 5omens rc;:inies hwerern c n - n q a h z :'r-;r r n ~2'::r7?i dcs jarses doçewr!v:do; e pcrcue, e m b o x acrreriiz, yrcentagern de nulhercs fumnni~s;izda é b e ink.;or ~ i dos honers crr c ~ ~ a st ec d ~ sos pclseç (v. 1336. '-27;.h1éi-r disso, c frriiliczbe r o resultac'o 3 s gr;\,ir'c;r so'.c,n a in."iiênc:a do 11-rrsroscs e Cifz:crtc~ ., . v;r:zws, c,ue i - c [ - ~ . T 330 ;penas 2 irc~:ncicadcc a saGCz da T ~ Z S como tamGm a salde do pai, 2s conciçõ~s mi:!acic dn f ~ t o r - szrrbientais. Cc es;lidos dc ',rito 2 sobre o tabaco e a saúde reprodutiva devem levar em conta's todas essas variáveis. Fina[men.te, grande paite das primeiras pesquisas sobre o resultado da gravidez e a saúde materno-infantil careceram da mesma sofisticação epidemiológica e atenção a variáveis múltiplas que cercaram estudos mais recentes sobre, por exemplo, a contracepção por esteróides ou o DlU, êujas constatações podem representar a diferença entre a introdução e a rejeição de um novo produto. 0 s estudos sobre a gravidez também não chegam a ser ião precisos ou concludentes como os estudos sobre o câncer do pulmão e o tabaco. Pequena também é a pesquisa procedente dos países em desenvolvimento, onde o tabaco adquire rápida popularidade. Embora o uso do fumo pareça relacionar-se corn as mesmas doenças constatadas em países desenvolvidos (179), é posslvel que outras condições e fatores de predisposição sejam muito diferentes dos existentes em países desenvolvidos, motivo pelo qual a incidência de doenças sobre fumantes também poderá diferir. Assim, a incidência mais baixa de doenças do sistema circulatório em muitas áreas em desenvolvimento poderá significar GRAVIIDEZ E PARTO Fumar durante a gravidez retarda o crescimento fetal e aumenta os riscos de aborto espontâneo, complicações da gravidez, parto prematuro e morte do feto desenvolvido e do recém-nascido. Tais constatações resultam de diversas décadas de pesquisa sobre mães fumantes e o produto da gravidez, que inclui diversos estudos de populações suficientemente grandes para que os pesquisadores identifiquem as que, por fumar, enfrentam riscos especialmente altos (v. Tabela 2). Até agora, a constatação mais evidente é a de que a probabilidade de dar 2 luz crianças com baixo peso é maior entre as mães fumantes do que entre as não fumantes. Segundo o relatório intitulado "Fumo e Saúde", dado ao público em 1979 pelo Diretor Geral de Saúde Pública dos Estados Unidos, mais de 45 estudos, envolvendo um total superior a meio-milhão de nascimentos, confirmaram que o hábito de fumar materno reduz o peso da criança ao nascer. A observação está em linha com parâmetros nacionais, raciais, sócio-econômicos e geográficos (259). \ O fato de que prole de usuárias do tabaco tenha reduzidas possibilidades de sobrevivência não é resultante de seus baixos pesos ao nascer; não obstante, o baixo peso ao nascer dessas crianças inegavelmente indica que o Fumar exerce influência sobre a gravidez e sugere a possibilidade de que os mecanismos responsáveis exerçam outros efeitos sobre o processo de gestação e, mais tarde, sobre a saúde da prole. A redução do peso ao nascer decorrente do uso do tabaco pode ser expressa quer como um decréscimo do peso médio da prole de fumantes comparada com a de mulheres não fumantes, quer como um aumento da percentagem de infantes com peso inferior a certo limite, usualmente fixado 2.500 gramas. O peso médio de infantes de mães que fumam é inferior em cerca de 200 gramas ao da prole das não fumantes, sendo maior a percentagem de crianças de mães fumantes que pesam menos de 2.500 gramas ao nascer (12, 38, 43, 46, 73, I33,146,í67,172,176,189,200,208,216,217,223,242, 283, 285). O efeito guarda relação com a dose. Quanto mais a mulher fumar durante a gravidez, maior será a possibilidade de ter uma criança com baixo peso ao POPULATION REPORTS 1 1 Tabela 2. Descrição dos Principais Estudos sobre o Uso o Fumo na Gravidez, 195 Título do Node Populaçáo Estudo Ref. Pesquisa Britânica 39, Nascimentos notificados/registrados d e Mortalidade 40 na Inglaterra, Escócia Perinatal e País de Gales, 3-9 de março de 1958, e todos os óbitos neonatais em março, abril e maio de 1958 Pesquisa d e Nascimentos d e Cardiff Método d e Compilação d e Dados Preenchimento de questionários por parteiras e médicos, no pós-parto das clientes; seguimento dos sobreviventes aos 7 e 11 anos, realizado pelo Estudo Nacional de Desenvolvimento Infantil No Inicial d e Participantes 17.204 nascimentos (cerca de 98% do total); 7.851 partos de natimortos e óbitos neonatais Período d e Estudo Informagáo Regietaada sobre o Fumar Nascimentos: 3-9 de março de 1958; óbitos neonatais: março, abril e maio de I958 Número de cigarros fumados por dia durante período anterior à gravidez e no final do quarto mês de gravidez. Número de cigarros fumados por dia durante a gravidez; "ex-fumantes" definidas como as que pararam de fumar durante a gravidez 12 Todos os nascimentos em que as mães eram residentes da cidade de Cardiff, País de Gales Mães entrevistadas no pós-parto por funcionário da Pesquisa de Nascimentos ou pela parteira Estudos d e Saúde 261, Infantil e 272, Desenvolvimento 282, Nascimentos em que as mães participavam do programa médico subsiidiado da área da Baía de São Francisco-Oakland, EUA Entrevistas ao início da gravidez e dados de registros médicos a começar de antes da gravidez; estudos de seguimento de crianças aos 5 e 1 0 anos de idade Cerca de 15.000 grávidas; cerca de 100% de participação Idade do início do uso de cigarros; número de cigarros fumados Estudo Perinatal 189 em Colaboração do Instituto Nacional de Distúrbios e Acidentes Neurológicos Amostragem de cerca de 132.000 grávidas em centros médicos universitários urbanos dos EUA, incluídos os registros de casos ulteriores #de gravidez Compilação de dados durante visitas pré-natais e antes e depois do parto; estudos de seguimento de sobreviventes aos 8 meses e 1,4, 7 e 8 anos de idade 53.180; índice de abandono de 3,3% Número de anos como fumante e número médio de cigarros fumados por dia no momento do registro Estudo de Morta- 167, [idade Perinatal 168, de Ontario 169 Todos os nascimentos ein 10 hospitais-escola de Ontario, Canadá Entrevistas com as mães depois d o parto; entrevistas com seus anestesistas e médicos 51.490; condição de fumante ou não fumante conhecida em 50.267 casos Estudo Obstétrico 37, da Marinha dos 242 EUA Partos em 44 bases navais internacionais dos EUA Informação obtida pelos médicos i entrada das grávidas na sala de parto Estudo realizado 95, pelo Instituto 223 Nacional d e Saúde e Pesquisa Médica Consuitas de clínica externa de 1 3 Iiospitais de Paris, grávidas de menos de 3 meses, com a posterior exclusão das náo nascidas na França, das que não deram i luz num dos 13 hospitais e das fumantes de um ou menos cigarros por dia Entrevistas em hospitais 14.548 (reduzido para 6.989 em 1969 devido às exclusões) Grávidas em Malmoe, Suécia Preenchimento de questionários fornecidos por ginecologistas no momento do diagnóstico da gravidez e em subsequentes visitas, resultando em cobertura compieta da gravidez 6.913; seguimento de 92,2% 283 (sem título) (sem título) 133 POPULATION REPORTS Janeiro de 1960Dezembro de 1961 Quantidade máxima fumada em qualquer estágio da gravidez, expressa em macos por dia l 0de julho de 1963 a 30 de junho de 1965 Número de cigarros gerahente fumados por dia e de cigarros fumados durante cada trimestre da gravidez Início: 1963 Fumantes antes e durante a gravidez até o momento da consulta; cigarros por dia (consumo intenso = 10 cigarros por dia) e fumantes que inalavam ou não a fumaça O questionário solicitava informar o número de cigarros fumados por dia n o momento de ser preenchido e em cada mês da gesta~ão L-I 1 triBsanBq3o do Peso ao aferno em Relaqão as Peso ao nascer, em libras (intervalos de 4 onças) *Foram consideradas fumantes as consumidoras d e 20 ou mais cigarros p a r dia durante a gravidez. Fonte: MacMahon e col. (157) nascer (46, 73, 133, 189, 223, 261). Além disso, o peso ao nascer diminui sistematicamente à medida que aumenta o número de cigarros fumados (40,46, 242). O efeito do fumar é independente de outros fatores que, sabidamente, exercem influência sobre o peso ao nascer, tais como o sexo do infante e a idade, paridade, raça, classe social e estatura da mãe (12, 38, 40, 46, 73, 146, 167, 172, 217, 223, 261). Embora o peso do infante ao nascer seja determinado por numerosos fatores genéticos, ambientais e relacionados com a gravidez, o hábito de fumar da mãe reduz o peso ao nascer, seja qual for a ação de outros fatores: fumar durante a gravidez altera toda a distribuição dos pesos ao nascer, como se constata na Figura 2. De fato, o uso .do fumo é um dos fatores mais importantes de determinação do peso ao nascer. Em análise de mais 50.000 nascimentos no Estudo de Mortalidade Perinatal de Ontário, M. B. Meyer e colaboradores constataram que o hábito de fumar das mães estava associado a uma diferenqa de peso ao nascer maior do que a resultante de qualquer um dos outros oito fatores relevantes investigados, inclusive a história de interrupçóes de gravidez, o peso antes da gravidez e a situação sócio-econômica (167). Dados procedentes do mundo em desenvolvimento agora confirmam a pesquisa realizadas em nações industrializadas. A fim de compilar melhores dados de países em desenvolvimento sobre aspectos essenciais dos cuidados de saúde materna e o produto da gravidez, o Programa de Pesquisa Internacional da Fertilidade (PPIF) aperfeiçoou um sistema internacional de Monitoria dos Serviços de Maternidade. Atualmente, esse banco de dados inclui informação sobre 150.000 partos em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Para cada parto, a informação registrada inclui o peso ao nascer, o índice de Apgar (indicador das condições do recém-nascido baseado em diversos fatores), a educação materna, o hábito de fumar da mãe e 50 outras variáveis (26). Como era de esperar, a análise preliminar efetuada por J. Fortney sobre dados de países em desenvolvimento de três continentes revela que a ocorrência de pesos inferiores a 2.500 gramas ao nascer é mais frequente entre infantes de mães fumantes do que de não fumantes. Mesmo no caso de dados são ajustados em função do grau de instrução, que é uma importante variável, constatam-se os pesos mais baixos ao nascer entre crianças das mães que mais fumam (v. Tabela 3). Contudo, os índices Apgar não revelam vinculação aparente com a intensidade do tabagismo materno. Outras variáveis e possíveis associac$es estão pendentes de análise (79). O hábito de fumar antes da gravidez não exerce efeito apreciável sobre o peso ao nascer (40, 207, 285), diferindo porém as constatações quanto ao efeito do fumar nos diferentes estágios da gestação. Embora alguns estudos sugiram que a suspensão do hábito ao início da gravidez elimina o efeito do tabaco sobre o peso ao nascer (40, 58), dados do Estudo Obstétrico da Marinha dos EUA revelam a ocorrência de menores pesos ao nascer entre infantes de mães que fumaram durante qualquer um dos trimestres de sua gravidez (242). Não se pode explicar a menor média de pesos ao nascer entre infantes de mães fumantes como o resultado de um período menor de gesta~ão. Em primeiro lugar, não é grande a redução do tempo médio de gesta+;ão decorrente do uso do fumo. Expressas como diferenca média, as cifras caicudas por C. R. Buncher no Estudo Obstétrico da Marinha dos EUA são típicas: em relação à mãe não fumante, a fumante de 20 cigarros por dia daria à luz uma menina com antecedência de 29 horas e a um menino com antecedência de 34 horas (37). É de duvidar que as diferenças do peso médio de filhos de mães fumantes e não fumantes pudessem ser causadas por diferencas tão pequenas no tempo da gestação. Em segundo lugar, entre infantes da mesma idade gestacional, o peso médio ao nascer das crianças de mães fumantes é inferior ao das crianças de mães não fumantes (12, 38, 40, 167, 216, 223) (v. Figura 3). Causas da, Baixo Peso as Nascer Monóxido de carbono. Embora os mecanismos causais pelos quais o tabaco reduz o peso ao nascer não tenham sido precisamente identificados, a explicação mais provável refere-se à privagão de oxigênio causada pelo monóxido de carbono. As grávidas, os fetos e o recém-nascidos podem ser especialmente vulneráveis à privação de oxigênio. Normalmente, o corpo produz certa quantidade de monóxido de carbono resultante da fragmentação de pigmentos da hemoglobina, embora o índice de produção endógena da grávida possa ser 50% maior do que o da não grávida (140). Ao mesmo tempo, a capacidade de transporte de oxigênio do sangue da grávida reduz-se em 20% a 30% por ser mais baixa sua concentração hemoglobina (142). É possível que essa concentração mais baixa de hemoglobina seja, após o consumo de um só cigarro, a causa de um aumento da concentração de carboxi-hemoglobina significativamente maior na grávida do que na não grávida (60). Normalmente, a concentração de carboxi-hemoglobina no feto é cerca de POPULATION REPORTS arturientes Que Têm Filhos com Tabela 3. Percentagem ito em Relação ao Fumo e Grau d e Imstruç Grau d e Instrução (em anos compileios Nenhum Hábito de Fumar Não Pouco Muito Peso ao Nascer (em gramas) 1-6 Hábito de Fumar NPo Pouco Muito Total 7-F Hábitode Fumar Não Pouco Muito Ásia em desenvolvimento' <2500 25QQ Total > América Latinaz <2500 2500 Total > Oriente Médio & África3 <xao 2 2500 Total ' Inclui Bangladesh, Filipinas, India, Paquistão e Sri Lanka. Inclui Brasil, Chile, Colômbia, EI Salvador, Honduras, México, Panamá, Uruguai e Venezueia. ' Incluem Egito, Emirados Árabes Unidos, Irã, Nigéria e Sudão. Fonte: Fortney (Programa Internacional de Pesquisa da Fertilidade) (79) 10%-15% maior do que na mãe, parecendo ser sua eliminação pelo feto mais lenta do que a eliminação pela mãe (142). P. V. Cole e colaboradores, aferindo os níveis de carboxi-hemoglobina materna durante o parto de 222 mulheres, constataram níveis médios de 1,2% entre não fumantes e de 4,1% entre fumantes. Presumiram os mesmos pesquisadores que os níveis nos fetos seriam correspondentemente mais altos do que os dos dois grupos de mulheres (41). Altos néveis de hemoglobina e de eritrócitos, indicativos da adaptação fetal a falta de oxigênio, implicam ainda mais a deficiência de oxigênio como causa do baixo peso ao nascer em infantes de mulheres que fumam. Esses altos níveis foram constatados tanto no sangue do cordão umbilical (61)como no de infantes com 48 horas de vida (87), gerados por mães fumantes. Neste último estudo, o efeito guardava relacão com a dose. Nas mães, os níveis não eram afetados pelo hábito de fumar (87). A possibilidade de que o reduzido suprimento de oxi- Figura 3. Peso Médio ao Nascer por Duração da Gestação e Hábito Materno em Relação ao Fumo, na Pesquisa Britânica de Mortalidade Perinatai Semanas completas de gestação Fonte: Butler & Alberman (38) POPULATION REPORTS gênio durante a gestação resulte em baixo peso ao nascer é apoiada por similaridades entre os pesos ac nascer de filhos de mães fumantes e de infantes gerados por mulheres que vivem em regiões muito altas. Assinala Meyer que os estudos dos nascimentos em grandes altitudes dão conta de uma alteracão descendente na distribuição geral dos pesos ao nascer - a qual indeperide da idade gestacional. Assinala também aquela cientista que o peso diminui progressivamente à medida que aumenta a altitude, da mesma forma que diminui progressivamente na medida em que aumenta o uso do tabaco (168). Em ambos os casos, o pequeno tamanho dos infantes pode representar uma adapta~.ãoque reduz o risco de morte quando é escasso o suprimento de oxigênio. O exame de placentas fornece outros elementos para a compreensão dos efeitos do tabaco sobre a gravidez. Embora os filhos de fumantes sejam menores do que os de não fumantes, suas placentas não o são; assim, o índice placentário (a razão entre o peso da placenta e L-I 3 o peso ao nascer, também conhecido como coeficienk placentário) é maior entre as fumantes (176, 271, 272). Assinala Meyer que os estudos chegam à mesma constatação em partos a grandes altitudes (168). Pode ser que um índice placentário mais elevado seja indicativo de uma adaptação para melhorar o transporte de oxigênio ao feto. Em estudo das placentas de 46.754 infantes de mães que prestaram informações sobre seus hábitos em relação ao fumo, no âmbito do Projeto Perinatai em Colaboração, realizado sob os auspícios do Instituto Nacional de Distúrbios e Acidentes Neurológicos e Foniátricos dos Estados Unidos, constatou R. L. Naeye que, em nascimentos após pelo menos 33 semanas de gestação, o peso das placentas de grandes fumantes era realmente maior do que o de pequenas fumantes e não fumantes (183). Além disso, estudos de partos a grandes altitudes e de partos de fumantes dão conta de alterações estruturais placentárias que aumentariam a capacidade de difusão de oxigênio (168). Na Fran~a,um estudo comparativo das placentas de 248 fumantes de pelo menos cinco cigarros por dia durante a gravidez e de 196 não fumantes revelou um número significativamente maior de anormalidades atribuíveis à insuficiência de oxigênio entre os casos de gravidez das fumantes. Contudo, os pesquisadores não constataram relação entre essas anormalidades e o peso ao nascer (229). Nicotina. Além do monóxido de carbono, a nicotina pode contribuir para o tamanho mais reduzido dos infantes de mães fumantes. Revelou uma comparação entre 209 infantes cujas mães mascavam fumo mas não fumavam (não ficando assim expostas ao monóxido de carbono resultante do processo de combustão) e de 1.148 infantes de não usuárias absolutas de tabaco, um evidente déficit de 100-200 gramas no peso ao nascer entre os infantes de mães que mascavam tabaco (131). Embora os efeitos da nicotina sobre a circulacão sejam complexos, é provável que a poderosa ação vasoconstritora desse agente reduza o fluxo sanguíneo placentário, o que pode ajudar a explicar os pesos mais baixos ao nascer entre a prole de mães fumantes. L. M. Hellman e colaboradores constataram que o consumo de cigarros estimulava a taquicardia fetal (pulsação cardíaca extremamente acelerada) com a mesma rapidez causada por um susto sofrido pela mãe. A rapidez dessa reação levou-os a sugerir que o fenômeno era causado por uma alteração na circulação uterina (107). Na Finlândia, um recente estudo ajuda a consubstanciar tal hipótese: 12 grávidas de boa saúde, com pelo menos 35 semanas de gestação completa, acusaram decréscimo do fluxo sanguíneo interviloso placentário imediatamente depois de fumar um cigarro. Dentro de 15 minutos o fluxo retomara ao normal (136). 0 s possíveis efeitos do monóxido de carbono e da nicotina sobre o peso ao nascer talvez estejam presentes também nos mecanismos ainda não identificados que causam o aumento de índices de complicações da gravidez, o parto prematuro e as perdas perinatais entre fumantes. Sugere uma hipótese que a tentativa de compensar a carência de oxigênio resulta em malogro ou em patologia placentária, que por sua vez produz complica- ~ õ e se perda perinatal (162, 768). É preciso pesquisar ainda mais o relacionamento entre resuitados indesejáveis da gravidez atribuíveis ao uso do fumo e o efeito de diferentes componentes do tabaco sobre o desenvolvimento placentário e fetal. êianeto. A depleção vitamínica por cianeto também pode contribuir para a redu~ãodo peso de infantes gerados por mães que fumam. No sangue e na urina de fumantes grávidas detectaram-se elevados níveis de cianeto e tiocianato (formado no processo de desintoxicação do cianeto) (200). A desintoxicação do cianeto requer maior quantidade de vitamina B i L e aminoácidos essenciais de enxofre. Assim, o processo de desintoxicação pode privar o feto desses nutrientes (149, 200). Constatou-se que OS níveis séricos de vitamina BI2 entre grávidas fumantes eram mais baixos do que entre grávidas não fumantes e, por outro lado, mediç6es de níveis de vitamina B12 efetuadas antes da vigésima semana de gravidez revelaram uma relação constante e positiva com o peso ao nascer, embora sem significância estatística (149). Outras hipóteses. Em sua maior parte, sugerem as evidências que o monóxido de carbono e a nicotina são fundamentalmente responsáveis por pesos mais baixos ao nascer. Outros fatores, tais como o aumento de peso materno e fatores constitucionais (ou de eleição) fornecem explicações muito menos satisfatórias. De acordo com alguns pesquisadores, o consumo de cigarros diminui o apetite durante a gravidez e a menor i~gestão de calorias explica o menor crescimento do feto - sugestão que é o reflexo da opinião popular de que uma grávida pode compensar o efeito do fumar se comer mais. Os cientistas apóiam essa alegação com evidgncias de que as fumantes que deram à luz infantes com baixo peso ao nascer ganharam menos peso durante a gravidez do que as não fumantes (53, 215). Além disso, estudando mais de 50.000 nascimentos no Projeto Perinatal em Colaboração, S. Garn e colaboradores constataram que os infantes de fumantes obesas eram, em média, realmente mais pesados que os de todas a não fumantes. Contudo, os autores não compararam os infantes de fumantes obesas com os de não fumantes obesas (83, 84). Outras pesquisas contradizem a hipótese da nutrição. Em certos estudos, não se constataram diferenças apreciáveis no aumento de peso materno entre fumantes e não fumantes (62, 156, 164, 241). No Estudo de Mortalidade Perinatal de Ontário, Meyer dividiu todas as fumantes em grupos segundo o aumento de peso materno, por diferencas de cinco libras; em cada grupo, as fumantes deram à luz infantes com peso inferior a 2.500 gramas em maior percentagem do que as não fumantes (v. Figura 4) (164). Assinala a pesquisadora que, nos últimos estágios da gravidez, proporção cada vez maior de aumento de peso é devida ao crescimento do feto, em contraposição ao ganho de peso por adição tissular materna. Assim, O fumar retarda o ganho de peso do feto, o que se reflete por sua vez em menor ganho de peso materno. "A mãe ganha menos peso no fim da gravidez porque o feto ganha menos peso, e não ao contrário" (164). POPUEATION REPORTS Figure 4. Percentagem de Casos de Peso Baixo ao Nascer (<2.500 Gramas) por NÉvel da, Hábito e B-umarMaterno, eso Materno, PPOEstu a Não fumantes <I carteiraMia 1+ carteiraldia Agrupamento por ganho de peso materno, em libras * Nascidos vivos a partir de 36 semanas de gestação, de pacientes em hospitais públicos. Fonte: Meyer (164) Dados do Projeto Perinatal em Colaborayão consubstanciam essa observar,ão, especialmente no tocante a fumantes de 20 ou menos cigarros por dia. Seu menor ganho de peso - em média, 90 gramas inferior ao das fumantes - deveu-se inteiramente ao menor peso de seus infantes. No caso das que fumam mais intensamente, cujo ganho médio de peso foi 533 gramas inferior ao das não fumantes, cerca de um ter;o do déficit, vale dizer, 150-200 gramas, deveu-se ao menor tamanho do recémnascido (183). As proporções corporais de infantes com baixo peso ao nascer gerados por mães fumantes não se assemelham às de infantes gerados por mães com deficiências nutricionais. Entre os infantes de mães que fumam, em comparação com os de não fumantes, maior é a poobabilidade de que a estatura medida, do alto da cabelça ao calcanhar, seja anormalmente baixa, em contraste com o "infante delgado e alongado" da parturiente subnutrida (172). Logo, a preponderância das evidências contradiz a crença geral de que comer mais compensará os efeitos do fumar. Tem-se invocado também o argumento da eleição pessoal no estudo da relação entre o tabaco e o peso ao nascer, afirmando seus proponentes que o baixo peso ao nascer é devido à constituição da fumante, mais do que ao fumar por si só (109, 282). Contudo, constatações de pesquisas sobre o peso ao nascer e o tabaco militam contra explicacões que envolvem características inatas da fumante. Estudos em grande escala constataram sistematicamente um efeito relacionado ao tabaco em subgrupos que sabidamente geravam infantes com baixo peso ao nascer, e em várias culturas e diferentes países. Relatórios que sistematicamente dão conta de uma relação entre dose e resposta também langarn dúvidas sobre o argumento da seleção pessoal, já que uma predisposição constitucional só poderia explicar tal fenômeno se o grau de vontade de fumar inerente e o grau de retardo do crescimento fetal guardassem relação linear (86). Outro problema está em que o argumento da eleição pessoal não propõe um mecanismo causal capaz de ser testado: as características invocadas para diferenciar as POPULATION REPORTS fumantes das não fumantes são variáveis behaviorísticas e de personalidade tão gerais que não podem ser especificadas e, consequentemenite, testadas (93). Em contraste, os pesquisadores que citam agentes causais específicos no tabaco podem vincular sua pesquisa a uma crescente literatura de estudos clínicos e de laboratório. O melhor teste de qualquer hipótese de eleição pessoal consiste em fazer com que os casos sirvam como seus próprios controles. Naeye, em recente estudo de 2.100 novos casos de gravidez nas mesmas mulheres, revelou que as fumantes, durante uma gravidez mas não durante outra, produziam filhos menores em resultado da gestação em que haviam fumado. Essa diferença ocorria independentemente de outros oito fatores que, segundo se sabe, estão associados a diferenças de peso fetal, entre os quais a ordem do nascimento, o sexo da cria~qça,O peso do corpo antes da gravidez e a situação sócioeconômica no intervalo entre uma e outra gravidez (183). Por ser critico para a capacidade de sobrevivência do feto o fator da maturidade de seu desenvolvimento, é importante que a gestaçiio se prolongue por tempo ótimo. Fumar durante a gravidez abrevia o periodo gestacional, embora não o faça uniformemente de uma gravidez a outra. Conquanto essa reduqão do tempo de gestação exerça efeito apenas leve sobre as médias gerais, ocorre um discernível aumento, por uso do tabaco, na percentagem de infantes gestacionalmente prematuros (12, 38, 73, 167, 283) (v. Figura 5). Assim, demonstram os dados de um estudo realizado em 1970-71 em Qukbec, no qual foram registrados os períodos de gravidez e os hábitos de fumar de mais de 6.000 mulheres, que em 16,5% das fumantes, em comparação com 12,2% das não fumantes, o nascimento ocorreu antes de completadas 38 semanas de gesração (73). Relataram J. Andrews e J. M. MçGarry que, dos casos de gravidez resultantes em nascimentos vivos, 9,2% das fumantes tiveram partos espontâneos antes de completadas 37 semanas de gravidez, contra 6,7% das não fumantes, situando-se as ex-fumantes em posição intermediária equivalente a 7,5%, numa distrib u i ~ ã oestatisticamente significante (12). início da gravidez, as fumantes revelaram um índice de prematuridade de 33,7 por mil, contra 25,O por mil entre as não fumantes (75). Complicaqões da Gravidez , Associa-se o fumar a complicações de gravidez e do parto. Incluem-se entre as complicaçõs o rompimento prematuro de membranas, a hemorragia durante a gravidez, placenta prévia (placenta cujo desenvolvimento no útero foi de anterioridade tal que existe contato ou cobertura de parte do canal proximal do colo uterino) e abruptio placentae (a separação prematura da placenta). O rompimento prematuro de membranas pode trazer sérias complica~õessob a forma de parto prematuro e infecção intra-uterina. Este último problema pode resultar em choque séptico fatal para a mãe e em doença do feto, como a pneumonia congenita, por exemplo (24). A hemorragia, risco óbvio para a gravida, está também Semanas de gestação Fonte: Meyer (162) Meyer e colaboradores constataram urna relação de dose e resposta entre a intensidade do fumar e o número de gestações inferiores a 38 semanas. De acordo com sua classificação, o uso do fumo classificava-se em terceiro lugar entre os nove fatores associados ao período abrevido de gestação, superado apenas por uma história de perdas da gravidez e pela condiyão sócio-econômica de pacientes jndicada pe!a utilização de hospitais privados em contraposi@o a hospitais públicos (167). Num estudo de 4.183 nascimentos nos EUA não foi encontrada relação coerente entre dose e resposta, embora os efeitos do fumar sobre o período de gestação se tenham revelado mais pronunciados entre mulheres negras. Dos infantes de mulheres negras não fumantes, 13,3% eram produtos de menos de 37 semanas de gesra@o, contra 24,5% de infantes de negras fumantes de 20 ou mais cigarros por dia. Entre as mulheres brancas, 4,4% das não fumantes geraram infantes com menos de 37 semanas de gestação, contra 6,6% de fumantes de 30 ou mais cigarros por dia (146). 0 peso materno não parece alterar os efeitos do fumar sobre a duração de gestação. De acordo com o relatório d o Estudo Britânico de Mortalidade Perinatal, o exame de 271 nascimentos espontâneos com gestação inferior a 37 semanas revelou que as fumantes de todos os grupos de peso materno acusaram índices de partos espontâneos prematuros mais altos do que as não fumantes. Por exemplo: entre mulheres com peso inferior a 50,8 kg ao associada a índices mais altos de mortalidade perinatal: a hemorragia da última metade da gravidez, que ocorre em 3% de todos os partos nos Estados Unidos, é responsável por um quarto a um ter.;o ou mais de perdas perinatais (108). A incidência de hemorragia entre fumantes durante a gravidez é de 25% a 50% mais alta do que entre as não fumantes (12, 146, 261). No estudo de Cardiff, esse efeito era independente da paridade (12). A fonte mais comum de hemorragia na última parte da gravidez é a área da placenta, e é muitas vezes causada por placenta prévia ou abruptio placentae (94, 108). Essa complicações placentárias ameaçam seriamente as sobrevivência perinatal e a saúde materna. No Estudo de Mortalidade Perinatal de Ontário, os índices de mortalidade situaram-se em 26:1.000 para todos os nascimentos, mas se elevaram bruscamente para 109:1000 em casos de placenta prévia e 266:1000 em casos de abruptio placentae (167). O tratamento de placenta prévia pode exigir que a grávida se submeta a secção cesariana e a transfusões. Nos Estados Unilos, os uso dessas técnicas desde o final da década de 1920 reduziu acentuadamente a mortalidade materna por placenta prévia (203). A abruptio placentae resulta tipicamente em choque materno. Em diversos casos é preciso administrar imediatamente grandes quantidades de sangue integral para salvar a vida da mãe (108, 203). A ocorrência de placenta prévia e de abruptio placentae é mais provável em grandes multíparas (108). Em muitas áreas em desenvolvimento com grande proporção de grandes multíparas e sem disponsibilidade imediata de facilidades ótimas de tratamento obstétrico de emergência, tais complica~õespodem ser mais frequentes e representam, para a saúde materna e a sobrevivência do infante, perigo maior do que nos países industrializados. A análise mais detalhada das associações entre o fumar e as complicações da gravidez é proporcionada pelo Estudo de Mortalidade Perinatal de Ontário. Constataram os pesquisadores que as fumantes sofriam risco maior de complicações placentárias, o qual aumentava com a intensidade do hábito. Expresso como aumento mediano, o risco das que fumavam menos de 20 cigarros por dia POPULATION REPORTS , era superior em 28% ao das não fumantes, e o risco das que fumavam ainda mais era 85% mais alto do que o das não fumantes (157). O risco de complicações placentárias das fumantes acentuava-se ainda mais nos casos de partos ocorridos em fases prematuras da gestação, já que essa ocorrência é mais provável entre as fumantes. A mesma tendência foi observada em relação ao rompimento prematuro de membranas. Entre os partos de gestação inferior a 34 semanas, o risco de rompimento prematuro corrido pelas fumantes era três vezes maior do que o das não fumantes (168). Constatação razoavelmente uniforme na pesquisa sobre o tabaco e as complicações da gravidez é a de ser a incidência de toxemia entre fumantes mais baixa do que entre não fumantes (12, 38, 133, 217). Na pesquisa de Cardiff, 4.1% das fumantes revelaram sinais de toxemia pré-eclâmptica leve a moderada (toxemia da gravidez avançada, caracterizada por hipertensão, albuminúria e edema), contra 5,8% das não fumantes (12). í possível que o agente causal na fumaça do tabaco seja o cianeto, que, ao se metabolizar em tiocianato, baixa a pressão do sangue (12, 62). Apesar desse efeito aparentemente benéfico, ocorrendo pré-eclâmpsia ou hipertensão na fumante, o risco de morte perinatai de seu infante é decididamente maior (12, 62, 217). Dados sobre casos de pré-eclâmpsia entre 2.500 mulheres escocesas primíparas revelaram um índice de mortalidade perinatal de 21,7% para mães fumantes, em flagrante contraste com os índice de mortalidade de 8,5% nos partos de não fumantes pré- eclâmpticas. A pré-eclâmpsia foi diagnosticada em cerca de 2,4% de 939 fumantes e em 5,2% de 1.6114 não fumantes (62). Aborto Espontâneo 8 uso do tabaco durante a gravidez pode aumentar a incidência de aborto espontâneo (111, 114, 129, 133, 211, 223, 241). Em Nova York, recente estudo de comparagão de casos sobre as fumantes e oi aborto espontâneo, abrangendo 574. mulheres que abortaram espontaneamente e 320 controles, estimou que o risco de aborto espontheo entre as fumantes durante a gravidez era 80% superior ao das náo fumantes - diferença estatisticamente significante (129). Sugere o reexame dos dados que o risco guarda relação com a dose e é mais baixo entre mulheres da faixa etária de 27-31 anos de que entre as das faixas de 18-26 e 32-40 anos, embora a diferenga só fosse estatisticamente importante no grupo menor de 27 anos (150). Destaca-se a pesquisa de Nova York especialmente por ter sido realizada após a legalização do aborto naquele estado. Assim, mínima era a possibilidade de que os abortos induzidos fossem notificados como espontâneos, problema que não poderia ter sido excluído de outros estudos (133, 223). Na Suécia, constataram Kullander e Kailén que, do quarto ao &imo mês de gravidez, aumentava a proporção de abortos entre fumantes (133). !%geriu-se que as causas subjacentes desses abortos tardios laoderiam ser as mesmas que provocam inortalidade pwinatal por compiica@es placentárias. Isso contrasta com as anomalias fetais, causas típicas de grande percentagem de abortos espontâneos na gestaqão mais prematura (1). Em 1975, apenas 60% das mdheres dos EUA sabiam que fumar era prejudicial ao feto. 0 objetivo deste cartaz da Sociedade Americana do Câncer é ampliar a consciência a respeito dos riscos d o cigarro durante a gravidez. (Sociedade Americana d o Câncer) POPULATION REPORTÇ Entende-se por mortalidade perinatal tanto os partos de natimortos como os óbitos de recém-nascidos. Em geral, a expressão define as mortes fetais a 20 semanas ou mais de gestação e os óbitos neonatais na primeira semana após o parto. Tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, revelam os estudos que o risco de mortalidade perinatal do produto de mulheres fumantes é maior do que o das não fumantes. Essa mortalidade incluiria não só os abortos espontâneos após o quinto mês de gravidez, já citados, e os óbitos resultantes de complicações específicas da gravidez e do parto, corno também as numerosas mortes perinatais cujas causas não são exatamente conhecidas. É importante mencionar que, segundo constatagões da pesquisa em paiseç desenvolvidos, Fatores tais como a anemia, a alta paridade e a baixa condição sócio-econDmica, por si sós associados com um alto risco de morte perinaial, oferecem riscos ainda maiores se combinados com o uso do tabaco. âises Desenvolvidas Ao contrário de seu efeito sobre o peso ao nascer, o efeito do tabagismo materno sobre a mortalidade perinatal não se faz sentir igualmente entre todas as popu~ õ e sde parturientes; tal efeito acresce, isso sim, ao risco que as mais vulneráveis já correm por outras razões. Provavelmente, as diferenças do efeito do fumar sobre distintos grupos de mulheres são o motivo principal que impede os pesquisadores de obter resultados mais similares em seus estudos sobre o uso do tabaco durante a gravidez e seus efeitos sobre a mortalidade perinatal. Revisões da literatura sobre o fumo e a mortalidade perinatal evidenciam (169, 201, 259) que certos estudos não padronizam os seus dados em função de outros fatores de importância, podendo assim diferir em suas conciusões sobre o efeito do fumar. A Tabela 4 resume o5 resultados de importantes estudos selecionados em países desenvolvidos sobre o uso do fumo durante a gravidez e os óbitos perinatais, independentemente de outros fatores de risco. Em contraste, a Tabela 5 desdobra os riscos associados a importantes características de subgrupos e revela o impacto do fumar em subgrupos especlficos. Nos casos em que os pesquisadores, colocando de lado as diferenças entre subgrupos, estimaram maior risco médio para as fumantes, sua proporção oscila entre 24% e 43% (40, 43, 73, 216). Comparando o impacto do uso de fumo com o de sete outros fatores vinculados à mortalidade perinatal, Meyer e colaboradores classificaram o uso do tabaco em quarto lugar, superado por: (I) história de perda da gravidez, (2) condição de paciente de hospital privado em comparação com hospital público (mantido pelo governo) como indicador de classe social, e (3) os fatores combinados de idade e paridade (167). Os dados sobre o uso do fumo e a mortaiidade perinatal deixam ver uma clara relagão entre dose e resposta (12, 46, 101, 169, 189, 223). Na investigação de Meyer e colaboradores sobre o efeito exercido por diferentes quantidades de tabaco, ao mesmo tempo que controiavam sete outros fatores que afetavam a mortalidade perinatal, o risco de morte perinatal, comparado com o da prole de não fumantes, era superior em 20% em relaqão 2s que fumavam menos de uma carteira (20 cigarros) por dia, mas subia a uma proporção superior a 35% em relação As que fumavam maior quantidade (167). Aferam a mortalidade perinatal os seguintes fatores principais: resultados de gestações anteriores, com história de morte fetal associada a maior risco (249); idade materna, com maiores perdas entre menores de 25 e maiores de 29 anos (249); paridade, com maior perigo para partos iniciais e partos de grandes multíparas do que para segundos partos (166, 249); classe social, com maior mortalidade e à medida que baixa a condicão sócioeconomica (38); e baixo indice de hemoglobina materna, L-I 8 encontrado com mais frequência em grupos mais idosos e de mais paridade e em classes sociais mais baixas (38). Considerados esses e outros fatores que afetam o risco de mortalidade perinatal é possível identificar as mulheres que, por serem usuárias do tabaco, correm o maior risco de perder seus infantes. Nos Estados Unidos, por exemplo, entre brancas da camada sócio-econômica mais alta, fumantes moderadas e em idade ótima de procriação e paridade, os efeitos do tabaco são quase impossíveis de demonstrar (169); contudo, entre mulheres negras, de padrão de vida mais baixo, o índice de mortalidade perinatal da prole de fumantes pode chegar a ser 86% mais alto do que o da prole de não fumantes (216). O hábito de fumar materno aumenta de 70% a 300% o risco de mortalidade perinatal entre os infantes de mães das camadas sócio-economicas mais baixas, grandes multíparas ou com história de partos de crianças com baixo peso ao nascer (169). A menor probabilidade de sobrevivência de produtos de mães fumantes acentua-se especialmente entre mulheres anêmicas: o risco de morte perinatal virtualmente duplica em relação aos infantes de anêmicas fumantes de 20 ou mais cigarros por dia (169). A anemia severa (definida como uma proporção de oito gramas de hemoglobina ou menos por 100 m l de sangue venoso) pode chegar a triplicar o risco de mortalidade perinatai causado pelo fumar (169). A gestante que fuma pode agravar de diversas maneiras os efeitos da anemia sobre a gravidez. No estudo de T. F. B. Dow e colaboradores sobre o aumento de carboxi-hemoglobina em resposta ao consumo de cigarros entre grávidas e não grávidas, o risco maior nas grávidas era ainda mais pronunciado em casos de anemia (60). A deplegão de reservas de vitamina B I 2 devida ao fumar durante a grávidez (150) também pode agravar uma cond~çãoanêmica e, portanto, seu efeito sobre o bemestar do feto. Um estudo de grávidas urbanas realizado nos EUA detectou uma acumulação de chumbo perceptivelmente mais alta em mães fumantes e em seus fetos. Esse aumento de nível reduzia a atividade da enzima que ajuda os eritrócitos a produzir hemoglobina. Contudo, os pesquisadores não encontraram correlação entre níveis de chumbo e anemia (132). A compreensão dos mecanismos ou processos biológicos que causam o excesso de mortalidade entre produtos de fumantes não 6 completa. Sugerem as causas atribuídas à morte fetal e neonatal que a perda perinatal associada ao uso do tabaco resulta menos de anomalias do próprio feto do que de problemas durante a gravidez. O estudo comunitário de Cardiff constatou, em relação aos óbitos neonatais de produtos de mães fumantes, maior assoc i a ~ ,crlm ~ pneumonia, síndrome de dificuldade respiratória e imaturidade, e menor associação com malformações congênitas, do que entre os recém-nascidos de não fumantes (12). No Estudo de Mortalidade Perinatal de Ontário, as principais causas de morte fetal na gravidez de fumantes correspondiam às classificações "desconhecida" a "anoxia" (deficiência de oxígênío); embora normais, os fetos'iinham moriido. Entre as causas de POPULATION REPORTS ade Perimatal e Tabagismo na Gravidez, Estudos Selecionados de Partos Simpies, 7967-1 Coeficientes Autor & Data Andrews & McCarry 1972 Participantes Ref. 12 No de Fumantes Fumantes Ri0 de Mortalidade Perinatal do indice (Fumantes1 (por 1000) Fumantes Não Fumantes Não Fumantes) Pesquisa de Nascimentos de Cardiff; partos de residentes em Cardiff, País de Cales, 1965-68 Butler e col. 1972 40 Nascimentos na Inglaterra, Escócia e País de Gales, 3-9 de março, e total de óbitos neonatais em março, abril e maio de 1958 Comstock e col. 1971 43 Registro de nascimentos e óbitos do Condado de Washington, Maryland, EUA, 1953-1963 Cope e col. 1973 46 Partos em hospitais públicos e particulares de Sydney, Austrália, sete,mbro de 1969dezembro de 1970 Fabria 1973 73 Amostra de 10% de certidões de nasci.mento em Québec, Canadá, 1970-71 Coujard e col. 1975 95 Partos em 13 maternidades de Paris, 1963-192 Kullander & Kalién 1971 133 Estudo prospectivo de grávidas em Malmoe, Suécia, 1963-64 Meyer e col. 1974 I69 Estudo de Mortalidade Perinatal de Ontario, partos não subsidiados e subsidiados pelo Governo, 10 hospitaisescola de Ontario, Canada, 1960-61 Niswander & Gordon 1972 I89 Estudo prospectivo de grávidas admitidas em clínicas de 14 hospitais dos EUA entre janeiro de 1959 e dezembro de 1965 Rantakallio 1969 299 Todos os nascidos vivos e natimortos em Oulu e na Lapônia, Finlândia, pesando 2 600g Rush & Kass 1972 21 6 Clientes da Clínica Pré-Natal do Hospital da Cidade de Boston, EUA, 1961-62 Underwood e col. 1967 242 Parturientes em 44 bases navais internacionais dos EUA Yeryshalmi 1972 282 Estudos sobre Saúde e Desenvolvimento Infantil: estudo prospectivo de grávidas no âmbito do programa médico subsidiado em São FranciscoIBaía de Oakland, 1960-62 "alvo indicação em contrário, os autores não comentam a significância estatística. 0,001). Estatisticamente significante (p " Somente óbitos neonatais. Sem significância estatística. ' Indices limitados a natimortos. Estatisticamente significante (p = 0,0001). 4 Considerados separadamente, os riscos de antes do nascimento, durante o nascimento e durante a primeira semana pós-natal não apresentaram significância estatística. < ' POPULATION REPORTS L-I 9 nah8 e Tabagismo na Autor & Data utler & Allberman Mortalidade Perinatal (1000) Coeficiente de índice Fumantes Não Fumantes (FumantesINáo Fumantes) Ref. Ode 38 Classe2 classes sociais I & I1 classe social 111 classes sociais !V & V Dosagem3 fumam moderadamente fumam muito Meyer e col. 1974; Meyer 1979 165, 169 idade e Dosagem4 menores de 20, moderada muito 20-24, moderada muito 25-34, moderada muito 35 e mais, moderada muito Paridade e Dosagem4 0, moderada muito 1, moderada muíto 2-3, moderada muito 4+, moderada muito Categoria de Dosagem4 Paciente Particular moderada muito Paciente de Hospital Público moderada muito Hernoglobina e Dosagem4 + i? gldl moderada muito Niswander & Gordon 1972 189 Raça e Dosagems branca, moderada muito negra, moderada muito Rush & Kass 1972 216 Rap branca negra Veayshãlmy 1972 282 Raça branca negra ' A Tabela 3 contém maiores informações sobre cada estudo A classe social I é a mais alta. ' 10 ou menos cigarros por dia ou mais de 70 cigarros por dia. 'Menos de 20 cigarros por dia ou 20 ou mais cigarros por dia. Menos de 20 cigarros por dia e fumantes ocasionais ou 20 ou mais cigarros por dia. Somente óbitos neonatais. morte neonatal, as mais importantes eram "prematuridade simples" e "dificuldade respiratória" - sinais d e q u e uma criança normal nascera c e d o demais (368). A gravidez muito curta p o d e ser a principal causa d e morte perinatal. Já q u e a maturidade gestacional é crítica L-20 na determinação d a viabilidade perinatal, qualquer fator q u e antecipe o parto - tal c o m o 0 fumar - também aumentará o risco d e morte. Examinando o risco d e morte perinatal por duração d a gestação, constataram Meyer e j. A. Tonascia q u e a gravidez das fumantes revelava alta susceptibilidade à perda nas primeiras semanas; a dife- POPULATION REPORTS / Figura 6. Probabilidade de Morte Perinatal na Gravidez de Fumantes e Nâo Fumantes, por Duração da Gestação, no Estudo de Mortalidade Perinatal de Ontario i P 20 24 28 32 36 40 42+ Semanas de gestagáo Nota: Probabilidades gerais de morte perinatal: fumantes, 2,9% (6'24 óbitos em 21.465 nascirnenios), e não fumantes, 2,3% (634 óbitos em 27.420 nascimentos). Fonte: Meyer & Tonascia (168) rença relativa reduzia-se gradualmente de um risco de morte duas vezes maior com 20 semanas de gestação até uma diferença inapreciável a partir das 38 semanas (168). A Figura 6 ilustra a probabilidade de perda perinatal na gravidez de fumantes e não fumantes, usando uma população inicial de todos os casos de gravidez in utero com 20 semanas de gestação. Embora o peso ao nascer seja frequentemente usado como indicador prático de maturidade (2241, o menor peso ao nascer entre a prole de fumantes é sinal e não causa de problemas. Por si só, o baixo peso ao nascer não explica os índices mais elevados de mortalidade perinatal entre os infantes de fumantes. De fato, em comparações de índices de mortalidade limitados a produtos com peso inferior a 2.500 gramas, os gerados por mães fumantes sobrevivem melhor (12, 242, 283). Deve-se em parte esse paradoxo ao fato de estar a comparaçao confinada a recém-nascidos com peso deficiente. Provavelmente, a criança nascida com baixo peso, de mãe não fumante, será pequena em razão de encurtamento do período de gestação, o que pode tornar extremamente difícil a sobrevivência, ao passo que é mais provável que o producto com baixo peso nascido de mãe fumante seja gestacionalmente maduro (166, 269). Isso ocorre mesmo que, examinando todos os nascimentos, a percentagem de imaturos seja maior entre crianças de fumantes do que não fumantes. Logo, a regra prática segundo a qual quanto menos pesar um infante, maior será seu risco de mortalidade, não pode ser aplicada em comparações tais como as de proles de fumantes e não fumantes, que envolvem grupos com diferentes riscos de mortalidade perinatal (166). Provável explicação do relacionamento entre o peso ao nascer e a mortalidade periPOPULATION REPORTS natal está em que algumas de suas causas - em particular, talvez, a deficiência de oxigênio - possam ser idênticas. A hipótese da deficiência de oxigênio é apoiada por observações de índices de morralidade perinatal mais elevados em grandes altitudes, onde o oxigênio é escasso (96, 158). As complicações da gravidez também paracem desempenhar seu papel na mortalidade perinatal relacionada com o tabaco. Entre mães fumantes constatou-se que a proporção de mortes perinatais envolvendo cada uma das complicações da gravidez associadas ao tabagismo era significativamente maior do que entre as não fumantes. No estudo de Cardiff, ocorreu hemorragia anteparto resultante em parto de natimorto em 0,11% do total de partos de não fumantes, contra 0,39% de partos de fumantes (12). Kullander e Kalién constataram abruptio placentae em 12 de 62 óbitos neonatais (19%) em relação a mães fumantes, contra apenas 2 de 58 óbitos (3%) em r e l a ~ ã oa mães não fumantes, diferenca que reveste importância estatística (133). Na França, os pesquisadores também estudaram casos de abruptio placentae resultantes em 13 partos de natimortos, constatando que 46% das mães eram fumantes, contra apenas 12% de 9.069 mulheres que tiveram filhos vivos (95). Revelam os dados do Estudo de Mortalidade PerinataE de Ontário um perfil inesperadamente alto de rompimento prematuro de membranas, hemorragia anteparto, placenta prévia e abruptio piracenfae entre óbitos fetais e neonatais da prole de mães fumantes (168). Do total de óbitos perinatais, cerca de 10% foram atribuídos ao tabagismo da mãe, sendo as complicações placentárias e a hemorragia anteparto responsáveis por um terco a metade de todos os óbitos (167). aiçes em Desenvollviments Sugerem as pesquisas em países industrializados que, nos países em desenvolvimento, o risco de mortalidade perinatal associado ao fumar durante a gravidez de rnull.reaes anêmicas, mais idosas e grandes multíparas é rehativamente maior. Tais características são comum entre parturientes de países em desenvolvimento. Logo, a incidência de mortalidade perinatal entre fumantes durante a gravidez poderia ser, em certas partes do munda em desenvolvimento, muito maior do que em países desenvolvidos. Contudo, mínima é a evidência direta fornecida pelos países em desenvolvimento a respeito dos efeitos do fumar sobre a gravidez. Na maioria dos países, seu impacto potencial só pode ser deduzido indiretamente com base na prevalência de fatores de riscos çabidamente presentes entre a população. Informações procedentes da Asia Meridional, entre as quais se incluem dados da FIPF, confirmam ser o impacto do tabagismo sobre o risco de mortalidade perinatal realmente maior em países em desenvolvimento do que em nações industrializadas. Em Daca, Eangladesh, entre mulheres carentes de instrução formal, os índices de mortalidade perinatal eram mais de duas vezes maiores em relação as fumantes (270 por 1000) do que em relação i s não fumantes (133 por 1000). Da mesma forma, entre as mulheres carentes de atendimento prénatal, os índices de mortalidade perinatal eram de duas vezes Com alguma instruçáo Sem [email protected] Total Algum tratamento pré-natal Nenhum tratamento Não fumantes 78,9 (507) 133,3 (300) 99,l (807) 53,6 (261) 121,8 (550) Fumantes 285,7 (7) Total 81,7 (514) 270,O (100) 167,5 (400) 271,O (107) 119,2 (914) 400,O (1O) 66,4 (271) 250,O (100) 141,5 (650) Nota: Todas as diferenças têm significância estatística (p < 0,011, exceto as entre fumantes com alguma ou nenhuma instrução e fumantes com algum ou nenhum tratamento pré-natal. Média de anos de escolaridade: 5,6 para não fumantes, 0,3 para fumantes. Número médio de consuitas pré-natais: 1,6 para não fumantes, 1,2 para fumantes. Fonte: Begum & Fortney, International Fertility Research Program (23) superiores em relacão às fumantes (250 por 1000) do que em relação às não fumantes (122 por 1000) (23) (V. Tabela 6 ) . Em sua maioria, as fumantes consumiam diariamente de ? a 10 cigarros de fumo forte de produção local, enrolados à mão. O nível médio de hemoglobina das fumantes, 94% das quais careciam de instrucão, era de 8,6 gramas por 100 ml, contra 9,6 entre as não fumantes - níveis que classificariam ambos os grupos femininos como anêmicos (79). Embora não conciudentes, sugerem os dados da FIPF que, para a mulher pobre com alto índice de anemia, fumar até mesmo moderadamente produtos locais pode exercer impacto mais adverso sobre a mortalidade perinatal do que os estudos em países desenvolvidos poderiam prever. Na população de Daca, 25% das mulheres carentes de educaqão eram fumantes. Na fndia, o hábito de mascar tabaco era muito mais prevalente do que o fumar, entre grávidas participantes de um estudo realizado numa maternidade de Maharashtra. As duas classes sociais mais altas, entre as quais o hábito era totalmente inexistente, constitulram a exceção. Em relação ãs grávidas que mascavam tabaco, o índice de partos de natimortos era de 50 por 1000 nascimentos, contra 17,1 por 1000 nascimentos entre as que não o faziam (131). Em seu relatório sobre indices de partos de natimortos, o estudo não se valeu de controles por classe social. Contudo, mesmo que todas as mu!heres de classe mais alta e não praticantes do hábito fossem eliminadas dos cálculos de índices, ainda assim o índice de partos de natimortos entre as mascadoras de tabaco seria mais de 2,5 vezes maior do que entre as demais. Logo, os dados até agora disponíveis sugerem que o uso do tabaco pode ocasionar índices mais altos de mortalidade perinatal em países em desenvolvimento, devido à prevalência de outros fatores de risco. E possível que a anemia se destaque entre as considerações mais importantes. Como já foi observado, a anemia virtualmente duplica o risco de morte perinatal de infantes de consumidoras de 20 ou mais cigarros por dia (169). Embora sejam escassos os dados referentes à distribuição das diversas anemias da nutriqão, a alta prevalência de anemia e deficiência de ferro entre grávidas nos países em desenvolvimenta 6 amplamente reconhecida. Assim, demonstraram dados da FIPF para 1976 e 1977 que, em Ibadã, das mulheres hospitalizadas para fins de parto, 45% tinham níveis de hemoglobina de 10 gramas ou menos por 100 m l de sangue (26). Em sete países da América Latina, revelou um estudo da anemia nutricional e da deficiência de ferro entre gestantes no último trimestre de gravidez que 38,5% tinham níveis de hemoglobina inferiores a 11 gramas por 100 m l de sangue, padrão de anemia estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (44). A anemias causada ou agravada por distúrbios tais como a ancilostomíase ou a rnaiária também pode interagir com o fumar. f possível que certas deficiências vitamínicas também tenham importantes implicações para os efeitos do tabaco sobre a saúde na gravidez. O fumar durante a gravidez reduz os níveis de vitamina 612 e C (150, 220). Por seu turno, isso pude afetar a saúde tissular. Há necessidade de mais pesquisas para determinar se o efeito do fumo sobre os níveis vitamínicos reduz a qualidade e o vigor dos tecidos do trato reprodutivo materno, requeridos para um parto sadio (259). Por ser a vitamina Ei2 em particular geralmente encontrada somente na carne e nos lacticínios, é possível que os efeitos do tabaco sejam mais severos onde haja escassez de fontes dessa vitamina. O fumar acresce especialmente ao risco de morte perinatal na gravidez da mulher mais idosa e da mãe de três ou mais filhos. Revelam dados procedentes de Québec que, para uma grande multípara, o risco do fumar é dois terços maior do que entre não fumantes comparáveis (73). Dada a alta prevalência de partos entre grandes multíparas mais idosas nos países em desenvolvimento, tais fatores também poderiam representar um risco maior de perda perinatal. Em diversos países em desenvolvimento, o uso do tabaco é mais comum entre mulheres mais idosas (1, 22, 161, 1701, talvez porque a idade e a maternidade Ihes confiram maior autonomia. Nessas culturas, as mulheres com mais probabilidade de ser usuárias de tabaco pertenceriam assim ao grupo cuja gravidez seria grandemente ameaçada pelo fumar. Em países em desenvolvimento, quando da avaliação dos perigos do fumo para a gravidez, também é preciso levar em conta os limites dos sistemas de serviços de saúde: o atendimento obstétrico e pediátrico menos do que ótimo reduz ainda mais a margem de proteção contra a mortalidade perinatal (9, 40). Em muitas áreas do mundo em desenvolvimento, as facilidades obstétricas e pediátricas estão sobrecarregadas ou carecem da tecnologia necessária para salvar infantes prematuros. Muitas vezes também falta o atendimento pré-natal, importante para evitar óbitos perinatais por toxemia materna (38). Como já foi assinalado, a mãe fumante com gravidez complicada por toxemia corre maior perigo de perder seu filho d o que a mãe toxêmica não fumante. Em casos de complicações placentárias, mais freqùentes em fumantes do que em não fumantes, tanto a vida da mulher como a de seu filho correm perigo e sua probabilidade de perda é POPULATION REPORTS maior se não houver disponibilidade de atendimento especializado e facilidades médicas. A SAÚDE E DESENVOLVIMENTO DA CRIANGA Para o infante, as conseqüências de saúde do tabagismo dos pais podem ir além dos efei~osdo fumar materno sobre o resultado da gravidez. O leite de mães fumantes, a prolongada exposição à fumaça do tabaco no lar e os efeitos latentes ou retardados da exposição durante a gestação podem afetar adversamente a saúde de filhos de fumantes. Se os pais fumam, é mais provável que a criança adote o hábito ainda jovem. Embora não tenha sido estabelecida uma relação de causa e efeito entre o fumar durante a gravidez e as malformações congênitas, sugerem evidências fragmentárias que bem poderá ser útil prosseguir no estudo do assunto. Uma indicação de anormalidade físicas provêm da pesquisa de laboratório realizada na Dinamarca por I. Asmussen, que estudou os tecidos de artérias umbilicais e veias de infantes de mulheres fumantes e não fumantes. Suas investigações revelam severa lesão vascular em espécimes de fumantes, sugerindo alterações similares nos vasos sanguíneos de recém-nascidos (16, 17). As paredes internas das artérias umbilicais de fumantes grávidas revelavam superfícies anormais, com "aspecto de pedra rolada", padrão que, entre mães fumantes de mais de 20 cigarros por dia, era mais acentuado do que entre fumantes moderadas (17). Conjectura Asmussen que tal lesão, se presente no recém-nascido, poderia resultar mais tarde em cardiopatia coronária (17). Estudos epidemiológicos que buscam encontrar uma relação entre o hábito de fumar e as malformações congênitas muitas vezes sugerem uma associação entre o fumar e defeitos congênitos, embora não indiquem sistematicamente as mesmas malformaç6es. Recente estudo realizado em Connecticut (EUA), abrangendo 1.370 nascimentos de crianças anormais e 2.968 controles, constatou um incremento de 10% no risco de maiiormação entre os filhos de fumantes de mais 10 cigarros por dia; o risco aumentava com o consumo de cigarros, até chegar a uma diferença 90% maior entre as fumantes de mais de 30 cigarros por dia. Embora se tenha estimado que, entre os incrementos de risco, os maiores eram de estenose pilórica, anormalidades do trato digestivo e hérnia ingüinal, concluíram os cientistas existir uma elevacão geral de risco de todas as malformações, mais do que um risco específico de determinadas maiformações (126). Dados proporcionados pela Pesquisa Britânica de Mortaiidade Perinatal revelam maior incidência de cardiopatia congênita em filhos de fumantes - 7,3 por mil nascimentos, contra 4,7 por mil produtos de não fumantes (75). Contudo, o Estudo de Saúde e Desenvolvimento Infantil de Oakland não constatou aumento de cardiopatia conghita entre fiihos de fumantes (281). No âmbito do POPULATION REPORTS Projeto Perinatal em Colaboração, o estudo de Naeye sobre óbitos perinatais discerniu uma frequência muito mais alta de anencefalia (faita de desenvolvimento do cérebro) entre os produtos de fumantes de mas de 10 cigarros por dia (185). Os resultados do Estudo de Nascimentos de Cardiff não produzem evidência de maior anencefalia entre frlhos de fumantes, entre os quais, porém, a incidência total de anormalidades é significativamente maior (12). Dados sobre anomalias congênitas entre nascidos vivos, compilados de um questionário por mala direla de médicas especialistas norte-americanas, revelaram índice significativamente mais alto de anomalias relatadas por fumantes de todos os grupos étarios quinquenais. As diferenças entre os índices de anormalidade por defeitos cardiovasculares, urogenitais e gastrintestinais de fumantes e não fumantes eram as que menos probabilidade tinham de se dever ao acaso (111). Outros estudos, que examinaram a possibilidade de um relacionamento entre o uso do tabaco e os defeitos congênitos, resultaram negativos (18, 43, 133, 223, 301). Fumar durante a lactação pode reduzir a qualidade do leite devido à introdução de substâncias químicas indesejáveis e possivelmente reduzir a quantidade que a máe é capaz de produzir. O leite da mãe que fuma durante a lactação contém nicotina, que é passada aos lactentes (209, 266). Em raros casos, a lactante que fuma mais de 20 cigarros por dia pode causar náusea, diarréia e vomito em seu infante (266). A observação de que as mães fumantes secretam componentes da fumaça do tabaco em seu leite remonta a mais de 50 anos (104), embora desde então a moderna prática agrícola tenha acrescido outro possívei risco a essa transferência de substâincias químicas: a mãe lactante e fumante transmite ao seu filho mais DDT do que a mãe não fumante. Um estudo de 55 amostras de leite humano, 70 das quais de fumantes, revelou níveis significativamente mais altos de DDT no leite das fumantes, os quais aumentavam ria razão direta da quantidade fumada. Os pesquisadores não ,conseguiram determinar se o aumento de DDT era proveniente do tabaco, de outras fontes do corpo materno ou de uma combinação de ambos os fatores (33). Em estudos de ratos de laboratório, a nicotina reduzia a produção de leite ao bloquear a secreção de prolactina (30). P. Uncferwood e colaboradores, relatando 4.440 histórias de aleitamento na primeira gravidez, êonstataram, em dois dos três grupos sócio-econômicos estudados, que maiores percentagens de fumantes do que de não fumantes informavam que seu leite era inadequado. Contudo, as diferenças não chegaram apresentar sigwidicáncia estatística (241). 8 relatório de 1979 do Diretor Geral de Saúde Pública dos EUA cita evidências circunstanciais de que o fumar interfere na produqão de leite, e destaca a necessidade de maiores estudos de populações de inullieres fumantes e não fumantes (259). O tabagismo de ambos os pais pode prejudicar a saúde de infantes ao exp&los, no lar, à fumaça do tabaco. A inalaqão iwvoluntária de fumaça do tabaco passou a in- teresar de perto os Estados Unidos e outros países ocidentais, ao se acumularem evidências de que essa fumaça pode afetar a saúde de circunstantes (97). A pesquisa indica serem\ mais altas as taxas de afecções bronquiais entre filhos de'fumantes. Em estudo de 10.672 infantes realizado em Jerusalém Ocidental, os índices de admissão hospitalar por bronquite e pneumonia eram significativamente mais altos entre a prole menor de um ano de idade de mães fumantes do que entre infantes de não fumantes - 13,1 casos por 700 crianças, contra 9,l. Os índices de admissões guardavam positiva associação com o número de cigarros fumados pela mãe (302).Em Londres, lina estudo de 2.077 infantes em seus primeiros cinco anos de vida constatou importante reIa@o entre os hábitos de fumar dos pais e a bronquite e pneumonia infantis. A associação era mais forte quando ambos os pais fumavam, mais baixa se nenhum deles fumava e média quando um só fumava (v. Tabela 7). Esses efeitos adversos parecem ser mais agudos durante o primeiro ano de vida: embora o consumo de cigarros entre os pais estivesse associado à duplicação da incidência de bronquite durante o primeiro ano, essa associação não era sistemática após a idade de I ano (42). Tem-se implicado o fumo na Síndrome de Marte Súbita BnFanti! (SMSI), fen6meno ainda não explicado que envolve inflamação pulmonar típica, mais insuficiente evidencia patológica para explicar a morte (230). No Projeto Perinatal em Colaboração, comparando 125 casos de SMSI com 375 controles correspondentes, Naeye e colaboradores constataram que o fumar materno era mais preva!ente durante a gestação das crianças vitimadas pela síndrome (59 de mães de casos de SMSI contra 48% de controles). Das mães de casos de SMSI, cerca de 46% fumavam seis ou mais cigarros por dia, ao passo que as mães de somente 5% dos controles o faziam. Notaram os pesquisadores, entre vítimas da SMSI, maior proporção de leve carência de peso para a idade gestacional do que entre os controles (186). Em Seattle, constatou um estudo de 56 Samilias com casos de SMSI que a proporção de mães que haviam fumado antes e depois do parto era maior do que entre as mães das 86 famílias do grupo de controle. Das mães de casos de SMSI, 61% haviam fumado durante a gravidez, contra apenas 42% dos êontroles, diferença que era, após o nascimento, de 59% para 37%. Essas diferenças revestiam importância estatística. Além disso, as mães de casos de SMSI fumavam por Tabagismo dos Pais, Londres, 1963-1969 NO de Casw incidência Anual por IDO Crianças Ambos não fumantes 372 7,8 Um fumante 552 11,4 Ambos fumantes 478 17,6 Ambos ex-fumantes ou com mudança de hábito Total 672 92 Fonte: Coíley e cor. (42) 2.077 11,5 Mulher das ilhas Trobriand fumando um cigarro enrolado em foliha, de confecção caseira. (Richard HarringtoniCamera Press) - maior niírnero de cigarros do que os controles (25). No Canadá, um levantamento de 66 famílias em que ocorreu morte súbita infantil tamb6m revelou que a probabilidade de haver fumado durante a gravidez era maior entre as mães dos casos do que entre os controles (230). B)esenvo!vimeaatoSubsequente Os filhos de fumantes podem correr o risco de leve desvantagem física e intelectual em comparação com os filhos de não fumantes. Em seu desenvolvimento físico, filhos de fumantes durante a gravidez não atingiram a altura correspondente à idade de filhos de não fumantes. Aos cinco (273)) seis e meio (63) e sete anos (92), as crianças de mães fumantes eram, em média, um centímetro mais baixas do que as de não fumantes. Nem todas essas diferenças tinham significância estatística; com base no estudo de 143 pares de crianças de mães não fumantes e fumantes, J. E, Hardy e E. D. Mellits rejeitaram a possibilidade de efeitos a longo prazo (101). Contudo, os resultados de todos esses estudos de crescimento apontam na mesma direção. Na Grã-Bretanha, sugere a análise de dados do Estudo Nacional de Desenvolvimento Infantil que os efeitos a longo prazo do fumar sobre o crescimento talvez não resultem apenas do baixo peso ao nascer; após o controle dos dados do peso ao nascer de criançãs de sete anos, descobriram os pesquisadores que persistia uma diferença média de 1 cm de altura entre filhos de fumantes e não fumantes (92). POPULATION REPORTS 4 / Alguns pesquisadores sugerem a possibilidade de associação de um deficiente desenvolvimento neurológico e intelectual com o fumar durante a gravidez (39, 52, 64, 188). O Estudo Nacional de Desenvolvimento Infantil da Grã-Bretanha proporciona o conjunto mais extenso de dados prospectivos, com segujmento, aos 7 e I 7 anos de idade, de vários milhares de crianças de mães fumantes (39, 52). Descontados outros seis fatores, as criangas de 7 anos geradas por mães que haviam fumado 10 ou mais cigarros por dia durante a gravidez estavam atrasadas quatro meses em sua capacidade de leitura, em relação às crianças de não fumantes. Dos sete fatores, a classe social, a ordem do nascimento, o número de irmãos mais jovens, o sexo da criança e o peso ao nascer exerciam sobre a capacidade de leitura, nessa ordem, maior efeito do que o fumar; a idade da mãe exercia menor efeito (52). Aos 11 anos, as crianças de fumantes em grande escala (70 ou mais cigarros por dia) voltaram a ser testadas, dessa vez em leitura, matemática e "aptidões gerais". Em cada uma dessas áreas, seu atraso em relação a crianças nascidas de não fumantes era de 4, 5 e 3 meses, respectivamente (39). Oç pesquisadores, embora assinalando que a influência de fatores tais como o número de crianças na família poderia resultar em diferenças de até 16 meses e que não foram levados em conta os fatores de personalidade associados ao fumar, ainda assim sugeriram que o tabagismo dos pai2 é um fator independente no desenvolvimento intelectual (39). \ - Para interpretar essas constatações e111 materia de inteligência é preciso usar de extrema cautela porque são muitos os fatores ambientais que conformam o desenvoivimento intelectual infaniil, entre os quais padrões de comportamento dos pais, que também podem guardar relação com o fumar (64). Especialmente difíceis são OS estudos longitudii~ais de inteligência, não s6 porque a seleção das variáveis a serem aferidas deve prever fatores capazes de criar confusão, como também pelo fato de ocorrerem alterações no desenvolvimento infantil durante a longa vida do projeto (59). Não obstante, por mínimos que fossem os prejuízos causados à criança pelo fumar durante a gravidez, amplas seriam as conseqüências para o desenvolvimento humano; essa possibilidade destaca a importância do prosseguimento das pesquisas. Com seu exemplo e sua atitude, os pais fumantes colocam em perigo a saúde de seus filhos: estes têm mais probabilidade de começar a fumar do que os filhos de pais não fumantes (254, 302). Em levantamento nos EUA, entre as famílias em que ambos os pais Fumavam, a probabilidade de que os filhos adoiescentes fumassem era duas vezes maior entre os rapazes e quase três vezes maior entre as garotas, em comparação com iamíiias em que nenhum dos pais fumava (253). Em pesquisa realizada em Rochester, Nova York, uma vez mais as meninas revelaram-se particularmente influenciadas pelo fumar dos pais. Em relação a ambos os sexos, o hábito de fumar de ambos os pais exercia influência mais forte do que quando só um era fumante. A maior probabilidade de imitação dos pais correspondia aos fumantes mais jovens. Se ambos as pais fumassem, a probabilidade do fumar entre meninas brancas menores de 15 anos era cinco vezes maior do que se nenhum pai fumasse. Entre os rapazes menores de -65 anos, essa probabilidade era duas vezes maior (302). POPULATION REPORTÇ Fumantes jovens como esses não tardam a revelar os sintomas de seu hábito. Comparadas com não fumantes, crianças inglesas fumantes entre 10-12% anos estavam mais propensas à tosse, mesmo que a maioria fumasse, em média, menos de um cigarro por dia (288, 289). OS estudantes secundários de Rochester, grupo mais velho, revelavam sintomas respiratários que cresciam com a quantidade fumada. A frequência com que fumantes em grande escala (15 ou mais cígarros por dia) davam conta de tosse matutina era dez vezes maior do que a de não fumantes e, entre os que fumavam mais, a tosse e a expectoração eram mais crônicas (215, 302). O TABACO E OUTROS ASPECTOS @A REPROD UCAO Embora as pesquisas se tenham concentrado nos efeitos do uso do tabaco sobre a saúde da grávida e de seu infante, também há evidências de que esse hábito pode afetar outros aspectos da saúde reprodutiva tanto masculina como feminina. O fumar pode antecipar a menopausa. O uso combinado do tabaco e de contraceptivos orais aumenta acentuadamente o risco de contrair certas doenças vasculares. A possibilidade de vinculação entre o tabaco e o câncer cervical merece sei mais investigada, Embora não haja provas, também se tem sugerido que a qualidade do sêmen pode ser adversamente afetadâ pelo uso do tabaco. enogausia Constatada primeiramente em pequenos estudos (49), a antecipação da menopausa devido ao fumar foi recentemente confirmada por dois estudos em grande escala. Em 1977, H. jick e colaboradores relataram uma associação entre o fumar e a menopausa natural em idade precoce, revelada por dois grandes grupos de dados: um, cobrindo 2.143 pacientes I~ospitalaresda área de Boston, na faixa etária de 44-53 anos e, o outro, abrangendo 1.391 pacientes do mesmo grupo etário em hospitais de sete países. 0 s dados de Boston e de cada um dos sete países revelaram maiores percentagens de fumantes do que de não fumantes entre as muiheres em pós-menopausa de cada intervalo etário bienal entre 44-53 anos. Além disso, em ambos os conjuntos de dados, revelaram os grupos padronizados por idade de hulheres fumantes, não fumantes e ex-fumantes que a percentagem de mulheres em pós-menopausa aumentava na razão direta Estudo Hospitalar Estudo Hospitalar de Boston de Sete Países % em % em Meno- No de MenoMulheres pausa Mdheres pausa Node Nunca fumaram 921 35 697 53 Ew-fumantes 301 36 138 59 da quantidade fumada: as ex-fumantes situavam-se entre as não fumantes e as fumantes de 10 ou mais cigarros (120) (v. Tabela 8). Na Suécia, o estudo de uma amostra aleatória de mulheres com 46, 50 e 54 anos de idade constatou que a percentagem de fumantes entre as mulheres de 50 anos em pós-menopausa era significativamente maior do que entre as mulheres em pré-menopausa. Nos grupos de 46 e 54 anos notaram-se tendências que, embora similares, eram insignificantes (141). Nos dois estudos, puderam os pesquisadores rejeitar a possibilidade de que as mulheres incluídas na amostragem houvessem começado a fumar em conseqüência da menopausa. Para explicar a associação entre o fumar e a antecipação da menopausa, ambos os grupos de pesquisa citaram o metabolismo esteroidal: o fumar pode aumentar o metabolismo hepático de estrogeno; assim, as fumantes podem revelar uma queda antecipada de níveis de estrogeno que, por seu turno, provoca a menopausa (120, 141). Outra possível explicação é sugerida por uma recente pesquisa, segundo a qual o benzo(a)-pireno, um dos ingredientes carcinogênicos da fumaça do tabaco, destruía oócitos nos ovários de fêmeas de camundongos; a menopausa humana ocorre ao se esgotarem as reservas ovarianas de oócitos, sendo possível que ocorra processa semelhante em mulheres que fumam (155). Outra hipótese envolve o volume de tecidos graxos do corpo: notando que os estudos constataram maior incidencia de obesidade entre não fumantes e ocorrência mais tardia de menopausa entre obesas, H. W. Daniell estudou os dados de 500 mulheres entrevistadas em seu consultório particular. Constatou ele que parte, mas não toda a variação da idade mediana à menopausa era devida a diferenças de peso entre as fumantes e as não fumantes (49). Contracepqão e Concepção Em resultado das pesquisas sobre a segurança dos contraceptivos orais (CO), nova atenção tem sido prestada aos efeitos do tabaco sobre o sistema circulatório feminino. Demonstram estudos prospectivos e de comparação de casos que as usuárias fumantes de contraceptivos orais correm maior risco de doença cárdio e cerebrovascular, em especial o enfarte do miocárdio e a hemorragia suba- racnoidéia (119, 793, 199, 214, 263). Mais ainda: é possível que o uso de CO e tabaco não se limite a combinar riscos independentes, chegando mesmo a multiplicá-los, sendo assim possível que as fumantes usuárias de C 0 enfrentem risco de doenca do sistema circulatório 10-20 vezes maior do que as não fumantes e não usuárias de C 0 (81, 193, 199). A idade mais madura (maiores de 35 anos) e outros fatores de predisposição acrescem ainda mais ao risco. Portanto, é possível que as mulheres, que normalmente parecem correr risco de cardiopatia induzida pelo tabaco menor do que o dos homens, enfrentem risco igual ou até maior se usarem çontraceptivos orais (o estado atual das pesquisas sobre os contraceptivos orais e o fumo é objeto de extensa análise em Population Repoits, A-5, Junho de 1979). superior aos das que nunca haviam fumado (187). Mas em nenhum estudo puderam os pesquisadores controlar as diferenps de comportamento sexual, especialmente a idade ao primeiro coito, que sabidamente adetam o risco de câncer cervical, podendo também ser vinculadas ao consumo de cigarros (204). Num estudo de 324 casos que revelaram sinais citológicos de neoplasia cervical e de 302 controles, constatou o pesquisador uma associação de "importância marginal" entre o consumo de cigarros e o carcinoma cervical in situ, predecessor do câncer invasivo. O desenho da pesquisa controlou 13 variáveis capazes de estabelecer confusão, as quais, embosa incluindo a concepção pré-conjugal do primeiro filho e a primigravidez antes dos 20 anos, excluíam a idade ao primeiro coito (237). fl Grande parte das primeiras pesquisas sobre os efeitos do tabaco sobre a saúde concentrou-se nos homens porque, na época, somente estes fumavam extensivamente; mesmo assim, pouca foi a atenção prestada à possibilidado do impacto do uso do tabaco sobre a capacidade POPULATION REPORTS I reprodutiva masculina. Em Budapeste, uma pesquisa de 120 fumantes e 50 controles não fumantes discerniu, entre os primeiros, uma redução de esperrnatozóides com motilidade, proporcional ao número de cigarros consumidos: os fumantes de mais 30 cigarros por dia revelavam 49% de motiiidade espermática; os fumantes de 10 ou menos cigarros por dia, 57%; e os controles, 69%. A incidência de espermatozóides deformados era significativamente mais alta entre os homens que fumavam mais e há mais tempo (265). Contudo, por haver o pesquisador selecionado os fumantes dentre um grupo de homens submetidos a tratamento por distúrbios sexuais, hormonais ou reprodutivos, a validade dos resultados e sua aplicação a uma população masculina sadia são questionáveis. Em pesquisa similar realizada em Praga, os sêmens de 439 homens foram classificados em grupos de qualidade espermática normal, de reduzida concentração espermática ou azoospérmicos. A proporção de fumantes em grande escala (20 ou mais cigarros por dia) aumentava à medida que caíam as concentrações espermáticas: eram fumantes em grande escala 9,5% dos homens com espermatozóides normais, 12,5°/0 dos que revelavam contagens reduzidas de espermatozóides e 15,5% daqueles cujo sêmen foi classificado de azoospérmico (204). Todos os homens foram examinados em razão da infertilidade de seus casamentos. Será preciso que a pesquisa dedicada aos estudo dos espermatozóides de grandes grupos de fumantes e não fumantes, escolhidos independentemente de possíveis problemas de fertilidade, determine com mais clareza se o fumar exerce algum efeito sobre O sêmen. Na Austrália, um estudo constatou que, em seis fumantes sadios de 30 ou mais cigarros por dia, os níveis de testosterona plasmaática eram de 16% a 47% mais baixos do que em seus respectivos controles não fumantes. Depois de sete dias de abstenção do fumo, aumentaram significativamente os níveis de testosternria de todos os fumantes (35). Não se sabe se baixos níveis de testosterona implicam menor fecundidade (231). Via de regra, é preciso que os níveis de testosterona sofram severa diminuição antes de ocorrerem efeitos apreciáveis na produção de espermatozóides (69). Embora homens submetidos a tratamento por diferentes males, entre os quais a infertilidade, tenham dado conta de aumento da atividade sexual com o abandono do fumo (191, 235), não se realizaram estudos comparáveis com uma população normal e sadia. Por envolver a sexualidade humana grande número de variáveis físicas e psicológicas, as conclusões que se baseassem nessas limitadas observações careceriam de fundamento. Mesmo que o tabaco reduza apreciavelmente os níveis de tesiosterona, não existe relação definida entre o vigor sexual e a concentração de testosterona capaz de permitir previsões de comportamento sexual (69, 231). , Na Terceira Pesquisa Nacional do Câncer (EUA), não houve associação significativa dos casos de câncer dos órgãos reprodutivos masculinos com o uso de tabaco. Contudo, revelou-se uma associação "sugestiva" do câncer testicular com o uso do tabaco em todas as suas formas, exceto o cigarro (270). POPULATION REPORTS A não ser pelos dados sobre a antecipação da menopausa e os contraceptivos orais, a informação sobre o envolvimento do uso do tabaco em outros aspectos da saúde reprodutiva que não sejam a gravidez e o parto ainda não conduz a quaisquer conclusões. Sugere, porém, esse envolvimento que é necessário prosseguir com as pesquisas sobre uma ampla variedade de questões referentes ao fumar e à saúde sexual e reprodutiva. O USO MUNDIAL DO TABACO A despeito da crescente evidência sobre os perigos do uso do fumo para a saúde, o cultivo, a manufatura e o uso mundial do tabaco estão aumentando. Em 1977, foram produzidas cerca de 4,9 milhões de toneladas (247). Embora essa cifra representasse um leve declínio em relação à produção sem precedentes de cinco milhões de toneladas no ano anterior, a manufatura de cigarros aumentou a despeito do crescente preço do produto em muitos países (246). O incremento da manufatura de cigarros faz prosseguir tendências a longo prazo de maior consumo de tabaco, tanto em termos absolutos (v. Fig. 7) como per capita (v. Tabela 9). Nos países em desenvolvimento, a produção de tabaco aumenta em ritmo mais rápido que nos países industrializados. Dados da Organizacão das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura revelam que a produção de tabaco no mundo em desenvolvimento aumentou 28% entre 1969-1971 e 1977, contra um crescimento de 15% nos países desenvolvidos (243). Em 1977, cerca de 60% das plantacões de tabaco situavam-se no mundo em desenvolvimento, proporção que era 57% no periodo 19691971 (243). Em recente quadriênio, o número de cigarros manufaturados em oito importantes nações produtoras Figura 7. Consumo Mundial de Tabaco Manufaturado e Produção Mundial de Cigarros, 1959-I 977 (em milhares de t Cigarros manufatu Fonte: Departamento de Agricultura dos EUA (247) Baises Desenvolvidos 1935 Consumo por Adulto 1950 1965 1973 Alemanha Ocidentai Austráliaa Caaradáa Dinamarca Estados Unidos Franca Japão Em 1977, os Estados Unidos exportaram tabaco e produtos de tabaco no valor sem precedentes de US$3,73 bilhão, equivalente a um terço da produção do país. Dessas exportações, cerca de dois terços destinaram-se à Europa, Japão, Hong-Kong e Oriente Médio, mas cresce no mundo em desenvolvimento a demanda de fumos americanos de alta qualidade, curados em estufas, que são misturados a variedades locais. Podem-se utilizar os dados estatísticos de produção, e exportação de tabaco para sugerir níveis nacionais de consumo. Contudo, nem todo o tabaco consumido em áreas em desenvolvimento é preparado de forma comercial. Grande é a quantidade de tabaco cultivada em) quintais que deixa de ser incluída em estatfsticas de comercialização. Mas na América Latina começaram a desaparecer as plantações domésticas de tabaco ao se desenvolverem os canais de comercialização de cigarros, processo que tambem pode ocorrer em outras regiões (233). Essa tendência implica a possibilidade de desvio cada vez maior para o tabaco de escassas rendas pecuniárias destinadas a outras compras mais essenciais. Ivimento Cingapeira Costa Rica El Salvador -Kong lardonéçia jamaica Malasia MaBaiwR Marrocos Mauricio ~ e x e c ~ Nicarágua &nia Serra Leoa Turquia Venezueia ' Excluídos os cigarros de enrolar; acrescer cerca d e 10% ao consumo total. Cifras d e 1940 c Médias anuais d e 1935-1939 Cifras d e 1948 e Cifras d e 1972 De um modo geral, o nível de consumo de tabaco de um país reflete as posses de seu povo (65, 194). Desse modo, embora o consumo per capita no mundo em desenvolvimento seja inferior ao de países desenvolvidos (v. Tabela 9), 6 de esperar que cresqa onde quer que a economia se desenvolva, já que o desenvolvimento gera tanto a renda discricionária em dinheiro para a compra de cigarros como os canais de comunicacão e comércio através dos quais o tabaco pode ser ainda mais promovido e distribuído. O crescimento demográfico nos países em desenvolvimento também criou um grande mercado em potencial de adultos jovens. Assinalou um analista da indústria do tabaco nos EUA que o chamado mercado mundial dessa indústria é cinco vezes maior do que o mercado dos EUA e cresce com rapidez 2,s vezes maior (194). Fonte: Lee (135) no mundo em desenvolvimento aumentou 12,7%, incremento que não passou de 2,4% em cinco importantes nações produtoras industrializadas (243) (v. Tabela 10). Dos a0 principais produtores mundiais de tabaco, seis situam-se no mundo em desenvolvimento, a saber: China, [ndia, Brasil, Turquia, Coréia e Indonésia (v. Tabela 11). Com a importante exceção da China, a maioria dos países em desenvolvimento estão aumentando a superfície das lavouras de tabaco, tanto para consumo interno como para exportação. A China, que é o maior produtor do mundo, cultivou quase 900.000 toneladas em 1977, exportando apenas 35.000 toneladas, ou seja, cerca de 4%. Da produção dos 10 seguintes países em desenvolvimento que cultivam o tabaco, cerca de um terço, vale dizer, mais de 500.000 tone!adas, foi exportado. O restante foi usado para consumo interno, que aumenta atualmente à razão de 5% ao ano (247). Entre os países desenvolvidos, os Estados Unidos são por larga margem o maior exportador - bem como consumidor - de tabaco, e suas exportaqões estão crescendo. Tabela 10, Estimativa d o NUmero de Cigarros Fabricados por Certsç Produtores em Grande Escala, 1974 e 1977 PAíSES DESENVOLVIDOS Alemanha, Rep. Fed. Estados Unidos Japão Reino Unido União Soviética Total Produ~ão Percen( e m milhões d e unidades) tuai 1974 1977 139.842 635.000 292.157 158.809 371.000 1S96.808 PAISE§ EM DESENVOLVIMENTO 100.329 Brasil China 671 .O00 Coréia d o Sul 49.323 Filipinas 41.453 índia 62.400 Indonésia 49.907 México 43.125 Turquia 54.433 Total 1.071.970 Total Mundial 3.849.656 4.126.452 72 Fonte: Departamento d e Agricultura dos EUA (246) POPULATION REPORTS redutores, 1000 t ) Tabela 11, Broduçãio e Consumo de Tabaco nos Desenvolvidos e em Desenvolvimento, 1960, 1960 Prod. 1970 Conç. Prod. Alteraçóes na Area Cultivada 1977 Cons. Prod. Cons. 2 96B)-1977a DESENVOLVIDOS *Bulgária *Canadá *Estados Unidos *Itália *Iugoslávia Japão Polonia União Soviética 78 80 604 75 44 220 91 361 "Argentina Bangladesh Birrnânia *Brasil China *Coréia d o Sul *Filipinas *Grécia *índia *Indonésia *México *Paquistão *Tailândia *Turquia 66 52 66 I65 877 54 73 * = Exportador líquido, 1977 sem alteração, i- = aumento, Dados de 1972 as= 24 314 75 43 59 54 68 - = redução. Fonte: Departamento de Agricultura dos EUA (247) Das cinco maiores indústrias de cigarros, três são monopólios estatais da China, União Soviética e Japão, embora no resto do mundo as grandes empresas privadas multinacionais, tais como British-American Tobacco Cornpany, a R. J. Reynolds e a Philip Morris Inc. não tenham perdido tempo em perceber oportunidades de crescimento nos países em desenvolvimento. Ao passo que as restrições e os esforços educacionais em países desenvolvidos as tenham forçado a aumentar cada vez mais suas verbas publicitárias simplesmente para manter atuais níveis de consumo, tais barreiras ainda não existem na maioria das nações em desenvolvimento (65, 716, 194). A indústria do tabaco está tirando vantagem dessa liberdade relativa. Assim, entre os maiores anunciantes do Quênia, o quarto é a única empresa de cigarros existente no país. A promoção parece ter êxito: o consumo de cigarros aumenta à razão de 5%-10% ao ano (179). Os padrões do uso de tabaco no mundo em desenvolvimento assemelham-se aos de outros produtos ocidentais de consumo. Em geral, os países da América Latina revelam os indices mais elevados de uso do tabaco, ao passo que os índices mais baixos correspondem aos países da África (65, 135). Em grande parte da Ásia, os índices de uso são intermediários. Resultam essas diferenças, parcialmente, dos inferiores níveis de despesas discricionárias na África e em grande parte da Ásia (65). O fumar é mais prevalente nas áreas urbanas do que nas rurais (22, 65), o que talvez se deva parcialmente ao fato de as POPULATION REPORTS rendas serem mais altas nas cidades (179). As pessoas dotadas de melhor educaçáo e maiores posses também estão começando a fumar (65). Entre estudantes universitários de muitos países em desenvolvimen~o, o hábito de fumar é mais comum do que entre não estudantes, e a maioria começa a fumar à medida que passam pela escola (14, 20). O incremento do uso do fumo entre os abastados e bem-educados pode favorecer seu alastramento ao resto da populacão, já que as companhas publicitárias desses países exploram o desejo popular de imitar suas próprias elites, da rnesma forma que, no passado, a publicidade no Ocidente explorou o cigarro como símboio de sofisricação e alta categoria social (65, 179). Ironicamente, ao passo que se aiastra nos pafses em desenvolvimento e, mais rapidamente, entre as elites, o fumar diminui nos EUA e no Reino Unido, ocorrendo as quedas mais abruptas entre os mellior educados. A maior reducão dos índices de tabagismo nos EUA seguiense à publicação, em 7964, do relatório do Cirurgião Geral sobre os riscos de saúde decorrentes do fumar (258). Entre 1964 e 1970, a proporção de homens fumantes baixou de 52% para 42%, e a de mulheres, de 34% para 30% (255); entre 1978 e 1975, as proporcões reduziram-se ainda mais, baixando para 39% dos homens e 29% das mulheres (256). Nos EUA, a propor~ão de homens fumantes com grau de educação superior 6 menor do que a média - em 1975, era de 28% dos Tabela 72. Indices e Uso do Tabaco, Países Selecionados, 1963-1978 Atual Percentagem d e Usuários de Tabaco Homens Mulheres No de Autor & Data ÁFRICA Arya & Fowkes . 286 397-8 22 68 Scfnonlasid & Bradshaw 219 1969 11 20 Papua-Nova Guiné: 3 aldeias da ilha Karkar, população de 10 anos ou mais, pesquisa Calcutá, India: estudantes de cursos superiores, 1962-1963 295 296 Chandigarh, lndia: visitantes de hospitais, adultos, pesquisa 25,6 161 lndia: aldeias de 5 distritos, população de 15 anos ou mais, pesquisa Gujarate Querala Andra Pradesh Singbhum Darbhanga 70,9 81,2 80,6 80,9 78,l 28 Mehta e col. Kampala, Uganda: Universidade Makerere, Pesquisa de estudantes, 1970 Pessoal não acadêmico, 1971 Região de Kasangati, Uganda: 4 aldeias, população de 16 anos ou mais, pesquisa, 1971 Niakhar, Çenegal: moradores de 65 aldeias e migrantes urbanos Aldeias Cidades Lagos, Nigéria: estudantes secundários e acadêmicos de medicina da Universidade da Nigéria, pesquisas Estudantes secundários Acadêmicos de medicina Durban, África do Sul; pacientes internados em hospitais, pesquisa, 1964-1966 Africanos Indianos Hong-Kong: estudantes universitários, funcionários e seus dependentes, estudo prospectivo, 1971-1975 Estudantes universitários Funcionários das universidades 117-24 anos) Goa, lndia: 11 aldeias, 15 anos ou mais, pesquisa Hindus Cristãos Hong-Kong: adultos selecionados, pesquisa 21 1969 Local e Populagáo Ref 0,13 14,9 38,8 67,1 32,6 51,4 (continua na página seguinte) egressos de cursos superiores (256). N o Reino Unido, o consumo de cigarros por homens caiu acentuadamente após a publicação, em 1962, d o relatório d o Real Colégio de Médicos, intitulado "O Fumo e a Saúde". Quanto mais alta a classe social do homen, maior a probabilidade de que ele deixe de fumar (179, 214). Também em outros países desenvolvidos, notou-se redução d o fumar entre a classe bem educada (204, 277). dher e o Hábito de Fumar A probabilidade d o fumar entre as mulheres é menor d o que entre os homens. Em muitos lugares, porém, aumentam as vendas de tabaco às jovens (277). Nos EUA, a despeito da diminuicão geral d o fumo, entre 1968 e 1974 a proporção das adolescentes fumantes virtualmente duplicou, superando a casa dos 15% (253). A propaganda d o cigarro visa, nos EUA, ao desejo feminino de expressar sua independência e sua igualdade com o homen. L-30 Ironicamente, esse apelo coincide com uma época em que aumenta o número de homens que deixam de fumar. Em geral, a proporção de mulheres fumantes nos países em desenvolvimento é menor d o que nos países industrializados. Mas os índices sofrem grande variação, não só de país a país como também de u m para outro grupo étnico o u religioso. Em Santiago, Chile, e em Caracas, Venezuela, mais de u m quarto das mulheres entrevistadas declararam-se fumantes, proporção que caiu, porém, para apenas 10% na Cidade da Guatemala e 7% em Lima, Peru (121). Na índia, u m levantamento de quase 25.800 mulheres revelou que 41 94 consumiam tabaco de uma ou outra forma, variando as proporções entre 14,9% e 67,2% nas cinco áreas estudadas (161). N o região rural de1 Goa, 54% das mulheres hindus e 34% das mulheres cristãs eram fumantes o u mascavam tabaco (28) e, de acordo com um levantamento em Papua, Nova Guiné, o fumar principalmente charutos de tabaco local - entre as POPULATION REPORTS Pathmasiathan 1974 Pathmanathan 1975 Sehgal e col. Malásia: 4 aldeias, região de Negri Sembilan, população de 15 anos o u mais, pesquisa, 1973 Maldsia: estudantes d e medicina da Universidade da Malásia, pesquisa, 1972 Chandigarh, [ndia: moradores da cidade, pesquisa 1971 Toda e col. Pesquisa, 1968 Uragsda & Senewiratne 1971 AMÊRICALATINA WY 1975 PAíSES DESENVOLVIDOS Lee 1976 Departamento d e Educaqáo, Cidade d e Surabaia, Indonésia: adultos e crianças pacientes d e centros de saúde Kandy, Sri Lanka: população de 15 anos o u mais, amostragem aleatória, 1969 Bogotá, Colômbia: moradores da cidade, 15-74 anos, amostra estratificada, 1972 Caracas, Venezuela: idem Cidade da Cuatemala, Guatemala: idem La Plata, Argentina: idem Lima, Peru: idem Cidade d o México, México: idem Santiago, Chile: idem São Paulo, Brasil: idem Guiana: todos os moradores de duas aldeias adjacentes, 35-54 anos, pesquisa, 1968 Subúrbios d e Kingston, Jamaica: moradores d e 15-65 anos, amostragem aleatória, 1969-1970 Reino Unido, população de 16 anos o u mais, amostragem por quota, modificada, 1975 Estados Unidos, população de 21 anos o u mais, amostragem aleatória, 1975 1976 epartamento d e Educaqáo, Saúde e Bem-Estar Estados Unidos, população de 17 anos o u mais, amostragem aleatória, 1978 1979 " Três quartos mascavam tabaco. 20 ou mais cigarros por dia. maiores d e 25 anos era quase tão universal como entre os homens (11). Em contraste, nas áreas urbanas d e Sri Lanka, apenas 1,6% das mulheres entrevistadas disseram fumar (260). As mulheres muçulmanas fumam menos; no Paquistão, por exemplo, as mulheres constituem apenas 2% dos fumantes (179) (v. Tabela 12). As mulheres usuárias d e tabaco parecem favorecer, mais d o que os homens, as formas tradicionais d e uso. A esse respeito, embora a maior parte da evidência provenha da índia e d e Sri Lanka (28, 161, 260),constatou-se o mesmo padrão em Papua-Nova Guiné (11). F. S. Mehta e colaboradares, estudando o uso d o tabaco em cinco áreas da Cndia, verificaram, por exemplo, que apenas 0,4%5,2% d e todas as mulheres fumavam cigarros comuns em quatro das áreas, ao passo que 14,5%-62,2% usavam tabaco em alguma forma tradicional. Mas na quinta área, 41 % fumavam cigarros comuns. Observaram-se também amplas variações nas práticas tradrcionais. Em Bihar, quase 26% das mulheres d o Distrito d e Singhbum mascavam tabaco, contra menos d e 3% em Andhra Pradesh. Mas 56,6% d e todas as mulheres de Andhra Pradesh POPULATION REPORTS fumavam c h i t a , charuto d e fumo forte enroiado numa folha d e tabaco ou da árvore ternburni (127), conservando dentro da boca a extremidade acesa a fim d e mant6-Ia em combustão. Em contraste, nenhuma mulher d e Singhum fumava chutta ao contrário (161). Embora não estejam quantificados, os perigos das formas rsadicionais d e uso d o tabaco aparentemente variam com o ripa d e produto e sua forma d e uso. i poss1v~Ique os levantamentos subestimem o hábito d e fumar entre mulheres. Em comunidades mais tradicionais, as pressões sociais dissuadem as mulheres d e fumar em público e podem fazer com que elas não revelem seu hábito aos entrevisradores (233).AiBm disso, 6 possível que os levantamentos excluam ou não incluam inteiramente as formas tradicionais d e uso d o tabaco, entre as quais o hábito d e mascar fumo e o consumo d e cigarros de fabricação local, tais como o bidr (79, 260). A apreensáo com o hábito feminino d e fumar concad t r a se não só no bem-estar individual como t a m b h nas impiica@es especiais d o hábi.to para a reprodução. De No de Ref. Aulfoã & Datal Andrews & Área Percentagem de Fumantes Cardiff, País d e Gales, Reino Unido Inglaterra, Escócia e País d e Gales, Reino Unido Maryland, EUA rry 1972 col. Crsmstcack e sol. Faibla 4973 KuBBaader & KPllén 1971 eyer e col. 1974 Niswandee & Gosdon 1972 aentakai1llirs 1969 Rush & Kass 42,7 31,6 37,8 Sydney, Austrália 30,l Québec, Canadá Malmoe, Suécia 43,2 42,8 Ontário, Canadá 43,6 1 4 cidades dos EUA 47,6 iapônia e Oulu, Finlândia 23,4 Boston, EUA 46,9 1972 DESENVOLVIMENTO Fortney 1979 Klaer 1978 Krishna 1978 Mukhejee 8< 79 128 131 175 Asia e m desenvolvimento2 1,6 América Latina3 20,l Oriente M é d i o e Africa4 0,2 Caracas, Venezuela5 27,4 Delhi, Fndiab 0,311 5,8' Simla, fndia* 1,7/67,89 ukherjee 1971 ' Saivo indicação em contrário, descrevem-se as populações do estudo nas Tabelas 2 e 3. Bangladesh, Filipinas, [ndia, Indonésia, Paquistão e Sri ianka; 14.925 mulheres estudadas. Brasil, Chile, Colômbia, E1 Salvador, Honduras, México, Panamá, Uruguai e Venezuela; 68.035 mulheres estudadas. Egito, Emirados Arabes Unidos, Irã, Nigéria e Sudáo; 78.803 mulheres estudadas. Total de 2.095 pacientes em atendimento pré-natal ou parturientes de um hospital de Caracas, março de 1966 - janeiro de 1967. bTotal de 1.393 mulheres com partos simples de infantes sem maiores anomalias, Hospital Pune, julho de 1971 - maio de 1972. Fumanteslmascadoras de tabaco. Total de 2.886 parturientes consecutivas de um hospital de Simla, janeiro de 1963 -junho de 1969. Mulheres de classe social alta/esposas de trabalhadores semi e não especializados. ' acordo com estimativas oficiais, a proporção de americanas que fumam durante a gravidez é de 20%-25% (257). Outros estudos constataram índices que chegam até a quase 50% (37, 189, 216) (v. Tabela 13). Revela uma comparação de dados da Pesquisa de Mortalidade Perinatal da Grã-Bretanha, realizada em 1958, e da Pesquisa de Nascimentos de Cardiff, realizada dez anos depois, que o hábito de fumar entre grávidas menores de 25 anos aumentou 50% durante a década. No estudo mais recente, cerca de 45% das grávidas menores de 25 anos eram fumantes (12). Estudos realizados no começo da década atual em Ontário e Québec, Canadá, constataram que 43% das grávidas fumavam (73, 169). Ao que parece, o fumar durante a gravidez já constitui problema na América Latina. Sugerem as amostragens em grande escala da Monitoria de Atendimento Materno do Programa de Pesquisa da Fertilidade que, na América Latina, mais de 20% das grávidas urbanas são fumantes, contra 1,6% em áreas em desenvolvimento da Asia e 0,2% no Oriente Médio e África (79). Outros estudos, abrangendo grupos menores, revelam proporções de 20% de fumantes em Caracas, Venezuela (128), e de 25% entre 500 analfabetas de Daca, Bangladesh (23), baixando, porém, a menos de 2% em duas localidades de lndia (131, 175) (v. Tabela 13). 8 relatório de K. Krishna, segundo o qual mais de 15% das parturientes de um hospital de Delhi mascavam fumo, ao passo que menos de 1% fumavam, sugere a necessidade de dar mais ênfase ao estudo das formas tradicionais de uso do tabaco em grande parte do mundo. Em relação à grávida, não são inteiramente claras as implicações do hábito de mascar tabaco em vez de fumar, por não se saber ao certo quais são os componentes da fumaça do tabaco associados a este ou aquele efeito sobre a saúde reprodutiva. Krishna observou um índice mais alto de partos de natimortos e uma média mais baixa de peso ao nascer entre os produtos de mulheres que mascavam tabaco (131), e há informaqões de que a nicotina na goma de mascar altera temporariamente os movimentos respiratórios fetais (90). Não só parece conveniente ampliar o estudo dos efeitos do hábito de mascar tabaco sobre a saúde reprodutiva como também seus resultados podem ser de especial interesse para países em desenvolvimento. Variações na Exposição A forma e a maneira pela qual o tabaco é usado determinam a exposiç2o aos seus componente e, portanto, o grau de risco para a saúde do usuário. Nesse particular, a tendência mais importante na prática do hábito consiste na derivação, em países em desenvolvimento, para o consumo de cigarros manufaturados e no abandono de formas tradicionais de uso do tabaco tais como o fumo de mascar, o narguilé, o cigarro enrolado à mão ou s charuto à base de tabaco local forte. De certa forma, essa derivação oferece certas vantagens de saúde em razão do teor mais baixo de alcatrão e nicotina de certos tabacos, tais como os americanos. Os tabacos ocidentais são um pouco mais suaves, contêm menos impurezas e, muitas vezes, são oferecidos na forma de cigarros com filtro. Também por serem mais caros, talvez os cigarros ocidentais reduzam o consumo per capita. O Consumo d e Cigarros Comerciais Por outro lado, a derivaqáo para cigarros comerciais implica riscos especiais de saúde: as formas tradicionais talvez sejam menos perigosas porque, em geral, a fumaça não é inalada (116, 277). No caso do hookah, ou narguilé, de uso comum na Asia, a água talvez remova a nicotina e o alcatrão (277). A mudanqa para os cigarros comerciais estimula a inalação porque o seu tabaco é mais suave do que o tradicionalmente cultivado na maior parte do mundo (179), e porque, aprendendo a inalar, os consumidores podem tender a fazer o mesmo quando fumarem tabaco mais forte (134). Há também certa evidência de que os cigarros comerciais vendidos em certos países em desenvolvimento são mais fortes do que os vendidos sob as mesmas marcas nas POPULATION REPORTS I nações industrializadas. Informa Muller que o teor de alcatrão de quatro marcas de cigarros produzidos nas Filipinas era 1,6-2,2 vezes mais alto do que a média dos cigarros de idêntica marca testados nos EUA, no Reino Unido e na Austrália (179). No fumar, tal como ocorre em outras questões que afetam a saúde, a maior desvantagem toca muitas vezes aos pobres. Os fumantes de menores posses geralmente inalam mais a fumaça de cada cigarro como medida de economia. Acreditam assim certos pesquisadores da Rodésia que, entre africanos, o hábito de inalar mais a fumaça e de consumir cada cigarro até o fim contribui para a incidência de câncer do pulmão, muito embora fumem número relativamente menor de cigarros (89). Por fumarem cigarros sem filtro e recorrerem mais frequentemente a tabacos de baixa qualidade enrolados à mão, é possível que os fumantes de baixa renda aumentem sua exposição ao alcatrão e à nicotina. Na India, OS cigarros de filtro representam menos de um quarto da produção total (232, 246). De fato, o cigarro indiano mais comum é o bidi, que é enrolado na folha da árvore temburni. Em 1977 foram produzidos cerca de 250 bilhões de unidades (246). A fumaça do bidi contém maior concentração de hidrocarbonetos carcinogênicos e de agentes tóxicos do que a fumaça dos cigarros americanos, até mesmo os sem filtro (113). _ Ainda que variem os padrões e formas de fumar nos países em desenvolvimento e haja escassez de dados específicos, as tendências gerais são óbvias: o número de fumantes aumenta, e as formas em que fumam são mais perigosas. A questão não está em saber se essas tendências se manifestará0 em índices nacionais de mortalidade, mas quando isso ocorrerá. As implicações do fumar para a saúde têm sido amplamente divulgadas no mundo desenvolvido. Em 1979, 24 países desenvolvidos, entre os quais a Austrália, Nova Zelândia, Japáo, Estados Unidos, Uhião Soviética e muitas nações européias, haviam comecado a introduzir restrições ao fumar. Atenção muito menor tem sido atribuída, porém, às implicaqões de política financeira e agrícola do uso do tabaco em grande escala. Por exemplo: os Estados Unidos subsidiam as plantaqões de tabaco no país e sua venda ao exterior, ao mesmo tempo que apóiam campanhas nacionais de combate ao fumo. Muitos países em desenvolvimento, estimulados pela promoção das multinancionais do ramo, estão aumentando a produção de tabaco, tanto como valioso item de exportação para angariar divisas como para atender à crescente demanda interna. Em todo o mundo, cabe aos profissionais da saúde a responsabilidade especial de informar a si próprios e àqueles com quem trabalham a respeito da necessidade de decisões individuais e de políticas oficiais que levem em conta os perigos do uso do tabaco. os custos de saúde do uso de tabaco. Como mostra a Tabela 11, o tabaco é um produto agrícola cada vez mais importante em muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Fácil de cukivar, o fumo é fonte imediata de renda para famílias de pequenos agricultores, que ainda representam a maioria dos produtores mundiais. Grande parte da manufatura e da distribuição por atacado está nas mãos de empresas multinacionais ou de monopólios estatais que cooperam com as firmas comerciais e, na maioria dos casos, são os provedores da bem organizada - e lucrativa - promoção e comercialização. Como produto de exportação, o tabaco muito contribui para a captação de divisas. Como produto de consumo interno, é um dos itens mais onerados por imposios. A receita fiscal oriunda do tabaco desempenha importante papel na política oficial. Mais aceita do que OS impostos prediais ou sobre a renda, essa receita é também mais fácil de arrecadar. Além disso, proporciona consideráveis recursos financeiros. Na Grã-Bretanha, por exemplo, cerca de 70% do preço de um maço de cigarros destinam-se ao governo (65). Na China, incide sobre os cigarros um imposto de 60% (154). Nas Filipinas, diz-se que as arrecadações provenientes do tabaco proporcionam cerca de metade da receita governamental (4). Na Tanzânia, os pagamentos do monopólio estatal do tabaco financiam todo, o orçamento nacional de saúde (179). E em diversos outros países, os impostos e outros pagamentos ao governor ajudam a manter um alto nível de influência (179). Finalmente, milhões de varejistas obtêm alta margem de lucros com o comércio de cigarros, ao vendê-los em duas ou três unidades por vez. O cigarro também Ihes é vantajoso por servir de chamariz para que os clientes adquiram outros produtos. Contudo, pelo menos no caso dos Estados Unidos, onde o fumo foi explorado inicialmente como produto colonial de exportação, os altos custos do seu consumo interno superam atualmente por iarga margem os rendimentos financeiros de produtores, fabricantes, exportadores e exatores (v. Tabelas 14 e 15). Ao passo que a despesa total dos consumidores (mais exportações) soma atuaimente cerca de US$19 bilhões e proporciona ocupacão a Tabela 14. Estimativa da Atribuíveil ao Tabaco e Seus Products, EUA, Valor Outros Receita Agregado Renda Salários Custos Produtores 2.225 1.300 700 600 970 Compradores 2.300 75 30 20 25 90 67 71 Processadores 2.700 228 Exportações*t 1.731 50 16 17 17 Indústrias 4.200 1.500 600 600 300 Distribuidores*" 12.900 7.400 2.000 Imposlss* 6.200 Despesa do Consumidoi** = Renda Gerada* + Umpo$has" $17.000 Benefícios e Custos do Uso do Tabaco Na aferição de urna política fumageira, devem-se levar sempre em conta os pretensos benefícios econ6micos e POPULATION REPORTÇ = $ar~.aoo + $6.200 "Cifras d e 1977. As demais correspondem a 1976. tlmportações e m 1977: $373 ** Excluídos impostos. Fonte: Miller (Departamento de Agricultura d o s EUA) (173 Tabela 15. Estimativa dos Custos Esoa~6micssdo Uso do Tabaco, EUA, 1976 Percentagem estimada de casos que envolvem o USO d o tabaco Neop1asias Doenqas d o Sistema Circulatório Doenqas d o Sistema Respiratório Inc&ndios Total 20,O 25,O 40,O 1?I Custos ( e m milhões de US$) Custos diretos Custos Indiretos para os (Perda de Renda) servicos de saúde Merbidade Mortalidade Danos Materiais , Total 1.077,4 3.797,9 3.300,6 48,1 8.224,G Fonte: Adaptação baseada em iuce & Schweitzer (147) 3,3 milhão de pessoas (73), seu custo para os cidadãos, na forma de perdas de produção por doença, tratamento médico e perdas de vida e de destruição de propriedades por incondios, totaliza US$27,5 bilhões (147). Esse total é cerca de 50% superior ao da receita gerada e mais de quatro vezes superior aos impostos arrecadados, muito embora os impostos representem por s i sós aproximadamente o triplo da renda originariamente auferida pelo plantador. A propCPsito, as vendas internas de tabaco nos EUA são uma vez e meia maiores do que toda a despesa com drogas e miscelâneas (173). Nos países em desenvolvimento, embora os custos sociais de saúde possam parecer mais baixos, o custo individual de um maço de cigarros representa sacrifício muito maior de renda per capita, podendo equivaler ao preço da carne consumida numa refeiqão familiar ou de frutas ou vegetais frescos para uma grávida (na verdade, quando não existe comida, o cigarro muitas vezes age como depressor do apetite). Nas presentes condições de baixa renda, má nutrição e limitada atenção de saúde que prevalecem em muitos países em desenvolvimento, o tabaco é mais um peso a onerar o risco de saúde. A terra usada para plantar fumo fica indisponível para O cultivo de alimentos, fator que também pode contribuir para a desnutrição e o aumento da mortalidade. Em 1977, cerca de 4,4 milhões de hectares, 71% dos quais em países em desenvolvimento, eram utilizados no plantio de tabaco (243). Além disso, o tabaco é curado com fumaca de lenha: para cada 300 cigarros produzidos no Terceiro Mundo queima-se uma árvore, e para cada hectare de produção de fumo tipo Virgínia curado em estufa, queima-se um hectare de mata (179). A produção de tabaco agrava a escassez já crítica de lenha em grande parte do mundo em desenvolvimento (66). A manufatura de cigarros é uma indústria de utilização intensiva de capital, intensidade que é a segunda do mundo, de acordo com F. Clairmonte, da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento. Para citar um exemplo, a indústria de cigarros nos EUA investe mais de US$108 mil em maquinarias para cada assalariado que emprega (179). Mesmo em países em desenvolvimento, onde a tecnologia talvez seja menos sofisticada, a manufatura de cigarros produz reiativamente poucos empregos e consome o escasso capital. Parte desse uso de recursos financeiros e naturais pode ser recuperada pelo influxo de divisas. Contudo, tal in- fluxo pode ser mais aparente do que real. Escrevendo para a organização britânica "War on Want", assinala M. Muller que a importação de filtros, papel e embalagens de cigarros pode anular, tal como ocorre em Zâmbia, os benefícios em divisas da exportação do produto (179). Embora muitos países em desenvolvimento estejam plantando fumo, muitos também importam tanto tabaco ocidental para fins de mistura como cigarros ocidentais. Não fosse por essas aquisições, valiosos recursos em divisas poderiam ser usados para fins de desenvolvimento. Em 1977, importaram mais de 1.000 toneladas de tabaco ou seus produtos os seguintes países em desenvolvimento: Argélia, Cingapura, Costa do Marfim, Egito, Equador, Gana, Hong-Kong, Jamaica, Malásia, Marrocos, Senegal, Tunísia, Uruguai e Zaire (247). No total, a despeito dos pagamentos a pequenos agricultores e distribuidores e da substancial receita de firmas comerciais e governos, o tabaco passa a ser um custo líquido mais do que um benefício para a sociedade, sempre que um grande segmento da população fume o suficiente para sofrer o impacto da doenca induzida pelo tabaco. Mas as pressões financeiras com que se defrontam os governos têm impedido o desenvolvimento de políticas de saúde em relacão ao tabaco. A longo prazo, porém, conforme assinalou em '1974 o Relatório Técnico da Organização Mundial da Saúde (OMS) intitulado "O Fumo e seus Efeitos Sobre a Saúde", "os estudos economicos de custobenefício não são concludentes, já que as verdadeiras vantagens da redução do fumar serão expressas em termos humanos e na redução da má saúde e da morte prematura, mais do que simplesmente em termos monetários" (277). Políticas de Controle do USOdo Tabaco A medida que aumentaram o conhecimento médico e a consciência do público a respeito dos perigos do fumar, os países escandinavos e de fala inglesa, onde eram altos os níveis de fumantes, foram os primeiros a considerar a adoção de políticas oficiais para desestimular o uso do tabaco. Mas essa modificação de políticas tem sido lenta. Já em 1957, o Conselho de Pesquisa Médica da GrãBretanha dava a público um amplo relatório sobre constatações de pesquisa e concluía que o consumo de cigarros era a principal causa do aumento da mortalidade por câncer do pulmão (160). Em 1962, o Real Colégio de Médicos de Londres publicou relatório semelhante (213). Nos Estados Unidos, o Relatório da Comissão Assessora POPULATION REPORTS / \ d o Diretor Geral a Saúde Publia, publicado em 1964, foi o divisor d e águas na politica pública (258). Havendo um grupo d e destacados especialistas concluído por unanimidade que "fumar cigarros é um risco d e saúde cuja importância nos Estados Unidos é suficiente para justificar uma ação sanadora", o Serviço d e Saúde Pública dos EUA pouco a pouco assumiu a vanguarda da campanha contra o hábito de fumar. Na Noruega e na Finlândia, a preocupação oficial com os perigos d o fumar também foi expressa em meados da década d e -1960, muito embora só fossem adotadas legislações e iniciativas políticas d e monta em meados da década atual. Reunida em 1974 sob os auspícíos da OMS, uma Comissão d e Especialistas emitiu reiatório sobre o tema d o fumo e seus efeitos d e saúde (277). A Comissão d e Permanentemente interessada pelos efeitos d o tabaco como problema internacional d e saúde, a Organização Mundial da Sadide (OMS) formou um Comitê d e Especialistas em Controle d o Hábjto d e Fumar, que se reuniu entre 23 e 28 d e outubro d e 1978. O relatório d o ComitR deverá ser dado a público em meados d o Forrente ano, antes d o início da Quarta Csnfer6ncia Mundial sobre Fumo e Saúde, a ser realizada em junho vindouro, em Estocolmo, sob OS auspíciois d o governo da Su&cia. O Comitê de Especialistas da OMS em Controle d o Hábito d e Fumar está assim integrado: Prof. O. O. Akinkugbe, Vice Aeitor da Universidade Ahmadu Bello, Zaria, Nigória, Dr. I<. Bjarveit, Director d o Conselho Nacional d e Fumo e Saúde, Oslo, Noruega (Relator). Dr. H. Coudreau, Diretor Geral da Comissão Nacional d e Combate à Tuberculose e às Doenças Respiratórias, Paris, França. Dr. E. Crofton, Diretor Médico da Comissão Escocesa da Ação sobre Fumo e Saúde, Edimburgo, Escócia. Sir George Godber, Cambridge, Inglaterra (Presidente). Dr. N. Gray, Diretor do Conselho de Combate ao Câncer de Victoria, Melbourne Oriental, Austrália (Relator). Dr. D. Horn, Escritório d e Fumo e Saúde, Rockville, Maryland EUA. Dr. D. Lorançky, Diretor d o Instituto Central d e Pesquisa Científica em Educagão Sanitária, Ministério da Saúde, Moscou, URSS. Dr. L. Ramstrom, Diretor Geral da Associagão Nacional d e Fumo e Saúde, Estocolmo, Suécia. Dr. J. Sulianti Saroso, Assessor d o Ministro da Saúde, Jacarta, Indonésia. Secretaria: Dr. R. Masironi, Cientista, Doenqas Vasculares, OMS, Genebra, Suíça (Secretário). S. Fluss, Legislaqão Sanitária, OMS, Genebra, Suíça. POPULATION REPORTS Especialistas formulou extensas recomendações no tocante as iniciativas que poderiam ser tomadas por governos nacionais e agências internacionas. Novo re/atÓrio será divulgado em 1979 (v. quadro na cotuna ao lado). Em seu relatório d e 1974, a OMS recomendou aos governos os seguintes objetivos programáticos: i. O número d e jovens que comegarn a fumar deveria ser o mais haixo possível e, entre os que o fazem, a iniciação deveria ser a mais tardia possível. 2. Dever-se-ia persuadir e ajudar o maior número possível d e fumantes a abandonar seu hábito. 3. Os fumantes incapazes d e abrrr mão d e seu hábito deveriam procurar reduzir sua exposição a substâncias nocivas da fumaga, tais como o alcatrão, a nicotina e monóxido d e carbono (276). Embora seja possível incluir numerosos componentes numa ampla política d e controle d o uso d o tabaco orientada para a saúde, até agora nenhum país adotou toda a gama d e ações que têm sido sugeridas, a saber: '@ @ @ @ @ @ a @ @ a expansão da pesquisa a realizaqão d e campanhas d e educaqão d o pGblico o aumento dos irnpostos, especialmente sobre produtos com aito teor d e alcatrão e nicotina a adoção d e padrões oficiais d e produção a eliminação dos serviços d e extensão agrícola e d e apoio oficial a exigCncia de advertencias d e saúde nas embalagens e na propaganda d e produtos d e tabaco a indicação, nas embalagens, dos níveis d e componentes nocivos a limitação ou proibiqão da propaganda a limitação das vendas, e.g., a menores ou em certos locais a proibição d o fumar em áreas públicas ou Bocais de trabalho a adoção de diferenciais d e prêmios d e seguros de vida para fumantes. Ern sua maioria, os países desenvolvidos adotaram certas restriçóes ao longo dessas linhas. O mesmo não ocorreu na maioria dos países em desenvolvimento, exseto no caso d e alguns dos principais paises importadores, que muito naturalmente se situaram entre os primeiros a reconhecer os custos d o uso d o tabaco (v. Tabela 76). acionais de Controle da Promoqão e Uso do Ta PAí§E§ DESENVOLVIDOS PAISE§ EM DESENVOLVIMENTO Alemanha, Rep. R d Austrália Aiistria Aráhia Saudita Cingapura Colhbia Coréia d o Sul Costa Rica Egito Equador Marrocos México ,iapão Malta Noruega Panamá Nova Zelândia Paáses Baixos Pol6nia eina Unido Peru Romênia Tailândia Turquia Venezuela Zâmbia Tcheco-Eslováquia União Soviética Tota1 Total " Em 22 estados, restrições consideradas relativamente severas ou extensas Programas d e educação compulsória sobre drogas, álcool e tabaco. ' Restri~óesvoluntárias * Advertência obrigatória na propaganda Fonte: Escritório de Fumo e Saúde dos EUA (225); World Tobacco (5) Dada a influência econômica da industrial o mais fácil para os governos foi expandir a pesquisa. Na verdade, a indústria do tabaco tem contribuído frequentemente para projetos de pesquisa e financiado, com recursos próprios, a investigação extensiva de produtos menos nocivos. Observe-se, porém, que a introdução de urn cigarro de fumo sintético no Reino Unido fracassou e desestimulou a pesquisa de substitutos do tabaco (246). A pesquisa continua a aperfeiçoar produtos de tabaco com menor teor de alcatrão e nicotina, ainda que se discuta nos meios oficiais de saúde pública a ética de ajudar a desenvolver um produto que, quando muito, seria levemente menos prejudicial. Constatou-se que o aumento dos impostos ou dos preços é outra forma relativamente não controversa de dissuasáo do hábito de fumar. Da Suíca à Venezuela, países desenvolvidos e em desenvolvimento têm aumentado os impostos nos últimos anos. Na Venezuela, parte dos impostos estão sendo aplicados pelo Fundo Nacional do Tabaco no desenvolvimento de regiões produtoras rurais (154). Em 1978, a Grã-Bretanha adotou o imposto proporcional, que incide em maior escala sobre os cigarros com alto teor de alcatrão (244). Limitado é o impacto do aumento de preços sobre as vendas, por ser a demanda de produtos de tabaco relativamente inelástica. Não obstante, recentes aumentos de preços na Alemanha Ocidental, Bélgica, Luxemburgo, fndia, Itália e Países Baixos resultaram em certo declínio das vendas (246). Nas Filipinas, a diminuição do poder aquisitivo resultou em cortes de consumo (246). Ainda que uma análise dos níveis de consumo per capita de cigarros em 47 países POPULATION REPORTS tenha constatado que o principal fator determinante do consumo de cigarros é a despesa total per capita, e não os preços, o faro é que o aumento do preço do cigarro1 exerce certas pressões negativas sobre o consumo (-194). i na Arábia Saudita, Birmânia, Coréia, lraque, Turquia e Zâmbia (5). A m r t i r de 1974, a Colômbia, o E ~ i f o ,a No tocante à propaganda do tabaco, concluiu uma pesquisa realizada em 1974 sobre as políticas regulador as^ do produto que, embora 20 de 25 países desenvolvidos impusessem certas restrições sobre a promoção do tabaco, o mesmo só acontecia em 3 3 de 49 países em de-' senvolvimento (5). A propaganda pelo rádio e pela televisão de cigarros e, em geral, de outros produtos do tabaco, foi proibida na maioria dos principais países desenvolvidos. A propaganda pela imprensa está também proibida, entre outros paises, na Itália, Islândia, Polônia, Suécia, União Soviética, Noruega e Finlândia (225). Muito menor é o número de países em desenvolvimentol que instituíram leis desça natureza. O Peru, por exemplo, proíbe ã propaganda do tabaco pelo rádio e pela televisão antes das 21 horas. Em 1970, Cingapura praticamente baniu a propaganda pelos meios de divulgação em massa, proibindo todas as formas de promoção escrita ou oral do tabaco, com a única exceção de publicações estrangeiras (277), A propaganda do tabaco, principalmente pelo rádio e pela televisão, sofre certas lir~itaçóes Suécia, Suíça, Nova Zelândia e Reino Unido. Entre os países em desenvolvimento, nove requerem atuaimente a inclusão de advertências: C o l h b i a , Costa Rica, Equador, índia, Malásia, México, Panamá, peru e Verietueia (225). Embora a República Popular da China tenha atraído a atenção mundial com maciças campanhas de saúde pública contra as doenças venéreas, a malária e a esquistossomose, só recentemente o fumar começou a ser criticado. Mao Tse-tung e Lhou En-[ai eram fumantes inveterados. Seu exemplo, aliado ao imposto arrecadado em cada maço de cigarros, talvez tenha retardado a aç5o governamental contra o fumar. Contudo, há indlcios de que a situação está mudando. Em fins de 1978, o jornd Diário de Kwangming, editado em Pequim para intelectuais e profissionais, publicou artigo em que dois médicos formulavam advertência a respeito da vinculação entre os cigarros e diversas formas de câncer, doenrjas respiratórias e doenças do sistema circulatório (154). Isso contrasta com informações anteriores, segundo as quais fumar cigarros "não era considerado um grande fatos de causa de câncer broncogênico", muito embora o fumar tivesse aumentado rapidamente nos hltimos 30 anos e a incidência de câncer em Xangai, por exemplo, houvesse duplicado na última década (124). A preocupaição com o crescente número de jovens fumantes e com a necessidade de aumentar a área de terras para a produção de alimentos pode resultar em políticas fumageiraç mais orientadas para a saude (154). Campanhas Educacionais As criangas expostas à fumap do tabaco são mais afetadas por doenps do aparelho respiratório. (Conselho de Educagão Sanitária do Reino Unido) POPULATION REPORTS Em diversos países desenvolvidos, as campanhas de combate ao tabagismo parecem estar adquirindo pa de maior importânciadanto para incentivar os fumantes a abandonar seu hábito como para dissuadir os não fumantes de adotá-lo. Nos EUA, na França, no japão e no e, EduêacEo a? Bem-Estar dos EUA lanqois uma a: aaaha naciona! que visa a dissuadir as ccrianii;as de corne~airfumar. (Escritório de ~ u m 6e Saúde do Departamento) Reino Unido, essas iniciativas contiveram inteiramente O aumento e contribuem para um leve declínio do consumo (246). Nos Esrados Unidos, embora os esforços não tenham sido coordenados numa só atividade, diversas organizações públicas e privadas empenham-se ativamente há duas décadas em incentivar os fumantes a abandonar ou reduzir seu hábito. Examinando o consumo de cigarros per capita real e projetado, K. E. Warner constatou um decréscimo imediato, embora breve, de 4%-5% no consumo anual per capita após o relatório publicado pelo Diretor Geral de Saúde Pública em 1964. Em 7975, constatou ele um declínio cumulativo de 22% do hábito, como resultado do prosseguimento da campanha de combate ao fumo e da adoçao de políticas oficiais (267). Também na França, as iniciativas educacionais talvez tenham exercido efeitos tangíveis. Em 1977, informou o Ministério da Saúde que, após uma campanha educacional de um ano de duração, o consumo de cigarros por adultos caíra 15%, com declínio ainda maior entre jovens. O número de fumantes reduziu-se em 3% (2). Sugere a experiência dos Estados Unidos que existe um relacionamento indireto entre a educação do público e a poiftica oficial: concluiu Warner que os aumentos de impostos, que ajudaram a reduzir o uso, não teriam sido politicamente possíveis sem uma extensa campanha de combate ao fumo (267). Em contraste, na Finlândia, o debate público sobre um projeto de lei exerceu forte efeito educacional, conscientizando o público a respeito do impacto do fumar sobre a saúde (137). Nas pesquisas de opinião pública efetuadas, 80%-90% do público aprovavam a proibição da promoção do tabaco (29, 137). Normas de restrição da venda a menores (e até da limitação das vendas por máquinas, tal como na Finlândia) também têm sido bem aceitas. Na verdade, algumas dessas nurrnas remontam ao século passado (29). Mesmo hoje, poucas são as companhias de tabaco que reclamam o direito de estimular a venda entre menores, ainda que, muitas vezes, a publicidade e a promoção se orientem clarítmente nesse sentido. Alkm das medidas Indiretas que afefam a cobrança de impostos, a propaganda, a educação do piiblico e as restrir&s das vendas a menores aumentam as ~ressõesno sentiêio da adoção de políticas mais severas de proibição do fumar em áreas pnjblicas e locais de emprego. Na Finlândia, adotou-se em 1975 uma legislação geral que POPULATION REPORTS inclui essa proibição (137). Nos Estados Unidos, cerca de 30 estados e cidades, entre as quais Nova York e Washington, D.C., limitam o fumar em elevadores, nos transportes públicos, em supermercados, em restaurantes ou em outras áreas públicas fechadas. Seis estados proíbem o fumar nas escolas (225). Mas na Çalifórnia, em plebiscito referente a imposição de limites ainda mais severos ao fumar em recintos fechados foi derrotado em 1978, após extensa campanha de relações públicas desenvolvida pelos interesses do tabaco, que exploraram a antipatia popular para com a ação reguladora do governo. Diversas organizações privadas e públicas de saúde, tais como a Sociedade Médica Alemã e o Conselho Federal de Medicina do Brasil, proíbem o fumar durante suas reuniões, medida que também vigora durante as reuniões oficiais da OMS (277). Com a renovada atenção atribuída aos possíveis efeitos adversos do "fumar passivo" e com o aumento do número de ex-fumantes, provavelmente os países desenvolvidos irão testemunhar a intensificação dessas restrições. % Ainda intocada nos Estados Unidos e ignorada por outros países, até agora a área de política mais controversa envolve a produção, os serviços de apoio agrícola e as exportações de tabaco. 0 s governos continuam a supervisar ou regular a produção com vistas mais as vendas e ao subsídio dos preços do que à segurança; continuam a propocionar serviços de extensão agrícola para incrementar a produtividade; e, tal como nos Estados Unidos, ao mesmo tempo que tomam medidas para reduzir o consumo interno, aceitam e até subsidiam as vendas de exportação (179). \ - A partir de 1974, poucas foram as modificacões substanciais a despeito da crescente evidência de que os custos de saúde a longo prazo por uso do tabaco superarão seus rendimentos financeiros a curto prazo. Tal como nos países desenvolvidos, cabe aos profissionais da saúde em países em desenvolvimento a responsabilidade de, acima de tudo, reconhecer, a divulgar esses perigos. Profissionais da Saú o PPanejamento Familiar OS médicos, incluídos os ginecoiogistas e obstetras, podem ser uma valiosa fonte de informação sobre o fumar (47). Nos Estados Unidos, mais de 90% dos médicos praticantes acham que Ihes cabe a responsabilidade de não fumar, para dar o exemplo. A diminuicão da percentagem de médicos americanos fumantes, de 29,6% em 1967 para 21% em 1975, corrobora essa opinião (249). Mas em países em desenvolvimenio, as escolas médicas muitas vezes revelam proporção de fumantes maior do que em qualquer outra faculdade. Assim, constatou uma pesquisa realizada em 1969 em Wganda que mais de 50% dos terceiranistas de medicina fumavam (14); e em 7975, entre os estudantes de medicina da Malásia, o índice de 15% de fumantes entre os primeiranistas aumentava para a média de 28,8% a partir do terceiro ano (195). Entre estudantes de medicina de ambos os sexos em Lagos, Nigbria, os índices de fumantes eram de 72% e 22% (68)). Talvez seja necessário que os médicos de países em desenvolvimento primeiramente se informem e eduquem pessoalmente a respeito dos periPOPULATION REPORTS O Uso d o Fumo na Gravidez: ecomendações Formuladas a Especialistas &a& pelo Departamento de Saude d e Massachusetts (EUA) 7. Na primeira visita pré-natal da cliente, o especialista incluirá o tabaco na lista geral de drogas que exercem efeito sabidamente adverso sobre O resultado da gravidez, devendo por isso ser evitadas. A cliente poderá ser advertida de que, na gravidez, período em que deve ser mínimo o uso de qualquer agente farmacológico, a fumaça do cigarro, que contém mais de I000 agentes químicos, é motivo de especial apreensão. 2. A grávida deve ser informada de que, segundo as evidências mais recentes, o risco que corre de sofrer efeitos deletérios por fumar durante a gravidez será especialmente alto no caso de história prévia de perda perinatal, hemorragia e complicaç6es piacentárias, e se for anêmica ou pertencer a um grupo etário mais avançado. 3. Ocorrendo hemorragia em qualquer estágio da gravidez, deverá o especialista certificar-se, invariavelmente, se sua cliente fuma e, em caso positivo, radverti-Ia a respeito dos perigos desse hábito para o seu feto. 4. As facilidades de safide devem proibir o fumar em todas as áreas a que o pessoal e as pacientes tenham acesso. Deve-se indicar a proibição de forma bem visível em todas as áreas de acesso e fazer com que essa ordem seja respeitada. Fonte: Fielding & Russo (76) gos do fumar, antes de poder aconselhar efetivamente seus pacientes. Em seu relatório de 1974, sugeriu a OMS que se atentasse especialmente para os: que deverram reconihecer a im~ortância de seu papel dissuaçor do fumar e estar preparados para ajuda'r aqueles que encontram dificuldades em abandonar o hábito. Deveriam esses profissionais: ( i ) dar um exemplo pessoal abstendo-se de fumar, especialmente na preseinça de jovens e de pacientes, e estimular os pacientes e suas famílias a abandonar o háhiin. -, (ii) dissuadir os jovens de começar a fumar; ( i i i ) chamar a atenção dos fumantes com função puEmonar afetada, daqueles sofrem evidente risco de isquemia cardiaca e das grávidas para os perigos especiais que correm ao fumar; (iv) insistir no sentido de que as ações de combate ao fumar façam parte de todos os programas médicos e de atenção em saúde, e participar ativamente em atividades de educação sanitária, apoiando políticas e programas de controle e prevenção do fumar (277). Prafisss"~~wab da saú Em sua funqão de promotores da saúde reprodutiva, os programas de planejamento familiar são um veículo particularmente apropriado de educação sobre os perigos do tabaco para a reproduqão. Cursos maternos oferecem excelente oportunidade para a modificação de hábitos de grávidas em relação ao fumo e também para descobrir os enfoques educacionais mais efetivos (77). Até agora, porém, os programas de abandono do hábito para futuras mães têm sido objeto de pouco estudo. Nos Estados Unidos, um programa intensivo abrangendo I1 grávidas conseguiu fazer com que nove reduzissem a média de seu consumo de cigarros (48), sugerindo porém a pesquisa realizada na Inglaterra que a maior probabilidade de deixar de fumar corresponde às que fumavam menos ao início da gravidez (58). Seria lícito esperar esse resultado, o qual indica não tanto uma falha de programas de combate ao fumo como a f o r ~ ado hábito de fumar, que é corretamente descrito como uma "dependência farmacológica" (214). A despeito de aumentar entre os especialistas a consciência sobre os perigos do tabagismo materno para o feto e o neonato, tal informação ainda não chegou a muitas mulheres em idade reprodutiva, mesmo nos países deçenvolvidas. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos em 1975 com o apoio do governo constatou que apenas 60% das mulheres entrevistadas acreditavam, A época de sua hltima qravidez, que o fumar era prejudicial ao feto (254). A percentagem de mulheres conscien,tes dos efeitos do tabaco sobre a gravidez é provavelmente muito menor nos países em que não há campanhas de combate ao fumo. Recentemente, o Departamento de Saúde Pública do Estado de Massachusetts sugeriu uma série de medidas que os profissionais da obstetrícia deveriam adotar para disuadir as grávidas de fumar. Tais recomendações poderiam ser adaptadas para fins de aplicação em países em desenvolvimento (v. quadro). No último século, as melhorias de saúde nos países desenvolvidos foram obtidas principalmente por meio de reformas sanitárias introduzidas antes que os mecanismos de infecção fossem inteiramente compreendidos. Pela mesma razão, as medidaç de combate ao tabaco não deveriam esperar pelos resultados de novas pesquisas sobre o tabaco e a saúde, mesmo que tais esforços sejam recomendáveis e necessários (277). Não há dúvida de que o tabaco prejudica a saúde do adulto e a sadia reprodução. Novas investigações sobre a epidemiologia e os mecanismos biológicos dos efeitos do tabaco serão de grande valia, mas a necessidade de medidas para reduzir o uso do tabaco é crucial e imediata. 14. ARYA, O.P. and BENNET, F.I. Smoking amongst univetsity students in Uganda: an analyiis of pievalenceand attitudes. East African Medical lournal 4711): 18-28. Ianuary 1970. 25. BERGMAN, A.B. and WIESNER, B.A. Relationship o i passive cigarene-smoking to sudden infant death syndpme. Pediatrici 586): 665-668. 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[A study on the use of tobacca in nativeareai and urhanenvironmentsinSenegal1[FR] Bulietin de Ia Societe Medical d'Afrique Noire de Langue Francaise 19(1): 36-40.1974 23. BEGUM. F. and FORTNEY, I. Data from the InternationalFertility Research Program. lanuary 19. 1979. 1 p. (Unpublishedl 33. BRADT, P.T. and HARRENKOHL, R.C. DDT in hurnan milk: what determines the levels? Science af the Total Environment 6: 161163. 1976. 13. ARKIN, A. and WAGNER, D.H. Primary carcinoma of the lung: rtudy ofone hundred and thirty-five cases in fouryears. lournal of the American Medical Association 106(81: 587-591 February 22. 1936. 24. BENSON, R.C. Premature labor and the small-for-dates infant. In: Danforth, D.N., ed. Obstetrics and gynecology. 3rd ed. Hagerstown, Maryland, Harper and Row, 1977. p. 618-627. 34. BREEN, J.L., DEMARSICO, R., and GREGORI, C.A. Smoking and pregnancy. Journal of the Medical Society of New lersey 75í2): 124135. February 1978. 11. ANDERSON, H.R. 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A despeito de aumentar entre os especialistas a consciência sobre os perigos do tabagismo materno para o feto e o neonato, tal informa~ãoainda não chegou a muitas mulheres em idade reprodutiva, mesmo nos países desenvolvíidos, Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos em 1975 com o apoio do governo constatou que apenas 60% das mulheres entrevistadas acreditavam, A época de sua ijltima qravidez, que O fumar era prejudicial ao feto (254), A percentagfim de mulheres conscien)es dos efeitos do tabaco sobre a gravidez 6 provavelmente muito menor nos países em que não há campanhas de combate ao fumo. Recentemente, o Departamento de Saúde Pública do Estado de Massachusetts sugeriu uma série de medidas que os profissionais da obstetrícia deveriam adotar para disuadir as grávidas de fumar. Tais recomendações poderiam ser adaptadas para fins de aplicação em países em desenvolvimento (v. quadro). No último século, as melhorias de saúde nos países desenvolvidos foram obtidas principalmente por meio de reformas sanitárias introduzidas antes que os mecanismos de infeccão Fossem inteiramente compreendidos. Pela mesma razão, as medidas de combate ao tabaco não deveriam esperar pelos resultados de navas pesquisas sobre o tabaco e a saúde, mesmo que tais esforços sejam recomendáveis e necessários (277). Não há dúvida de que o tabaco prejudica a saúde do adulto e a sadia reprodução. Novas investigaç0es sobre a epidemiologia e os mecanismos biológicos dos efeitos do tabaco serão de grande valia, mas a necessidade de medidas para reduzir o uso do tabaco é crucial e imediata. 14. ARYA. O.P. and BENNET. FJ. Smoking amongst university students in Uganda: an analysis of prevaience and attitudes. Eait African Medical lournal 47(1): 18-28. lanuaiy 1970. 25. BERGMAN, A.B. and WIESNER. B.A. Relationship of parrive cigarette-rmokingto rudden infant death syndrome. Pediatrics 58(5): 665-668. 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De cobertura mundial e contínua atualização, a base de dados do POPINFORM consiste de mais de 50.000 citações da literatura sobre planejamento familiar e população, com indexação de termos e, na maioria dos casos, com resumos. Coligem-se documentos em todos os idiomas; as citações e os resumos saem do computador em inglês. A base de dados do POPINFORM 6 fornecida pelo Programa de Informação sobre População, pelo Centro de População e Saúde Familiar (divisão do Instituto Internacional para o Estudo da Reprodução Humana) da Universidade Columbia e pela Divisão de Avaliação do Planejamento Familiar, do Centro de Controle de Doencas, sediado em Atlanta, Georgia (EUA). O serviço de pesquisa computarizada da base de dados 6 gratuito para profissionais do campo da população-pesquisadores, clinkos, administradores de programas, autoridades do setor e encarregados da formulação de políticas -em países em desenvolvimento. O serviço é especialmente útil para quem trabalha em áreas distantes de grandes centros urbanos e facilidades de pesquisa. Nos EUA, o POPINFORM só presta serviços a assinantes. Processaremos prontamente os pedidos de pesquisa bibliográfica. Também forneceremos, a pedido, cópias dos artigos citados, quando estes sejam defíceis de obter. Especifique ao máximo o assunto de seu interesse (e.g.: a prevalência do uso de contraceptivos orais no Japão a partir de 1973). Inclua, quando pertinente, a finalidade da pesquisa bibliográfica (e.g.: pesquisa ou preparação de trabalho), o período a ser abrangido (e.g.: informação produzida em 1975-1976) e a limitação geográfica (e.g.: somente a América Latina). , - , NOME: TITULO: ORGANIZACAO: ENDERECO: ASSUNTO DE PESQUISA: FINALIDADE: Pedidos a: POPINFORM Popuiation Information Program The Johns Hopkins University 624 North Broadway Baltimore, Maryland 21205 USA ou LIBRARY Center for Population and Family Health lnternational Institute for the Study of Human Reproduction Columbia University 60 Haven Avenue New York, New York 10032 USA