Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders A Orientação Sexual na Educação Básica: o que pensam os alunos? Eixo 2: Formação de professores e cultura digital VIEIRA, Vania Maria de Oliveira1 RESENDE, Marilene Ribeiro2 VIEIRA, Camilla de Oliveira3 ARAÚJO, Maria Teresinha Leite Sene4 Agências Financiadoras: FAPEMIG/APOIO CAPES O foco dessa pesquisa, a sexualidade na adolescência, tem sido um tema de grande interesse pela maioria dos profissionais da área da educação, por ser reconhecida como questão importante e necessária para o processo formativo dos alunos. Erickon (1976, p. 128), considerado o autor que institucionalizou a adolescência, a caracterizou como uma fase especial do processo de desenvolvimento humano. Para ele, essa fase, tida como “um modo de vida entre a infância e a vida adulta”, é marcada por confusões de papéis e por dificuldades na busca de uma identidade própria. E é no bojo dessas caraterísticas que a escola convive com seus adolescentes. Influenciando o processo ensino e aprendizagem, a sexualidade destaca como característica marcante nessa fase. Decorrentes do “amadurecer”, a adolescência se apropria de todas essas características, “são hormônios jogados na circulação sanguínea 1 Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado, da Universidade de Uberaba – UNIUBE. [email protected] 2 Vice coordenadora e do Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado, da Universidade de Uberaba –UNIUBE. [email protected] 3 Docente da Universidade de Uberaba – UNIUBE. [email protected] 4 Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado, da Universidade de Uberaba – UNIUBE. [email protected] Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders e o desabrochar da sexualidade genital os fatores responsáveis pelo aparecimento da sintomatologia da adolescência normal” (BOCK, 2007, p. 64). De acordo com os PCNs (2000), a sexualidade influencia significativamente o desenvolvimento e a vida psíquica das pessoas. Além da função reprodutiva, relacionase com a busca de prazeres, o que é uma necessidade fundamental do ser humano. “A sexualidade forma parte integral da personalidade de cada um. É uma necessidade básica [...] que não pode ser separado de outros aspectos da vida. [...] é a energia que se expressa na forma de sentir [...] influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e tanto a saúde física como a mental” (PCNs, 2000, p. 295). Sugerem, assim, que o trabalho de orientação sexual, dentro das escolas, se articule, principalmente, com ações e discussões que priorizem a promoção a saúde. Embora encontremos nos PCNs (2000) a afirmação de que a escola deve assumir o trabalho de orientação sexual como uma de suas competências e incluí-lo no seu projeto pedagógico, Mamprin (2009), em seus estudos, observa que isso, em grande parte, não ocorre. Segundo a autora, “a educação sexual realizada nas escolas atualmente tem ocorrido de maneira incipiente, sem organização e planejamento e ainda, não se constata esta abordagem dentro das unidades didáticas, ou seja, as disciplinas” (p. 6). Pensando nisso, é que estamos realizando este estudo, de caráter qualitativo, tem como objetivo geral identificar e descrever o conteúdo das possíveis representações sociais construídas pelos alunos do 7º, 8º e 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Urbana Frei Eugênio em Uberaba/MG, sobre sexualidade na adolescência. E para isso apontamos como objetivos específicos: realizar leituras bibliográficas pertinentes ao tema sexualidade, com foco na adolescência orientação sexual, educação básica, e Teoria das Representações Sociais e Núcleo Central; identificar e analisar o perfil dos sujeitos; identificar o Núcleo Central das Representações Sociais sobre a sexualidade na adolescência; organizar e acompanhar um Programa de Educação Sexual de modo a oportunizar aos alunos reflexões que auxiliem a tomada de decisões responsáveis a respeito da sexualidade; promover a inserção social do Programa de Mestrado em Educação da Universidade de Uberaba. Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders Para Moscovi (1981, p. 28), a representação social “é um corpus organizado de conhecimento e uma das atividades psíquicas graças às quais os homens tornam inteligível a realidade física e social, inserem-se num grupo ou numa ligação cotidiana de trocas, e liberam os poderes de sua imaginação”. Nesse sentido, esse estudo reconhece que os 501 alunos adolescentes da Escola Municipal Frei Eugênio estão reunidos em grupos sociais e elaboram conjuntos de informações consensuais sobre a realidade com a qual se relacionam. Interessam-nos aqui as representações sociais que esses alunos estão construindo sobre a sexualidade na adolescência. Entendemos que cada aluno tem um papel atuante e particular na construção dessas representações, e estas, por sua vez, influenciam fortemente o modo de pensar, sentir, agir, conviver e aprender de cada um. E é esse estudo que estamos realizando, a partir dessas representações estamos identificando as dificuldades, os anseios e perturbações presentes na forma de compreender e lidar desse grupo de alunos com a sexualidade, para em seguida, propor um programa de orientação sexual. Nos procedimentos de coleta de dados serão incluídas a aplicação de um questionário, contendo questões abertas e fechadas; e a técnica de associação livre de palavras, tratadas pelo software EVOC, baseado no método Vergés (2002). software Esse tem como finalidade combinar a frequência com a ordem de emissão das palavras de modo a identificar nas Representações Sociais os elementos centrais e periféricos. Esta pesquisa encontra-se em andamento e no momento estamos realizando um estudo teórico sobre as temáticas: sexualidade, adolescência, promoção a saúde, educação básica, e Teoria das Representações Sociais e Núcleo Central. Para isso, estamos buscando respaldo em: Bock (2007), PCNs (2000), Erickson (1976), Mamprin (2012), Moscovici (2003), Jodelet (2001), Abric (2000) e outros. Esperamos que esta pesquisa, ao identificarmos as representações sociais sobre a adolescência, sexualidade na possa favorecer a compreensão do desenvolvimento dos alunos e subsidiar, assim, uma proposta de Programa de Educação sexual, cujo propósito é de oportunizar discussões e reflexões para a melhoria da qualidade da educação. Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders Palavras-chave: Educação básica. Representações Sociais. Sexualidade. Adolescência. Referências ABRIC, J.C. A Abordagem Estrutural das Representações Sociais. In: MOREIRA, A.S.P. e OLIVEIRA (orgs). Estudos Interdisciplinares de Representação Social. 2. ed. Goiânia: AB Editora, 2000, p. 27-38. BOCK, Ana Mercês Bahia. A adolescência como construção social: estudo sobre livros destinados a pais e educadores - Adolescência como uma construção social. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) • Volume 11 Número 1 Janeiro/Junho 2007 • 63-76 BRASIL, Ministério da Educação. PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade culturalorientação sexual/ Volume 10. Secretaria de Educação Fundamental, 2. Edição, Brasília, Editora, DP & D, Ministério da educação, 2000. p. 285 -335. ERICKSON, E. Identidade, juventude e crise. Rio de Janeiro: Zahar. 1976. GILLY, M. (2001) As representações sociais no campo da educação. In: JODELET, D. (Org.), As representações Sociais, (pp. 321- 341). Rio de Janeiro: Ed Uerj. JODELET, D Representação sociais: um domínio em expansão. In: _____________ (Org) Representações Sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ. 2001, p. 17-44. MAMPRIN, Angela Maria Paccola. A importância da educação sexual na escola para prevenção de conflitos gerados por questões de gênero. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1940-8.pdf. Acesso em 23 de setembro de 2012. MOSCOVICI, S. Representações Sociais: Investigações em psicologia social. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. _______________ A representação social da psicanálise. Tradução de Álvaro. Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. VÈRGES, P. Conjunto de programas que permitem a análise de evocações: EVOC: manual. Versão 5. Aix en Provence: 2002.