Universidade Estadual de Maringá
08 e 09 de Junho de 2009
O COMPUTADOR NA ESCOLA: PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA E
SUA PRÁTICA PEDAGÓGICA
FUGIMOTO, Sonia Maria Andreto (UEM)
ALTOÉ, Anair (Orientadora/UEM)
Introdução
O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, durante as últimas
décadas, assumiu um ritmo crescente imprimindo à sociedade novos rumos. As
tecnologias são fundamentais para a sobrevivência de nossa sociedade, e desde a
invenção da escrita e da imprensa, nada igual tem causado tanto impacto social e
estimulado tantas mudanças. Isto significa que as novas tecnologias afetam muitas áreas
da sociedade, inclusive a organização dos sistemas educacionais e o próprio processo de
ensino e de aprendizagem.
Não parece haver dúvidas que a temática sobre o uso das tecnologias na educação é de
suma importância nos dias atuais, portanto a utilização do computador na escola, como
recurso tecnológico, torna-se uma ferramenta pedagógica no processo de ensino e de
aprendizagem.
É importante destacar que a tecnologia tomou conta do cotidiano das pessoas. Assim,
com o crescente avanço nas diferentes áreas, pode-se contatar que a apropriação da
tecnologia torna-se imprescindível, e a necessidade de mudança e de atualização
profissional faz com que os indivíduos optem por usufruir das facilidades oferecidas
pela tecnologia em seus afazeres.
Quando se reflete sobre o campo educativo, observa-se que atualmente as escolas
buscam integrar as tecnologias em seu ambiente, porém, é facilmente percebível que os
1
Universidade Estadual de Maringá
08 e 09 de Junho de 2009
professores têm uma considerável dificuldade em manipular e incorporar os recursos
tecnológicos, em especial o computador, ao processo de ensino de aprendizagem.
Sabe-se que a introdução da informática na educação exige uma formação ampla e
profunda dos professores. De acordo com Valente (1999, p. 19) “a questão da formação
do professor mostra-se de fundamental importância no processo de introdução da
informática na educação, exigindo soluções inovadoras e novas abordagens que
fundamentam os cursos de formação”.
O referido autor afirma que a formação é um requisito necessário para o
desenvolvimento da prática pedagógica do professor no ambiente informatizado, porém,
os programas de formação de professores para atuarem na área da informática ainda são
ineficazes porque fornecem apenas condições para que se domine o computador ou o
software.
Com base no exposto, compreende-se que o uso do computador na escola deve
acompanhar uma reflexão acerca da necessidade de mudança na concepção de
aprendizagem. Não basta a escola adquirir recursos tecnológicos, é necessário ter
professores capazes de atuar, de refletir e de criar ambientes de aprendizagem na busca
de contribuir para o processo de mudança do sistema de ensino.
No que se refere à questão da utilização do computador na sala de aula pelo professor,
por meio de leituras realizadas, levantamentos bibliográficos e revisão da literatura
voltada para a área da educação, percebe-se que muitos professores ainda persistem em
adotar paradigmas pedagógicos tradicionais no desenvolvimento de suas práticas
pedagógicas. Com isso, a introdução de novos recursos tecnológicos na escola traz a
questão da resistência que sempre acompanha alguns professores para a idéia de
experimentar o novo.
A partir de questões acima mencionadas, observa-se que os avanços tecnológicos
empregados no processo de ensino e de aprendizagem, em especial o computador,
passam a ser vistos no ambiente educacional como uma ferramenta utilizada para
2
Universidade Estadual de Maringá
08 e 09 de Junho de 2009
transmitir informações. De acordo com Silva (2003, p. 78), “os professores que mais
utilizam o computador em suas atividades são os que possuem algum conhecimento na
linguagem informática [...] Por outro lado, uma maioria de professores não tem
formação, razão pela qual resistem em aliar o computador à suas ações didáticopedagógicas”. Diante disso, levantou-se a seguinte questão problematizadora que
norteará este estudo: A resistência dos professores de educação básica em relação ao
uso do computador na escola está relacionada às condições culturais vivenciadas?
Para iniciar as investigações acerca do objeto de estudo, torna-se importante ressaltar a
justificativa para tal temática e a sua relevância. Estudos realizados acerca do uso do
computador em sala de aula mostram que a maioria das escolas da rede municipal e
estadual de ensino dispõe de laboratórios de informática para serem utilizados
pedagogicamente pelos professores e pelos alunos. No entanto, observa-se que o
problema de não utilizar o computador não está na falta de equipamentos, mas em
professores que busquem atender seus alunos neste ambiente.
Num primeiro momento, verificou-se por meio de leituras de dissertações, de teses, de
artigos científicos, de material bibliográfico e outros de materiais impressos, que vários
autores em suas pesquisas abordam os seguintes eixos temáticos; as novas tecnologias, a
escola e a formação de professores. Contudo, ao realizar a revisão da literatura,
evidenciou-se que as novas tecnologias provocam uma reviravolta nas atitudes dos
professores, no seu comportamento, que resistem, muitas vezes, ao seu uso. Assim, os
avanços tecnológicos trazem novas exigências à formação de professores e muitos têm
dificuldades de romper as amarras que os fazem submissos ao modelo antigo de
educação, ao método tradicional.
Conforme menciona Rosa (2002), o movimento de mudança implica radicalidade, isto
é, implica ir fundo em busca das raízes e requer uma ruptura interna, uma ruptura do
hábito e da rotina. Nesta direção, de acordo com a autora, toda mudança significa
mudança de atitude, ou seja, romper com o estabelecido e para muitos professores esta
atitude é vista como desobediência. Entende-se, assim, que o professor resiste às
3
Universidade Estadual de Maringá
08 e 09 de Junho de 2009
mudanças e na tentativa de mudar vê uma ameaça a sua própria segurança e
tranqüilidade. Por isso, muitos reagem a elas naturalmente.
Justifica-se, portanto, desenvolver este estudo para investigar a resistência dos
professores em relação às mudanças inovadoras no campo educacional. Para isso, tornase necessário estudar a trajetória da formação de professores no Brasil a fim de
compreender o processo de feminização do magistério. Num segundo momento,
pretende-se identificar os motivos que levam os professores a rejeitarem propostas de
trabalho docente na qual está inserido o uso do computador e, consequentemente, as
implicações dessa resistência para o processo de ensino e de aprendizagem do aluno.
Nesta direção, acredita-se que este estudo trará contribuições para a área educacional e
permita aos educadores uma reflexão acerca das conseqüências de suas ações para que
percebam a necessidade de mudanças em sua prática pedagógica baseada em uma
abordagem construcionista.
Metodologia da pesquisa
A pesquisa, por se basear na investigação, na coleta e na análise de dados, caracteriza-se
pela abordagem de cunho qualitativo. A pesquisa na abordagem qualitativa visa obter
dados descritivos do contato direto entre a pesquisadora e os participantes da pesquisa,
favorecendo a obtenção de informações que contribuem para a cientificidade da
investigação (TRIVIÑOS, 2008).
A abordagem qualitativa de pesquisa favorece a investigação e a coleta de dados em que
o investigador interessa-se mais pelo processo do que pelo resultado do produto a ser
analisado contribuindo para uma análise mais ampla da investigação (BOGDAN;
BIKLEN, 1994).
De acordo com Lüdke e André (1986), entre as várias formas que pode assumir uma
pesquisa qualitativa, destaca-se a pesquisa do tipo etnográfico, relacionada à escola, ou
4
Universidade Estadual de Maringá
08 e 09 de Junho de 2009
seja, a área da educação. A investigação etnográfica tem um sentido próprio que é
descrever um sistema de significados culturais de um determinado grupo.
Nesta direção, será utilizada nesta pesquisa a abordagem qualitativa, na modalidade de
pesquisa do tipo etnográfico, baseada nos pressupostos ecológico-naturalista, por ser a
que mais atende às necessidades deste estudo.
Na pesquisa etnográfica os pressupostos ecológico-naturalistas ressaltam a influência
do ambiente sobre os indivíduos. O contexto no qual eles realizam suas ações e
desenvolvem seus modos de vida apresentam um valor essencial para favorecer nas
pessoas uma compreensão mais clara de suas atividades. O meio imprime aos sujeitos
traços peculiares que são desvendados à luz do entendimento dos significados que ele
estabelece. Por isso, as tentativas de compreender a conduta humana isolada do contexto
no qual se manifesta criam situações artificiais que falsificam a realidade e levam a
interpretações equivocadas (TRIVIÑOS, 2008).
No desenvolvimento da pesquisa, a coleta de dados ocorrerá por meio de entrevistas
semi-estruturada com os informantes para captar suas explicações e interpretações do
que ocorre nesse grupo. A entrevista, com a finalidade de identificar as causas da
resistência, analisar o uso do computador como inovação ao ensino e, em seguida,
analisar o desenvolvimento da prática pedagógica das professoras, será aplicada fora da
instituição escolar e fora do horário de trabalho das professoras. Esse procedimento,
portanto, será conjugado com outros, como levantamento bibliográfico e revisão da
literatura, os quais podem fornecer um quadro teórico próximo da situação estudada.
Para tanto, os dados recolhidos por meio do instrumento de coleta de dados sustentarão
as argumentações, reflexões e análise do pesquisador sobre o uso e as contribuições do
computador na prática pedagógica das professoras. Contudo, as afirmações contidas
nas entrevistas serão citadas para esclarecer aspectos destacados pela pesquisadora e,
assim, sustentará as argumentações e a cientificidade da pesquisa.
5
Universidade Estadual de Maringá
08 e 09 de Junho de 2009
A população pesquisada será composta por professoras da Educação Básica de Maringá,
um grupo de 12 professores, participantes de um projeto de ensino realizado em 2006 e
2007 por uma pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Educação da
Universidade Estadual de Maringá. A pesquisadora visou a formação continuada de
professores e estudou esse processo para usar o computador no processo de construção
do conhecimento de alunos. Assim, concluiu em seus estudos a falta de conhecimento
das professoras e muita insegurança no uso do computador, evidenciando assim, a
necessidade da formação de educadoras para utilizar tecnologias no desenvolvimento de
sua prática pedagógica. Para tanto, o instrumento de coleta de dados foi validado pela
pesquisadora que realizou as oficinas da referida pesquisa.
Informática na educação e a formação do professor de educação básica
O desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação provoca
mudanças na sociedade em todas as áreas, inclusive, na educação. Sabe-se que a escola,
na tentativa de acompanhar as mudanças que ocorrem na sociedade, busca conectar-se
ao uso da tecnologia, adaptando-se para atender às demandas sociais, porém, o uso do
computador em algumas escolas baseia-se no simples fato de ensinar o manuseio
técnico da máquina.
Quanto ao professor, para utilizar o computador como ferramenta educacional, necessita
de uma formação que o capacite para o desempenho de atividades que contribuam para
a construção do conhecimento do aluno. Entre os vários fatores que afetam a utilização
do computador na escola, como ferramenta pedagógica, é a qualidade do professor.
Stahl (2008) diante do exposto corrobora:
Os professores precisam entender que a entrada da sociedade na era
da informação exige habilidades que não têm sido desenvolvidas na
escola, e que a capacidade das novas tecnologias de propiciar
aquisição de conhecimento individual e independente implica num
currículo mais flexível, desafia o currículo tradicional e a filosofia
educacional predominante, e depende deles a condução das mudanças
necessárias (STAHL, 2008, p. 299).
6
Universidade Estadual de Maringá
08 e 09 de Junho de 2009
Evidencia-se, portanto, que as exigências à educação pela era da informação tornam-se
grandes desafios para os professores e muitos deles se encontram despreparados para
fazer uso das novas tecnologias.
De acordo com Valente (1999), a formação do professor não tem acompanhado o
avanço tecnológico porque as mudanças pedagógicas são difíceis de serem assimiladas
e implantadas na escola. Outra dificuldade é que a velocidade das mudanças da
informática exige muito mais do professor, o que acaba deixando-o estático diante
dessas mudanças. Sabe-se, contudo, que a introdução do computador na educação tem
auxiliado no processo de ensino e de aprendizado, mas o resultado tem sido pouco
observável na prática e a educação formal continua essencialmente inalterada.
Nesta perspectiva, a sociedade do conhecimento requer pessoas criativas e com
capacidade para criticar construtivamente. Para isso, a preparação do professor é
fundamental para que a educação deixe de ser baseada na transmissão da informação e
seja baseada na construção do conhecimento. Assim, o professor necessita ser formado
para tornar-se o facilitador, o mediador, dessa construção de conhecimento do aluno
(ALTOÉ, 1993, 1996; VALENTE, 1996, 1999).
O advento do computador na educação, segundo Valente (1993, p. 24), “provocou o
questionamento dos métodos e da prática educacional [...] provocou insegurança em
alguns professores menos informados que receiam e refutam o uso do computador na
sala de aula”.
Percebe-se, entretanto, que um dos motivos que dificultam as experiências inovadoras a
não se instituírem na escola é a resistência dos professores e, certamente, o maior
desafio é como preparar o professor que está sendo chamado a incorporar os recursos
tecnológicos em seu fazer pedagógico. O computador pode provocar uma mudança de
paradigma pedagógico, no entanto Valente (1999) ressalta que existem diferentes
maneiras de usar o computador na educação.
Uma maneira é informatizando os métodos tradicionais de instrução.
Do ponto de vista pedagógico, esse seria o paradigma instrucionista.
7
Universidade Estadual de Maringá
08 e 09 de Junho de 2009
No entanto, o computador pode enriquecer ambientes de
aprendizagem onde o aluno, interagindo com os objetos desse
ambiente, tem chance de construir o seu conhecimento. Nesse caso, o
conhecimento não é passado para o aluno. O aluno não é mais
instruído, ensinado, mas é o construtor do seu próprio conhecimento.
Esse é o paradigma construcionista onde a ênfase está na
aprendizagem ao invés de estar no ensino; na construção do
conhecimento e não na instrução (VALENTE, 1999, p. 24-25).
Conforme o acima mencionado, vale ressaltar que na perspectiva tradicional, a
informação era transmitida sem sofrer transformação ou adaptação. Este mecanismo
prejudica o processo de aprendizagem do aluno, porque ele recebe a informação e não a
assimila por não encontrar significado nela. A perspectiva construtivista propõe que o
aluno seja visto como ser em desenvolvimento, ser ativo e capaz de construir o novo.
Esse processo ocorre por meio de experiências com o objeto de conhecimento no qual o
aluno promove o seu processo de desenvolvimento.
Essa proposta construtivista, muitas vezes, não é desenvolvida nos laboratórios de
informática porque o professor realiza atividades que impede o aluno de construir seu
conhecimento, visto que ele recebe a tarefa pronta e não percorre o caminho necessário
para alcançar a aprendizagem. Com isso, evidencia-se que o professor não tem a
formação necessária em uma proposta pedagógica que a sustente.
Observa-se na área educacional o paradigma instrucionista sendo caracterizado,
erroneamente, como construtivista no sentido piagetiano. Assim, Seymour Papert1,
pesquisador sul-africano, professor de Matemática e de Educação do Instituto de
Tecnologia de Massachussetts, com o objetivo de evitar essa noção errônea sobre o uso
1
Seymour Papert é internacionalmente reconhecido como um pensador e ativista pioneiro, líder
na evolução da aprendizagem no mundo digital. Sua formação em matemática e em Filosofia o
levou a colaborar com Jean Piaget na Universidade de Genebra no período de 1959-1963, tendo
depois trabalhado com Marvin Minsky no Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde
tem trabalhado desde 1963. Ele é um dos inventores da linguagem de programação Logo e suas
publicações mais importantes incluem The Connected Family: Bridging the Digital Generation
Gap, Mindstorms: Children, Computers, and Poweful Ideas (Traduzido para o português como
Logo: Computadores e Educação. Editora Brasiliense) e The Children´s Machine: Rethinking
School in the Age of the Computer (Traduzido para o português como A Máquina das Crianças,
Editora ArtMed).
8
Universidade Estadual de Maringá
08 e 09 de Junho de 2009
do computador na educação, denominou de construcionista a abordagem pela qual o
aprendiz constrói o seu conhecimento por meio do computador (VALENTE, 1999).
Na noção de construcionismo de Papert existem duas idéias que
contribuem para que esse tipo de construção de conhecimento seja
diferente do construtivismo de Piaget. Primeiro, o aprendiz constrói
alguma coisa, ou seja, é o aprendizado através do fazer, do “colocar a
mão na massa”. Segundo, o fato de o aprendiz estar construindo algo
do seu interesse e para o qual ele está bastante motivado. O
envolvimento afetivo torna a aprendizagem mais significativa
(VALENTE, 1999, p. 33).
No que se refere às idéias defendida por Seymour Papert, Valente (1999) menciona que
o que contribui para diferenciar essas duas idéias é a presença do computador como
ferramenta. Assim, afirma que “quando o aprendiz está interagindo com o computador
ele está manipulando conceitos e isso contribui para o seu desenvolvimento mental. Ele
está adquirindo conceitos da mesma maneira que ele adquire conceitos quando interage
com objetos do mundo, como observou Piaget” (VALENTE, 1999, p. 33).
Para que o processo construcionista ocorra é preciso que o professor assuma essa teoria
pedagógica que sustentará seu trabalho e servirá de orientação ao aluno. Este ambiente
de aprendizagem precisa ser rico em atividades e ações, as quais são proporcionadas
pelo professor.
Para Papert (1997, p. 75) a “aprendizagem é facilitada quando é auto dirigida”.
Portanto, é diferente da aprendizagem tradicional em que a informação é passada,
transmitida pelo professor, e o aluno não constrói seu conhecimento, apenas interioriza
quando há interesse, caso não, descarta.
O referido autor defende que é preciso permitir ao aluno, em um ambiente
informatizado, construir e não apenas responder à programação, mas fazer e programar.
É o aluno que comanda o computador e não o computador que comanda o aluno. Assim,
a abordagem construcionista valoriza as estruturas cognitivas, busca meios para que a
aprendizagem ocorra, por meio de ações, discussões, interações com o objeto de estudo.
9
Universidade Estadual de Maringá
08 e 09 de Junho de 2009
Segundo Altoé (2001) é necessária uma metodologia diferente da abordagem tradicional
em um ambiente informatizado. O construcionismo é uma nova abordagem de uso
educacional do computador voltado ao processo de aprendizagem do aluno, que interage
com o computador, na busca de compreender, analisar e resolver situações problemas.
A referida autora menciona que a interação do aluno com o computador pode ocorrer de
duas maneiras: sozinho ou com a participação de outras pessoas, que pode ser o
professor. No entanto, o professor precisa atuar em uma concepção construcionista, ou
seja, instigar, desafiar o aluno a procurar e experimentar ações que contribuam para a
sua construção do conhecimento.
Neste contexto, a abordagem tradicional não condiz com o perfil de sujeito a se formar.
Portanto, o professor que atua nessa concepção precisa conscientizar-se de que sua
prática pedagógica não esta mais atendendo à necessidade de seus alunos. Assim, é
preciso que sejam oferecidas ao aluno condições em que ele possa experienciar
situações, experimentar, construir ações para torná-lo mais flexível, criativo e crítico.
Pelo exposto, entende-se que a compreensão é fruto da interação do aluno com o objeto.
Os objetos e atividades deverão estimular o aluno para que possa estar envolvido com o
que faz. Portanto, a abordagem construcionista valoriza as estruturas cognitivas do
aluno, busca meios para que a aprendizagem ocorra, por meio de ações e interações com
o objeto de estudo.
Diante disso, o ambiente informatizado na perspectiva construcionista propõe ao aluno
construir e reconstruir o seu conhecimento por meio das informações do mundo
exterior. O computador passa a ser a ferramenta educacional que possibilita a
construção do conhecimento. O professor assume o papel fundamental de auxiliar o
aluno, ser o facilitador da aprendizagem.
10
Universidade Estadual de Maringá
08 e 09 de Junho de 2009
O computador não deve ser inserido na educação como uma máquina de ensinar. Deve
ser visto pelo professor como uma ferramenta a ser dominada, programada, que
apresenta desafios para o aluno na construção do conhecimento. A formação do
professor precisa ser interligada com a perspectiva construcionista e a falta dessa
formação, como evidenciamos, tem prejudicado o desenvolvimento de muitos alunos.
Observa-se, contudo, que a maioria dos professores acredita que o computador pode
tomar o seu lugar na sala de aula, outros temem o seu manuseio e resistem ao seu uso,
com isso, persistem em utilizar a concepção tradicional para ensinar.
Resultados esperados
Estudos realizados acerca do uso do computador em sala de aula mostram que a maioria
das escolas da rede municipal e estadual de ensino de Maringá dispõe de laboratórios de
informática para serem utilizados pedagogicamente pelos professores e alunos. No
entanto, observa-se que o problema de não utilizar o computador não está na falta de
equipamentos, mas em professores que busquem atender seus alunos no ambiente
informatizado.
Este estudo, que tem como finalidade estudar a resistência das professoras em relação às
mudanças inovadoras no campo educacional, visa compreender as causas dessa
resistência em relação ao uso do computador e, consequentemente, identificar suas
implicações para o processo de ensino e de aprendizagem do aluno.
É evidente que os professores precisam romper com práticas arcaicas e repensar o fazer
pedagógico, como um profissional crítico, questionador de sua própria prática. No
contexto de uma sociedade tecnológica, a educação exige uma abordagem diferenciada.
Sabe-se, contudo, que o objetivo principal do professor é promover a aprendizagem. Por
isso, é imprescindível que os professores percebam a necessidade de se apropriarem das
novas tecnologias de forma crítica, criativa e construtiva. Neste contexto, o professor,
para assumir novas tarefas e responsabilidades, deve possuir novos conhecimentos,
comportamentos e atitudes que modifiquem sua prática pedagógica.
11
Universidade Estadual de Maringá
08 e 09 de Junho de 2009
Nesta direção, acredita-se que a pesquisa trará contribuições para a área educacional.
Espera-se, portanto, que o seu resultado permita conhecer as peculiaridades do grupo
para contribuir na identificação das próprias resistências e, venha possibilitar aos
professores reflexões sobre suas ações de modo tal que percebam a necessidade de
mudanças em sua prática pedagógica.
Para sintetizar, é oportuno salientar que o emprego do computador no processo
pedagógico exige do professor uma reflexão crítica. Refletir criticamente sobre o valor
pedagógico da informática significa também refletir sobre as transformações da escola e
repensar o futuro da educação. Além disso, dentro do contexto computacional, é preciso
que o professor reflita sobre a sua prática pedagógica, eleja uma forma de usar o
computador que propicie mudanças no paradigma educacional. É essencial, portanto,
que o professor assuma uma ação pedagógica que promova a construção de
conhecimentos pelo aluno e incorpore a sua prática uma abordagem construcionista.
REFERÊNCIAS
ALTOÉ, ANAIR. A gênese da informática na educação em um curso de pedagogia:
a ação e mudanças da prática pedagógica. Tese de Doutorado em Educação. Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2001.
ALTOÉ, Anair. O Papel do Facilitador no Ambiente Logo. In: VALENTE, José
Armando (org). O Professor no Ambiente Logo: Formação e Atuação. Campinas:
UNICAMP/NIED, 1996.
ALTOÉ, Anair. O computador na Escola: o facilitador no ambiente Logo. Dissertação
de Mestrado: Supervisão e Currículo. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
São Paulo, 1993.
12
Universidade Estadual de Maringá
08 e 09 de Junho de 2009
BOGDAN, Robert, BIKLEN, Sari. Investigação Qualitativa em Educação: uma
introdução à teoria e aos métodos. Tradutores: Maria João Alvarez, Sara Bahia dos
Santos e Telmo Mourinho Baptista. Portugal: Porto Editora, 1994.
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. E. D. Pesquisa em Educação: abordagens
qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
PAPERT, Seymour. A família em rede: ultrapassando a barreira digital entre as
gerações. Trad. Fernando José Silva Nunes. Lisboa: Relógio D´água editores, 1997.
ROSA, Sanny S. da. Construtivismo e mudança. 8 ed. São Paulo: Cortez, 2002.
SILVA, Liliana Maria Pierezan Moraes da. Articulando educação e tecnologia: uma
experiência coletiva. Passo Fundo: UPF, 2003.
STAHL, Marimar M. A formação de professores para o uso das novas tecnologias de
comunicação e informação. In: CANDAU, Vera Maria (org). Magistério: construção
cotidiana. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. p. 292-317.
TRIVIÑOS, augusto Nibaldo Silva. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais. 1 ed.
16. reimp. 2008. São Paulo: Atlas, 1987.
VALENTE, José Armando (org). O computador na Sociedade do Conhecimento.
Campinas: UNICAMP/NIED, 1999.
VALENTE, José Armando (org). O Professor no Ambiente Logo: formação e atuação.
Campinas: UNICAMP/NIED, 1996.
VALENTE, José Armando. Computadores e Conhecimento: repensando a educação.
Campinas: Gráfica Central da UNICAMP, 1993.
13
Universidade Estadual de Maringá
08 e 09 de Junho de 2009
VALENTE, José Armando. Liberando a mente: computadores na educação especial.
Campinas: Graf. Central da UNICAMP, 1991.
14
Download

O COMPUTADOR NA ESCOLA: professor de educação básica e