Nos anos 1600, o padre licenciado Mateus Nunes de Siqueira e seu irmão, o padre Jacinto Nunes de Siqueira,
possuíam uma próspera fazenda, onde havia um grande curral e uma igreja. Beneficiados pela generosidade dos
católicos que doavam bens inventariados à igreja, e pela própria benevolência dos citados religiosos, a igreja e a
fazenda eram consideradas as mais belas e ricas de São Paulo.
Ao local, que se transformou em um populoso bairro paulistano, foi dado o nome de Nossa Senhora da Penha.
Há uma lenda de um francês, devoto de Virgem Maria, que, ao dar pelo desaparecimento temporário e posterior
encontro da imagem da santa, radicou-se na região, acreditando ser aquele um lugar abençoado. O nome Penha
é uma adaptação do nome francês de Nossa Senhora do Monte, uma vez que a palavra Penha significa rocha ou
penhasco. A influência dos franceses residentes em São Paulo é outra explicação para o lugar ser conhecido
popularmente como Penha de França.
Por esta região, muitos bandeirantes procuravam índios com o objetivo de escravizá-los ou catequizá-los.
Destaca-se a atuação do bandeirante seiscentista Domingos Leme, possuidor de sesmarias recebidas, em 1643,
do capitão mor Francisco da Fonseca Falcão. As sesmarias eram terras abandonadas que eram distribuídas aos
imigrantes que se dispusessem a cultivá-las.
Outro bandeirante radicado na região foi Amador Bueno da Veiga, possuidor de grande extensão de terras desde
Guarulhos até a Penha, ao longo do vale do Rio Tietê.
O bairro tem grande extensão territorial e é limitado pelo ribeirão Aricanduva, estendendo-se até São Miguel
Paulista e, do outro lado, até o município de Guarulhos.
Uma Lei Provincial de 1880 fez a Penha pertencer ao município de Guarulhos. A decisão, porém, durou pouco
tempo : a população exigiu a reintegração ao município de São Paulo, em maio de 1886.
As procissões com a imagem de Nossa Senhora da Penha ocorriam com muita freqüência. As correntes humanas
vinham de todos os pontos da cidade de São Paulo, o que contribuiu para a melhoria do leito das avenidas
Rangel Pestana e Celso Garcia. Isso ajudou a estimular o progresso da região do Brás e de todo o caminho até a
Penha.
Finalmente, as grandes transformações econômicas e sociais do século XX, e o crescimento populacional,
trouxeram o tradicional e religioso bairro da Penha à conurbação com o resto da cidade de São Paulo, "que não
pode parar", como diz o dito popular . Atualmente, o bairro da Penha é um dos mais populosos de São Paulo,
com intenso comércio, Shopping Centers, Faculdades, e residências de padrão médio.
Valentim de Souza
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Nos anos 1600, o padre licenciado Mateus Nunes de Siqueira e seu