Física Geral 2010/2011 6 – Energia Potencial: Até agora estudámos o conceito de energia cinética, associada ao movimento, e energia interna, associada á presença de forças de atrito. Vamos agora estudar o conceito de energia potencial, associada á configuração dos objectos, que compõem um sistema, e que interagem entre si. A energia potencial existe quando estamos na presença de forças conservativas. Quando as forças que actuam num sistema são apenas deste tipo (ausência de forças de atrito), ao aumento de energia cinética, corresponde uma diminuição (da mesma magnitude) da energia potencial e vice-versa. Esta é uma expressão do Princípio da conservação de energia mecânica. Energia potencial gravítica: O campo gravítico dá origem á força gravítica, que é uma das quatro forças fundamentais, que já abordámos. A força gravítica é atractiva e depende das massas dos objectos que interagem entre si e das respectivas distâncias. Considerando um objecto num sistema a uma dimensão (segundo o eixo vertical Y) sujeito ao campo gravítico, se aplicarmos uma força de baixo para cima de modo a deslocar o objecto de uma posição inicial, y A até uma posição final, y B . Considerando ainda que esse deslocamento é suficientemente lento para que não haja perdas de energia por dissipação (ou seja, não há variação da energia interna), nem variação de energia cinética (o objecto parte do repouso e no fim do trajecto fica em repouso). Nestas condições podemos escrever: y yB y A B r y ˆj yB A yA Escola Superior Náutica Infante D. Henrique Departamento de Engenharia Marítima 1 Física Geral 2010/2011 Sendo o movimento suficientemente lento para que possamos desprezar a aceleração, podemos considerar que a força aplicada para deslocar o objecto é da mesma magnitude e direcção e sentido oposto ao peso do objecto (3ª Lei de Newton): FAplicada P m.g m.( gˆj ) (mg) ˆj Então, o trabalho realizado pela força aplicada é: WF FAplicada r (mg) ˆj y ˆj (mg)( yB y A ) cos 00 WF mgyB mgyA Ou seja, o trabalho realizado pela força aplicada, depende da posição inicial e final e representa uma transferência de energia para o sistema, energia armazenada sob outra forma a que chamamos energia potencial gravítica: WF mgyB mgyA EP ( B) EP ( A) EP E p mgh Sendo h a altura a que se encontra o objecto da superfície terrestre (noutro planeta ou na lua por ex. teríamos uma expressão equivalente mas com outro valor de g). Escola Superior Náutica Infante D. Henrique Departamento de Engenharia Marítima 2 Física Geral 2010/2011 Conservação da Energia Mecânica: Consideremos que após a elevação até á posição de altura y B , o objecto é libertado caindo para a posição de altura y A . Nestas condições, o trabalho realizado pela força gravítica sobre o objecto é: (nota: o vector deslocamento tem agora sentido oposto ao do caso anterior) W P r (mg ) r (mg) ˆj ( y A yB ) ˆj (mg)( y A yB ) cos 00 W mgyB mgyA Sabemos da secção anterior que: W Ec Então: Ec mgyB mgyA (mgyA mgyB ) Mas para um objecto em queda livre de B para A, a variação de energia potencial é: EP mgyFinal mgyInicial (mgyA mgyB ) mgyA mgyB Então: EC EP EC EP 0 Definimos Energia Mecânica para um sistema isolado, como a soma da energia cinética com a energia potencial: EMecanica EC EP Conservação da Energia Mecânica: Ou, escrito de outra forma: EMecanica EC EP 0 EC Final EP Final EC Inicial EP Inicial Escola Superior Náutica Infante D. Henrique Departamento de Engenharia Marítima 3 Física Geral 2010/2011 Energia potencial elástica: Já vimos que o trabalho realizado por uma mola elástica sujeita a uma deformação é: xf WMola (kx)dx xi 1 2 1 2 kxi kx f 2 2 A força aplicada que deforma a mola tem a mesma direcção e sentido oposto á força da mola (3ª Lei de Newton): FAplicada FMola Então: FAplicada (kx) xf xf xi xi WF FAplicada dx (kx)dx 1 2 1 2 kx f kxi 2 2 Definimos Energia Potencial Elástica do sistema como: EP 1 2 kx 2 Forças Conservativas O trabalho realizado por uma força conservativa sobre um ponto material que se move entre dois pontos é independente do caminho percorrido. Exemplos: força gravítica e força elástica de uma mola. A uma força conservativa que actua num sistema, associamos uma energia potencial. Escola Superior Náutica Infante D. Henrique Departamento de Engenharia Marítima 4 Física Geral 2010/2011 Forças não-Conservativas Estudámos na secção anterior que o trabalho realizado pela resultante das forças que actuam numa partícula que se desloca entre dois pontos, sujeita a forças de atrito, corresponde á variação de energia cinética entre esses pontos: EC WFa Se a partícula também estiver sujeita a forças conservativas, o trabalho realizado pelas forças de atrito corresponde á variação de energia mecânica do sistema, obtemos: EMecanica EC EP WFa Na ausência de forças de atrito ou não conservativas: EMecanica EC EP 0 Resultado que já obtivemos anteriormente. Escola Superior Náutica Infante D. Henrique Departamento de Engenharia Marítima 5