REDES SOCIAIS E EDUCAÇÃO: O USO DO MYSPACE E ORKUT COMO FERRAMENTA DE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO SANTOS, Marisilvia dos – Seduc-TO/PUCPR [email protected] VAGULA, Edilaine – Unopar – UEL/PUCPR [email protected] OLIVEIRA, Marlene – IFPR/PUC/PR [email protected] TORRES, Patrícia Lupion – PUCPR [email protected] Eixo Temático: Comunicação e Tecnologia Agência financiadora: não contou com financiamento Resumo O estudo relata a experiência desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, junto à disciplina de Teoria e Prática na Educação a Distância. O trabalho envolveu a utilização das redes sociais como recurso pedagógico, em especial o Myspace e o Orkut. As redes sociais constituem um valioso instrumento pedagógico que contribui qualitativamente para a aprendizagem nos ambientes que utilizam a web 2.0. O objetivo proposto foi de refletir sobre as possibilidades do Myspace e do Orkut em relação à produção do conhecimento, indicando facilidades e dificuldades no seu desenvolvimento. A partir das leituras de SANTOS (2010) e TORRES (2006) a problemática deste estudo girou em torno da seguinte pergunta: O que as redes sociais Myspace e Orkut favorecem no fazer pedagógico? Trata-se de uma abordagem qualitativa, tipo pesquisa-ação, da qual revelou que a utilização das redes possibilitaram motivação e maior autonomia dos alunos participantes, uma vez que a maioria não dominava o seu uso, principalmente do Myspace, e buscaram instrumentalizar-se para o trabalho, permitindo a aprendizagem colaborativa e o auxílio mútuo para realizar as tarefas propostas. Tal fato permitiu o acompanhamento da evolução das discussões propostas pela disciplina. A vivência das redes possibilitou relações de cooperação e troca de saberes entre os aprendizes em um contexto de diálogo e vivência de trabalho coletivo. Palavras-chave: Rede Social. Myspace. Orkut. Produção de Conhecimento. Educação a Distância. Introdução 15373 O uso das tecnologias interativas e o seu impacto na instituição de ensino possibilitaram um repensar de nossas práticas, onde precisamos rever estratégias de ensino e aprendizagem que possibilitem a mediação e gere conhecimentos. Dessa forma, torna-se evidente a necessidade de instrumentalizar os professores que atuam na Educação a Distância – EaD, para que possam criar novas possibilidades que potencializem a aquisição de saberes, utilizando-se de diferentes linguagens que permitam atingir os objetivos almejados. As reflexões sobre o ensino e a aprendizagem devem levar o professor ao rompimento das formas alienadas na condução dos processos de ensino e aprendizagem nessa modalidade. O docente não pode ser mais compreendido como um mero transmissor de conhecimentos, que exerce sua prática pedagógica de modo repetitivo, que traduz conhecimentos específicos e fragmentados, a partir do discurso científico das ciências da educação. (VALUGA, 2005). Dessa forma, podemos sim, concebê-lo como produtor de saberes, dado que os saberes provenientes da sua experiência devem ser considerados, quando analisada a sua competência profissional. Com a internet e suas ferramentas interativas, surge o paradigma da web 2.0 permitindo que nossos alunos produzam e compartilhem saberes, criem redes e comunidades que favoreçam a socialização do conhecimento, a auto-regulação, o que contribui para informações que circulam na rede. Segundo Bottentuit e Coutinho ([201-]) a sociedade em rede é formada por pessoas que convivemos em nosso cotidiano e tem possibilitado transformações metodológicas no trabalho, indicando caminhos de interação. Dessa forma, através da Internet é possível a realização de uma série de actividades que podem favorecer o ensino e a aprendizagem, assim como a criação de situações colaborativas e cooperativas, e a prová-lo está a investigação realizada que atesta das vantagens pedagógicas que o uso das TICs em geral, e da Internet em particular, podem trazer para a educação ([201-], p. 273). Pesquisas realizadas enfatizam que a internet e as interfaces da comunicação têm possibilitado troca de conhecimentos e produção de significados e sentidos ao conteúdo, ressignificando práticas educativas. A construção do conhecimento na EaD visa possibilitar a co-autoria por meio da aprendizagem colaborativa. Concordamos com Aparici e Acedo (2010, p.147) quando afirmam que este trabalho pode fortalecer o “conhecimento mútuo dos membros que participam do grupo”. Nesse sentido, é importante que a avaliação da aprendizagem envolva 15374 todos os participantes, possibilitando a busca da informação, a necessidade de compartilhar conhecimento e o planejamento do trabalho individual. Dessa forma, verificou-se por meio das redes sociais Myspace e Orkut a transformação dos papéis assumidos por professor e alunos, possibilitando relações dialógicas e o intercâmbio de conhecimentos. Universo Investigado O estudo foi desenvolvido na Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR, por meio de um processo investigativo que propiciou doutorandos, mestrandos e professores que cursavam disciplina isolada1 na disciplina Teoria e Prática na Educação a Distância, do Programa de Pós-Graduação em Educação. A problemática das redes sociais na educação está pautada na democratização do acesso às tecnologias que vem contribuindo para a utilização de novas estratégias de ensino, através de trocas interativas entre alunos e a tecnologia, promovendo relacionamentos interpessoais positivos. Dessa forma, observa-se que as iniciativas de atividades escolares com redes sociais ainda são tímidas. Poucos professores experimentam, por exemplo, mediar um debate online sobre um determinado assunto. Por outro ângulo, a EaD tem fomentado um trabalho pedagógico utilizando as redes sociais. Essa nova prática poderá exigir uma postura reflexiva e crítica no fazer pedagógico. Com o objetivo de refletir sobre as possibilidades do Myspace e do Orkut em relação à produção do conhecimento, indicando facilidades e dificuldades no seu desenvolvimento, definiu-se a pergunta central deste estudo: O que as redes sociais Myspace e Orkut favorecem no fazer pedagógico? As Redes Sociais As redes sociais situam-se no ciberespaço2 e como ferramenta pedagógica tem sido alvo de pesquisas na academia, pois possibilita a interação (trabalho compartilhado), a 1 Disciplina cursada por pessoas que não são do Programa de Pós-Graduação da PUCPR. Espaço que existe no mundo de comunicação em que não é necessária a presença física do homem para constituir a comunicação como fonte de relacionamento, dando ênfase ao ato da imaginação, necessária para a criação de uma imagem anônima, que terá comunhão com os demais. É o espaço virtual para a comunicação disposto pelo meio de tecnología. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciberespa%C3%A7o). 2 15375 interatividade (interação através de sistemas de comunicação) e a construção colaborativa do conhecimento na web 2.03. Dessa forma, [...] a informação é criada de forma coletiva e não individual, ocorrendo a interação entre participantes e conteúdo. Através de sites de relacionamento, ferramentas da comunicação síncrona e assíncrona, blogs, wikis, além de outras formas de colaboração [...] (MACHADO, et al. 2010, n. p.). Ao definir rede social Machado et al. (2010, n. p.) assinala sua composição “por pessoas que estão conectadas por um ou vários tipos de relações, de amizade, familiares, comerciais, entre outros”. Assim, buscam atingir objetivos em comum através de uma construção sócio-histórica cultural do conhecimento. Vale ressaltar que o Brasil ocupa posição de destaque entre os maiores usuários de redes sociais em todo o mundo. Veja quadro, abaixo (figura 1): Brasil fica atrás dos Estados Unidos em alcance de redes sociais Figura 1 - Ranking de países usuários de Redes Sociais Fonte:http://tecnologia.ig.com.br/noticia/2011/04/28/facebook+ja+tem+mais+visitantes+único s+que+orkut+no+sudeste+diz+estudo+10409389.html Este indicador coloca o Brasil em segundo lugar entre os países com maior alcance das redes sociais, atrás apenas dos Estados Unidos. O Brasil aparece na frente de países como Reino Unido, Índia, Canadá e Holanda. Santos (2010) entende que a rede envolve relações de pessoas e interfaces digitais, onde conteúdo e comunicação são inseparáveis. Em relação às redes sociais o aluno passa a 3 Web 2.0, termo criado em 2004 para designar uma segunda geração de comunidades e serviços, tendo como conceito a "Web como plataforma", envolvendo wikis, aplicativos baseados em folksonomia, redes sociais e Tecnologia da Informação. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Web_2.0). 15376 ser autor da sua aprendizagem por meio do seu envolvimento em situações de aprendizagem, tendo a dialogicidade como elemento facilitador da construção da autonomia. Para Maciel (2002, p.5), [...] (re)significar o processo educativo precisa ter como eixo a concepção de um sujeito que, em redes as mais diversas, estabeleça novas formas de contato e expressão no mundo e do mundo, não mais como consumidor das produções, mas como autor/produtor. Para Marteleto (2001, p. 72) as redes representam um “conjunto de participantes autônomos, unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados”, de forma aberta e dinâmica. Apresenta novas possibilidades de aprendizagem em múltiplas interações despertando o compromisso, possibilitando o trabalho com conteúdos atitudinais como a solidariedade. As redes de conhecimento se baseiam na aprendizagem e no crescimento autodirigidos, obtidos por meio de informações, técnicas e conhecimento. Não há currículo prescrito; a aprendizagem ocorre através da interação com colegas e especialistas em qualquer assunto ou campo nos quais os usuários estejam interessados. (HARASIM et al, 2005, p. 30). O trabalho com as redes sociais indicam possibilidades pedagógicas que contribuem qualitativamente para a aprendizagem nos ambientes que utilizam a web 2.0, contudo, necessita de planejamento que possa propor situações que provoquem a aprendizagem, lançando desafios e questões problematizadoras. Constituem um valioso instrumento pedagógico, quando explorada de forma inteligente, possibilita que se atinjam os objetivos delimitados, favorecendo a interdisciplinaridade, desenvolvendo a autonomia, onde materiais podem ser produzidos de forma colaborativa e reflexiva. Com as redes sociais voltadas para a produção do conhecimento, todos somos ensinantes e aprendizes nesse ambiente marcado pela heterogeneidade. Nesse sentido, cada participante da rede é o centro do processo em um ambiente de reciprocidade, iniciativa e acolhimento. Torres; Haiduke e Zem (2006, p.4) definem a aprendizagem colaborativa “como um trabalho de grupo colaborativo propriamente estruturado envolvendo uma tarefa planejada que inclui autonomia, processo de participação do grupo e avaliação do mesmo”. Na EaD as mediações são construídas por meio de atividades síncronas e assíncronas. Nas situações síncronas as atividades são realizadas em tempo real. As redes permitem uma comunicação assíncrona que acontece em tempos e espaços diferenciados, sem a participação dos envolvidos em tempo real, permitindo flexibilidade nas relações dialógicas e liderança 15377 compartilhada. Como bem nos lembra Freire (1996) que ensinar exige respeito aos saberes e a autonomia do educando. O uso das redes sociais estabelece vínculos e abrem novas possibilidades de autoformação, o professor acompanha as atividades realizadas, favorecendo a produção individual e social do conhecimento. O trabalho possibilita uma análise participativa do conteúdo, onde o papel do aluno é ativo e tem o professor como orientador do grupo. Myspace O Myspace é uma rede social interativa, um software social que se utiliza da rede mundial de computadores, a internet, para comunicação online e seu uso estende-se em diversos domínios: sociais, políticos, econômicos ou educacionais. O trabalho com a rede envolve a criação de um perfil, a busca de listas de contatos com outros usuários para que a interação ocorra. Bottentuit e Coutinho [201-] relatam que segundo uma pesquisa mundial realizada por uma empresa de consultoria, seus resultados apontam que o software “Myspace (www.myspace.com) é a rede social mais acedida em todo o mundo, contando com 274,6 milhões de participantes registrados”. ([201-], p. 275) e a inserção constante de novos membros. Foi lançada em 2003 e hoje o seu avanço a coloca como segunda maior rede social dos Estados Unidos, conforme citado no e-book “A importância das Redes Sociais nas marca de hoje”. O site conta com revisão constante de novos recursos e contempla um sistema de email, grupos ou fóruns e hospeda MP3, o que possibilitou o registro de várias bandas e músicos. O seu uso pode envolver a criação de portfólios virtuais pelos alunos dentro do seu perfil, apresentação de trabalhos, inserção de comentários sobre os saberes adquiridos, onde o professore através do seu registro pode fornecer feedback aos alunos sobre o trabalho desenvolvido. O docente tem a oportunidade de verificar a construção de textos pelos alunos, orientar pesquisas, debater temas ou emitir pareceres. Contribui com o grupo de trabalho, fortalecendo vínculos de amizade, possibilitando, dessa forma, a construção do conhecimento em rede. 15378 Orkut O Orkut é uma rede social filiada ao Google (www.orkut.com.br), criada em 22 de Janeiro de 2004 com o objetivo de ajudar seus membros a criar novas amizades e manter relacionamentos. A palavra Orkut é originada no projetista chefe, Orkut Büyükkökten, engenheiro turco do Google, criador da rede. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Orkut). O Orkut permite que seu usuário crie sua lista de amigos e participe de comunidades de seu interesse, favorecendo uma enorme socialização. Esse ambiente também permite a inserção de mensagens, chamadas de ‘scraps’, fotos e vídeos. A sua interface simples e as possibilidades que oferece fez com que o Orkut se tornasse o site de relacionamentos com maior número de participantes e o Brasil representa a maioria dos usuários do Orkut em todo o mundo. Veja o quadro de usuários do Orkut, abaixo (tabela 1): Tabela 1- Usuários do Orkut no mundo Ranking 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º País Brasil Índia EUA Paquistão Paraguai Japão Emirados Árabes Reino Unido Portugal China Percentagem 68.3% 15.4% 3.5% 1.9% 1.2% 0.9% 0.8% 0.7% 0.6% 0.6% Fonte:http://tecnologia.ig.com.br/noticia/2011/04/28/facebook+ja+tem+mais+visitantes+unicos+que+orkut+no+ sudeste+diz+estudo+10409389.html. Acesso em: 01 ago. 2011. O Orkut apresenta-se como uma excelente alternativa na possibilidade de trazer a realidade do aluno para dentro da sala de aula, ou melhor ainda, de levar o conhecimento que até então permanecia apenas dentro da sala de aula para fora dos muros da escola. Mas, por outro lado, a maioria das instituições educacionais proíbem o acesso ao Orkut, não levando em consideração a potencialidade de tal instrumento. Nele, além da inclusão de vídeos, fotos e textos o professor tem também a possibilidade de interagir com seus alunos, pois este ambiente já faz parte do universo em que eles estão inseridos. Telles (2006) aponta as diversificadas possibilidades de utilização do Orkut pelas empresas, entre elas: divulgar seus produtos, analisar preferências e críticas dos consumidores, verificar perfis dos candidatos às vagas, entre outros. Isso mostra que é 15379 possível tirar diversos proveitos deste tipo de ambiente virtual, e por que não utilizá-lo na educação? É necessário parar de marginalizar certos ambientes virtuais por considerar que os alunos utilizam-se deles apenas para a socialização, o que em si já não é uma coisa ruim, e começar a apropriar-se deles para benefício da educação. Metodologia O processo metodológico adotado para este estudo segue uma abordagem qualitativa e como estratégia a pesquisa-ação, que segundo Tripp (2005) na área educacional é uma tática para o desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus alunos. Desse modo a pesquisa-ação demonstra-se interativa e reflexiva na sua prática profissional com a finalidade de interpretar sua realidade e intervir. A investigação foi desenvolvida através da interação dos participantes mestrandos, doutorandos e professores que cursavam a disciplina Teoria e Prática na Educação a Distância da linha de pesquisa Teoria e Prática Pedagógica na Formação de Professores, do Programa de Pós Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, no primeiro semestre do ano de 2011. O trabalho proposto pela referida disciplina envolveu as seguintes redes sociais: Twitter, Facebook, Myspace, Orkut e Youtube.Todos as alunos se cadastraram em todas as redes indicadas. As atividades desenvolvidas no Myspace e no Orkut, elementos desse estudo, seguiu conforme o descrito, abaixo. Myspace Foram desenvolvidas duas atividades para os alunos matriculados na disciplina de Teoria e Prática na Educação a Distância, envolvendo o tema avaliação na EaD, que foi a proposta de trabalho desenvolvida pela pesquisadora no seminário da disciplina. Na primeira atividade foi disponibilizado no ambiente um vídeo elaborado pela TV Escola (BRASIL, 2009) sobre as redes sociais e a educação. Foi apresentado nessa atividade o seguinte questionamento: após assistir o vídeo e com base nos textos propostos pela disciplina, sobre 15380 as redes sociais, comente como o professor pode utilizar-se dessa ferramenta pedagógica na busca de uma avaliação formativa e mediadora. Na segunda atividade foi apresentado um estudo de caso, sendo desenvolvida da seguinte maneira: leia os casos abaixo e comente a frase: existe uma distância entre as formas tradicionais de avaliação e a efetiva competência para desempenhar tarefas4. 1) Você está quase conseguindo dormir quando a aeromoça anuncia: “Passaremos por uma região de turbulência, apertem os cintos”. A turbulência acaba sendo tão forte que o avião acaba perdendo a altitude. O piloto então anuncia: “Senhores passageiros, sinto informar-lhes que não sei o que fazer. O avião está perdendo altitude, mas eu errei essa questão na prova final do curso de pilotagem”. 2) Você está na mesa de cirurgia e acaba de tomar anestesia. Nos poucos segundos que lhe restam, você pergunta para o anestesista: “Esse cirurgião é bom mesmo? Ele responde:” Ele tirou 9,0 em todas as provas teóricas, mas 2,0 nas aulas práticas. “A média foi 5,5, portanto passou”. 3) Você está em uma livraria, escolhendo um romance para levar para uma longa viagem de férias. Olha a orelha de um livro que lhe parece bom e lê: “O autor deste livro é um dos escritores mais promissores de sua geração. Passou em terceiro lugar no vestibular, tirando 9,0 em redação, e se formou com média 8,3 em Letras Modernas”. (BLIKSTEIN, 2006, p. 183, GRIFOS DO AUTOR). A utilização da rede na sala de aula como experiência inovadora de aprendizagem, possibilitou motivação e maior autonomia dos alunos, uma vez que a maioria não dominava o seu uso e buscaram-se instrumentalizar para o trabalho, permitindo a aprendizagem colaborativa, onde percebemos que estes se ajudavam mutuamente para realizar as tarefas propostas, permitindo a professora da disciplina acompanhar a evolução das discussões propostas. É também por meio da interação e da comunicação que se torna possível a superação de uma das grandes barreiras do EAD tradicional, a da manutenção da motivação do estudante [...] a interatividade modifica a natureza e a qualidade da aprendizagem, sendo assim fundamental para garantir uma educação virtual de qualidade. (TORRES, 2004, p. 7-8). Na medida em que as atividades giravam em torno da mesma temática, foi possível confrontar os textos teóricos propostos pela disciplina com a prática da utilização da rede, construindo diálogos significativos e reflexivos. O grupo era composto inicialmente por 4 A segunda atividade apresentada foi extraída do Livro: BLIKSTEIN. Mal Estar na Avaliação. In: SILVA, Marco; Santos, Edméa (orgs.). Avaliação da Aprendizagem em educação online. São Paulo: Loyola, 2006.p.183-200. 15381 pessoas que não se interagiam, mas com o seu uso foi possível a aproximação de seus membros e o estabelecimento de vínculos de aprendizagem e amizade. Como toda rede social constatamos algumas desvantagens em relação ao seu uso pelos participantes como: falta de domínio quanto a utilização da ferramenta e a não realização das atividades por alguns alunos, devido a falta de tempo ou desconhecimento da rede. As experiências desenvolvidas nas redes sociais, especialmente Orkut e Myspace, foram socializadas num seminário realizado pela disciplina Teoria e Prática na Educação a Distância. Orkut As atividades desenvolvidas nessa rede foram postadas por duas alunas pesquisadoras. Na primeira fase do desenvolvimento da atividade uma postou atividade síncrona5 e outra assíncrona6. A atividade síncrona constou de um chat7, que objetivou a discussão do texto “As redes sociais na escola”, disponibilizado http://compartilhandoead.blogspot.com/2010/09/as-redes-sociais-na-escola.html. no Para a realização desse chat várias mensagens foram enviadas aos alunos e ainda, foi postada uma promoção na rede, onde todos os “amigos” podiam visualizar a chamada para o evento. O Chat proporcionou interação entre os envolvidos por meio da escrita e reescrita, perguntas e respostas, argumentação e contra-argumentação. A moderação, feita pela pesquisadora, dinamizava o diálogo entre os participantes. Foram levantadas questões como: abertura dos professores em relação ao uso das redes e das tecnologias na educação; as redes sociais como forma de interação; formação pedagógica do professor para atuar nesse cenário; o desafio da operacionalização das redes sociais. Vantagens do Chat é que pode ser realizado com horário pré-agendado e todos podem se falar simultaneamente em locais distintos. A dificuldade visualizada nessa atividade foi a morosidade para digitar, visto que as questões fluem no ambiente virtual e alguns desvios do assunto. Ainda nesta primeira fase a outra pesquisadora postou um fórum na Comunidade Doutorado PUCPR sobre as redes sociais, cujo título “Conheça o potencial das redes sociais”, 5 O processo da comunicação ocorre em tempo real. É o inverso do síncrono. A comunicação está posta e pode ser acessada a qualquer momento. 7 Significa conversação, ou bate-papo; é um neologismo para designar aplicações de conversação em tempo real. Esta definição inclui programas de IRC, conversação em sítio web ou mensageiros instantâneos. 6 15382 disponível em: http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2010/08/06/624276/onheapotencial-das-redes-sociais-sua-carreira.html. Essa atividade foi realizada de acordo com a disponibilidade de tempo de cada participante e fomentou um discursso categórico sobre redes sociais. Neste fórum cada participante postou sua análise sobre o texto disponibilizado. A atividade possibilitou a busca pela construção do conhecimento coletivo e mediatizado. Na segunda fase do estudo as pesquisadoras trabalharam com fórum, na comunidade criada para a disciplina. Uma instigou a criação individual do conceito de EaD. A atividade proporcionou criatividade, autonomia em suas opiniões e sentimento de pertença num ambiente virtual. O outro fórum teve como título Gestão e Modelos Pedagógicos disponível em http://www.youtube.com/watch?v=z55QE-t7bKg; foi trabalhado, colaborativamente, por meio de um vídeo entre os participantes da comunidade. Nessa atividade cada participante procurou contextualizar criticamente sua participação no fórum. Considerações Circunstanciais Este artigo procurou discutir as experiências educacionais realizadas na rede social Myspace e Orkut e as possibilidades de construção do conhecimento escolar na disciplina de Teoria e Prática na Educação a Distância. O uso da rede social como inovação pedagógica desencadeou um processo de mudança na sala de aula, possibilitando a busca progressiva da autonomia. Os temas desenvolvidos na rede contribuíram para a discussão de conteúdos diversos relacionados a EaD, viabilizando trocas interativas, facilitando a tomada de consciência de sua importância no meio educacional. Trabalhar com a web na educação representa desafio e inovação. A utilização do Myspace possibilitou motivação e maior autonomia dos alunos participantes, visto que a maioria não dominava o seu uso e buscaram instrumentalizar-se para o trabalho. A utilização do Orkut favoreceu discutir temas de forma síncrona e assíncrona, visto que apenas duas alunas não tinham experiência com essa rede social. A familiarização com a ferramenta favoreceu um envolvimento maior na realização das atividades. O Myspace e o Orkut permitiram uma aprendizagem colaborativa e o auxílio mútuo para realizar as tarefas propostas. Tal fato permitiu o acompanhamento da evolução das discussões propostas pela disciplina. 15383 Por meio da produção dos participantes nas redes sociais, foi possível constatar que a rede constitui um potencial de comunicação a ser trabalhado, do qual cada participante possui uma identidade cultural que contribui para a aprendizagem colaborativa dos alunos. O ensino não pode ser linear e as redes sociais podem ser consideradas como um caminho prazeroso para a aprendizagem, através de uma proposta inovadora. No mundo acadêmico faz-se necessário a reflexão sobre a importância das redes sociais, combatendo barreiras em relação ao seu uso, com a finalidade de promover mudanças em relação ao processo de ensino e aprendizagem. A investigação desenvolvida por meio de uma pesquisa-ação possibilitou relações de cooperação e troca de saberes entre os aprendizes em um contexto de diálogo e vivência de trabalho coletivo. O conhecimento passou a ser uma construção social. Como a utilização das redes sociais na educação ainda é limitado em muitas instituições de ensino, espera-se que o presente trabalho, por suas limitações e sugestões, possibilite novas investigações sobre a utilização das redes sociais na educação e um repensar das práticas desenvolvidas em sala de aula, no sentido de buscar a (re)construção do processo de formação com o apoio das novas tecnologias. REFERÊNCIAS ACEDO, Sara Osuna; APARICI, Roberto. 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