Casos Clínicos Sábado, 15 novembro 17:00 - 18:00 | CONTROVÉRSIAS EM HEPATOLOGIA - CASOS CLÍNICOS PRÉ-SELECIONADOS COM PERGUNTAS E RESPOSTAS Presidente: Helena Cortez Pinto Moderadores: António Banhudo, Lurdes Gonçalves JURI MELHOR CASO CLÍNICO Presidente do Júri: Vasco Trancoso Membros efetivos: Delfim Pena Eduardo Pereira Isabel Medeiros Rosário Vidal Suplentes: António Castanheira Isabel Bastos Prémio Melhor Caso Clínico Apoio Gilead Casos Clínicos | Controvérsias em Hepatologia Sábado, 15 novembro Título CO-INFEÇÃO VHB-VHD: CURA APÓS 4 ANOS DE PEGINTERFERÃO-ALFA 2A Autor Pires S., Mocanu I., Veloso N., Gonçalves L., Godinho R., Medeiros I. Resumo Doente do sexo masculino, 40 anos, natural da Moldavia, enviado à consulta de Gastrenterologia com serologias compatíveis com hepatite crónica a vírus da hepatite B (VHB). No estudo realizado, constatou-se transaminases persistentemente elevadas, embora com DNA de VHB sempre negativo, tendo-se detetado co-infeção a vírus da hepatite D (VHD) e excluído outras causas de hepatopatia. O doente realizou biópsia hepática que revelou hepatite crónica compatível com infeção a VHB com grau de lesão periportal 3-4 e fibrose 3-4 (índice HAI). O doente iniciou terapêutica com peginterferão alfa-2a na dose de 180 ug por semana, posteriormente reduzida para 135 ug/semana por trombocitopenia e neutropenia, sem outros efeitos secundários documentados. Manteve seguimento em Consulta, e nas avaliações analíticas seriadas constatou-se: aos 2.5 anos de tratamento, negativação do RNA do VHD, e aos 3 anos, negativação dos anticorpos IgM VHD. Após 4 anos de terapêutica, mantendo IgM e RNA do VHD negativos, e também DNA do VHB sempre negativo apesar de antigénio HBs (AgHBs) positivo, decidiu-se suspender o tratamento. Quatro meses depois, verificou-se seroconversão do VHB. Atualmente, um ano e meio após a suspensão do tratamento, o doente mantém transaminases normais, anticorpo HBs positivo com AgHBs negativo, VHB não detetável e IgM VHD negativo. Trata-se de um caso raro de duplo sucesso da terapêutica com pegintergerão na co-infeção VHB-VHD. Local de trabalho Hospital do Espírito Santo Évora Pág. 2/4 Casos Clínicos | Controvérsias em Hepatologia Sábado, 15 novembro Título HEPATITE B AGUDA GRAVE COM NECESSIDADE DE TERAPÊUTICA DE SUBSTITUIÇÃO HEPÁTICA COM PROMETHEUS Autor Palmela C., Nunes J., Ferreira R., Morbey A., Cravo M. Resumo Os autores apresentam um caso de hepatite B aguda com agravamento progressivo da função hepática com fraca resposta inicial à terapêutica anti-viral, submetido a técnica de substituição hepática com sucesso. Discute-se o diagnóstico diferencial de reativação da infeção pelo VHB versus infeção aguda. Homem de 65 anos, que recorreu ao SU por astenia, anorexia, febre e icterícia com quatro dias de evolução. À observação destacavase febrícula (37,8ºC), icterícia, ausência de estigmas de doença hepática crónica, palpação dolorosa do hipocôndrio direito. Laboratorialmente com bilirrubina total 10,5mg/dL (conjugada 9,5mg/dL), AST 825UI/L, ALT 1556UI/L, GGT 417UI/L. Ecografia abdominal com ligeira hepatomegalia, vias biliares sem ectasia, sem litíase vesicular. Impressão diagnóstica de hepatite aguda. O estudo etiológico revelou positividade para AgHBs, AgHBe e anticorpo anti-HBc IgM e DNA VHB 9 690 000 UI/ml. Verificou-se agravamento progressivo da função hepática (bilirrubina total máxima 30,7 mg/dl, INR 1,3, factor V normal), pelo que iniciou terapêutica com entecavir. Apesar do início da terapêutica anti-viral, manteve agravamento da citocolestase, pelo que se contactou Centro de Transplantação Hepática, que sugeriu início de terapêutica de substituição hepática. Realizou 3 sessões da técnica Prometheus, verificando-se melhoria significativa da colestase e dos marcadores de lesão hepatocelular (bilirrubina total 9,7 mg/dl, fator V 119%, AST 601 UI/L, ALT 532 UI/L). Um mês após a alta apresentava-se anictérico, com normalização das provas hepáticas, redução da carga viral em 3 log10 e seroconversão do Ag HBe. Realizou fibroscan cujo resultado foi de 7,9 kPa (F2). Oito meses após o quadro agudo, verificou-se seroconversão do AgHBs. Local de trabalho Hospital Beatriz Ângelo Pág. 3/4 Casos Clínicos | Controvérsias em Hepatologia Sábado, 15 novembro Título SÍNDROME DE SOBREPOSIÇÃO DE CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA E HEPATITE AUTOIMUNE – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO. Autor Pinho J., Martins D., Sousa P., Cancela E., Araújo R., Castanheira A., Ministro P., Silva A. Resumo Os autores descrevem o caso de um doente, sexo masculino, 61 anos, com antecedentes de diabetes mellitus tipo 2, medicado com acarbose e sitagliptina desde há vários anos, que recorreu ao serviço de urgência por quadro de astenia, icterícia e colúria. Sem antecedentes pessoais de hepatite, transfusões sanguíneas, viagens recentes ou história familiar de relevo. Negava consumo de drogas, álcool ou introdução de novos fármacos. O estudo analítico revelou AST 106 UI/L, ALT 801 UI/L, GGT 557 UI/L, fosfatase alcalina 265 UI/L, bilirrubina total 7.3 mg/dL e elevação da IgM 571 mg/dL e IgG 3266 mg/dL. O estudo das doenças autoimunes mostrou ANA positivo titulo 1/2560 e anticorpos antimitocondriais M2 positivos. Efetuada biópsia hepática que revelou esteatose ligeira, inflamação portal e lobular moderada com lesão de interface e ductos biliares com epitélio reativo, em relação provável com hepatite medicamentosa ou hepatite auto-imune. Perante os achados clínicos, laboratoriais e histológicos, foi assumido o diagnóstico de síndrome de sobreposição hepatite auto-imune/cirrose biliar primária, iniciando terapêutica com acido ursodesoxicólico e corticoterapia com budesonido. O doente ficou assintomático e analiticamente verificou-se normalização das transaminases, mantendo atualmente apenas ligeira elevação da GGT. O síndrome de sobreposição caracteriza-se pela presença de critérios clínicos, laboratoriais e histológicos de diferentes distúrbios hepáticos autoimunes em simultâneo. Os critérios de diagnóstico e a abordagem terapêutica estão ainda pouco definidos. Relata-se este caso pela forma de apresentação e pelo desafio diagnóstico, associado a uma boa resposta à terapêutica instituída. Local de trabalho Centro Hospitalar Tondela/Viseu Pág. 4/4