Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento. 2006.
Aluna: Suzana França Pedrinho
Orientadora: Soraya Venegas
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento

Trabalho de conclusão de curso

O primeiro passo para elaborar um TCC é
apresentar um projeto de pesquisa, existe
uma disciplina que irá roteirizar como este
projeto deve ser elaborado. Depois é partir
para o TCC propriamente dito com o objeto
recortado o aluno irá organizar a informação
pesquisada e apresentar o TCC no formato
desejado pela instituição de ensino.
1.
Alguns passos importantes:

Definir o objetivo do projeto, a sua questão;

Pesquisar momento histórico e sua evolução;

Aprofundar a pesquisa sobre os teóricos
envolvidos no tema, fichar os principais livros,
sites e documentos para ser a base da futura
fundamentação teórica;

Ter sempre em mente que seu objeto será
exposto as teorias e aos estudos realizados;

Enriquecer a pesquisa com dados, entrevistas ou
informações relevantes: anexos.
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento
2. Organizar a informação

Qual é o tema e quais as palavras,
(podemos dizer quais são as três
Tags do projeto): Fotografia,
imagem, documentário

Catalogar a informação: criar um
arquivo txt com páginas de livros
com informação relevante (sempre
organizando a bibliografia para
facilitar o fechamento do trabalho);

Links com datas de acesso;

Catalogar imagens e vídeos;

Elaborar pauta das entrevistas
(quando houver).
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento
Introdução
Capítulo 1 – O documentário
Capítulo 2 – Estudo da
percepção da imagem
O paradigma fotográfico
A realidade enquanto ilusão
A essência da fotografia: um exercício
de subjetividade
Todo filme é um filme de ficção

Capítulo 3 – Estamira, o
documentário
Entrevista com Marcos Prado, Diretor
do documentário
O argumento e a técnica
Decupagem das cenas
Exemplo: Estamira caminha até Jardim
Gramacho

Conclusão
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Bibliografia



Livro de fotos de Marcos Prado
sobre Jardim Gramacho
Marcos Prado diretor do
documentário Estamira
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento

Capítulo 1 – O documentário
O registro da imagem: das pinturas
rupestres ao documentário

O registro da imagem dá a ilusão de eternidade
e esta ilusão está presente em todas as
culturas em todos os tempos da civilização
humana.

Nas cavernas eram as pinturas rupestres.

Na idade antiga e na modernidade o registro
ficou a cargo da pintura de quadro que
retratavam acontecimentos até a segunda
década do século 19 quando surge a
fotografia, A primeira fotografia reconhecida é
atribuida ao francês Joseph Niépce

Principais estudiosos do processo da fotografia:
Niepce, Daguerre e Talbot

No século 19 (1877) George Eastman
populariza a fotografia
Imagem da primeira fotografia mundo
feita por Joseph Niépce em 1825
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Fotografia ganha movimento
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Capítulo 1 – O documentário
O registro da imagem: das pinturas
rupestres ao documentário

A segunda metade do século 19 é marcada por
uma grande corrida de pesquisadores de várias
nacionalidades tendo como objetivo a fixação
gráfica (ou fotográfica) da imagem em
movimento

Em 13 de fevereiro de 1895 os irmãos Lumiére
(Auguste e Louis) registram a patente do
Cinematógrafo na França.

Segundo Manuela Penáfria o documentário
recorre aos procedimentos próprios do cinema:
enquadramento, planos, pré-produção,
produção e pós-produção, montagem e etc,
mas ao mesmo tempo se diferencia pela não
direção dos atores, utilização de ‘cenários
naturais’ e utilização de imagens de arquivo.

Mas podemos ter a inserção de imagens reais
numa narrativa ficcional ex: JFK (1991 Oliver
Stone).
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento

Capítulo 2 – Estudo da
percepção da imagem
O paradigma fotográfico

O que é a fotografia? Como ela se
constroí? O que ela representa em
si? De onde vem à subjetividade
que a compõe?

Roland Barthes: não é possível
classificar a fotografia... Ela é o
‘particular absoluto’... A visita a um
passado recortado. É válido falar de
uma foto, mas é impossível falar da
Fotografia.

Susan Sontag: Fotografar é
registrar os momentos para ter “a
posse imaginária de um passado
irreal” ... “Hoje tudo existe para
terminar numa foto”
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Fotografia ganha movimento

Capítulo 2 – Estudo da percepção da imagem
A realidade enquanto Maya

O sentido da fotografia é tão dúbio que no Fotojornalismo ela é
legendada, para Barthes “a imagem fixa um número infinito de
possibilidades; a palavra fixa como certa apenas uma”.
Quem é esse
cara aí ao
lado ?
Quem é esse
cara aí ao
lado ?
sem legenda
sem legenda
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento
Nadador, Jonny Weissmuller conquistou
cinco medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de 1924 e 1928. Ele estabeleceu
67 recordes mundiais na natação.
Nadador César Cielo campeão olímpico
dos 50 metros livre nos Jogos Olímpicos
de Pequim 2008, campeão e recordista
mundial dos 100 metros livres e
campeão mundial dos 50 metros livres
em Roma 2009.
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento
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Capítulo 2 – Estudo da percepção da imagem
A essência da fotografia: um exercício de subjetividade

Para Barthes a essência da fotografia parte da referência, ela é a
ordem fundadora. Na fotografia o referente esteve lá. A realidade e o
passado compondo o noema da Fotografia: “Isso-foi”. A tradução desse
conceito é: “isso que vejo encontrou-se lá, nesse lugar que se estende
entre o infinito e o sujeito”.

Quem são os autores e os personagens de cada foto?

A resposta: o fotógrafo, a câmera e o referente. Os três estão em cena
no momento da composição da foto, seja ela qual for. Depois chegam
os observadores cada qual com a sua cultura e com a re-interpretação
da foto através dos tempos.
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento

Capítulo 2 – Estudo da percepção da
imagem
A essência da fotografia: um exercício de
subjetividade

Para Barthes uma foto pode ser objeto de
três intenções: o fazer, o suportar e o
olhar. Quem opera é o Fotógrafo: o
Operator. Quem vê as fotos em jornais,
livros, álbuns, arquivos e coleções de
fotos são os espectadores: O Spectator. E
o que é fotografado (a) é a mira, o alvo, o
pequeno simulacro, o Referente ou
‘Spectrum da Fotografia’. E que mantém
através de sua raiz semântica uma
relação com o ‘espetáculo’ não deixando
de salientar que na fotografia existe
sempre o trauma do retorno do morto.

Quando ele pensa na constituição de uma
foto, ele pensa no tema, o studium que é
cultural e no punctum, que é o que
incomoda.
Em junho de 1973, o fotógrafo Leonardo Henricksen,
filma seu próprio assassinado.
As duas miras foram acionadas no mesmo instante,
enquanto uma filma e fotografa, a outra mata.
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento

Capítulo 2 – Estudo da percepção da imagem
A essência da fotografia: um exercício de subjetividade

Existe algo de predatório em tirar uma foto, Sontag afirma que com
medo atiramos, quando nostálgicos fotografamos.

O fotógrafo enquadra e subtrai a cena, enquanto o soldado e o
caçador enquadram e subtraem a vida. Arlindo Machado extrapola esta
visão, alertando que as afinidades entre os aparatos bélicos e
fotográficos, são mais profundos do que se pode dar conta: o alvo e a
mira são uma obsessão para quem vai matar, ferir ou fotografar

A resposta: o fotógrafo, a câmera e o referente. Os três estão em cena
no momento da composição da foto, seja ela qual for. Depois chegam
os observadores cada qual com a sua cultura e com a re-interpretação
da foto através dos tempos.
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento

Capítulo 2 – Estudo da percepção da imagem
Todo filme é um filme de ficção

O documentário para dar mais veracidade a sua narrativa se utiliza mais do som
direto, estamos vendo e ouvindo o que aconteceu, o que nos leva a conclusão de
que estamos vendo a realidade.

Mas e o enquadramento, a subjetividade de quem filma e finalmente de quem
edita, é na mesa de edição, na seleção das imagens e na montagem que é
definido um roteiro, mesmo em um documentário.

No enquadramento, no momento da filmagem parte da realidade já é subtraída e
durante a edição o resultado passa a ser autoral.

Jean-Luc Godard afirmava que: “todos os grandes filmes de ficção tendem ao
documentário, como todos os grandes documentários tendem à ficção. (...) E
quem opta a fundo por um, encontra necessariamente o outro no fim do
caminho”.
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Fotografia ganha movimento

Capítulo 3 – Estamira, o documentário
O argumento e a técnica

Estamira é o punctum em movimento, sua loucura não cabe na cena.
O documentário é uma remissão contínua ao seu referente, então
também há no vídeo o noema “isso-foi”, algo esteve presente na frente
da câmera.

O diretor-autor então subtrai cenas e seleciona momentos do cotidiano
que irão produzir um sentido desejado, Estamira, como é da natureza
deste gênero de filme está ancorado no enquadramento e no som.

A cor também foi utilizada como um elemento ligado ao tempo da
filmagem. O PB sustenta o lado documental e atemporal da narrativa,
já a cor respeitou uma cronologia das filmagens.
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento

Capítulo 3 – Estamira, o documentário
Decupagem das cenas: As cenas selecionadas são expostas a teoria pesquisada.

Estamira caminha até Jardim Gramacho – TC 00:00:40 – 00:05:10
Conceito do Studium, puctum e som

Os amores de Estamira – TC 00:39:09 – 00:44:50
Insert de fotos para complementar as falas.
A cena que Estamira bebada chora lembra a filosofia de Sontag: para a classe
média o mendigo é tão desconhecido quanto a classe alta.

O neto de Estamira pergunta sobre Deus – TC 01:26:31 – 01:29:16
O enquadramento e o som direto dão emoção e força a cena.

Estamira lê seu laudo médico – TC 01:37:03 – 01:38:36
Música ancora a cena, as tomadas estão sempre nas mãos e em partes do rosto
de Estamira, a câmera também passeia sobre o laudo enquanto ela lê

Estamira vai a praia – TC 01:47:24 – 01:52:54
Barthes nos diz a fotografia pode ser louca ou sensata, aqui ela é louca e em
movimento, um elogio a loucura ancorada pelo som direto e pela mesma música
que inicia o documentário.
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento

Capítulo 3 – Estamira, o
documentário
Estamira caminha até
Jardim Gramacho
O diretor Marcos Prado e um amigo
realizaram esta cena com duas
super 8, o efeito de granulação foi
obra do acaso, no momento da
revelação foi detectado que o filme
PB estava com a data de fabricação
vencida.
“O acaso e não a técnica foi o
responsável por esta sensação
indefinida da imagem, e ao mesmo
tempo pela sensibilidade do ensaio
que transmite uma solidão de
deserto, de travessia, de
imensidão”
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento
 Conclusão

Os conhecimentos adquiridos nas disciplinas de Introdução à Fotografia e
Fotojornalismo foram a base para este trabalho de conclusão de curso e
permitiram a ousadia e a aventura de em alguns momentos analisar o discurso
fílmico.

Tocamos em questões interessantes como a possível morte da fotografia e
segundo Guran – o fim do registro que define a fotografia: o negativo e do
nascimento da digimagem.

A imagem na foto, a imagem em si, sem legenda e contexto é desgovernada. O
filme, a imagem em movimento, ancorada pelo som e pelo texto cria a sensação
de verdade e de realidade, mas mesmo assim o documentário não é a realidade.

O trabalho confirma a característica autoral do gênero documentário e reforça
que ele vem sendo usado como um possível catalizador para organizar a entropia
da informação.
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento
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Bibliografia
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BARTHES, Roland. 1984. Câmara Clara. Nova Fronteira. São Paulo.
COSTA, Antonio. 1989. Compreender o cinema. Editora Globo.
MACHADO, Arlindo. 1984. A ilusão especular, introdução à fotografia. São Paulo.
Editora Brasiliense.
MOURA, Edgar. 1985. Câmera na mão: som direto e informação. Rio de Janeiro.
FUNARTE/Instituto Nacional de Fotografia.
PENAFRIA, Manuela. 1999. O filme documentário – história, identidade,
tecnologia. Editora Cosmos. Lisboa.
SONTAG, Suzan. 2004. Sobre fotografia. São Paulo. Companhia das Letras.
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Teses


FERREIRA, Soraya Venegas – Tese: Do testemunhal ao virtual – 40 anos de
fotojornalismo carioca, UFRJ. Rio de Janeiro. 2002.
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Sites acessados em 01/10/2006
http://www.henricartierbresson.org
http://www.estacio.br/graduacao/cinema/digitagrama/numero2/reflexoes.asp
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento
 Anexo do projeto

Documentário Estamira
Um Elogio à Loucura: Estamira, quando a
Fotografia ganha movimento
Estamira é a intratável realidade de Barthes em movimento, é a subjetividade de
Marcos Prado, Estamira é a mira que Susan Sontag (apud Arlindo Machado)
observa quando afirma que existe uma afinidade a técnica e o operacional, entre a
câmera fotográfica e o fuzil: ambos têm o mesmo dispositivo demira, o fotógrafo
então apontou a camera para esta mira, ESTAMIRA uma doce loucura em
movimento, e é muito bom que a loucura nos empreste momentos de lucidez em
relação a fé, ao consumo, ao trabalho, ao dinheiro e a felicidade.
A missão de Estamira é "falar a verdade, somente a verdade, nem que seja a
mentira para jogar na cara..."
“tudo que é imaginário... existe,
é, e tem”
ESTAMIRA
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