Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa - Licenciatura em Dietética e Nutrição Hospital Residencial do Mar, Espírito Santo Saúde Duarte MJ, Guerreiro CS, Bernardo A, Almeida MC, Mendes L Introdução Resultados A alimentação é uma das actividades básicas da vida diária que se torna um problema comum em idosos, especialmente naqueles com demência.1 Os principais factores que podem interferir com esta actividade básica são o ambiente onde ocorrem as refeições, a incapacidade cognitiva para iniciar e prosseguir estratégias de alimentação de uma forma eficaz, o declínio de habilidades neuromotoras e a presença de deficits perceptivos.1 Estes factores estão por sua vez associados a diferentes dificuldades no processo Gráfico 1: Caracterização da amostra de acordo com a fase de demência P>0.05 de alimentação.1,2 Os indivíduos com demência apresentam, assim, uma maior probabilidade de desenvolver um quadro de desnutrição, constituindo a ingestão alimentar inadequada um importante factor de risco a ele associada.1,3,4 A avaliação da ingestão alimentar (AIA) constitui um parâmetro que integra a avaliação do estado nutricional dos indivíduos.5 Gráfico 2: Resultados relativos à avaliação da ingestão alimentar A observação directa consiste em observar e registar a ingestão alimentar (qualitativa e quantitativa) do indivíduo na altura em que este a efectua. O recall 24H é um método em que o entrevistador (o Discussão/ Conclusão Dietista) questiona o entrevistado (o doente) acerca de todos os Os indivíduos com demência apresentaram, em média, uma percentagem de alimentos consumidos num período de 24h definido, quer em termos ingestão alimentar superior (84.31 ± 14.83) à dos indivíduos sem demência (80.08 de qualidade, quer de quantidade.6 ± 12.49). Não obstante, os grupos não diferiram entre si (p>0.05), apresentando a maioria dos indivíduos uma ingestão alimentar entre 75% a 100% daquilo que lhes era disponibilizado diariamente. O mesmo se verificou no estudo de Wang P-N e Objectivos col, realizado em 2004, que envolveu 51 doentes com demência e 27 doentes sem - Avaliar a ingestão alimentar dos indivíduos do Hospital demência institucionalizados.7 Residencial do Mar (HRMar), Espírito Santo Saúde, utilizando o Apesar de ser esperada uma menor ingestão alimentar nos indivíduos com método de observação directa nos indivíduos com diagnóstico de demência devido à sua incapacidade cognitiva para iniciar e prosseguir estratégias de alimentação de uma forma eficaz, ao declínio das suas actividades demência e o recall 24H nos indivíduos sem demência. neuromotoras e à presença de deficits perceptivos, esta não foi constatada, sendo mesmo, em média, superior à dos indivíduos sem demência. Estes resultados Metodologia podem reflectir o facto dos indivíduos com demência estarem internados numa 33 unidade especializada, onde uma equipa treinada acompanha e assegura doentes com diagnóstico de demência diariamente as suas refeições, utilizando estratégias que garantem um processo A amostra foi constituída por (20F:13M, idade média 79.70 ± 6.48 anos) e 32 doentes sem demência > 65 anos Impossível de alimentação eficaz. Isto porque, ao contrário dos resultados obtidos por Wang proceder à P-N e col (2004), no estudo realizado por Shatenstein B e col (2007), que envolveu AIA 36 doentes com demência e 58 sem demência residentes na comunidade, e (20F:12M, idade média 76.91 ± 7.83 anos) internados no HRMar, Espírito Santo Saúde, no período de 26 de Maio a 12 de Agosto de 2010; Os instrumentos de medida foram a observação directa e o recall 24H. Hospital Residencial do Mar portanto sem acompanhamento diário de uma equipa de profissionais qualificados, verificou-se que a ingestão alimentar foi inferior nos indivíduos com demência.3 É importante que no futuro se passe a considerar uma abordagem multidisciplinar Figura 1: Critérios de inclusão e de exclusão integrada das necessidades específicas de cada doente, em unidades de demências que oferecem serviços especializados e abordagens específicas. Referências Bibliográficas: 1. Chang C-C, Roberts BL. Feeding difficulty in older adults with dementia. J Clin Nurs 2008;17:2266-74; 2. Manthorpe J, Watson R. Poorly served? Eating and dementia. J Adv Nurs 2003;41(2):162-9; 3. Shatenstein B, Kergoat M-J, Reid I. Poor Nutrient Intakes during 1-Year Follow-Up with Community-Dwelling Older Adults with Early-Stage Alzheimer Dementia Compared to Cognitively Intact Matched Controls. J Am Diet Assoc 2007;107:2091-9; 4. Orsitto G, Fulvio F, Tria D, Turi V, Venezia A, Manca C. 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