Portugueses são dos que menos mudam de banco
devido aos custos do processo
Por Ana Brito
A capacidade de mudar de banco dos clientes da banca a retalho em Portugal é inferior à
média europeia, conclui um estudo da Autoridade da Concorrência (AdC), que destaca o peso
dos custos com estes processos de mudança como o principal factor dissuasor.
Em Portugal, “a mobilidade dos clientes bancários é inferior à média europeia, tanto no caso
dos clientes particulares, como no caso das PME”, devido essencialmente aos custos em que
os consumidores incorrem com a mudança de instituição financeira e que muitas vezes
assumem a forma de penalização por encerramento, conclui um relatório divulgado hoje pela
entidade presidida por Manuel Sebastião.
O estudo sobre “A Mobilidade no Sector da Banca a Retalho em Portugal”, que analisou o
período entre 2003 e 2007, sublinha que “os custos de mudança têm um papel fundamental
nas decisões dos clientes da banca a retalho” no mercado português, onde “apenas cerca de
metade dos clientes de depósito à ordem se mantém no banco actual por considerar que este
é o que oferece as melhores condições”.
É no crédito ao consumo e no crédito à habitação que sentem as maiores barreiras, frisa o
regulador da Concorrência. Neste último, “a mobilidade registada no nosso país é mais baixa,
tendo, todavia, duplicado após as alterações legislativas introduzidas em 2007”, que vieram
limitar as comissões que os bancos cobravam nas situações de reembolso antecipado.
Na análise, a AdC salienta que “a existência de limitações à capacidade do cliente para mudar
de fornecedor de serviços bancários condiciona simultaneamente a concorrência neste
mercado e o bem-estar dos clientes”. Porém, defende que a mobilidade “não deve ser
encarada como um bem em si mesmo, mas como algo que deve ser assegurado sem custos
desnecessários, para que o cliente possa decidir racionalmente sobre uma eventual mudança
de banco”.
A relação entre uma instituição de crédito e os clientes está dependente de vários factores,
lembra o regulador da Concorrência: “a capacidade do cliente em mudar para um fornecedor
alternativo de serviços bancários, o grau de satisfação do cliente com o banco, a avaliação do
risco de crédito do cliente realizada pelo banco, a ponderação pelo cliente do binómio
risco/rendibilidade das aplicações financeiras, o multibanking e a própria evolução
tecnológica”.
Alguns destes factores “criam assimetrias de informação entre o cliente e o seu banco, que
podem favorecer a existência de barreiras à mobilidade dos clientes bancários”, acrescenta o
estudo.
A análise da AdC tomou como indicadores a taxa de churn (por assim dizer o “desligamento”
de um cliente a determinada instituição) e o índice de longevidade das contas de depósito à
ordem.
Download

Portugueses são dos que menos mudam de banco devido