TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: NOVOS TEMPOS, OUTROS RUMOS APRESENTAÇÃO A Tecnologia na Educação requer um olhar mais abrangente, envolvendo novas formas de ensinar e de aprender condizentes com o paradigma da sociedade do conhecimento, o qual se caracteriza pelos princípios da diversidade, da integração e da complexidade. O compromisso com as questões educacionais tem sido ampliado, através das várias formas de organização, incluindo aquelas que fazem uso da tecnologia para superar os limites de espaços e tempos, de modo a propiciar que as pessoas de diferentes idades, classes sociais e regiões tenham acesso à informação e possam vivenciar diversas maneiras de representar o conhecimento. Esta amplitude de possibilidades – quando pautada em princípios que privilegiam a construção do conhecimento, o aprendizado significativo, interdisciplinar e integrador do pensamento racional, estético, ético e humanista - requer dos profissionais novas competências e atitudes para desenvolver uma pedagogia relacional: isto implica criar e recriar estratégias e situações de aprendizagem que possam tornar-se significativas para o aprendiz, sem perder de vista o foco da intencionalidade educacional. Por outro lado, não se pode deixar de conhecer e de tratar as questões específicas destas possibilidades e suas inter-relações. Este nível de compreensão é que dá mobilidade para o profissional lidar com o inusitado de forma criativa, reflexiva, crítica e construtiva, rompendo com isso a aplicação de soluções prontas ou práticas padronizadas. Tais soluções e práticas não encontram eco no paradigma atual, no qual se torna evidente a necessidade de integração entre a gestão administrativa e a gestão da sala PROPOSTA PEDAGÓGICA 2 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS de aula, dos recursos tecnológicos e das áreas de conhecimento. O pensamento-ação exigido precisa considerar o movimento e a articulação entre o individual e coletivo, parte e todo, processo e produto, teoria e prática, ensino e aprendizagem. O foco desta série de cinco programas, que será apresentada no Programa Salto para o Futuro/ TV Escola de 23 a 27 de setembro, é retratar a abrangência do uso da tecnologia no âmbito da educação, considerando a diversidade de formas de aprender e de ensinar. Ao mesmo tempo, cada programa dará ênfase nas questões particulares constituintes do seu universo, visando com isto propiciar aos participantes momentos de indagações e de aprofundamento acerca dos temas abordados. ESTA SÉRIE SE DESENVOLVERÁ A PARTIR DOS SEGUINTES PROGRAMAS: PGM 1 - GESTÃO ESCOLAR E TECNOLOGIA O uso da tecnologia no contexto escolar requer a formação, o envolvimento e o compromisso de todos os protagonistas do processo educacional (professores, diretores, supervisores, coordenadores pedagógicos), no sentido de repensar o processo de ensino e aprendizagem na e para a sociedade do conhecimento. Estes protagonistas têm papéis distintos e, portanto, o uso da tecnologia deve atender às suas especificidades, de tal forma que, no âmbito global, suas ações sejam articuladas com vistas a favorecer o desenvolvimento do aluno como cidadão participativo e crítico para lidar com as inovações tecnológicas. Este é o tema central deste primeiro programa. PGM 2 - EAD E FORMAÇÃO CONTINUADA Com a Internet, a Educação a Distância ganhou novo impulso, tornando-se acessível para a solução de problemas relacionados tanto à formação inicial como à formação continuada de profissionais de diversas áreas e setores da sociedade. Tratando-se especificamente da formação continuada, é bastante oportuno ressaltar a sua importância, considerando que o paradigma da sociedade do conhecimento e da tecnologia demanda das pessoas uma nova postura acerca do processo de aprendizagem. A rapidez e a abrangência de informações com que um profissional precisa lidar requerem uma predisposição para a educação ao longo da vida "lifelong learning", de forma contextualizada às suas necessidades reais. PROPOSTA PEDAGÓGICA 3 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS PGM 3 - EAD: INTEGRAR SABERES E TECER REDES O uso de ambientes virtuais de aprendizagem em educação a distância permite a interação e a colaboração entre alunos, docentes, coordenadores, especialistas e comunidade, bem como a integração entre saberes e a criação de redes de conhecimento. Os participantes do grupo em formação navegam entre informações, recursos e mídias, estabelecem ligações com conhecimentos adquiridos anteriormente, expressam o próprio pensamento, confrontando-o com as idéias expressas pelos outros componentes do grupo, colocam-se abertos para produzir conhecimento em colaboração com o outro. PGM 4 -TECNOLOGIA E PRÁTICAS DIVERSIFICADAS A prática pedagógica do professor, quando é ancorada em princípios claros sobre o que é aprender e não em procedimentos, definidos a priori de como se deve encaminhar sua ação com os alunos, leva-o a perceber-se autor da sua prática, a qual se (re)constrói constantemente na interação com os alunos e com os diferentes recursos, tecnológicos ou não, disponíveis no seu contexto de atuação. A prática do professor deve expressar a articulação entre os interesses/necessidades dos alunos, o contexto/real e a intencionalidade pedagógica, por meio da criação de situações que possam favorecer o processo de construção do conhecimento do aluno. Isto significa que a prática do professor deve ser orientada por uma pedagogia relacional e complexa compatível com as características da sociedade do conhecimento e da tecnologia. PGM 5 - TECNOLOGIA E INCLUSÃO Existem propostas de inclusão às tecnologias da informação e comunicação que enfatizam atividades contextualizadas e significativas que, além do acesso à informação, propiciam às pessoas com necessidades especiais, idosas, de baixa escolaridade, com limitações físicas ou mentais tornarem-se sujeitos e produtores de conhecimento. Para isto, o foco do trabalho com as TIC está centrado no desenvolvimento da auto-estima, da autonomia e da própria identidade da pessoa como cidadã participante na e da sociedade. PROPOSTA PEDAGÓGICA 4 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS PGM 1 - GESTÃO ESCOLAR E TECNOLOGIA GESTÃO DE TECNOLOGIAS NA ESCOLA As tecnologias de informação e comunicação foram inicialmente introduzidas na educação para informatizar as atividades administrativas, visando agilizar o controle e a gestão técnica, principalmente no que se refere à oferta e à demanda de vagas e à vida escolar do aluno. Posteriormente, as TIC começaram a adentrar no ensino e na aprendizagem sem uma real integração às atividades de sala de aula, mas como atividades adicionais. Com certa freqüência, como aula de informática, ou, numa perspectiva mais inovadora, como projetos extraclasse desenvolvidos com a orientação de professores de sala de aula e apoiados por professores encarregados da coorde1 2 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ MARIA ELIZABETH BIANCONCINI DE ALMEIDA1 nação e facilitação no laboratório de informática. Tais atividades levaram à compreensão de que o uso das tecnologias de informação e comunicação - TIC na escola, principalmente com o acesso à Internet2 , contribui para expandir o acesso à informação atualizada e, principalmente, para promover a criação de comunidades colaborativas que privilegiam a comunicação, permitem estabelecer novas relações com o saber que ultrapassam os limites dos materiais instrucionais tradicionais e rompem com os muros da escola, articulando-os com outros espaços produtores do conhecimento, o que poderá resultar em mudanças substanciais em seu Professora do Programa de Pós-graduação em Educação: Currículo e do Departamento de Ciência da Computação, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. A palavra Internet resulta da redução de Internet Work System (sistema de interconexão de redes de comunicação), sendo formada pela interligação de um conjunto de redes de comunicação sob responsabilidade de distintas organizações, as quais disponibilizam o acesso à informação e a socialização de recursos. Para ter acesso à Internet, é preciso um computador com modem ligado a um provedor por meio de uma linha telefônica (ou cabo coaxial ou rádio transmissor de alta freqüência). A troca de informações entre os computadores situados em diferentes lugares é realizada pela interligação entre os provedores. BOLETIM – PGM 1 - GESTÃO ESCOLAR E TECNOLOGIA 5 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: interior. Criam-se possibilidades de redimensionar o espaço escolar, tornando-o aberto e flexível, propiciando a gestão participativa, o ensino e a aprendizagem em um processo colaborativo, no qual professores e alunos trocam informações e experiências entre eles e entre as outras pessoas que atuam no interior da escola, bem como com outros agentes externos. Não se pode esperar que as TIC funcionem como catalisadores dessa mudança, uma vez que não basta o rápido acesso a informações atualizadas continuamente, nem a simples adoção de novos métodos e estratégias de ensino ou de gestão. Para o Prof. António Nóvoa: Temos que esquecer o futuro para poder ter o futuro, ou seja, não adianta preparar os alunos para o amanhã que não se conhece, se o presente, por si mesmo, constitui um grande desafio a ser superado. Como, porém, transformar a escola de hoje em um espaço articulador e produtor de conhecimento, aberto à comunidade e integrado ao mundo? Há que se empregar nas ações de hoje todos os recursos disponíveis, inclusive as TIC, tendo em vista a criação de comunidades colaborativas que propiciem a criação de suas próprias redes de conhecimentos, cuja trama ajuda a construir uma sociedade solidária e mais humanitária. O fator primordial para a criação de comunidades e culturas colaborativas de aprendizagem, intercâmbio e colaboração é a qualidade da interação, ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS BOLETIM – PGM 1 - GESTÃO ESCOLAR E TECNOLOGIA quer presencial ou a distância, cuja criação poderá viabilizar-se a partir da formação continuada e em serviço do educador. Nessa formação, cujo eixo articula a realidade da escola com o domínio dos recursos tecnológicos e com a prática pedagógica com as TIC, o educador terá a oportunidade de identificar e analisar as problemáticas envolvidas em sua atuação, na sua escola, no sistema educacional e na sociedade, bem como participar de comunidades que buscam encontrar alternativas para superar tais problemáticas com base em novos paradigmas e metodologias que lhe permitam identificar contribuições das TIC para transformar o seu fazer profissional. Assim, as TIC podem ser incorporadas na escola como suporte para: a comunicação entre os educadores da escola, pais, especialistas, membros da comunidade e de outras organizações; a criação de um fluxo de informações e troca de experiências, que dê subsídios para a tomada de decisões; a realização de atividades colaborativas, cujas produções permitam enfrentar os problemas da realidade; o desenvolvimento de projetos inovadores relacionados com a gestão administrativa e pedagógica; a representação do conhecimento em construção pelos alunos e respectiva aprendizagem. Visando preparar professores para a inserção das TIC na prática pedagógica, a Secretaria de Educação a Distância SEED do Ministério da Educação, por meio do Programa Nacional de Informá- 6 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: tica na Educação - ProInfo, desenvolve um amplo programa de formação baseado em concepções sócio-construtivistas de ensino, aprendizagem e conhecimento, que englobam cursos, presenciais e a distância, de especialização lato sensu e formação continuada para preparar professores-multiplicadores, que assumem a formação de professores das escolas. Várias atividades de formação de educadores para o uso pedagógico das TIC têm se desenvolvido na modalidade de formação em serviço contextualizada na realidade da escola e na prática pedagógica do professor, o que constitui um avanço. Mesmo assim, outras dificuldades se fazem presentes, as quais se relacionam tanto com a ausência de condições físicas, materiais e técnicas adequadas, quanto com a postura dos dirigentes escolares, pouco familiarizados com a questão tecnológica, o que dificulta a sua compreensão a respeito da potencialidade das TIC para a melhoria de qualidade do processo de ensino e de aprendizagem, bem como para a gestão escolar participativa, articulando as dimensões técnico-administrativa e pedagógica, com vistas à finalidade maior da educação: o desenvolvimento humano. A superação da dicotomia entre o pedagógico e o técnico-administrativo, instalada na cultura escolar, encontra eco em concepções educacionais que enfatizam o trabalho em equipe, a gestão de lideranças e a concepção e o desenvolvimento do projeto político-peda- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS BOLETIM – PGM 1 - GESTÃO ESCOLAR E TECNOLOGIA gógico da escola tendo em vista a escola como organização viva que aprende empregando todos os recursos disponíveis, entre os quais as TIC. A incorporação das TIC na escola vem se concretizando com maior freqüência nas situações em que diretores e comunidade escolar se envolvem nas atividades como sujeitos do trabalho em realização, uma vez que o sucesso desta incorporação está diretamente relacionado com a mobilização de todo o pessoal escolar, cujo apoio e compromisso para com as mudanças envolvidas nesse processo não se limitam ao âmbito estritamente pedagógico da sala de aula, mas se estendem aos diferentes aspectos envolvidos com a gestão do espaço e do tempo escolar, com a esfera administrativa e pedagógica. Daí a importância da formação de todos os profissionais que atuam na escola, fortalecendo o papel da direção na gestão das TIC e na busca de condições para o seu uso no processo de ensino e de aprendizagem. Essa evolução levou à tomada de consciência da importância de incorporar as TIC à prática pedagógica e ao contexto da sala de aula, bem como da necessidade de envolver os gestores nessas atividades, uma vez que, sem a participação dos gestores, as atividades se restringem a esparsas práticas em sala de aula. Ao atingir esse patamar, nova tomada de consciência leva à percepção de que o papel do gestor não é apenas o de prover condições para o uso efetivo 7 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: das TIC em sala de aula e, sim, que a gestão das TIC na escola implica gestão pedagógica e administrativa do sistema tecnológico e informacional. Desta forma, a incorporação das TIC na escola e na prática pedagógica não mais se limita à formação dos professores, mas se volta também para a preparação de dirigentes escolares e seus colaboradores, propiciando-lhes o domínio das TIC para que possam auxiliar na gestão escolar e, simultaneamente, provocar a tomada de consciência sobre as contribuições dessa tecnologia ao processo de ensino e aprendizagem. Criase, assim, um ambiente de formação para que o diretor escolar possa analisar e reconstruir o seu papel frente às responsabilidades que lhe cabem como liderança da instituição e como gestor do projeto político-pedagógico da escola, bem como pela criação de uma nova cultura da escola, que incorpore as TIC às suas práticas. De modo semelhante, o coordenador pedagógico terá a oportunidade de rever-se e de analisar as contribuições das TIC para desempenhar o papel de articulador entre as dimensões pedagógicas e administrativas da escola. A par disso, observa-se a disponibilidade de ambientes virtuais para a formação e a criação de comunidades colaborativas que apresentam um forte po- 3 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS tencial para aglutinar recursos tecnológicos, especialistas, formadores e educadores em torno de atividades que permitam trilhar novos caminhos na formação continuada a distância, baseada em um trabalho contextualizado na realidade da escola, sem afastar de seu contexto de atuação o educador em formação. Tais ambientes virtuais, denominados também de redes colaborativas de aprendizagem, permitem aos participantes trocar informações e respectivas experiências, estimular a discussão de problemáticas e temas de interesses comuns, incentivar o desenvolvimento de atividades colaborativas para compreender seus problemas e encontrar alternativas para enfrentá-los e sobrepujá-los. Entre os recursos disponíveis na Web3 , existe uma diversidade de espaços que propiciam a interação e o desenvolvimento de atividades colaborativas com a participação de educadores, pesquisadores, especialistas, alunos e instituições que se dedicam à produção de novos conhecimentos. Em um ambiente virtual de aprendizagem, cada pessoa tem a oportunidade de percorrer distintos caminhos, nós e conexões existentes entre informações, textos e imagens; criar novas conexões, ligar contextos, mídias e recursos. Cada nó representa um espaço de referência A World Wide Web, WWW ou Web, também chamada “teia de alcance mundial”, é um sistema de interconexão entre redes de computadores e comunicação a distância com softwares apropriados para acesso a informações por meio de navegação na Internet. BOLETIM – PGM 1 - GESTÃO ESCOLAR E TECNOLOGIA 8 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: e interação que pode ser visitado, explorado, trabalhado, não caracterizando local de visita obrigatória. Os participantes desse ambiente são incitados a ler e a interpretar o pensamento do outro, expressar idéias próprias através da escrita, conviver com a diversidade e a singularidade, trocar experiências, realizar simulações, testar hipóteses, resolver problemas e criar novas situações, engajando-se na construção coletiva de uma ecologia da informação4, na qual o foco não é a tecnologia, mas a atividade humana em realização. Cada participante do ambiente compartilha valores, motivações, hábitos e práticas, torna-se receptor e emissor de informações, leitor, escritor e comunicador. O uso das TIC na gestão escolar permite: registrar e atualizar instantaneamente a sua documentação; criar um sistema de acompanhamento e participação da comunidade interna e externa à escola por meio de ambientes virtuais; definir metodologias de avaliação adequadas e compatíveis com critérios democráticos e participativos; trocar informações e experiências com a comunidade, identificando talentos e potencialidades que possam contribuir com a evolução conjunta de problemáticas tanto da escola como da comunidade; discutir e tomar decisões compartilhadas. Assim, gestores escolares terão in- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS formações disponíveis que lhes permitam identificar problemas e buscar alternativas de solução por meio do diálogo; selecionar e articular informações que tragam subsídios à tomada de decisões; acompanhar em nível macro as ações desenvolvidas tanto no âmbito administrativo quanto pedagógico, de modo a adquirir uma visão do todo da escola; identificar e incentivar as ações inovadoras e criar uma rede de comunicação que possa favorecer a constituição da escola como uma comunidade de aprendizagem. A fim de propiciar a formação de gestores de escolas públicas para a incorporação das TIC na escola, o ProInfo desenvolve um projeto em parceria com universidades e secretarias estaduais de educação. A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em parceria com a Universidade Federal do Pará - UFPA, desenvolve junto com as secretarias estaduais de educação da região Norte do Brasil, o projeto de formação de 340 diretores e coordenadores de escolas públicas. As ações desse projeto ocorrem na modalidade semipresencial. Inicialmente, foi realizado um trabalho com os multiplicadores dos Núcleos de Tecnologia Educacional - NTEs, do ProInfo, a fim de introduzir os gestores na cultura informática e dar-lhes condições de desenvolver o domínio da tecnologia para a resolução de proble- 4 Nardi, B. A. & O’Day V. L. Information Ecologies. 2ª ed. Cambridge. MIT Press, 1999. BOLETIM – PGM 1 - GESTÃO ESCOLAR E TECNOLOGIA 9 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: mas da escola e de sua prática profissional. Em seguida, os participantes tiveram um encontro presencial com os formadores da PUC/SP, especialistas na ação e investigação sobre o papel dos gestores, cujo eixo dos trabalhos foi a realidade da escola pública e o papel do gestor como líder da inserção das TIC na escola, ressaltando as contribuições dessas tecnologias à gestão administrativa e pedagógica da escola. O ambiente virtual para suporte das atividades a distância começou a ser utilizado durante esse encontro presencial, na realização de fóruns de discussão e para a inserção como material de apoio das propostas de atividades elaboradas pelos participantes, a serem realizadas junto com a comunidade escolar, tendo em vista a criação coletiva do projeto de gestão das TIC. Após esse encontro presencial, os participantes retornaram às suas escolas para desenvolver as atividades propostas, cujos relatos de trabalho são discutidos a distância pelo grupo em formação, favorecendo o acompanhamento e a orientação dos formadores a distância, bem como a troca de experiências e informações entre os participantes da formação. Deste modo, os formandos se apóiam uns nos outros e têm as práticas do colega como espelho para análise da própria prática. As teorias são buscadas para ajudar a compreender as ações em realização, propiciando a reflexão sobre essas práticas e a proposição de mudanças que as tornem mais efetivas. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS BOLETIM – PGM 1 - GESTÃO ESCOLAR E TECNOLOGIA As interações nos fóruns e os relatos das experiências são registrados por escrito no ambiente virtual em uso, o que permite a qualquer momento recuperar as informações e subsidiar as discussões nos fóruns. Desta forma, há uma preocupação crescente com a comunicação compreensível pelo outro e com a participação nas interações. O grupo em formação, constituído por formadores, monitores, multiplicadores e gestores é responsável pela própria evolução dos trabalhos e pela qualidade das produções. Os formadores têm participação efetiva nas interações como orientadores e provocadores de reflexões que possam levar à tomada de consciência sobre as ações em realização, suas limitações, avanços e desafios. Após esse período de dois meses de interações a distância, ocorre novo encontro presencial entre formadores e gestores, quando se analisam os avanços obtidos nas escolas em relação ao início do trabalho de criação coletiva do projeto de gestão das TIC, criam-se condições para trabalhar a gestão de informações por meio de ambientes virtuais que permitam registrar, articular, recuperar e socializar as informações significativas do universo de conhecimentos de cada pessoa. Finalmente, os gestores elaboram propostas para a continuidade das ações nas escolas voltadas para a construção do projeto de gestão de TIC e levantam sugestões para a continuidade das interações nos grupos de gestores a partir da criação de comuni- 10 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: dades colaborativas de aprendizagem. Anuncia-se um novo tempo, cabendo a cada educador, seja gestor ou professor, participar de processos de formação continuada e em serviço que criam a oportunidade de formação de redes cola- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS BOLETIM – PGM 1 - GESTÃO ESCOLAR E TECNOLOGIA borativas de aprendizagem apoiadas em ambientes virtuais para encontrar, no coletivo da escola, o caminho evolutivo mais condizente e promissor de acordo com a identidade da escola e com o contexto em que se encontra inserida. 11 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS PGM 2 - EAD E FORMAÇÃO CONTINUADA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E A FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR Evidencia-se cada vez mais a procura por novas possibilidades de aprendizagem por parte dos profissionais que atuam em diversas áreas do conhecimento. Este fato é decorrente das demandas da sociedade atual, que se caracteriza pelo dinamismo do conhecimento, pelo avanço da tecnologia e pelo desenvolvimento humano na sua dimensão intelectual, afetiva e social, tornando o processo de ensino e aprendizagem mais complexo. Se, por um lado, para lidar com essas características é preciso que o profissional tenha uma predisposição para aprendizagem ao longo da vida (Valente, 2001; Belloni, 1999), por outro lado, as propostas de cursos de forma1 2 3 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ MARIA ELISABETTE BRISOLA BRITO PRADO1 MARIA ELIZABETH BIANCONCINI DE ALMEIDA2 ção continuada do professor devem estar voltadas para questões que possam desencadear nos participantes uma postura reflexiva e investigativa da sua própria ação, potencializando-os para a busca constante de novas aprendizagens e compreensões, apontando para um novo paradigma de formação. No contexto de formação continuada do professor, a educação a distância via Internet tem se tornado uma referência para o desenvolvimento de propostas que enfatizam a interação entre os participantes e o desenvolvimento do trabalho colaborativo. Nesta perspectiva, existem experiências especificamente de cursos3 de formação do professor e/ou Pesquisadora do Núcleo de Informática Aplicada à Educação NIED-UNICAMP e Doutoranda no Programa de PósGraduação em Educação e Currículo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP. Consultora desta Série. Professora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP; Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação e Currículo e do Curso de Tecnologias e Mídias Digitais, do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas. Consultora desta Série. Tais como: cursos de extensão, especialização e de oficinas temáticas específicas da área. BOLETIM 12 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: multiplicadores para atuar com a informática no contexto da escola, que vêm sendo realizadas nos últimos anos praticamente por três grupos de pesquisadores4 , ligados à Universidades, como o Laboratório de Estudos Cognitivos, LEC da UFRGS, o Núcleo de Informática aplicada à Educação, NIED da UNICAMP e o Programa de Pós-Graduação da PUCSP. Embora estas experiências tenham marcas e caminhos singulares, que representam a identidade de cada grupo, o denominador comum entre elas tem sido o de agregar a prática pedagógica do professor no processo de formação. Além deste aspecto, os grupos compartilham dos princípios teóricos que privilegiam o processo interativo e a (re)construção do conhecimento (Prado & Martins, 2001; Nevado, et al, 2002; Almeida, 2002; Prado & Valente, 2002). Esta preocupação é a de contemplar o cotidiano do professor no processo de formação fundamenta-se nos estudos e nas análises sobre experiências com formação de professores para o uso pedagógico do computador na escola (Valente, 1999; Almeida, 2000; Prado, 1999) Estes autores constataram que o fato de o professor aprender a utilizar o computador e a saber dizer sobre uma determinada teoria educacional não era suficiente para colocar em prática estes conhecimentos, ou seja, recontextualizá- 4 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS los na sua atuação com os alunos. Foi refletindo sobre esta problemática e articulando-a com referências teóricas de autores como: Schon (1992; 1983), Gómez (1992), Zeichnner & Liston (1996), Imbernón (1998), Perrenoud (1999), que foram elaboradas e colocadas em ação novas propostas de formação de professores numa perspectiva contextualizada e reflexiva. Assim, fundamentados nessa nova perspectiva, foram realizados cursos que explicitaram ser este caminho propício à recontextualização do conhecimento na e para a prática do professor. Além disso, outros fatores intervenientes do processo educacional foram evidenciados, como por exemplo: a falta de articulação entre a gestão escolar e a gestão de sala de aula tanto pode dificultar como viabilizar o desenvolvimento de novas dinâmicas de trabalho do professor no uso do computador com os alunos (Almeida, 2000). O fato é que esta abordagem de formação, ao mesmo tempo que revelava este potencial de permitir a recontextualização, ou seja, favorecia ao professor refletir sobre a sua prática, compreendê-la e reconstruí-la, tornava-se, lamentavelmente, restrita em termos operacionais, devido à organização do tempo/ espaço da escola e dos cursos presenciais. Mas, em pouco tempo, o efeito do avanço da tecnologia com a dissemina- Ver mais detalhes no Portal-OEA no endereço: http://www.nied.unicamp.br/oea BOLETIM – PGM 2 - EAD E FORMAÇÃO CONTINUADA 13 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: ção da Internet tornou-se um grande aliado neste cenário da formação continuada do professor. Por meio de cursos a distância, está sendo possível atender tanto aos interesses dos professores na busca de novas aprendizagens relacionadas às suas reais necessidades, como aos aspectos organizacionais e outros próprios da tecnologia, para viabilizar a abordagem contextualizada e reflexiva de formação. Isto de fato aconteceu com a realização de um curso de especialização destinado para professores e multiplicadores da rede pública, que foi desenvolvido tendo grande parte da sua carga horária a distância. CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS COM O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Este curso5 foi desenvolvido pelo Programa de Pós-Graduação em Educação e Currículo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), a partir de uma demanda do Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo) da Secretaria de Educação a Distância (SEED) do Ministério da Educação (MEC) e apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa, da Universidade Federal de Goiás, durante o período de agosto de 2000 a maio de 2001, perfazendo uma carga ho- 5 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS rária total de 360 horas de curso e mais 60 horas para o desenvolvimento da monografia e finalizando com uma avaliação final presencial. Este curso envolveu ações de formação na modalidade presencial (60 horas) e na modalidade a distância (300 horas), por meio dos recursos das redes computacionais, visando ao desenvolvimento de uma abordagem de formação contextualizada para professores multiplicadores de diversas localidades. Esta proposta, apoiada nos princípios que privilegiam o processo de construção do conhecimento, teve como eixo norteador a articulação entre a teoria e prática, a ação e a reflexão, o ensino e aprendizagem, a razão e emoção, o individual e coletivo. Sob este enfoque, o objetivo deste curso era de formar professores-multiplicadores para atuar na formação de professores da rede pública de ensino para o uso pedagógico da informática integrada aos conteúdos curriculares, com ênfase no desenvolvimento de projetos. Esses pressupostos estavam presentes em projetos anteriores de formação de professores de escolas públicas na modalidade presencial (Almeida, 2000) ou de formação na modalidade semipresencial (Almeida, 2002) ou também em formação a distância com atividades realizadas durante um curto espaço de tem- Coordenador Geral do Curso: Prof. Dr. José Armando Valente, Coordenadora Executiva e Coordenadora de Turma: Profa.Dra. Maria Elizabeth B. de Almeida e Coordenadora de Turma: Profa. Maria Elisabette B.B.Prado. BOLETIM – PGM 2 - EAD E FORMAÇÃO CONTINUADA 14 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: po (Almeida, 2001). O curso de especialização trazia um novo desafio relacionado com a formação norteada pela articulação teoria-prática desenvolvida durante um longo período de tempo, cujas interações tinham como suporte um ambiente virtual, no qual todas as atividades realizadas ficaram disponíveis no decorrer de todo o curso. Para isto, o curso foi organizado de modo a propiciar ao professor-multiplicador o aprendizado dos recursos computacionais e de suas implicações pedagógicas tanto no âmbito teórico como prático. Dito de outra maneira, a teoria e a prática pedagógica desenvolvidas com os alunos caminharam juntas, de tal forma que uma realimentava a outra. As ações do curso estavam voltadas para a vivência dos participantes em situações de uso de recursos computacionais na posição de aprendizes e na sua prática pedagógica em atividades com outros aprendizes no uso pedagógico desses recursos, bem como na análise das suas potencialidades e limitações segundo os objetivos da atividade em realização e as características dos recursos em uso. As- 6 7 8 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS sim, essas atividades envolvendo a prática pedagógica dos professoresmultiplicadores no decorrer do curso procuraram favorecer o processo de recontextualização do uso da informática na realidade da escola de cada um dos participantes do curso. Foram inscritos 92 candidatos, dentre os quais 40 foram selecionados. Esses candidatos eram professores de escolas públicas de diferentes estados brasileiros, vinculados aos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs), que preencheram os requisitos estabelecidos nos termos da inscrição. Além das vagas para o território nacional, 4 vagas foram preenchidas por professores das escolas públicas de dois países6 da América Latina, Argentina e Chile. Assim, iniciaram o curso 44 professores de diversas localidades7 , abrangendo cidades de vários estados do Brasil e dos países da América Latina. A estrutura do curso foi organizada em três módulos: o módulo I foi realizado presencialmente, com carga horária de 60 horas, sob responsabilidade8 dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE), no Estes países eram parceiros do Projeto OEA/MEC - Formação de Educadores via Telemática (Ver mais detalhes no site: (http:// www.nied.unicamp.br/oea). Havia, portanto, interesses em comum em compartilhar esta experiência tendo a participação de alguns professores que atuam com informática na educação nas escolas públicas destes países. Os professores participantes do curso foram indicados pelos coordenadores do Projeto da Argentina e do Chile. Estados/cidades do Brasil: AC (Rio Branco), CE (Crateús, Itapipoca, Tauá), DF (Guará 1, Taquatinga), ES (São Mateus) GO (Anápolis, Morrinhos, Jataí), MA (Bacabal, Imperatriz, São Luís), MT (Cuiabá, Rondonópolis, Terra Nova do Norte), Pa (Belém), PE (Petrolina), RN (Natal), RJ (Rio de Janeiro), RR (Boa Vista, Canarinho), SC (Chapecó, Lages), SE (Aracaju, Simão Dias), SP (Caieiras, Campinas, São José do Rio Preto, São Paulo, Sorocaba, Tupã), TO (Gurupi) e os países, Argentina (Buenos Aires) e Chile (Santiago do Chile). Os alunos da Argentina e Chile tiveram o curso presencial sob a responsabilidade dos coordenadores do Projeto OEA/ MEC. BOLETIM – PGM 2 - EAD E FORMAÇÃO CONTINUADA 15 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: local de trabalho de cada um dos participantes. Este módulo tinha como objetivo oferecer aos participantes noções básicas sobre o manuseio com o computador em relação aos conteúdos: Introdução ao Windows e ao Word e Introdução à Internet. Os módulos II e III foram realizados totalmente a distância, sob a responsabilidade do Programa de Pós-Graduação em Educação e Currículo da PUCSP, utilizando o ambiente de suporte para o ensino e aprendizagem a distância 9 TelEduc . Os alunos foram divididos em duas turmas no ambiente do TelEduc, sendo que a turma A foi composta de 23 alunos e a turma B de 21 alunos. A realização do curso, neste ambiente virtual, envolveu o trabalho de uma equipe de profissionais comprometida com os pressupostos educacionais da proposta do curso. Estes profissionais desenvolveram suas funções de forma articulada, por meio de interações constantes, que aconteciam antes, durante e após as ações realizadas no curso. O módulo II, com carga horária de 300 horas e duração de 10 meses, com um período de recesso de 30 dias devido às férias escolares, foi organizado em disciplinas tais como: Realização de projetos baseados em texto, Realização de projetos baseados em sistemas de auto- 9 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS ria programáveis (Logo), Realização de projetos baseados em Internet, Exploração de diferentes software educacionais, Organização, Políticas Educacionais e Currículo, Educação e Tecnologia, Realização de projetos combinando diversos aplicativos ou outros software, Metodologia para elaboração de monografia e Tópicos em Informática na Educação. Estas disciplinas foram desenvolvidas por docentes e pesquisadores, doutores e mestres da PUCSP e de Instituições credenciadas pelo Ministério da Educação das áreas do conhecimento concernentes. Durante o desenvolvimento da disciplina, o docente teve o apoio de um monitor pedagógico, também pós-graduando da PUCSP e, quando havia necessidade, o docente podia também contar com o suporte de um monitor técnico. A disciplina Tópicos em Informática na Educação constitui-se de uma série de conferências virtuais, abordando temas relacionados aos propósitos gerais do curso, tais como: Tecnologia e desafios ao Professor, Robótica na Educação, Quando usar o computador para escrever não equivale a "passar a limpo", Reflexão na ação, Paradigma e Mudança e Interdisciplinaridade. Cada uma das conferências tinha em média uma semana de duração. Sua realização era feita sob a responsabilidade Para ver mais sobre o ambiente TelEduc: http://hera.nied.unicamp.br BOLETIM – PGM 2 - EAD E FORMAÇÃO CONTINUADA 16 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: de docentes da PUC/SP e especialistas convidados, no ambiente TelEduc especialmente criado para este fim, onde os alunos da Turmas A e B se encontravam virtualmente para participar das discussões coletivas. A organização deste módulo, constituída por várias disciplinas, envolveu a participação de docentes que interagiram com os alunos em diferentes momentos do curso, ou seja, durante a realização da sua disciplina. Isto demandou da coordenação de turmas a função de articular as disciplinas, de modo a evitar a fragmentação entre os conteúdos abordados. Além disso, a presença constante das coordenadoras de turmas com os alunos favoreceu a construção de uma relação em termos de referência humana, a qual permitiu aproximar as pessoas e criar vínculos afetivos, o que no contexto virtual assume uma dimensão mais complexa, em relação às questões subjetivas, devido à expressão do pensamento e à comunicação baseada na escrita. A proximidade das coordenadoras de turmas com os alunos e com a coordenação geral e executiva foi fundamental, pois se criou entre estes profissionais uma dinâmica de trabalho, uma vez que sistematicamente analisavam os vários aspectos relacionados ao curso, os quais muitas vezes demandavam flexibilidade e abertura para enfrentar a complexidade das problemáticas emergentes. Estes aspectos giravam em torno da metodologia desenvolvida, envolvendo BOLETIM – PGM 2 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS - EAD E FORMAÇÃO CONTINUADA conteúdos, atividades, engajamento dos alunos, qualidade das interações entre os colegas e docentes, dentre outros, os quais possibilitavam a depuração e o replanejamento do curso durante o seu desenvolvimento. Nesta situação, a coordenação procurava compatibilizar as necessidades, os interesses e as realidades dos professores-multiplicadores com a intencionalidade e os princípios pedagógicos norteadores do curso, bem como com outros aspectos institucionais e organizacionais. O módulo III, com carga horária de 60 horas, visava à elaboração de monografias, a qual deveria expressar uma reflexão teórico-prática sobre as atividades desenvolvidas ao longo do curso. A orientação das monografias foi feita pelas coordenadoras de turma e pelo coordenador geral, isto porque nesta estrutura de curso, como já foi dito, estes profissionais acompanharam o desenvolvimento dos alunos ao longo do curso e, portanto, tinham subsídios para orientálos em suas produções neste módulo. A avaliação dos participantes foi feita por disciplina, segundo os critérios acordados pelo docente responsável, tais como, a qualidade da participação, das interações e das atividades propostas. Além da monografia, os professores-multiplicadores participaram de uma avaliação presencial no final do curso, a qual foi realizada nos Núcleos de Tecnologia Educacional, por um profissional indicado como avaliador pelo coordenador do ProInfo dos estados 17 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: de cada um dos participantes. A freqüência exigida foi de 75% em cada uma das disciplinas. Isto foi computado pelo docente responsável, por meio da ferramenta Acesso do ambiente do TelEduc, que emite um relatório nominal, com data e horário da entrada do aluno no curso. O acompanhamento da presença do aluno no curso também foi feito pelo rastreamento das interações e participações registradas nas diversas ferramentas disponíveis neste ambiente. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES O desenho deste curso de especialização propiciou uma intensa interatividade entre todos os participantes envolvidos (alunos com seus pares, alunos com os formadores/monitores e com os coordenadores). Com isto criou-se uma rede de aprendizagem humana colaborativa, por meio da qual produções e conhecimentos foram desenvolvidos, houve o compartilhamento de sentimentos, reflexões e experiências e foram sendo construídas as parcerias e as cumplicidades entre os professores/multiplicadores. A atividade elaborada individualmente e/ou em grupo era compartilhada com todos, de modo que cada um podia constantemente dar e receber um feedback para o colega, bem como, espelhar-se no outro para analisar a própria atuação. A flexibilidade do ambiente de suporte TelEduc favoreceu o gerenciamento pedagógico e administrativo do BOLETIM – PGM 2 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS - EAD E FORMAÇÃO CONTINUADA curso em termos de tempo/espaço. De igual maneira, o encaminhamento das atividades elaboradas pelos docentes das disciplinas procurou conciliar os interesses e as necessidades de aprendizagem dos professores/multiplicadores com as questões intencionais e organizacionais envolvidas na proposta do curso. Enfim, a análise dos vários protagonistas deste curso está sendo elaborada e brevemente será divulgada por meio de um livro. Mas, para finalizar este artigo, não poderíamos deixar de registrar as colocações de uma das participantes, feitas no Fórum de Discussão, durante o desenvolvimento de uma das últimas disciplinas do curso. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ "Concordo com meus colegas que as novas tecnologias, principalmente a telemática podem contribuir e muito na atualização e formação de professores, principalmente quanto ao aspecto que acho muito importante: a teoria aliada à prática - como ocorreu em nosso curso. Foi através das discussões sobre as teorias de aprendizagem e a nossa prática de projetos que começamos a refletir, discutir, trocar idéias com os colegas... e analisar as nossas dificuldades e possibilidades de superação das mesmas... A telemática possibilita ao professor o desafio da formação continuada, repensar sua prática pedagógica, conhecer as novas abordagens sobre o processo de ensino-aprendizagem e desenvolver projetos em ação (ao mesmo tempo em que se está atualizando" (T.L.B. Chaves, 17/ 04/2001 - 23:47h). ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 18 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, M. E. (2002). Incorporação da tecnologia na escola: vencendo desafios, articulando saberes e tecendo a rede. In: Moraes, M.C. (org.) Educação a Distância: fundamentos e práticas. NIEDUNICAMP. Campinas (SP): NIEDUNICAMP. _________.(2001). Formando professores para atuar em ambientes virtuais de aprendizagem. In: Almeida, F. J. (coord). Projeto Nave. Educação a distância. Formação de professores em ambientes virtuais e colaborativos de aprendizagem. São Paulo: s.n., 2001. __________. (2000). O Computador na Escola: Contextualizando a Formação de Professores. Tese de Doutorado em Educação: Supervisão e Currículo, PUC/SP. GÓMEZ, A. P. (1992). O Pensamento Prático do Professor - a formação do professor como profissional reflexivo. In: Nóvoa, A. (coord.) Os Professores e a sua Formação. Lisboa: Dom Quixote. BELLONI, M. L. (1999). Educação a distância. Campinas (SP): Autores Associados. IMBERNÓN, Francisco(1998). La formación y el desarrollo profesional del profesorado, 4ª ed., Serie Pedagogia, Editorial Graó de Serveis Padagógics, Barcelona, Espanha. NEVADO, R.; MAGDALENA, B.; COSTA, I. T. (2002). Formação de professores multiplicadores: [email protected]. In: Moraes, M.C. (org.) Educação a Distância: fundamentos e práticas. Campinas (SP): NIED-UNICAMP. PERRENOUD, P. (1999). Construir as com- BOLETIM – PGM 2 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS - EAD E FORMAÇÃO CONTINUADA petências desde a escola. Porto Alegre (RS): Artes Médicas Sul. PRADO, M. E. B. B.; VALENTE, J. A. (2002). A educação a distância possibilitando a formação do professor com base no ciclo da prática pedagógica. In: Moraes, M.C. (org.) Educação a Distância: fundamentos e práticas. Campinas (SP): NIED-UNICAMP. PRADO, M. E. B. B.; MARTINS, M. C. (2001) A mediação pedagógica em propostas de formação continuada de professores em informática na educação. VIII Congresso Internacional de Educação a Distância da ABED: Brasília, DF, publicado no site http://www.abed.org.br PRADO, M. E. B. B (1999). Da Ação à Reconstrução: Possibilidades para a formação do professor. Coleção Série Informática na Educação - TV Escola, publicado no site: http://www.proinfo.gov.br. SCHON, D. A. (1992). Formar Professores como Profissionais Reflexivos. In: Nóvoa, A. (coord.). Os Professores e a sua Formação. Lisboa, Portugal: Publicações Dom Quixote Instituto de Inovação Educacional. SCHON, D. A. (1983). The reflective practitioner: how professionals think in action. New York, Basic Books. VALENTE J. A (2001). Uma alternativa para a formação de educadores ao longo da vida. Pátio Revista Pedagógica. Porto Alegre (RS): Artmed - Ano V - nº 18. VALENTE J. A. (1999) Formação de Professores: Diferentes Abordagens Pedagógicas. In: J. A. Valente (org.) O computador na Sociedade do Conhecimento. Campinas (SP): NIED-UNICAMP. 19 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: ZEICHNER, K.; LISTON, D.P. (1996). Reflective teaching: an introduction. New BOLETIM – PGM 2 ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS - EAD E FORMAÇÃO CONTINUADA Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, Publishers. 20 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS PGM 3 - EAD: INTEGRAR SABERES E TECER REDES EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: OS AMBIENTES VIRTUAIS E ALGUMAS POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS Nos últimos anos, a educação a distância via telemática ganhou uma nova dimensão com novas possibilidades e desafios, o que nos instiga a repensar as formas de aprender e de ensinar. Na rede há uma grande diversidade de informações disponíveis e organizadas de várias maneiras, permitindo seu acesso tanto no sentido da abrangência (favorecendo a multiplicidade de relações) como no aprofundamento (privilegiando as particularidades e detalhes). Mas, em termos de aprendizagem, ter acesso e adquirir informação é a mesma coisa que ter conhecimento? Equivocadamente, muitas vezes, a informação e o conhecimento são vistos e 1 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ MARIA ELISABETTE BRISOLA BRITO PRADO1 tratados como sinônimos, mas são conceitos distintos. Reconhecer esta distinção, bem como a inter-relação que existe entre informação e conhecimento, é extremamente importante para a prática do professor e a aprendizagem do aluno. Na sala de aula, muitas vezes, o professor tem a intenção de transmitir conhecimento, mas o conhecimento não se transmite. O professor certamente tem o conhecimento, mas aquilo que ele transmite para o aluno é informação, que pode adquirir significado para o aluno e ser por ele transformada em conhecimento. A informação, tanto a transmitida pelo professor como a encontrada na Internet ou, ainda, em outros meios, pode Pesquisadora do Núcleo de Informática Aplicada à Educação – NIED/UNICAMP e Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Educação e Currículo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP. Consultora desta Série. BOLETIM 21 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: inclusive ter uma organização pedagógica intencional, mas isto não garante que o aluno construa o conhecimento. Uma determinada informação precisa ser interpretada pelo aluno. Este processo de interpretar, ou seja, de dar sentido à informação requer ações do conhecimento. Transformar a informação em conhecimento não é algo que acontece de forma instantânea. É preciso que as informações sejam trabalhadas conjuntamente em várias situações de aprendizagem, de modo que o aluno possa estabelecer relações, comparar, diferenciar, experimentar, analisar, atribuir significado e sistematizar os conceitos envolvidos num processo contínuo de (re)construção do conhecimento (Piaget, 1977). As atividades que privilegiam a autoria do aluno e o processo de (re)elaboração de algo que lhe seja significativo possibilitam que este aluno possa interpretar as informações, articulando-as com seu universo de representação do conhecimento. As questões que se colocam são: Como propiciar condições para que o aluno possa vivenciar estas situações de aprendizagem no contexto de educação a distância? Como a informação veiculada por meio da produção de materiais (geralmente textos, endereços de sites, referências bibliográficas) pode ser trabalhada no sentido de propiciar ao aluno a construção de conhecimento? ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS Depende, sem dúvida, da abordagem educacional que norteia a ação do professor, bem como do desenho de um curso no ambiente virtual. Numa abordagem do tipo broadcast que, segundo Valente (1999), utiliza os recursos tecnológicos para "entregar" informação ao aluno, provavelmente é esperado que isto seja suficiente para que o aluno aprenda. Nesta situação, o aluno aprende a reproduzir as informações recebidas, mas será que ele aprende a transformálas em conhecimento? Por outro lado, o uso da rede voltado apenas para disponibilizar informações, mesmo que tenham um formato inovador próprio do ambiente Web, continua sendo uma forma de sub-utilização dos recursos da Internet (Prado & Marins, 2001). No entanto, existem propostas de cursos baseadas em pressupostos que enfatizam o processo de construção do conhecimento por meio das interações e do trabalho colaborativo. Sob este enfoque, a abordagem de educação a distância denominada por Valente (1999) de o estar junto virtual integra o uso dos vários recursos do ambiente virtual para criar situações de aprendizagem que possam favorecer o aluno a transformar as informações em conhecimento. Nestas situações de aprendizagem, o aluno pode vivenciar um processo de ação reflexiva, de articulação com a prática, de depuração e de (re)construção do conhecimento. BOLETIM – PGM 3 - EAD: INTEGRAR SABERES E TECER REDES 22 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: AMBIENTES VIRTUAIS - focalizando algumas ferramentas Os ambientes virtuais2 de suporte para o processo de ensino e aprendizagem são constituídos por um conjunto de ferramentas que possibilitam a organização, o gerenciamento e as várias formas de interação no curso. Cada ferramenta tem suas particularidades, pois foram criadas para determinados fins. Existem aquelas ferramentas apropriadas para disponibilização de materiais relativos a textos de conteúdo, informativo, leituras, etc. Entre outras, existem aquelas ferramentas que viabilizam a interação entre os participantes do curso, tais como, Chat, Fórum de Discussão, Correio Eletrônico, Portfólio. O uso que se faz destas ferramentas depende do objetivo do professor e das características dos participantes (necessidades e/ou interesses). Embora estas ferramentas sejam de extrema importância, cabe ao professor dar vida, ou seja, dinamizar o seu uso com os alunos. Geralmente, estas ferramentas, do ponto de vista técnico, são simples de serem manipuladas, mas as possibilidades e implicações pedagógicas dependem da (re)significação que o professor pode fazer no contexto do curso. 2 3 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS Assim, abordo algumas destas possibilidades e implicações pedagógicas em relação às ferramentas Fórum de Discussão, Portfólio e Chat : Fórum de Discussão3 A dinâmica e o gerenciamento do Fórum de Discussão, com vistas a instigar a participação e a interação entre os alunos, demanda do professor atentar para alguns aspectos, como por exemplo: → escolher um tema que seja pertinente para os participantes; → elaborar questões abertas e provocativas e que possam ser facilmente interpretadas pelos alunos; → utilizar uma linguagem clara, não muito extensa nem demasiadamente acadêmica; → (re)-alimentar as discussões de forma equilibrada, para que os participantes encontrem espaço para interagir entre si; → cuidar para que as discussões possam ampliar as idéias, podendo com isto gerar subtemas, mas sem perder o foco, para que não ocorra uma pulverização de questões desarticuladas. Os dois últimos itens são mais com- Existe uma distinção na configuração dos ambientes virtuais, dependendo da concepção educacional que orienta a sua implementação. Alguns ambientes são mais abertos e flexíveis, permitindo com isso o desenvolvimento de uma abordagem de educação a distância que privilegia a interação e o trabalho colaborativo, como por exemplo: E-proinfo, TelEduc, TecLec. O Fórum de Discussão pode ser definido como um espaço que permite aos participantes interagir por meio da troca de idéias relacionadas a uma determinada temática. Acessando a ferramenta, os participantes podem visualizar de forma estruturada as mensagens já enviadas e participar enviando suas mensagens (http://hera.nied.unicamp.br/teleduc). BOLETIM – PGM 3 - EAD: INTEGRAR SABERES E TECER REDES 23 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: plexos, pois dependem da inter-relação de vários fatores que surgem da situação. Um dos caminhos é o professor observar as sinalizações que os alunos expressam nos vários espaços do ambiente do curso. No entanto, isto requer do professor flexibilidade e responsabilidade para contemplar as questões emergentes e inusitadas, de modo que possam ser integradas aos propósitos do curso. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ "O mais importante é a credibilidade do professor, sua capacidade de estabelecer laços de empatia, de afeto, de colaboração, de incentivo, de manter o equilíbrio entre flexibilidade e organização" (Moran, 2000:55). ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ De fato, tanto no Fórum de Discussão como em outras ferramentas de interação, as relações interpessoais e afetivas são fortemente evidenciadas quando as atitudes são carregadas de valores como respeito, reciprocidade e confiança entre os participantes. Para ilustrar que os laços afetivos podem ser construídos no ambiente virtual, abaixo transcrevo um trecho da mensagem de uma aluna do curso de especialização da PUCSP4 , feita no Fórum de Discussão. 4 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ "(...)uma das coisas mais importantes que aprendi neste curso foi o valor real da palavra compartilhamento, como é gostoso você compartilhar descobertas, alegrias, tristezas, frustrações, enfim, como é bom saber que nunca estamos sozinhos. Já conquistei vários - anjos da guarda - dentro do nosso curso, graças a este ato de compartilhar." (S. de S. Silva, 20/12/ 2000, 18:58h). ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ O compartilhamento, esta possibilidade do contexto virtual, é extremamente importante, pois é na troca de experiências, reflexões e sentimentos entre os alunos que se fortalece o trabalho coletivo e colaborativo. As múltiplas interações que acontecem de forma diversificada potencializam a construção da rede humana de aprendizagem. Esta rede de aprendizagem requer do aluno o exercício da interpretação das idéias do outro, explicitada via escrita, bem como a sua (re)organização de pensamento para revelar-se para o outro, também por meio da escrita. Neste processo participam alunos com diferentes experiências e maneiras de expressar o pensamento. O processo de um aprender com o outro não é uma atividade puramente intelectual e impessoal. O importante nesta interação é a Mais detalhes sobre este curso de especialização da PUCSP constam no artigo Educação a distância e a formação continuada do professor, referente ao Programa 2 desta Série. BOLETIM – PGM 3 - EAD: INTEGRAR SABERES E TECER REDES 24 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: constante busca de compreensão do outro e de si mesmo, de querer comunicarse, de compartilhar e de crescer. Portfólio5 Nesta perspectiva de educação a distância, a ferramenta Portfólio (individual e/ou em grupo) representa um espaço importante, porque o aluno e/ou um grupo de alunos pode(m) compartilhar com os colegas e/ou professor suas atividades/projetos durante o processo de elaboração. Isto significa que a ênfase da aprendizagem está centrada no processo e, portanto, na possibilidade de o aluno poder dar e receber feedback sobre aquilo que está produzindo individualmente e/ou em grupo. A diversidade de olhares enriquece o feedback do aluno, provocando com isso novas relações e a busca de novas compreensões (Prado & Valente, 2002). O professor nesta abordagem atua como mediador e desenvolve também ações investigativas. Ele analisa, ao mesmo tempo, o processo de aprendizagem do aluno - que se expressa nos vários espaços do ambiente virtual - e, a sua própria prática pedagógica. Esta forma de atuação permite ao professor colocar- 5 6 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS se como parceiro dos alunos, respeitando seu estilo de trabalho, a sua autoria e as estratégias adotadas (Almeida, 2001). O papel do professor, segundo, Perrenoud (2000), concentra-se "na criação, na gestão e na regulação das situações de aprendizagem" (p.139). Neste sentido, as ações do professor devem estar pautadas por uma pedagogia relacional que contempla a complexidade que a educação a distância requer. Nesta concepção, não existem soluções prontas, estratégias e modelos previamente definidos: existem princípios, intenções e o compromisso pedagógico com o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e humano dos alunos, que orientam a (re)construção destas estratégias na e para a ação do professor. Chat (Bate-papo)6 O chat permite uma conversa em tempo-real entre os participantes. A sua utilização pode ser diversificada, por exemplo, pode ser interessante ter um chat como um momento do brain-storm entre os participantes (Masetto, 2000). Este tipo de encontro on-line pode caracterizar-se como um momento criativo, construído coletivamente para gerar O Portfólio é uma ferramenta que permite aos participantes armazenar diversos documentos produzidos no curso. O acesso a estes documentos é opcional, ou seja, particular, compartilhado apenas com o professor ou compartilhado com todos os participantes do curso. Se permitido, cada participante pode ver os portfólios dos demais, inclusive fazer comentários sobre os documentos anexados (http://hera.nied.unicamp.br/teleduc). O chat ou bate-papo, é uma ferramenta que permite uma conversa em tempo-real entre os participantes do curso. O seu conteúdo fica registrado no ambiente, permitindo o acesso e sua impressão a qualquer momento. (http:// hera.nied.unicamp.br/teleduc). BOLETIM – PGM 3 - EAD: INTEGRAR SABERES E TECER REDES 25 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: novas idéias e temas a serem estudados e aprofundados. No chat, a explicitação dos alunos é feita de forma espontânea, uma vez que este recurso exige uma escrita rápida. Diferentemente dos demais recursos (Fórum de Discussão, Portfólio, Correio Eletrônico), em que acontecem os encontros off-line, a explicitação dos alunos geralmente é feita de forma mais elaborada. São duas maneiras diferentes de expressar o pensamento, as quais podem ser vistas e interpretadas de forma complementar. Um outro aspecto que precisa ser considerado é o número de participantes em um chat. Interpretar as idéias de várias pessoas ao mesmo tempo não é trivial, depende daquilo que se espera de um chat para criar estratégias apropriadas. Estas características da ferramenta favorecem muito mais os participantes a estarem extravasando algo os que esteja preocupando naquele momento (dúvidas, questionamentos, sentimentos) do que discutir questões mais complexas de forma articulada com as idéias dos colegas. Uma possibilidade é utilizar o chat também após a sua realização. O registro da conversa on-line pode ser tratado como um texto "desorganizado" a ser trabalhado tanto pelo professor como pelos alunos, categorizando as questões emergentes para serem discutidas, por exemplo, no espaço do Fórum de Discussão. De igual maneira, estas questões podem estar relacionadas às atividades/ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS projetos compartilhados no Portfólio. Além destas interligações entre as ferramentas de interação, existem outras que podem estar diretamente relacionadas: são aquelas que organizam a disponibilização de materiais de Leituras sobre conteúdos específicos. E assim... interligando as várias ferra mentas do ambiente virtual e integrando saberes - alunos e professor - vão construindo coletivamente a rede humana de aprendizagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, M. E. B. (2001). Formando professores para atuar em ambientes virtuais de aprendizagem. In: Almeida, F. J. (coord.). Projeto Nave. Educação a distância. Formação de professores em ambientes virtuais e colaborativos de aprendizagem. São Paulo: s.n. MASETTO, M. T. (2000). Mediação pedagógica e o uso da tecnologia. In: MORAN, J. M. & MASETTO, M. T, & BEHRENS, M. A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. Campinas (SP): Papirus. MORAN, J. M. (2000). Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: MORAN, J. M. & MASETTO, M. T., & BEHRENS, M. A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. Campinas (SP): Papirus. PERRENOUD, P. (2000). Dez competências para Ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul. PIAGET, J. (1977). A tomada de consciência. São Paulo: Melhoramentos e Editora da Universidade de São Paulo. BOLETIM – PGM 3 - EAD: INTEGRAR SABERES E TECER REDES 26 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: PRADO, M. E. B. B & MARTINS, M. C. (2001) A mediação pedagógica em propostas de formação continuada de professores em informática na educação. VIII Congresso Internacional de Educação a Distância da ABED: Brasília, DF, publicado no site http:// www.abed.org.br. PRADO, M. E. B. B. & VALENTE, J. A. (2002). A educação a distância possibilitando a formação do professor com ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS base no ciclo da prática pedagógica. In: Moraes, M.C. (org.) Educação a Distância: fundamentos e práticas. Campinas (SP): NIED-UNICAMP. VALENTE, J. A. (1999). Diferentes abordagens de educação a distância. Coleção Série Informática na Educação - TV Escola, publicado no site: http:// www.proinfo.gov.br BOLETIM – PGM 3 - EAD: INTEGRAR SABERES E TECER REDES 27 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS PGM 4 -TECNOLOGIA E PRÁTICAS DIVERSIFICADAS REPENSANDO AS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM: O FAZER E O COMPREENDER A ênfase dos estudos de Piaget foi a gênese e a evolução do conhecimento. Daí o termo "epistemologia genética". Como biólogo, ele foi bastante influenciado pelas observações das influências que os organismos sofrem do meio em que vivem. Analogamente, no âmbito do conhecimento, ele concluiu que as trocas que os indivíduos realizam com o meio são responsáveis pelas mudanças nas estruturas mentais. Esta visão deu origem às teorias socio-interacionistas, elaboradas por diferentes autores como Freire (1970), Vygotsky (1991), Wallon (1989), e que entendem o conhecimento como algo que é construído pelo sujeito, em interação com o mundo dos objetos e das pessoas. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ JOSÉ ARMANDO VALENTE* Embora estas teorias entendam o conhecimento como fruto da interação com o meio, faz-se necessário compreender e questionar a especificidade desta interação. É qualquer interação com o mundo que propicia construção de conhecimento? Por exemplo, quando uma pessoa está navegando na Internet, tal fato pode ser caracterizado como uma situação que promove a construção de conhecimento? O fato de o aprendiz resolver tarefas ou desenvolver projetos é suficiente para que ele construa conhecimento? Será que estas construções podem ocorrer espontaneamente? Certamente não. Os estudos sobre este tema indicam que a construção está relacionada com a qualidade da interação. *Depto. Multimeios e Nied - Unicamp & CED - PUC/SP. BOLETIM 28 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: Nada impede que o aprendiz possa construir conhecimento interagindo com a informação ou desenvolvendo projetos. Porém, tudo indica que somente as ações espontâneas não são suficientes para gerar conhecimento. Estas construções necessitam do auxílio de indivíduos mais experientes, que possam facilitar o processamento da informação ou a sua organização, de modo a tornar esse processo mais acessível. Resta saber o que estas pessoas devem fazer e como devem agir. Os estudos conduzidos por Piaget sobre o fazer e o compreender indicam que a compreensão de conceitos envolvidos nas tarefas realizadas está diretamente relacionada com o grau de interação que o aprendiz tem com estes conceitos. Neste sentido, as pessoas mais experientes têm um papel fundamental. FAZER E COMPREENDER Os processos de ensino-aprendizagem ainda são muito baseados na idéia de que o aluno demonstra que aprendeu se ele é capaz de aplicar com sucesso as informações adquiridas. Porém, o fato de ele ser bem-sucedido não significa necessariamente que ele tenha compreendido o que fez. Piaget observou que há uma diferença entre o fazer com sucesso e o compreender o que foi feito. Em 1974, Piaget publicou dois livros: La Prise de Conscience (traduzido para o português como A Tomada de Consciência, 1977) e Réussir et Comprendre (traduzido para o português como Fa- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS zer e Compreender, 1978) descrevendo o processo pelo qual crianças e adolescentes desenvolvem o que ele chamou de "compreensão conceitualizada" dos conceitos envolvidos em uma série de tarefas, as quais ele solicitou que os sujeitos de sua pesquisa executassem. Nestes estudos, Piaget observou que as crianças podem usar ações complexas para alcançar um sucesso prematuro, que representa todas as características de um saber fazer (savoir faire). A criança pode fazer uma determinada tarefa, mas não compreender como ela foi realizada, nem estar atenta aos conceitos envolvidos na tarefa. Piaget também observou que a passagem dessa forma prática de conhecimento para o compreender é realizada por intermédio da tomada de consciência, o que não constitui um tipo de iluminação (o dar o estalo), mas um nível de conceitualização. Este nível de pensamento é alcançado graças a um processo de transformação de esquemas de ação em noções e em operações. Assim, por uma série de coordenações de conceitos mais complexos, a criança pode passar do nível de sucesso prematuro para um nível de compreensão conceitualizada. Usando uma série de tarefas, como, por exemplo, derrubar uma seqüência de dominós, Piaget mostrou que a passagem do sucesso prematuro para a conceitualização é realizada em três fases: na primeira, a criança negligencia todos os elementos envolvidos na tarefa; BOLETIM – PGM 4 - TECNOLOGIA E PRÁTICAS DIVERSIFICADAS 29 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: na segunda, coordena alguns elementos, e na terceira, coordena todos os elementos envolvidos na tarefa. Na tarefa de derrubar os dominós, a criança é solicitada a organizar dominós em uma linha, de modo que se o primeiro é derrubado, este cai sobre o segundo, que derruba o terceiro e, assim por diante, até que todos caiam em seqüência. Crianças consideradas na primeira fase são capazes de construir a seqüência de dominós, porém não entendem que a distância entre eles é um elemento importante. A passagem da primeira fase para a segunda acontece porque as crianças, no processo de construir a sucessão de dominós, observam que se os dominós estão muito distantes, um não pode cair sobre o outro, ou um não pode "tocar" o outro. Nesta situação, elas corrigem a distância entre os dominós e se dão conta de que a distância entre eles tem que ser tal, para que um possa cair sobre o outro. Porém, para estas crianças, os dominós têm que estar paralelos uns aos outros e, por conseguinte, a sucessão de dominós só pode estar em uma linha reta. Os dominós não podem ser organizados de modo que um esteja um pouco para o lado do outro, de forma que a sucessão possa estar na forma de uma diagonal ou uma linha circular. Crianças da terceira fase podem coordenar todos os elementos envolvidos na tarefa: distância, direção e peso do dominó. Elas entendem que, contanto que cada dominó caia sobre o subse- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS qüente, a sucessão de dominós cairá. As crianças são capazes de organizar os dominós de modo que eles caiam em uma linha circular ou diagonal. Também entendem que quanto menor a distância entre os dominós, mais rapidamente a seqüência cairá, e se os dominós são muito leves (feitos de plástico) menor deve ser a distância entre eles, de modo que um dominó caia sobre o outro, ao invés de simplesmente tocá-lo. Além da sucessão de fases, Piaget observou que, primeiro, não é o objeto que conduz a criança à fase de compreensão. Ser capaz de compreender o funcionamento dos dominós não implica, necessariamente, compreender como fazer um castelo com cartas de baralho. Para cada situação, a criança tem que transformar os esquemas de ação em noções e operações que estão envolvidas em uma determinada tarefa. Piaget também observou que a compreensão é fruto da qualidade da interação entre a criança e o objeto. Se ela tem a chance de brincar com os objetos, de refletir sobre os resultados obtidos e de ser desafiada com situações novas, maior é a chance de ela estar atenta para os conceitos envolvidos e, assim, alcançar o nível de compreensão conceitualizada. Estas observações são fundamentais para entender as relações que devem acontecer entre alunos e objetos, e que devem fazer parte de um ambiente de BOLETIM – PGM 4 - TECNOLOGIA E PRÁTICAS DIVERSIFICADAS 30 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: aprendizagem. Primeiro, os estudos de Piaget têm importantes implicações para a aprendizagem, uma vez que se não forem examinadas com cuidado, as pessoas podem aparentar que sabem o que estão fazendo. Não é necessário muita imaginação para fazer uma analogia com os procedimentos que as crianças usam para fazer divisão de números ou a memorização de fatos históricos para "entender" história. Segundo, relações que acontecem no ambiente de aprendizagem devem determinar novos papéis a serem assumidos pelos diferentes profissionais que atuam na escola. Isto significa implantar mudanças na relação entre pessoas e na qualidade das interações que os alunos deverão ter com os objetos e atividades realizadas. Não será mais o fazer, chegar a uma resposta, mas a interação com o que está sendo feito, de modo a permitir as transformações dos esquemas mentais, como foi observado por Piaget. A solução para uma educação que prioriza a compreensão é o uso de objetos e atividades estimulantes para que o aluno possa estar envolvido com o que faz. Tais alunos e objetos devem ser ricos em oportunidades, que permitam ao aluno explorá-las e, ainda, possibilitar aberturas para o professor desafiar o aluno e, com isso, incrementar a qualidade da interação com o que está sendo feito. Uma solução que tem sido bastante explorada atualmente é a educação por meio de projetos educacionais. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS EDUCAÇÃO POR PROJETO O desenvolvimento de projetos educacionais como estratégia pedagógica tem sido uma tentativa de tornar a aprendizagem contextualizada no interesse do aluno e relacionada com as situações familiares ao aprendiz, como sugere Paulo Freire (1970). O uso de "projetos de trabalho", como proposto por Hernández (Hernández & Ventura, 1998), e "projeto de aprendizagem", como enfatizado por Fagundes (Fagundes, Sato, & Maçada, 1999) permitem a integração de situações educacionais que vão além das paredes da sala de aula, favorecendo: a coexistência de diferentes visões do mundo e o confronto entre elas, a importância do contexto na aprendizagem, a relevância dos interesses do aprendiz na aprendizagem, o novo conhecimento relacionado ao que o aluno já conhece, e a reflexão sobre resultados significativos obtidos pelos alunos (Prado, 1999). A proposta da educação por projetos é uma tentativa de unir dois mundos que coexistem separadamente: a vida e a escola. Com isto, a idéia de projetos permeia todas as atividades e está presente em praticamente todas as novas propostas pedagógicas. Como estratégia educacional, tem de fato inovado e ajudado a resolver algumas das deficiências do ensino tradicional. Projetos inovadores e bem-sucedidos têm ajudado estudantes a estarem mais motivados e engajados no que estão realizando na escola e a BOLETIM – PGM 4 - TECNOLOGIA E PRÁTICAS DIVERSIFICADAS 31 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: aprender de maneira significativa os conceitos envolvidos nestes projetos (Torres, 2001). Por outro lado, como observado pela própria Torres (2001) "vive-se atualmente na educação a síndrome da projetite e a idéia de projeto educacional está sendo banalizada" (p. 65). O fato de os alunos estarem desenvolvendo projetos não significa que eles estão construindo conhecimento ou compreendendo o que estão fazendo. Como observado por Piaget, resolver o projeto e atingir resultados satisfatórios não garante a aquisição de conceitos envolvidos no projeto. DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS E CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO O fato de Piaget explicar a construção de conhecimento como fruto das interações com objetos ou pessoas cria, do ponto de vista teórico, a possibilidade de explicar como qualquer conhecimento já produzido pode ser construído por um sujeito. Basta criar um ambiente com objetos e pessoas com as quais o aprendiz possa interagir e, com isto, construir seu conhecimento, como propôs Papert (1980). Do ponto de vista prático e, mais precisamente, do ponto de vista educacional, é impraticável pensarmos que tudo o que uma pessoa deve saber tenha que ser construído de maneira individual, sem ser auxiliado. Primeiro, seria demasiadamente custoso construirmos ambientes envolvendo os conceitos sobre todos os domínios e ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS atendendo a todos os diferentes interesses das pessoas. Segundo, como solução educacional é ineficaz, já que o tempo para formarmos sujeitos com os conhecimentos que já foram acumulados seria enorme. Em muitos casos, estaríamos reinventando a roda. Em outros casos, este conhecimento pode ser muito difícil de ser construído. Por exemplo, uma pessoa usando os conhecimentos espaciais, dominando conceitos de medidas, de ângulos etc., dificilmente desenvolverá por si só os conceitos de trigonometria. Esta é uma idéia abstrata, construída pela civilização e cujas convenções têm que ser trabalhadas por pessoas mais experientes. Assim, a idéia de construção, como o próprio Piaget propôs, pode ser aprimorada se o educador estiver preparado para ajudar os alunos (Piaget, 1998). A distinção entre uma abordagem educacional que privilegia a transmissão de informação e uma abordagem que enfatiza o desenvolvimento de projetos e a construção de conhecimento coloca os educadores entre dois pólos que não podem ser vistos como antagônicos. Eles não podem ser extremistas, no sentido de terem que optar exclusivamente por uma prática baseada na transmissão de informação ou na construção de conhecimento. O educador deve estar preparado e saber intervir no processo de aprendizagem do aluno, para que ele seja capaz de transformar as informações (transmi- BOLETIM – PGM 4 - TECNOLOGIA E PRÁTICAS DIVERSIFICADAS 32 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: tidas e/ou pesquisadas) em conhecimento, por meio de situações problema, projetos e/ou outras atividades que envolvam ações reflexivas. O importante é que haja um movimento entre estas duas abordagens pedagógicas de forma articulada, propiciando ao aluno vivenciar o fazer e o compreender e, conseqüentemente, a (re)construção do conhecimento. No entanto, o que acontece muitas vezes é o professor apresentar um discurso de uso de projetos ou de construção de conhecimento e na prática exercer o papel de transmissor de informação (Mizukami, 1986), ou de deixar o aluno desenvolver projetos sem trabalhar a sistematização dos conceitos que estão presentes. O desenvolvimento do projeto pode servir como pano de fundo para o professor trabalhar diferentes tipos de conhecimentos que estão imbricados e representados em termos de três construções: procedimentos e estratégias de resolução de problemas, conceitos disciplinares, e estratégias e conceitos sobre aprender. À medida que o aluno desenvolve seu projeto, o professor pode discutir, por exemplo, uma estratégia sobre como fazer coisas, em outro momento, sobre um conceito disciplinar ou sobre como aplicá-lo em uma determinada situação, ou então sobre como aprender (onde e como buscar informação). Na verdade, é uma dança que o professor e o aluno re- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS alizam, transitando e trabalhando em cada uma destas três vertentes de construção de conhecimento, como ilustrado na Figura 1. Figura 1 - Representação da "dança" que o professor e o aprendiz realizam para construir conhecimento sobre diferentes conceitos envolvidos no desenvolvimento de projetos Além de o desenvolvimento do projeto criar uma situação de aprendizagem na qual é possível construir diferentes tipos de conhecimento, ele pode ser considerado uma situação ótima de aprendizagem, como proposto pela teoria do fluxo (Csikszentmihalyi, 1990), uma vez que o aluno está engajado em algo que ele está interessado. Além disto, se o professor usa diferentes tipos de dinâmicas de atividade de classe, por exemplo, discussão em grupo, grupos de trabalho, seminários, elas podem ajudar os estudantes a desenvolver suas habilidades sociais e emocionais. Na verdade, a educação por projeto é uma estratégia pedagógica para ser explorada em diferentes níveis escolares, desde a Educação Infantil até a universidade. Nestas situações, os estudantes deveriam ser capazes de adquirir não BOLETIM – PGM 4 - TECNOLOGIA E PRÁTICAS DIVERSIFICADAS 33 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: somente conceitos disciplinares como também saber quem eles são do ponto de vista social, emocional e como aprendizes. Isto permitiria a todos os níveis escolares unir os mundos da escola e da vida, e cultivar a razão e a emoção sob um mesmo teto, como proposto por Maturana (Maturana, 1995; Moraes, 2002). Porém, como explorar o projeto para que estas situações ocorram? Uma pista é fornecida pelo próprio Piaget. Para trabalhar com as crianças, identificando o que elas sabiam e o que não sabiam, e poder classificá-las em seus estágios de desenvolvimento intelectual, Piaget usava situações-problema, por exemplo, como o problema do dominó. Porém, antes de trabalhar com as crianças, Piaget dissecava este problema, estudando-o sob todos os conceitos envolvidos. Com isto ele aprendia sobre o que estava envolvido no problema, como questionar as crianças, dependendo do comportamento que apresentavam diante de uma determinada situação, e que subproblema apresentar para mantê-las desafiadas e envolvidas. Esta técnica de avaliação ou de interação com a criança ficou conhecida como o "método clínico" (Carraher, 1989). Esta mesma técnica pode ser útil para o professor saber desafiar os alunos, mantendo-os engajados e, ao mesmo tempo, trabalhar os diferentes conceitos envolvidos. Ou seja, realizar esta dança intelectual de modo que o aluno possa construir conhecimentos. Neste ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS sentido, a pergunta a ser feita é: os professores, no desenvolvimento de projetos, estão preparados para realizar esta dança? Se não, como é possível afirmar que o projeto está promovendo aprendizagem, entendida como construção de conhecimento? Será que desenvolvimento de projeto, sem o trabalho dos conceitos envolvidos, não está se tornando uma outra "grade curricular" na qual as oportunidades de aprendizagem estão sendo descartadas? CONCLUSÕES A intenção deste trabalho foi a de mostrar a importância da diversidade de práticas pedagógicas, usando diferentes dinâmicas, como meio para promover a construção do conhecimento pelo aprendiz. Trabalhar com projetos pode constituir-se em um contexto favorável, porém cabe ao professor a tarefa de saber explorar pedagogicamente as potencialidades que o desenvolvimento do projeto propicia e entender que levar a cabo um projeto não significa necessariamente que o aluno construiu conhecimento. Para tanto, este professor precisa estar preparado para recriar sua prática, articulando diferentes interesses e necessidades dos alunos, o contexto, a realidade e a sua intencionalidade pedagógica. Como educador, ele deve estar consciente da direção que as atividades educacionais devem assumir e que objetivos devem ser atingidos. Isto significa que a prática do professor deve ser BOLETIM – PGM 4 - TECNOLOGIA E PRÁTICAS DIVERSIFICADAS 34 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: orientada por uma pedagogia relacional e muito mais complexa do que simplesmente dizer que é construtivista ou que é baseada no desenvolvimento de projetos. Na verdade, o mundo está ficando muito mais sofisticado e exigindo soluções educacionais mais profundas do que uma simples troca de terminologia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARRAHER, T. N. (1989) O Método Clínico: usando os exames de Piaget. São Paulo: Cortez Editora. CSIKSZENTMIHALYI, M. (1990). Flow: the psychology of optimal experience. New York: Harper Perennial. FAGUNDES, L., Sato, L.S. e Maçada, D.L. (1999). Aprendizes do futuro: as inovações começaram. Coleção Informática para a Mudança em Educação. MEC/ SEED/Proinfo (publicado no site: http://www.proinfo.gov.br). FREIRE, P. (1970). Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. HERNÁNDEZ, F. & Ventura, M. (1998). A Organização do Currículo por Projetos de Trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas. MATURANA, H. (1995). Emociones y Lenguaje en Educación y Política. Santiago: Dolmen Ediciones. Mizukami, M. G. N. (1986). Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS Moraes, M. C. (2002). O Paradigma Educacional Eco-sistêmico: contribuições para a sua construção. No prelo. PAPERT, S. (1980). Mindstorms: Children, Computers and Powerful Ideas. New York: Basic Books. Traduzido para o Português em 1985, como Logo: Computadores e Educação. São Paulo: Editora Brasiliense. PIAGET, J. (1978). Fazer e Compreender. São Paulo: Edições Melhoramentos e Editora da Universidade de São Paulo. PIAGET, J. (1977). A Tomada de Consciência. São Paulo: Edições Melhoramentos e Editora da Universidade de São Paulo. PIAGET, J. (1998). Sobre Pedagogia. São Paulo: Casa do Psicólogo. PRADO, M. E. B. B (1999). Da Ação à Reconstrução: Possibilidades para a formação do professor. Artigo Coleção Série Informática na Educação - TV Escola (publicado no site: http:// www.proinfo.gov.br). TORRES, R. M. (2001). Itinerários pela educação latino-americana: caderno de viagem. Tradução de Daisy Vaz de Moraes, Porto Alegre: Artmed Editora. VYGOTSKY, L. S. (1991). A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes. WALLON, H. (1989). As Origens do Pensamento na Criança. São Paulo: Manole. BOLETIM – PGM 4 - TECNOLOGIA E PRÁTICAS DIVERSIFICADAS 35 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS PGM 5 - TECNOLOGIA E INCLUSÃO A TERCEIRA IDADE E A INCLUSÃO DIGITAL1 A tecnologia invadiu as casas, empresas, instituições de todos os tipos. A sociedade como um todo está se tornando informatizada. Os recursos da imprensa, rádio, TV, telefone, fax, vídeo, computador e Internet são disseminadores de culturas, valores e padrões sociais de comportamento. Todos esses artefatos fazem com que a comunicação seja intermediada pela máquina e não pela voz humana. As mudanças transparecem nas diversas dimensões de viver na sociedade tecnologizada. Com a sofisticação dos recursos da tecnologia, torna-se maior a amplitude de acesso à informação, assim como a qualidade de veiculação e recepção se mostra em diferentes níveis de mídia. O acesso fácil e rápido, quase que instantâneo, à informação relativiza * 1 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ VITÓRIA KACHAR* a questão do tempo e do espaço. As informações infiltram-se por todos os lados, quase que não precisamos ir atrás delas, pois elas passam a se apresentar a nós exaustivamente, intervindo nas nossas relações e comportamentos. O ambiente familiar, antes convergente e constituído em volta das figuras da mãe e do pai, fica diluído entre os mitos eletrônicos, que são endeusados e assumem a tutoria da infância. Nossas concepções de mundo estão sendo delineadas pelas informações que recebemos por meio das mídias eletrônicas. A TV, além de informar, seleciona, exibe e interpreta o que acontece (Lomas, 2001: 147). Uma fábrica de sonhos e emoções que invade a vida dos indivíduos, conformando subjetividades, interiorizando Doutora em Educação / PUC-SP. Este artigo foi extraído do capítulo III da Tese de Doutorado: KACHAR, Vitória. A terceira idade e o computador: interação e produção num ambiente educacional interdisciplinar, pós-graduação em educação: currículo, PUC/SP, 2001. BOLETIM – PGM 5 - TECNOLOGIA E INCLUSÃO 36 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: comportamentos-modelo da sociedade, atuando no inconsciente do sujeito espectador que capta as mensagens dentro dessa visão, que é uma versão do mundo fragmentada e filtrada pela tela. Para Lomas, a mídia age a partir a informação textual, verbal e das imagens para persuadir e manipular o espectador com a intenção de fazer saber, fazer crer, fazer parecer verdade, fazer sentir (2001:149). Na sociedade contemporânea, a socialização incorpora as relações produzidas pela rede de interconexões de pessoas entre si, mediadas pelas Tecnologias da Comunicação e Informação. A mídia e a publicidade focam perspectivas da realidade, intervindo na construção de identidade, culturas e relações pessoais. Preocupa-nos a discrepância que surge entre o que as mídias anunciam de horizontes e leituras de universos e os valores educativos que são discutidos e tratados nas instituições educacionais. Há uma emergente necessidade de preparar cidadãos que saibam ler, interpretar, analisar criticamente as informações recebidas e selecionar as significativas para si e para o uso coletivo. A população de um modo geral está carente de recursos técnicos e educacionais para enfrentar e lidar com um futuro que caminha na ambigüidade do local e global, do espaço físico e virtual. A geração nascida no universo de ícones, imagens, botões e teclas transita com desenvoltura na operaciona- BOLETIM – PGM 5 - TECNOLOGIA E INCLUSÃO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS lização, nesta cena visionária de quase ficção científica, mas a outra geração, nascida em tempos de relativa estabilidade, convive de forma conflituosa com as rápidas e complexas mudanças tecnológicas, cuja progressão é geométrica. Para Pretto, o analfabeto do futuro será aquele que não souber ler as imagens geradas pelos meios eletrônicos de comunicação. E isso não significa apenas o aprendizado do alfabeto dessa nova linguagem (1996:99). A nova geração é introduzida nesse universo desde o nascimento e por isso sua intimidade com os meios eletrônicos ocorre numa relação de identificação e fascinação (Pretto, 1996). A geração dos idosos de hoje tem revelado suas dificuldades em entender a nova linguagem e em lidar com os avanços tecnológicos até mesmo nas questões mais básicas como os eletrodomésticos, celulares, os caixas eletrônicos instalados nos bancos. Conseqüentemente, aumenta o número de idosos iletrados em Informática, ou analfabetos digitais, em todas as áreas da sociedade. Esse novo universo de relações, comunicações e trânsito de informações pode se tornar mais um elemento de exclusão para o idoso, tirando-lhe a oportunidade de participar do presente, marginalizando-o e exilando-o no tempo da geração anterior, relegando sua função social à memória, ao passado. Para inserir-se na sociedade tecnologizada, ele 37 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: precisa ter acesso à linguagem da Informática, dispondo dela para liberarse do fardo de ser visto como alguém que está ultrapassado e descontextualizado do mundo atual. Há uma necessidade em dominar os recursos do computador devido à sociedade ter se tornado informatizada, atingindo todos os âmbitos, e permeando o cotidiano dos indivíduos nas mais variadas faixas etárias. É preciso prevenir a exclusão dos indivíduos idosos por desconhecerem a nova linguagem que se dissemina também nas conversas sociais. O perfil de idoso mudou muito nos últimos tempos. Apesar de ser um universo heterogêneo, pode-se dizer que, na época dos nossos avós, o idoso recolhiase ao seu aposento e vivia o resto da vida dedicado aos netos, à contemplação da passagem do tempo pela fresta da janela, a reviver as memórias e (re)lembrar e (re)contar as lembranças passadas. Relegava-se a pessoa idosa ao passado, ao ontem, não reservando um espaço digno e louvável ao indivíduo na velhice, no tempo presente. Havia (e ainda há) uma exclusão das pessoas idosas na construção do presente e do futuro da humanidade. O futuro foi sempre considerado dos e para os jovens. Então, quais os espaços de ser na velhice? Hoje, desponta um novo tempo, pois os/as idosos/as têm uma vitalidade grande para viver projetos futuros (a curto prazo), contribuir na produção, participar do consumo e intervir nas mudan- BOLETIM – PGM 5 - TECNOLOGIA E INCLUSÃO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS ças sociais e políticas. Cabe aos educadores a responsabilidade de pesquisar e criar espaços de ensino-aprendizagem que insiram os/as idosos/as na dinâmica participativa da sociedade e atendam ao desejo do ser humano de aprender continuamente e projetar-se no vir a ser. Com o aumento da população idosa nos últimos tempos, conseqüentemente, aumentou também o número de idosos iletrados em Informática, ou analfabetos digitais, em todas as áreas da sociedade, gerando uma demanda por cursos direcionados para o ensino dos recursos básicos sobre o computador. Muitas empresas oferecem cursos básicos de Introdução à Informática, porém, poucas destinam cursos específicos para a faixa etária da terceira idade. Algumas universidades abertas para a terceira idade oferecem curso de introdução sobre os recursos do computador dentro do seu leque de opções, porém, como as pesquisas sobre o impacto da aprendizagem e utilização do computador pela terceira idade são escassas no Brasil, acredita-se que os cursos ainda não apresentem uma metodologia de ensino e aprendizagem específica para o idoso. As pesquisas mostram que existem diferenças entre as faixas etárias na forma da apropriação e no domínio da habilidade operacional do computador. Estudos que comparam jovens, adultos e idosos na interação com a máquina apontam a importância do dimensio- 38 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: namento de estratégias de ensino e aprendizagem delineadas de acordo com as características e condições da população, respeitando o ritmo e tempo para aprender, as limitações físicas (auditivas, visuais) e cognitivas (memória, atenção) etc. Na Internet um site2 traz um estudo interessante sobre o idoso e a relação de aprendizagem com o computador, do qual foram extraídas algumas questões: "Coming of age: the virtual older adult learner", por Donald A. King (1997), apresentado numa conferência de Educação Continuada no Canadá. O estudo pretendeu identificar as necessidades de aprendizagem das pessoas de 55 anos e mais para ajudá-las a superar seus medos e resistências às novas tecnologias. A pesquisa contou com uma revisão de área3 para responder à pergunta: como a terceira idade aprende as novas tecnologias. Alguns pontos de destaque: → as pesquisas sobre idosos e computadores ainda são iniciais; → instrução assistida por computador é bem aceita pelos idosos; → idosos apresentam muitas razões para aprender as novas tecnologias; → idosos apresentam dificuldades específicas para aprender. As dificuldades para a aprendizagem do computador pelos idosos podem ser superadas, utilizando-se estratégias específicas como: 2 3 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS → seguir etapas gradativas de aprendizagem; → auxílio na medida da necessidade; → seguir no próprio ritmo; → freqüentes paradas; → boa iluminação; → caracteres e fontes grandes; → classes pequenas; → mais tempo para a execução das tarefas e repetição delas. Os resultados da pesquisa de King (1997) apontam especificações sobre o tipo de hardware e software e técnicas de ensino: → Hardware - atenção deve ser dada a: → Tamanho do monitor e iluminação; → Teclado com design especial; → Mouse com design especial; → Qualidade de impressão; → Tamanho e cor da área de trabalho no monitor; → Qualidade do assento. → Técnicas de Ensino – idéias para otimizar o ensino: → começar com jogos, Internet e e-mail; → ter outros idosos para ajudar; → pedir aos idosos que escrevam e avaliem o currículo; → utilizar as experiências de vida dos idosos; → preparar material de apoio com caracteres grandes e fortes; → manter um ritmo lento, abrir para troca. http://www.mbnet.mb.ca/crm/oalt/projovrvue.html Noventa artigos foram localizados e estudados. BOLETIM – PGM 5 - TECNOLOGIA E INCLUSÃO 39 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: Para King (1997), o advento da tecnologia provê a pessoa da terceira idade com oportunidades para se tornar um aprendiz virtual, fornecendo educação continuada, educação a distância, estimulação mental e bem-estar. A tecnologia possibilita ao indivíduo estar mais integrado em uma comunidade eletrônica ampla; coloca-o em contato com parentes e amigos, num ambiente de troca de idéias e informações, aprendendo junto e reduzindo o isolamento por meio da experiência comunitária. É relevante investigar quais as abordagens adequadas para introduzir o idoso no universo da Informática e construir estratégias metodológicas educacionais para preparar a população da terceira idade (ativa ou aposentada) no domínio operacional dos recursos computacionais. É necessário gerar a alfabetização na nova linguagem tecnológica que se instala em todos os setores da sociedade e promover a inclusão do idoso nas transformações da sociedade. A abordagem educacional com idosos tem suas peculiaridades e requer a imersão neste universo para compreendê-lo e uma prática pedagógica específica, considerando as características físicas, psicológicas e sociais dessa faixa etária. Foram observados alguns benefícios da tecnologia para este grupo etário, como melhorar as condições de interação social e estimular a atividade mental. O computador tem utilidade e pode trazer BOLETIM – PGM 5 - TECNOLOGIA E INCLUSÃO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS mudanças significativas para as pessoas com mais idade. Algumas pesquisas apontam que mudanças de atitudes em relação ao computador surgem depois dos cursos, em decorrência de os participantes se sentirem: → mais familiarizados com a terminologia e a linguagem do computador; → menos excluídos dos progressos tecnológicos da sociedade; → menos apreensivos sobre o uso do computador e → mais confiantes com as próprias habilidades para entender um computador. Muitos idosos vêem a tecnologia com- putacional favoravelmente e acreditam nos benefícios da aquisição de habilidades básicas para dominar o computador (Morris, 1994). Computadores e tecnologias da comunicação oferecem um potencial de melhorar a qualidade de vida da pessoa na terceira idade, provendo-a com as informações e serviços externos a sua residência, contribuindo para facilitar a vida das pessoas que têm dificuldade ou dependem de outros para se deslocarem. Bibliografia LOMAS, Carlos. "Alfabetização midiática e educação crítica: a mídia e a construção social do conhecimento". In PÉREZ, Francisco C. et al. Ensinar ou Aprender a Ler e a Escrever? Aspectos teóricos do processo de construção significativa, funcional e compartilhada do código escrito, Porto Alegre: Artmed, 2001. 40 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: ○ ○ ○ ○ PRETTO, Nelson de Luca. Uma escola sem/ com futuro. Campinas-SP: Papirus, 1996. ○ MORRIS, J. M. "Computer-training needs of older adults". Educational Gerontology, 20: (6), 541-555, sep. 1994. ○ NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS BOLETIM – PGM 5 - TECNOLOGIA E INCLUSÃO 41 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: NOVOS TEMPOS, OUTROSxRUMOS Presidente da República Fernando Henrique Cardoso Ministro da Educação Paulo Renato Souza Secretário de Educação a Distância Pedro Paulo Poppovic MEC Secretaria de Educação a Distância Programa TV Escola – Salto para o Futuro Diretora do Departamento de Política de Educação a Distância Carmen Moreira de Castro Neves Coordenadora-Geral de Material Didático-Pedagógico Vera Maria Arantes Coordenadora-Geral de Planejamento e Desenvolvimento de Educação a Distância Tânia Maria Magalhães Castro Supervisora Pedagógica Rosa Helena Mendonça Diretor de Produção e Divulgação de Programas Educativos Antonio Augusto Silva Coordenadoras de Utilização e Avaliação Mônica Mufarrej e Leila Atta Abrahão Copidesque e Revisão Magda Frediani Martins Programadora Visual Norma Massa Consultoria Pedagógica Maria Elisabette Brisola Brito Prado Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida e.mail: [email protected] Setembro de 2002 Home page: www.tvebrasil.com.br/salto BOLETIM 42