EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Resumo Vivemos a consolidação da cultura‐mundo hipermoderna que vem alterando sensivelmente o modo de lidar com a tecnologia nos mais variados campos do saber. Destaca‐se, neste contexto, a pesquisa das relações entre tecnologia e Educação, que tem na sua problematização o objetivo deste artigo. Para tal fim, parte da relação de alguns conceitos e aportes teóricos de Lipovetsky, Serroy, Pino, Veen & Vrakking, Vigotski , Turkle, Dowbor e Lukács, além de reflexões originadas nas práticas diárias enquanto professor empregando recursos tecnológicos em aula. Percebe‐se que a contemporaneidade forma indivíduos que não lidam plenamente com tecnologias. As considerações levam à proposta da categorização da tecnologia, definida neste trabalho como produto e como processo, com finalidade de avançar na relação entre tecnologia e educação, potencializando os processos de ensino e de aprendizagem. Palavras‐chave: Educação, tecnologia, hipermodernidade, cultura‐mundo. Gerson Rios Leme [email protected] Miguel Alfredo Orth Universidade Federal de Pelotas [email protected] X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.1
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth Introdução Vivemos em um mundo cada dia mais tecnológico, cercados por um número crescente de artefatos, bens e símbolos que usam ou valorizam a tecnologia. É uma época na qual há uma produção de recursos tecnológicos em tamanha escala e variedade que esta se torna mais abrangente e ativa do que em qualquer outro período histórico. Tal produção e disponibilização de materiais diversos para as mais distintas aplicações vêm alavancando a constante mudança de perfil dos consumidores destes produtos, composto por uma fatia cada vez mais expressiva da população, que constitui um mercado no qual cada pessoa pode buscar tecnologias adequadas às suas necessidades, encontrando inúmeras opções para fins iguais ou semelhantes, conforme ratifica Dowbor (2001, p. 13): “informática, multimídia, telecomunicações, bancos de dados, vídeos e outros tantos elementos se generalizam rapidamente. [...] Os custos destes instrumentos estão baixando vertiginosamente”, aumentando a presença tecnológica nas diferentes camadas etárias, econômicas e sociais. Surge então uma quantidade crescente de desenvolvedores e fabricantes de hardwares e softwares, ligados às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), que concebem produtos para possibilitar a comunicação de variados modos, compartilhar opiniões e conteúdos, registrar e editar imagens, sons e texto, fazer e reproduzir música e/ou vídeo, diferindo entre si pelos recursos específicos que possuem, pela qualidade de seus componentes, bem como a sua natureza para fins profissionais, educativos ou de entretenimento. Nesta nova configuração de sociedade, a velocidade com que as informações se formam, são geridas, circulam e são engolidas em meio a uma quantidade avassaladora de material – tanto por usuários que se servem desses artefatos e recursos tecnológicos diversos1, como por veículos de comunicação oficiais, que se estruturam e consolidam historicamente2 com o uso dos mesmos – é realçada graças às novas ferramentas 1 ‐ Redes sociais diversas – twitter, facebook, linkedin – , aparelhos celulares comuns e smartphones, tablets, notebooks, netbooks, instagram, vimeo, daily motion, entre outros. 2 ‐ Jornais, empresas de radio e TV. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.2
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth tecnológicas e à internet, que pontuam o contexto atual com caráter de mobilidade e imediatismo. Assim, brevemente, configura‐se a chamada hipermodernidade de Lipovetsky e Serroy (2011, p.13), que constitui “o horizonte cultural das sociedades contemporâneas na era da globalização”, a qual emerge da modernidade ainda não consumada e limitada, instaurando um novo regime mundial cultural, em que: [...] os sistemas e valores tradicionais que perduram no período anterior não são mais estruturantes, em que já não são verdadeiramente operantes senão os próprios princípios da modernidade. Além da revitalização das identidades coletivas herdadas no passado, é a hipermodernização do mundo que avança, remodelado que ele está pelas lógicas do individualismo e do consumismo. (LIPOVETSKY; SERROY, 2011, p.13) Surge então o que estes autores nomeiam como cultura‐mundo, conforme problematizam: a era hipermoderna transformou profundamente o relevo, o sentido, a superfície social e econômica da cultura. Esta não pode mais ser considerada como uma superestrutura de signos, como o aroma e a decoração do mundo real: ela se tornou mundo, uma cultura‐mundo, a do tecnocapitalismo planetário, das indústrias culturais, do consumismo total, das mídias e das redes digitais. (LIPOVETSKY; SERROY, 2011, p.7) Este inédito paradigma origina novas formas, simultaneamente locais e globais, de acesso, compartilhamento e apropriação cultural. Como consequência disso, o contato com material cultural diversificado originário do mundo todo é possível em virtude da internet, por exemplo. Pensando de acordo com esta lógica, temos então a cultura mundial ao alcance de todos, pois podemos considerá‐la global – já que é criada e considerada em qualquer localidade de origem onde possa ser produzida – e globalizável – uma vez que pode ser amplamente compartilhada e digitalizada, graças, principalmente, à internet. A pesquisa divulgada pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), em março de 2013, mostra que, apesar do número de acesso e disponibilização estar crescendo a cada ano, apenas 35% da população mundial usa rotineiramente a world wide web (www). No Brasil, este índice chega a 45% e, podemos concluir que aumenta o contato destes usuários com o fluxo de materiais e conteúdos de origens variadas, X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.3
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth produzidos e disponibilizados de qualquer ponto no mundo que tenha um computador conectado à internet. Esse processo, por sua vez, acaba proporcionando fartas trocas e influências culturais, porém, a parcela de pessoas que têm este acesso ainda é pouco expressiva se considerarmos o todo da população mundial, o que, de certo modo, cria um abismo entre quem utiliza a internet diariamente e quem ignora a sua existência ou utilidade. Estar ciente de que as tecnologias tornam‐se obsoletas3 em relação à sua “modernidade” quase na mesma velocidade em que são criadas e disponibilizadas, reforça vigorosamente a ideia de que é necessário o entendimento dos princípios básicos dos recursos tecnológicos, que vão além da simples operação técnica básica destes, visto que as novas tecnologias que surgem, nada mais são do que modificações, através do “melhoramento” técnico operacional, de tecnologias já existentes, agregando ou não novas possibilidades de emprego prático e funcional. É, portanto, importante atentar para a similaridade dos produtos tecnológicos oferecidos no mercado. No caso dos computadores, por exemplo, há abundância de fabricantes, materiais físicos com os quais são construídos, desenvolvedores de software, tipo, tamanho e qualidade de hardware, entre outras variáveis. Porém, de modo geral, as funções básicas comuns são possibilitar acesso à internet, processar dados na forma de textos, imagens e sons. Neste contexto, quem usa tecnologia tem grande poder de escolha, caso tenha conhecimento de características básicas dos produtos que pode consumir. A proliferação da televisão, dos computadores e dos smartphones arquiteta “uma cultura das telas”, importante objeto de reflexão ética e objetiva, segundo Lipovetsky e Serroy (2011): As telas não são responsáveis pelo grau de cultura ou de incultura que veiculam. É a utilização que se faz delas que está em pauta. Ignorá‐las equivale a desligar‐se do mundo tal como ele é, quando elas podem ser, por uma política que as otimize, um meio privilegiado de enriquecer os 3 ‐ Nenhum produto pode ser considerado obsoleto, de fato, por quem o desconhece, desconhecendo também as possibilidades intrínsecas a ele. A qualidade de obsolescência é definida mais por fatores mercadológicos do que por fatores pessoais circunstanciais. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.4
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth indivíduos e civilizar a cultura‐mundo. (LIPOVETSKY; SERROY, 2011, p. 184) Deste modo, vale a preocupação com a exposição cada vez mais precoce das crianças aos aparatos tecnológicos como parte da sua formação, em todas as esferas sociais, refletindo mudanças na infância hipermoderna, bem como na sua constituição cultural, como destaca Pino (2005): Aplicado ao complexo processo de constituição cultural da criança (do ser humano) que constitui o núcleo central da obra de Vigotski e que orienta este trabalho, os processos de significação são aquilo que possibilita que a criança se transforme sob a ação da cultura, ao mesmo tempo que esta adquire a forma e a dimensão que lhe confere a criança, pois as significações que a sociedade lhe propõe (impõe?) adquirem o sentido que elas têm para a criança. (PINO, 2005, p.150) Ainda em relação às crianças no tocante à presença tecnológica em seus cotidianos, um diagnóstico realizado por Veen e Vrakking (2009), a partir do depoimento de uma professora de Estocolmo que trabalhava com crianças de 06 anos de idade, na década de 90, apontou que: os alunos dedicam atenção às coisas por um período curto de tempo, que não conseguem ouvir alguém falar por mais de cinco minutos. Os professores afirmam que as crianças não conseguem se concentrar em uma tarefa só, fazendo várias coisas paralelamente, e que esperam obter respostas instantaneamente quando fazem uma pergunta. Além disso, muitos professores pensam que os alunos parecem agir e pensar de maneira superficial, zapeando de uma fonte de informação para outra quando assistem à televisão, navegam pela internet ou conversam com alguém no ‘MSN’. As crianças de hoje parecem não criticar e muito menos refletir sobre o que digerem por meio da televisão e da internet. (VEEN; VRAKKING, 2009, p. 28) Esta constituição cultural da criança na cultura das telas traz consigo o panorama intrínseco à liberdade da sociedade da decepção hipermoderna, destacada por Lipovetsky (2007): Nossa sociedade é dominada pelo imaginário da comunicação. Estamos na era da mídia e na midiatização da vida. As novas tecnologias invadem tudo e geram uma obsessão de interatividade. É preciso estar sempre conectado. Privado e público se confundem. [...] O grande problema é que agora cada um sente‐se na obrigação de se realizar, de fazer algo da sua vida, de ser bem‐sucedido, de dar sentido satisfatório ao próprio destino. (LIPOVETSKY, 2007, p.xviii) O autor aponta que esta sociedade hipermoderna “cria novas imposições e cobra novas posturas”, além de ter como consequência da liberdade a frustração. (idem, p.xix). X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.5
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth O hiperconsumismo está ligado a não realização plena pessoal da hipermodernidade, de acordo com Lipovetsky (2007): O hiperconsumismo desenvolve‐se como um substituto da vida que almejamos, funciona como um paliativo para os desejos não‐realizados de cada pessoa. Quanto mais se avolumam os dissabores, os percalços e as frustrações da vida privada, mais a febre consumista irrompe a título de lenitivo, de satisfação compensatória, como um expediente para “reerguer o moral”. (LIPOVETSKY, 2007, p.30) O material tecnológico é reinventado e reinterpretado a partir do seu uso sistemático, similarmente à cultura. A cultura hipermoderna tecnológica contemporânea é reduzida à utilização crítica de uma minoria da sociedade que direciona e compromete o seu desenvolvimento, já que não há, para a maior parte da população, o acesso e a apropriação gradual à significação cultural dos bens materiais produzidos, apenas o seu hiperconsumo. Põe‐se então, neste contexto, a seguinte questão: Até que ponto a Educação depende de tecnologia? Na impossibilidade da Educação abranger a totalidade ou mesmo uma parte significativa da quantidade e variedade de recursos tecnológicos que emergem diariamente, objetivando a qualificação e a justificativa do emprego ou não dos mesmos, pensamos no termo tecnologia a partir duas grandes categorias, a saber: produto e processo. Tecnologia como produto Partindo do pressuposto de que a tecnologia frequentemente é associada a termos como computador, smartphones, hardware, software, pendrive, tablets, lousa digital, internet, 3D, 3G, Windows, android, Linux, ebook, email, câmera fotográfica digital, blog, wordpress, facebook, instagram, moodle, HDMI, VGA, Java, pdf, mp3, wav, mov, ogg vorbis, download, upload, nuvem, you tube, daily motion, vídeo conferência, hangout, disco virtual, vídeo mapping, surround, Wikipédia, flickr, whatsapp, mobile, Gigabyte, USB, tumblr, foursquare, LinkedIn, Google, Bing, Audacity, wi‐fi, Bluetooth, headset, drive, mouse, hashtag, dentre tantos recursos e verbetes tecnológicos existentes – uns mais conhecidos que outros ou mesmo desconhecidos, alguns gratuitos e livres, X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.6
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth outros pagos – podemos mensurar rapidamente diferentes funções, modelos, preços, combinações entre esses recursos. Deste modo, produto refere‐se ao que é disponível no mercado tecnológico, focando em cada recurso como algo fechado, de acordo com suas características particulares. Conforme esta conjectura, a escolha e o emprego de materiais tecnológicos acontecem a partir do recurso e suas possibilidades conhecidas por quem os usa, porém, vale considerar que o usuário de tecnologia nem sempre conhece cada recurso que compõe seu universo tecnológico em profundidade. A linha de raciocínio que se forma está diretamente ligada aos recursos idealizados para determinados fins e tem como ponto de partida questões como: “O que este recurso faz? Quanto custa? Qual versão é? Como aprendo a mexer com isso?”. A tecnologização, entendida como o acesso aos bens tecnológicos, não tem capacidade de resolução de problemas apenas pela sua presença. Sobre a internet e recursos tecnológicos, Lipovetsky (2007), explica que: Sem dúvida, é algo que estimula a curiosidade, que incentiva os indivíduos a propor novos temas e soluções, alargar seus horizontes de conhecimento. Apesar disso, não sejamos ingênuos a ponto de supor que apenas a democratização dos meios de informação e a difusão de programas televisivos com alguma qualidade possa competir com a natureza dos problemas suscitados pelo futuro da cultura e do pensamento contemporâneo. (LIPOVETSKY, 2007, p.59) No entanto, a tecnologização torna‐se peculiarmente negativa, se simplificada à disponibilização de recursos tecnológicos ou à informatização acrítica, pois “leva apenas a que as mesmas bobagens sejam feitas com maior rapidez, além do acúmulo de equipamento sofisticado utilizado como máquinas de escrever” (DOWBOR, 2001, p. 15). Esta situação fica reduzida ao emprego limitado das possibilidades que os recursos tecnológicos podem proporcionar, na qual as pessoas passam a entender de tudo um pouco e de nada com suficiente profundidade, além de não conseguirem desenvolver a utilização crítico‐reflexiva‐transformadora da tecnologia. Como resultado, há uma acomodação tecnológica, materializada no conjunto de procedimentos fixos, receitas, fórmulas ou ações pré‐determinadas em busca da construção de uma relação estável e tranquila com a tecnologia. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.7
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth A constante revolução da produção gerando produtos obsoletos gera consequências assim descritas por Lukács (1978): […] como conseqüência do produzir‐para‐o‐mercado […] vem à luz na fabricação do produto tudo o que é mera novidade, o elemento sensacional e caduco, sem consideração alguma pelo problema da contribuição ou perda do autêntico, íntimo valor do produto. O reflexo cultural desse caráter revolucionário é o fenômeno que habitualmente chamamos moda. Moda e cultura configuram por suas essências conceitos que se excluem reciprocamente. O domínio da moda significa que a forma e a qualidade dos produtos postos no mercado mudam em breve prazo, independentemente da relação com a beleza e a finalidade. A essência desse mercado contém o fato de que dentro de determinados períodos devem ser fabricados novos objetos, de modo que possam diferenciar‐se radicalmente dos precedentes; de forma que, ao produzi‐
los, seja possível se basear sobre experiências recolhidas na produção precedente. Da rapidez do desenvolvimento resulta a impossibilidade de recolhê‐las e senti‐las; ou ninguém quer mais se basear nelas, pois a essência mesma da moda requer justamente o oposto ao velho. Assim desaparece lentamente todo desenvolvimento orgânico: aparece uma oscilação sem meta e um diletantismo vazio e ruidoso. (tópico n° 2). Este quadro é acentuado, na contemporaneidade, porém não generalizado, pelo crescimento da indústria e da cultura do entretenimento somado ao hiperconsumismo, conforme destacam Lipovetsky e Serroy (2011): Se a cultura do entertainement impele aos prazeres fáceis, não impede de modo algum os homens de querer compreender seu mundo, de inventar, inovar, progredir. Enquanto cresce o reino do comprador integral, esta época vê multiplicar‐se todo tipo de desejo de criação, de expressão e de participação. [...] A lógica do hiperconsumo decerto é dominante, mas não onipotente. Evidentemente, esse processo não chega ao seu próprio fundo: criar, fazer melhor, progredir, tudo isso não foi de modo algum eliminado. (LIPOVETSKY; SERROY, 2011, p. 144) Neste caso, o mercado “rege” a vida útil dos recursos e sua disponibilidade. É comum alguns produtos terem um tempo de permanência no mercado cada vez mais curto, girando em torno de um a dois anos antes de ser considerado obsoleto. Tecnologia como processo Partindo da tese de que o ser humano assim se constitui a partir de interações e conversões mediadas culturalmente, socialmente e historicamente, pode‐se entender cultura conforme aponta Vigotski: “Cultura é o produto, ao mesmo tempo, da vida social X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.8
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth e da atividade social do homem” (p. 106). Contudo, justamente devido aos avanços da tecnologia, principalmente das TIC, somados aos conceitos de hipermodernidade e de cultura‐mundo, refletidos em imediatismo temporal, maior velocidade de criação e disponibilização de qualquer tipo de conteúdo e rapidez com que novos materiais e recursos são fabricados, há mudanças consideráveis acontecendo quanto ao tipo, qualidade e quantidade da vida social e das atividades sociais do homem. Considerar tecnologia como uma categoria composta pelas ferramentas e dispositivos utilizados como mediadores nos processos de conversão cultural, remete a uma aproximação com as reflexões de Vigotski (1995, 2002) na teoria histórico‐sócio‐
cultural, ao considerar as transformações históricas e sociais dos instrumentos através do tempo e da cultura, já que a mediação acontece sempre de modo relacional entre o meio social e cultural construído e organizado pelo homem. Em suas pesquisas, Vigotski procurou elencar e compreender os meios que tornam possível o desenvolvimento das Funções Psicológicas Superiores e, nesta perspectiva, propôs a atividade mediadora através de signos, ferramentas e instrumentos: O uso de meios artificiais – a transição para a atividade mediada – muda, fundamentalmente, todas as operações psicológicas, assim como o uso de instrumentos amplia de forma ilimitada a gama de atividades em cujo interior as nossas funções psicológicas podem operar. Nesse contexto, podemos usar o termo função psicológica superior, ou comportamento superior com referência à combinação entre o instrumento e o signo na atividade psicológica (2002, p. 73). Para Vigotski (1995), a atividade mediada se estrutura a partir de signos e ferramentas, sendo ambos, meios auxiliares na resolução de problemas, entretanto, na medida em que se aproximam, por participarem igualmente da mediação, se distinguem no momento em que o signo é um meio de atividade interna do ser humano, diferentemente da ferramenta: Por medio de la herramienta el hombre influye sobre el objeto de su atividad la herramienta está dirigida hacia fuera: debe provocar unos o otros cambios en el objeto. Es el medio de la actividad exterior del X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.9
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth hombre, orientado a modificar la naturaleza. El signo no modifica nada en el objeto […] (p. 94).4 Ambos arquitetam a ação criadora do homem, que é caracterizada, conforme Pino (2005), como uma ação que confere à matéria uma forma simbólica e ao simbólico uma forma material. O autor explica que: todas as produções humanas, ou seja, aquelas que reúnem as características que lhes conferem o sentido do humano, são produções culturais e se caracterizam por serem constituídas por dois componentes: um material e outro simbólico, um dado pela natureza e outro agregado pelo homem. (PINO, 2005, p.91) Outro ponto de aproximação é o fato de que os recursos tecnológicos são construídos artificialmente pelo homem conforme transformações e necessidades históricas, sociais e culturais. Tecnologia, nesta óptica, se define como o que nos leva a um propósito através da interação e mediação crítico‐reflexiva de ferramentas e processos para finalidades transformadoras do ser humano, intrínseco e extrínseco a ele, signo e ferramenta vigotskianos, ao mesmo tempo. A relação com tecnologia é pluralizada se entendermos que a Educação pode ser abordada como multitarefa, com a aprendizagem acontecendo com inúmeras conexões e processos simultâneos, diferentemente da linearidade proposta até então. Acerca desta mudança de tratamento, Turkle (2009) diz: Experts went so far as to declare multitasking not just a skill but the crucial skill for successful work and learning in digital culture.There was even concern that old‐fashioned teachers who could only do one thing at a time would hamper student learning. (TURKLE, 2012, p.162)5 Deste modo, tecnologia como processo toma como ponto de partida um ou mais objetivos, para ter um leque amplo de opções, procurando combinar e recombinar o que se sabe constantemente, levando a um tipo de autoformação continuada, partindo de perguntas como “Quais objetivos pretende‐se atender com o emprego de tecnologia? De 4 ‐ Em tradução livre: Por meio da ferramenta, o homem influi sobre o objeto de sua atividade, provocando mudanças neste objeto, mudanças estas que são externas ao homem, orientadas a modificar a natureza. Já o signo não modifica nada no objeto[ …] 5 ‐ Em tradução livre: Especialistas foram tão longe que declaram multitarefa não apenas uma habilidade, mas a habilidade crucial para o trabalho bem sucedido e a aprendizagem na cultura digital. Houve ainda a preocupação de que os professores antiquados, que só podiam fazer uma coisa de cada vez iriam dificultar a aprendizagem do aluno. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.10
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth quantas maneiras podem‐se viabilizar estes objetivos com os recursos que se tem? Quais recursos são necessários para realizar atividades pertinentes? Quais alternativas tecnológicas existem para atingir o mesmo objetivo?”. A educação com o uso de tecnologia É evidente que a tecnologia está cada vez mais presente nos contextos e campos do saber da vida humana, integrando‐se ao cotidiano de ações mais ou menos complexas, mudando condutas, desempenhos e práticas, trazendo diferentes perspectivas operacionais de realização e, como consequência, novas soluções e problemas. Na Educação, particularmente, este quadro tecnológico‐educacional que vem se constituindo nas duas últimas décadas, traz consigo certa urgência na adaptação das instituições de ensino e das práticas educativas ao ritmo industrial de crescimento tecnológico. A escolha dos materiais tecnológicos a serem utilizados e os objetivos que surgem neste cenário de constante formação e reinvenção, exigem conhecimento dos recursos existentes e suas possibilidades reais de uso ou emprego, mas também, capacitação de quem realiza o planejamento de como tais recursos e atividades podem ser adaptados pertinentemente para a Educação. Tal fato ocorre porque a Educação adapta para si recursos variados antes que seu uso seja integrado e sistematizado com os propósitos educativos, uma vez que, o acesso à cultura e às tecnologias acontece independente das instituições de ensino e das práticas educativas. É comum verificar tentativas de incorporar redes sociais, internet e smartphones e outras tecnologias ao âmbito educativo sem conhecer de fato seu potencial educacional, ou ainda, tentar apoiar práticas educativas frágeis e incipientes em recursos tecnológicos com a esperança de atrair a atenção dos estudantes, que, normalmente, dominam as alternativas tecnológicas disponibilizadas mais que o próprio professor. Isso quer dizer que a tecnologia está cada vez mais integrada ao universo das atividades humanas: X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.11
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth O computador invadiu o mundo da empresa, do escritório, da atividade comercial e financeira. Nada mais se faz, do mais complicado ao menos complicado, sem que haja um computador em alguma parte. [...] A economia, a sociedade, a cultura, a vida cotidiana, todas as esferas são remodeladas pelas novas tecnologias da informação e da comunicação: a sociedade das telas é a sociedade informacional. (LIPOVETSKY; SERROY, 2011, p.77) Por outro lado, há a emergência de propostas que procuram trabalhar, adaptar e reinventar possibilidades de integração entre Educação e tecnologia como Educação a Distância (EaD), Massive Open Online Course (MOOC), Recursos Educacionais Abertos (REA), Modular Object‐Oriented Dynamic Learning Environment (Moodle), sala de aula invertida ou flipped classroom, entre outros. Cada um destes projetos surge da necessidade de renovação dos modelos educativos como consequência da presença e do uso de tecnologia, que é evidente em nossa sociedade, ou seja, a Educação precisa ser rearquitetada e reconcebida para atender demandas que não são mais as mesmas. Outro fator que deve ser levado em consideração é que as inúmeras propostas e alternativas apresentadas e desenvolvidas nestes últimos 20 a 30 anos, objetivando encontrar caminhos que solucionem ou equilibrem a equação Educação+Tecnologia=?, foram sugeridas por uma geração que não é a que recebe, na prática, o resultado da mesma. Verifica‐se um conflito de gerações tecnológicas na atualidade, demarcado de modo acentuado por uma diferença expressiva e significativa da relação com a tecnologia, justamente pelo contato com recursos tecnológicos dar‐se cada vez mais prematuramente. Há uma nova geração crescendo, trazendo consigo uma cultura tecnológica que constitui uma conjuntura distinta e não conhecida profundamente até então, com novas particularidades de aprendizagem. Esta nova geração é definida como Homo zappiens por Veen e Vrakking (2009): O Homo zappiens é um processador ativo de informação, resolve problemas de maneira muito hábil, usando estratégias de jogo, e sabe se comunicar muito bem. Sua relação com a escola mudou profundamente, já que as crianças e os adolescentes Homo zappiens consideram a escola apenas um dos pontos de interesse em suas vidas. Muito mais importante para elas são suas redes de amigos, seus trabalhos de meio‐
turno e os encontros de final de semana. O Homo zappiens parece considerar as escolas instituições que não estão conectadas ao seu X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.12
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth mundo, como algo mais ou menos irrelevante no que diz respeito à sua vida cotidiana. Dentro das escolas, o Homo zappiens demonstra um comportamento hiperativo e atenção limitada a pequenos intervalos de tempo, o que preocupa tanto pais quanto professores. Mas o Homo zappiens quer estar no controle daquilo com que se envolve e não tem paciência para ouvir um professor explicar o mundo de acordo com suas próprias convicções. Na verdade, o Homo zappiens é digital e a escola analógica. (VEEN; VRAKKING, 2009, p. 12) Quanto ao uso de tecnologias e de como estas influenciam o modo de pensar e o comportamento do Homo zappiens, ainda destacam: Para ele, a maior parte da informação que procura está apenas a um clique de distância, assim como está qualquer pessoa que queiram contatar. Ele tem uma visão positiva sobre as possibilidades de obter a informação certa no momento certo, de qualquer pessoa ou de qualquer lugar. O Homo zappiens aprende muito cedo que há muitas fontes de informação e que essas fontes podem defender verdades diferentes. Filtra as informações e aprende a fazer seus conceitos em redes de amigos/parceiros com que se comunica com frequência. A escola não parece ter muita influência em suas atitudes e valores. (VEEN; VRAKKING, 2009, p. 29) Há cada vez mais a necessidade de ter os recursos tecnológicos disponíveis a qualquer momento, para interagir, buscar informações e entretenimento. Porém, isso não significa interação presencial, conforme traz Turkle(2011): These days, being connected depends not on your distance from each other but from available communications technology. Most of the time, we carry that technology with us. In fact, being alone can start to seem like a precondition for being together because it is easier to communicate if you can focus, without interruption, on your screen. In this new regime, a train station (like an airport. a café, or a park) is no longer a communal space but a place of social collection: people come together but do not speak to each other. Each is tethered to a mobile device and to the people and places to which that devices serves as a portal. (TURKLE, 2012, p. 155)6 Temos assim, a coexistência de três possibilidades a serem consideradas como ponto de partida para a Educação, no que se refere ao domínio tecnológico dos indivíduos. De modo geral as pessoas: 6‐ Em tradução livre: Nos dias de hoje, estar conectado não depende da sua distância do outro, mas da disponibilidade da tecnologia da comunicação . Na maioria das vezes, nós carregamos esta tecnologia conosco. Na verdade, estar sozinho pode começar a parecer uma pré‐condição para estar junto, porque é mais fácil de se comunicar se você pode se concentrar, sem interrupção, em sua tela. Neste novo regime, uma estação de trem (como um aeroporto, um café ou um parque) não é mais um espaço comum, mas um lugar de coleta social: as pessoas se reúnem, mas não falam umas com as outras. Cada uma delas é conectada a um dispositivo móvel e às pessoas e lugares a que os dispositivos servem como um portal. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.13
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth  admitem a existência e a presença da tecnologia em seu cotidiano, porém, tem desconfiança e receio quanto ao emprego massivo de recursos, seja por princípio ou por incapacidade de domínio das ferramentas tecnológicas. Relacionam‐se de modo positivo com tecnologias desde que não saia de uma zona de conforto quanto à sua utilização;  acham indispensável o uso de tecnologias para a maioria das ações cotidianas e consideram que a tecnologia existe para servi‐los. Têm uma relação de domínio tecnológico, mesmo que não seja domínio aprofundado;  não admitem a presença de tecnologia em seus cotidiano, não se interessam em aprender mais do que o que julgam necessário para lidar, de modo inevitável, com recursos tecnológicos. Sentem‐se escravizados e sufocados perante as tecnologias que lhes são impostas. Conclusão A contemporaneidade forma indivíduos que têm acesso às culturas, via Educação e recursos tecnológicos, mas que não exercem a plenitude da sua conversão devido a certa imaturidade seletiva, no que diz respeito à utilização de todo material tecnológico disponível, para se moldar e transformar de modo positivo a própria existência humana. Em tempos de hipermodernidade tecnológica e consumista, no qual o efêmero permeia as relações sociais e a constituição do ser histórico‐cultural da cultura‐mundo, emerge o conflito paradigmático das sobras do modernismo com a reconfiguração contextual de temas em todas as esferas do conhecimento humano. Aliás, a presença do Homo zappiens enquanto uma espécie dominante de ser humano, ainda transição, não plenamente consolidado, evolutivamente diferente e com necessidades distintas do sujeito hipermoderno, além de não conhecido na sua totalidade. As tecnologias oferecem, enquanto produto e processo, limitações pontuais em função das questões ou problematizações educacionais que se quer responder, portanto, a Educação pode servir‐se de recursos tecnológicos antigos ou novos para potencializar as aprendizagens e as construções de saberes de forma ativa, crítica, reflexiva e transformadora, conforme demanda esta nova realidade. A Educação deve ser, portanto, potencializada e otimizada pela tecnologia e não limitada por ela. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.14
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth Cada recurso apresenta capacidades e funções específicas, porém, isso não é determinante para definir novas tecnologias como melhores ou piores que as suas antecessoras, apenas diferentes. Assim, todos os recursos tecnológicos – novos e antigos – podem se tornar utilizáveis em diferentes processos educativos, cabendo escolher as ferramentas mais adequadas para alcançar seus objetivos: As tecnologias da informação e da comunicação mudarão de maneira profunda o modo como aprendemos, da mesma forma que a sociedade como um todo, que caminha para uma economia de conhecimento intenso e criativo. Nessa sociedade, o conhecimento será distribuído e descontínuo, em redes técnicas e humanas. Para os aprendizes, a criação do conhecimento será uma questão de agregação mais do que de memorização. Esse fato em si da distribuição e da descontinuidade do conhecimento leva‐nos a pensar que os sistemas de educação mudarão e que os professores serão desafiados, como profissionais, a contribuir para a implementação de tais mudanças. (VEEN; VRAKKING, 2009, p. 124) Deste modo, um determinado produto não pode ser considerado obsoleto por quem desconhece seus recursos, visto que ele não perde a sua capacidade de ser usado para algum fim, torna‐se apenas dependente dos processos para qualificar ou potencializar o seu uso. Temos consciência de que a Educação não depende da tecnologia, porém se constitui, é aperfeiçoada e se engrandece a partir da interação e da apropriação dos recursos que ela produz, para possibilitar novas e diversas maneiras da Educação. Isso se torna possível pelas contribuições significativas entre as diferentes gerações: we don’t need to reject or disparage technology. We need to put it in this place. The generation that has grown up with the Net is in a good position to do this, but these young people need help. So as they begin to fight for their right to privacy, we must be their partners. […] We expect more from technology and less from each other. (TURKLE, 2012, p. 294)7 Portanto, na hipermodernidade não há justificativas para a Educação operar apenas de forma local, desconectada do mundo e do contexto global no qual se insere e que está em constante mudança, configurando‐se e reconfigurando‐se a cada instante. 7 ‐ Em tradução livre: nós não precisamos rejeitar ou rebaixar a tecnologia. Nós precisamos colocá‐la em seu lugar. A geração que cresceu com a Net (internet) está em uma boa posição para fazer isso, mas estes jovens precisam de ajuda. Então, como eles começam a lutar pelo seu direito à privacidade, nós precisamos ser seus parceiros. [...] Nós esperamos mais da tecnologia e menos uns dos outros. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.15
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth Já não há cânones do conhecimento, já não há passagens obrigatórias para constituir para si uma cultura partilhada: hoje estamos no duplo caos da abundância e do imediatismo. Jamais tantas informações estiveram disponíveis [...] Não há distanciamento crítico nem hierarquia de informações, e sim o acesso imediato, para todos, a um saber fragmentado, que deslegitima os mestres e instaura a credulidade e a facilidade do menor esforço. (LIPOVETSKY; SERROY, 2011, p.161) Ainda temos um longo caminho a percorrer para que possamos solucionar, ou pelo menos minimizar consideravelmente, as dissonâncias entre tecnologia e Educação. É um trajeto que apresenta, na mesma proporção, inúmeras alternativas de êxito e de equívocos. Passadas as oscilações iniciais extremas, que variam entre a sedução inerente às possibilidades de combinações entre recursos tecnológicos e educação, bem como a aversão tecnológica na educação, devemos estar atentos para que cada coisa cumpra o seu papel nesta complexa relação, na qual Educação e tecnologia se reinventam incessantemente. Talvez, ainda, nem saibamos quais são estes papéis. Referências bibliográficas DOWBOR, Ladislau. Tecnologias do conhecimento: os desafios da educação. Petrópolis, RJ. Vozes, 2001. LIPOVETSKY, Gilles. A sociedade da decepção. Barueri, SP : Manole, 2007. LIPOVETSKY, Gilles; SERROY, Jean. A cultura‐mundo: resposta a uma sociedade desorientada. São Paulo : Companhia das Letras, 2011. LUKÁCS, György. Velha e nova cultura. Tradução: texto publicado em "Revolución y Antiparlamentarismo", Ediciones Pasado y Presente, México, 1978. Publicado originalmente em 1920 na revista Kommunismus, nº 43. Disponível em: < http://www.marxists.org/portugues/lukacs/1920/mes/cultura.htm>. Acessado em: 06 de março de 2014. PINO, Angel. As marcas do humano: às origens da constituição cultural da criança na perspectiva de Lev S. Vigotski. São Paulo : Cortez, 2005. PRESTES, Zoia Ribeiro. Quando não é quase a mesma coisa: Análise de traduções de Lev Semionovitch Vigotski no Brasil – Repercussões no campo educacional [tese]. Universidade de Brasília: Brasília, 2010. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.16
X Anped Sul
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NA CULTURA‐MUNDO DA HIPERMODERNIDADE Gerson Rios Leme ‐ Miguel Alfredo Orth TURKLE, Sherry. Alone together: why we expect more from technology and less from each other. New York, USA. Basic Books: 2012. VEEN, Win; VRAKKING, Ben. Homo Zappiens: educando na era digital. Tradução: Vinícius Figueira. Porto Alegre : Artmed, 2009. VYGOTSKI, Lev Semyonovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes: 2002. _________. Método de investigación. Madrid: Visor, 1995 (Obras Escogidas, v.3). UIT, União Internacional de Telecomunicações. Pesquisa disponível em: <http://www.itu.int/en/ITU‐D/Statistics/Pages/stat/default.aspx>. Acessado em: 07 de março de 2014. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.17
Download

educação e tecnologia na cultura-mundo da