Economia Brasileira, Finalizando 2014 - II Nilson Pimentel (*) “Um dos grandes segredos da sabedoria econômica é saber aquilo que se não sabe” John Galbraith No Brasil atual se vive tempos que exigem cuidados especiais com as finanças pessoais e das empresas, haja vista, as incertezas que rondam o cenário econômico no qual os principais indicadores estão ou muito acima das projeções oficiais ou com desempenho pífio em comparação com anos anteriores ou países de mesmo porte econômico. Por sua vez, a ocorrência de fatos do mundo real deixa a sociedade bem longe dos discursos oficiais, mas lendo e ouvindo o que os lideres empresariais do país e instituições nacionais e internacionais descrevem sobre a economia brasileira nesses últimos quatro anos do primeiro governo Dilma nos levam à comprovação que os índices oficiais indicam sobre a situação em que se encontra a economia brasileira. Para nós, analistas econômicos por formação, temos uma visão nítida do cenário atual o que nos leva cada vez mais à apreensão do que vem no futuro, com elevação da taxa inflacionária, valorização da taxa cambial, aumento progressivo da taxa de juros prime, a SELIC para 11,75% aa, o que restringe créditos a consumo e ao investimento, corroborado com a perspectiva do insignificante crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), o descontrole das contas públicas por meio de uma política fiscal frouxa que estimulou o aumento da demanda, baixando o nível de poupança pública, tão necessárias aos investimentos. O elevado déficit em transações correntes, que depois da mudança das regras pode ser qualquer resultado, sem responsabilidade fiscal alguma com os recursos públicos e o aumento da dívida pública bruta, por despesas parafiscais ou repasses do Tesouro Nacional para bancos públicos (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES) foram recorrentes em todos os anos do governo Dilma. Para os especialistas, os problemas econômicos do Brasil têm as suas origens a partir da segunda metade do 2º governo Lula, que a partir de 2009, foi se afastando de forma gradativa do tripé econômico que sustentava o Plano Real: metas de inflação, controle fiscal e câmbio flutuante. Quando se falou sobre a "nova matriz macroeconômica" que o Ministro Guido Mantega, sem qualquer autonomia, disse ser adotada no governo Dilma, nós economistas de plantão entendiam que não há “invenção econômica” que resista aos fatos da economia real, pois os mecanismos adotados se distanciaram mais e mais daquele tripé, e que não foram capazes de impulsionar a taxa de investimentos na economia e provocou a diminuição da indústria no sistema econômico brasileiro. Pelo visto, tudo fracassou, senão vejamos: A Politica Econômica (PE) adota nesses últimos quatro anos esteve perdida, sem foco, pois a Politica Monetária exercida como se fosse salvar a economia não foi capaz de reduzir a taxa de juros, pois finda o ano com a SELIC em 11,75% e, mesmo assim, a taxa de inflação está acima da meta, atingindo 6,56% em dezembro e, com perspectiva de elevação para 2015. A Politica cambial também fez água, a valorização do dólar em relação ao real, chegou nesse fim de anão em R$ 2,78. A Politica Fiscal equivocada apostando no consumo, fez o governo reduzir alíquotas de tributos e desonerou alguns setores da economia, mas saturou o consumo por aumento de endividamento maior das famílias. Vejam os resultados do crescimento da economia nesses anos do governo Dilma, como indica o índice oficial do PIB e, para melhor entendimento dos não economistas, a importância desse indicador é de primordial importância macroeconômica para o sistema econômico capitalista adotado ainda no Brasil, pois o PIB pode ser calculado de três formas diferentes: pela ótica da oferta, pela ótica da demanda ou pela ótica do rendimento, sendo que não deve variar de acordo com o método de cálculo utilizado. Os três diferentes métodos de cálculo do PIB devem sempre apresentar o mesmo resultado, vejam o índice do PIB nos seguintes: 2011 →2,7%, 2012 →1,0%, 2013 →2,3%, para 2014 está prevista um crescimento pífio de 0,2% ou até 0,3%, veremos mais a frente quando for divulgado oficialmente. Também, vale ressaltar que os preços públicos represados até então tendem à elevação logo nesse inicio de 2015, pois o nível de arrecadação tributaria do governo Dilma vem caindo gravemente, o que compromete toda gestão pública, onde pontuam ainda, fluxo cambial negativo, déficit nas Contas Externas (inclusive déficit no Balanço Comercial), portanto as medidas que nos esperam nem 2015 se têm com certeza ao aumento de tributação de várias famílias de produtos, cassação das desonerações concedidas a diversos setores da economia e, aumento do Imposto de Renda para Pessoa Jurídica. O que se tem observado nesses últimos anos foi o fracasso de uma gestão pública por decisões econômicas equivocadas, ao insistir em manter o estímulo à atividade econômica por meio do consumo, agravado em não incentivar os investimentos em infraestrutura que tanto o Brasil precisa. Por outro lado, por fisiologismo da gestão pública, o governo aparelhou o Estado, por meio da entrega fisiológica dos ministérios e das empresas públicas para os filiados do “Partido dos Trabalhadores”, bem como a partidos políticos aliados, sem levar em consideração a competência e a postura ética desses gestores, sendo que tudo isso contribuiu para o baixo nível de desempenho da administração pública federal, comprometidos nos desperdícios e escândalos de corrupção que permeiam a atual gestão. No caso da Petrobras impressiona qualquer analista que tanto desmando tenha passado tanto tempo despercebido pela grande maioria daqueles com envolvimento de responsabilidade com a empresa, o que deixa claro que a coisa era orquestrada para beneficiar alguns “mandatários de poder”. Como se pode “desviar” bilhões de Reais por anos sem a conivência de gestores que “não nada sabiam”. A Petrobras deteriorada será impossível recuperar a governança dessa empresa em um curto espaço de tempo. A queda de seu valor em mercado e os processos de acionistas contra ela e contra a presidente Dilma, se tornar imperativo que essa atual diretoria fosse destituída e se colocasse na direção da empresa pessoas com reconhecida competência na área aqui do Brasil e ou do exterior. E seus funcionários que fazem? Cadê o Sindipetro? Não levantarão nenhuma bandeira de transparência e decência para fortalezê-la? E o futuro do pré-sal como ficará? Só para se indignar com as palavras da presidente Dilma dizendo que a “Petrobras é um ícone de competência empresarial no Brasil”. Portanto, 2014 finda melancólico como começou e demonstra o certo grau de desserviço do governo da presidente Dilma ao povo brasileiro. 2014! Já vai tarde... (*) Economista, Engenheiro e Administrador de empresas, com pós-graduação: MBA in Management (FGV), Engenharia Econômica (UFRJ), Planejamento Estratégico (FGV), Consultoria Industrial (UNICAMP), Mestre em Economia (FGV), Doutorando na UNINI-Mx, Consultor Empresarial e Professor Universitário: [email protected].