Antes tarde do que nunca
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Casa das Caldeiras
20/01/2014 - 08:18 Postado por: Angela Bittencourt Seção: Atividade, Banco Central, Economia mundial, Inflação, Política
econômica
Antes tarde do que nunca
A presidente Dilma Rousseff e comitiva desembarcam na Suíça nesta semana. O objetivo da viagem é
a participação da presidente no Fórum Econômico Mundial pela primeira vez em três anos de
governo. A presidente – responsável também pela gestão de projetos em um Brasil carente de
investimentos -- vai se apresentar com atraso à comunidade financeira e empresarial certamente
interessada no país, mas que já esteve mais interessada do que neste momento. As perspectivas de
investimentos em infraestrutura se mantêm diversificadas e atraentes. Mas é dureza buscar diálogo
quando a atenção dos investidores está voltada para as agências de classificação de risco de crédito, o
Banco Central dá a entender que o ciclo de aperto monetário pode se prolongar, a inflação resiste
próxima a 6% e o país deixa para trás o estado de pleno emprego, como indicou o IBGE em sua nova
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) que passa a mapear todo o
território nacional.
Como resultado de uma nova metodologia aplicada , a Pnad Contínua, com periodicidade trimestral,
substituirá a Pesquisa Mensal de Emprego e dará uma visão mais realista do mercado de trabalho no
Brasil. Em 2012, mostrou o instituto, enquanto a pesquisa tradicional registrou taxa de desemprego
de 5,5%, na Pnad Contínua a taxa ficou em 7,4%.
Dilma poderia ter levado a Davos, indicadores mais favoráveis da economia brasileira. Ainda que a
inflação não tenha encostado no centro da banda de tolerância do regime vigente no país, a nossa
taxa básica pelo menos chegou à mínima histórica, de 7,25%, em outubro e lá ficou por seis meses. A
coletânea de indicadores e impressões que a presidente Dilma Rousseff tem a apresentar em Davos
não é negativa a ponto de dar aos investidores internacionais a impressão de que o país pode ir à
nocaute. Mas Dilma deverá ser mais convincente que o habitual para desfazer a avaliação
generalizada (entre investidores) de que ela e o seu governo são intervencionistas. E por opção.
Nos últimos três anos, os primeiros de governo, a presidente subestimou a composição do Fórum
Econômico Mundial, mas banqueiros e líderes empresariais não subestimaram o potencial da
economia brasileira. Não à toa, lamentaram as intervenções do governo nos setores elétrico,
bancário, cartões de crédito e planos de saúde.
Além de cinco ministros, a presidente leva a Davos indicadores que não despertam aplausos no
mercado doméstico, mas podem ser bem acolhidos lá fora. E não porque são excepcionais e sim
porque apresentam comportamento melhor que os similares em outras economias, inclusive nas
centrais.
Nesse sentido, as contas públicas, que vivem dando chabu, são emblemáticas. Apresentam resultados
mais animadores se comparadas às demais que cavaram profundo endividamento com medidas
tomadas para evitar o agravamento da crise financeira de 2008/2009. As grandes economias, além
ou por exibirem déficits orçamentários respeitáveis, têm dificuldade para engrenar um ciclo
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consistente de crescimento. Tampouco estão ajustadas a ponto de regularizar mais rapidamente suas
políticas monetárias.
O ano de eleição não alimenta expectativa de que o governo brasileiro coloque a política fiscal rumo à
austeridade. No entanto, a dívida líquida em proporção do PIB, que havia subido em outubro, caiu 1
ponto percentual em novembro, para 33,9%, com a ajuda da desvalorização cambial ocorrida no mês
– a mais recente estatística disponível. Dificilmente, também, a dívida bruta vai encostar em 60% do
PIB em 2013 – exercício que ainda não tem resultado concluído. Nos últimos meses, o
endividamento do setor público por esse critério variou entre 58,3% e 58,7% do PIB e encerrou
novembro a 58,5%.
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