ROTEIRO PARA A ELABORAÇÃO DE PLANOS DE GEsTÃO PARA AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS do Amazonas 2a edição Governador Omar Aziz Secretária Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Nádia Cristina d’Avila Ferreira Coordenador do Centro Estadual de Unidades de Conservação Domingos Sávio M. S. Macedo Secretaria Executiva Adjunta de Gestão Ambiental Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS) Centro Estadual de Unidade de Conservação - CEUC Rua Recife, 3280 – Parque Dez – Manaus – AM – CEP 69.050-030 (92) 3642-4607 – www.sds.am.gov.br Permitida a reprodução, desde que citada a fonte. Governo do Estado do Amazonas ROTEIRO PARA A ELABORAÇÃO DE PLANOS DE GEsTÃO PARA AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS do Amazonas 2a edição Manaus • 2010 Texto da primeira edição Maria Olatz Cases (GTZ), Marcia Regina Lederman (GTZ), Domingos Macedo (SEAPE/SDS), Yara Camargo (DGET /IPAAM) Texto da segunda edição Márcia Regina Lederman Colaboradores (primeira edição) Artemísia Souza do Valle (IPAAM), Christina Fisher (IPAAM), Cleuza Olinda Picolli (IPAAM), Jarcineide Cardoso (IPAAM), Lindoneide L. Paredio (SEAE/ SDS), Lucimara Caldas Pinto (SEDEMA), Marcos Roberto Pinheiro (WWF) Raquel Carvalho (CI), Rita Mesquita (SDS/SEAPE), Eduardo Badialli (IPE), Sherre Nelson (IPE) Colaboradores (segunda edição) Marcia Regina Lederman (GTZ), Rômulo Batista (CEUC), Guillermo Mosés Estupinán (CEUC), Sinomar Ferreira Junior (CEUC), Henrique Carlos Santiago (CEUC), Carlos Gabriel Koury (IDESAM), Yara Camargo (FVA), Geise Canalez Goes (CEUC), Enrique Salazar - CEUC Projeto gráfico e editoração eletrônca Áttema Design Editorial • www.attema.com.br Foto da capa Márcia Lederman 4 Sumário Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Siglas e acrônimos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Resumo executivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Considerações gerais sobre o planejamento de Unidades de Conservação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Etapas para a elaboração do Plano de Gestão. . . . . . . . . . . 18 Estrutura do documento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 Recomendações para a elaboração de Planos de Gestão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 A participação da sociedade na elaboração dos Planos de Gestão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Anexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 5 6 Apresentação O Sistema Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas adotou em 2007 um roteiro metodológico para a elaboração de planos de gestão das unidades de conservação estaduais do Amazonas. Com a participação de um grupo de técnicos com histórico e experiência na elaboração destes planos, construímos de forma inovadora um método que foi logo colocado em prática pelas equipes de campo e consultores contratados. Deste então, 24 Unidades de Conservação já possuem elaborados seus planos de gestão utilizando o roteiro que é adaptado para cada categoria e também para cada realidade de gestão. Os resultados foram altamente promissores e demonstraram que o roteiro é eficiente como método orientador, para as equipes do Centro Estadual de Unidades de Conservação, entidades parceiras e consultores independentes que se envolveram na elaboração destes planos. A experiência do Amazonas tem servido também de fonte inspiradora para outros órgãos gestores em desenvolver e adaptar seus roteiros de elaboração de planos. As lições aprendidas nos últimos anos pelo CEUC serviram também para a adoção e formalização de um macroproceso de gestão denominado de “macroprocesso de elaboração de planos de manejo”. Esta segunda edição incorpora novos elementos identificados nas experiências acumuladas na elaboração dos planos de gestão pelo CEUC nas fases de diagnóstico, planejamento participativo com destaque para as oficinas de zoneamento, sistematização e consolidação das informações. Com esta ferramenta revisada consolidamos um processo que é excelência na gestão das unidades de conservação estaduais do Amazonas. Domingos Macedo Coordenador do Centro Estadual de Unidades de Conservação - CEUC 7 Siglas e acrônimos 8 APA – Área de Proteção Ambiental AER – Avaliação Ecológica Rápida CEUC – Centro Estadual de Unidades de Conservação COIAB – Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente Departamento de Gestão Territorial – IPAAM DEGT – DIPUC – Diagnóstico Participativo de Unidades de Conservação DRP – Diagnóstico Rural Participativo Estação Ecológica ESEC – EP – Equipe de Planejamento FLORESTA – Floresta Estadual FOFA – Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças FVA – Fundação Vitória Amazônica Grupo de Trabalho GT – GTA – Grupo de Trabalho Amazônico GTZ – Agência de Cooperação Técnica Alemã IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ICMBio – Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá IDSM – INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia IPAAM – Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas União Internacional para a Conservação da Natureza IUCN – Ministério do Meio Ambiente MMA – ONG – Organização Não-governamental PCE – Projeto Corredores Ecológicos PAREST – Parque Estadual PG – Plano de Gestão ParNa – Parque Nacional RESEX – Reservas Extrativista RDS – Reserva de Desenvolvimento Sustentável SDS – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas SEMMAS – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Manaus SEUC – Sistema Estadual de Unidades de Conservação SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação TI – Terra Indígena Unidade de Conservação UC – UCE – Unidade de Coordenação Estadual do Projeto Corredores Ecológicos UCG – Unidade de Coordenação Geral do Projeto Corredores Ecológicos Resumo executivo O presente Roteiro é a orientação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS) e do Centro Estadual de Unidades de Conservação (CEUC) para fornecer as bases para a elaboração de Planos de Gestão das suas Unidades de Conservação. O mesmo não pretende ser definitivo e sim dinâmico, e traz incorporado o aprendizado adquirido das experiências estaduais de planejamento da elaboração de 16 planos de gestão, desde 2006 até novembro de 2010. A elaboração dos Planos de Gestão deverá ser desenvolvida em 5 etapas, que são: (i) Organização do Plano de Gestão; (ii) Diagnóstico da Unidade de Conservação; (iii) Análise e Avaliação estratégica da informação; (iv) Identificação de Estratégias e (v) Aprovação e divulgação do Plano. Essas etapas serão executadas mediante diversas atividades que são descritas neste roteiro, sendo que outras atividades não previstas aqui poderão se tornar necessárias, devido a características específicas do cenário de uma dada unidade de conservação. A organização do planejamento é fundamental para que se concretize a elaboração do plano, com o melhor custo/beneficio, em relação não só a tempo e recursos financeiros, mas também em função das informações pré-existentes e a identificação das lacunas de conhecimento essenciais à gestão da unidade nos próximos 3 a 5 anos. O segundo passo na elaboração do Plano de Gestão consiste em caracterizar a situação atual da unidade de conservação e reunir as informações essenciais com o objetivo de embasar as decisões de gestão. A montagem do panorama da unidade pretende garantir que os Programas de Gestão sejam elaborados de acordo com a realidade local. As informações necessárias podem ser coletadas a partir de diagnósticos rápidos que abrangem um conjunto de técnicas e procedimentos já sistematizados, como Avaliação 9 Ecológica Rápida (AER) e os Diagnósticos Participativos. Estes levantamentos darão ênfase a (i) Saúde dos ecossistemas e status das espécies; (ii) Pressões sobre os recursos; (iii) Dinâmica das mudanças e (iv) potencialidades da área. Perceber as relações de interdependência entre os diferentes aspectos identificados no diagnóstico é de suma importância para entender como um mesmo fator está concorrendo para gerar os efeitos em mais de um aspecto da conservação. Esse momento é fruto de uma análise e avaliação estratégica, que pode ser realizada com diferentes métodos. Os resultados dessa análise, junto com o diagnóstico da etapa anterior, fornecerão subsídios para obter a Declaração de Significância, que é uma síntese da importância da unidade de conservação em relação ao contexto local, regional e nacional e o seu papel dentro dos Sistemas Nacional e Estadual de Unidades de Conservação. Na identificação de estratégias, serão formuladas (i) a missão e a visão de futuro da unidade de conservação; (ii) o zoneamento e as regras de uso; (iii) a estratégia de gestão da unidade; (iv) os Programas de Gestão; e (v) o Sistema de Monitoramento e Avaliação da implementação do plano e da gestão propriamente dita. Os Programas de Gestão são os meios de alcance dos objetivos estratégicos e se relacionam com estes pelas atividades que deverão ser implementadas para consolidar a unidade de conservação ao longo do tempo. Os Programas e Subprogramas devem ser descritos tanto para a unidade de conservação como para sua zona de amortecimento. 10 No entanto, é necessário salientar que os programas e subprogramas serão considerados segundo cada unidade de conservação em questão e sua categoria de manejo, o que significa, na prática, que poderá haver subprogramas que possuam pouca ou nenhuma atividade para ser executada em determinada UC. A última etapa da elaboração deve considerar a consulta pública de todo o planejamento realizado, sua discussão e/ou aprovação no âmbito do conselho da unidade, sua divulgação e internalização institucional, em todas as instâncias. A participação da sociedade está prevista nas diferentes etapas do planejamento e deve ser incentivada na consecução dos objetivos de sustentabilidade e conservação da biodiversidade. São várias as formas de participação durante a elaboração do Plano de Gestão, onde os diversos segmentos da sociedade interagem com o processo de planejamento, seja pela participação por consulta, participação ativa, bem como em consulta publica para aprovação do documento. O que se espera é o real envolvimento da sociedade no momento do planejamento para que a implementação também aconteça de forma participativa, com interatividade. 11 Introdução No Estado do Amazonas, o documento técnico que resulta do planejamento das unidades de conservação na esfera estadual será denominado “Plano de Gestão”, conforme artigo 33 da Lei Complementar n. 53, 04 de junho de 2007, que trata do Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC): Art. 33. As Unidades de Conservação devem dispor de um Plano de Gestão, elaborado no prazo de cinco anos a partir do ato de criação da Unidade, não sendo permitidas atividades ou modalidades de utilização não contempladas no respectivo Plano ou em desacordo com os objetivos da Unidade de Conservação. § 1.º - São características obrigatórias do Plano de Gestão: I - abranger a área da Unidade de Conservação, sua Zona de Amortecimento e os corredores ecológicos, quando houver, incluindo medidas com o objetivo de promover sua integração à realidade econômica e social do entorno, definindo prioridades de pesquisa, as ameaças e riscos, a estratégia de relacionamento com a comunidade tradicional e população usuária, bem como o sistema de gestão administrativa da Unidade; II - ser elaborado por equipe técnica multidisciplinar e deverá estar embasado no conhecimento do meio biótico, abiótico e nas características socioeconômicas e culturais locais, integrando o conhecimento das comunidades; 12 III - considerar as particularidades de cada Unidade e as ações emergenciais, devendo conter diretrizes de cunho jurídico, fundiário, administrativo, ambiental e de atividades socioeconômico-culturais no âmbito dos seus programas de manejo, adequadas a cada categoria, bem como ao seu zoneamento; IV - em sua elaboração, atualização e implementação, será assegurada a ampla participação popular dos diferentes segmentos sociais, devendo o mesmo ter ampla publicidade em linguagem adequada e acessível a toda a população interessada. O Plano de Gestão responderá aos mesmos requisitos legais e características técnicas que o documento descrito como Plano de Manejo na Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), no seu artigo 2º, inciso XVII. As experiências de elaboração de Planos de Gestão para as unidades estaduais foram desenvolvidas nos últimos 4 anos e resultaram em 16 planos de gestão elaborados, que subsidiaram a revisão deste roteiro (segunda edição). Com o intuito de garantir o mesmo entendimento sobre o processo de planejamento e padronizar de forma geral a metodologia de elaboração dos planos de gestão, apresentamos o “Roteiro Metodológico para a Elaboração de Planos de Gestão de Unidades de Conservação Estaduais – segunda edição”. O presente Roteiro é uma orientação da SDS para fornecer as bases de elaboração de Planos de Gestão para as Unidades de Conservação do Estado do Amazonas, e não pretende ser definitivo e sim, dinâmico, devendo ser enriquecido e detalhado a partir de cada experiência de planejamento. A análise dos diferentes planos de manejo ou de gestão de unidades de conservação de vários países e de roteiros, manuais ou guias para sua elaboração leva a concluir que não existe uma única teoria ou método de elaboração de planos de gestão. Na maioria das ocasiões, são utilizados aqueles instrumentos de planejamento que melhor se adaptam à situação em questão. Contudo, é necessário identificar um caminho a seguir na elaboração de planos de gestão com o objetivo de sistematizar os procedimentos para o Sistema Estadual de Unidades de Conservação. Esse roteiro é uma referência básica, não uma receita definitiva. Caberá às instituições gestoras ajustá-lo as particularidades sócioambientais de cada UC, à disponibilidade de recursos, prazo disponível e estratégia de elaboração do Plano de Gestão. Ao mesmo tempo, o Roteiro pretende ser abrangente, considerando todas as categorias de manejo existentes no Estado. Portanto, os responsáveis pela elaboração dos planos terão que optar 13 pelas indicações mais apropriadas à categoria de manejo e às características e peculiaridades de cada unidade. Deve-se preconizar os princípios do Enfoque Ecossistêmico na elaboração do Plano, utilizando os mesmos como referencia das metas de conservação, visando garantir a função dos processos ecológicos que se estabelecem naquele território, bem como a apropriação dos benefícios dos serviços brindados pela natureza em favor das populações que ali residem. Os 12 princípios estão apresentados no Anexo A. Este roteiro é o resultado das discussões de Grupos de Trabalho criados pela SDS, que em 2004 e 2010 se reuniram para analisar diversos roteiros e Planos de Gestão de outras instituições e países. Participaram destes grupos representantes de instituições governamentais e não-governamentais e técnicos do CEUC vinculados ao planejamento e manejo de unidades de conservação. A relação dos participantes se encontra no Anexo B. 14 Considerações gerais sobre o planejamento de Unidades de Conservação O planejamento de unidades de conservação é um meio indispensável para que os objetivos da conservação sejam assegurados no longo prazo com eficiência e eficácia. Mediante o planejamento da unidade, identificam-se os objetivos e resultados que se pretende alcançar, estabelece-se o zoneamento da área e são definidas as atividades que devem ser executadas para atingir aqueles objetivos e resultados. Hoje em dia, o planejamento é concebido como um processo inserido no ciclo de gestão de cada unidade. O Plano de Gestão não é mais do que um documento formal que compila as informações e os resultados desse processo de planejamento. A partir de então, os processos de execução, avaliação e introdução dos ajustes necessários se sucedem no ciclo de gestão da unidade. Assim, fica claro que num processo de planejamento são importantes algumas etapas, a serem consideradas em diferentes momentos, para verificar e reorientar as ações na busca dos resultados desejados. Este processo está esquematizado na Figura 1, onde está representado um ciclo do planejamento, que pode e deve ser reavaliado periodicamente. Cada ciclo é composto por quatro etapas importantes: (a) Planejar, (b) Implementar, executar e capacitar; (c) Avaliar e, finalmente (d) Ajustar, corrigir o que se identificou como ineficaz. Na Figura 1, a seguir, apresenta-se um esquema deste ciclo. Cada vez que se percorre o ciclo, é possível compreender melhor a situação da unidade, verificar os objetivos pretendidos e modificá-los, se for o caso. Uma vez percorrido o primeiro ciclo de gestão (planejar, implementar e capacitar, avaliar e ajustar), a situação da unidade de conservação não é mais aquela encontrada no início do processo. Portanto, será necessário rever o Plano de Gestão para percorrer o ciclo de novo. Isso significa dizer que o planejamento é um processo dinâmico, que requer avaliações periódicas e constantes para acertar os rumos e seguir em busca dos resultados. Deve ser facilmente revisado para incluir as novas informações. Contudo, é necessário ter em mente que o ciclo de gestão deve prever prazos para concluir determinadas atividades e obter produtos 15 Figura 1 – Ciclo de gestão da unidade de conservação – PDCA. específicos, de cada uma das etapas. Um primeiro produto é o próprio documento Plano de Gestão, resultado do processo de planejamento. Outro produto deste ciclo será a revisão do planejamento e a avaliação e monitoramento da eficiência da gestão da unidade. Segundo Araujo (2007), a luz da proposta do novo modelo de gestão pública deve-se visualizar as unidades de conservação como espaços organizacionais. A visão das unidades de conservação como organizações abre caminhos bastante promissores, pois permite a utilização das mais modernas tecnologias gerenciais para administrá-las. Uma organização pode ser entendida como um agrupamento planejado de pessoas com o propósito de alcançar um ou mais objetivos que se traduzem, de forma geral, no fornecimento de bens e serviços. Toda organização existe com a finalidade de fornecer alguma combinação de bens e serviços a seus usuários (“clientes”). De acordo com a Lei do SEUC, os bens e serviços proporcionados pelas unidades de conservação variam de acordo com a categoria de manejo à qual pertencem. De modo geral, são os recursos naturais preservados, recursos naturais explorados de forma sustentável, a recreação ambiental e o turismo, o ambiente propício para pesquisas científicas, assim como a manutenção dos serviços ecossistêmicos, tais como regulação do clima, proteção dos recursos hídricos, polinização, controle de pragas etc. 16 As organizações do mundo todo vêm buscando desesperadamente um sistema gerencial que integre a gestão da estratégia com a gestão das atividades operacionais, o que, em tese, permitiria a obtenção de resultados excepcionais. De acordo com Kaplan & Norton (2008), uma estratégia por mais visionária que seja não poderá ser adequadamente implementada se não estiver vinculada a excelentes processos operacionais. Por outro lado, a excelência operacional pode contribuir para a redução de custos, a melhoria da qualidade, a racionalização dos processos, mas sem uma visão e uma orientação estratégica, dificilmente a organização desfrutará de um sucesso sustentável apenas em conseqüência das suas melhorias operacionais. Nas unidades de conservação os processos operacionais estão englobados dentro dos programas temáticos ou programas de gestão e nos planos operativos anuais (POAs). A mensagem que estes autores deixam clara é que o perfeito alinhamento entre a implementação da estratégia e o gerenciamento das operações do dia-a-dia é vital para a obtenção de resultados excepcionais e duradouros. Para realizar esse alinhamento, eles propõem uma abordagem sistêmica bastante interessante. A Figura 2 demonstra a arquitetura desse sistema gerencial abrangente e integrado que liga a formulação e o planejamento da estratégia com a execução. 17 Figura 2 – Sistema Gerencial proposto para as Unidades de Conservação através do qual se dá o vínculo entre estratégia e a operação do dia-a-dia. Fonte: reproduzido com adaptações de Kaplan & Norton, 2008 Etapas para a elaboração do Plano de Gestão A elaboração dos Planos de Gestão deverá ser desenvolvida em 5 etapas, que são: • • • • • 1ª Etapa: Organização do Plano de Gestão 2ª Etapa: Diagnóstico da Unidade de Conservação 3ª Etapa: Análise e Avaliação estratégica da informação 4ª Etapa: Identificação de Estratégias 5ª Etapa: Aprovação e divulgação do Plano A seguir, são apresentadas as características gerais e propostas de metodologias de execução de cada uma destas etapas, suas atividades e o fluxograma geral do processo. Cada uma das etapas anteriormente mencionadas será executada mediante atividades, que poderão ser as aqui descritas ou outras que sejam mais adequadas às características da unidade de conservação, objeto do planejamento. Os resultados alcançados com uma atividade deverão ser avaliados e contrastados com os de atividades anteriores, antes de iniciar uma próxima atividade. As atividades de uma mesma etapa também poderão ser executadas de forma concomitante, iniciando-se várias ao mesmo tempo. Inclusive, a ordem aqui estabelecida dentro de cada etapa não tem que ser necessariamente a ordem de execução. Mas cada etapa é precursora da informação da etapa seguinte, o que constitui a lógica do sistema de planejamento aqui descrito, como roteiro de orientação. 18 Esta preocupação se materializa na qualidade das informações que comporão o documento final, o que caracteriza a importância da avaliação dos dados coletados em função das lacunas pré-existentes de informação e conhecimento. Vale reforçar que a sequência das etapas obedece ainda a construção lógica do planejamento participativo, que envolve diferentes atores com diferentes graus de entendimento do processo e por isso, o respeito a lógica proposta garante o envolvimento necessário para que se efetive a gestão participativa da Unidade de Conservação. 1a Etapa: Organização do Plano de Gestão O objetivo desta etapa é organizar todo o processo de planejamento, em todos os seus detalhes, concretizando a metodologia aqui proposta para o caso específico da unidade de conservação. Nesta etapa, as seguintes perguntas devem ser respondidas pelo órgão gestor da unidade de conservação ou pela Equipe de Planejamento estabelecida: • • • • • • • • Qual será a maneira de elaboração do Plano? Quem vai ser a equipe de elaboração? Quando vai iniciar a elaboração? Que aspectos devem ser previamente levados em conta? Como organizar a informação? Quais os recursos disponíveis? Quais informações já existem sobre a UC? Quais são as informações que devem ser coletadas para elaboração do Plano? • Como vão ser coletadas? • Quem as coleta? • Quanto tempo será necessário para elaboração do Plano? • Como e quando vão ser realizados o envolvimento e a participação da sociedade? Existem 3 maneiras identificadas pelo CEUC de elaboração de planos de gestão: • (i) O CEUC é responsável pela coleta de dados e pela confecção dos volumes do documento (pode ou não contratar consultor para sistematizar a informação); • (ii) A organização parceira da gestão da UC é responsável pela elaboração do plano e CEUC orienta, acompanha e avalia as etapas e produtos (deve ter um cronograma de referencia); • (iii) Contratação de consultoria para elaboração do plano e CEUC orienta, acompanha e avalia as etapas e produtos (deve ter um plano de trabalho de referência). Em todas as maneiras descritas deve ser elaborado um cronograma que contemple todas as cinco etapas de elaboração de um plano de gestão, que deverá ser acompanhado pelo coordenador designado 19 pelo CEUC e corrigido em função de imprevistos e eventualidades especificas. Quando as pessoas diretamente envolvidas no planejamento ainda não conhecem a UC, deverá ser realizada uma primeira visita de reconhecimento para identificar suas particularidades e a provável zona de amortecimento. Esta visita pode coincidir com as primeiras atividades de diagnostico (ver Anexo G com orientações sobre informações a serem coletadas) . É importante ressaltar que a zona de amortecimento não coincide necessariamente com o entorno da UC, de raio igual a 10 km do limite, estabelecido pela resolução CONAMA 013/90. Esta zona está diretamente ligada aos impactos existentes e potenciais que incidem sobre os recursos naturais, e que possam comprometer a integridade da UC. A zona de amortecimento encontra-se descrita no inciso XVIII, do artigo 2º, da Lei n º 9.985 de 2000 (SNUC). Na Tabela 1 apresenta-se o detalhamento das atividades a serem realizadas nesta etapa: O cronograma e o orçamento resultados dos entendimentos da equipe de planejamento deve ser aprovado pela coordenação do órgão gestor, pois será objeto de verificação do cumprimento das etapas e dos prazos estabelecidos para a elaboração do plano, por quaisquer dos atores envolvidos com sua realização. 2a Etapa: Diagnóstico da Unidade de Conservação A segunda etapa na elaboração do Plano de Gestão consiste em caracterizar a situação atual da unidade de conservação e reunir as informações essenciais com o objetivo de embasar as decisões de gestão. A montagem do panorama da unidade pretende garantir que os Programas de Gestão sejam elaborados de acordo com a realidade local. 20 O primeiro momento na realização do diagnóstico da unidade de conservação deve ser o de decidir o nível de aprofundamento das informações. Quanto maior o aprofundamento no diagnóstico, mais cara será a elaboração do plano e mais tempo levará. Não se trata de realizar um levantamento exaustivo de informações, mas sim de realizar diagnósticos que sirvam para elaborar a Tabela 1 – Detalhamento das atividades da 1a Etapa. Objetivo Métodos,Procedimentos e Recomendações Atividade 1.1.identificação da fonte de financiamento para elaboração do Plano de Gestão - Identificar recursos financeiros e sua forma de utilização para elaboração do Plano - O órgão gestor responsável pela UC designará recursos financeiros para elaboração do Plano e sua forma de realização, procedendo com os tramites necessários (previsão de orçamento). - A equipe da elaboração do plano pode ser do CEUC, de organização parceira da UC ou de consultoria contratada. Atividade 1.2. Constituição da Equipe de Planejamento (EP) - Formar a equipe básica que acompanhará e conduzirá todo o processo. - O órgão gestor responsável pela unidade de conservação designará a coordenação da elaboração do Plano de Gestão. - Essa equipe poderá estar formada por técnicos da instituição, consultores ad hoc, pesquisadores e/ ou técnicos de organizações não-governamentais e empresas de consultoria. Atividade 1.3. Reunião para organização do Plano de Gestão. - Dar especificidade local às etapas e atividades aqui descritas para a unidade em questão, detalhando cada um dos passos que vão ser dados. - A Equipe de Planejamento deverá discutir nesta reunião: • os custos, os envolvidos e o cronograma de elaboração do Plano, com indicação dos responsáveis (o que, por quem, como, quando, quanto); - Montagem do cronograma e das especificações técnicas necessárias à elaboração do Plano em questão • os critérios preliminares para identificar a Zona de Amortecimento. • os aspectos que devem ser previamente levados em conta de acordo com as especificidades da unidade; - Nessa reunião preparatória, além da Equipe de Planejamento também podem participar outras pessoas com conhecimento específico da área. - Os resultados dessa reunião poderão ser organizados na forma de matriz, Termos de Referência e/ou Projeto. - Talvez também seja necessário desmembrar o Termo de Referência geral do trabalho em vários Termos de Referência específicos para as contratações que sejam necessárias. 21 - Um cronograma preliminar deve ser um dos resultados desta reunião, assim como um orçamento mais realista. - Quando o plano for realizado por terceiros, o CEUC deverá designar a equipe de acompanhamento. (continua ) Atividade 1.4. Busca de mapas e imagens de satélite da unidade. - Levantar e organizar um banco de dados de todo o material cartográfico, digital e analógico, disponível para a área. - Sistematizar as informações disponíveis em formato de banco de dados (digital e analógico), aberto, para inclusão dos dados que serão gerados daqui em diante Atividade 1.5. Levantamento de informações existentes sobre a UC. - Buscar toda a informação que já existe sobre a área e sistematizar estas informações. - A busca da informação deve ser realizada nas diversas e possíveis fontes de informação. - Recomenda-se sistematizar os estudos e informações em formato de tabela, como sugerido no Anexo C. - Verificar as informações constantes dos estudos de criação da UC e suas particularidades Atividade 1.6 Identificação preliminar da Zona de Amortecimento - Identificar de forma preliminar a primeira hipótese de Zona de Amortecimento - Verificar a existência de outras áreas protegidas no território circundante a UC e visualizar cartograficamente. - Como critérios para identificar a Zona de Amortecimento, podem ser usados os limites de bacias hidrográficas, municípios, outras unidades de conservação, existência de atividades conflitantes ou empreendimentos de grande impacto ambiental, estradas, dentre outros. Atividade 1.7. Realização de reunião técnica de identificação das dificuldades e possibilidades da gestão. 22 - Integrar os estudos do meio físico, biológico e social existentes sobre a área. - Identificar as lacunas de conhecimento. - Identificar as dificuldades para a gestão. - A EP se reunirá para discutir e detalhar a metodologia da reunião técnica. - A integração dos estudos e a identificação das dificuldades poderão ser feitas mediante uma Oficina com técnicos do órgão gestor e outros envolvidos que conheçam a área. - A identificação das lacunas de conhecimento e dos principais problemas da unidade norteará os esforços do diagnóstico. (continua ) Atividade 1.8. Reunião para organização do Plano de Gestão. - ajustar cronograma e verificar as informações existentes sobre a UC. - ajustes à metodologia proposta inicialmente, em função do conhecimento existente e compilado sobre a UC - A Equipe de Planejamento deverá ajustar nesta reunião: • as necessidades, os custos, os envolvidos e o cronograma de elaboração do Plano, com indicação dos responsáveis (o que, por quem, como, quando, quanto); • os aspectos que devem ser previamente levados em conta de acordo com as especificidades e informações existentes da unidade. - Nessa reunião, além da Equipe de Planejamento também podem participar outras pessoas com conhecimento específico da área. - Os resultados dessa reunião poderão ser organizados na forma de matriz, Termos de Referência e/ou Projeto. - Talvez também seja necessário desmembrar o Termo de Referência geral do trabalho em vários Termos de Referência específicos para as contratações que sejam necessárias. - um cronograma com detalhes de todas as etapas e atividades deve ser um dos resultados desta reunião, assim como um orçamento final. estratégia de gestão. Portanto, as informações existentes já compiladas são decisivas para identificar o que deve ser ainda conhecido, levando em conta a gestão adaptativa. Deve-se evitar a criação de “cemitérios de dados”. É importante ressaltar que se deve avaliar a necessidade da realização de novo diagnostico para elaboração do plano de gestão, considerando os dados existentes e diagnostico realizado por ocasião da criação da UC. As informações necessárias podem ser coletadas a partir de diagnósticos rápidos que abrangem um conjunto de técnicas e procedimentos já sistematizados, como Avaliação Ecológica Rápida (AER) e os Diagnósticos Participativos. Estes levantamentos darão ênfase a: • • • • Saúde dos ecossistemas e status das espécies; Pressões sobre os recursos; Dinâmica das mudanças; Histórico de criação e implementação da UC. 23 Na escolha das informações a serem levantadas, deve-se levar em conta o que segue: 24 • Dar prioridade às informações que terão uma aplicação específica e imediata; Estar atento à transdisciplinaridade e multidisciplinaridade das informações; • Aproveitar a experiência e o conhecimento das populações locais; • Caracterizar o processo de criação da UC; • Considerar as ameaças e os problemas da região; • Considerar a geopolítica da região e sua interface com a unidade; • Considerar o contexto histórico-cultural da unidade de conservação; • Orientar os levantamentos biofísicos às características socioeconômicas da região; • Identificar os potenciais serviços ambientais oferecidos pela UC; • Considerar ameaças de obras e infraestruturas previstas para a região e/ou UC (projetos e programas); • Levar em consideração as informações do ZEE, tanto na região da zona de amortecimento como na UC; • Verificar empreendimentos já instalados que geraram e/ou geram passivo ambiental e relacionar com compensação ambiental e outros mecanismos de sustentabilidade da UC. A caracterização ambiental deve trazer a informação coletada sobre os ambientes (meio físico) e seus recursos naturais (dados biológicos). Deve ser focada nas paisagens e nas formas de uso dos recursos naturais. Toda esta informação deve ser espacializada no diagnostico para subsidiar as decisões do planejamento. Também as informações pré-existentes (ou informações secundarias) devem estar espacializadas. Com relação à informação geológica, sugere-se trabalhar a informação de potencial de exploração apenas nas categorias que permitem a mineração, pois esta informação deverá influenciar o resultado do zoneamento da UC, nas etapas posteriores. A caracterização dos recursos hídricos deve abranger a bacia hidrográfica principal de referencia, e salientar as potencialidades de uso e seus impactos. Definir uma única forma de apresentar a informação e referenciar no documento. É importante ressaltar a oferta de serviços ambientais que são gerados na UC, e sua relação com os efeitos das mudanças climáticas na região onde a unidade está localizada. Estes dados poderão ser analisados também sob o prisma da arrecadação e sustentabilidade da UC. Deve-se atentar para as informações importantes do diagnostico biológico, para que não seja inserido como lista de espécies (que deve estar em anexo e não no corpo do texto principal). Os capítulos relacionados com esta informação devem ser abrangentes sobre quantidade de espécies e específicos no que se refere às ameaças e potencialidades dos recursos identificados. Os diagnósticos biológicos têm a finalidade de caracterizar a fauna e a flora local, visando a geração de informações que subsidiem discussões iniciais para o zoneamento e a elaboração do Plano de Gestão. Um bom diagnóstico é precedido por um bom levantamento bibliográfico e de informações sobre a área e seu entorno. Nele deve conter a caracterização da biodiversidade local, espécies endêmicas, espécies bandeira e cinegéticas, novas, vulneráveis, ameaçadas, bioindicadoras, e de uso das populações e o preenchimento de informações básicas de composição dos grupos biológicos, que geralmente incluem: aves, mamíferos, peixes, anfíbios e répteis, e a parte botânica. Os diagnósticos biológicos podem ainda resgatar o contexto histórico, social e cultural das comunidades, ao identificar áreas antigamente usadas, conciliando as historias contadas dos moradores antigos. A nomenclatura das espécies deve seguir um sistema de classificação conhecido e oficial e ser referenciado no documento. Os nomes comuns devem ser preferencialmente aqueles conhecidos pelas populações locais. Os nomes populares compostos devem conter hífen, e a primeira vez que a espécie for citada no texto deve trazer o nome cientifico em itálico ou grifado, acompanhado do nome comum entre parênteses. 25 26 O mesmo vale para a classificação de solos e bacias hidrográficas. A nomenclatura das classes deve seguir um sistema de classificação conhecido e oficial e ser referenciado no documento. Com relação à caracterização das informações socioeconômicas, devese incluir aspectos culturais e antropológicos, bens imateriais, culturas tradicionais, festas e manifestações, que podem se refletir na valorização das populações da UC e do entorno, e em oportunidades de geração de renda. A caracterização socioeconômica deve conter ainda dados de organização social, educação, saúde, bem como atividades comerciais e produtivas. Além da própria unidade de conservação, o universo a ser descrito deve contemplar os municípios onde a UC está inserida. As informações coletadas devem ser compatíveis com o banco de dados de informações socioeconômicas do CEUC (ver o formulário base para coleta de informações junto ao Departamento de Populações Tradicionais do CEUC). Importante ressaltar ainda a necessidade de se proceder com a caracterização de aspectos arqueológicas da UC, que terá reflexo na definição do zoneamento da unidade. Não é demais esclarecer que do diagnostico faz parte ainda a coleta de informações sobre o histórico de criação da UC e de implementação (da criação até o momento de elaboração do plano) e das relações de parceria vigentes e passadas. A situação fundiária da unidade é de suma importância neste processo de caracterização, pois subsidiará o planejamento de ações para a regularização fundiária da unidade. Os órgãos de terra, ITEAM e INCRA, e os cartórios municipais são as fontes de informação para composição deste tópico. Um diagnóstico ambiental deve priorizar coletas espaçadas, para cobrir diferentes áreas, de forma a representar as diferentes formações vegetais e tipos de habitats dentro e no entorno da UC. Possíveis ameaças e impactos ambientais devem ser sinalizados, junto a medidas de mitigação e atividades futuras de acompanhamento (monitoramento). O emprego de tecnologias que facilitam um diagnostico mais amplo e refinado é o uso de sensoriamento remoto e sistemas de informações geográficas (SIG) para auxiliar previamente os levantamentos em campo, e complementar informações sobre áreas com potencial e os novos registros, bem como para contribuir em informações de conservação dos grupos biológicos ali existentes. O diagnóstico terá como produto um documento que apresenta a realidade baseada na informação colhida de maneira temática com capítulos referentes aos diversos aspectos que foram estudados sobre a unidade de conservação e região. Deverá apresentar a caracterização ambiental da unidade, destacando suas paisagens. O detalhamento desta etapa é apresentado na Tabela 2 a seguir: Tabela 2 – Detalhamento das atividades da 2a Etapa. Objetivo Métodos, Procedimentos e Recomendações Atividade 2.1. Levantamento histórico – fundiário da área e zona de amortecimento. - Montar um panorama da situação fundiária da UC. - Consultar o INCRA, ITEAM e Prefeituras e solicitar as informações disponíveis sobre o território da UC e zona de amortecimento. - Espacializar as informações. Atividade 2.2. Levantamento dos projetos governamentais e não-governamentais para a área e zona de amortecimento. - Conhecer os projetos presentes e futuros e as possíveis implicações sobre a unidade. - As informações levantadas deverão ser analisadas e organizadas na forma de banco de dados. - Recomenda-se sistematizar os projetos em formato de tabela como sugerido no Anexo D. - Espacializar as informações. Atividade 2.3. Produção da base cartográfica e banco de imagens. - Produzir mapas da UC na escala apropriada. - Atualizar o banco de imagens digitais com novas informações. - A escala dos mapas será definida levando em conta as características da unidade. Recomenda-se não utilizar escala menor que 1:100.000. - A priori, os mapas de cobertura vegetal e uso do solo (ênfase nas áreas degradadas/antropizadas) serão prioritários para o planejamento. Atividade 2.4. Complementação dos estudos necessários. - Aprofundar aqueles estudos que sejam essenciais para o planejamento da UC em função da identificação das lacunas de conhecimento e das dificuldades para a gestão. - Caracterizar a UC pelas suas paisagens e não pelos seus elementos isoladamente. - Os envolvidos buscarão parcerias junto às universidades e instituições de pesquisa para iniciar a complementação dos estudos. - Deverão ser utilizados diagnósticos rápidos, como a Avaliação Ecológica Rápida, Diagnóstico Participativo de Unidades de Conservação – DIPUC e/ou Diagnóstico Rural Participativo – DRP, entre outros. 27 - Realizar o levantamento dos aspectos socioeconômicos das comunidades, das potencialidades da área, respeitando a sazonalidade local. - Todas as informações devem ser espacializadas (continua ) Atividade 2.5. Identificação dos atores sociais. - Identificar e caracterizar os atores sociais que se relacionam com a UC. - Produzir uma lista de atores: • diretos e indiretos • positivos e negativos - Identificar potenciais membros para a composição do seu Conselho, levando em consideração as questões de gênero. - Identificar os interesses, expectativas, potencialidades, limitações e conflitos dos diferentes atores sociais. - Caracterizar o processo de formação do conselho e seus membros, quando este existir - A identificação dos atores sociais permitirá elaborar uma lista preliminar de potenciais participantes do Conselho da unidade, quando este ainda não existir. - Recomenda-se sistematizar os dados em uma tabela, como sugerido no Anexo E. - O histórico de criação e funcionamento do conselho é importante para entender como acontece a gestão participativa da unidade. Atividade 2.6. Reunião com as lideranças locais. - Repassar e nivelar conceitos sobre unidades de conservação (UC, PG, zoneamento, conselho, etc.). - Informar sobre a elaboração do PG. - Poderá ser organizada uma reunião geral ou várias reuniões por setor geográfico ou temático. - A reunião deverá ser realizada em um local adequado tanto para a EP como para todos os participantes. - Identificar parceiros para a elaboração do PG. - Preferencialmente, os participantes não deverão ter despesas com deslocamento, hospedagem e alimentação para essa reunião. - Planejar atividades em conjunto para a elaboração do PG. - Meios necessários: projetor, fichas, painéis, pincéis, outros, de acordo com a metodologia utilizada e logística disponível. Atividade 2.7. Reuniões com usuários e interessados. - Divulgar a UC e seus objetivos. - Convocar reuniões por segmento de usuários; se necessário, fazer visitas institucionais. - Informar sobre a elaboração do PG. - Os moradores também podem participar de algumas visitas e reuniões. - Consolidar a participação dos diferentes atores. - Pode ser realizada junto com a reunião de lideranças, depende de cada contexto e condições operacionais. - Levantamento de informações sobre a região com os atores locais 28 Atividade 2.8. Compilação de todas as informações da caracterização. - Preparar o Documento preliminar de caracterização da área. - A EP deverá elaborar um Documento preliminar como síntese de todas estas atividades, o qual constituirá base para a elaboração do Volume I do Plano de Gestão. 3a Etapa: Integração e Avaliação estratégica da informação Após o diagnóstico e caracterização da unidade, onde se apresenta a realidade segmentada, é necessário proceder a uma análise e avaliação estratégica da realidade como um todo. A avaliação estratégica permite perceber as relações de interdependência entre os diferentes aspectos identificados no diagnóstico, o que leva a entender como um mesmo fator está concorrendo para gerar efeitos indesejáveis em mais de um aspecto. Por muito tempo, foi utilizada a técnica da Arvore de Problemas para realizar essa análise mais integrada, porém, atualmente é mais usada uma metodologia própria do planejamento estratégico, denominada Matriz FOFA ou DAFO (Matriz de Debilidades/ Fraquezas – Ameaças – Fortalezas – Oportunidades). Esta análise deve ter como referência a categoria de manejo da UC em questão e verificar as oportunidades e ameaças que se apresentam, em função dos dados que foram obtidos na fase de diagnóstico. Caso o diagnóstico não traga a caracterização ambiental, durante a análise estratégica esta visão de conjunto deve ser apresentada. Os potenciais existentes na UC, seja de uso direto dos recursos, como também de desenvolvimento das populações, devem ser também apresentados nesta etapa, de forma a subsidiar as etapas seguintes de planejamento, na definição dos programas a serem implementados na UC. A valoração e o potencial dos serviços ambientais e as relações possíveis da UC com os efeitos das mudanças climáticas tem um espaço de análise também nesta etapa. A identificação de oportunidades de sustentabilidade financeira para a UC deverá ser objeto desta análise estratégica, assim como suas fragilidades ambientais. Não é demais lembrar que as etapas seguintes são obrigatoriamente dependentes da qualidade da informação gerada nesta etapa e analisada sob diferentes aspectos. A análise, junto com o diagnóstico da etapa anterior, fornecerá subsídios para obter um dos produtos desta etapa, que é a Declaração de Significância. A Declaração de Significância é uma 29 avaliação sobre a importância da unidade de conservação dentro do contexto local, regional e nacional e o seu papel dentro dos Sistemas Nacional e Estadual de Unidades de Conservação. Os critérios que serão avaliados são: • Representatividade • Unicidade • Raridade • Fragilidade • Diversidade • Espécies ameaçadas • Endemismos • Valores sociais, culturais e econômicos A Declaração de Significância também deverá apresentar uma avaliação sobre a necessidade de revisão dos limites atuais da unidade de conservação e de sua categoria de manejo. Todos os resultados da avaliação estratégica serão incorporados ao Volume I do Plano de Gestão. Na Tabela 3, apresenta-se o detalhamento das atividades da 3ª Etapa. Tabela 3 – Detalhamento das atividades da 3a Etapa. Objetivo Métodos, Procedimentos e Recomendações Atividade 3.1. Realização da Oficina de Integração - Apresentar as informações reunidas no diagnóstico para complementação e integração; - Elaborar o Mapa de problemas ambientais e uso da área. 30 - Formatar a Matriz DAFO sobre a UC. - De acordo com as características da unidade, será organizada uma ou várias oficinas. - Será necessária uma reunião preliminar da EP para detalhar a estratégia e metodologia da oficina. - Outros métodos que poderão ser usados são: árvore de problemas, a espinha de peixe, a linha do tempo etc. - Esta oficina pode ser realizada com diferentes públicos, como os técnicos da instituição, a equipe de planejamento, os membros do Conselho, os pesquisadores e/ou outros usuários e interessados. - Segundo as características da UC, a Oficina de Integração e a Oficina de Planejamento Participativo da etapa seguinte poderão acontecer ao mesmo tempo ou separadas. (continua ) Atividade 3.2. Realização de reuniões para elaborar a Declaração de Significância. - Identificar a importância da unidade de conservação dentro do contexto local, regional e nacional e o seu papel dentro do SNUC e SEUC. - Avaliar a necessidade de adequação dos limites atuais da unidade e de sua categoria de manejo. - A Declaração de Significância poderá ser elaborada pela EP ou mediante reuniões ou oficinas com pesquisadores que conheçam a área. - Os critérios que serão avaliados, dentre outros, são: - Representatividade, unicidade, raridade, fragilidade, diversidade, espécies ameaçadas, endemismos, valores sociais, culturais e econômicos. Atividade 3.3. Compilação das informações produzidas. - Reunir as informações geradas e gerar o Volume I do PG - A EP deverá incorporar estas informações ao Volume I, revisando o que for necessário. 4a Etapa: Identificação de Estratégias O objetivo desta etapa é identificar as estratégias a serem utilizadas na gestão da unidade. Nesta etapa: • serão identificadas a missão e a visão de futuro da unidade de conservação; • será elaborado o zoneamento e as regras de uso dos recursos naturais; • será definida a estratégia de ação da unidade; • serão estabelecidos os Programas de Gestão e prazos para sua implementação; • será desenvolvido o Sistema de Monitoramento e Avaliação dos programas propostos e da gestão propriamente dita. Normalmente, esta etapa se desenvolve a partir de reuniões técnicas e Oficinas de Planejamento Participativo – OPP, e em todos estes momentos diversos atores que se relacionam com a UC em questão tem a oportunidade de interagir com a elaboração do Plano de Gestão. Podemos inferir que é nesta etapa que a sociedade se apropria do planejamento, sendo um importante momento de sensibilização e de construção conjunta de idéias e ideais. A missão e visão de futuro da Unidade de Conservação são elementos relativamente novos no planejamento de unidades de conservação. 31 A missão representa a razão de existência da unidade de conservação, ou seja, a finalidade de sua criação ou propósito em longo prazo. É identificada com base nas características distintivas que foram descritas na Declaração de Significância, levando em conta a categoria de manejo e os objetivos da categoria nos Sistemas Nacional e Estadual de Unidades de Conservação. A missão pode ser definida na forma de diferentes objetivos específicos segundo as características distintivas da unidade, mas têm que ser realmente específicos, evitando propor objetivos que poderiam servir para qualquer outra unidade de conservação. Perguntas como “qual a razão da existência desta UC?”, “qual a importância desta UC?”, “o que tem aqui de especial e de destaque?”, “por que esta UC é aqui e não em outro lugar do Amazonas?”, “quais os objetivos desta UC?”, entre outras, podem ser orientadoras da construção da missão. A visão de futuro é uma declaração de como desejamos a unidade daqui a 20 anos em relação a sua função de conservar a biodiversidade e promover o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida das populações com ela relacionadas. A visão de futuro será formulada considerando o sucesso e/ou insucesso de implementação da unidade em questão. Ela ajudará a formular a estratégia geral de ação e os programas de gestão. Perguntas como “o que imagino de melhor para a UC daqui 10/20 anos?”, “o que queremos para este lugar daqui a 10/20 anos?”, “como queremos estar daqui a 10/20 anos?” podem ajudar na construção participativa da visão de futuro. O zoneamento da unidade de conservação é a divisão em setores ou zonas com objetivos operacionais e normas específicas, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz. Por meio do zoneamento, limites de uso e desenvolvimento são estabelecidos. 32 Após a análise da literatura sobre planos de manejo ou de gestão, verificou-se que cada país detém um sistema de zoneamento diferente. Variam os nomes das zonas, suas características e os critérios para o zoneamento. No caso das unidades do Estado do Amazonas, o sistema de zoneamento está baseado principalmente no critério da intensidade da intervenção sobre o meio (zoneamento por condição de impacto aceitável em um determinado ambiente/recurso natural), mas é importante também considerar a utilização de critérios como o estado de conservação da área e tipo de atividades que serão realizadas. Desta forma, são identificadas quatro gradações na intensidade da intervenção: insignificante ou mínima, pequena ou leve, moderada e alta. Cada gradação origina uma ou mais zonas diferentes, as quais terão as características apropriadas para absorver a intensidade da intervenção atribuída. As zonas são definidas, basicamente, com os seguintes objetivos: • proporcionar proteção para a biodiversidade (habitats, ecossistemas, processos ecológicos, espécies); • garantir as áreas para uso pelas populações residentes e usuárias da UC; • identificar áreas destinadas à visitação, recreação e lazer; • proteger regiões de valor histórico, cultural e de patrimônio arqueológico; • identificar áreas degradadas para recuperação; • identificar áreas para manejo sustentável dos recursos naturais. O zoneamento é um instrumento de ordenamento dos usos e ações e que deve demonstrar objetividade na seleção e delimitação das zonas a fim de facilitar a gestão da UC. É importante destacar algumas vantagens comparativas do zoneamento por condição em relação ao zoneamento por uso. O zoneamento por condição ordena territorialmente os objetivos de conservação; requer o monitoramento das condições dos recursos naturais; promove a definição de indicadores sobre a condição desejada; permite diversos usos, sempre e quando não mude a condição desejada; não restringe novos usos; promove um manejo adaptativo do ambiente. As zonas que integram o sistema de zoneamento das UCs estaduais do Amazonas são assim nomeadas: 33 Zona de Preservação: é aquela que aceita o menor grau de intervenção sobre o meio, representa a área destinada à reprodução das espécies e dos processos naturais, deve ser entendida como a fonte da biodiversidade e dos serviços ambientais; Zona de Uso Extensivo: é a região da UC onde a intervenção é moderada, de onde se extraem os recursos naturais para a sobrevivência das populações residentes e usuárias, mas a cobertura florestal deve ser pouco alterada, mantendo os processos ecológicos e a riqueza da biodiversidade e dos recursos naturais, onde se permite o uso direto dos mesmos, como extrativismo, trilhas para turismo, estruturas de campings, outros. Zona de Uso Extensivo Especial: esta zona é originaria da permissão de se realizar o manejo florestal madeireiro em algumas categorias de unidades de conservação, para localizar estes espaços que serão destinados a esta prática, considerada de intervenção moderada a alta, dependendo da escala e da área atingida. Pode ser de escala empresarial ou comunitária. Zona de Uso Intensivo: A intervenção é realizada com intensidade, com grandes influências sobre o meio. Zona onde são desenvolvidas todas as infraestruturas para a administração, recreação, interpretação e educação ambiental, pesquisa, monitoramento ambiental e divulgação. Também podem ser desenvolvidas atividades de produção comercial. Nesta zona deverão ser localizadas as comunidades e as áreas de cultivo 34 No zoneamento, podem ser consideradas ainda outras zonas, onde o grau de intervenção não é necessariamente a forma de defini-las, mas mais especificamente as características intrínsecas daquela área, como a presença de sítios arqueológicos, monumentos históricos-culturais, algum atributo que deva ser destacado, áreas em recuperação, zonas de reprodução de espécies ameaçadas. A esta zona denominaremos Zona Especial, que às vezes pode ter caráter temporário ou sazonal. Outra zona que pode ser estabelecida é a Zona de Uso Conflitivo, onde acontecem atividades em desacordo com a categoria da UC, como por exemplo, a presença de gado, a existência de rodovias ou usos estabelecidos que impactam a unidade, entre outros. Esta zona também pode ter caráter temporário e caso se revertam as questões indesejadas, esta zona poderá ser renomeada, em função do grau de intervenção sobre o meio desejado. A Zona de Amortecimento integra o zoneamento da UC e as informações coletadas ao longo das atividades de diagnostico são fundamentais para a definição de abrangência desta zona. Nesta etapa, deve ser estabelecida a zona de amortecimento definitiva da UC. Para a delimitação das zonas devem ser priorizados limites geográficos, facilmente identificáveis em campo, como rios, divisor de águas, relevos, acidentes geográficos, fitofisionomias e ainda, informações da ocupação humana no ambiente. A caracterização ambiental, juntamente com os diagnósticos biológicos vão permitir identificar aspectos mais relevantes de conservação, preservação e uso dos ambientes. Com essas informações georreferenciadas, com visitas nas áreas de uso e áreas potenciais para UC, como corredeiras, cachoeiras, grutas, cavernas, serras, locais de beleza cênica ou locais de procriação de espécies, aloca as informações de forma espacial, permitindo a elaboração de mapas de uso e potencialidades, que auxiliarão o zoneamento da UC. A seleção das zonas dependerá das particularidades de cada UC, bem como de sua categoria. Para facilitar o reconhecimento por parte das comunidades, as zonas podem ser nomeadas em função das atividades realizadas, pela existência de áreas de destaque ou especiais e em função de normas especificas. Faz parte desta etapa a confecção das Regras de Uso, a serem estabelecidas em função das zonas e dos recursos naturais que se utilizam e/ou que se pretendem utilizar, seja de forma direta ou indireta (turismo, por exemplo). Podem ser ainda construídas Regras de Convivência, em função da categoria da UC e do interesse dos comunitários. A seguir são apresentados os nomes e características de cada zona (Quadro 1) e o que se pode realizar em cada uma delas, onde PES = Pesquisa, MA = Monitoramento Ambiental, PRO = Proteção, MAN = Manejo de recursos naturais, REC = Recreação, DIV = Divulgação, IA/EA = Interpretação Ambiental/Educação Ambiental 35 36 Nome da zona Zona de Preservação Zona de uso restrito (ou zona de uso limitado) Zona de uso extensivo Zona de uso intensivo Grau de intensidade da intervenção Insignificante ou mínimo Pequeno ou leve Moderado Alto X X X X X X X MAN A intervenção é realizada com intensidade, com grandes influências sobre o meio. Zona onde são desenvolvidas todas as infraestruturas para a administração, recreação, interpretação e educação ambiental, pesquisa, manejo comunitário de madeiráveis, monitoramento ambiental e divulgação. Também podem ser desenvolvidas atividades de produção comercial. X X X X X REC X X X X X X IA/EA A intervenção não é excessiva, nem exagerada. É realizada com moderação ou prudência. Exemplos: atividades extrativistas, manejo comunitário de não madeiráveis, cabanas ou campings, etc. A intervenção é de pouca importância, não é grave nem perigosa, nem importante. As atividades de REC e IA/EA devem ser realizadas em harmonia com o meio e tendo como objetivo o contato com a natureza. Ainda devem ser realizadas mediante meios de transporte que não causem impactos, sem necessitar instalações específicas para tal e em grupos pequenos. PES X MA X PRO A intervenção realizada não causa muito baixa influência no meio. As atividades permitidas devem ser realizadas mediante meios de transporte que não causem impactos, sem necessitar instalações específicas para tal e em grupos pequenos. Características Quadro 1 – O sistema de zoneamento. X X DIV A Estratégia Geral de Gestão é a definição e formulação de como será alcançada a Visão de Futuro ao longo do tempo, pensando todos os diferentes estágios e/ou ciclos de gestão da unidade. Neste momento, deve-se analisar as formas como serão desenvolvidos a pesquisa, o uso público, o manejo dos recursos naturais, e outros, identificando o objetivo operacional para os próximos 3 a 5 anos, os resultados que se desejam alcançar e a forma como serão efetivados. Deve trazer uma visão geral das ações que serão realizadas na UC e que estarão descritas nos programas de gestão. Devem ser identificados os possíveis parceiros da implementação do Plano e da gestão da UC, a disponibilidade e fonte de recursos financeiros assim como discutir sobre a sustentabilidade financeira da implementação. A elaboração do plano deve buscar mais equivalência entre as propostas de ações dos programas, o que dependerá da identificação das demandas, tanto pelas informações coletadas na fase do diagnstico como aquelas colhidas durante as OPPS, mas também pela identificação dos parceiros e construção conjunta de propostas de atividades. Os Programas de Gestão são o detalhamento dos resultados, atividades, metas, meios de verificação e pré-requisitos necessários para consolidar a unidade de conservação ao longo do tempo. Os Programas e Subprogramas devem ser descritos tanto para a unidade de conservação como para sua zona de amortecimento. Na estrutura aqui proposta, as ações serão agrupadas de acordo com sua finalidade. Por exemplo, uma atividade de educação ambiental estará dentro do Subprograma de Interpretação e Educação Ambiental, sendo esta executada dentro da UC ou em sua zona de amortecimento. É necessário salientar que os programas e subprogramas serão considerados segundo cada unidade de conservação em questão e sua categoria de manejo, o que significa na prática que poderá haver subprogramas que possuam poucas ou nenhuma atividade para ser executada em determinada UC. 37 Os Programas de Gestão serão construídos levando-se em consideração a estratégia geral de ação, formatados em uma tabela ou texto, que será elaborado a partir das informações recolhidas na oficina de planejamento e nas reuniões da equipe. As informações do Volume I subsidiam a criatividade na elaboração das propostas de implementação da UC. A seguir, apresentamos a listagem dos programas que devem ser considerados em um planejamento: 38 PROGRAMAS DE GESTÃO 1. Programa de Conhecimento 1.1. Subprograma de Pesquisa 1.2. Subprograma de Monitoramento Ambiental 2. Programa de Uso Público 2.1. Subprograma de Recreação e Turismo 2.2. Subprograma de Interpretação e Educação Ambiental 2.3. Subprograma de Divulgação 3. Programa de Manejo do Meio Ambiente 3.1. Subprograma de Manejo dos Recursos Florestais 3.2. Subprograma de Manejo dos Recursos Faunísticos e Pesqueiros 3.3 Subprograma de Recuperação de Áreas Degradadas 4. Programa de Apoio às Comunidades 4.1. Subprograma de apoio à organização social 4.2. Subprograma de geração de renda 4.3. Subprograma de melhoria da qualidade de vida 5. Programa de Administração da UC 5.1. Subprograma de Regularização Fundiária 5.2. Subprograma de Administração e Manutenção 5.3. Subprograma de Infraestrutura e Equipamentos 5.4. Subprograma de Cooperação e Articulação Institucional 5.5 Subprograma de Pagamento e Valoração dos Serviços Ambientais 6. Programa de Proteção Ambiental 6.1 Subprograma de controle 6.2 Subprograma de vigilância O Programa de Conhecimento pretende estimular a geração de conhecimento sobre a biodiversidade, uso sustentável dos recursos naturais e relações da sociedade com a natureza, e de forma progressiva, subsidiará o manejo e o alcance dos objetivos da UC. Englobas os Subprogramas de Pesquisa e Monitoramento Ambiental. O Programa de Uso Publico está focado no desenvolvimento e promoção de ações de recreação, turismo, lazer e interpretação ambiental, que proporcionem ao morador e visitante o despertar da sensibilidade sobre a importância de conservação da natureza e a percepção dos seus elementos, a partir do contato direto. Cada categoria implicará em diferentes formas de atendimento, a fim de despertar no publico uma consciência critica sobre a importância da UC. Deve prever as infraestruturas e equipamentos necessários a realização das atividades propostas. Deste programa faz parte também a estratégia de divulgação da UC nos diferentes meios de comunicação e a partir de diversos instrumentos. O Programa de Manejo dos Recursos Naturais abrangerá todas as ações de manejo dos recursos naturais, sejam elas orientadas para a conservação, recuperação de áreas degradadas ou para a geração de renda das populações que moram na unidade ou na sua zona de amortecimento. Os Programas de Uso Público e de Manejo do Meio Ambiente devem considerar uma primeira aproximação à capacidade de suporte da área, aqui entendida como a definição dos limites para realização de atividades que provocam certo grau de impacto no meio, levando em consideração a capacidade do meio em absorver os impactos antrópicos. Esta capacidade deve ser ajustada a partir de avaliações sucessivas, as quais devem estar previstas nas atividades do Subprograma de Monitoramento Ambiental. O Programa de Apoio às Comunidades terá focos diferentes dependendo da categoria de unidade de conservação. Nos casos de UC de proteção integral, este programa se refere ao entorno e às comunidades ai localizadas, bem como à integração com os municípios para viabilizar as melhorias necessárias. Este programa deve então manter uma conexão direta com o subprograma de cooperação e articulação institucional. No caso das 39 áreas de uso sustentável, este programa contemplaria os anseios das comunidades, com base na matriz da sustentabilidade (ver Anexo F), e dos governos em relação as melhorias da qualidade de vida (que para cada UC tem realidade diversa) e de organização social e geração de renda. O Programa de Gestão da UC deve propor as ações para o funcionamento da UC, desde a organização dos processos administrativos e financeiros, estabelecimento e manutenção de equipamentos e infra estruturas, articulação e cooperação institucional para viabilizar a gestão da UC, até a proposição de medidas para regularização fundiária. O Programa de Proteção considera a unidade e seus patrimônios naturais e instalados, considerando a fiscalização e o controle, com a definição de normas e o desenvolvimento de ações que minimizem ou previnam os impactos ambientais no interior e entorno da UC, inclusive na prevenção de incêndios e focos de calor. Inserido no âmbito deste programa de proteção, está a formação de agentes ambientais voluntários e o cuidado com o patrimônio implementado na UC (vigilância patrimonial). A sinalização e a demarcação da UC devem ser abordadas neste momento. O Subprograma de Pagamento e Valoração dos Serviços Ambientais definirá estratégias para converte os serviços ambientais e ecossistêmicos em fluxos monetários e identificar as regras e formas de pagamento pelos serviços identificados. 40 Por último, o processo de planejamento também deve prever um Sistema de Monitoramento e Avaliação contínua da implementação dos programas e da gestão da UC. Recomenda-se que ao menos uma das avaliações da implementação do plano seja feita por revisores externos a partir de, pelo menos, 3 anos de sua implementação. Os resultados do monitoramento e avaliação do plano a cada período recomendarão a sua revisão ou a realização dos ajustes necessários. A intenção é que o Sistema de Monitoramento e Avaliação dos programas e da gestão da UC seja implementado pela própria equipe de gestão da unidade, à medida que são implementados os programas previstos. E deve ser escrito considerando que o Sistema de Monitoramento e Avaliação tenha uma vertente para avaliação e monitoramento dos programas e outra para avaliação e monitoramento da gestão. É também importante prever que no subprograma de avaliação e monitoramento da gestão, estejam previstas atividades diretamente relacionadas com a implementação de práticas que visem à eficiência na gestão da unidade, referenciado pelo que se realiza no Centro Estadual de Unidades de Conservação, orientado por estratégias e resultados, baseado em macroprocessos, indicadores e metas. Este modelo deve ser replicado para cada unidade de gestão do sistema, ou seja, para cada UC, de forma que exista uma diretriz única vigente e que o conjunto de todas as Unidades respondam às estratégias e metas do SEUC. Este sistema pode ser tratado como um programa e deve considerar recursos para treinamento da equipe envolvida em técnicas de gestão, assim como para avaliação dos processos adotados. Todo planejamento deve ser dimensionado no espaço e no tempo. Saber quanto de recursos financeiros e quando serão desenvolvidas as atividades planejadas é fundamental para poder avaliar a implementação e ajustar o que for necessário. Estes elementos são descritos no Cronograma físico-financeiro do Plano de Gestão. É interessante trabalhar a definição dos objetivos estratégicos da UC e assim, definir metas e indicadores para alcançá-los, o que dá origem a uma Matriz de Planejamento. Depois, cada Programa de Gestão se relacionará com esta matriz principal, onde as ações dos programas estarão juntas, concorrendo para atingir as metas definidas em função dos objetivos estratégicos da UC e dos objetivos específicos de cada programa. A partir desta visão estratégica, a matriz de planejamento será a base para o estabelecimento do sistema de monitoramento do Plano. A Matriz de Planejamento pode ser organizada da seguinte forma: Objetivos estratégicos Metas Indicadores Programas 41 A tabela dos Programas de Gestão pode apresentar o seguinte formato: Estratégia de implementação (ações) Meta relacionada Responsáveis Indicador de ação (ou meio de verificação) Cronograma Resultados: São os diferentes resultados em relação a cada subprograma: Atividades: São as diferentes ações necessárias para atingir os resultados. A.1.1. A.1.2. Nessa tabela, os resultados serão estabelecidos por SubPrograma. E para cada resultado, deverão ser descritas as atividades necessárias para alcançá-lo. A coluna de metas relacionadas está diretamente relacionada com a matriz de planejamento e A coluna de responsaveis deve ser preenchida com o nome da instituição e/ou setor responsável pela ação indicada. Os indicadores de ação ou meios de verificação indicam a forma ou locais onde se podem averiguar a realização da ação proposta. Pode ainda ser inserida uma coluna com pré-requisitos, que são fatores e/ou condições que, apesar de estarem fora do controle direto do gestor da unidade, devem ser considerados na implementação dos programas. São os fatores de risco do planejamento. A conexão entre os programas se estabelece em função dos objetivos estratégicos, que são desenhados para a UC e que farão com que as ações realizadas em cada programa estejam conectadas entre si e contribuindo para o alcance do objetivo. 42 As metas podem ser demonstradas em painel de gestão à vista da UC, a exemplo do painel de gestão à vista com controle de metas que é realizado no CEUC. O monitoramento da implementação do Plano também deve ter um caráter participativo e ser realizado, pelo menos, uma vez ao ano junto com os conselheiros em reunião ordinária do Conselho Gestor. A Tabela 4, a seguir, apresenta um detalhamento das atividades desta etapa. Tabela 4 – Identificação das estratégias de gestão. Atividade 4.1. Identificação preliminar da missão e zoneamento da unidade de conservação. Objetivo Métodos, Procedimentos e Recomendações - Realizar uma proposta preliminar da missão da unidade e de seu zoneamento - A EP deverá elaborar uma proposta preliminar da missão e do zoneamento, com base na avaliação estratégica das informações reunidas no Volume I do Plano de Gestão. Atividade 4.2. Realização de Oficina de Planejamento (OPP). Objetivo Métodos, Procedimentos e Recomendações - Consolidar a missão da UC. - Será necessária uma reunião preliminar da EP para detalhar a estratégia e metodologia da oficina. - Consolidar o Zoneamento da área e as normas de uso dos recursos naturais, de convivência e de cada zona. - De acordo com as características da unidade, será organizada uma ou várias oficinas de planejamento, segundo localização geográfica ou setorialmente, por grupos de atores. - Construção coletiva da visão de futuro - A EP deverá facilitar a participação dos principais envolvidos com a UC nas oficinas. - Colher propostas para a estratégia geral de gestão, os objetivos estrategicos e os programas de gestão da UC. - A EP deve estar atenta a todas as propostas e recomendações apresentadas durante a oficina, para subsidiar a elaboração dos programas. - Discutir propostas do modelo de gestão da unidade. - Para cada zona, deverão ser identificados os objetivos e as normas que devem presidir o uso da área. - Devem ser elaboradas as regras de uso dos recursos naturais e discutidas as regras de convivência das comunidades em relação à reserva. Atividade 4.3. Consolidação da 1ª Versão do Volume II do Plano de Gestão. Objetivo Métodos, Procedimentos e Recomendações - Preparar a 1a Versão do Volume II do Plano de Gestão, com base nos resultados da Oficina. - Deverá haver uma reunião da EP para discutir e complementar os resultados da Oficina de Planejamento e estruturar os programas de gestão. - A EP também deverá discutir o Sistema de Monitoramento e Avaliação dos programas de manejo e da gestão da unidade. 43 5a Etapa: Aprovação do Plano A última etapa da elaboração deve considerar a consulta pública de todo o planejamento realizado, sua discussão e/ou aprovação no âmbito do conselho da unidade, sua divulgação para os diferentes públicos e sua internalização institucional, em todas as instâncias. Pode-se otimizar a elaboração do documento final para aprovação pelo órgão gestor, somando-se as contribuições da consulta publica e do conselho gestor, a fim de gerar diminuir as etapas de consolidação de versões que antecedem a versão final. A atividade 5.2 da tabela 5 pode ser otimizada, mas cada caso e cada UC devem ter sua abordagem especifica para definição da melhor estratégia de consolidação do documento final, segundo a facilidade de mobilização, custos implicados e disponibilidade da EP. De todas as maneiras, as contribuições da consulta pública devem ser apresentadas ao conselho para seu conhecimento e/ou aprovação. As atividades que devem ser realizadas nesta etapa estão apontadas na Tabela 5. Tabela 5 – Detalhamento das atividades da 5ª Etapa. Objetivo Métodos, Procedimentos e Recomendações Atividade 5.1. Apresentação da 1ª Versão ao coletivo (consulta publica) - Discutir a 1a Versão do PG junto aos diferentes atores sociais. 44 - Realizar reunião prévia para identificar o público-alvo da apresentação e a estratégia que será desenvolvida. - Realizar uma ou várias reuniões, de acordo com as características da UC. Normalmente se faz uma consulta aos comunitários diretamente envolvidos com a UC, mas também se deve planejar a apresentação do Plano de Gestão para as diversas organizações que deverão ser parceiras da sua implementação, na cidade de referencia da UC. Atividade 5.2. Consolidação da 2ª Versão do Plano de Gestão. - Incorporar as sugestões e recomendações obtidas na reunião anterior. - Realizar reunião da EP para discutir as sugestões e recomendações advindas da apresentação do PG. - Incorporar as recomendações e sugestões para produzir a 2ª Versão do PG. (continua ) Atividade 5.3. Apresentação do PG ao conselho da unidade. - Apresentar o PG ao conselho da UC para sua aprovação - Apresentar o Plano de Gestão ao conselho da UC, utilizando informação visual e linguagem adequada ao publico em questão, em reunião convocada para este fim. Atividade 5.4. Consolidação da Versão Final do Plano de Gestão. - Incorporar as sugestões e recomendações do conselho da unidade. - No caso de conselhos consultivos: deverá haver uma reunião da EP para discutir as sugestões e recomendações desses conselhos e incorporar o que for pertinente. - No caso de conselhos deliberativos: deverá haver uma reunião para incorporar as sugestões e orientações desses conselhos. Atividade 5.5. Aprovação final do PG pela autoridade competente. - Aprovar o Plano de Gestão. - A autoridade que realiza a gestão das unidades de conservação tem que aprovar o Plano. - O Plano de Gestão será aprovado em resolução do conselho deliberativo, para o caso das categorias APA, Reserva Extrativista e Reserva de Desenvolvimento Sustentável (Lei 53, artigo 33). - O Plano de Gestão deve ser aprovado em portaria do órgão gestor, e publicado em Diário Oficial. Atividade 5.6. Divulgação do Plano de Gestão. - Assegurar a ampla divulgação do Plano de Gestão. - Deve ser publicado o documento integral e disponibilizado na integra na pagina eletrônica da SDS e CEUC. - A divulgação do Plano de Gestão deverá ser também realizada com linguagem e veículos de comunicação adequados para os moradores da unidade de conservação e de seu entorno (versão resumida e simplificada a ser distribuída para todos diretamente envolvidos com a UC). - A autoridade que realiza a gestão das unidades de conservação é a responsável direta pela divulgação. Nas duas páginas seguintes, a Figura 3 apresenta um fluxograma de preparação do Plano de Gestão, com todas as etapas e documentos intermediários que serão produzidos para consolidação dos Volumes I e II do Plano de Gestão. 45 Definição de fonte financeira Busca de mapas e imagens de satélite da UC Definição da forma de elaboração Identificação preliminar da zonas de amortecimento Constituição da Equipe de Planejamento Oficina para identificação das lacunas de conhecimento e dificuldades para a gestão Levantamento de estudos préexistentes Reunião para preparação da elaboração do Plano de Gestão Cronograma de Trabalho 1ª Etapa: Organização do Plano de Gestão Levantamento histórico-fundiário da área e zona de amortecimento Produção da base cartográfica e banco de imagens digitais Levantamento dos projetos governamentais e não-governamentais para a área e zona de amortecimento Identificação dos atores sociais Compilação de todas as informações de caracterização das paisagens Documento preliminar de caracterização Complementação dos estudos necessários Base cartográfica e banco de imagens digitais Reunião com as lideranças locais Reuniões com usuários e interessados 2ª Etapa: Diagnóstico da Unidade de Conservação Oficina de Integração 46 Mapa de problemas ambientais e Matriz FOFA Reunião para identificação da Declaração de Significância 1ª Versão do Volume I: Documento de caracterização com a Declaração de Significância 3ª Etapa: Análise e Avaliação estratégica da informação Figura 3 – Fluxograma para a Elaboração do Plano de Gestão. (continua ) Identificação preliminar da missão, visão de futuro e zoneamento da UC Consolidação da 1ª versão do Plano de Gestão Oficina de Planejamento Participativo Missão e zoneamento preliminares 1ª Versão do Volume II do Plano de Gestão 4ª Etapa: Identificação de Estratégias Apresentação da 1ª Versão ao coletivo consulta publica Versão Final do Plano de Gestão Consolidação da 2ª Versão do Plano de Gestão 2ª Versão do Plano de Gestão Aprovação final do Plano de Gestão pela autoridade competente Apresentação da 2ª Versão ao conselho da unidade Consolidação da Versão Final do Plano de Gestão Divulgação do Plano de Gestão 5ª Etapa: Aprovação e divulgação do Plano de Gestão Figura 3: Fluxograma para a Elaboração do Plano de Gestão. Legenda: Processo (uma ou várias atividades) Evento (Reunião específica ou Oficina) Documento Vários documentos Conector 47 Figura 3 (continuação) – Fluxograma para a Elaboração do Plano de Gestão. Estrutura do documento É sugerida uma estrutura para os Planos de Gestão, que devem apresentar o seguinte conteúdo, sempre respeitando as características de cada categoria de manejo: Volume I: Diagnóstico da Unidade de Conservação 1.Introdução 2. Localização da UC 3. Histórico de planejamento 4. Contexto atual do Sistema de Unidades de Conservação no Amazonas 5. Informações gerais 5.1. Ficha técnica 5.2. Acesso à unidade de conservação 5.3. Histórico de criação e antecedentes legais 5.4. Origem do nome 5.5. Situação fundiária 5.6. Histórico de implementação da UC 6. Caracterização Ambiental 6.1. Caracterização das paisagens e fitofisionomias 6.2. Fatores abióticos 6.2.1. Aspectos geológicos 6.2.2. Relevo e solo 6.2.3. Clima e hidrologia 6.3. Fatores bióticos 6.3.1. Vegetação 6.3.2. Fauna 48 6.4.Serviços Ambientais 6.5.Potencialidades de uso dos recursos naturais 7. Caracterização sócio-econômica da população residente e da zona de amortecimento 7.1. Aspectos Culturais 7.2. Caracterização da população 7.3. Distribuição Espacial e Demografia 7.4.Organização Comunitária 7.5.Padrão de uso dos recursos naturais 7.5.1. Atividades agrícolas 7.5.2. Atividades extrativistas 7.5.3. Outras atividades 7.6.Percepção dos moradores sobre a unidade de conservação 8. Aspectos Institucionais 8.1. Recursos humanos e infraestrutura 8.2.Estrutura Organizacional 9. Análise e Avaliação estratégica 10. Declaração de Significância 11. Referencias bibliográficas 12. Anexos 12.1. Decreto de criação da UC 12.2. Cartografia 12.3. Listas de espécies flora e fauna 12.4. Dados sociais 12.5. Outros Volume II: Planejamento 13. Missão da Unidade de Conservação 14. Visão de Futuro da Unidade de Conservação 15. Zoneamento 15.1. Regras de uso dos recursos naturais 15.2. Regras de convivência 16. Estratégia Geral de Gestão 17. Programas de Gestão 49 50 17.1. Programa de Conhecimento 17.1.1. Subprograma de Pesquisa 17.1.2. Subprograma de Monitoramento Ambiental 17.2. Programa de Uso Público 17.2.1. Subprograma de Recreação e Turismo 17.2.2. Subprograma de Interpretação e Educação Ambiental 17.2.3 Subprograma de Divulgação 17.3. Programa de Manejo do Meio Ambiente 17.3.1 Subprograma de Manejo dos Recursos Florestais 17.3.2. Subprograma de Manejo dos Recursos Faunísticos e Pesqueiros 17.3.3. Subprograma de Recuperação de Áreas Degradadas 17.4. Programa de Apoio às Comunidades 17.4.1. Subprograma de apoio à organização social 17.4.2. Subprograma de geração de renda 17.4.3. Subprograma de melhoria da qualidade de vida 17.5. Programa de Administração da UC 17.5.1. Subprograma de Regularização Fundiária 17.5.2. Subprograma de Administração e Manutenção 17.5.3. Subprograma de Infraestrutura e Equipamentos 17.5.4. Subprograma de Cooperação e Articulação Institucional 17.5.5. Subprograma de Pagamento e Valoração dos Serviços Ambientais 17.6. Programa de Proteção Ambiental 17.6.1. Subprograma de controle 17.6.2. Subprograma de vigilância 18. Sistema de Monitoramento e Avaliação 19. Cronograma de implementação dos programas de gestão 20. Referências bibliográficas 21. Anexos Recomendações para a elaboração de Planos de Gestão Em relação à articulação interinstitucional: • O Plano de Gestão tem que ser elaborado com o envolvimento dos diferentes níveis de Governo (federal, estadual e municipal). • A elaboração do Plano de Gestão deve envolver as comunidades, as organizações não-governamentais e a sociedade civil organizada. • Nas categorias de manejo que seja possível, será necessário levar em conta a gestão público-privada da unidade de conservação. • Durante todo o processo de planejamento, recomenda-se estreitar relações com as instituições de ensino e pesquisa. • É importante verificar a existência de outras UCs na mesma região geográfica e procurar implementar conjuntamente a gestão em mosaico (mosaico institucional, mosaico de categorias, mosaico de conselhos), prevista no SNUC e no SEUC. Sobre o retorno para a sociedade: • O processo de planejamento deve ser orientado para ser um instrumento que transforme as potencialidades da unidade em produtos e oportunidades de negócios para a sociedade em geral. • O processo de planejamento deve ser conduzido de forma a levar em conta os anseios das populações da unidade e seu entorno. • O Plano de Gestão deve ser um instrumento que aponte alternativas de geração de renda para as comunidades que vivem ou estão no entorno da unidade de conservação. • A gestão da unidade deve considerar a elaboração de planos de negócios, identificação e desenvolvimento de mercados para os produtos da sociobiodiversidade, em busca de sua sustentabilidade e das populações, de acordo com a categoria de manejo e a fase da gestão. 51 • O planejamento participativo deve promover o desenvolvimento organizacional da UC. Sobre os Programas de Gestão: • Priorizar a sensibilização e educação ambiental nas diferentes temáticas de abordagem e relacionamento com as populações e visitantes. • Estimular o manejo sustentável de utilização dos recursos naturais. • Contar com idéias de manejo alternativo e que sejam criativas. Ser criativo para diminuir os custos de implementação e atender aos objetivos da UC. • Contemplar as especificidades da população existente na UC. • Ser compatível com a realidade local. • Buscar parcerias formais com as organizações da sociedade e governamentais para a implementação dos programas Recomendações para a revisão de Planos de Gestão É importante que o Sistema de Monitoramento da implementação do plano e da gestão da Unidade de Conservação estejam atualizados e que estas informações sejam o principal subsidio para o processo de revisão que se faz necessário. A informação sobre a implementação da UC ao longo do tempo deve ser inserida no capitulo de Histórico da Implementação, em função dos dados obtidos com o sistema de monitoramento Enfatiza-se a necessidade de atualização da caracterização socioeconômica das comunidades residem e/ou interagem com a Unidade em questão, para que o planejamento das ações do próximo ciclo seja coerente com a realidade encontrada na UC naquele momento. 52 Durante a revisão, deve-se somar à informação do diagnostico todo o conhecimento gerado ao longo da vigência do Plano de Gestão anterior e ainda, incorporar novas informações que por ventura se façam destacadas no momento da revisão, como por exemplo, áreas degradadas, novas espécies, intenções de uso dos recursos naturais, empreendimentos, alteração/ampliação/ mudança de comunidades e forma de uso dos recursos naturais, novas áreas de preservação para proteção de espécies ameaçadas, entre outras. Os valores depositados na missão e visão de futuro inseridos no Plano de Gestão devem ser reafirmados em momento participativo junto aos clientes da Unidade. Como um dos principais resultados, espera-se a revisão do zoneamento e a avaliação da sua aplicabilidade. As regras de uso devem ser novamente pactuadas e revistas em função de novas demandas e/ou investimentos. Os Programas de Gestão serão incrementados em função do resultado do sistema de monitoramento e da realidade atual da reserva em questão. Também as prioridades devem ser reavaliadas e definido o orçamento para sua implementação, assim como os parceiros identificados. Esta fase se dá em oficinas de planejamento participativo com a presença de comunitários, do conselho gestor, do órgão gestor e de outras organizações afins à UC. 53 A participação da sociedade na elaboração dos Planos de Gestão Uma das premissas centrais da política ambiental brasileira e também enfoque prioritário na construção do Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas – PNAP, a participação da sociedade no processo de tomada de decisões significa inclusão social em sentido amplo, como engajamento da sociedade na definição de políticas que interferem no direito do cidadão, na interpretação de patrimônio natural e cultural e na valorização do conhecimento baseado na simbologia local. No Art. 5o da Lei do SEUC (Lei complementar 53, de 2007), aponta a participação efetiva das populações locais e organizações privadas da sociedade na criação, implantação e gestão das unidades de conservação. O artigo 33 desta mesma lei, indica como uma das características obrigatórias dos Planos de Gestão, que em sua elaboração, atualização e implementação, deve ser assegurada a ampla participação popular dos diferentes segmentos sociais, devendo o mesmo ter ampla publicidade em linguagem adequada e acessível a toda a população interessada. É importante salientar que a sociedade tem papel fundamental no planejamento, uma vez que a gestão da unidade será realizada pelo órgão gestor em conjunto com o Conselho Gestor nomeado. Cada um dos momentos do planejamento pressupõe uma forma de participação da sociedade, desde o nível da consulta aos conhecimentos, onde a população é consultada como fonte de informações, até o nível da participação interativa, onde a sociedade beneficiaria é incluída na fase de análise e definição do Plano de Gestão. 54 A seguir, apresentamos as formas de participação da sociedade nas diferentes etapas do planejamento: Diagnóstico da UC: nesta etapa, a sociedade é uma das fontes de informação sobre a área em estudo e seu entorno. O contato dos pesquisadores com a sociedade envolvida com a área deverá favorecer a identificação dos atores sociais que poderão atuar na gestão da unidade e aqueles potenciais para a composição do seu Conselho. Nesta etapa é prevista a realização de reunião com as lideranças locais para informar sobre a elaboração do Plano de Gestão e nivelar conceitos sobre unidades de conservação, conselho gestor e manejo e gestão de áreas protegidas. Outra forma de participação acontece com o acompanhamento das atividades de campo dos pesquisadores pelos moradores locais, como guias, mateiros, piloteiros, etc. Integração e avaliação estratégica das informações: nesta etapa, a sociedade é consultada sobre os problemas/ameaças e oportunidades/potenciais em relação a UC, nas oficinas de integração das informações. O publico alvo nesta etapa são os pesquisadores, membros do conselho, usuários da área, e outros interessados. É também momento de descrever a importância da área nos diferentes contextos (Declaração de Significância), o que ocorre após reuniões com os pesquisadores envolvidos no diagnóstico e/ou pessoas que detenham conhecimento da área em questão. Identificação de estratégias: nesta etapa do planejamento, ocorre a Oficina de Planejamento - OPP (pode ser mais que uma) com a participação dos atores relacionados com a gestão da unidade, como técnicos do órgão ambiental responsável e membros do conselho, assim como moradores, usuários da área, organizações locais e outros interessados, com a finalidade de definir, entre outros elementos, o zoneamento, as regras de uso dos recursos naturais e colher subsídios para elaboração dos programas de gestão. É importante prever a participação das instâncias políticas regionais neste momento, como técnicos das prefeituras, vereadores e pessoas das instituições que atuam na região de influencia da UC, como por exemplo o IDAM. Na maioria das vezes, esta participação é caracterizada como consulta, onde se leva em consideração a opinião dos participantes, mas as decisões finais competem à equipe do planejamento e não aos participantes das oficinas. Ainda assim, pode-se considerar como um processo de construção conjunta de diretrizes para a gestão da Uc nos próximos anos, embasadas na legislação vigente. Dependendo da categoria de manejo da UC em questão e da forma como 55 se conduz a participação, pode ocorrer uma interferência maior da sociedade no resultado final das estratégias de gestão. Vale ressaltar que instituições parceiras da gestão da UC são essenciais nesta etapa do planejamento. Aprovação do Plano de Gestão: neste momento, a sociedade interessada será informada da conclusão do Plano de Gestão e chamada para dar seu parecer a respeito, ou validar o que foi construído. Esta é a fase da consulta publica. Em seguida é a vez do Conselho se manifestar. E, se de fato fizermos um planejamento de forma participativa, com a interação dos diferentes atores nos momentos chave, a validação do Plano de Gestão pelos membros do Conselho é um processo formal e natural. O Conselho Gestor, assim como o órgão responsável pela gestão da UC, deve emitir seu parecer sobre o documento existente, o que normalmente acontece em uma reunião do Conselho, com a presença dos gestores responsáveis. É também a oportunidade de proporcionar um momento solene e de integração entre os responsáveis pela área em questão. Divulgação do Plano de Gestão: após aprovação, o Plano deve ser publicado na integra e também em formato simplificado, de forma que os envolvidos em qualquer uma das etapas do planejamento tenham acesso ao que foi estabelecido e aprovado. É também uma oportunidade de divulgar para o publico em geral as estratégias de gestão para determinada área protegida. A participação da sociedade, neste momento, é apenas como receptora da informação gerada, mas a partir de então, pode interagir com a implementação do que foi planejado e também monitorar a sua implementação. 56 Referências bibliográficas Amazonas, Sistema estadual de Unidades de Conservação. Lei Complementar no 53, 04 de junho de 2007. Amend, S. et al. Planes de Manejo. Conceptos y Propuestas. In: Parques Nacionais e Conservação Ambiental, No. 10. Panamá. 2002. Amend, Stephan; Amend, Thora. La zonificación – elemento clave de los planes de manejo. In: GTZ/UICN (1998): Metodologías participativas para elaboración e implementación de planes de manejo en áreas protegidas, Piñami, Cochabamba (Bolívia). 1998. ANAM. Directrices Técnicas para la Preparación de Planes de Manejo en las Áreas Protegidas. Panamá. 1999. Araujo, M. A. R. 2007. Unidades de conservação no Brasil: da República à gestão de classe mundial. Belo Horizonte: SEGRAC. 272p. Brasil, Sistema Nacional de Unidades de Conservação, Lei Federal Nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Cases, O. Planes de Manejo de Unidades de Conservação”. Aula ministrada no Curso Introdutório de Gestão de Unidades de Conservação. Módulo: Instrumentos de Gestão – Planejamento. Organizado por WWF/IPE. Rio Branco, AC. Novembro, 2004. Cases, O. Elementos participativos en la Elaboración de Planes de Manejo de las Unidades de Conservación de Uso Indirecto de Brasil. Apresentação na Oficina Internacional GTZ-UICN: Metodologías Participativas para Elaboración e Implementación de Planes de Manejo en Áreas Protegidas. Cochabamba/ Bolívia. 1998. Convenção de Ramsar. Nuevos lineamientos para la planificación del manejo de los sitios Ramsar y otros humedales. 2002. Disponível em: http:// www.ramsar.org/key_guide_mgt_new_s.htm. Acesso em: 05/01/04. Eurosite. Manual de Planes de Gestión. 1999. Ferreira, Lourdes M. et al. Roteiro Metodológico para elaboração de plano de manejo para reservas particulares do patrimônio natural. Brasilia, IBAMA. 2004. Gabaldón, Mario. Manual para Formulación de Planes de Manejo en Áreas Protegidas de la Amazonía. Unión Europea/Tratado de Cooperación Amazónica. 1997.. 57 GTZ/Prometo Cerro Hoya. Primer Taller Internacional sobre Planes de Manejo para Áreas Protegidas en América Latina. Conceptos y Desafíos. Isla Taboga, Panamá. 15 a 19 de outubro de 2001. IBAMA. Roteiros metodológicos: Plano de Gestão de uso múltiplo das reservas extrativistas federais. Organizadores: Ecio Rodrigues, Alberto Costa de Paula, Carla Medeiros y Araujo. Brasília: Ibama, 2004. IBAMA. Roteiro Metodológico de Planejamento. Edições IBAMA, 2002. IBAMA. Roteiro Metodológico para o Planejamento de Unidades de Conservação de Uso Indireto. Versão 3.0. Projeto IBAMA/ GTZ. Brasília/ Brasil. 1996. IBAMA. Roteiro Metodológico para Gestão de Áreas de Proteção Ambiental. Edições IBAMA, 1996. Kaplan, R. S. & Norton, A. P. 2008. Execução Premium: a obtenção de vantagem competitiva através do vínculo da estratégia com as operações do negócio. Rio de Janeiro: Elsevier. 323p. Ledec, George. Guidelines for preparing management plans for national parks and other protected areas. Caracas. (Documento apresentado em: Fourth World Congress on National Parks and Protected Areas, Caracas, Venezuela. The World Bank). 1992. Miller, R. Kenton. Planificación de Parques Nacional para el Ecodesarrollo en América Latina. Madrid/España. 1980. Oltremari, Juan V.; Kyran D. Manual para Formulación de Planes de Manejo en Áreas Silvestres Protegidas Privadas. Comisión Nacional del Medio Ambiente. Santiago de Chile. 1999. Pará, 2009. Roteiro Metodológico para elaboração de planos de manejo das Unidades de Conservação estaduais do Pará. Governo do estado do Pará, Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Belém, 2009. Projeto Doces Matas. DIPUC. Diagnóstico Participativo de Unidades de Conservação. Belo Horizonte, IEF/IBAMA. 2002. 58 Schönhuth, M.; Kievelitz, U. Diagnóstico Rural Rápido. Diagnóstico Rural Participativo. Métodos participativos de diagnóstico y planificación em la cooperación al desarrollo. Eschborn, GTZ. 1994. Smith, R. D.; Maltby, E. Using the Ecosystem Approach to Implement the Convention on Biological Diversity: Key Issues and Case Studies. IUCN, Gland, Switzerland and Cambridge, UK. x + 118 pp. 2003.. Thomas, Lee and Middleton, Julie. Guidelines for ManagementPlanning of Protected Areas. IUCN Gland, Switzerland and Cambridge, UK. ix + 79pp. 2003. UICN. Manejo de Áreas Protegidas en los Trópicos. Gland/Suiza. 1990. UNEP/CBD/COP7. Enfoque por ecosistemas. Proyecto de decisión presentado por el Presidente del Grupo de Trabajo I”. Conferência das Partes no Convênio sobre Diversidade Biológica. Sétima reunião. Kuala Lumpur. 2004. UNEP/CBD/COP5. Decisions adopted by The Conference of the Parties to the Convention on Biological Diversity at its Fifth Meeting, Nairobi, 15-26, May. 2000. 59 Anexos ANEXO A: Princípios do enfoque ecossistêmico No enfoque ecossistêmico, os princípios, complementares e mutuamente relacionados, que devem ser tomados conjuntamente, formando um todo, são: 1. Os objetivos da gestão das terras, águas e dos recursos vivos devem ser de decisão da sociedade. 2. A gestão deve ser descentralizada ao nível mais baixo apropriado ao caso. 3. Os gestores que lidam com ecossistemas devem considerar os efeitos (existentes ou possíveis) de suas atividades nos ecossistemas adjacentes e outros. 4. Dados os possíveis benefícios da sua gestão, é necessário compreender os ecossistemas com base no contexto econômico. Nesse sentido, deve-se: reduzir as distorções do mercado que afetam negativamente a diversidade biológica; adotar incentivos que promovam a conservação da natureza e seu uso sustentado; e internalizar custos e benefícios. 5. A conservação da estrutura e do funcionamento dos ecossistemas, no sentido de manter os seus serviços, é um objetivo prioritário do enfoque ecossistêmico. 6. Os ecossistemas devem ser geridos dentro dos parâmetros e dentro do seu funcionamento. 7. O enfoque ecossistêmico deve ser aplicado nas escalas espaciais e temporais adequadas. 60 8. Tendo em consideração as diversas escalas temporais e os efeitos retardados que caracterizam os processos ecológicos, a gestão dos ecossistemas deve se pautar por objetivos em longo prazo. 9. Na gestão, deve-se reconhecer que mudanças são inevitáveis. 10. Deve-se procurar o equilíbrio apropriado entre a conservação e a utilização da natureza (e sua diversidade biológica), além de promover a integração entre elas. 11. Deve-se considerar todos os tipos de informação pertinente e relevante – incluídos os conhecimentos, as inovações e as práticas de comunidades científicas, indígenas e locais. 12. O enfoque ecossistêmico deve envolver todos os setores relevantes da sociedade e todas as disciplinas científicas pertinentes. Para a aplicação desses doze princípios, foram definidas as cinco seguintes diretrizes institucionais: 1. Concentrar o foco nas relações funcionais e nos processos dos ecossistemas. 2. Promover o justo e equitativo acesso aos benefícios advindos das funções da diversidade biológica nos ecossistemas e do uso de seus componentes. 3. Utilizar práticas de gestão flexíveis e adaptativas. 4. Empreender ações de gestão na escala que for mais apropriada ao tema em foco, procurando a descentralização ao nível mais baixo, segundo seja adequado. 5. Assegurar que exista cooperação intersetorial 61 ANEXO B: Integrantes dos Grupos de Trabalho para elaboração da primeira e segunda edição do Roteiro Metodológico para elaboração dos Planos de Gestão das Unidades de Conservação Estaduais do Amazonas Lista dos participantes da 1a Oficina sobre Planos de Gestão para as Unidades de Conservação Estaduais (Manaus, 16 de abril de 2004) 62 NOMES ÓRGÃO/EMPRESA Artemisia Souza Do Valle DPE/CCA Maria Olatz Cases GTZ/PCE Christina Fisher IPAAM/GEGT Lindoneide L. Paredio SEAE/SDS Terezinha Soares SDS/RH Cleuza Olinda Picolli IPAAM/SDS Rita Mesquita SDS/DPE Gustavo Wachtel GTZ Sergio Gonçalves SDS/AF Marcos Roberto Pinheiro FVA Lucimara Do S Caldas Pinto SEDEMA Jarcineide Cardoso IPAAM/GEGT Marcio Amorim MMA/CCA Raquel Carvalho SDS - CI Jorge Luiz Farias Pinto SEDEMA Teofilo Said Neto FLORESTAS DO AM Malvino Salvador FLORESTAS DO AM Domingos Macedo PDBFF-INPA Hueliton Da Silveira Ferreira UFAM - Geografia Jair Sales Ferreira OBJETIVO - Geografia Marcos A R. Araujo Projeto Doces Matas Patrick S Menacho COOMAN Paulo Eduardo Barni UFAM Jonathas Paiva Do Nascimento UFAM Jonas D. Rabelo Junior PCE/CI Participantes do Grupo de Trabalho de revisão do roteiro: • • • • • • • • • Marcia Regina Lederman - GTZ Rômulo Batista - CEUC Guillermo Mosés Estupinán - CEUC Sinomar Ferreira Junior - CEUC Henrique Carlos Santiago - CEUC Carlos Gabriel Koury - IDESAM Yara Camargo – FVA Geise Canalez Goes – CEUC Enrique Salazar - CEUC 63 ANEXO C: Levantamento de estudos pré-existentes 1. Objetivos: • Buscar toda a informação que já existe sobre a área ou suas proximidades • Sistematizar as informações 2. Quadro de identificação de fontes de dados socioambientais Informações socioambientais Autor ou grupo executor Localização do levantamento Tipo de informações Tópicos de informações socioambientais necessárias: Geologia, geomorfologia, hidrografia, clima, vegetação, mamíferos, aves, anfíbios, répteis, peixes, invertebrados, demografia, sócioeconômicos, uso dos recursos. 64 Anexo D: Levantamento dos projetos governamentais para a área e zona de amortecimento 1. Objetivos: • Buscar todos os projetos governamentais para a área e sua zona de amortecimento, tanto os presentes como os futuros. • Sistematizar os projetos. 2. Quadro de identificação dos projetos presentes e futuros Projetos governamentais Localização Agente promotor Objetivo do projeto / Características Impacto na UC ou na Zona de Amortecimento 65 Anexo E: Caracterização dos diferentes atores sociais 1. Objetivos: • Identificar os atores sociais que atuam na região • Caracterizar a atuação de cada um em relação a UC 2. Apresentação matricial das informações: Grupo Atribuições Localiou insti- ou papéis zação tuição (o que fazem?) 66 Quais são seus interesses ou expectativas? Quais são seus potenciais de apoio? (o que podemos esperar deles?) Quais são suas limitações? Observações Anexo F: A Matriz de Sustentabilidade O modelo da Matriz de Sustentabilidade consiste em avaliar continuamente a comunidade em seu processo de desenvolvimento, partindo de uma base de dados levantados junto às famílias. A matriz está organizada em indicadores relacionados à saúde, educação, geração de renda, infraestrutura, indicadores socioeconômicos, atividades produtivas, e no caso das unidades de conservação, também alguns indicadores sobre o grau de participação da comunidade na gestão e implementação da unidade. A matriz permite adaptações a diferentes realidades e conjunturas sociais. Atualmente, a matriz de sustentabilidade está estruturada em mais de 30 indicadores diferentes. Para cada indicador são atribuídos 4 níveis de atendimento/execução, que variam de um estado crítico até a situação desejada (Figura 4). Por meio da aplicação da matriz com a assistência de uma equipe de técnicos, durante reuniões com a presença de lideranças e chefes de famílias da comunidade alvo, é obtido então um diagnóstico rápido do estado atual da comunidade em questão. 67 Figura 4 – Esquema conceitual da Matriz de Sustentabilidade mostrando os níveis em grau de cores e o sentido de ações buscando a sustentabilidade. (Fonte: http://www.gasodutocoarimanaus.am.gov.br). Nas reuniões são discutidos assuntos relacionados à infraestrutura da comunidade, saúde, organização comunitária e geração de renda. Para cada assunto é dada uma “pontuação” que indica a situação atual associada a cores, auxiliando na sua compreensão mesmo para aqueles com dificuldade de ler. O objetivo é detectar a situação atual, mas no processo de responder, surgem também discussões sobre os níveis superiores que podem ser alcançados. Assim, a matriz permite identificar prioridades da comunidade quanto à melhoria de sua qualidade de vida, realizada de forma coletiva e muito participativa. Ela também permite um acompanhamento do progresso da comunidade no tempo, por comparação entre matrizes preenchidas em diferentes momentos, na mesma comunidade. Entende-se que a aplicação da matriz funciona como um catalisador para um processo educacional e organizacional da comunidade, podendo auxiliá-los num processo de condução a situações mais desejáveis. Tabela: Exemplo de indicadores e seus diferentes níveis. 68 Indicador Nivel 1 = Critico Nivel 2 = Regular Nivel 3 = Bom Nivel 4 = Desejável Habitação Precário (chão batido, paxiúba, paredes incompletas com plástico ou lona, um cômodo mais cozinha) Com melhoria (Parede de palha/paxiúba, telhado de palha, piso de madeira) Nível 3: Regionalizado (duas divisões, parede de madeira, telhado de palha) Nível 4: 3 cômodos, paredes de madeira, telhado de zinco ou palha, banheiro com fossa, piso de madeira ou cimento; Regularização fundiária Nível 1: sem cadastro Nível 2: Cadastro declaratório já iniciado (em trâmite) visita de um técnico do INCRA ou ITEAM na área e preenchimento de laudo de vistoria; Nível 3: Situação fundiária definida (título definitivo, são conhecidos perímetros, área, APP, etc.) Nível 4: CDRU entregue Segurança alimentar Nível 1: Passa fome em épocas do ano; Nível 2: 3 refeições por dia durante o ano; Nível 3: frutas, verduras; Nível 4: frutas, verduras, minerais, verduras, proteína, carboidrato Organização Social Nível 1: quando a comunidade não se reúne pra nada; Nível 2: quando a comunidade se reúne com vários objetivos: esporte, igreja, comunidade; Nível 3: A comunidade faz parte de uma associação formal com CNPJ. Várias comunidades podem participar da mesma associação. Nível 4: Organizações com poderes jurídicos, tem poder político, fazem parte de conselhos locais 69 Anexo G - Visita a Unidade de Conservação 1. Objetivos: • Realizar o reconhecimento in loco da área • Levantar as particularidades e as informações necessários • Identificar e caracterizar de forma preliminar os problemas socioambientais da área • Identificar in loco de forma preliminar a zona de amortecimento. 2. Tabela para verificação dos problemas socioambientais na visita de campo Problemas sócioambientais Erosão Compactação do solo Presença de espécies exóticas Superpopulação de espécies nativas Lixo Poeira sobre a vegetação Poluição sonora Cursos de água com barragens 70 Mata de galeria ausente Assoreamento Danos mecânicos nos leitos dos rios Localização (referência ou ponto do GPS) Importância e/ou intensidade Possíveis fatores causais Possíveis efeitos Possíveis agentes causais Descarga de esgoto Vazamento de óleo Evidência de cursos de água contaminados Queimadas Invasões Importância: Grande, média ou pequena. Intensidade: Alta, média ou baixa. 3. Observações durante o reconhecimento de campo: - Facilidades de acesso? - Existência de infraestrutura de apoio? - Limites com marcos físicos ou cerca? - Áreas estratégicas para corredores fora da UC? - Nascentes fora ou dentro da UC? - Outras UCs na mesma região? Que categorias? Órgão gestor? - Outros 71