Biocombustíveis e o melhoramento de plantas A redução das emissões dos gases que causam o efeito estufa, em particular o CO2, a diversificação das fontes de energia para fornecimento de combustíveis, o desenvolvimento rural e o desejo de uma maior segurança energética e garantia de autosuficiência têm motivado os países a promover a produção e a utilização dos biocombustíveis, considerando-os, também, o meio mais eficaz de se reduzir as emissões associadas ao setor de transportes. O Brasil, por suas condições naturais favoráveis, apresenta vocação para a produção de biocombustíveis, além de deter tecnologias de campo e industriais competitivas. A expansão da produção destas fontes energéticas no país é considerada uma oportunidade de desenvolvimento socioeconômico nacional com impactos particularmente favoráveis nas áreas rurais. Produzidos a partir de fontes renováveis, o etanol e o biodiesel, são os principais biocombustíveis utilizados no Brasil. O país é o segundo maior produtor de etanol do mundo perdendo apenas para os Estados Unidos que utiliza o milho como matéria prima principal. No entanto, o etanol brasileiro gerado a partir da cana-deaçúcar tem menor custo de produção e maior rendimento em litros por hectare. O Brasil também é destaque na produção de biodiesel sendo o quarto maior produtor. Após o lançamento em 2004 do programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) do governo federal a produção de biodiesel foi incentivada em todas as regiões do país utilizando diferentes matérias-primas como a mamona, soja, pinhão manso e algodão entre outras. Desde o lançamento do programa, pesquisas com novas oleaginosas e processos tecnológicos que minimizem custos de produção vêm sendo realizados. Alguns aspectos da cadeia produtiva de biocombustíveis são considerados ainda gargalos para sua expansão, principalmente, a falta de segurança do fornecimento de matéria-prima devido à volatilidade da produção (ex. variações climáticas e sazonais), o baixo rendimento de determinadas tecnologias disponíveis e a concorrência com fontes energéticas não renováveis e matérias-primas do setor de alimentos. Diante destes desafios, torna-se essencial desenvolver tecnologias que tornem a produção de biocombustíveis sustentável e competitiva economicamente. Entre essas tecnologias, ganha destaque o melhoramento genético, responsável por desenvolver cultivares genotipicamente superiores, possibilitando uma produção agrícola eficiente e consequente sucesso dos biocombustíveis (DIAS, 2011). No Brasil, as principais culturas empregadas atualmente na produção de biocombustíveis são a cana-de-açúcar e a soja, utilizadas na produção de etanol e biodiesel, respectivamente. O sucesso da produção destas culturas se deve em grande parte ao melhoramento de plantas. Os avanços alcançados pelos programas de melhoramento genético de cana-de-açúcar no país têm sido significativos com um incremento de produtividade de cerca de 30% em 30 anos (CARVALHO; FURTADO, 2013). Por sua vez, a produção de soja cresceu 12 vezes em quatro décadas (RAMALHO et al., 2010). Além disso, as novas cultivares tem proporcionado um ganho genético significativo de cerca 1,38% ao ano (EMBRAPA, 2013). Mara Jane da Rocha [email protected] Referências Bibliográficas CARVALHO, S. A. D.; FURTADO, A. T. O melhoramento genético de cana-de-açúcar no Brasil e o desafio das mudanças climáticas globais. Revista Gestão & Conexões, 2(1), 22-46, 2013. DIAS, L. A. S. Biofuel plant species and the contribution of genetic Improvement. Crop Breeding and Applied Biotechnology, S1: 16-26, 2011. EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Tecnologias de produção de soja – Região Central do Brasil 2014 – Londrina: Embrapa Soja, 2013. 265p. (Sistemas de Produção / Embrapa Soja, ISSN 2176- 2902; n.16). RAMALHO, M. A. P. et al. Competências em melhoramento genético de plantas no Brasil.Viçosa: ARKA, 2010. 104p.