REDE AMAZÔNICA DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA – REAMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA - PPGECEM UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT EMERSON DA SILVA RIBEIRO ESTADO DA ARTE DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DE JOVENS E ADULTOS: UM ESTUDO DAS TESES E DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS NO BRASIL NA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI Cuiabá – MT Dezembro de 2014 REDE AMAZÔNICA DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA – REAMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA – PPGECEM UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT EMERSON DA SILVA RIBEIRO ESTADO DA ARTE DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DE JOVENS E ADULTOS: UM ESTUDO DAS TESES E DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS NO BRASIL NA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática (PPGECEM), da Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática (REAMEC), polo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), na Linha de Pesquisa Formação de Professores para a Educação em Ciências e Matemática. Orientadora: Dra. Marta Maria Pontin Darsie Cuiabá – MT Dezembro de 2014 EMERSON DA SILVA RIBEIRO ESTADO DA ARTE DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DE JOVENS E ADULTOS: UM ESTUDO DAS TESES E DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS NO BRASIL NA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI Este exemplar corresponde à versão final da Tese de Doutorado de Emerson da Silva Ribeiro submetida ao Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática (PPGECEM), da Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática (REAMEC), polo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), na Linha de Pesquisa Formação de Professores para a Educação em Ciências e Matemática, defendida e aprovada, em 08 de dezembro de 2014, em Cuiabá, pela Banca Examinadora composta pelos professores doutores: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca (UFMG) e Marisol Vieira Melo (UFFS) – Examinadoras Externas; Dario Fiorentini (UNICAMP) e Gladys Denise Wielewski (UFMT) – Examinadores Internos; e Marta Maria Pontin Darsie (UFMT) – Orientadora. DEDICATÓRIA Aos meus pais, Cícero José Ribeiro e Maria de Fátima da Silva, pelo exemplo e lições de vida, e por terem feito de mim quem eu sou. A vocês: devo, partilho e dedico todas as minhas conquistas. À minha esposa, Renata Gonçalves Aguiar, pelo amor, companheirismo, incentivo, compreensão, e por tudo o que representa em minha vida. À minha filha, Natália Aguiar Ribeiro, personificação da ternura e magnitude de Deus em minha vida. Obrigado Senhor por ter me proporcionado tê-los sempre comigo. AGRADECIMENTOS Muitos foram aqueles que contribuíram, ao seu modo, com a realização deste trabalho, e por isso, meus sinceros agradecimentos a cada um deles, reconhecendo que as palavras podem ser poucas e insuficientes para traduzir o real valor de minha gratidão. Em especial... A Deus, pelo dom da vida, por ser fonte de inspiração e força vital para superarmos as dificuldades e aprendermos com elas. Aos meus pais, Cícero José Ribeiro e Maria de Fátima da Silva, pelos ensinamentos que me legaram, pelas conquistas que me proporcionaram e por ser quem são. Sem vocês, nada seria possível. Minha sublime gratidão. Amo muito vocês! À minha esposa, Renata Gonçalves Aguiar, por fazer e ser parte de mim, pelo amor e dedicação, e pela felicidade de me proporcionar ser pai, me presenteando com a graça Divina de dois filhos: nossa querida Natália, e o nosso anjinho Gabriel, que cresce em seu ventre. Te amo e te agradeço muito! À minha filha, Natália Aguiar Ribeiro, pela doçura das palavras ao dizer que me ama, pelo abraço meigo e revigorante, e pela compreensão nas tantas vezes em que eu estive ausente, adiando o seu mamar, pedindo para me deixar trabalhar, e por não ter tido mais tempo para brincar. Minha gratidão e desculpa. Eu te amo até a lua: ida e volta! Ao meu filho, Gabriel Aguiar Ribeiro, pela sua presença entre nós e por encher de alegria nossas vidas com a notícia de sua vinda daqui a alguns meses. O papai dedicará o tempo que mereces e que não te foi dedicado. Sem “conhecê-lo”, já o amo. À minha eterna orientadora, Professora Dra. Marta Maria Pontin Darsie, pela generosidade de sua orientação e ensinamentos no desenvolvimento deste trabalho, pela valiosa contribuição para a minha formação acadêmico-profissional, por mais essa oportunidade e por confiar em mim. Por coordenar e se empenhar na concretização da nossa REAMEC, oportunizando a tantos de nós, “reamequianos”, nos qualificar e fortalecer a Educação em Ciências e Matemática nesse mundo chamado Amazônia. Me orgulho de ser seu primeiro orientado de doutorado, e espero ter correspondido à altura. Serei eternamente grato à senhora. Muito, muito, muito obrigado! À Professora Dra. Gladys Denise Wielewski, pela simplicidade e bondade com que sempre me atendeu desde o mestrado, pelas contribuições para o desenvolvimento deste trabalho, mesmo antes de fazer parte da banca, pelas suas aulas e por ajudar a REMEC a efetivamente se consolidar. Ao Professor Dr. Dario Fiorentini, e às Professoras Dra. Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca e Dra. Marisol Vieira Melo, pela leitura respeitosa e criteriosa, e pelas sugestões que contribuíram para a realização deste trabalho, e também pelas suas pesquisas e seus escritos, os quais foram imprescindíveis para a conclusão deste estudo. À Professora Dra. Anna Regina Lanner de Moura, pelos apontamentos que contribuíram com o desenvolvimento deste trabalho, quando participou da avaliação do mesmo em uma disciplina do Doutorado e quando compôs a banca na qualificação. Aos autores-pesquisadores das dissertações e teses que compuseram o material de análise deste estudo, cujas pesquisas foram indispensáveis para a realização do mesmo. Aos meus irmãos, Everton e Viviane da Silva Ribeiro, pela alegria de sermos uma família, e por torcerem e me apoiarem onde quer que estejamos. À minha sogra, Maria Bernadete Veras Aguiar, pelo carinho e incentivo, e pela leitura cuidadosa na revisão ortográfica e gramatical do texto deste estudo. À família Franco Borges, representada pelos eternos amigos e futuros compadres, João Batista e Delciene, além das suas filhas Amanda e Camila, e ao Sirlei. Obrigado pela constante dedicação e por abrirem as portas de sua casa com a alegria de sempre receber a mim e a minha família. Passamos um momento difícil, mas muitos foram os outros momentos capazes de superar esse e consolidar ainda mais nossa amizade. Aos meus parceiros de jornada nessa caminhada do doutorado, Marlos Gomes de Albuquerque e Kécio Gonçalves Leite, que juntos no desbravamento da Amazônia, e nas muitas horas e dias de estudos e de viagens, tornaram-se meus amigos. Aos meus sobrinhos, Pedro Henrique Pimentel Ribeiro, Arthur Schultz da Silveira Aguiar e Kaique Ribeiro Marques, e às minhas afilhadas, Camila e Fernanda Fernandes Cruz, pelos momentos de alegrias e de retorno à infância, demonstrando o quanto é belo e prazeroso apreciarmos o sorriso doce e sincero de uma criança. À Olga Crupe Dias, pelos cuidados e dedicação à minha família, por sempre se lembrar de me trazer um lanchinho no final da tarde após horas de estudos, e por suprir, em certos momentos, a minha ausência junto à minha filha. A tantas outras pessoas que compartilharam da sua presença e me incentivaram ao longo da realização deste trabalho, entre eles, meu tio José Lourenço da Silva Filho; meus cunhados Leonardo José Gonçalves Aguiar, Crislayne Pimentel Chaves e Emanuelle de Lima Aguiar; aos meus compadres Kátia Fernandes Mota Cruz e Antônio da Cruz; e ao meu sogro José Gonçalves Lima. Aos meus colegas do Departamento de Matemática e Estatística da Universidade Federal de Rondônia, Campus de Ji-Paraná, pelo incentivo e por apoiarem meu afastamento das atividades acadêmicas. Em especial, meus professores na época da graduação e hoje colegas de departamento: Ariveltom Cosme da Silva, Reginaldo Tudeia dos Santos, Lenilson Sergio Candido e Fernando Luiz Cardoso. Sem me esquecer da Professora Aparecida Augusta da Silva, quem primeiro me incentivou a enveredar pela Educação Matemática e a seguir o caminho da pós-graduação stricto sensu; e também à minha colega de departamento, parceira de estudos e amiga, Eliana Alves Pereira Leite. A todos os professores e professoras da REAMEC, por terem contribuído com nosso processo de formação e fazer existir essa Rede; e aos colegas “reamequianos”, em especial, os do polo UFMT, pelo convívio e pelas trocas de experiências. À colega Ana Fanny, pela disponibilidade em fazer chegar este trabalho às mãos dos professores Dario e Anna Regina; e à colega Margarita Maria Dueñas Orozco, pela tradução do resumo em português para o espanhol. Enfim, a todos os outros amigos, conhecidos ou desconhecidos, virtuais ou presenciais, pela interação positiva e cota de participação intelectual e/ou afetiva na realização deste trabalho. RESUMO RIBEIRO, Emerson da Silva. Estado da arte da pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos: um estudo das teses e dissertações defendidas no Brasil na primeira década do século XXI. 2014. 330f. Tese (Doutorado em Educação em Ciências e Matemática) – Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá. Este trabalho tem como objetivo mapear, analisar e descrever tendências temáticas e metodológicas da pesquisa brasileira no contexto da Educação Matemática de Jovens e Adultos, bem como suas contribuições e implicações para as práticas educativas e para a pesquisa nesse contexto. Em termos de aportes teóricos, ressaltamos sua sustentação em autores que se dedicam aos estudos sobre Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Educação Matemática, e mesmo sobre Educação Matemática de Jovens Adultos. Metodologicamente, o admitimos como sendo uma pesquisa do tipo estado da arte e como uma investigação de abordagem qualitativa, tendo como material de análise dez teses e 111 dissertações relacionando e articulando Educação Matemática e EJA como objeto de estudo, defendidas no Brasil, no período de 2001 a 2010, encontradas a partir dos seus resumos disponibilizados pelo Banco de Teses da CAPES e disponíveis no Portal Domínio Público, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações e bibliotecas de programas brasileiros de pós-graduação. Para a análise desse material assumimos o caráter essencialmente interpretativo e a análise de conteúdo, adotando categorias de análise não definidas a priori, organizadas em sete temas e seus respectivos subtemas, emergentes do foco/objeto de estudo principal de 117 (dez teses e 107 dissertações) das 121 pesquisas levantadas neste trabalho, uma vez que não foram encontradas quatro das 111 dissertações: Concepções/Significados/Percepções (14); Currículo de Matemática na EJA (9); Didática/Metodologia de Ensino (28); Etnomatemática (7); Formação/Atuação de Professores (13); Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA (26); e Psicologia da Educação Matemática (20). Entre as considerações deste trabalho, concluímos que as pesquisas no campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos demonstram ter crescido ao longo da primeira década do século XXI, embora como resultado de iniciativas aparentemente isoladas e desarticuladas. Essas pesquisas trazem à tona, entre suas contribuições e implicações, a reafirmação e o resgate de aspectos pertinentes ao processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA, salientados e apontados por teóricos e estudiosos das áreas de Educação Matemática e EJA, incluindo as Diretrizes Curriculares Nacionais para essa modalidade, além de acrescentarem diversos outros elementos importantes à consolidação e ressignificação de práticas pedagógicas, e à formação de professores, em condições de atender as especificidades e demandas da EJA. Essas pesquisas reforçam ainda a importância desse campo, e ressaltam a necessidade de novos estudos e a continuidade e aprofundamento das investigações realizadas, visando à produção de conhecimentos que possibilitem aos educadores e professores que ensinam Matemática na EJA realizarem seu trabalho pedagógico no atendimento às características socioculturais dos educandos jovens e adultos. Palavras-chave: Educação Matemática; Educação de Jovens e Adultos (EJA); Estado da Arte. ABSTRACT RIBEIRO, Emerson da Silva. State of the art research in Mathematics Education of Youth and Adults: a study of the theses and dissertations defended in Brazil in the first decade of the XXI century. 2014. 330p. Thesis (Doctorate in Education in Science and Mathematics) – Amazon Network of the Education in Science and Mathematics, Federal University of Mato Grosso, Cuiabá. This study aims to map, analyze and describe thematic and methodological tendencies of the brazilian research in the context of the Mathematics Education of Youth and Adults, as well as their contributions and implications for educational practices and research in this context. In terms of theoretical support, we emphasize his sustain in authors who are dedicated to studies on Education of Youth and Adults (EJA) and Mathematics Education, and even on Mathematics Education of Youth and Adults. Methodologically, admit it as a research of the type state of the art and as an investigation of qualitative approach, having as material of analysis ten theses and 111 dissertations relating and articulating Mathematics Education and EJA as object of study, defended in Brazil, in the period of 2001-2010, found from the his abstracts provided by the Bank of Thesis of the CAPES and available in Portal Public Domain, Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations and libraries of brazilian programs of postgraduate. For the analysis of this material assume the essentially interpretative character and content analysis, adopting categories of analysis not defined a priori, organized into seven themes and their respective sub-themes, emerging of the main focus/object of study of 117 (ten theses and 107 dissertations) of 121 research raised in this work, since there no were found four of the 111 dissertations: Conceptions/Meanings/Perceptions (14); Curriculum of Mathematics in EJA (9); Didacticism/ Methodology of Teaching (28); Ethnomatematics (7); Formation/Acting of Teachers (13); Mathematical Practices of Students of the EJA (26); and Psychology of Mathematics Education (20). Among the considerations of this work, come to the conclusion that researches in the field of Mathematics Education of Youth and Adults demonstrate to have grown throughout the first decade of the XXI century, although as a result of initiatives seemingly isolated and unarticulated. These researches bring to the fore, between their contributions and implications, reaffirmation and rescue of relevant aspects of the teachinglearning of Mathematics in EJA, highlighted and pointed by theorists and scholars from the fields of Mathematics Education and EJA, including the National Curriculum Guidelines for this modality, besides may add several other important elements for the consolidation and resignificance of pedagogical practices, and for the teacher training, able to fit the specificities and demands of the EJA. These researches also reinforce the importance of this field, and highlight the need of new studies and the continuation and deepening of investigations performed, aimed at producing knowledge that enable educators and teachers who teach mathematics at EJA realize their pedagogical work in attendance the socio-cultural characteristics of the learners young and adults. Keywords: Mathematics Education; Education for Youth and Adults (EJA); State of the Art. RESUMEN RIBEIRO, Emerson da Silva. Estado del arte de la investigación en Educación Matemática de Jóvenes y Adultos: un estudio de las tesis y disertaciones sustentadas en Brasil en la primera década del siglo XXI. 2014. 330p. Tesis (Doctorado en Educación en Ciencias y Matemáticas) – Red Amazónica de la Educación en Ciencias y Matemáticas, Universidad Federal de Mato Grosso, Cuiabá. Este estudio tiene como objetivo mapear, analizar y describir las tendencias temáticas y metodológicas de la investigación brasileña en el contexto de la Educación Matemática de Jóvenes y Adultos, así como sus contribuciones e implicaciones para las prácticas educativas y de investigación en este contexto. En términos de aportes teóricos, este trabajo tiene base en autores que se dedican a los estudios sobre Educación de Jóvenes y Adultos (EJA) y Educación Matemática, e incluso en Educación Matemática de Jóvenes Adultos. Metodológicamente, la presente investigación es del tipo estado del arte, con una abordaje cualitativa, que tiene como material de análisis diez tesis y 111 disertaciones vinculando y articulando Educación Matemática y EJA como objeto de estudio, sustentadas en Brasil, en el período 2001-2010, encontradas a través de sus resúmenes proporcionados por el Banco de tesis de la CAPES y disponible en Portal Dominio Público, Biblioteca Digital Brasileña de Tesis y Disertaciones y bibliotecas de programas brasileños de postgrado. Para el análisis de este material se asumió un carácter esencialmente interpretativo y análisis de contenido, adopción de categorías de análisis no definida a priori, organizadas en siete temas y sus respectivos subtemas, emergiendo de la principal enfoque/objeto de estudio de 117 (diez tesis y 107 disertaciones) de 121 investigación planteada en este trabajo, ya que no se encontraron cuatro de las 111 disertaciones: Concepciones/Significados/Percepciones (14); Currículo de Matemáticas en EJA (9); Didáctica/Metodología de la Enseñanza (28); Etnomatemática (7); Formación/ Actuación del Personal Docente (13); Prácticas Matemáticas de Estudiantes de la EJA (26); y Psicología de la Educación Matemática (20). Entre las consideraciones de este trabajo, llegamos a la conclusión de que las investigaciones en el campo de la Educación Matemática de Jóvenes y Adultos demuestran que han crecido a lo largo de la primera década del siglo XXI, pero como resultado de iniciativas aparentemente aisladas y desarticuladas. Estas investigaciones reflejan, entre sus contribuciones e implicaciones, la reafirmación y el rescate de los aspectos relevantes del proceso de enseñanza-aprendizaje de las Matemáticas en la EJA, resaltados y señalados por los teóricos y estudiosos de los campos de la Educación Matemática y EJA, incluidas las Directrices Curriculares Nacionales para esta modalidad, además pueden añadir varios otros elementos importantes para la consolidación y el replanteamiento de las prácticas pedagógicas, y para la formación de profesores, capaz de adaptarse a las características y demandas de la EJA. Estas investigaciones también refuerzan la importancia de este campo, y resaltan la necesidad de nuevos estudios y la continuidad y profundización de las investigaciones realizadas, con el objetivo de producir conocimientos que permitan a los educadores y maestros que enseñan matemáticas en EJA realizar su trabajo pedagógico para atender las características socioculturales de los alumnos jóvenes y adultos. Palabras-clave: Educación Matemática; Educación de Jóvenes y Adultos (EJA); Estado del Arte. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Sistema de Busca de Resumos do Banco de Teses da CAPES (último acesso em jan. 2013) ................................................................................. 074 Figura 2: Mapa da distribuição geográfica de teses/dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no Brasil por Região – 2001-2010 ........ 099 Figura 3: Formulário do Microsoft Acess de Cadastro de Dados da Tese de Fonseca (2001) .......................................................................................... 255 Figura 4: Formulário do Microsoft Acess de Cadastro de Dados da Dissertação de Simões (2010) ............................................................................................ 255 Figura 5: Tabela Parcial do Microsoft Acess de Fichamento das Teses e Dissertações ............................................................................................... 256 Figura 6: Tabela Parcial do Microsoft Acess de Autoria das Teses e Dissertações .. 256 Figura 7: Relatório do Microsoft Acess de Teses e Dissertações por Autor e Instituição de 2001 a 2003 ......................................................................... 257 Figura 8: Relatório Parcial do Microsoft Acess de Regiões do Brasil e Suas IES com Teses e Dissertações .......................................................................... 257 LISTA DE QUADROS E DE TABELAS Quadro 1 – Estados da arte publicados na série Estado do Conhecimento ............. 062 Quadro 2 – Publicação de estados da arte na área da Educação ............................... 062 Quadro 3 – Exemplos de estado da arte em Educação Matemática .......................... 065 Quadro 4 – Estudos sobre educação matemática na EJA levantados por Cukierkorn (2002) ..................................................................................................... 066 Quadro 5 – Exemplos de estado da arte sobre a EJA ................................................ 067 Quadro 6 – Teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos (2001-2010) ............................................................................................ 075 Tabela 1 – Distribuição da produção de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no Brasil (2001-2010) ........................ 096 Tabela 2 – Distribuição da produção de teses/dissertações em Educação Matemática e EJA no Brasil (2001-2010) ............................................... 098 Tabela 3 – Produção de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no Brasil por Região e Estado (2001-2010) ............................... 101 Tabela 4 – Distribuição da produção de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no Brasil por IES (2001-2010) ........... 103 Tabela 5 – Produção de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no Brasil por Programa de Pós-Graduação (2001-2010) ............ 107 Tabela 6 – Produção de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no Brasil segundo seus principais orientadores (2001-2010) ..... 110 Quadro 7 – Distribuição das teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no Brasil por tema/subtemas (2001-2010) ................. 115 Quadro 8 – Pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos segundo o tema “Concepções/Significados/Percepções” ........................................ 117 Quadro 9 – Pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos segundo o tema “Currículo de Matemática na EJA” ............................................... 132 Quadro 10 – Pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos segundo o tema “Didática/Metodologia de Ensino” .............................................. 143 Quadro 11 – Pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos segundo o tema “Etnomatemática” ........................................................................ 167 Quadro 12 – Pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos segundo o tema “Formação/Atuação de Professores” ........................................... 177 Quadro 13 – Pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos segundo o tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA” ............................ 194 Quadro 14 – Pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos segundo o tema “Psicologia da Educação Matemática” ........................................ 217 Quadro 15 – Tese e dissertações de Estado da Arte em Educação Matemática (2000-2010) .......................................................................................... 329 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ANPEd ABC APAE BDTD CAPES CBE CEAA CEAAL CEDI CEFET CEMPEM CEREJA CES COMPED CONFINTEA CNPq CREFAL CUT DA DP DCNs Dout. EBRAPEM EJA ENEJA ENEM EPJA FACIPAL Fundação Educar FUNDEB FUNDEF GT IES IFES INCRA INEP Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação Ação Básica Cristã Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Conferência Brasileira de Educação Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos Consejo de Educación Popular de América Latina y el Caribe Centro Ecumênico de Documentação e Informação Centro Federal de Educação Tecnológica Centro de Estudos, Memória e Pesquisa em Educação Matemática Centro de Referência em Educação de Jovens e Adultos Centros de Ensino Supletivo Comitê dos Produtores de Informação Educacional Conferência Internacional sobre Educação de Adultos Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Centro de Cooperación Regional para la Educación de Adultos en América Latina y el Caribe Central Única dos Trabalhadores Dissertação Acadêmica Dissertação Profissional Diretrizes Curriculares Nacionais Doutorado Encontro Brasileiro de Estudantes de Pós-Graduação em Educação Matemática Educação de Jovens e Adultos Encontro Nacional de Educação de Jovens e Adultos Encontro Nacional de Educação Matemática Educación de Personas Jóvenes y Adultas Faculdades Integradas de Palmas Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério Grupo de Trabalho Instituições de Ensino Superior Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira LDBEN ou LDB MEC Mest. Acad. Mest. Profis. MOBRAL NCTM OREALC PBA PCNs PEI PNLD-EJA PPGECEM PROEJA PROJOVEM PRONERA PUC/MG PUC/RS PUC/SP Quant. REAMEC REDUC SBPC SECAD SECADI SESC SESI SINTRICOM/JP T TICs UCB UEM UFBA UFES UFF UFG UFJF UFMG UFMT UFOP UFPA UFPB UFPE UFPR Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Ministério da Educação Mestrado Acadêmico Mestrado Profissional Movimento Brasileiro de Alfabetização National Council of Teachers of Mathematics Oficina Regional de Educación para a América Latina y el Caribe Programa Brasil Alfabetizado Parâmetros Curriculares Nacionais Programa de Educação Integrada Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos Programa Nacional de Inclusão de Jovens Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária do INCRA Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Quantidade Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática Rede Latino-Americana de Informação e Documento em Educação Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão Serviço Social do Comércio Serviço Social da Indústria Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e do Mobiliário de João Pessoa/PB Tese Tecnologias de Informação e Comunicação Universidade Católica de Brasília Universidade Estadual de Maringá Universidade Federal da Bahia Universidade Federal do Espírito Santo Universidade Federal Fluminense Universidade Federal de Goiás Universidade Federal de Juiz de Fora Universidade Federal de Minas Gerais Universidade Federal de Mato Grosso Universidade Federal de Ouro Preto Universidade Federal do Pará Universidade Federal da Paraíba Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal do Paraná UFRGS UFRJ UFRN UFRPE UFRRJ UFSC UFSCar UFSM ULBRA UnB UnC UNEB UNESC UNESCO UNESP/Bauru UNESP/Rio Claro UNICAMP UNICSUL UNIFRA UNIJUÍ UNISINOS UNISO UNIUBE UNIVALI UNOESTE UPF USF USP Universidade Federal do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio Grande do Norte Universidade Federal Rural de Pernambuco Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Universidade Federal de Santa Catarina Universidade Federal de São Carlos Universidade Federal de Santa Maria Universidade Luterana do Brasil Universidade de Brasília Universidade do Contestado Universidade do Estado da Bahia Universidade do Extremo Sul Catarinense Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Bauru Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Rio Claro Universidade Estadual de Campinas Universidade Cruzeiro do Sul Centro Universitário Franciscano Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Universidade do Vale do Rio dos Sinos Universidade de Sorocaba Universidade de Uberaba Universidade do Vale do Itajaí Universidade do Oeste Paulista Universidade de Passo Fundo Universidade São Francisco Universidade de São Paulo SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................... CAPÍTULO I – EJA E EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: EM BUSCA DE UM SIGNIFICADO PARA A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DE JOVENS E ADULTOS .................................................................. 1.1 – EJA: Breve Histórico e Concepções no Brasil ......................................... 1.1.1 – Da educação catequista à educação como política nacional ........ 1.1.2 – Da educação popular à emergência de um novo paradigma pedagógico ................................................................................... 1.1.3 – Da educação supletiva à educação entendida com uma pluralidade de conceitos .............................................................. 1.1.4 – Da educação como direito à educação multicultural e continuada 1.1.5 – Da instituição das DCNs à ampliação das políticas públicas educacionais ................................................................................ 1.2 – Da Educação Matemática à Educação Matemática de Jovens e Adultos . 018 025 025 026 027 030 032 035 038 CAPÍTULO II – AS PESQUISAS DENOMINADAS DE ESTADO DA ARTE .... 2.1 – Definições, Características e Possibilidades ............................................. 2.2 – As Pesquisas de Estado da Arte no Cenário Educacional Brasileiro: alguns estudos em Educação Matemática e EJA ...................................... 054 054 CAPÍTULO III – METODOLOGIA DA PESQUISA .............................................. 3.1 – Definição Metodológica ........................................................................... 3.2 – Da Delimitação do Período e Seleção de Documentos ............................. 3.3 – Procedimentos de Coleta e Análise de Dados .......................................... 070 070 071 073 CAPÍTULO IV – PANORAMA DAS TESES E DISSERTAÇÕES EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DE JOVENS E ADULTOS DEFENDIDAS NO BRASIL NA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI .............................................................................. 4.1 – Autoria das Pesquisas ............................................................................... 4.2 – Distribuição Temporal das Pesquisas ....................................................... 4.3 – Distribuição Geográfica das Pesquisas ..................................................... 4.4 – Instituições de Ensino Superior (IES) Produtoras das Pesquisas ............. 4.5 – Programas de Pós-Graduação Produtores das Pesquisas .......................... 4.6 – Orientação das Pesquisas .......................................................................... 4.7 – Banca Examinadora das Pesquisas ........................................................... 087 087 095 099 102 106 109 112 CAPÍTULO V – CONTRIBUIÇÕES E IMPLICAÇÕES DAS TESES E DISSERTAÇÕES, DEFENDIDAS NO BRASIL NA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI, PARA AS PRÁTICAS EDUCATIVAS E PARA A PESQUISA NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DE JOVENS E ADULTOS .................................................................................... 114 060 5.1 – Concepções/Significados/Percepções ....................................................... 5.1.1 – Principais problemas e/ou objetivos abordados pelas pesquisas .. 5.1.2 – Referenciais teóricos e procedimentos metodológicos das pesquisas ...................................................................................... 5.1.3 – Principais resultados e conclusões explicitados pelas pesquisas .. 5.1.4 – Contribuições e implicações das pesquisas .................................. 5.2 – Currículo de Matemática na EJA .............................................................. 5.2.1 – Principais problemas e/ou objetivos abordados pelas pesquisas .. 5.2.2 – Referenciais teóricos e procedimentos metodológicos das pesquisas ...................................................................................... 5.2.3 – Principais resultados e conclusões explicitados pelas pesquisas .. 5.2.4 – Contribuições e implicações das pesquisas .................................. 5.3 – Didática/Metodologia de Ensino .............................................................. 5.3.1 – Principais problemas e/ou objetivos abordados pelas pesquisas .. 5.3.2 – Referenciais teóricos e procedimentos metodológicos das pesquisas ...................................................................................... 5.3.3 – Principais resultados e conclusões explicitados pelas pesquisas .. 5.3.4 – Contribuições e implicações das pesquisas .................................. 5.4 – Etnomatemática ........................................................................................ 5.4.1 – Principais problemas e/ou objetivos abordados pelas pesquisas .. 5.4.2 – Referenciais teóricos e procedimentos metodológicos das pesquisas ...................................................................................... 5.4.3 – Principais resultados e conclusões explicitados pelas pesquisas .. 5.4.4 – Contribuições e implicações das pesquisas .................................. 5.5 – Formação/Atuação de Professores ............................................................ 5.5.1 – Principais problemas e/ou objetivos abordados pelas pesquisas .. 5.5.2 – Referenciais teóricos e procedimentos metodológicos das pesquisas ...................................................................................... 5.5.3 – Principais resultados e conclusões explicitados pelas pesquisas .. 5.5.4 – Contribuições e implicações das pesquisas .................................. 5.6 – Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA ............................................. 5.6.1 – Principais problemas e/ou objetivos abordados pelas pesquisas .. 5.6.2 – Referenciais teóricos e procedimentos metodológicos das pesquisas ...................................................................................... 5.6.3 – Principais resultados e conclusões explicitados pelas pesquisas .. 5.6.4 – Contribuições e implicações das pesquisas .................................. 5.7 – Psicologia da Educação Matemática ......................................................... 5.7.1 – Principais problemas e/ou objetivos abordados pelas pesquisas .. 5.7.2 – Referenciais teóricos e procedimentos metodológicos das pesquisas ...................................................................................... 5.7.3 – Principais resultados e conclusões explicitados pelas pesquisas .. 5.7.4 – Contribuições e implicações das pesquisas .................................. 116 118 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 235 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 244 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ........................................................................... 251 FONTES DE ACESSO A TESES E DISSERTAÇÕES ........................................... 253 121 124 127 131 132 134 136 139 142 144 148 151 158 165 167 169 170 172 175 178 180 183 187 193 195 198 203 210 216 218 220 224 229 APÊNDICES ............................................................................................................. Apêndice I – Exemplos de Formulário de Cadastro de Dados das Teses e Dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos Defendidas no Brasil no Período de 2001 a 2010 ........................ Apêndice II – Exemplos de Tabela de Dados das Teses e Dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos Defendidas no Brasil no Período de 2001 a 2010 ............................................... Apêndice III – Exemplos de Relatório de Dados das Teses e Dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos Defendidas no Brasil no Período de 2001 a 2010 ............................................. Apêndice IV – Exemplo de Ficha de Leitura das Teses e Dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos Defendidas no Brasil no Período de 2001 a 2010 ............................................. 254 ANEXOS ................................................................................................................... Anexo I – Resumos e Demais Informações das Teses e Dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos Defendidas no Brasil no Período de 2001 a 2010 .................................................................... Anexo II – Relação de Teses e Dissertações Sobre Estado da Arte Relativas às Áreas de Educação e Ensino Defendidas no Brasil no Período de 2000 a 2010 ................................................................................ Anexo III – Quadro Síntese de Tese e Dissertações de Estado da Arte Relativas à Área de Educação Matemática Defendidas no Brasil no Período de 2000 a 2010 ............................................................ 260 SÍNTESE BIOGRÁFICA DO AUTOR DA TESE ................................................... 330 255 256 257 258 261 315 328 INTRODUÇÃO A área temática da presente pesquisa, envolvendo a Educação Matemática e a Educação de Jovens e Adultos (EJA), tem se constituído em objeto de interesse e de estudo na busca por melhor compreender os aspectos relacionados ao processo de ensino-aprendizagem de Matemática no contexto específico da EJA desde o ano de 2005, quando, fazendo o mestrado, tive a oportunidade de participar de um encontro promovido pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso voltado aos professores dessa modalidade. Na ocasião, em contato com os professores de Matemática presentes no evento, foi possível constatar entre outras questões, suas angústias e preocupações na alegação de se sentirem limitados no desempenho do trabalho pedagógico na EJA, fosse pela dificuldade de lidar com as especificidades dessa modalidade e com seu público distinto ou porque também não haviam sido preparados durante sua formação acadêmica e profissional para atuarem nesse segmento da Educação Básica. Em decorrência de ter convivido com aqueles professores, ainda que por poucos dias, mas suficientes para compreender parte dos seus anseios e questionamentos, passei a me indagar sobre: Quem são os professores de Matemática da EJA e que formação tiveram para atuar nessa modalidade? Os docentes da EJA concebem esse segmento da Educação Básica de forma distinta e específica em relação às outras modalidades de ensino? Quais são as dificuldades e limitações sentidas/encontradas pelos professores de Matemática no desempenho de suas práticas docentes na EJA? Como o processo de ensino-aprendizagem da Matemática é desempenhado pelos professores no contexto da EJA? Essas indagações em torno da Educação Matemática na EJA, que também me fizeram refletir sobre a minha formação docente para atuar nessa modalidade, não somente me motivaram a tomar como foco de estudo essa área temática na pesquisa de mestrado, defendida em outubro de 2007 – onde busquei estabelecer nas concepções de professores de Matemática as possíveis interfaces entre avaliação, Educação Matemática e EJA – mas ainda hoje fazem parte da minha rotina acadêmica e docente. Essa área temática se tem feito presente como elemento de interesse e motivação pessoal pelas possibilidades investigativas que a mesma proporciona, e principalmente como elemento de discussão em minhas ações docentes à frente de disciplinas como Prática de Ensino e Estágio Supervisionado em um curso de Licenciatura em Matemática, momento em 19 que questões concernentes ao processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA têm se tornado objeto de reflexão e questionamento constantes por parte dos licenciandos, ainda mais quando do desempenho de suas atividades pedagógicas desenvolvidas no estágio nessa modalidade, refletindo o papel da formação de professores de Matemática para atuar na EJA. Abrindo parênteses para destacar minha experiência com a EJA, ressalto que antes de passar a atuar como professor-formador de professores de Matemática, e assim conviver frequentemente com a realidade dessa modalidade no contato com as escolas no acompanhamento dos licenciandos-estagiários, não havia tido qualquer experiência com a EJA, a não ser a pesquisa de mestrado que desenvolvi, e jamais lecionei nessa modalidade. Outra experiência, que trago na memória e me dou conta de que foi meu primeiro contato com esse segmento de ensino da Educação Básica, aconteceu quando, ainda criança, acompanhei minha mãe em uma classe de alfabetização de jovens e adultos, que funcionava de forma improvisada na casa da professora alfabetizadora, no período noturno, com as aulas, muitas vezes, à luz de velas. Recordo que, por não ter com quem deixar seus três filhos, minha mãe me levava com ela, e na oportunidade, frequentando os primeiros anos do processo escolar, eu tentava ajudar os frequentadores daquela classe, em especial, o seu Francisco, que começavam a fazer os primeiros rabiscos na escrita do próprio nome. Nesse contexto, dada a minha experiência com a EJA basicamente em função de minha atuação como professor de um curso de Licenciatura em Matemática, e reconhecedor da importância dessa modalidade, na atualidade, vislumbrei mais do nunca a relevância dos primeiros questionamentos que fiz e que deram origem à minha pesquisa de mestrado, ressaltando que, embora não reflitam necessariamente em problemáticas da presente tese, por outro lado, se constituem em elementos pertinentes e suficientes à realização de qualquer estudo interessado em compreender a Educação Matemática na EJA e vice-versa. Essa necessidade adquire respaldo e torna-se relevante devido às peculiaridades e especificidades da EJA, que tornam impreterível a constituição de um modelo pedagógico próprio e diferenciado no atendimento dos educandos jovens e adultos e, consequentemente, exigem uma formação de professores específica para a atuação nessa modalidade. Formação docente que está claramente versada nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para a EJA (Parecer CNE/CEB 11/2000), recomendando-se que o “preparo de um docente voltado para a EJA, deve incluir, além das exigências formativas para todo e qualquer professor, aquelas relativas à complexidade diferencial desta modalidade de ensino” (p. 56) e que “as licenciaturas e outras habilitações ligadas aos profissionais do ensino não podem deixar de considerar, em seus cursos, a realidade da EJA” (p. 58). 20 A formação de professores específica para atuar na EJA também está expressa nas DCNs para a Formação de Professores da Educação Básica (2001), na ênfase de que os cursos de formação docente não deixem de lado a questão da EJA, que ainda é uma necessidade social expressiva, e muito menos, não deixem de pensar a especificidade de seus educandos e de superar a prática de trabalhar com eles da mesma forma com que se trabalha com as crianças e adolescentes da Educação Básica. Dessa forma, provocando a discussão sobre um campo capaz de congregar a Educação Matemática e a EJA, e no qual se reconhece certos avanços na produção de conhecimentos nessas áreas, compreendemos a necessidade de suscitar parte do que se tem pesquisado relacionando tais áreas como objeto de investigação enquanto requisito que pode contribuir para o entendimento dos aspectos referentes ao processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA, e dos elementos relativos à pesquisa, à formação de professores, às propostas curriculares e metodológicas, às práticas e saberes docentes, e a outros contextos que gravitam em torno desse campo iminente, reconhecido, ainda “timidamente”, sob a denominação de Educação Matemática de Jovens e Adultos. Diante de tal posicionamento e relevância desse campo segundo as preocupações cada vez mais intensas de professores e pesquisadores em adequar e efetivar o trabalho pedagógico em Matemática conforme as peculiaridades da EJA consoante às especificidades socioculturais dos seus educandos, torna-se proeminente a realização de pesquisas articulando a Educação Matemática e a EJA, estabelecendo assim, um diálogo entre essas áreas. Da mesma forma, reconhecendo a universidade e os programas de pós-graduação stricto sensu como lócus fundamental da pesquisa no Brasil, e a longa tradição da Educação Matemática e da EJA como áreas importantes no cenário educacional e também como alvos de estudos e investigações, ressalta-se ainda a relevância de se tentar reunir aquilo que tem sido investigado no âmbito das pesquisas acadêmicas envolvendo essas áreas como algo significativo para a identificação dos caminhos que têm sido tomados e os conhecimentos que têm sido construídos a respeito da relação constituída entre ambas. Não bastasse a importância de constituir pesquisas sobre a Educação Matemática de Jovens e Adultos diante das demandas investigativas recorrentes às duas áreas que esse campo agrega e relaciona, e sobre a relevância dessas áreas para o contexto socioeducacional, também se defende a sistematização e o entendimento do que já foi produzido pelas pesquisas acadêmicas sobre esse campo como imprescindível para a própria consolidação do mesmo. Isso permitiria explicitar, a exemplo do que tem sido feito em relação às pesquisas do tipo estado da arte ou estado do conhecimento, suas bases de sustentação e tendências e 21 temáticas investigadas, bem como sua evolução histórica na produção acadêmica, instituições com tradição nesse campo de estudo, distribuição geográfica da sua produção, níveis de ensino e etapas escolares privilegiadas no conjunto dos estudos realizados, temas e problemáticas priorizadas, linhas de investigação, métodos e técnicas de pesquisa, estilos de texto e perspectivas teóricas e metodológicas adotadas. Nesse sentido, propondo-se à configuração da pesquisa no campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos, situa-se o presente estudo como sendo um estado da arte, tendo em vista o potencial desse tipo de pesquisa na importante tarefa de caracterizar em que medida um determinado campo se encontra ou não configurado segundo a sistematização do conhecimento acadêmico produzido, servindo também a futuros estudos na indicação daquilo que já foi pesquisado e o que ainda carece ser investigado. Segundo essa perspectiva, no que diz respeito à prática cada vez mais comum de estudos do tipo estado da arte na área da Educação, e de forma não diferente, no âmbito das pesquisas em Educação Matemática, que têm suscitado entre outros questionamentos: Quais são os principais centros de produção acadêmica na área? Qual a distribuição geográfica dessas produções? Como se dá a distribuição dessa produção ao longo de um determinado período? Quais os tipos de pesquisa utilizados nesses estudos? Quais as técnicas de coleta e produção de dados mais utilizadas nessas pesquisas? Quais as bases teóricas e metodológicas dessas pesquisas? Quais os principais temas e temáticas de estudos na área? Quais os principais resultados alcançados por essas pesquisas? Podemos ainda, acrescentar outras indagações relativas às pesquisas relacionando a Educação Matemática e a EJA, principalmente pela complexidade e particularidades envolvendo essas áreas, visando compreender quais as discussões articulando tais áreas, bem como suas perspectivas, convergências e distanciamentos no cenário da pesquisa acadêmica. Dessa forma, entre as várias problemáticas que podem ser abordadas, destacamos algumas: Qual o interesse da academia pela temática da Educação Matemática na EJA? Qual o lugar das pesquisas relacionando Educação Matemática e EJA na produção acadêmica? Que concepções e propostas/sugestões são indicadas pelas pesquisas que abordam Educação Matemática e EJA para o contexto específico dessa modalidade educacional? Qual o conhecimento acumulado sobre o campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos, por meio da produção acadêmica nas áreas da Educação, Educação Matemática e EJA? Diante desses e tantos outros questionamentos sobre a Educação Matemática e a EJA, podemos formular as hipóteses de que a Educação Matemática de Jovens e Adultos é ainda uma temática pouco estabelecida entre as demais temáticas clássicas da Educação 22 Matemática, e de se encontrar inexplorada no âmbito das pesquisas em Educação; ou, por outro lado, de se caracterizar como um campo que vem se consolidando nos últimos tempos. Além disso, podemos vislumbrar o questionamento sobre em que medida as pesquisas no campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos têm contemplado as recomendações e apontamentos fomentados pelos estudos e regulamentações em Educação Matemática e em EJA, e quais seriam suas contribuições para a melhoria das práticas educativas em Matemática nessa modalidade, e para o contexto da pesquisa nesse campo. Diante desses e de outros aspectos que se abrem perante os estudos envolvendo a Educação Matemática e a EJA, e tendo por base o estado da arte de teses e dissertações defendidas no Brasil na primeira década do século XXI, definimos como objetivo geral desta pesquisa: mapear, analisar e descrever tendências temáticas e metodológicas da pesquisa brasileira no contexto da Educação Matemática de Jovens e Adultos, bem como suas contribuições e implicações para as práticas educativas e para a pesquisa nesse contexto. Em decorrência desse objetivo geral, delineamos como objetivos específicos: a) Identificar, documentar e sistematizar as teses e dissertações que relacionam e articulam as áreas de Educação Matemática e EJA como objeto de estudo; b) Mapear e analisar aspectos indicadores das teses e dissertações quanto a: autoria da pesquisa, ano de defesa, titulação acadêmica, instituição, programa e linha de pesquisa, orientador(a), distribuição geográfica etc.; c) Identificar e analisar nas teses e dissertações: ênfases e temas abordados, tendências e/ou temáticas investigadas, problema e/ou questões de investigação, objetivos, bases de sustentação teórica, metodologias e procedimentos metodológicos, sujeitos e contextos privilegiados nos estudos, formas de análise de dados, principais resultados e conclusões; d) Analisar as contribuições e implicações suscitadas pelas teses e dissertações em relação às práticas educativas e à pesquisa no contexto da Educação Matemática de Jovens e Adultos. Inserida, portanto, entre as pesquisas que se propõem estabelecer um estado da arte, a presente investigação se caracteriza como sendo de natureza exploratória e bibliográfica, amparando-se metodologicamente na abordagem qualitativa de caráter interpretativo, nas pesquisas do tipo estado da arte e na técnica de análise de conteúdo. Constitui como material de análise dez teses e 111 dissertações, defendidas no Brasil, no período de 2001 a 2010, encontradas a partir dos seus resumos disponibilizados pelo Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 23 (CAPES), disponíveis nos portais Domínio Público e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), e nas bibliotecas de programas de pós-graduação stricto sensu. As pesquisas no campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos seriam, em nosso entendimento, aquelas que relacionam e articulam as áreas de Educação Matemática e EJA como objeto de estudo, constituindo-se de pesquisas com foco principal em problemáticas e questionamentos relativos ao processo de ensino-aprendizagem da Matemática no contexto específico da modalidade EJA, incluindo reflexões e proposições sobre a formação de professores, o currículo, as práticas pedagógicas, os materiais/recursos didático-metodológicos, e o contexto sociocultural, reconhecidos como decorrência desse processo e ao mesmo tempo influência para o mesmo. No atendimento aos propósitos desta pesquisa, encontramos, entre outros autores, em Di Pierro (2005), Gadotti (2001), Haddad (1994, 2001), Paiva (1987), Ribeiro (1997), Soares (2001, 2002) e nos documentos oficiais do Ministério da Educação (MEC), os elementos norteadores para o entendimento da história da EJA no Brasil e de suas concepções ao longo de sua trajetória histórica. Na área da Educação Matemática tivemos, principalmente, o aporte teórico de Fiorentini (1993, 1994), Fiorentini e Lorenzato (2006), Godino (2010), Kilpatrick (1996) e Ponte (1993, 2000, 2008); e sobre Educação Matemática de Jovens e Adultos, nos apoiamos, entre outros autores, em Fonseca (2005), Jóia (1997) e Storer (1999). Em relação às pesquisas do tipo estado da arte, nos fundamentamos, principalmente, em Ferreira (2002), Melo (2006), Soares e Maciel (2000), e Romanowski e Ens (2006). E finalmente, quantos aos aspectos metodológicos da pesquisa, nos apoiamos em Bardin (2004), Bogdan e Biklen (1994), e Fiorentini e Lorenzato (2006). Contudo, considerando o desenvolvimento desta pesquisa, bem como os caminhos que percorremos no sentido de melhor compreender a sua natureza e atender os seus objetivos, destaca-se a estrutura de nossa tese da seguinte forma: No primeiro capítulo – EJA e Educação Matemática: Em Busca de Um Significado Para a Educação Matemática de Jovens e Adultos. Apresentamos uma introdução sobre a história da educação básica de pessoas jovens e adultas no Brasil desde o período colonial até os anos 2000, enfocando ainda as concepções de EJA assumidas ao longo dessa história. Em seguida, tratamos da Educação Matemática como área do conhecimento e de estudo sobre o ensino e a aprendizagem da Matemática, abordando suas origens, objeto e objetivos, métodos e linhas de investigação, nos debruçando, posteriormente, sobre a Educação Matemática de Jovens e Adultos na sua relação temática com a área da Educação 24 Matemática, destacando sua designação, justificativas para sua constituição, relevância no âmbito da pesquisa e um breve histórico de sua prática como tema de investigação. No segundo capítulo – As Pesquisas Denominadas de Estado da Arte. Tendo em vista nossa compreensão a respeito do estado da arte se constituir em mais do que somente um tipo de pesquisa bibliográfica ou uma metodologia de investigação, mas se distinguir como uma admissível modalidade de pesquisa com características próprias, abordamos neste capítulo, as definições, principais características e possibilidades dessa modalidade de estudo, bem como sua prática no cenário da produção acadêmica e científica brasileira envolvendo as áreas da Educação, Educação Matemática e EJA. No terceiro capítulo – Metodologia da Pesquisa. Descrevemos os passos percorridos na construção desta tese, evidenciando sua natureza metodológica, procedimentos de produção e coleta de dados, e processo de análise e categorização das informações obtidas. No quarto capítulo – Panorama das Teses e Dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos Defendidas no Brasil na Primeira Década do Século XXI (2001-2010). Fazemos um balanço da produção relativa às pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, defendidas nos programas brasileiros de pós-graduação stricto sensu no período de 2001 a 2010, constituídas por dez teses e 111 dissertações, tratando da descrição de seus aspectos indicadores: autoria do estudo, ano de defesa, titulação acadêmica, instituição, programa e linha de pesquisa, orientador(a) e banca examinadora. No quinto capítulo – Contribuições e Implicações das Teses e Dissertações, Defendidas no Brasil na Primeira Década do Século XXI, para as Práticas Educativas e para a Pesquisa no Âmbito da Educação Matemática de Jovens e Adultos. Explicitamos a análise descritiva de 117 (dez teses e 107 dissertações) das 121 pesquisas levantadas nesta tese, uma vez que não foram encontradas quatro das 111 dissertações, tendo como pressuposto sua organização por tema/subtemas, destacando os problemas e/ou objetivos, aportes teóricos, metodologia, e principais resultados e conclusões dessas pesquisas reunidas em um único tema, elucidando ainda, ao final de cada tema, as contribuições e implicações decorrentes das conclusões e recomendações dessas pesquisas para as práticas educativas e para a investigação no âmbito da Educação Matemática de Jovens e Adultos. Nas Considerações Finais. Elucidamos algumas considerações pautadas na análise e compreensão das informações obtidas à luz dos objetivos propostos nesta pesquisa. Por último, destacamos nossos apêndices e anexos, onde apresentamos os resumos e demais informações sobre as teses e dissertações levantadas a partir da presente tese, e também outros materiais que nos possibilitaram analisar essas pesquisas. CAPÍTULO I - EJA E EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: EM BUSCA DE UM SIGNIFICADO PARA A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DE JOVENS E ADULTOS Para os alunos em geral, mas muito especialmente para os alunos da EJA, a Educação Matemática deve, pois, ser pensada como contribuição para as práticas de leitura, buscando contemplar (e até privilegiar) conteúdos e formas que ajudem a entender, participar e mesmo apreciar melhor o mundo em que vivemos (FONSECA, 2005a, p. 52). Neste capítulo, apresentamos uma introdução sobre o contexto histórico da educação básica de pessoas jovens e adultas no Brasil desde o período colonial até os anos 2000, enfocando ainda as principais concepções de EJA assumidas ao longo dessa história. Em seguida, tratamos da Educação Matemática enquanto área do conhecimento e de estudo sobre o ensino e a aprendizagem da Matemática, abordando suas origens, objeto e objetivos, métodos e campos de investigação, nos debruçando, posteriormente, sobre a Educação Matemática de Jovens e Adultos na sua relação temática com a área da Educação Matemática, destacando sua designação, justificativas para sua constituição, relevância no âmbito da pesquisa e um breve histórico de sua prática como objeto de investigação. 1.1 – EJA: Breve Histórico e Concepções no Brasil Reconstruir a trajetória histórica da educação de pessoas jovens e adultas no Brasil é tarefa complexa, pois não existem registros suficientes em relação às diversas ações implementadas, em especial no âmbito não governamental. Para Haddad (1994, p. 86): “Falar sobre Educação de Jovens e Adultos no Brasil é falar sobre algo pouco conhecido. Além do mais, quando conhecido, sabe-se mais sobre suas mazelas do que sobre suas virtudes”. Além disso, definida sob o marco condicionante da miséria social, e compreendida com um leque amplo e heterogêneo de experiências educativas de formatos e 26 modalidades diversas, que não correspondem necessariamente a ações de escolarização, sabese que a educação de pessoas jovens e adultas passou por grandes mudanças e foi influenciada por variadas tendências. Se constituiu muito mais como produto da miséria social do que do desenvolvimento. É consequência dos males do sistema público regular de ensino e das precárias condições de vida da maioria da população, que acabam por condicionar o aproveitamento da escolaridade na época apropriada (HADDAD, 1994, p. 86). Nesse contexto, é reconhecido que a educação de pessoas jovens e adultas tem sua história refletida como mais tensa do que a própria história da educação básica elementar. 1.1.1 – Da educação catequista à educação como política nacional A história da educação de pessoas jovens e adultas remonta os tempos coloniais quando os religiosos exerciam uma ação educativa missionária com os adultos. A educação de adultos nasceu, no Brasil, juntamente com a educação elementar comum. Como sabemos, através do ensino das crianças os jesuítas buscavam também atingir seus pais; além disso, era tentada a catequese direta dos indígenas adultos e nesses casos a alfabetização e transmissão do idioma português servia como instrumento de cristianização e aculturação dos nativos (PAIVA, 1987, p. 165). Durante o período imperial, quase não houve ações educativas voltadas às pessoas jovens e adultas no Brasil, uma vez que a concepção de cidadania ainda era considerada apenas como direito das elites econômicas da época. Um dos marcos educacionais desse período foi a Constituição de 1824 que, sob forte influência europeia, formalizou a garantia de uma instrução primária e gratuita para todos os cidadãos brasileiros. Impulsionada pelas grandes reformas educacionais – decorrentes da pressão dos surtos de urbanização, nos primórdios da indústria nacional, que impôs a necessidade de formação de mão de obra, aliada à importância da manutenção da ordem social nas cidades (BRASIL, 2002) – a educação de pessoas jovens e adultas passou a ser vista com maior interesse a partir da década de 1920, quando foram criadas escolas noturnas para adultos, visando diminuir os índices de analfabetismo, considerado “mal nacional” e “uma chaga social”, uma doença comparada à malária, falando-se em “zonas negras de analfabetismo”. Com o advento da Constituição de 1934, que instituiu nacionalmente a obrigatoriedade e a gratuidade do ensino primário para todos, a educação de pessoas jovens e adultas passa a se firmar como questão de política nacional, começando “a delimitar seu lugar na história da educação no Brasil a partir dessa década de 1930, quando finalmente começa a se consolidar um sistema público de educação elementar no país” (RIBEIRO, 1997, p. 19). 27 1.1.2 – Da educação popular à emergência de um novo paradigma pedagógico A década de 1940 ficou marcada pelo movimento impulsionado pelo governo federal, através do Ministério da Educação (MEC), de articulação e extensão do ensino elementar aos adultos como umas das metas a serem alcançadas pelas diretrizes educacionais. Para Gadotti (2001), até a metade dessa década, a educação de pessoas jovens e adultas era concebida como extensão da educação formal para todos, integrada à educação chamada popular, uma educação para o povo, que procurava atuar nos espaços não atendidos pela educação estatal (oficial ou do sistema), sobretudo, nas periferias urbanas e zonas rurais. Durante os anos de 1940 são criados no Brasil: o Fundo Nacional de Ensino Primário, em 1942, com o objetivo de incluir o ensino supletivo para adolescentes e adultos analfabetos; o Serviço de Educação de Adultos, em 1947, com a finalidade de orientar e coordenar os planos anuais do ensino supletivo para adolescentes e adultos analfabetos; e a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA), também em 1947, que ao fomentar a educação de adultos como uma campanha nacional de massa, influenciou, pela primeira vez, a produção de material didático específico para o ensino da leitura e da escrita para os adultos, e alimentou a reflexão e o debate em torno do analfabetismo no Brasil. Nesse momento, o analfabetismo era concebido como causa e não efeito da situação econômica, social e cultural do país. Essa concepção legitimava a visão do adulto analfabeto como incapaz e marginal, identificado psicológica e socialmente com a criança (RIBEIRO, 1997, p. 20). Essa concepção preconceituosa sobre adultos analfabetos é percebida claramente nas palavras usadas por uma professora encarregada de formar os educadores da CEAA: Dependente do contato face a face para enriquecimento de sua experiência social, ele tem que, por força, sentir-se uma criança grande, irresponsável e ridícula... E, se tem as responsabilidades do adulto, manter uma família e uma profissão, ele o fará em plano deficiente. O analfabeto, onde se encontre, será um problema de definição social quanto aos valores: aquilo que vale para ele é sem mais valia para os outros e se torna pueril para os que dominam o mundo das letras. [...] inadequadamente preparado para as atividades convenientes à vida adulta, [...] ele tem que ser posto à margem como elemento sem significação nos empreendimentos comuns. Adultocriança, como as crianças ele tem que ver o mundo de egocentrismo que não lhe permite ocupar os planos em que as decisões comuns têm que ser tomadas (RUDOLFER1 apud PAIVA, 1987, p. 185-186). O clima de entusiasmo da CEAA começou a declinar na década de 1950 devido às críticas recebidas que se dirigiam tanto às suas deficiências administrativas e financeiras quanto à sua orientação pedagógica e, portanto, antes do final dessa década a campanha se extinguiu, sobrevivendo apenas a rede de ensino supletivo por meio dela implantada. 1 RUDOLFER, N. S. Psico-pedagogia do adolescente e do adulto analfabeto. In: Fundamentos e metodologia do ensino supletivo. 28 Ainda nos anos 50, destacaram-se como políticas educacionais para a educação de pessoas jovens e adultas: a Campanha Nacional de Educação Rural (1952) e a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (1958), com curta duração e poucas realizações. A década de 1950, difundindo a educação de adultos como educação de base e como desenvolvimento comunitário, chega ao final com duas tendências mais significativas: A educação de adultos entendida como educação libertadora, como “conscientização” (Paulo Freire) e a educação de adultos entendida como educação funcional (profissional), isto é, o treinamento de mão-de-obra mais produtiva, útil ao projeto de desenvolvimento nacional dependente (GADOTTI, 2001, p. 35) [grifo do autor]. Para Gadotti (2001), influenciada pela I Conferência Internacional sobre Educação de Adultos, realizada em 1949, na Dinamarca, a década de 1950 observa a concepção de educação de pessoas jovens e adultas como uma espécie de educação moral, “paralela”, fora da escola, uma educação continuada para jovens e adultos, cujo objetivo deveria contribuir para o respeito aos direitos humanos e a construção de uma paz duradoura. Os anos de 1960 podem ser instituídos como um dos períodos mais importantes para a história da educação de pessoas jovens e adultas no Brasil, pois foram várias as ações promovidas envolvendo tanto os movimentos civis quanto ações governamentais que se empenharam no combate ao analfabetismo entre jovens e adultos e na promoção de uma educação continuada voltada a esse público. Novamente segundo Gadotti (2001), em consonância com a II Conferência Internacional sobre Educação de Adultos, realizada em 1960, no Canadá, observa-se nessa década uma educação de pessoas jovens e adultas enfocada sob a luz de duas concepções distintas: como uma continuação da educação formal, como educação permanente e; de outro lado, como uma educação de base ou comunitária. Nos anos de 1960 tem-se: a extensão da educação de pessoas jovens e adultas ao curso ginasial, antes oferecido apenas em nível equivalente ao ensino primário; a difusão das ideias de educação popular por estudantes e intelectuais, que pretendiam desenvolver novas perspectivas de cultura e educação junto a grupos populares através de diferentes instituições e com graus variáveis de ligação com o Estado; a criação do Plano Nacional de Alfabetização e a disseminação por meio desse dos programas de alfabetização orientados pela proposta de Paulo Freire; a organização da Cruzada de Ação Básica Cristã (ABC); e a promoção do Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) pelo governo federal depois do golpe militar, que também extinguiu o Plano Nacional de Alfabetização. Marco fundamental no contexto da educação popular e na educação de pessoas 29 jovens e adultas, o Plano Nacional de Alfabetização surgiu em decorrência das discussões que tomaram o sistema educacional brasileiro após a extinção da CEAA. Tendo em vista os direcionamentos voltados para uma nova visão sobre o problema do analfabetismo e para a consolidação de um novo paradigma pedagógico para a educação de adultos, várias iniciativas fomentadas por diferentes grupos populares e instituições2 no início dos anos 1960, que destacavam a importância da participação do povo na vida pública e o papel da educação para sua conscientização, pressionaram o governo a apoiar e estabelecer uma coordenação nacional dessas iniciativas, surgindo assim, em janeiro de 1964, o Plano Nacional de Alfabetização. Esse Plano se instituiu com o propósito de disseminar por todo Brasil os programas de alfabetização de adultos encaminhados por Paulo Freire, uma referência no âmbito educacional, que se tornou fundamental para o desenvolvimento da educação de pessoas jovens e adultas, inspirando os principais programas de alfabetização e educação popular que se realizaram no país no início da década de 1960, cujo paradigma pedagógico: [...] baseava-se num novo entendimento da relação entre a problemática educacional e a problemática social. Antes apontado como causa da pobreza e da marginalização, o analfabetismo passou a ser interpretado como efeito da situação de pobreza gerada por uma estrutura social não igualitária. Era preciso, portanto, que o processo educativo interferisse na estrutura social que produzia o analfabetismo. A alfabetização e a educação de base de adultos deveriam partir sempre de um exame crítico da realidade existencial dos educandos, da identificação das origens de seus problemas e das possibilidades de superá-los (RIBEIRO, 1997, p. 23). O método Paulo Freire3, cujo princípio básico era: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”, prescindindo da utilização de cartilhas, previa, segundo Ribeiro (1997), uma etapa preparatória, quando o alfabetizador deveria fazer uma pesquisa sobre a realidade do grupo junto ao qual iria atuar, levantando o universo vocabular utilizado pelo mesmo para expressar essa realidade. Desse universo vocabular, o alfabetizador selecionaria as palavras que melhor expressassem as situações existenciais mais importantes, devendo agrupá-las conforme os diversos padrões silábicos da língua e organizá-las segundo o grau de complexidade desses padrões. De posse dessas palavras, tidas como geradoras, o educador deveria iniciar uma discussão evidenciando o papel ativo dos homens como produtores de cultura e as diferentes formas de cultura (letrada e não letrada), objetivando, antes mesmo de 2 Destaque para o Movimento de Educação de Base (MEB), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); Movimento de Cultura Popular do Recife; Centros Populares de Cultura, da União Nacional de Estudantes (UNE); Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler, da Secretaria Municipal de Educação de Natal. 3 Uma descrição de como o método Paulo Freire era operacionalizado, acompanhada de uma síntese de seus fundamentos filosóficos, pode ser encontrada nos livros: Educação como prática da liberdade, do próprio Paulo Freire (24. ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000); e O que é o método Paulo Freire, de Carlos Rodrigues Brandão (2. ed., São Paulo: Brasiliense, 1981. Coleção Primeiros Passos). 30 iniciar o aprendizado da escrita, levar o educando a assumir-se como sujeito de sua aprendizagem, como ser capaz e responsável. Cumprida essa etapa, iniciava-se o estudo das palavras geradoras, que com o auxílio de ilustrações e imagens referentes às situações existenciais a elas relacionadas, desencadeava um debate em torno do tema e assim a palavra escrita era analisada em suas partes componentes, com suas famílias silábicas que serviriam para montar outras palavras. Na etapa seguinte, as palavras geradoras seriam substituídas por temas geradores, a partir dos quais os alfabetizandos aprofundariam a análise de seus problemas, preferencialmente já se engajando em atividades comunitárias ou associativas. 1.1.3 – Da educação supletiva à educação entendida com uma pluralidade de conceitos Os programas de alfabetização e educação popular promovidos pelo Plano Nacional de Alfabetização foram interrompidos pelo golpe militar de 1964, que os via como uma grave ameaça à ordem, permitindo somente a realização de programas de alfabetização de adultos de caráter assistencialista e conservador. Em 1967, o governo militar lançou e assumiu o MOBRAL, cuja orientação metodológica, apesar de reproduzir parte dos procedimentos consagrados pelas experiências do início da década de 1960, não tinha como propósito promover o sentido crítico e problematizador que essas experiências possuíam, visando basicamente ao controle da população (sobretudo a rural). Propunha-se a alfabetização a partir de palavras-chave, retiradas “da vida simples do povo”, mas as mensagens a elas associadas apelavam sempre ao esforço individual dos adultos analfabetos para sua integração nos benefícios de uma sociedade moderna, pintada de cor-de-rosa (RIBEIRO, 1997, p. 26). Mesmo com a dura repressão imposta pelo governo aos movimentos de educação popular, que eram tidos como uma grave ameaça à ordem, persistiram algumas iniciativas, desenvolvidas frequentemente em igrejas, associações de moradores, organizações de base local e outros espaços comunitários. Em 1971, o ensino supletivo foi instituído pelo MEC, ganhando capítulo próprio na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 5.962/71, estabelecendo que ele se destinava a suprir a escolarização regular para adolescentes e adultos que não a tinham seguido ou concluído na idade própria. Esse ensino poderia ser ministrado a distância, por correspondência ou por outros meios adequados. Os cursos e os exames seriam organizados dentro dos sistemas estaduais de acordo com seus respectivos Conselhos de Educação. Já nesse período se afirmava a necessidade de adequar o ensino ao “tipo especial de aluno a que se destina”, resultando daí uma grande flexibilidade curricular (BRASIL, 2002). 31 O MEC ainda promoveu a implantação dos Centros de Ensino Supletivo (CES), a fim de atender os alunos que desejassem completar os estudos fora da idade regulamentada para as séries iniciais do então ensino de primeiro grau, hoje Ensino Fundamental; e também redefiniu as funções do ensino supletivo, em 1972, destacando quatro aspectos: A suplência, ou seja, a substituição compensatória do ensino regular pelo supletivo via cursos e exames com direito a certificação de ensino de 1º grau para maiores de 18 anos, e de ensino de 2º grau para maiores de 21 anos; o suprimento, ou complementação da escolaridade inacabada por meio de cursos de aperfeiçoamento e de atualização; a aprendizagem; e a qualificação (BRASIL, 2002, p. 16). Esses encaminhamentos assemelhavam-se às ideias difundidas na III Conferência Internacional sobre Educação de Adultos, realizada no Japão, em 1972, em que se defendeu, conforme Gadotti (2001), uma educação de pessoas jovens e adultas como suplência da educação fundamental (escola formal), visando reintroduzir jovens e adultos, principalmente os analfabetos, no sistema formal de educação. Durante os anos de 1970, temos ainda o surgimento do Programa de Educação Integrada (PEI), derivado das iniciativas do MOBRAL, que se expandiu por todo o território nacional até ser extinto em 1985, após o fim do período militar. Entre 1980 e 1985, o ensino supletivo contou com a mobilização pedagogicamente inovadora da comunidade, tendendo à não formalização, o que acarretou no surgimento de programas compensatórios, instituídos pelo governo federal, caracterizados por recuperar o atraso dos que não haviam usufruído a escolarização na idade dita própria. Com a emergência dos movimentos sociais e o início da abertura política na década de 1980, as pequenas e isoladas experiências de alfabetização de adultos com propostas mais críticas promovidas pelos grupos dedicados à educação popular puderam ser difundidas, possibilitando a construção de canais de experiência, reflexão e articulação em torno da reorientação dos programas de educação de adultos. Esse movimento culminou na extinção do MOBRAL, e sua substituição, ainda em 1985, pela Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos, chamada de Fundação Educar, que abriu mão de executar diretamente os programas, passando a apoiar financeira e tecnicamente as iniciativas de governos, entidades civis e empresas a ela conveniadas, porém, agora sem os recursos de que o MOBRAL dispunha. Gadotti (2001) esclarece que nesse momento, com o advento da IV Conferência Internacional sobre Educação de Adultos, realizada em Paris, em 1985, o conceito de educação de pessoas jovens e adultas sofre a “implosão” de uma pluralidade de conceitos, como: alfabetização de adultos, pós-alfabetização, educação rural, educação familiar, 32 educação da mulher, educação vocacional, e educação técnica. 1.1.4 – Da educação como direito à educação multicultural e continuada A Constituição Brasileira de 1988, ao expressar como dever do Estado com a educação a garantia efetiva de ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria, se estabeleceu como fundamental no direito à educação básica de jovens e adultos. Isso porque, a legislação anterior, através do Parecer 699/72, resguardava esse direito apenas à faixa etária dos sete aos quatorze anos, correspondendo ao antigo “Ensino de 1º Grau”, representando uma situação de dificuldade de acesso e permanência do público jovem e adulto no processo de escolarização. Sobre essa situação, Soares (2002, p. 12) esclarece que: Estando excluídos dessa faixa etária, restavam aos jovens e adultos, com escolaridade incompleta, pagar, mais uma vez, pelos seus estudos através dos inúmeros cursos supletivos espalhados pelo País, ou, se inscreverem nos poucos programas públicos existentes. A história da educação de pessoas jovens e adultas chega à década de 1990, conforme Ribeiro (1997), reclamando a consolidação de reformulações pedagógicas, também necessárias a todo o Ensino Fundamental. A extinção da Fundação Educar, em 1990, agravou o problema, criando um enorme vazio no âmbito das políticas educacionais para o ensino básico de jovens e adultos, que passou a ser atendido por ações pulverizadas. Além disso, com o governo federal se constituindo apenas como instância de apoio e articulação, órgãos públicos, entidades civis e instituições passaram a arcar sozinhas com a responsabilidade educativa para com esse setor. Ainda em 1990, o Brasil participou da Conferência Mundial de Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia, influenciando na elaboração do Plano Decenal Brasileiro, em 1994, que fixou metas para o atendimento de jovens e adultos pouco escolarizados. No que diz respeito às políticas públicas, outra ação importante foi a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96, que estabeleceu em uma seção dedicada à educação básica de jovens e adultos: A reafirmação do direito dos jovens e adultos a um ensino básico adequado às suas condições, e o dever do poder público de oferecê-lo gratuitamente, na forma de cursos e exames supletivos. E a alteração da idade mínima para realização de exames supletivos para 15 anos, no Ensino Fundamental, e 18, no Ensino Médio, além de incluir a educação de jovens e adultos no sistema de ensino regular (BRASIL, 2002, p. 17). Assumindo dignidade própria com a implantação da Lei 9394/96, a educação de pessoas jovens e adultas além de passar a fazer parte constitutiva da lei, tornou-se uma 33 modalidade da Educação Básica nas etapas dos ensinos Fundamental e Médio4. Com a incorporação da mudança conceitual de EJA que se dava desde o final dos anos de 1980, a mudança de “ensino supletivo” para “educação de jovens e adultos” não foi uma mera atualização vocabular. Houve um alargamento do conceito ao mudar a expressão de ensino para educação. Enquanto o termo “ensino” se restringe à mera instrução, o termo “educação” é muito mais amplo, compreendendo os diversos processos de formação (SOARES, 2002, p. 12). Em janeiro de 1997, o Brasil mereceu destaque no cenário internacional ao sediar a Conferência Regional Preparatória da América Latina e Caribe para a V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (V CONFINTEA), que se realizaria em julho de 1997, na cidade de Hamburgo, na Alemanha. A V CONFINTEA, promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura (UNESCO), em 1997, representou um marco importante, na medida em que estabeleceu a vinculação da educação de adultos ao desenvolvimento sustentável e equitativo da humanidade, além de instituir algumas orientações e princípios para a educação básica de jovens e adultos. Reconhecida como a primeira conferência que teve uma participação substantiva das organizações não governamentais envolvidas nos projetos de educação de pessoas jovens e adultas, contando com a efetiva participação de mais de 1500 representantes de 170 países, a V CONFINTEA não apenas elucidou a existência de concepções muito diferenciadas para a educação de pessoas jovens e adultas, como também formulou um conceito para a EJA com diversas orientações e princípios que se tornaram referência máxima para essa modalidade. Na perspectiva de manifestar a importância da aprendizagem de jovens e adultos e compreender a formação de pessoas adultas como uma multiplicidade de processos formais e informais de aprendizagem e educação continuada ao longo da vida, a V CONFINTEA aprovou a Declaração de Hamburgo, que definiu em seu art. 3º: Por educação de adultos entende-se o conjunto de processos de aprendizagem, formal ou não, graças ao qual as pessoas consideradas adultas pela sociedade a que pertencem desenvolvem as suas capacidades, enriquecem os seus conhecimentos e melhoram as suas qualificações técnicas ou profissionais, ou as reorientam de modo a satisfazerem as suas próprias necessidades e as da sociedade. A educação de adultos compreende a educação formal e permanente, a educação não-formal e toda a gama de oportunidades de educação informal e ocasional existentes em uma sociedade educativa multicultural, em que são reconhecidas as abordagens teóricas e baseadas na prática (UNESCO5, 1997 apud DI PIERRO, 2005, p. 17). 4 A partir da LDB 9394/96, com a instituição da educação de jovens e adultos como modalidade da Educação Básica, alguns autores irão se referir a essa modalidade com a denominação de Educação de Jovens e Adultos (EJA), ou seja, com as iniciais maiúsculas. Fato este adotado em boa parte desta pesquisa. 5 UNESCO. Declaração de Hamburgo e agenda para o futuro: V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos, Hamburgo, Alemanha, 1997. Lisboa: UNESCO, Ministério da Educação, Ministério do Trabalho e Solidariedade, 1998. 34 Compartilhando dos ideais elucidados pela Declaração de Hamburgo sobre a compreensão de educação existente em uma sociedade educativa e caracterizada pelo pluralismo cultural, onde ocorre a necessidade de respeitar o conhecimento e as formas de aprendizagem dos diferentes grupos sociais, Gadotti (2001) justifica que a educação de pessoas jovens e adultas passa a ser sempre uma educação multicultural, uma educação capaz de desenvolver o conhecimento e a integração na diversidade cultural. Ainda sobre a Declaração de Hamburgo, que segundo Gadotti (2001), estabeleceu a educação de pessoas jovens e adultas como um direito de todos, Di Pierro (2005, p. 17-18) esclarece que essa declaração atribuiu à EJA: [...] o objetivo de desenvolver a autonomia e o sentido de responsabilidade das pessoas e comunidades para enfrentar as rápidas transformações socioeconômicas e culturais por que passa o mundo atual, mediante a difusão de uma cultura de paz e democracia promotora da coexistência tolerante e da participação criativa e consciente dos cidadãos. Nesse movimento, Soares (2001) assinala que a educação continuada torna-se a perspectiva que mais se aproxima ao ideário de EJA assumido na Declaração de Hamburgo, uma vez que implica apropriação, criação e aquisição de novas competências ao longo da vida, potencializando o sujeito nas suas diversas dimensões. Seguindo essa tendência, Paiva (2004, p. 21) ressalta que “há que se aprofundar a compreensão e os sentidos de EJA como educação continuada, porque ela revela a perspectiva de aprender por toda a vida, exigência das sociedades complexas em que se vive”. Conforme Haddad (2001, p. 191-192), o conceito de educação continuada para a EJA, volta-se, portanto, não só para identificar aquela que se realiza ao longo da vida, continuamente, mas também, caracterizá-la como aquela que: É inerente ao desenvolvimento da pessoa humana e relaciona-se com a ideia de construção do ser. Abarca, por um lado, a aquisição de conhecimentos e aptidões e, de outro, atitudes e valores, implicando no aumento da capacidade de discernir e agir. [...] envolve todos os universos da experiência humana, além dos sistemas escolares ou programas de educação não-formal. [...] implica repetição e imitação, mas também apropriação, ressignificação e criação. Enfim, [...] associa-se à própria característica distintiva dos seres humanos, a capacidade de conhecer e querer saber mais, ultrapassando o plano puramente instintivo de sua relação com o mundo e com a natureza. Apesar das ações implementadas em favor da educação de pessoas jovens e adultas no Brasil durante a década de 1990, marcada inclusive com a ampliação de estudos e pesquisas voltados para esse segmento, Borges (2001, p. 97-98) ressalta “que permanecem até hoje as ideias dos anos 70 e 80 em diversos estilos de reedição, persistindo a ideia de que ‘qualquer pessoa que saiba ler e escrever pode se converter em alfabetizador e que qualquer educador possa ser educador de adultos’”. 35 1.1.5 – Da instituição das DCNs à ampliação das políticas públicas educacionais Concordando que o alargamento dado ao conceito de educação de pessoas jovens e adultas, adquirido a partir da V CONFINTEA, não foi plenamente assimilado, Di Pierro (2005) salienta, por outro lado, que esse conceito influenciou a instituição das DCNs para a EJA no Brasil através da regulamentação de dois documentos de extrema relevância para essa modalidade: o Parecer CNE/CEB 11/2000, aprovado em 10.05.2000, e dispondo sobre essas DCNs; e a Resolução CNE/CEB 01/2000, de 05.07.2000, estabelecendo essas DCNs. Sendo assim, mediante a aprovação e publicação das DCNs para a EJA, o ano 2000 consagra-se como marco histórico para essa modalidade, evidenciando um novo paradigma para a mesma, que passa a ser tratada como uma conquista devido a sua nova formulação legal no interior da Educação Básica como um direito público subjetivo e direito do cidadão, e redefinida como a representação de uma dívida social não reparada para com os que não tiveram acesso a e nem domínio da escrita e leitura como bens sociais, na escola ou fora dela, instituindo-se não mais com as finalidades de suprir e compensar, mas de reparar, equalizar e qualificar a escolaridade para aqueles que foram excluídos do processo de escolarização e do acesso aos bens culturais que essa escolarização poderia ter proporcionado. As DCNs para a EJA estabeleceram ainda: a extinção do uso da expressão “supletivo”; o restabelecimento do limite etário para o ingresso na modalidade (quatorze anos para o Ensino Fundamental e dezessete anos para o Ensino Médio); além de suscitar a necessidade de formação docente voltada ao público específico da EJA; e a contextualização curricular e metodológica pautada pelos princípios de equidade, diferença e proporcionalidade condizentes com o perfil distinto e as características socioculturais de seus educandos. Essas DCNs possibilitaram a retomada dos questionamentos em torno da educação de pessoas jovens e adultas, como não ocorria desde os anos de 1950 e 1960, colocando em questão os conceitos, fundamentos e funções da EJA, inscrita a partir de então com uma nova ressignificação no cenário educacional brasileiro, onde a educação, segundo Haddad (2001), passou a ocupar cada vez mais espaço na vida dos indivíduos, não só na das crianças, mas na dos jovens e adultos, acontecendo de forma contínua ao longo da vida em razão das necessidades educativas das pessoas, impostas pelo paradigma da sociedade contemporânea que se refere à mudança constante dos processos de produção e das formas de relação social, exigindo, entre outros aspectos, atualização permanente dos conhecimentos. Durante os anos 2000, marcos políticos como a criação da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), ligada ao MEC, em substituição à antiga Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade 36 (SECAD), a partir de 2004, com sua Diretoria de Políticas de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos; e a implantação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), regulamentado em 2007, passando a abarcar a EJA, em substituição ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), do qual a EJA, o Ensino Médio e a Educação Infantil estavam excluídos, fazem desse período um dos mais promissores na história da educação básica de pessoas jovens e adultas no Brasil, tornando-se decisivos na implantação de políticas voltadas a essa modalidade, entre as quais: o Programa Brasil Alfabetizado (PBA), criado em 2003, tendo por objetivo o estabelecimento de uma relação direta com os estados e municípios para a oferta de alfabetização de jovens e adultos; o Programa Fazendo Escola, instituído em 2003, destinado ao atendimento educacional da EJA nos sistemas de ensino estadual, municipal e do Distrito Federal com o objetivo de reduzir o analfabetismo e a baixa escolaridade; o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (PROJOVEM), implantado em 2005, que por ter como meta a integração entre o aumento da escolaridade (conclusão do Ensino Fundamental), a formação inicial ligada à qualificação profissional e a ação comunitária, foi reorganizado, em 2008, como Projovem Adolescente – Serviço Socioeducativo, Projovem Urbano, Projovem Campo – Saberes da Terra, e Projovem Trabalhador; o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), decretado em 2005, induzindo o comprometimento das escolas técnicas com a EJA integrada à Educação Profissional, com posterior ampliação em 2006, visando uma reconfiguração do currículo da EJA numa aproximação com a Educação Profissional em que o trabalho é assumido de forma criativa e não alienante; o Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLD-EJA), regulamentado em 2009, prevendo a distribuição de obras didáticas para as escolas públicas e entidades parceiras do Programa Brasil Alfabetizado com turmas do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Estabelecendo-se como um período significativo na história da EJA, os anos 2000 ainda se consolidam mediante a efetivação dos Encontros Nacionais de Educação de Jovens e Adultos (ENEJA), realizados anualmente desde a sua primeira edição, em 1999, todos em 37 articulação com os Fóruns Estaduais de Educação de Jovens e Adultos, reconhecidos como uma “organização social, com seus limites e suas potencialidades de atuação e mediação na constituição dessa modalidade como política pública” (MACHADO, 2009, p. 19-20). Além disso, em 2009, o Brasil teve a oportunidade de fechar a década de 2000 como a primeira nação do hemisfério sul a sediar uma CONFINTEA, evento de grandeza internacional no campo da EJA, em sua sexta edição acontecendo na cidade de Belém, no Estado do Pará, no qual se recomendou mudanças efetivas para a educação e aprendizagem de adultos, e o cumprimento das metas de alfabetização assumidas em 2000, na cidade de Dacar. A CONFINTEA VI ressaltou a aprendizagem ao longo da vida como um marco conceitual e um princípio organizador de todas as formas de educação, e reafirmou os quatro pilares da aprendizagem recomendados pela Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver com os outros (UNESCO, 2010). Chegado o fim da primeira década após a aprovação das DCNs para a EJA, em que se reconhece a ampliação dos conceitos e das propostas atuais, e toda uma riqueza de experiências promovidas pelas ações formais e informais de educação de pessoas jovens e adultas ao longo de sua trajetória histórica, torna-se imperioso não deixar que a EJA volte a ser encarada como educação compensatória. Assim, é preciso superar a ideia de educação complementar e compensatória, que segundo Di Pierro (2005), ainda é predominante entre educadores e gestores da educação brasileira, atribuindo à EJA a função de reposição da escolaridade não realizada na infância ou adolescência, tendo por trás de sua constituição uma concepção de ensino supletivo, que continua sendo referência para se pensar a educação básica de jovens e adultos no Brasil. Por fim, são essas colocações, entre outros posicionamentos, que reforçam a necessidade de se instituir práticas de pesquisas e estudos sobre a EJA, ou mesmo, de se garantir e ampliar os espaços de discussão sobre essa modalidade nos cursos de graduação e pós-graduação, considerando nesses espaços a produção já existente em EJA (HADDAD, 2002), visando compreender seu contexto e suas particularidades, principalmente sobre o processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos curriculares, em especial de Matemática, tentando contribuir com as práticas educativas que se realizam nessa modalidade, e consequentemente com a educação matemática dos seus educandos jovens e adultos. 38 1.2 – Da Educação Matemática à Educação Matemática de Jovens e Adultos A Educação Matemática é uma área emergente de estudos, recém-nascida e ainda em construção, que vem se consolidando há pouco mais de quarenta anos como um campo profissional e científico. Com uma história que tem se diferenciado de país para país, a Educação Matemática como tal, é ainda considerada como uma área recente, principalmente se comparada à Matemática e à Educação, áreas com as quais se relaciona. Segundo Kilpatrick (1996), a Educação Matemática, como um campo de atividade, é antiga, afinal a Matemática tem sido ensinada desde sua existência. Porém, como um campo acadêmico, suas raízes têm menos do que um século, destacando-se três fatores determinantes para o seu surgimento enquanto campo profissional e científico. O primeiro é atribuído à preocupação dos próprios matemáticos e de professores de Matemática sobre a qualidade da divulgação e socialização das ideias matemáticas às novas gerações. O segundo é atribuído à iniciativa das universidades europeias, no final do século XIX, de promover institucionalmente a formação de professores secundários, contribuindo para o surgimento de especialistas universitários em ensino de Matemática. E o terceiro diz respeito aos estudos experimentais realizados por psicólogos americanos e europeus, desde o início do século XX, sobre o modo como as crianças aprendiam a Matemática (KILPATRICK6, 1992 apud FIORENTINI; LORENZATO, 2006, p. 6). Com um pouco mais da metade dessa trajetória, e a exemplo do que aconteceu em outros países, como em Portugal, passando por três fases: incubação, nascimento e desenvolvimento (PONTE, 1993), a Educação Matemática no Brasil enquanto campo profissional e científico tem sua história delineada, conforme Fiorentini (1994), através de quatro fases: gestação, nascimento, emergência de uma comunidade de educadores matemáticos e emergência de uma comunidade científica. Para Fiorentini e Lorenzato (2006), a primeira fase aconteceu no período que vai do início do século XX até o final dos anos de 1960, sendo possível identificar “alguns esforços e movimentos que preparariam terreno para o surgimento posterior da Educação Matemática enquanto campo profissional não só de ação, mas também de produção sistemática de conhecimento” (p. 17). A segunda fase compreendeu o início da década de 1970 aos primeiros anos da década de 1980, período em que se observam algumas tentativas 6 KILPATRICK, J. A history of research in mathematics education. In: GROUWS, D. A. (ed.). Handbook of research on mathematics teaching and learning. New York: Macmillan, 1992. p. 3-35. 39 mais sistemáticas de produção de estudos através do surgimento de vários programas de pósgraduação em Educação, Matemática e Psicologia, e em que se nota o aparecimento de especialistas em Didática e Metodologia do Ensino da Matemática. A terceira fase ocorreu durante a década de 1980 e teve como característica a ampliação da concepção de Educação Matemática e de sua região de inquérito, com novos problemas e novas perguntas e consequentemente novas formas de investigação, ocorrendo ainda nesse período, entre os anos de 1987 e 1988, a fundação e organização da Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM)7. A quarta fase incidiu nos anos de 1990 e marcou o “grande movimento nacional de formação de grupos de pesquisa, de consolidação de linhas de investigação e de surgimento de cursos de mestrado/doutorado em Educação Matemática” (p. 36). Em constante crescimento, a Educação Matemática no Brasil passaria desde então a se apresentar com um número significativo de pesquisas, com diversos programas de pósgraduação na área, contando com eventos nacionais e regionais em todo território nacional, favorecendo seu reconhecimento como campo profissional e de pesquisa, inclusive por outras áreas do conhecimento, como no caso da criação do seu Grupo de Trabalho (GT-19) junto à Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) desde 1998. A Educação Matemática é, em todo o mundo, uma área de pesquisa em grande desenvolvimento e reconhecida como de fundamental importância. Tem seus programas de pós-graduação próprios, departamentos específicos, revistas especializadas, sociedades locais, nacionais, regionais e internacionais, e inúmeros seminários, conferências e congressos internacionais, regionais e nacionais são organizados (D’AMBROSIO, 1997, p. 12). Consoante suas origens teóricas com base em outras áreas do conhecimento, a Educação Matemática é reconhecida como uma área de caráter interdisciplinar, envolvendo não somente a Matemática e a Educação, mas também outras áreas. Tratando desse aspecto, D’Ambrosio (1997, p. 11) elucida que a Educação Matemática é uma “área de conhecimento interdisciplinar envolvendo, além da própria matemática, conhecimentos de sociologia e política, psicologia e ciências da cognição, antropologia e história, artes e comunicação, e inúmeras outras áreas”. No conjunto dessas áreas, a Matemática e a Psicologia seriam, segundo Kilpatrick (1996), as disciplinas embrionárias do campo da Educação Matemática, se juntando posteriormente a outras disciplinas, no suporte a esse campo, como a Antropologia, Sociologia, Epistemologia, Ciência Cognitiva, Semiótica, e Economia. 7 Para maiores conhecimentos a respeito da história da SBEM, recomendamos a tese de Denizalde Josiel Rodrigues Pereira, defendida na UNICAMP, em 2005, intitulada “História do movimento democrático que criou a Sociedade Brasileira de Educação Matemática – SBEM”. 40 Em conformidade com essa visão, Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 5) destacam que a Educação Matemática “está diretamente relacionada com a filosofia, com a matemática, com a psicologia e com a sociologia, mas a história, a antropologia, a semiótica, a economia e a epistemologia têm também prestado sua colaboração”. Corroborando a perspectiva da Educação Matemática resultante da interação de várias áreas, Higginson8 (1980), citado por Godino (2010), propõe um modelo explicativo de relação da Educação Matemática com quatro disciplinas fundamentais: Matemática, que responde o que ensinar; Psicologia, que explica quando e como ensinar; Sociologia, que mostra a quem e onde ensinar; e Filosofia, que pretende entender o porquê ensinar. Tendo em vista a relação da Educação Matemática com a Educação, e voltando-se para o campo investigativo, Célia M. Carolino Pires, em depoimento concedido no artigo de Miguel et al. (2004, p. 77), acrescenta a Pedagogia e a Linguística no conjunto de áreas que se relacionam com a Educação Matemática como campo interdisciplinar. Na conexão com diversas áreas mediante seu caráter interdisciplinar, a Educação Matemática se estabelece em um diálogo com matemáticos, psicólogos, sociólogos, filósofos, pedagogos, linguistas e professores de Matemática, entre outros diferentes profissionais. Dessa forma, se aproxima de áreas, por exemplo, como: Matemática, por tomar parte da elaboração da Educação Matemática ao se preocupar com o conteúdo e estrutura do saber científico a ser ensinado; Pedagogia, por sua colaboração ao analisar as relações entre ensino e aprendizagem na escola; Filosofia, por se inserir na reflexão sobre os problemas relacionados à Educação Matemática; Sociologia, por lembrar que a Matemática em si, tal como outras ciências, não é uma atividade humana independente de valores, aspectos éticos e políticos da Educação Matemática (COSTA, 2007, p. 5) ou ainda, por esclarecer como se dá a interdependência entre ciência e sociedade e sua influência na formação dos indivíduos em uma sociedade democrática; Psicologia, por explicitar aspectos do desenvolvimento do indivíduo e dos modelos teóricos para análise do conhecimento a ensinar, da aprendizagem e dos processos de ensino e aprendizagem em que o professor atua como mediador; Linguística, por compreender muitos dos problemas conceituais próprios das dificuldades de aprendizagem; História e Epistemologia da Ciência, por explicarem a gênese, o desenvolvimento e a evolução do conhecimento científico e, em particular, da Matemática (Célia M. Carolino Pires em depoimento concedido no artigo de Miguel et al. (2004, p. 77)). Diante do amplo espectro de complexas áreas que se inter-relacionam com a 8 Higginson, W. On the foundations of mathematics education. For the Learning of Mathematics, v. 1, n. 2, pp. 3-7, 1980. 41 Educação Matemática, dois aspectos tornam-se passíveis de reflexão: o primeiro está associado à não interpretação da Educação Matemática como aplicação particular dos vários campos com os quais interage; e o segundo está relacionado ao fato de que, se por um lado, “o contato com outras áreas de investigação desempenha papel decisivo para a construção de sua identidade” (Célia M. Carolino Pires em depoimento concedido no artigo de Miguel et al. (2004, p. 77)), por outro, há que se compreender que, por ser um campo interdisciplinar, ela pode ter dificultada a exploração consistente das suas fronteiras e com isso encontrar barreiras ao seu desenvolvimento. Do primeiro aspecto emerge a observação de que “é importante ressaltar que não podemos apenas nos apropriar das teorias desenvolvidas nas disciplinas que se interrelacionam com a Educação Matemática e usá-las da maneira em que chegam às nossas mãos” (COSTA, 2007, p. 9). Já do segundo, decorre a advertência sobre os riscos que correm e as dificuldades epistemológicas que enfrentam os pesquisadores de um campo interdisciplinar, exigindo dos mesmos que fiquem alertas para as questões que os campos circunvizinhos estão enfrentando no trato de seus objetos no processo de flexibilização das fronteiras entre as áreas do conhecimento (PINTO, 2004). No processo permanente de crescimento e de ressignificação de seu objeto para além dos limites das áreas que contribuíram para sua origem e para que chegasse à condição de uma área de conhecimento interdisciplinar, ou uma ciência de relação, conforme denomina Pinto (2004), a Educação Matemática, de forma natural, dada a sua juventude, tem se esforçado no sentido de encontrar sua definição e delimitar seu objeto de estudo, objetivos, fundamentos metodológicos e campos de investigação. Na busca de uma definição, a própria expressão “Educação Matemática” tem se constituído como controversa, adotando-se designações distintas em diferentes países. Godino (2010, p. 2) afirma que: “Contudo, no mundo anglosaxão se utiliza a expressão ‘Educação Matemática’ para se referir à área de conhecimento que na França, Alemanha, Espanha, etc. se denomina de Didática da Matemática”9. No âmbito do significado da expressão “Educação Matemática”, há ainda uma discussão sobre sua abrangência em relação à expressão “Didática da Matemática”, e assim, Balacheff et al.10 (1993, p. 179 apud KILPATRICK, 1996, p. 101) destacam que: “Parece, 9 Texto traduzido por nós do espanhol: “Sin embargo, en el mundo anglosajón se emplea la expresión ‘Mathematics Education’ para referirse al área de conocimiento que en Francia, Alemania, España, etc. se denomina Didáctica de la Matemática”. 10 BALACHEFF, N., et al. What is research in mathematics education, and what are its results?. L’Enseignement Mathématique, v. 39, p. 179-186, 1993. 42 entretanto, que Educação Matemática não significa a mesma coisa que, por exemplo, didactique des mathématiques”. Assumindo essa diferença e explicitando as razões, Godino (2010, p. 2) elucida que: “O termo educação é mais amplo que didática, pelo que se pode distinguir entre Educação Matemática e Didática da Matemática”11. Controvérsias à parte em relação ao termo, a definição de Educação Matemática também não é consensual, adotando-se diferentes significados conforme o contexto em que é utilizada. Sendo que, entre as principais definições além de ser uma área interdisciplinar, a Educação Matemática é caracterizada por Ponte (2008, p. 55) segundo três campos: Por um lado, a educação matemática constitui um campo de práticas sociais, cujo núcleo são as práticas de ensino e de aprendizagem de professores e alunos, mas que inclui igualmente outras vertentes como as práticas de apoio à aprendizagem extraescolar e a produção de materiais didáticos. Por outro lado, a educação matemática constitui um campo de investigação acadêmica, onde se produz novo conhecimento sobre o que se passa no campo anterior. E, por outro lado ainda, é um campo de formação, onde se transmite esse conhecimento a novas gerações de professores e de investigadores e também aos professores em serviço. Da definição de Educação Matemática como um campo de práticas sociais, tem-se o entendimento das relações que se estabelecem no ensino e na aprendizagem da Matemática no contexto escolar envolvendo professores e alunos, incluindo outros aspectos de ordem sociocultural que influenciam a interdependência aluno-professor-conhecimento matemático. Nessa perspectiva, ainda em conformidade com Ponte (2008), a Educação Matemática como prática social assume seu lugar nas escolas e nas salas de aula, sendo protagonizada por professores e alunos, reconhecidos como principais atores dessa prática social, que também pode incluir outros espaços extraescolares. Para essa definição da Educação Matemática associada à prática social, encontramos ainda a compreensão de Rico, Sierra e Castro12 (2000, p. 352 apud GODINO, 2010, p. 2) como “todo o sistema de conhecimentos, instituições, planos de formação e finalidades formativas que conformam uma atividade social complexa e diversificada relativa ao ensino e aprendizagem da matemática”13. Consoante essa designação de Educação Matemática como prática ou atividade social, Rico e Sierra (1999, p. 4) observam que: Neste caso se entende a educação matemática como a totalidade de ações e condições que tornam possível o ensino da matemática. Abrange pois o conjunto de 11 Texto traduzido por nós do espanhol: “El término educación es más amplio que didáctica, por lo que se puede distinguir entre Educación Matemática y Didáctica de la Matemática”. 12 RICO, L.; SIERRA, M.; CASTRO, E. Didáctica de la matemática. In: RICO, L.; MADRID, D. (eds.). Las Disciplinas Didácticas entre las Ciencias de la Educación y las Áreas Curriculares. Madrid: Síntesis, 2000. 13 Texto traduzido por nós do espanhol: “Todo el sistema de conocimientos, instituciones, planes de formación y finalidades formativas que conforman una actividad social compleja y diversificada relativa a la enseñanza y aprendizaje de las matemáticas”. 43 conhecimentos, processos e condições que possibilitam as interações entre professores e alunos no meio escolar sobre um tópico matemático, ou seja, que tornam viável o ensino e a aprendizagem da matemática. A educação matemática se refere aqui à atividade intencional através da qual é conduzida a construção, compreensão, transmissão e avaliação do conhecimento matemático14. A respeito da concepção de Educação Matemática como um campo de investigação acadêmica, tem-se sua convergência para a busca sistemática de respostas aos problemas e questionamentos que incidem consequentemente na melhoria do ensino e da aprendizagem da Matemática, bem como sobre os múltiplos aspectos que gravitam em torno desse processo, gerando possíveis conhecimentos sobre o mesmo. Entre os diversos significados de Educação Matemática que a traduzem como um campo de pesquisa, Ponte (1993, p. 95) a designa como sendo uma: Área do saber que se procura debruçar de modo sistemático e consistente sobre os problemas que afetam o ensino e aprendizagem desta disciplina, bem como a formação de professores e o contexto curricular, institucional, social e cultural em que se desenvolve a ação educativa de professores, ao contexto escolar, cultural e sócio-político em que ocorre a prática pedagógica. O caráter investigativo oriundo dessa designação para a Educação Matemática seria, portanto, consequência da necessidade de se produzir resultados claros e determinantes voltados à melhoria do processo de ensino-aprendizagem dos conhecimentos matemáticos, constituindo-se como um conjunto de saberes capaz não apenas de favorecer tais melhorias, mas também de propiciar prováveis explicações para os intervenientes do processo educativo em relação à Matemática enquanto disciplina escolar. Desse posicionamento, podemos estendê-lo para a caracterização da Educação Matemática como um campo de formação, dada a consolidação do conjunto de saberes sistematizado e organizado com o propósito de subsidiar a formação de professores, educadores e investigadores em Educação Matemática, dotando-os de conhecimentos para entender e intervir no processo de ensino-aprendizagem dos conhecimentos matemáticos, permitindo, inclusive, compreender a Educação Matemática como uma prática social e concretizar seus propósitos enquanto um campo de investigação acadêmica. Para Ponte (2008), tem-se não somente a sobreposição parcial da Educação Matemática como um campo de práticas sociais, um campo de investigação acadêmica e um campo de formação, mas principalmente observa-se como esses campos se influenciam uns 14 Texto traduzido por nós do espanhol: “En este caso se entiende la educación matemática como la totalidade de acciones y condiciones que hacen posible la enseñanza de las matemáticas. Abarca pues el conjunto de conocimientos, procesos y condiciones que posibilitan las interacciones entre profesores y alumnos en el medio escolar sobre un tópico matemático, es decir, que hacen viable la enseñanza y aprendizaje de las matemáticas. La educación matemática se refiere aquí a la actividad intencional mediante la que se lleva a cabo la construcción, comprensión, transmisión y valoración del conocimiento matemático”. 44 aos outros: “As características marcantes da investigação em educação matemática como campo acadêmico têm muito a ver com a sua relação com os campos das práticas sociais (em especial na sua vertente profissional) e da formação de professores” (PONTE, 2008, p. 18). Influenciado por tais definições decorre ainda outros tratamentos para a Educação Matemática como um campo profissional, científico e disciplinar. Entre os campos profissional e científico há uma relação necessária que, nas palavras de Kilpatrick (1996, p. 112), significa dizer que: “O lado científico não pode se desenvolver muito além, a menos que ele seja, de alguma forma, aplicado à prática profissional, e o desenvolvimento profissional requer o conhecimento especializado, que somente a investigação científica pode oferecer”. Do conhecimento especializado requerido para o desenvolvimento profissional decorre o conceito de Educação Matemática como disciplina, ou ainda, segundo Kilpatrick (1996, p. 119), como uma matéria universitária, ampliando sua definição como uma profissão, um campo de academicismo, pesquisa e prática. Para Rico e Sierra (1999, p. 4), a Educação Matemática como disciplina está relacionada à “totalidade de referenciais teóricos e metodológicos, estruturas conceituais, análises históricas e epistemológicas que permitem interpretar, prever e atuar sobre um campo de fenômenos, neste caso os fenômenos de ensino e aprendizagem da matemática”15. De modo geral, dado todas essas conceituações para a Educação Matemática, caracterizando-a como uma área ou campo “multiconceitual” de caráter interdisciplinar, podemos generalizar, em conformidade com Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 12), que a “Educação Matemática não é apenas um campo profissional, mas também uma área de conhecimento. Ou seja, a Educação Matemática é tanto uma área da pesquisa teórica quanto uma área de atuação prática, além de ser, ao mesmo tempo, ciência, arte e prática social”. Como ciência, uma perspectiva menos comum em torno da definição de Educação Matemática, destaca-se, entre outras designações, seu entendimento como “uma área de conhecimento das ciências sociais ou humanas” (FIORENTINI; LORENZATO, 2006, p. 5). Ou, como prefere Kilpatrick (1996, p. 112): “A Educação Matemática é inevitavelmente uma ciência humana aplicada”. Além disso, segundo Steiner (1993, p. 21), “entre os que pensam que a Educação Matemática como ciência é possível e existe, encontra-se uma variedade de definições 15 Texto traduzido por nós do espanhol: “totalidad de marcos teóricos y metodológicos, estructuras conceptuales, análisis históricos y epistemológicos que permiten interpretar, predecir y actuar sobre un campo de fenómenos, en este caso los fenómenos de enseñanza y aprendizaje de las matemáticas”. 45 diferentes, por exemplo, [...] uma ciência social, uma ciência fronteira, uma ciência aplicada, uma ciência fundamental”. As múltiplas definições assumidas para a Educação Matemática repercutem não apenas em seu caráter identitário e em sua autonomia, mas incidem também em reflexões e discussões outras, como as concernentes ao seu objeto de estudo, principalmente quando se busca ressignificá-lo para além das áreas de conhecimento que lhes deram origem. Segundo Garnica (2004, p. 81), isso é consequência do fato de que: A educação matemática é uma prática social que não está ainda nem topologicamente diferenciada das demais no interior do espaço acadêmico, nem juridicamente estabelecida como campo profissional autônomo, nem, portanto, institucionalmente reconhecida como campo disciplinar. Nesse contexto, por mais que não se tenha bem delineado o objeto de estudo da Educação Matemática, repercutindo críticas no âmbito da pesquisa nesse campo junto à comunidade científica, sendo reconhecido, segundo Guimarães (2000, p. 276), “que não é ainda completamente claro e consensual o que constitui e delimita, esse campo ou objeto da investigação, bem como os aspectos relacionados com as suas relações com outros campos ou disciplinas científicas e o seu estatuto científico”. Por outro lado, “relativamente à questão ‘o que é investigação em educação matemática?’, no seu próprio enunciar, estabelece-se o campo ou objeto da investigação: a educação matemática” (GUIMARÃES, 2000, p. 276). Na tentativa de encontrar definições mais precisas referentes ao objeto de estudo da Educação Matemática, o aspecto comum subjacente à sua própria definição faz emergir a identificação de seu objeto relacionado ao processo de ensino-aprendizagem da Matemática. Nesse movimento, Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 9) esclarecem que: Embora o objeto de estudo da Educação Matemática ainda se encontre em processo de construção, poderíamos, de modo geral, dizer que ele envolve as múltiplas relações e determinações entre ensino, aprendizagem e conhecimento matemático em um contexto sociocultural específico. Corroborando, Pais (2008, p. 10) ressalta que o objeto de estudo da Educação Matemática “é a compreensão, interpretação e descrição de fenômenos referentes ao ensino e à aprendizagem da matemática, nos diversos níveis de escolaridade, quer seja em sua dimensão teórica ou prática”. Nesse caso, o objeto de estudo da Educação Matemática parece convergir para a finalidade de melhorar os diferentes aspectos dos processos de ensino e de aprendizagem da Matemática (PINTO, 2004), ainda que se considere se tratar de um objeto extremamente difícil de delimitar, uma vez que seus problemas estão profundamente imbricados nos problemas mais gerais da educação e da sociedade, bem como nos problemas do 46 funcionamento do sistema educativo (PONTE, 2000). Embora essa dificuldade de delimitação seja determinante na constituição de objetivos múltiplos e difíceis de categorizar em função da variabilidade de problemas ou questões investigativas no campo da Educação Matemática, novamente, por decorrência de sua definição, tem-se que seu objetivo principal é “equacionar os problemas do ensino e aprendizagem desta disciplina e estudar os diversos processos e fatores com ela relacionados, desde a formação de professores ao contexto educativo” (PONTE, 1993, p. 109). Para Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 10), ainda que os objetivos da Educação Matemática sejam múltiplos: Poderíamos, entretanto, afirmar que, por um espectro amplo e não imediato, existiriam dois objetivos básicos: um de natureza pragmática, que tem em vista a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem da matemática; outro, de cunho científico, que tem em vista o desenvolvimento da Educação Matemática enquanto campo de investigação e de produção de conhecimentos. Para tanto, frente esses dois objetivos básicos e seguindo na busca constante de sua consolidação e autonomia, como área jovem e em construção, a Educação Matemática ainda teria questões a definir quanto aos seus métodos e campos investigativos. Em relação aos seus métodos, não possuindo uma metodologia única de investigação, Ponte (2000, p. 328) sugere que a Educação Matemática, ao estudar fenômenos humanos e sociais, como a aprendizagem e o ensino, tire partido do arsenal metodológico das ciências sociais e humanas, onde se enquadra. Essa também parece ser a posição de Steiner (1993, p. 25) ao se referir à Educação Matemática com base em suas origens na interdisciplinaridade: A natureza do assunto e os seus problemas exigem abordagens interdisciplinares, e seria errado não fazer uma utilização significativa do conhecimento que outras disciplinas já produziram, sobre aspectos específicos desses problemas, ou da sua contribuição numa cooperação interdisciplinar. Diante desses aspectos é que talvez tenhamos uma justificativa para a tônica na qual, de acordo com Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 4), os educadores matemáticos, ao contrário dos matemáticos com seus processos hipotético-dedutivos, têm realizado “seus estudos utilizando métodos interpretativos e analíticos das ciências sociais e humanas, tendo como perspectiva o desenvolvimento de conhecimentos e práticas pedagógicas que contribuam para uma formação mais integral, humana e crítica do aluno e do professor”. No que diz respeito aos campos investigativos, a complexidade da Educação Matemática reflete diretamente nas pesquisas da área ampliando suas possibilidades de investigação, ao mesmo tempo em que a variedade de temas torna dificultosa sua organização 47 segundo suas linhas e/ou tendências temáticas. Nesse caso, reportando-se ao contexto de cerca de 20 anos atrás, mas que ainda se revela como algo atual pelos aspectos suscitados em torno da Educação Matemática, Fiorentini (1993, p. 65-66) explica que: Isto decorre, em primeiro lugar, do fato de essa área de conhecimento ser ainda emergente, apresentando-se sem uma fronteira definida e sem linhas de pesquisa claramente configuradas. Ou seja, trata-se de uma área em fase ainda inicial de construção que, a cada curto espaço de tempo, apresenta profundas transformações, evidenciadas pelo surgimento de novos núcleos temáticos. Em segundo lugar, a própria natureza interdisciplinar do objeto de pesquisa da Educação Matemática, onde ele pode ser focalizado sob vários ângulos, impede que essa área seja subdividida em compartimentos estanques. Propondo se instituir com suas próprias questões de investigação, a Educação Matemática desde sempre tem tentado focar suas temáticas de pesquisa, e nesse processo, Fiorentini e Lorenzato (2006) sugerem que poderíamos reuni-las, ainda que parcialmente e jamais de modo estanque, nas temáticas: processo de ensino-aprendizagem da Matemática; mudanças curriculares; utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no ensino e na aprendizagem da Matemática; prática docente, crenças, concepções e saberes práticos; conhecimentos e formação/desenvolvimento profissional do professor; práticas de avaliação; contexto sociocultural e político do ensino-aprendizagem da Matemática. Considerando a organização dessas temáticas em subtemáticas e o surgimento, com maior ou menor frequência, de outros temas em torno da Educação Matemática ao longo do seu desenvolvimento, nos debruçamos a partir de então sobre a incidência e emergência da Educação Matemática de Jovens e Adultos na sua relação temática com a área da Educação Matemática, na qual Fonseca (2005a) esclarece que a caracterização do público da EJA, não apenas por um corte etário, mas por suas especificidades socioculturais, tem inserido a Educação Matemática de Jovens e Adultos em linhas de trabalho da Educação Matemática. Oriunda das duas áreas que lhe dão nome: a Educação Matemática e a EJA (FANTINATO, 2003), ou ainda, constituída na interface dessas duas áreas, mas adotando outras nomenclaturas como Educação Matemática na EJA (VIZOLLI, 2006) e Educação Matemática de Pessoas Jovens e Adultas (SCHNEIDER, 2010), suscitamos os seguintes questionamentos: Qual seria a designação para a Educação Matemática de Jovens e Adultos? Quais justificativas para constituir uma educação matemática de jovens e adultos? Que importância teria a investigação em Educação Matemática de Jovens e Adultos? Desde quando se tem pesquisado sobre a Educação Matemática de Jovens e Adultos? Como possível resposta à indagação sobre seu significado, destacam-se as palavras de Fonseca (2005a, p. 14) que: 48 Assim, quando falamos em Educação Matemática de Jovens e Adultos, não nos estamos referindo ao ensino da Matemática para o estudante universitário ou da pósgraduação, nem de cursos de Matemática que integram os currículos de programas de formação especializada para profissionais qualificados, ou de sessões de resolução de problemas matemáticos com finalidade terapêutica ou diagnóstica. Estamos falando de uma ação educativa dirigida a um sujeito de escolarização básica incompleta ou jamais iniciada e que acorre aos bancos escolares na idade adulta ou na juventude. A interrupção ou o impedimento de sua trajetória escolar não lhe ocorre, porém, apenas como um episódio isolado de não-acesso a um serviço, mas num contexto mais amplo de exclusão social e cultural, e que em grande medida, condicionará também as possibilidades de re-inclusão que se forjarão nessa nova (ou primeira) oportunidade de escolarização. Dessa perspectiva sobre de quem estamos tratando quando nos referimos à Educação Matemática de Jovens e Adultos é consequente a compreensão – segundo o entendimento da Educação Matemática como um campo de práticas sociais – das ações realizadas no processo de ensino-aprendizagem da Matemática que acometem o contexto específico da EJA, envolvendo todas as práticas capazes de contribuir para com as atividades educativas e para com a atuação profissional e de formação junto a essa modalidade, principalmente no estabelecimento da tríade aluno-professor-Matemática. Em termos da relevância de se constituir uma educação matemática de jovens e adultos, sua fundamentação respalda-se na “importância da Matemática para a solução dos problemas reais, urgentes e vitais nas atividades profissionais ou em outras circunstâncias do exercício da cidadania vivenciadas pelos alunos da EJA” (FONSECA, 2005a, p. 50), que retornam ou acessam os bancos escolares pela primeira vez com o sentimento de conquista de um direito negado, cuja negação tem condicionado as possibilidades de exercer sua cidadania. Além do direito à educação, negado devido a sua exclusão precoce da escola, o que torna imprescindível a existência da modalidade EJA, podemos ainda enumerar como justificativa para o estabelecimento da Educação Matemática de Jovens e Adultos: o perfil marcante dos educandos jovens e adultos em função da riqueza de conhecimentos provenientes de suas experiências pessoal e coletiva; a composição desses educandos como um grupo sociocultural distinto daquele para o qual a escola foi tradicionalmente dirigida; e as perspectivas, demandas, preocupações e anseios diferenciados do público da EJA quanto à educação na comparação com os alunos que frequentam a escola na idade dita regular. Esses aspectos são alguns dos elementos decisivos para o reconhecimento que: Há necessidade de trabalhar para construir um campo próprio de preocupações na educação matemática de jovens e adultos, um campo não fechado, aberto a influências, resultados, investigações e ideias, mas que tenha um foco de atenção: o jovem e o adulto em situação de aprendizagem dos conteúdos matemáticos, com 49 suas características, problemas e peculiaridades16 (JÓIA, 1997, p. 30). Na proposição de se adquirir um corpo próprio, a importância da investigação em Educação Matemática de Jovens e Adultos adquire contornos baseados na concepção de Educação Matemática como um campo de investigação acadêmica, porém com foco sobre os problemas que acometem o ensino e a aprendizagem da Matemática no universo da EJA. Nesse caso, para Fonseca (2005b, p. 321-322), a demanda em torno do tema da Educação Matemática de Jovens e Adultos é consequência de dois fatores: Pode-se dizer que a discussão sobre a educação matemática veio ganhando, nos últimos anos, um espaço significativo entre as preocupações de professores e alunos da educação de jovens e adultos (EJA), dos pesquisadores e dos responsáveis pela elaboração e implementação de propostas institucionais desta área. De certa forma, isso reflete um deslocamento dessas preocupações: antes mais fortemente concentradas na luta pelo direito à escola, elas agora se voltam mais intensamente para as questões de ensino-aprendizagem, buscando aprimorar a qualidade das iniciativas implementadas, especialmente pela consideração das especificidades do público a que atendem. Por outro lado, também na comunidade da educação matemática, professores, pesquisadores, responsáveis pela formação de educadores ou por parâmetros e propostas curriculares, entre outros, passaram a preocupar-se mais com a adequação do trabalho pedagógico às características, demandas, expectativas e desejos dos aprendizes, tomados como um dos aspectos definidores do projeto educativo a ser desenvolvido. Sendo a Educação Matemática objeto de interesse e preocupação dos envolvidos com a EJA já há alguns anos, cabe retomar a questão sobre desde quando se tem pesquisado sobre a Educação Matemática de Jovens e Adultos. Do ponto de vista histórico da investigação sistemática sobre esse tema, a tese de Fiorentini (1994) sugere que a EJA já se constituía como temática de interesse das pesquisas em Educação Matemática, através do tema Educação de Adultos, desde a década de 1980, sendo tratada na terceira fase de desenvolvimento da Educação Matemática brasileira, em que se observa a ampliação da sua região de inquérito: De 3 linhas ou focos temáticos de pesquisa da 2ª fase17 avançamos, na 3ª, para 10: estudo/experimentação de novos métodos ou técnicas de ensino (resolução de problemas e modelagem matemática); etnomatemática e educação de adultos; cognição matemática no ensino e/ou em contextos socioculturais; filosofia/história/epistemologia e ensino de Matemática; formação inicial e continuada de professores de Matemática; materiais didáticos e meios de ensino; 16 Texto traduzido por nós do espanhol: “Hay necesidad de trabajar para constituir un campo propio de preocupaciones en la educación matemática de jóvenes y adultos, un campo no cerrado, abierto a influencias, resultados, investigaciones e ideas, pero que tenga un foco de atención: el joven y el adulto en situación de aprendizaje de los contenidos matemáticos, con sus características, problemas y peculiaridades”. 17 Segundo Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 220), esses três focos seriam: o estudo, desenvolvimento e testagem, via método experimental, de técnicas/métodos de ensino ou de propostas metodológicas; os estudos exploratórios/descritivos, geralmente do tipo survey, do currículo escolar e/ou do processo ensino-aprendizagem da Matemática; os estudos de natureza psicológica e/ou cognitiva. 50 currículo escolar; estudos do cotidiano escolar; estudos históricos-analíticos do ensino da Matemática; concepções/significados/ideologia no ensino-aprendizagem LORENZATO, 2006, p. 33-34) [grifo nosso]. (FIORENTINI; Em decorrência da tese de Fiorentini (1994), temos ainda que o suposto surgimento da EJA enquanto temática da Educação Matemática, categorizada como Educação Matemática para Adultos, seria resultante das dissertações de: Newton Duarte e Lígia Maria Costa Leite, ambas defendidas em 1987; Ângela Maria Calazans Souza, defendida em 1988; e Mônica Rabello de Castro e João Batista Gasparini, ambas defendidas em 1990. No contexto específico das pesquisas sobre EJA, conforme Estado da Arte organizado por Haddad (2002) sobre a produção acadêmica discente dos programas nacionais de pós-graduação stricto sensu para o período 1986-1998, temos que os primeiros trabalhos tratando de Educação Matemática foram constituídos pelas dissertações de Newton Duarte, em 1987; e Ângela Maria Calazans de Souza e Arlete Tiengo, ambas em 1988. Nesse caso, tanto o surgimento da EJA na Educação Matemática quanto da Educação Matemática na EJA estariam ligados à dissertação de Newton Duarte, defendida em 1987 junto à UFSCar, cujo trabalho se propôs “analisar uma experiência de ensino do sistema de numeração e das quatro operações aritméticas elementares com alfabetizandos adultos, procurando caracterizar a relação dialética entre o lógico e o histórico dos conceitos matemáticos” (CUKIERKORN, 2002, p. 83). O fato de a dissertação de Newton Duarte ter sido defendida junto ao Programa de Mestrado em Educação da UFSCar e a observação de Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 30), relativa à década de 1980, de que “os estudos desse programa referem-se à produção, aplicação e análise de projetos pedagógicos histórico-críticos de ensino de matemática para adultos”, levanta-se a hipótese de que a UFSCar seria uma das instituições precursoras no âmbito das pesquisas brasileiras envolvendo Educação Matemática e EJA. Antes desse período, seria presumível a ocorrência de estudos em Educação Matemática de Jovens e Adultos, afinal, na década de 1970 e primeiros anos de 1980, não apenas se observa a Educação Matemática surgir como campo profissional e área de conhecimento, mas se tem ainda a criação de escolas e a sistematização do processo de escolarização para adultos iniciado nos anos 1960. Ambos os casos sob a influência, segundo Fiorentini e Lorenzato (2006), da ampliação do sistema educacional brasileiro em função da valorização da educação, pelo regime militar, na tentativa de formação de mão-de-obra mais qualificada para atender as exigências de desenvolvimento e de modernização do Brasil. 51 Porém, no campo da pesquisa, o que se percebe é a realização de estudos na área de Educação Matemática centrados nas crianças, no ensino primário, em testes estatísticos de rendimento escolar, com foco nos conteúdos e não nos espaços escolares e seus participantes. Retomando a década de 1980 até os anos de 1990, e em consideração ao contexto da América Latina, Storer (1999, p. 1) destaca que: Para o caso da matemática, na década de oitenta tal ideia deu origem a importantes trabalhos de investigação na região latino-americana. Na verdade, parecia que haveria um “boom” investigativo cujo motor era desvendar os saberes matemáticos que os adultos não escolarizados haviam desenvolvido em sua experiência de vida, assim como conhecer as condições de sua produção e a lógica do seu funcionamento. [...] Mas na direção oposta do que este conjunto de trabalhos havia suposto, nos anos noventa as investigações foram mais escassas18. Ratificando, Porto e Carvalho (2003, p. 3) destacam que nessa época: [...] no contexto da América Latina, estudos sobre o domínio dos conhecimentos matemáticos na EJA têm priorizado a análise dos aspectos culturais do conhecimento dessa área e em particular as situações de ensino-aprendizagens no cotidiano da sala de aula. [...]. De fato tais estudos, em sua maioria, buscam uma aproximação com o que se passa no interior da sala de aula. Uma das razões apontadas para a prática de pesquisas envolvendo a Educação Matemática de Jovens e Adultos nesse período refere-se às reuniões sobre formação matemática na EJA, promovidas primeiro pelo Consejo de Educación Popular de América Latina y el Caribe (CEAAL), em 1989, depois pela UNESCO, em 1993, e posteriormente pela Oficina Regional de Educación para a América Latina y el Caribe (OREALC), em 1995. Segundo Storer (1999, p. 2): “Infelizmente, nem a pesquisa gerada no período e nem estas reuniões tiveram repercursão importante. O que parecia ser o início de uma linha de investigação fértil e vigorosa, manteve-se apenas como uma promessa”19. Henao (2006) confirma que na década de 1980 e princípios da década de 1990 foi notório o estancamento no que se refere à produção de pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos. Da mesma forma, Jóia (1997) afirma que, embora se tenha notado novos desenvolvimentos, a produção ficou limitada a poucos trabalhos. No Brasil, mesmo reconhecendo que nos últimos tempos a Educação Matemática de Jovens e Adultos tenha se tornado tema de discussão e produção de conhecimento, seja no 18 Texto traduzido por nós do espanhol: “Para el caso de las matemáticas, en la década de los ochenta tal idea dio origen a importantes trabajos de investigación en la región latinoamericana. De hecho, parecía que habría un ‘boom’ investigativo cuyo motor era desentrañar los saberes matemáticos que los adultos no escolarizados habían desarrollado en su experiencia de vida, así como conocer las condiciones de su producción y la lógica de su funcionamiento. [...] Pero en dirección opuesta de lo que este conjunto de trabajos hacían suponer, en los años noventa las investigaciones fueron más escasas”. 19 Texto traduzido por nós do espanhol: “Desafortunadamente, ni la investigación generada en el periodo ni estas reuniones han tenido repercusión importante. Lo que parecía el inicio de una línea de investigación fértil y vigorosa, ha permanecido sólo como promesa”. 52 campo da Educação Matemática quanto no campo da EJA – ambas as áreas reconhecidas na pesquisa educacional, a exemplo da constituição de seus Grupos de Trabalho na ANPEd à mesma época, e com o interesse de educadores matemáticos em publicar seus trabalhos no GT-18 sobre Educação de Pessoas Jovens e Adultos – Fonseca (2005a) destaca que ainda é relativamente incipiente a produção de pesquisa sobre esse tema. Segundo Freitas (2013, p. 305): [...] a pouca quantidade de estudos sobre a Educação Matemática na EJA talvez seja fruto do tardio reconhecimento da própria EJA como modalidade de ensino, ou por ainda podermos considerar como jovem a área da Educação Matemática e, por isso, ter muitas das suas pesquisas voltadas para as séries regulares. Nesse sentido, se por um lado parece reduzido a produção de pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, por outro, observam-se campos e linhas de investigação que vêm se configurando nos últimos anos sobre esse tema, o que faz, em ambos os casos, com que se compreenda que o futuro da pesquisa e das propostas nesse tema continua sendo uma prática indispensável, necessitando ser intensificada. Essa compreensão se aplica ainda à afirmação de Henao (2006), de que, se existem avanços no campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos, isso não significa que tais avanços e as pesquisas sejam suficientes, incidindo na produção de pesquisas e na organização do que já foi produzido sobre esse tema. Diante do questionamento e da resposta elucidada por Storer (1999, p. 1): “É necessário investigar sobre a educação matemática de jovens e adultos? Esta é uma pergunta que hoje está no ar”20, afinal, “a investigação sobre a educação matemática de jovens e adultos tem importância e validez não só por seu interesse explicativo, mas também pelo seu potencial de utilidade social”21 (STORER, 1999, p. 6). Cabe reafirmar a relevância da pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos acrescentando outros aspectos, como: A enorme população que atualmente se mostra como demandante de uma proposta de educação de base de acordo com as demandas acadêmicas da sociedade; a deserção e/ou pouca participação de muitos jovens e adultos nas propostas educativas tem sido marcada pela falta de propostas significativas e a pouca relevância dos conteúdos abordados; a consideração de que a Matemática é um conhecimento e instrumento de conhecimento e, portanto, a apropriação dos conhecimentos básicos desta disciplina é uma necessidade básica em qualquer sociedade; a necessidade de dar explicação aos fenômenos de ensino e de aprendizagem que acontecem na sala de aula; a importância de confrontar os conhecimentos que constroem os adultos socialmente com aqueles que uma proposta formal de educação pode lhes oferecer (HENAO, 2006, p. 45). 20 Texto traduzido por nós do espanhol: “¿Es necesario investigar sobre la educación matemática de los jóvenes y adultos? Esta es una pregunta que hoy está en el aire”. 21 Texto traduzido por nós do espanhol: “la investigación sobre la educación matemática de los jóvenes y adultos tiene importancia y validez no sólo por su interés explicativo, sino también por su potencial utilidad social”. 53 Tendo em vista a necessidade de se consolidar um campo de pesquisa nessa temática, e assim, assumir a proposição de Jóia (1997, p. 30) quando ressalta que “a educação matemática de jovens e adultos está à espera de adquirir corpo próprio, constituindo um campo de preocupações e de problemas específicos”22, é que se defende a realização de investigações, a exemplo desta tese, e a criação de grupos de estudo sobre essa temática, seja no interior do campo da Educação Matemática quanto no interior do campo da EJA. Com a realização deste capítulo tentamos evidenciar a importância da EJA através de sua trajetória histórica no Brasil e suas diferentes concepções assumidas até a sua consolidação como uma modalidade específica e integrante da Educação Básica e o seu estabelecimento como um direito público subjetivo voltado àqueles que foram e continuam sendo excluídos do processo escolar e, consequentemente, das esferas socioculturais. Procuramos mostrar as razões que tornam essa modalidade distinta, e requerente de um tratamento diferenciado pelo perfil peculiar de seus educandos, suscitando, entre outros aspectos imperativos, uma abordagem pedagógica dos conteúdos escolares em respeito às características psicossociais, saberes e conhecimentos próprios desses educandos. Essa abordagem implica um processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA condizente com as especificidades dessa modalidade, e fomenta a constituição de um campo ou subárea da Educação Matemática, que, conforme abordamos neste capítulo, tem uma história recente, mas considerável a ponto de instituí-la como área do conhecimento e de estudo, em cujos campos de pesquisa, tem-se a Educação Matemática de Jovens e Adultos. Considerando a relevância desse campo como tema central desta tese, nos propusemos, com este capítulo, ressaltar sua pertinência e história na sua relação temática com a área da Educação Matemática, no sentido de esboçarmos um possível significado para o mesmo, concebendo-o como decorrente do encontro entre a Educação Matemática e a EJA. 22 Texto traduzido por nós do espanhol: “la educación matemática de jóvenes y adultos está a la espera de adquirir cuerpo propio, constituyendo un campo de preocupaciones y de problemas específicos”. CAPÍTULO II - AS PESQUISAS DENOMINADAS DE ESTADO DA ARTE Um estado da arte é um mapa que nos permite continuar caminhando; um estado da arte é também uma possibilidade de perceber discursos que em um primeiro exame se apresentam como descontínuos ou contraditórios. Em um estado da arte está presente a possibilidade de contribuir com a teoria e prática de uma área do conhecimento (MESSINA23, 1998 apud ROMANOWSKI; ENS, 2006, p. 39). Neste capítulo, tendo em vista nossa compreensão a respeito do estado da arte se constituir em mais do que somente um tipo de pesquisa bibliográfica ou uma metodologia de investigação, mas se distinguir como uma possível modalidade de pesquisa com características próprias, destacamos as definições, principais características e possibilidades dessa modalidade de estudo, bem como sua prática no cenário da produção acadêmica e científica brasileira envolvendo as áreas da Educação, Educação Matemática e EJA. 2.1 – Definições, Características e Possibilidades O crescimento significativo de publicações científicas no Brasil tem ampliado o surgimento de pesquisas que buscam, cada vez, mais delimitar e melhor conhecer o que vem sendo produzido em uma determinada área do conhecimento. E, neste sentido, é crescente o número de pesquisas denominadas de estado da arte ou estado do conhecimento. Segundo Nogueira (2009, p. 45): Estado da arte tem sido entendido como uma modalidade de pesquisa adotada e adaptada/interpretada por diferentes pesquisadores de acordo com suas questões investigativas. Algumas vezes utilizando diferentes denominações – estado da arte, estado do conhecimento, mapeamento, tendências, panorama entre outras – os trabalhos envolvidos nessa modalidade de pesquisa apresentam em comum o foco 23 MESSINA, G. Estudio sobre el estado da arte de la investigación acerca de la formación docente en los noventa. Organización de Estados Ibero Americanos para La Educación, La Ciência y La Cultura. In: REÚNION DE CONSULTA TÉCNICA SOBRE INVESTIGACIÓN EN FORMÁCION DEL PROFESSORADO. México, 1998. 55 central – a busca pela compreensão do conhecimento acumulado em um determinado campo de estudos delimitado no tempo e no espaço geográfico. Identificadas também sob outras denominações como pesquisa da pesquisa e balanço da produção, os estudos reconhecidos como estado da arte têm como característica a realização de mapeamento da produção científica numa determinada área, ou conforme sugere Melo (2006), a realização de uma “síntese integrativa do conhecimento” sobre um determinado tema e o aprofundamento de questões específicas sobre este. Essa autora complementa, destacando que: Esses estudos de mapeamento do estado de conhecimento de uma determinada área acadêmica, em diferentes épocas e lugares, buscam identificar e analisar tendências temáticas e metodológicas e principais resultados, tomando como material de análise estudos específicos, traduzidos em artigos, publicações em anais e, especialmente, em dissertações e teses acadêmicas (MELO, 2006, p. 62). Nessa perspectiva, Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 103) ressaltam que os estudos de estado da arte “tendem a ser mais históricos e procuram inventariar, sistematizar e avaliar a produção científica numa determinada área (ou tema) de conhecimento, buscando identificar tendências e descrever o estado do conhecimento de uma área ou de um tema de estudo”. Reconhecidos também pelos seus estudos desenvolvidos como estado da arte no cenário educacional brasileiro, Barreto e Pinto (2001), André (2002) e Haddad (2002), destacam que as pesquisas do tipo estado da arte procuram compreender o conhecimento elaborado, acumulado e sistematizado sobre determinado tema, num período temporal que, além de resgatar, condensa a produção acadêmica numa área de conhecimento específico. Responsável por um dos poucos trabalhos no Brasil que se propõe discutir teórico-metodologicamente os estudos denominados estado da arte, Ferreira (2002, p. 258) elucida que essas pesquisas: [...] parecem trazer em comum o desafio de mapear e de discutir uma certa produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento, tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares, de que formas e em que condições têm sido produzidas certas dissertações, teses, publicações em periódicos e comunicações em anais de congressos e de seminários. Também são reconhecidas por realizarem uma metodologia de caráter inventariante e descritivo da produção acadêmica e científica sobre o tema que busca investigar, à luz de categorias e facetas que se caracterizam como tais em cada trabalho e no conjunto deles, sob os quais o fenômeno passa a ser analisado. De modo geral, ao tratarmos das pesquisas sobre estado da arte e com base em trabalhos nessa área, pode-se elucidar ainda que essas pesquisas, ao se proporem à sistematização de um determinado campo do conhecimento em um período de tempo definido, visam, entre outros aspectos: “reconhecer e identificar os principais resultados das investigações realizadas na área investigada, as principais tendências temáticas” (VIOL, 2010, 56 p. 26-27); “identificar temáticas e abordagens dominantes e emergentes, bem como lacunas e campos inexplorados abertos a pesquisas futuras” (HADDAD, 2002, p. 9); “identificar as convergências e divergências, as relações e arbitrariedades, as aproximações e contrariedades existentes nas pesquisas” (MELO, 2006, p. 62); analisar como o objeto em questão vem sendo investigado, quais os focos principais de suas pesquisas, com quais métodos ele vem sendo investigado, entre outras análises que possibilitem evidenciar os avanços e entraves, as novas ideias, os métodos e os subtemas que têm recebido maior ou menor ênfase na produção científica selecionada (PICHETH, 2007). Nesse contexto, segundo Romanowski e Ens (2006, p. 39), ressalta-se que “esses trabalhos não se restringem a identificar a produção, mas analisá-la, categorizá-la e revelar os múltiplos enfoques e perspectivas”. Buscando entender as razões que têm levado os pesquisadores a se debruçarem sobre os estudos que se enquadram como estado da arte ou estado do conhecimento, Ferreira (2002, p. 258-259) observa que: A sensação que parece invadir esses pesquisadores é a do não conhecimento acerca da totalidade de estudos e pesquisas em determinada área de conhecimento que apresenta crescimento tanto quanto quantitativo quanto qualitativo, principalmente reflexões desenvolvidas em nível de pós-graduação, produção esta distribuída por inúmeros programas de pós e pouco divulgada. Ainda segundo Ferreira (2002, p. 259), a principal justificativa para a realização de pesquisas do tipo estado da arte estaria associado ao fato de os pesquisadores se sentirem: Sustentados e movidos pelo desafio de conhecer o já construído e produzido para depois buscar o que ainda não foi feito, de dedicar cada vez mais atenção a um número considerável de pesquisas realizadas de difícil acesso, de dar conta de determinado saber que se avoluma cada vez mais rapidamente e de divulgá-lo para a sociedade. Corroborando com esse pensamento, Picheth (2007, p. 29) destaca que: As pesquisas do tipo estado da arte movem o pesquisador por um sentimento, por um desejo pelo ainda não-alcançado, ou seja, explorar caminhos distantes, muito mais abrangentes e rigorosos metodologicamente, em que a dúvida estremece bases, estruturas que gradativamente se reconstroem por meio da curiosidade contínua. No âmbito das pesquisas denominadas de estado da arte ou estado do conhecimento, diversos são os posicionamentos sobre a relevância, contribuição e possibilidades sobre essa modalidade de pesquisa. Desse modo, Soares e Maciel (2000, p. 9) ressaltam que essas pesquisas são: [...] sem dúvida, de grande importância, pois pesquisas desse tipo é que podem conduzir à plena compreensão do estado atingido pelo conhecimento a respeito de determinado tema, sua amplitude, tendências teóricas, vertentes metodológicas. Essa compreensão do estado do conhecimento sobre um tema, em determinado momento, é necessária no processo de evolução da ciência, a fim de que se ordene 57 periodicamente o conjunto de informações e resultados já obtidos, ordenação que permita a indicação das possibilidades de integração de diferentes perspectivas, aparentemente autônomas, a identificação de duplicações ou contradições e a determinação de lacunas ou vieses. Para Angelucci et al. (2004, p. 53), a construção desses estudos: [...] podem detectar teoria e método dominantes; pôr em relevo aspectos do objeto de estudo que se esboçam nas entrelinhas das novas pesquisas; revelar em que medida a pesquisa recente relaciona-se com a anterior e vai tecendo uma trama que permita avançar na compreensão do objeto de estudo pela via do real acréscimo ao que já se conhece ou da superação de concepções anteriores. Ratificando essa concepção, Romanowski e Ens (2006, p. 39) elucidam que: Estados da arte podem significar uma contribuição importante na constituição do campo teórico de uma área de conhecimento, pois, procura identificar os aportes significativos de construção da teoria e prática pedagógica, apontar as restrições sobre o campo em que se move a pesquisa, as suas lacunas de disseminação, identificar experiências inovadoras investigadas que apontam alternativas de solução para problemas da prática e reconhecer as contribuições da pesquisa na constituição de propostas na área focalizada. Tendo em vista o volume cada vez maior de informações sobre determinado conhecimento e a necessidade de divulgá-lo para a sociedade, outras possibilidades se abrem às pesquisas do tipo estado da arte ou estado do conhecimento como opções consideráveis para o contexto da produção acadêmico-científica. Nogueira (2009) justifica a elaboração dessas pesquisas segundo o significativo crescimento numérico (aspecto quantitativo) e a diversidade de enfoques (aspecto qualitativo) da produção científica desenvolvida em torno de uma área em um determinado período. Também nessa perspectiva, Conrado (2005, p. 18) observa que “esses estudos podem se configurar como divulgadores da produção científica brasileira, tanto na esfera acadêmica, quanto na esfera pública/social” e Simó (2010) destaca que essas pesquisas recaem na necessidade de dar visibilidade às produções das áreas. Complementando, Carvalho e Bueno (2004, p. 7), ao observarem que: Diante do processo acelerado de produção acadêmica, os pesquisadores se vêm certamente muito favorecidos pelas facilidades que as tecnologias de comunicação oferecem, mas também diante de grandes desafios. Como acompanhar com agilidade o ritmo dessa produção? Com que instrumentos contar para que se assegurem do caráter original de suas pesquisas? Que critérios tomar para saber o que é mais ou menos relevante? Ressaltam, portanto, que a importância das pesquisas de estado da arte está em servir de alternativa para oferecer uma visão sintética e crítica sobre uma área específica, colaborando para a divulgação e reflexão acerca dos conhecimentos produzidos, contribuindo consequentemente com os pesquisadores no sentido de se inteirarem das pesquisas mais rapidamente e poderem encaminhar suas investigações conhecendo alguns dos caminhos 58 considerados mais relevantes pelos trabalhos já realizados (CARVALHO; BUENO, 2004). Na confluência do desenvolvimento científico relacionado à produção acadêmica, Soares e Maciel (2000, p. 6) defendem as pesquisas de estado da arte por considerarem que: [...] a identificação, caracterização, e análise do estado do conhecimento sobre determinado tema é fundamental no movimento ininterrupto da ciência ao longo do tempo. Assim, da mesma forma que a ciência se vai construindo ao longo do tempo, privilegiando ora um aspecto ora outro, ora uma metodologia ora outra, ora um referencial teórico ora outro, também a análise, em pesquisas de “estado do conhecimento” produzidas ao longo do tempo, deve ir sendo paralelamente construída, identificando e explicitando os caminhos da ciência, para que se revele o processo de construção do conhecimento sobre determinado tema, para que se possa tentar a integração, de resultados e, também, identificar duplicações, contradições e, sobretudo, lacunas, isto é, aspectos não estudados ou ainda precariamente não estudados, metodologias de pesquisa pouco exploradas. Ainda sobre a importância das pesquisas de estado da arte em relação ao aumento da produção acadêmica e ao progresso científico, Romanowski e Ens (2006) afirmam que a análise do campo investigativo, perante essas pesquisas, é fundamental neste tempo de intensas mudanças associadas aos avanços crescentes da ciência e da tecnologia. No mesmo caminho, Ernest24 (1989) citado por Melo (2006), referindo-se ao conhecimento como um estado em efervescência, em crescimento, com transformações e mudanças, salienta a contribuição das pesquisas de estado da arte por consistirem em olhar para o futuro a partir de traços e antecedentes imediatos do cenário atual da pesquisa. Repousando no fato de permitirem uma visão daquilo que tem sido pesquisado e aprofundado em uma determinada área, as pesquisas do tipo estado da arte são referenciadas pela instigante capacidade de mapear e analisar a produção acadêmico-científica de uma determinada área, possibilitando não apenas o conhecimento e a constituição daquilo que já foi investigado, mas também oportunizando a realização de novas pesquisas. Nesse movimento, Picheth (2007, p. 17) reforça que “pesquisar em uma perspectiva de estado da arte é acima de tudo conhecer o objeto de estudo sob pontos de vista diferenciados, em que os dados que compõem a sua história científica são elementos base para compreender o que ainda precisa ser investigado”. Diante da possibilidade de desenvolvimento de uma determinada área a partir do levantamento e estudo daquilo que foi pesquisado dentro do contexto da produção nessa área, Romanowski e Ens (2006, p. 38-39) enfatizam que: O interesse por pesquisas que abordam “estado da arte” deriva da abrangência desses estudos para apontar caminhos que vêm sendo tomados e aspectos que são abordados em detrimento de outros. A realização destes balanços possibilita contribuir com a organização e análise na definição de um campo, uma área, além de indicar possíveis contribuições da pesquisa para com as rupturas sociais. 24 ERNEST, P. Mathematics teaching: the state of the art. Reimpressão, 1991. Falmer Press, 1989. 59 Sobre esse aspecto, essas autoras complementam que: Esses estudos são justificados por possibilitarem uma visão geral do que vem sendo produzido na área e uma ordenação que permite aos interessados perceberem a evolução das pesquisas na área, bem como suas características e foco, além de identificar as lacunas ainda existentes (ROMANOWSKI; ENS, 2006, p. 39). Na mesma direção, Picheth (2007, p. 17) esclarece que as pesquisas denominadas de estado da arte significam: [...] uma importante possibilidade de rever o já apresentado à comunidade científica, mas com um olhar de mapeamento que interligue o já pesquisado, abrindo espaços de reflexão quanto ao que permeia tal objeto de estudo, pontos de vista, concepções que o cercam, enfim uma rede de conceitos. Outra vantagem proposta sobre as pesquisas do tipo estado da arte é que essas, segundo Angelucci et al. (2004), podem avaliar as continuidades e descontinuidades teóricas e metodológicas e o quanto essa história se faz por repetição ou ruptura, podem avaliar o quanto determinado conhecimento redunda ou avança na produção do saber sobre o objeto de estudo, evitando que se cristalize e perca a essência de movimento. Na prerrogativa de que os conhecimentos de uma determinada área são produzidos e legitimados coletivamente, as pesquisas do tipo estado da arte podem ainda contribuir para que se observe que: A produção do conhecimento não é um empreendimento isolado. É uma construção coletiva da comunidade científica, um processo continuado de busca, no qual cada nova investigação se insere, complementando ou contestando contribuições anteriormente dadas ao estudo do tema (ALVES-MAZZOTTI, 2002, p. 27). Por fim, compreendendo a importância das pesquisas denominadas de estado da arte por sua potencialidade de “acompanhar e pontuar o movimento do conhecimento em um determinado período, permitindo consequentemente compreendê-lo em perspectivas relacionáveis no que concerne a contextos históricos, políticos e sociais” (PICHETH, 2007, p. 19) ou por “localizar e delinear a extensão em que os trabalhos em uma área do conhecimento estão inseridos, de forma a estudar seus traços intrínsecos, vinculados às possíveis influências do meio – tempo, espaço geográfico, relações históricas e questões culturais” (NOGUEIRA, 2009, p. 46), pode-se, nas palavras de Romanowski e Ens (2006), sintetizar que a relevância dessas pesquisas consiste em: constituir-se em levantamentos do que se conhece sobre determinada área e avaliação da situação da produção do conhecimento da área focalizada; estabelecer relação com produções anteriores, identificando temáticas recorrentes e apontando novas perspectivas; verificar e analisar a multiplicidade e pluralidade de enfoques e perspectivas das pesquisas; reconhecer a importância da investigação e os aportes significativos de sua construção; e consolidar uma área de conhecimento. 60 2.2 – As Pesquisas de Estado da Arte no Cenário Educacional Brasileiro: alguns estudos em Educação Matemática e EJA No contexto em que são reconhecidos os significados e potencialidades das pesquisas de estado da arte, ressalta-se, por outro lado, que apesar do crescente número dessas pesquisas no cenário da produção acadêmica e científica brasileira nos últimos tempos, essas ainda são recentes no Brasil (SOARES; MACIEL, 2000; ROMANOWSKI; ENS, 2006). Comparando, por exemplo, a situação do Brasil frente outros países sobre a realização de estudos denominados de estado da arte, Brandão et al.25 observavam, em 1986, que esse tipo de pesquisa era usual na literatura científica americana, porém pouco conhecido entre pesquisadores brasileiros (apud ROMANOWSKI; ENS, 2006). Segundo Conrado (2005), essas pesquisas denominadas em âmbito internacional de State of the Art seriam já há muito tempo desenvolvidas em outros países se comparados ao Brasil, principalmente pelo acúmulo de uma maior produção científica, em geral, desenvolvidas em períodos de tempo mais extensos que em nosso país. Para Ferreira (2002), as pesquisas conhecidas como estado da arte ou estado do conhecimento passaram a tomar corpo no meio acadêmico brasileiro no final dos anos 1980, produzindo-se um conjunto significativo de pesquisas desse tipo. A constituição dessas pesquisas, tanto no cenário nacional quanto em outros países, teria, conforme Uler (2010), ganhado espaço no meio acadêmico a partir da década de 1980, principalmente em parceria com organismos governamentais. No caso da América Latina, destacariam-se os trabalhos da Rede LatinoAmericana de Informação e Documento em Educação (REDUC), que abrangeu temas como educação e trabalho, livro didático, alfabetização e ensino supletivo. E no Brasil, seria o caso das pesquisas apoiadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) sobre diferentes temas em Educação. Confirmando a relação do INEP com as pesquisas denominadas de estado da arte, Romanowski e Ens (2006, p. 39) destacam que: [...] foram realizados, no Brasil, em colaboração entre o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) e o Comitê dos Produtores de Informação Educacional (COMPED), associações de pesquisadores e instituições de pesquisas, estados da arte que tratam do levantamento, análise e avaliação do conhecimento produzido em áreas específicas da educação como: educação superior, formação de professores, alfabetização, política e administração da educação, avaliação, educação infantil, educação de jovens e adultos e juventude e educação. 25 BRANDÃO, Z.; BAETA, A. M. B.; ROCHA, A. D. C. Evasão e repetência no Brasil: a escola em questão. 2. ed. Rio de Janeiro: Dois Pontos, 1986. 61 Historicamente, as pesquisas denominadas estado da arte se tornaram cada vez mais comuns no Brasil, conforme Nogueira (2009), somente a partir da década de 1990. Nesse caso, debruçando-se sobre o levantamento das pesquisas reconhecidas como estado da arte ou estado do conhecimento desenvolvidas no país entre os anos de 2000 e 201026 com o intuito de compreender a existência de estudos semelhantes ao proposto nesta pesquisa e que colaborassem para a sua realização, não apenas constatamos a ascendência dessa modalidade de investigação na produção acadêmico-científica no Brasil, como ainda foi possível identificar sua presença em diversas áreas do conhecimento, principalmente na Educação, tida como uma das áreas mais estudadas no âmbito das pesquisas de estado da arte. Considerando esse aspecto, Melo (2006, p. 71) ressalta que “ao longo desses trinta anos a produção sobre o estado da arte ou estado do conhecimento tem tomado como objeto de estudo uma diversidade de temas ou áreas de conhecimento no âmbito do ensino ou da educação em geral”. Por outro lado, também com base no levantamento realizado, observou-se que ainda são carentes algumas pesquisas de estado da arte em determinadas áreas. Essa constatação é suscitada por Conrado (2005, p. 18) ao mencionar que: “No entanto, ainda que a crescente produção dos trabalhos sobre o estado da arte de certas áreas do conhecimento seja considerado notável, ainda alguns a reconhecem como insuficiente”. E também por Melo (2006, p. 68), quando observa que: “Apesar do crescimento paulatino, as pesquisas dessa natureza ainda são escassas e, dependendo da área de interesse, raras”. No campo da Educação, entre os estudos que assumem a modalidade de pesquisa do tipo estado da arte e são frequentemente referenciados pela literatura nacional, pode-se elencar, a título de exemplo, entre outros trabalhos, as teses intituladas: “Alfabetização no Brasil – o estado do conhecimento”, de Soares, defendida em 1989; “Tendências da pesquisa acadêmica sobre o ensino de ciências no nível fundamental”, de Megid Neto, defendida em 1999; “Pesquisa em leitura: um estudo dos resumos e dissertações de mestrado e teses de doutorado defendidas no Brasil, 1980 a 1995”, de Ferreira, defendida em 1999. Além dessas teses, também podem ser citados os artigos publicados em anais de evento, ambos em 1999: “Estado da arte sobre formação de professores nas dissertações e teses dos programas de pós-graduação das universidades brasileiras, 1990 a 1996’, de André e 26 Esse levantamento foi realizado a partir dos resumos disponibilizados pelo Banco de Teses e Dissertações da CAPES encontrados através da busca por assunto com todas as palavras usando-se os seguintes descritores: estado da arte, estado do conhecimento, produção acadêmica, produção discente, produção científica, balanço de teses e dissertações. A relação dessas pesquisas, compreendendo 28 teses e 71 dissertações nas áreas de Educação e Ensino, encontra-se disponível no Anexo II desta tese. 62 Romanowski; e “Estado da arte sobre a formação de professores nos trabalhos apresentados no GT-8 da ANPEd, 1990-1998”, de Brzezinski e Garrido. Outros estudos relevantes em Educação constituídos como estados da arte são os da série Estado do Conhecimento, elaborada em parceria entre o MEC e o INEP (Quadro 1). Quadro 1 – Estados da arte publicados na série Estado do Conhecimento27 Nº Ano Tema 1 2000 Alfabetização 2 2001 Educação infantil (1983-1996) 3 2001 Educação superior em periódicos nacionais (1968-1995) 4 2001 Avaliação na educação básica (1990-1998) 5 2001 Política e gestão da educação (1991-1997) 6 7 8 9 2002 2002 2002 2006 Formação de professores no Brasil (1990-1998) Juventude e escolarização (1980-1998) Educação de jovens e adultos no Brasil (1986-1998) Educação e Tecnologia 10 2006 Formação de profissionais da educação (1997-2002) 11 2007 Currículo da educação básica (1996-2002) Organização/Coordenação Magda Becker Soares Francisca P. Maciel Eloisa Acires Candal Rocha João Josué da Silva Filho Giandréa Reuss Strenzel Marília Costa Morosini Elba Siqueira de Sá Barreto Regina Pahim Pinto Lauro Carlos Wittmann Regina Vinhaes Gracindo Marli Eliza D. Afonso de André Marília Pontes Sposito Sérgio Haddad Raquel Goulart Barreto Iria Brzezinski Elsa Garrido (colaborador) Alice Casimiro Lopes Elizabeth Macedo Considerando o levantamento de pesquisas de estado da arte desenvolvido por Melo (2006), e outros trabalhos que merecem destaque no âmbito das pesquisas de estado da arte na área educacional, podem ser citados ainda os estudos elencados no Quadro 2. Quadro 2 – Publicação de estados da arte na área da Educação Ano 1989 1998 2003 2004 2005 2009 2009 2011 27 Publicação Artigo “A imagem da mulher no livro didático: estado da arte”, publicado na revista Séries da Fundação Carlos Chagas Artigo “As pesquisas de representação social na área de ensinoaprendizagem: elementos do estado da arte”, publicado na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos Artigo “Produção científica brasileira em criatividade: estado da arte”, publicado em Escritos sobre Educação Número especial da revista Educação e Pesquisa, dedicado a artigos escritos a partir de pesquisas do tipo estado da arte Artigo “Estado da arte da área de educação & comunicação em periódicos brasileiros”, publicado em Educação e Sociedade Artigo “A produção acadêmica sobre formação docente: um estudo comparativo das dissertações e teses dos anos 1990 e 2000”, publicado na Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação de Professores Trabalho “O estado da arte sobre juventude na pós-graduação brasileira: educação, ciências sociais e serviço social (1999-2006)”, publicado em dois volumes pela Argvmentvm Editora Livro “Políticas docentes no Brasil: um estado do conhecimento” Autoria/Organização Esmeralda Vailati Negrão Tina Amado Mary Rangel Solange Muglia Wechsler Tatiana de Cássia Nakano Sônia Cristina Vermelho Graciela Inês Presas Areu Marli Eliza D. de A. André Marilia Pontes Sposito Bernadete Angelina Gatti Elba Siqueira de Sá Barreto Marli Eliza D. de A. André Esses estudos da série Estado do Conhecimento estão disponíveis no portal do INEP. Disponível em: <http://www.publicacoes.inep.gov.br/resultados.asp?cat=12&subcat=30>. 63 Não bastasse a indicação desses estudos como demonstração da importância e crescimento das pesquisas do tipo estado da arte na produção acadêmico-científica brasileira, salienta-se ainda, na mesma perspectiva, que se tem incentivado essa modalidade de pesquisa na pós-graduação stricto sensu em Educação a partir da constituição de linhas de pesquisa com enfoque na análise da produção científica em determinadas áreas. Esse é o caso do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da UFSCar, que tem uma linha de pesquisa denominada “Produção Científica e Formação de Recursos Humanos em Educação Especial”, cujo propósito, segundo Simó (2010), é valorizar a importância de se analisar o conhecimento produzido em Educação Especial no Brasil, para que se possa fundamentar a formação de profissionais habilitados a avaliar, implantar, administrar e orientar programas e serviços em Educação Especial. Considerando ainda os estudos de estado da arte na pós-graduação stricto sensu brasileira, caberia elucidar que no levantamento realizado junto ao Banco de Teses e Dissertações da CAPES das pesquisas envolvendo estado da arte desenvolvidas no Brasil entre os anos de 2000 a 2010 (Anexo II), encontrou-se, entre as 28 teses e 71 dissertações nas áreas de Educação e Ensino, o total de uma tese e 26 dissertações em Educação Matemática (Anexo III); e apenas uma dissertação em EJA, constituídas em áreas da presente pesquisa. Esses números em torno das teses e dissertações em Educação Matemática (27) em relação ao total das teses e dissertações encontradas sobre estado da arte nas áreas de Educação e Ensino (99) demonstram o quanto esse tipo de pesquisa tem sido foco de estudo das investigações brasileiras no contexto educacional envolvendo a Educação Matemática. Essa tendência também parece comum em outros países, como em Portugal, onde Ponte (2008) destaca a publicação de vários artigos de revisão sobre o “estado da arte” em handbooks e artigos em livros de referência no âmbito da pesquisa em Educação Matemática, principalmente sobre formação de professores de Matemática. Retomando o universo das pesquisas brasileiras do tipo estado da arte exclusivamente na área de Educação Matemática entre os anos de 2000 a 2010, da qual algumas delas tomamos como suporte nesta investigação, observou-se que os primeiros estudos nesse contexto foram realizados pela National Council of Teachers of Mathematics (NCTM), em Research agenda for mathematics education, de 1989; e por Paul Ernest, em Mathematics teaching: the state of the art, de 1991. Tratando desses dois estudos, Melo (2006) observa que a produção do NCTM apresenta o estado da arte da pesquisa em Educação Matemática nas principais abordagens e temas, além de inserir conteúdos das produções acadêmicas. Já o trabalho de Paul Ernest é 64 formado por três partes, abrangendo 24 artigos que aprofundam temas sobre inovações, novas perspectivas de pesquisa e o contexto social. No Brasil, um dos primeiros trabalhos de estado da arte em Educação Matemática é o artigo de D’Ambrosio, intitulado “Educação Matemática: uma visão do estado da arte”, publicado na revista Pro-Posições, em 1993. No resumo, esse artigo é assim descrito: Neste trabalho procuramos identificar a Educação Matemática como área autônoma de pesquisa em Educação, através de considerações sobre a própria natureza da Matemática. Abordamos aspectos históricos, cognitivos e políticos da Matemática e sua inserção nos currículos escolares. A seguir examinamos algumas tendências mais recentes da pesquisa em Educação Matemática, esboçando suas principais áreas de interesse. Após mencionar, em linhas gerais, as metas e objetivos gerais do ensino de Matemática fazemos considerações sobre o futuro da Educação (em particular da Educação Matemática), sobre desenho curricular e sobre um novo papel reservado ao docente (D’AMBROSIO, 1993, p. 17). Segundo Melo (2006), nesse artigo, D’Ambrosio tece algumas considerações sobre a história da pesquisa em Educação Matemática, ressaltando a importância dos estudos pioneiros na análise e mapeamento da pesquisa nessa área. Um dos trabalhos mais importantes em Educação Matemática e que é reconhecido como estado da arte é a tese de Fiorentini (1994), denominada Rumos da pesquisa brasileira em Educação Matemática: o caso da produção científica em cursos de pós-graduação. Considerada precursora da modalidade de pesquisa estado da arte no contexto da Educação Matemática no Brasil, essa tese analisa 204 dissertações e teses produzidas no país entre a década de 1970 e 1990, descrevendo a trajetória da Educação Matemática nesse período, além de caracterizá-la como campo de investigação e produção de saberes a partir do levantamento das tendências temáticas e teórico-metodológicas, as principais perguntas ou problemas que foram objeto de pesquisa, os pesquisadores, os orientadores e os principais centros em que as pesquisas foram produzidas, focando mais atenção aos estudos sobre resolução de problemas matemáticos e modelagem matemática. Outros trabalhos, dentre tantos, que se destacam ainda como exemplos de pesquisas do tipo estado da arte em Educação Matemática são os elencados no Quadro 3. 65 Quadro 3 – Exemplos de estado da arte em Educação Matemática Ano 1994 1996 1999 1999 2002 2002 2002 2004 2004 2005 Publicação Publicação do INEP “Tendências na Educação Matemática” Publicação do INEP “Mapeamento de educação matemática no Brasil, 1995: pesquisas, estudos, trabalhos técnicos-científicos por subárea temática” Artigo “Aspects of the nature and state of research in mathematics education”, publicado em Educational Studies in Mathematics Artigo “Tendências da pesquisa brasileira sobre a prática pedagógica em matemática: um estudo descritivo”, publicado nos anais da 22ª Reunião Anual da ANPEd Artigo “Formação de Professores que ensinam matemática: um balanço de 25 anos da pesquisa brasileira”, publicado em Educação em Revista (Dossiê: Educação Matemática) Artigo “História da matemática: uma prática social de investigação em construção”, publicado em Educação em Revista (Dossiê: Educação Matemática) Artigo “Mapeamento e balanço dos trabalhos do GT-19 (Educação Matemática) no período de 1998 a 2001”, publicado nos anais da 25ª Reunião Anual da ANPEd Artigo “Tendências e desafios no cenário investigativo da educação matemática”, publicado nos anais da 27ª Reunião Anual da ANPEd Artigo “Saberes docentes: um olhar sobre a produção acadêmica brasileira na área de educação matemática”, publicado nos anais do VIII Encontro Nacional de Educação Matemática (ENEM) Artigo “Desenvolvimento profissional do professor de matemática: um olhar a partir de investigações brasileiras”, publicado nos anais do V Congresso Ibero-Americano de Educação Matemática Autoria/Organização INEP Conceição Clarete Xavier Alba Maria Freitas de Farias Mogens Niss Dario Fiorentini Patrícia M. Almeida Sader Dario Fiorentini et al. Antonio Miguel Maria Ângela Miorim Dario Fiorentini Neuza Bertoni Pinto Carmem Lucia Passos et al. Dario Fiorentini et al. Essas pesquisas significam, conforme Melo (2006, p. 68), a observação de que: Considerando a ampliação da pesquisa educacional no país e, particularmente, a expansão da Educação Matemática, pudemos verificar o crescimento das pesquisas do tipo estado da arte, especialmente pela contribuição que podem trazer para as novas investigações nas diferentes áreas de conhecimento. A configuração dessas pesquisas não somente demonstra a importância que tem sido dada às pesquisas de estado da arte na área da Educação Matemática, como evidencia a expansão dessa área, demandando aprofundamento teórico dos seus múltiplos enfoques na configuração do reconhecimento de suas linhas e temáticas de investigação, entre elas, a Educação Matemática de Jovens e Adultos. Nesse contexto da produção científica brasileira, vale ainda observar que, se por um lado, a exemplo do que acontece no âmbito da Educação, é notável o crescente número de trabalhos sobre estado da arte na Educação Matemática, por outro, também se constata que essas pesquisas ainda são incipientes e em algumas temáticas chegam a ser raras. Esse aspecto é observado por Melo (2006, p. 88) ao ressaltar que: [...] de um modo geral, essa modalidade de pesquisa ainda se encontra em processo de consolidação e expansão na área. Entretanto, apesar de haver, de um lado, um certo reconhecimento público sobre a importância dessa modalidade de estudo – sobretudo em relação ao desenvolvimento do campo da Educação Matemática – e, de outro, uma história de mais de trinta anos de pesquisas na área, além de 66 considerarmos a produção de mais de 1200 teses e dissertações defendidas no país até ano de 2004, os estudos sobre o estado da arte da pesquisa brasileira em nossa área são ainda escassos. Na oportunidade, voltando-se para os estudos do tipo estado arte sobre a EJA, reconhecida como área integrante desta pesquisa, buscou-se levantar no cenário da pesquisa brasileira trabalhos com essa abordagem visando subsidiar a ocorrência de possíveis estudos tratando do processo de ensino-aprendizagem da Matemática na EJA. Desse modo, ressalta-se nosso encontro com o artigo de Jóia, publicado no livro “Conocimiento matemático en la educación de jóvenes y adultos”, sob a organização da UNESCO/OREALC (1997), concernente os trabalhos apresentados durante a Jornada de Reflexão e Capacitação Sobre Matemática na Educação Básica de Jovens e Adultos, realizada em 1995, na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Sendo esse trabalho um estado da arte que fornece uma relação de pesquisas sobre o ensino e a aprendizagem da Matemática para jovens e adultos, enfocando alguns estudos que versam sobre os processos de aquisição de conhecimentos do sistema de numeração e das quatro operações, além de pesquisas realizadas em sala de aula, e mais a produção do grupo de Psicologia Cognitiva da UFPE sobre as capacidades cognitivas de adultos analfabetos ou pouco escolarizados. Outro estudo importante de estado da arte em Educação Matemática de Jovens e Adultos é o levantamento de Cukierkorn, descrito em 2002, no trabalho já mencionado: “Educação de Jovens e Adultos no Brasil (1986-1998)”, da série Estado do Conhecimento do INEP, e coordenado por Haddad. O mesmo analisa a produção acadêmica dos estudos sobre educação matemática na EJA, a partir do subtema “processos de ensino-aprendizagem dos conteúdos curriculares (Matemática)”, enquadrado no tema “Concepções e Práticas Pedagógicas”, constituídos pelas pesquisas acadêmicas destacadas no Quadro 4./ Quadro 4 – Estudos sobre educação matemática na EJA levantados por Cukierkorn (2002) Ano Autor(a) Tipo1 Instituição Orientador(a) Título A relação entre o lógico e o histórico no ensino da matemática elementar Educação matemática na alfabetização de adultos e adolescentes segundo a proposta pedagógica de Paulo Freire O estudo supletivo através do ensino individualizado por módulos é uma solução adequada? – um estudo avaliativo com módulos de Matemática O ensino da matemática para adultos através do Método Modelagem Matemática A interação entre o conhecimento matemático da prática e o escolar 1987 DUARTE, Newton. DA UFSCar Betty Antunes de Oliveira 1988 SOUZA, Ângela Maria Calazans de. DA UFES Armando Serafim de Oliveira 1988 TIENGO, Arlete. DA UFES Janete Carvalho DA UNESP/RC Tese UNICAMP 1992 1995 MONTEIRO, Alexandrina. CARVALHO, Dione Lucchesi de. 1995 KNIJNIK, Gelsa Tese UFRGS 1998 MONTEIRO, Alexandrina. Tese UNICAMP 1 Rodney Carlos Bassanezi Márcia Regina Ferreira de Brito Tomaz Tadeu da Silva Eduardo Sebastiani Ferreira Correspondente ao tipo de pesquisa: Tese e Dissertação Acadêmica (DA.) Cultura, educação e matemática na luta pela terra Etnomatemática: as possibilidades pedagógicas num curso de alfabetização para trabalhadores rurais assentados 67 Além do levantamento feito por Cukierkorn (2002), o trabalho de estado da arte “Educação de Jovens e Adultos no Brasil (1986-1998)” trata de outros temas, como: o professor, o aluno, políticas públicas de educação de jovens e adultos, e educação popular, e seus respectivos subtemas. Esse estado da arte, tendo como fontes de estudo teses e dissertações de programas nacionais de pós-graduação stricto sensu em Educação, provenientes dos catálogos da ANPEd, das coleções de periódicos nacionais e anais dos encontros da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), da ANPEd e das Conferências Brasileiras de Educação (CBE), propôs-se detectar e discutir os temas da pesquisa em EJA no Brasil a partir de 1300 títulos produzidos entre 1986 a 1998, atualizando o conjunto de estudos que compuseram estados da arte nesta área para o período de 1975 a 1985, realizados por Haddad em parceria com outros autores. Outra pesquisa de estado da arte encontrada no campo da EJA é o livro intitulado “Ensino Supletivo no Brasil: o estado da arte”, de Haddad, publicado, em 1987, com o apoio do INEP e da REDUC, tendo como base os trabalhos identificados através de um levantamento realizado pelo Programa Educação e Escolarização Popular do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI), concluído em agosto de 1986, sobre a produção de conhecimento no campo do ensino supletivo, educação de adultos, educação popular e educação permanente. Esse levantamento chegou a um total de 192 títulos, dentre os quais, conseguiu-se obter para análise 53 documentos sobre cursos e exames constituídos de teses, dissertações, livros, artigos de periódicos, papers e documentos. Além desses estudos, outros trabalhos pertinentes tratando de estados da arte sobre a EJA são os que compõem o Quadro 5. Quadro 5 – Exemplos de estado da arte sobre a EJA Ano 2001 2009 2009 2009 Publicação Artigo “La investigación en el campo de la educación de adultos y popular en la década de los noventa: un estado del arte”, publicado na Revista Interamericana de Educación de Adultos Número temático da revista E-Curriculum, da PUC/SP, tratando-se de um balanço da pesquisa sobre a educação não escolar de jovens e adultos Artigo “O estado da arte das pesquisas em Educação de Jovens e Adultos na CAPES – Período de 1987-2006”, publicado nos Cadernos de Pesquisa: Pensamento Educacional Dissertação “Estado do conhecimento da educação de jovens e adultos no Brasil: um balanço de teses e dissertações (1999-2006)”, defendida na Universidade Católica de Santos Autoria/Organização María Mercedes R. Muñoz Elena Torres Sánchez Sérgio Haddad Roseli Vaz Carvalho Clayton Diógenes Ribeiro A dissertação de Ribeiro (2009) se constituiu na única pesquisa encontrada no levantamento realizado por nós junto ao Banco de Teses da CAPES para o período de 2000 a 2010, sendo que faz um balanço de teses e dissertações com base nos resumos do Banco da 68 CAPES, no recorte temporal de 1999 a 2006, privilegiando os estudos em torno do eixo políticas educacionais para a EJA, totalizando 594 trabalhos, colocando-se ainda a dar continuidade ao estado da arte coordenado por Haddad em 2002. Após o diagnóstico dos estudos mencionados anteriormente neste capítulo, em nossa busca contínua por pesquisas do tipo estado da arte nas áreas de Educação Matemática e EJA, tomamos conhecimento, em agosto de 2013 – a partir dos Anais do XI ENEM, evento realizado em julho desse mesmo ano em Curitiba – da tese intitulada Educação Matemática e Educação de Jovens e Adultos: estado da arte de publicações em periódicos (2000 a 2010), defendida por Adriano Vargas Freitas junto ao programa de doutorado em Educação Matemática da PUC/SP no início de 2013. Tendo como questão investigativa: O que tem sido produzido e publicado sobre a Educação Matemática orientada para a Educação de Jovens e Adultos, essa pesquisa apresenta análises das publicações em periódicos constantes da listagem Qualis do MEC, na área de Ensino de Ciências e Matemática, no período de 2000 a 2010, relacionados à Educação Matemática voltada para a EJA. No caso, são analisados 135 artigos divididos em dois grupos: o grupo 1, com 37 artigos tratando diretamente do tema Educação Matemática na EJA; e o grupo 2, com 98 artigos com foco exclusivo na EJA. Os 135 artigos são analisados segundo os temas: Formação/Atuação do Professor/Alfabetizador da EJA; Práticas Pedagógicas na EJA; Currículos da EJA; e Avaliação da EJA. A princípio, assemelhando-se à nossa pesquisa em relação ao objeto de estudo envolvendo o estado da arte em Educação Matemática de Jovens e Adultos – o que inclusive nos causou certa apreensão por imaginarmos a conclusão de uma pesquisa nos moldes da nossa à altura em que nos encontrávamos no meio da realização desta tese – observamos que apesar das semelhanças, nossa pesquisa se diferencia da realizada por Freitas (2013) não apenas quanto ao material analisado, no nosso caso teses e dissertações, a exemplo da maioria das pesquisas do tipo estado da arte (conforme se verifica no Anexo II), mas, sobretudo, frente à própria natureza abrangente dos estudos que tomamos para análise, constituindo-se de 121 pesquisas com enfoque específico em Educação Matemática de Jovens e Adultos enquanto que foram 37 artigos analisados por Freitas (2013) com esse mesmo enfoque, sendo sete deles sínteses ou recortes das teses ou dissertações que analisamos: Fantinato (2003); Melo (2004); Barreto (2005); Kooro (2006); Faria (2007); Araújo (2007); Pacheco (2009). Passada nossa apreensão inicial em torno das semelhanças da tese de Freitas (2013) com a nossa pesquisa devido o entendimento das diferenças entre esses estudos, que a nosso ver se complementam na busca pela compreensão da Educação Matemática de Jovens e 69 Adultos, assumimos a pesquisa de Freitas (2013) como uma das referências de nosso trabalho, reforçando ainda mais nossa intenção de contribuir com a sistematização da pesquisa acadêmico-científica dos estudos relacionando Educação Matemática e EJA. Com o desenvolvimento deste capítulo procuramos enfatizar as características definidoras das pesquisas do tipo estado da arte, demonstrando suas possibilidades para a investigação acadêmica e científica, contrapondo ainda, a perspectiva na qual tem sido assumida erroneamente, em alguns casos, como algo similar a uma revisão de literatura. Considerando nossa investigação como um estudo de estado da arte e, portanto, preocupados em justificar a relevância dessa modalidade de pesquisa, buscamos também, através do presente capítulo, evidenciar a realização desse tipo de estudo entre as pesquisas no âmbito educacional, destacando diversos trabalhos, que embora tenham sido mencionados com o intuito exclusivo de apresentarmos alguns exemplos de estudos do tipo estado da arte, uma parte deles acabaram por nos servir de suporte teórico-metodológico e de argumento para compreendermos nossa tese, tendo em vista seus objetivos, como uma pesquisa, até então, não realizada no cenário da investigação acadêmica brasileira. CAPÍTULO III - METODOLOGIA DA PESQUISA A pesquisa em Educação é uma ocasião privilegiada que reúne pensamento e ação na elaboração dos conhecimentos sobre os aspectos da realidade (BARALDI, 1999, p. 17). Neste capítulo, descrevemos os passos percorridos na construção desta tese, evidenciando sua natureza metodológica, os procedimentos de produção e coleta de dados, bem como o processo de análise e de categorização das informações obtidas. 3.1 – Definição Metodológica Esta pesquisa é assumida como um estudo do tipo estado da arte ou estado do conhecimento, considerando-se sua natureza metodológica de caráter exploratório e bibliográfico, segundo o processo de constituição e análise dos dados. O caráter exploratório é decorrente, principalmente na fase inicial, ao processo de coleta de informações e materiais constituídos por resumos de teses e dissertações acerca da temática de nossa investigação. Nesse caso, assume-se esse tipo de pesquisa pelas suas características relacionadas ao levantamento de dados, e por constituir-se “quando o pesquisador, diante de uma problemática ou temática ainda pouco definida e conhecida, resolve realizar um estudo com o intuito de obter informações ou dados mais esclarecedores e consistentes sobre ela” (FIORENTINI; LORENZATO, 2006, p. 70). Já o caráter bibliográfico deste estudo remete-se ao processo de constituição dos dados da pesquisa, compreendendo o levantamento de teses e dissertações e a elaboração de fichamentos baseados na leitura desse material. Assim, considerando sua característica básica de relacionar-se à utilização de documentos escritos como fonte preferencial de dados, assume-se a definição de pesquisa bibliográfica como sendo a: [...] modalidade de estudo que se propõe a realizar análises históricas e/ou revisão de estudos ou processos tendo como material de análise documentos escritos e/ou 71 produções culturais garimpados a partir de arquivos e acervos. Essa modalidade de estudo compreende tanto os estudos tipicamente históricos ou estudos analíticodescritivos de documentos ou produções culturais, quanto os do tipo “pesquisa do estado-da-arte” (FIORENTINI; LORENZATO, 2006, p. 71). No mais, concebe-se que esta pesquisa também se submete aos pressupostos da abordagem qualitativa definidas por Bogdan e Biklen (1994), principalmente em relação às características descritas por esses autores em que: o pesquisador é o principal instrumento; os dados coletados são predominantemente descritivos; a preocupação com o processo é muito maior do que com o produto; e a análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. 3.2 – Delimitação do Período e Seleção dos Documentos No âmbito das pesquisas do tipo estado da arte é fundamental, antes de proceder à coleta dos dados, que se defina a escolha temática de estudo, bem como é relevante compreender, posterior a tal definição, que essa modalidade de pesquisa tem como características comuns: delimitação de períodos; seleção de documentos; leituras orientadas e criteriosas dos documentos selecionados; organização de unidades de análise dos materiais; e análise final dos documentos a partir das unidades identificadas (PICHETH, 2007). Desse modo, tendo em vista as considerações de Romanowski e Ens (2006) de que as pesquisas do tipo estado da arte, por demandarem tempo para a realização das leituras, exigem a delimitação explícita da temática de estudo. E considerando ainda as orientações de Melo (2006) e Polla (2010) de que a tendência é que esses estudos focalizem setores específicos da produção acadêmico-científica em uma determinada temática, haja vista o crescimento das pesquisas nas áreas educacionais ser muito difícil e inviável aos estudos do tipo estado da arte abrangerem toda uma área, ressalta-se como temática desta pesquisa o campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos, ou melhor, os estudos que relacionam e/ou articulam Educação Matemática e EJA como objetos de investigação. Na delimitação do período de estudo desta pesquisa, assume-se o período compreendido pelos anos de 2001 a 2010. As razões pela escolha do ano de 2001 como marco inicial fundamentam-se por esse se constituir no primeiro ano após a promulgação das DCNs para a EJA, através do Parecer CNE/CEB 11/2000, aprovado em 10.05.2000; devido ao final dos anos 1990 registrarem a consolidação da Educação Matemática como área investigativa e campo de atividade da comunidade científica; e por último, pela crescente produção 72 acadêmico-científica através da expansão dos programas brasileiros de pós-graduação stricto sensu, principalmente na área de Educação. Nesse caso, salientando a promulgação das DCNs para a EJA como a principal justificativa para a escolha do período a partir de 2001, como pano de fundo, parte-se da premissa de que do mesmo modo que essas diretrizes sofreram, entre outros aspectos, influência dos resultados de pesquisas acadêmicas para a sua estruturação, geralmente incorporadas pelas políticas educacionais, considera-se que essas mesmas DCNs têm, possivelmente, influenciado as pesquisas no campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos desenvolvidas nos programas brasileiros de pós-graduação, provocando inclusive, reflexões e mudanças nas práticas educativas no cenário da EJA e da Educação Matemática. Já a data limite do período assumido por esta pesquisa como sendo 2010 corresponde ao fato de esse ano caracterizar o fechamento da primeira década após o estabelecimento das DCNs para a EJA. No que diz respeito à seleção de documentos, a presente investigação se propôs analisar as teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos, tendo como principal fonte de acesso a esses trabalhos o Banco de Teses e Dissertações da CAPES, e posteriormente: o portal Domínio Público; a BDTD; e os bancos e bibliotecas digitais de acesso a teses e dissertações dos programas de pós-graduação stricto sensu no Brasil. A escolha do Banco da CAPES como fonte principal e inicial de dados, se deve ao fato de essa instituição ter como responsabilidade coordenar e avaliar os diversos programas de pós-graduação stricto sensu no país em diferentes áreas do conhecimento, contendo registros mais completos das teses e dissertações, a partir de uma de suas linhas de ação, que é disponibilizar o acesso e a divulgação da produção acadêmica e científica desses programas. Na oportunidade, constituímos ainda como fonte de acesso às teses e dissertações: o portal do Centro de Referência em Educação de Jovens e Adultos (CEREJA); e as relações de teses e dissertações em Educação Matemática publicadas nas edições da revista Zetetiké, periódico semestral organizado pelo Centro de Estudos, Memória e Pesquisa em Educação Matemática (CEMPEM) da Faculdade de Educação da UNICAMP. 73 3.3 – Procedimentos de Coleta e Análise dos Dados Segundo Romanowski28 (2002 apud ROMANOWSKI; ENS, 2006), para a realização de uma pesquisa do tipo estado da arte são necessários os seguintes procedimentos: definição dos descritores para direcionar as buscas a serem realizadas; localização dos bancos de pesquisas, teses e dissertações, catálogos e acervos de bibliotecas, biblioteca eletrônica que possam proporcionar acesso a coleções de periódicos, assim como aos textos completos dos artigos; estabelecimento de critérios para a seleção do material que compõe o corpus do estado da arte; levantamento de teses e dissertações catalogadas; coleta do material de pesquisa, selecionado junto às bibliotecas de sistema COMUT ou disponibilizados eletronicamente; leitura das publicações com elaboração de síntese preliminar, considerando o tema, os objetivos, as problemáticas, metodologias, conclusões, e a relação entre o pesquisador e a área; organização do relatório do estudo compondo a sistematização das sínteses, identificando as tendências dos temas abordados e as relações indicadas nas teses e dissertações; análise e elaboração das conclusões preliminares. Dessa forma, fazendo uma adaptação desses procedimentos, observa-se que, para a constituição da presente pesquisa, adotamos o seguinte processo divido em etapas: Na 1ª etapa procedemos, junto ao Banco de Teses e Dissertações da CAPES, ao levantamento dos resumos das pesquisas que se relacionavam com a temática de estudo desta tese. Sendo assim, como nosso interesse eram as pesquisas em si, independentemente do nome dos seus autores e/ou das instituições às quais estão vinculadas, não procedemos à busca por Autor e Instituição, optando em fazer a busca apenas por Assunto com o uso de todas as palavras através dos descritores: “educação matemática de jovens e adultos” e “educação matemática e EJA”, conforme a Figura 1. Na oportunidade, procedemos a essa busca da mesma forma para cada um dos níveis de pesquisa (Doutorado, Mestrado e Mestrado Profissional) e também para cada um dos anos base compreendidos pelo período de 2001 a 2010. 28 ROMANOWSKI, J. P. As licenciaturas no Brasil: um balanço das teses e dissertações dos anos 90. 2002. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo. 74 Figura 1: Sistema de Busca de Resumos do Banco de Teses da CAPES (último acesso em jan. 2013) Decorrente da busca realizada no Banco da CAPES e da leitura dos resumos disponibilizados no sentido de diagnosticar se pertenciam ao campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos, encontramos sete resumos de teses e 97 resumos de dissertações. Na 2ª etapa, visando complementar o conjunto das teses e dissertações levantadas a partir dos seus resumos junto ao Banco da CAPES com outros estudos não encontrados anteriormente, e querendo ainda confrontar as informações obtidas, procedemos à análise do banco de dissertações e teses em EJA defendidas no período de 2001 a 2010 disponíveis no portal do CEREJA29, tendo como propósito levantarmos as pesquisas que envolvessem Educação Matemática. Da mesma forma, procedemos à análise das edições da revista Zetetiké30 que dispunham das relações de teses e dissertações em Educação Matemática defendidas no período de 2001 a 2010 objetivando levantar os trabalhos envolvendo a EJA. Posteriormente ao levantamento feito no portal do CEREJA e nas edições da revista Zetetiké, também examinamos os resumos de teses e dissertações em EJA do período de 2001 a 2006 disponibilizados como anexos na dissertação de Ribeiro (2009) visando encontrar pesquisas relativas à Educação Matemática. Analisamos ainda o artigo “Um olhar para as pesquisas em Educação Matemática relacionadas à Educação de Jovens e Adultos”, de Traldi Júnior et al., publicado nos Anais da XIII Conferência Interamericana de Educação Matemática, realizada em 2011; e o artigo “Pesquisas em Educação Matemática na Educação de Jovens e Adultos no Brasil de 1988 a 2010”, de Leite e Darsie, publicado nos Anais do Seminário de Educação da UFMT, promovido em 2010, objetivando encontrar algum estudo 29 30 Disponível em: <http://www.cereja.org.br/site/teses_eja.asp>. Acesso em: maio 2013. Disponível em: <http://www.fe.unicamp.br/revistas/ged/index.php/zetetike/%3B>. Acesso em: set./out. 2013. 75 em Educação Matemática de Jovens e Adultos que ainda não havíamos localizado. Como resultado desse levantamento complementar ao realizado no Banco de Teses e Dissertações da CAPES, localizamos mais três teses e quatorze dissertações, obtendo posteriormente seus resumos e/ou demais dados bibliográficos no Banco da CAPES, totalizando dez teses e 111 dissertações (Quadro 6) envolvendo o campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos, constituídas em materiais de análise de nossa pesquisa e para tanto relacionadas com seus resumos e outras informações no Anexo I da presente tese. Quadro 6 – Teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos (2001-2010) Nº Ano Autor(a) Nível Instituição Orientador(a) ARAÚJO, D. A. Mest. Acad. UFMG Maria Manuela M. Soares David CARDOSO, E. A. Mest. Acad. PUC/SP Ana Paula Jahn 003 FONSECA, M. C. F. R. Dout. UNICAMP Dione Lucchesi de Carvalho 004 WANDERER, F. Mest. Acad. UNISINOS Gelsa Knijnik 005 AZEVEDO, P. M. A. S. Mest. Acad. UNICAMP Dione Lucchesi de Carvalho 006 BAIL, V. S. Mest. Acad. UnC CARDOSO, C. A. Mest. Acad. UFMG 008 EWBANK, M. S. A. Dout. UNICAMP 009 MACIEL, A. M. Mest. Acad. UFPB Wojciech Andrzej Kulesza 010 SILVA, K. C. Mest. Acad. UFPB Wojciech Andrzej Kulesza 011 FANTINATO, M. C. C. B. Dout. USP Maria do Carmo Santos Domite 012 LEVY, L. F. Mest. Acad. UFPA Adilson Oliveira do Espírito Santo LOPES, R. C. Mest. Acad. UFES Circe Mary Silva da Silva Dynnikov 014 PIMENTA, M. L. Mest. Acad. UnB Maria Fávero Helena 015 RUBIM, M. H. Mest. Acad. UFSCar Maria Almeida Amélia 016 TOLEDO, M. E. R. O. Dout. USP 017 ALBUQUERQUE, L. T. Mest. Profis. UFRN John Fossa Mest. Acad. UFPA Tadeu Oliver Gonçalves 001 002 2001 007 013 2002 2003 R. Dione Lucchesi de Carvalho Maria da Conceição F. Reis Fonseca Orly Zucatto M. de Assis Marta Kohl Oliveira de Andrew 2004 018 ALVES, O. S. Título O Ensino Médio na Educação de Jovens e Adultos: o material didático de Matemática e o atendimento às necessidades básicas de aprendizagem Uma análise da perspectiva do professor sobre o currículo de Matemática na EJA Discurso, memória e inclusão: reminiscências da Matemática escolar de alunos adultos do Ensino Fundamental Educação de Jovens e Adultos e produtos da mídia: possibilidades de um processo pedagógico etnomatemático Um processo de ensino/aprendizagem de equações vivido por alunos jovens e adultos em sala de aula: transitando por registros de representação Educação Matemática de Jovens e Adultos, Trabalho e Inclusão Atividade matemática e práticas de leitura na sala de aula: possibilidades na educação escolar de jovens e adultos O ensino da multiplicação para crianças e adultos: conceitos, princípios e metodologias Ensino de Matemática: uma proposta metodológica para jovens e adultos do período noturno A formação matemática do educador de adultos: um olhar a partir da Escola Zé Peão Identidade e sobrevivência no Morro do São Carlos: representações quantitativas e espaciais entre jovens e adultos Os professores, uma proposta visando à transdisciplinaridade e os atuais alunos de Matemática da educação pública municipal de jovens e adultos de Belém, Pará Uma reflexão sobre o processo de ensino/aprendizagem da operação de multiplicação implementado numa classe de alunos jovens e adultos “De mais ou de menos?”: a resolução de problemas por surdos adultos Educação de Jovens e Adultos com deficiência mental: análise evolutiva da aprendizagem da Língua Portuguesa e da Matemática As estratégias metacognitivas de pensamento e o registro matemático de adultos pouco escolarizados A Matemática sob a ótica do tarô: uma experiência com a Educação de Jovens e Adultos Saberes produzidos na ação de ensinar Matemática na EJA: contribuições para o debate sobre a formação inicial de educadores matemáticos na UFPA 76 Nº Ano Autor(a) Nível Instituição Orientador(a) Título 019 FRANCO, I. C. A. Mest. Acad. UNICAMP Dione Lucchesi de Carvalho Procedimentos multiplicativos: do cálculo mental à representação escolar na educação matemática de jovens e adultos 020 MELO, M. J. M. D. Mest. Acad. UFRN Maria da Conceição F. B. Sgadari Passeggi Do “contar de cabeça” à cabeça para o contar: histórias de vida, representações e saberes matemáticos na Educação de Jovens e Adultos 021 MIGLIORANÇA, F. Mest. Acad. UFSCar Regina Maria S. P. Tancredi OLIVEIRA, R. L. Mest. Profis. UFRN 023 PAVANELO, E. Mest. Acad. UNESP/RC 024 REFOSCO, M. I. Mest. Acad. FACIPAL Clayde Mendes 025 SANTOS, M. E. C. Mest. Acad. UNIVALI José Taglieber 026 BARRETO, M. F. T. Dout. UNESP/RC 027 GARAFFA, J. Mest. Acad. UPF 028 JESUS, H. L. Mest. Acad. USP 029 LIMA, M. J. Mest. Acad. USF Alexandrina Monteiro 030 SCHNEIDER, S. M. Mest. Acad. UFF Glória Regina P. Campello Queiroz 031 CASTRO, L. R. C. Mest. Acad. UNISINOS 032 CORÔA, R. P. Mest. Acad. UFPA Tadeu Oliver Gonçalves 033 HENAO, E. Y. H. Mest. Acad. PUC/SP Circe Mary Silva da Silva Dynnikov 034 KOORO, M. B. Mest. Profis. UNICSUL Celi Espasandin Lopes 035 MALLMAN, M. E. Mest. Acad. ULBRA Renato Pires dos Santos 036 MOTTA FILHO, I. Mest. Profis. PUC/SP Célia Maria Carolino Pires PEGGION, P. P. Mest. Acad. USP Stela Conceição Bertholo Piconez 038 RODRIGUES, A. M. S. Mest. Acad. UFPA Rosália Maria Ribeiro de Aragão 039 SILVA, A. R. Mest. Profis. PUC/SP 040 SILVA, J. S. C. 041 SILVA, J. V. 042 SILVA, V. L. 043 VALVERDE, R. M. S. M. 022 2004 2005 037 2006 Mest. Acad. Mest. Acad. Mest. Acad. UFRPE Mest. Acad. UNICAMP UFPA UFPE Cláudia Dezotti Helena Laurizete Ferragut Passos Regina Erno Maria Aparecida Viggiani Bicudo Ocsana Sonia Danyluk Manoel Oriosvaldo de Moura Gelsa Knijnik Janete Frant Bolite Renato Borges Guerra Josinalva Estacio Menezes Rute Elizabete de Souza Rosa Borba Angela Del Carmen Bustos R. de Kleiman A atuação do professor de Matemática na Educação de Jovens e Adultos: conhecendo a problemática A modelagem matemática como alternativa de ensino e aprendizagem da geometria na Educação de Jovens e Adultos Resistência e contribuições em relação a uma proposta de trabalho para o ensino de álgebra elementar, junto a alunos da Educação de Jovens e Adultos Um estudo sobre as atitudes em relação à matemática e o desempenho em álgebra na Educação de Jovens e Adultos Posso fazer do meu jeito?: registros das estratégias de adultos desafiados a resolver problemas matemáticos aditivos O tempo vivido pelo alfabetizando adulto nas aulas de Matemática A linguagem matemática manifestada por jovens e adultos Manifestações do conhecimento matemático de alunos jovens e adultos em atividades de ensino Modos de representar e pensar o espaço: um estudo com as agentes de saúde do assentamento rural Santa Maria – MT A consideração de dilemas práticos para a formação de professores de Matemática da Educação de Jovens e Adultos Narrativas sobre a matemática escolar produzidas por alunos de um curso noturno de Educação de Jovens e Adultos Saberes construídos pelos professores de Matemática em sua prática docente na Educação de Jovens e Adultos Compreensão de textos com conteúdos matemáticos por parte de aprendizes jovens e adultos/as Uma análise curricular da Matemática na Educação de Jovens e Adultos A essência da Matemática na prática dos produtores rurais: um estudo Etnomatemático Atitudes e procedimentos de alunos da Educação de Jovens e Adultos frente à resolução de problemas Educação Escolar de Jovens e Adultos e Educação Matemática: desafios para a formação de professores ... A minha vida seria muito diferente se não fosse a Matemática... O sentido e os significados do ensino de Matemática em processos de exclusão e de inclusão escolar e social na Educação de Jovens e Adultos O livro didático e o discurso do professor no ensino das operações com números inteiros para alunos do ensino de jovens e adultos Matemática na EJA: uma proposta para trabalhadores da construção civil As dificuldades do uso do vídeo em aulas de matemática na EJA no município de Goiana-PE Números decimais: no que os saberes de adultos diferem dos de crianças? Interações em aula de Matemática para jovens e adultos 77 Nº Ano Autor(a) Nível Instituição Orientador(a) Título Em busca de subsídios para o conhecimento da dislexia em alunos da EJA: uma abordagem sobre leitura e cálculo Registros de alunos e professores de Educação de Jovens e Adultos na solução de problemas de proporção-porcentagem VIANNA, S. C. B. Mest. Acad. UFRJ Maria Cecília de Magalhães Mollica 045 VIZOLLI, I. Dout. UFPR Maria Tereza Carneiro Soares 046 ARAÚJO, N. S. R. UEM Doherty Andrade 047 BASTOS, A. S. A. M. 048 CABRAL, V. R. S. Mest. Acad. UFMG 049 CAMARGO, M. A. Mest. Acad. USF Alexandrina Monteiro 050 CASTRO, M. P. Mest. Profis. PUC/SP Ubiratan D'Ambrosio 051 CHERINI, C. P. Mest. Acad. USF Alexandrina Monteiro 052 FARIA, J. B. Mest. Acad. UFMG Maria Laura Magalhães Gomes 053 GOMES, A. A. M. Mest. Acad. USF Adair Mendes Nacarato 054 GOMES, M. J. Mest. Acad. UFPE Rute Elizabete de Souza Rosa Borba 055 INCHEGLU, J. M. Mest. Profis. UNICSUL LIMA, P. C. Mest. Acad. UFMG Maria da Conceição F. Reis Fonseca 057 MIGLIORINI, P. A. M. M. Mest. Acad. UNISO Fernando Casadei Salles 058 NOBRE, A. P. M. C. Mest. Acad. UFPE Antonio Roazzi 059 OLIVEIRA, E. A. Mest. Acad. UCB Robert Walker Kenyon 060 PANCIERA, L. M. Mest. Profis. UNIFRA Maria Pereira Arleth 061 RIBEIRO, E. S. Mest. Acad. UFMT Marta Maria Pontin Darsie 062 ROZAL, E. F. Mest. Acad. UFPA Adilson Oliveira do Espírito Santo 063 SILVA, E. A. Mest. Profis. PUC/SP Sandra Maria Pinto Magina 064 SILVA, E. J. Mest. Profis. UNICSUL 065 SILVA, F. M. M. Mest. Acad. UFJF 066 SILVA, M. A. D. Mest. Profis. PUC/SP 044 2006 056 2007 Mest. Acad. Mest. Profis. UNICSUL Edda Curi Maria da Conceição F. Reis Fonseca Iara Regina Guazzelli B. Edda Curi Sonia Clareto Ubiratan D'Ambrosio Maria A Educação de Jovens e Adultos e a resolução de problemas matemáticos Noções de porcentagem, de desconto e de acréscimo na Educação de Jovens e Adultos Relações entre conhecimentos matemáticos escolares e conhecimentos do cotidiano forjadas na constituição de práticas de numeramento na sala de aula da EJA Telecurso 2000: uma análise da articulação da matemática escolar e do cotidiano nas tele-aulas O Projeto Minerva e o desafio de ensinar Matemática via rádio A prática social da culinária: algumas reflexões na construção curricular da Matemática na Educação de Jovens e Adultos Relações entre práticas de numeramento mobilizadas e em constituição nas interações entre os sujeitos da Educação e Jovens e Adultos Aulas investigativas na Educação de Jovens e Adultos (EJA): o movimento de mobilizarse e apropriar-se de saber(es) matemático(s) e profissional(is) Profissionais fazendo matemática: o conhecimento de números decimais de alunos pedreiros e marceneiros da Educação de Jovens e Adultos Uma proposta de educação matemática crítica e resgate da cidadania junto aos alunos da EJA Constituição de práticas de numeramento em eventos de tratamento da informação na Educação de Jovens e Adultos O fracasso escolar na disciplina de Matemática no curso de Educação de Jovens e Adultos – SESI/Sorocaba Realismo nominal e consciência metalinguística no processo de alfabetização de adultos e crianças Concepções de professores e alunos sobre resolução de problemas abertos como estratégia de ensino e aprendizagem da Matemática na Educação de Jovens e Adultos: um estudo de caso de uma escola de Ceilândia-DF A etnomatemática e os saberes cotidianos dos alunos da Educação de Jovens e Adultos Concepções de professores em avaliação, educação matemática e Educação de Jovens e Adultos: buscando interfaces Modelagem Matemática e os temas transversais na Educação de Jovens e Adultos Introdução do pensamento algébrico para alunos do EJA: uma proposta de ensino Os significados dos números racionais desenvolvidos por professores e autores de livros didáticos na EJA Educação de Jovens e Adultos e inventividade do espaço escolar: caminhada por memórias, produções de subjetividades e representações espaciais A etnomatemática em uma sala da EJA: a experiência do pedreiro 78 Nº Ano Autor(a) Nível Instituição Orientador(a) SILVA, T. V. Mest. Profis. UFRN SILVEIRA, K. B. V. Mest. Profis. UNIFRA 069 TOPÁZIO, J. A. Mest. Acad. UNEB Kátia Maria Santos Mota 070 ALMEIDA, M. V. M. Mest. Acad. UFPA Francisco Hermes Santos da Silva 071 BARROS, C. P. M. Mest. Profis. PUC/SP 072 COAN, L. G. W. Mest. Acad. UFSC 073 FONSECA, M. S. A. 074 JARA, E. J. 075 MAZZANTI, D. L. Mest. Profis. PUC/SP 076 PEREIRA, D. E. Mest. Acad. UFRN Bernadete Barbosa Morey 077 RODRIGUES, P. R. Mest. Acad. UFSM Eduardo Adolfo Terrazzan 078 RODRIGUES, R. F. Mest. Acad. UFRPE Josinalva Estacio Menezes 079 RODRIGUES, T. D. Mest. Acad. UNESP/RC Pedro Paulo Scandiuzzi 080 SANTOS, C. I. C. Mest. Acad. UFRGS Samuel Edmundo Lopez Bello 081 SILVA, J. E. N. Mest. Acad. USF Adair Mendes Nacarato 082 SMITH, S. D. C. Mest. Acad. UFPA Adilson Oliveira do Espírito Santo 083 SOUZA, M. C. R. F. Dout. UFMG 084 STRAGLIOTTO, M. Mest. Acad. UNIJUÍ 085 ZANELATO, E. Mest. Acad. UNESC Ademir Damazio 86 AZEVEDO, V. L. A. Dout. PUC/SP Laurinda Ramalho de Almeida 087 ADELINO, P. R. Mest. Acad. UFMG Maria da Conceição F. Reis Fonseca 088 CONTI, K. C. Mest. Acad. UNICAMP Dione Lucchesi de Carvalho 089 COSME, G. M. Mest. Acad. UFES Lígia Arantes Sad 090 EUGÊNIO, C. L. Mest. Acad. UFJF Sonia Clareto 091 FERREIRA, A. R. Mest. Acad. UFMG 067 068 2007 2008 2009 Mest. Acad. Mest. Profis. UFPA UFRGS Arlete de Jesus Brito Maria Pereira Arleth Saddo Almouloud Ag Ademir Donizeti Caldeira Francisco Hermes Santos da Silva Marcus Vinicius de Azevedo Basso Barbara Bianchini Lutaif Maria da Conceição F. Reis Fonseca Cátia Maria Nehring Maria Maria da Conceição F. Reis Fonseca Título A compreensão da ideia do número racional e suas operações na EJA: uma forma de inclusão em sala de aula O educando da EJA: dificuldades e superações na aprendizagem de Matemática Financeira Trabalhadoras domésticas em um condomínio de Salvador: saberes e fazeres matemáticos em suas histórias de vida A linguagem matemática e os registros semióticos no quadro de escrever nas aulas da EJA Análise de atitudes de alunos na Educação de Jovens e Adultos em situação de resolução de problemas A implementação do PROEJA no CEFETSC: relações entre seus objetivos, os alunos e o currículo de Matemática As relações afetivas nas aulas de Matemática na EJA mediadas pelo quadro de escrever Matemática em rede a partir de projetos de pesquisa na Educação de Jovens e Adultos Educação de Jovens e Adultos: uma aplicação da regra de três e porcentagem em cálculos trabalhistas Globos e mapas ao alcance das mãos: ensino de Matemática numa perspectiva de alfabetização funcional na EJA O ensino de Matemática na EJA em escolas municipais de Santa Maria Análise de resolução de problemas numa abordagem contextualizada e nãocontextualizada para alunos do nono ano do Ensino Fundamental da EJA A etnomatemática no contexto do ensino inclusivo: possibilidades e desafios Inclusão-exclusão nas práticas pedagógicas dos professores que ensinam Matemática na Educação de Jovens e Adultos A mobilização de saberes matemáticos pelo aluno da EJA em um ambiente de aprendizagem no Ensino Médio Modelagem Matemática gerando um ambiente de ensino e aprendizagem para a Educação de Jovens e Adultos Gênero e matemática(s) – jogos de verdade nas práticas de numeramento de alunas e alunos da educação de pessoas jovens e adultas O ensino de Matemática na Educação de Jovens e Adultos: desafios e possibilidades O motivo da aprendizagem da Matemática na Educação de Jovens e Adultos sob a ótica da teoria da atividade Emoções e sentimentos na atuação docente: um estudo com professores de Matemática na Educação de Jovens e Adultos Práticas de numeramento nos livros didáticos de Matemática voltados para a Educação Jovens e Adultos O papel da Estatística na inclusão de alunos da Educação de Jovens e Adultos em atividades letradas Da formação no curso de Licenciatura em Matemática de São Mateus/ES ao profissional da Educação de Jovens e Adultos Educação Matemática de Jovens e Adultos: certezas da Matemática e (in)certezas de uma matemática Práticas de numeramento, conhecimentos escolares e cotidianos em uma turma de Ensino Médio da educação de pessoas jovens e adultas 79 Nº Ano Autor(a) Nível Instituição Orientador(a) 092 FRIEDRICH, M. Mest. Acad. UFG Anna Maria Canavarro Benite 093 LOPES, L. R. P. Mest. Acad. UNIUBE Marilene Ribeiro Resende 094 PACHECO, M. S. Mest. Acad. PUC/RS Lucia Maria Martins Giraffa PORFÍRIO, A. G. Mest. Acad. UFG 096 ROLOFF, M. C. S. Mest. Acad. UNIVALI 097 SOUSA, G. R. 098 TERRA, L. C. 099 ALBUQUERQUE, M. R. G. C. 100 ANDRADE, L. O. M. 101 BEZERRA, E. S. Mest. Acad. UFRPE Mônica Maria Lins Lessa 102 BISPO, J. S. G. Mest. Acad. UFBA Jonei Cerqueira Barbosa 103 DANTAS, J. B. Mest. Acad. UFPE Gilda Lisboa Guimarães 104 FREITAS, R. C. O. Dout. UFES Lígia Arantes Sad 105 GILS, A. L. Mest. Acad. UFF Maria Cecília de C. B. Fantinato 106 LIMA, I. B. Mest. Acad. UFPE Ana Coêlho Vieira Selva 107 LIMA, R. C. G. Mest. Acad. UFPE Rute Elizabete de Souza Rosa Borba MARTINS, G. V. Mest. Acad. UFPE Rute Elizabete de Souza Rosa Borba 109 MATTARA, I. M. M. R. Mest. Acad. UNOESTE 110 MEDEIROS, R. A. B. Mest. Acad. UFPA 111 MIRANDA, P. R. Mest. Profis. PUC/MG 112 MONTEIRO, E. F. C. Mest. Profis. UFOP 095 108 2009 2010 Mest. Profis. Mest. Profis. Mest. Acad. Mest. Acad. UNICSUL UFRGS UFPE UFRRJ Rogério Ferreira Maria Helena B. V. Cordeiro Iara Regina B. Guazzelli Marcus Vinicius de Azevedo Basso Gilda Lisboa Guimarães José Roberto L. de Mattos Adriano Rodrigues Ruiz Marisa Rosâni Abreu da Silveira Eliane Gazire Scheid Celia Maria Fernandes Nunes 113 NOGUEIRA, A. H. S. Mest. Acad. UFMT Marta Maria Pontin Darsie 114 SCHNEIDER, S. M. Dout. UFMG Maria da Conceição F. Reis Fonseca 115 PEREIRA, R. L. Mest. Acad. UFPA Marisa Rosâni Abreu da Silveira Título O Programa Nacional de Inclusão de Jovens – PROJOVEM: uma análise entre o proposto e o vivido em Goiânia Formação do professor de matemática “para” e “na” EJA – Educação de Jovens e Adultos Geometria plana e inclusão digital: uma experiência a partir do cotidiano dos alunos EJA O reconhecimento do contexto sociocultural do aluno em meio ao ensino e à aprendizagem da Matemática na educação de adolescentes jovens e adultos – Goiânia / GO Representações sociais de Matemática: um estudo com alunos da Educação de Jovens e Adultos Educação Matemática Crítica junto aos alunos da EJA Matemática em informações midiáticas Como adultos e crianças compreendem a escala representada em gráficos O ensino de Matemática no PROEJA: limites e possibilidades Investigação da aprendizagem de conhecimentos matemáticos a partir de atividades contextualizadas na Educação de Jovens e Adultos A participação de jovens e adultos em um ambiente de modelagem matemática A argumentação matemática na resolução de problemas de estrutura aditiva com alunos de EJA Produções colaborativas de professores de Matemática para um currículo integrado do PROEJA-IFES Contribuições da etnomatemática para a Educação de Jovens e Adultos – EJA e para a formação de professores Investigando desempenho de jovens e adultos na construção e interpretação de gráficos O raciocínio combinatório de alunos da Educação de Jovens e Adultos: do início da escolarização até o Ensino Médio Livros didáticos de alfabetização de jovens e adultos: um estudo sobre as estruturas multiplicativas A investigação e produção de conhecimentos matemáticos com significado na EJA: aprendizagem escolar e o cotidiano na formação de jovens e adultos Linguagens e aprendizagem da Matemática na EJA: desafios, preconceito linguístico e exclusão Uma proposta para o ensino de Matemática para o curso Técnico em Agente Comunitário de Saúde na Modalidade PROEJA Práticas avaliativas em Matemática na Educação de Jovens e Adultos: estudo de caso de uma escola da rede municipal de Belo Horizonte O tratamento dado aos conhecimentos prévios dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos na resolução de problemas de Matemática: concepções e práticas dos professores Esse é o meu lugar... Esse não é o meu lugar: relações geracionais e práticas de numeramento na escola de EJA Interpretação de textos matemáticos: dificuldades na resolução de problemas de Geometria Plana 80 Nº Ano Autor(a) 116 QUEIROZ, S. M. 117 RIBACIONKA, M. C. S. 118 2010 ROSA, R. S. Nível Mest. Acad. Mest. Profis. Mest. Acad. Instituição UFRPE PUC/SP UPF 119 SANTANA, I. C. Mest. Acad. USP 120 SANTOS, C. S. Mest. Profis. UFRGS 121 SIMÕES, F. M. Mest. Acad. UFMG Orientador(a) Mônica Maria Lins Lessa Celina Aparecida A. Pereira Abar Neiva Ignês Grando Maria do Carmo Santos Domite Samuel Edmundo Lopez Bello Maria da Conceição F. Reis Fonseca Título A aprendizagem de Matemática por alunos adolescentes na modalidade Educação de Jovens e Adultos: analisando as dificuldades na resolução de problemas de estrutura aditiva Uma proposta de webquest para a introdução ao letramento estatístico dos alunos da EJA Matemática, evasão escolar e Educação de Jovens e Adultos: que relação é essa? Professores de Matemática na Educação de Jovens e Adultos: o pensamento geométrico no centro das atenções Jogos de linguagem no estudo do tratamento da informação em uma classe de EJA Apropriação de práticas de letramento (e de numeramento) escolares por estudantes da EJA Nota: Doutorado (Dout.), Mestrado Acadêmico (Mest. Acad.) e Mestrado Profissional (Mest. Profis.) Na 3ª etapa de nosso processo de coleta dos dados, procedemos à localização e ao acesso das versões digitais das teses e dissertações, selecionadas a partir dos seus resumos, junto ao portal Domínio Público, à BDTD e aos bancos e bibliotecas digitais de acesso a teses e dissertações dos programas brasileiros de pós-graduação stricto sensu, obtendo os arquivos digitais de boa parte das pesquisas constituídas como nosso material de análise. Nessa etapa, devido a não localização das versões digitais de todas as pesquisas, por não estarem disponíveis de forma online nas bibliotecas digitais dos programas de pósgraduação aos quais estão vinculadas, constituímos o restante das teses e dissertações, com exceção de sete dissertações31, através de contatos via e-mail com os autores e orientadores desses trabalhos, que nos encaminharam suas pesquisas em arquivo digital, e mesmo através de cópias impressas adquiridas junto às bibliotecas das instituições em que estão depositadas. Essa dificuldade de acesso às teses e dissertações para constituição do material de estudo é relatada pelas pesquisas do tipo estado da arte como sendo uma das limitações dessa modalidade de pesquisa. Sobre esse caso, Romanowski e Ens (2006, p. 47) elucidam que “o acesso ao material de pesquisa pode constituir limite severo na realização do estado da arte”. A iniciativa de encontrarmos o arquivo digital ou mesmo a cópia impressa das pesquisas levantadas nesta investigação incidiu da necessidade de realizarmos a leitura das teses e dissertações selecionadas com o propósito de evidenciar os elementos pertinentes à melhor análise desses trabalhos segundo a problemática desta investigação, principalmente por se considerar o caráter incompleto de alguns resumos que não disponibilizam as informações básicas para análise das pesquisas, ou mesmo que não apresentam com clareza elementos para se elaborar um fichamento mais rigoroso das teses e dissertações32. 31 Silva (2002), Lopes (2003), Refosco (2004), Garaffa (2005), Porfírio (2009), Sousa (2009) e Bezerra (2010). Severino (2011, p. 208-209 e p. 232) salienta que o resumo consiste na apresentação concisa do conteúdo de um trabalho científico e tem a finalidade de passar ao leitor uma ideia completa do teor do documento, 32 81 Essa mesma dificuldade quanto à ausência de informações nos resumos é observada em outros estudos do tipo estado da arte (FIORENTINI, 2002; MELO, 2006; CARVALHO, 2009; RIBEIRO, 2009; POLLA, 2010; ULER, 2010; FREITAS, 2013). Nesse sentido, considerando os problemas em relação aos resumos, que segundo Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 157), comprometem a divulgação da pesquisa, e mesmo reconhecendo que se instituíram em fonte primordial não apenas por ter nos possibilitado levantar as pesquisas constituídas em nosso material de estudo, mas também por ter nos permitido a compreensão dessas pesquisas e contribuído com a análise das mesmas, ainda assim, nos propusemos encontrar o arquivo digital ou a cópia impressa das dissertações e teses em reconhecimento ao princípio de que a leitura desses trabalhos possibilita compreender, segundo Ferreira (2002), a ideia do que “verdadeiramente” trata a pesquisa em contraponto à sensação de que sua leitura a partir apenas dos resumos não dá a ideia do todo. Diante dessa perspectiva, intensificamos também a tentativa de obter as versões digitais ou impressas das teses e dissertações em concordância com a advertência de Megid Neto33 (1999) quando salienta que: Os resumos ampliam um pouco mais as informações disponíveis, porém, por serem muito sucintos e, em muitos casos, mal elaborados ou equivocados, não são suficientes para a divulgação dos resultados e das possíveis contribuições dessa produção para a melhoria do sistema educacional. Somente com a leitura completa ou parcial do texto final da tese ou dissertação desses aspectos (resultados, subsídios, sugestões metodológicas etc.) podem ser percebidos. Para estudos sobre o estado da arte da pesquisa acadêmica nos programas de pós-graduação em Educação, todas essas formas de veiculação das pesquisas são insuficientes. É preciso ter o texto original da tese ou dissertação disponível para leitura e consulta (apud FERREIRA, 2002, p. 266). Na 4ª etapa, de posse dos arquivos digitais e cópias impressas das teses e dissertações encontradas, passamos a analisá-las confrontando algumas de suas informações em comparação aos dados presentes nos resumos localizados no Banco da CAPES. Nesse caso, mediante a constatação de informações distintas e até mesmo da ocorrência de mais de um resumo para a mesma pesquisa, apresentando-se o resumo publicado na tese/dissertação diferentemente em comparação ao resumo publicado no Banco da CAPES, ressalta-se que assumimos como fonte principal de dados o resumo e as informações constantes nas teses e fornecendo seus dados bibliográficos e unitermos temáticos, e todas as informações necessárias para que o leitor possa fazer uma primeira avaliação do texto: natureza do trabalho, objeto tratado, objetivos visados, referências teóricas de apoio, procedimentos metodológicos adotados e conclusões/resultados a que se chegou. Além disso, o texto do Resumo deve ser composto de um único parágrafo, com uma extensão de cerca de 300 palavras para as dissertações e 500 palavras para as teses, limitando-se a expor objetivamente o conteúdo do texto, sem conter opiniões ou observações avaliativas, nem conter desdobramentos explicativos. 33 MEGID NETO, J. Tendências da pesquisa acadêmica sobre o ensino de ciências no nível fundamental. 1999. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 82 dissertações, legitimadas a nosso ver pela condição de evidenciarem resultados de pesquisas analisadas e convalidadas por bancas examinadoras. Nessa etapa, cabe destacar que complementamos algumas informações que não constavam nos resumos disponíveis no Banco da CAPES a partir das informações localizadas nas teses e dissertações, bem como procedemos à correção de algumas informações. Assim, entre outras alterações, nos remetemos a incluir palavras-chave e trechos do resumo da tese/dissertação que não constam no resumo do Banco da CAPES, e até mesmo a obter a íntegra do resumo não disponível nesse banco. Em relação às correções, retificamos título de tese/dissertação que não correspondia ao título no resumo disponível no Banco da CAPES, e corrigimos nome de membro da banca examinadora e a ordem de orientador e co-orientador. Essas quatro etapas decorreram do atendimento ao primeiro objetivo específico desta tese, com o propósito de identificar, documentar e sistematizar as teses e dissertações que relacionam/articulam as áreas de Educação Matemática e EJA como objeto de estudo. Na 5ª etapa realizamos leituras e releituras dos textos das teses e dissertações na íntegra, organizando os elementos descritivos dessas pesquisas através do programa de criação de banco de dados Microsoft Acess, que nos permitiu elaborar um formulário de cadastro de informações quanto à autoria e título do trabalho, ano de defesa, titulação acadêmica, instituição, programa e linha de pesquisa, orientador, banca examinadora, e palavras-chave (Apêndice I); bem como nos possibilitou a sistematização dessas informações através de tabelas e relatórios (Apêndices II e III). Ainda nessa etapa, também elaboramos fichas de leitura das teses e dissertações, identificando os temas abordados, problema ou questão de investigação, objetivos, referencial teórico, metodologia de pesquisa (abordagem metodológica, sujeitos e contextos pesquisados, coleta e análise de dados, autores de referência), principais considerações, recomendações e outras observações, além de suscitar inicialmente os seus dados bibliográficos, resumo e palavras-chaves (Apêndice IV). Na 6ª etapa procedemos à análise quantitativa de todas as 121 pesquisas levantadas nesta tese com o objetivo de elucidar o panorama dessas pesquisas. Nessa etapa, novamente utilizamos o banco de dados construído na etapa anterior através do programa Microsoft Acess, bem como nos apoiamos em planilhas eletrônicas do programa Microsoft Excel para facilitar a sistematização das informações. A 5ª e 6ª etapas nos possibilitaram atender o segundo objetivo específico desta pesquisa, que foi mapear e analisar aspectos indicadores das teses e dissertações quanto a: autoria da pesquisa, ano de defesa, titulação acadêmica, instituição, programa e linha de 83 pesquisa, orientador, distribuição geográfica etc. Ocasionando, por conseguinte, o desenvolvimento do Capítulo IV desta tese. A 7ª etapa, compreendendo a sistematização e análise dos dados, e tendo em vista a 5ª etapa realizada quanto à elaboração das fichas de leitura das teses e dissertações, nos permitiu atingir o terceiro objetivo específico desta investigação, que foi identificar e analisar nas teses e dissertações: ênfases e temas abordados, tendências e/ou temáticas investigadas, problema e/ou questões de investigação, objetivos, bases de sustentação teórica, metodologias e procedimentos metodológicos, sujeitos e contextos privilegiados nos estudos, formas de análise de dados, principais resultados e conclusões. Também nos permitiu alcançar o quarto e último objetivo específico desta pesquisa, que teve como propósito analisar as contribuições e implicações suscitadas pelas teses e dissertações em relação às práticas educativas e à pesquisa no contexto da Educação Matemática de Jovens e Adultos, possibilitando a realização do Capítulo V desta tese. Na 7ª etapa consideramos a organização e análise dos dados de somente 117 das 121 pesquisas levantadas nesta tese, sendo dez teses e 114 dissertações, e mais a consideração do resumo de três (SILVA, 2002; LOPES, 2003; GARAFFA, 2005) das sete dissertações não encontradas, uma vez que não conseguimos obter as informações necessárias para a análise descritiva proposta nessa etapa junto às outras quatro dissertações não localizadas (REFOSCO, 2004; PORFÍRIO, 2009; SOUSA, 2009; BEZERRA, 2010). Nessa última etapa procedemos conforme a descrição de Ferreira (2002, p. 65) para o segundo momento das pesquisas do tipo estado da arte: Um, primeiro, que é aquele em que ele interage com a produção acadêmica através da quantificação e de identificação de dados bibliográficos, com o objetivo de mapear essa produção num período delimitado, em anos, locais, áreas de produção. Um segundo momento é aquele em que o pesquisador se pergunta sobre a possibilidade de inventariar essa produção, imaginando tendências, ênfases, escolhas metodológicas e teóricas, aproximando ou diferenciando trabalhos entre si, na escrita de uma história de uma determinada área do conhecimento. Aqui, ele deve buscar responder, além das perguntas “quando”, “onde” e “quem” produz pesquisas num determinado período e lugar, àquelas questões que se referem a “o quê” e “o como” dos trabalhos. Na interpretação e organização do material obtido, analisamos as informações das dez teses e 107 dissertações visando encontrar as unidades de significados contidas nos padrões convergentes dos dados, de modo que refletissem os propósitos desta pesquisa. Desse modo, procedemos através da análise de conteúdo, concebida, segundo 84 Rizzini, Castro e Sartor34 (1999, p. 91) como: [...] uma técnica de investigação que tem por objetivo ir além da compreensão imediata e espontânea, ou seja, ela teria como função básica a observação mais atenta dos significados de um texto, e isso pressupõe uma construção de ligações entre as premissas de análise e os elementos que aparecem no texto. Essa atividade é, assim, essencialmente interpretativa (apud FIORENTINI; LORENZATO, 2006, p. 137). Para a configuração desse processo de análise de conteúdo consideramos as recomendações de Bardin (2004) de se fazer reiteradas leituras das teses e dissertações, evidenciando os elementos comuns e divergentes ao conteúdo dessas pesquisas, os quais permitem estabelecer relações e promover compreensões sobre o objeto de estudo. Assim, adotamos a definição de análise de conteúdo como sendo: Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2004, p. 34). Da mesma forma, tomamos ainda como pressuposto a conceituação de Oliveira et al. (2003, p. 5-6) de que: Pode-se dizer que a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de exploração de documentos, que procura identificar os principais conceitos ou os principais temas abordados em um determinado texto. Ela começa, geralmente, por uma leitura flutuante por meio da qual o pesquisador, num trabalho gradual de apropriação do texto, estabelece várias idas e vindas entre o documento analisado e as suas próprias anotações, até que comecem a emergir os contornos de suas primeiras unidades de sentido. Estas unidades de sentido – palavras, conjunto de palavras formando uma locução ou temas – são definidas passo a passo e guiam o pesquisador na busca das informações contidas no texto. Dentro da perspectiva da técnica de análise de conteúdo, nos apoiamos também em Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 139-140) quando elucidam que a sua vantagem reside no fato de “que as categorias construídas emergem do material em análise, e não da literatura propriamente dita, embora, nesse processo, o diálogo com a literatura e outras formas de classificação seja conveniente e necessário”. No que concerne ao processo de categorização, compreendemos que as categorias de análise se constituíram a posteriori, o que significa dizer, segundo Franco (2008), que as categorias não foram definidas a priori, mas se instituíram ao longo do desenvolvimento da pesquisa e da interpretação dos dados, conforme pressupõe a abordagem de investigação qualitativa em que os pesquisadores, segundo Bogdan e Biklen (1994, p. 50): Não recolhem dados ou provas com o objetivo de confirmar ou infirmar hipóteses 34 RIZZINI, I.; CASTRO, M. R.; SARTOR, C. D. Pesquisando...: guia de metodologias de pesquisa para programas sociais. Rio de Janeiro: USU Ed. Universitária/CESPI/USU, 1999. 85 construídas previamente: ao invés disso, as abstrações são construídas à medida que os dados particulares que foram recolhidos se vão agrupando [...]. O processo de análise dos dados é como um funil: as coisas estão abertas de início (ou no topo) e vão-se tornando mais fechadas no extremo. Entre as diversas possibilidades de organização ou categorização das teses e dissertações, constituídas em nosso material de análise, podendo organizá-las, conforme Fiorentini (2002), pela metodologia de pesquisa utilizada ou pelo referencial teórico, ou ainda, classificá-las segundo o problema ou os objetivos de investigação, optamos por categorizá-las por temas, considerando o foco/objeto de estudo principal de cada uma das pesquisas. Para tanto, tomamos como referência principal, a classificação temática das pesquisas em Educação Matemática proposta por Fiorentini (1994; 2002), Fiorentini e Lorenzato (2006), e Melo (2006); além da organização temática dos estudos em EJA proposta por Haddad (2002); e também a categorização por tema das pesquisas em Educação Matemática e EJA realizada por Freitas (2013). Inicialmente, identificamos os temas de cada uma das teses e dissertações durante a elaboração das fichas de leitura dessas pesquisas. Em seguida, elaboramos listas com essas pesquisas agrupadas segundo seus temas identificados em suas fichas de leitura, e mesmo da constante leitura e releitura dos textos das teses e dissertações, culminando, após várias tentativas de categorização temática dessas pesquisas, na identificação e constituição de sete temas: Concepções/Significados/Percepções; Currículo de Matemática na EJA; Didática/Metodologia de Ensino; Etnomatemática; Formação/Atuação de Professores; Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA; e Psicologia na Educação Matemática. No processo de categorização, visando facilitar a análise descritiva das pesquisas empreendida no Capítulo V, optamos ainda por uma subtematização dos temas categorizados, instituindo 24 subtemas, devidamente descritos e analisados no supracitado capítulo. No intuito de proporcionar melhor visualização e análise descritiva das pesquisas organizadas por tema, decidimos, a exemplo dos estudos de estado da arte desenvolvidos por Fiorentini (2002), Haddad (2002) e Freitas (2013), ordenar cada uma das teses e dissertações analisadas, segundo seu foco/objeto de estudo principal, para apenas um dos sete temas categorizados, ainda que algumas dessas pesquisas pudessem fazer parte de mais de um tema. Neste sentido, ressaltamos que essa opção, à luz de Haddad (2002), não retira das teses e dissertações, constituídas em nosso material de análise, a riqueza da abrangência ou a intersecção entre aspectos abordados nessas pesquisas; ou mesmo, desconsidera, conforme Fiorentini (2002, p. 4), o “respeito à diversidade e às múltiplas formas de produzir conhecimentos dentro de um campo específico como o da Educação Matemática”, nos 86 conduzindo à compreensão das inter-relações existentes entre os temas. Igualmente, salientamos que nossa categorização por temas e subtemas reflete exclusivamente nossa interpretação para o conjunto de teses e dissertações que constituímos como material de análise, não significando a categorização dessas pesquisas como algo categórico e restrito, mas, pela composição de temas relativos ao contexto educacional, suscetível a outras possibilidades de análise e interpretação, que, segundo Fiorentini (1994), são determinadas em virtude dos diferentes ângulos de focalização das pesquisas. Contudo, considerando a definição de Ferreira (2002, p. 69) de que a pesquisa do tipo estado da arte permite várias interpretações, pois “a História da produção acadêmica é aquela proposta pelo pesquisador que lê. Haverá tantas Histórias quantos leitores houver dispostos a lê-las”, e mais o processo de categorização e análise dos dados adotados nesta pesquisa, ressalta-se a assunção desta tese como sendo um estudo de caráter interpretativo, em que se analisou de perto os dados, de modo a encontrar construtos, temas e padrões que fossem utilizados para descrever e explorar o objeto de estudo. Ao concluirmos este capítulo, vale destacar que evidenciamos a opção metodológica desta pesquisa, bem como tentamos descrever as etapas constituídas na obtenção e na análise dos dados, incluindo o processo de categorização dos mesmos. CAPÍTULO IV - PANORAMA DAS TESES E DISSERTAÇÕES EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DE JOVENS E ADULTOS DEFENDIDAS NO BRASIL NA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI Enfim, que a investigação sobre a educação matemática de jovens e adultos tem importância e validez não só por seu interesse explicativo, mas também por seu potencial de utilidade social35 (STORER, 1999, p. 6). Neste capítulo, apresentamos um balanço da produção acadêmica concernente às pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, defendidas nos programas brasileiros de pós-graduação stricto sensu no período de 2001 a 2010, constituídas por dez teses e 111 dissertações, tratando da descrição de aspectos indicadores dessas pesquisas, como: autoria do estudo, ano de defesa, titulação acadêmica, instituição, programa e linha de pesquisa, orientador(a) e banca examinadora. 4.1 – Autoria das Pesquisas Na tentativa de conhecer um pouco mais sobre a autoria das teses e dissertações levantadas nesta investigação, a exemplo de um de seus autores, que destaca “buscar informações sobre os autores que costuma ler a fim de situar quem fala e de onde fala, pois considera que estas informações muitas vezes levam a compreender questões que estão por trás do texto” (TOPÁZIO, 2007, p. 11), nos propusemos a esmiuçar o texto dessas pesquisas, considerando ainda o Currículo Lattes36 dos seus autores para levantar: qual seria a relação dos mesmos com as áreas da Educação Matemática e da EJA antes e mesmo durante o 35 Texto traduzido por nós do espanhol: “En fin, que la investigación sobre la educación matemática de los jóvenes y adultos tiene importancia y validez no sólo por su interés explicativo, sino también por su potencial utilidad social”. 36 O levantamento foi feito entre os meses de novembro e dezembro de 2013 e tomou como base o Currículo Lattes, integrante da Plataforma Lattes (http://lattes.cnpq.br/) do Portal do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – http://www.cnpq.br/), por ser considerado, segundo esse Conselho, um padrão nacional no registro da vida pregressa e atual dos estudantes e pesquisadores do país, e hoje ser adotado pela maioria das instituições de fomento, universidades e institutos de pesquisa do Brasil. 88 desenvolvimento de suas teses e/ou dissertações; onde socializaram e publicaram essas pesquisas ou fragmentos das mesmas; se deram ou não continuidade aos estudos no campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos após a conclusão do mestrado e/ou doutorado; e se suas teses e/ou dissertações ou mesmo publicações decorrentes serviram de referências para as demais teses e dissertações suscitadas na presente investigação. Demandando mais tempo e trabalho do que imaginávamos, o processo de levantamento dessas informações se mostrou, em certas ocasiões, dificultado devido à falta de clareza e ausência de indícios apresentados por essas pesquisas que revelassem a relação dos seus autores com as áreas da Educação Matemática e da EJA, geralmente expressas como justificativas para o próprio desenvolvimento da pesquisa; bem como devido à inexistência e defasagem de data dos Currículos Lattes desses autores que permitissem compreender o estado da publicação de trabalhos relativos às suas teses e/ou dissertações e de continuidade ou não de suas pesquisas envolvendo a Educação Matemática de Jovens e Adultos. Por outro lado, mesmo se revelando moroso, esse processo se despontou como muito prazeroso em consequência das tantas histórias apaixonantes e inspiradoras relatadas por seus autores que nos fizeram debruçar sobre suas trajetórias de vida pessoal e profissional que os conduziram à paixão pela docência, pela educação matemática, e principalmente pela EJA, através do convívio com os educandos jovens e adultos dessa modalidade: “Assim, o inevitável aconteceu: apaixonei-me pela EJA e também pela causa” (ROLOFF, 2009, p. 17). No levantamento concernente à relação dos autores com a área de Educação Matemática, como era esperado, constatou-se, por exemplo, a maioria dos autores com formação em Licenciatura em Matemática, seguido por uma parte de autores com formação em Pedagogia, atuantes em sua maioria na alfabetização matemática ou nos anos iniciais (antiga denominação de séries iniciais) do Ensino Fundamental, onde destacamos a atenção para a identificação de seis autores com graduação em Pedagogia entre os dez autores de teses levantadas nesta pesquisa: Ewbank (2002); Fantinato (2003); Toledo (2003); Barreto (2005); Souza (2008); e Azevedo (2009). Além disso, também encontramos autores com formação nas mais diversas áreas: Administração de Empresa; Ciências Contábeis; Engenharia Civil; Psicologia; e Licenciaturas em Física, Geografia e História. A principal alegação desses autores em relação à aproximação com a Educação Matemática ocorreu por influência de lecionarem para turmas da EJA e perceberem as dificuldades dos seus educandos quanto ao ensino de Matemática, o que culminaria no desejo de ingressarem em um programa de mestrado e/ou doutorado para responder a indagações suas e contribuir com a melhoria da formação escolar no contexto da 89 EJA, como é o exemplo de Silva (2007, p. 3), citando no memorial de sua dissertação que: Antes do exercício do magistério, para o qual me preparava na graduação [Licenciatura em Geografia], iniciei um trabalho na Educação de Jovens e Adultos (EJA), já concursada para atuação na Rede Municipal de Ensino do Recife. A experiência de trabalho nesta modalidade da educação básica me tornou profissional motivada a pesquisar para atender a esse público com o qual tanto aprendi e para o qual me via responsável a buscar contribuir, em atenção aos seus desejos e necessidades educacionais. Já se passaram quinze anos! Na pós-graduação trabalhei numa pesquisa-ação com uma turma de alunos do primeiro módulo da EJA. Esta experiência motivou a emergência de outros trabalhos com adultos, inclusive este que apresento. Busquei focar desta vez o conhecimento matemático, pois sentia carência de investigação nesta área do conhecimento com adultos e o conteúdo específico que optei em abordar foram eles, os alunos adultos em início de escolarização, que mostraram a necessidade. Na identificação dos principais determinantes na relação da autoria dos estudos levantados nesta pesquisa com a modalidade EJA, antes ou mesmo durante o desenvolvimento de suas teses e/ou dissertações, observamos em torno de 65 autores constituindo alguma relação com a EJA em função de sua atuação como professor nessa modalidade, incluindo-se atuações como Educador Popular nas décadas de 1960 e 1970, professor do Ensino Supletivo, ou docente de programas como o PROEJA e o PROJOVEM. A relação dos demais autores com a EJA revelou-se associada à participação como professor e/ou coordenador de programas especiais de EJA no âmbito de entidades sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT); iniciativas governamentais, como o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e o Programa Brasil Alfabetizado (PBA) do MEC; e principalmente, em projetos de extensão universitária oferecidos aos funcionários e à comunidade externa, como os desenvolvidos na UFMG, USP, UFRGS, UFJF, UFES, UNIVALI e Mackenzie, que incluem a participação de alunos de cursos de licenciatura atuando como professores-estagiários e/ou monitores. No universo dos aspectos relacionando a EJA aos autores das teses e dissertações constituídas em objeto de análise desta pesquisa, constatamos ainda autores que passaram a tomar a EJA como elemento de estudo a partir de sua atuação como diretor e/ou coordenador pedagógico de escola de EJA e/ou de Ensino Supletivo, como formador de professor/educador da EJA, por ter participado de curso de formação continuada voltado a professores da EJA, por ter realizado estágio supervisionado na EJA durante a graduação, e por ter sido ex-aluno e posteriormente professor da EJA e/ou do Ensino Supletivo. O fato de grande parte das pesquisas suscitadas nesta investigação evidenciarem algum tipo de relação explícita dos seus autores com as áreas da Educação Matemática e da EJA (sendo que em apenas dezenove do total das 121 pesquisas não encontramos qualquer 90 informação que evidenciasse alguma relação dos seus autores com essas duas áreas conjuntamente), e principalmente, por essa relação se constituir em sua maioria devido ao exercício da docência em Matemática nessa modalidade, pode-se concluir, também com base nas histórias narradas pelos seus autores, que entre as principais razões para realizar suas pesquisas encontrou-se a vontade de responder algumas perguntas como “aquelas que surgem diretamente da prática de ensino, ou melhor, da reflexão do professor-pesquisador sobre sua própria prática e sobre a prática de outros” (FIORENTINI; LORENZATO, 2006, p. 11). Nesse sentido, ainda em consideração à relação estabelecida pelos autores das pesquisas analisadas nesta investigação com as áreas da Educação Matemática e da EJA, podemos constatar o movimento caracterizado por Kilpatrick (1996) de professores cada vez mais em maior número se constituindo como membros de equipes de pesquisa mais do que simplesmente sujeitos da pesquisa. O que significa, a exemplo do que sugere Freitas (2013), uma participação efetiva dos profissionais ligados à Educação Matemática na EJA como sendo eles próprios os pesquisadores e indicadores de possíveis respostas aos problemas e questionamentos que vivenciam no cotidiano educacional, deixando de ser apenas foco de observação por parte das pesquisas geralmente realizadas nesse contexto. Com base nos Currículos Lattes dos autores das teses e dissertações examinadas nesta pesquisa, analisamos se haviam publicado ou não esses estudos ou fragmentos dos mesmos em anais de congresso, livro, capítulo de livro e/ou periódico, contribuindo para a divulgação e o desenvolvimento da pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos. Dessa forma, constatamos 32 autores que não publicaram pesquisas decorrentes de suas teses e/ou dissertações e outros dez autores onde não foi possível identificar se haviam ou não publicado seus trabalhos, uma vez que seus Currículos Lattes não foram encontrados, estavam defasados em termos de data ou não apresentavam qualquer informação. Apesar desse número elevado em relação ao total de 120 autores das pesquisas levantadas nesta investigação (sendo que tivemos uma dissertação e uma tese de mesma autoria por parte de Schneider (2005 e 2010)), representando 35%, por outro lado, encontramos um número significativo de produções bibliográficas respeitantes às teses e dissertações analisadas, sendo que a maioria de seus autores as publicaram em mais de uma categoria de publicação (anais de congresso, livro, capítulo de livro e periódico). Os anais de congresso predominaram em relação às demais categorias com a publicação de trabalhos completos feitos por 72 autores, em sua maior parte publicados em congressos de caráter nacional como o ENEM e o Encontro Brasileiro de Estudantes de PósGraduação em Educação Matemática (EBRAPEM), e as reuniões anuais regionais e/ou 91 nacionais da ANPEd, além de encontros estaduais de Educação Matemática e semanas acadêmicas de universidades e programas de pós-graduação. Esses últimos não teriam tanta projeção quanto os congressos nacionais que são considerados eventos de referência e tradicionalmente disponibilizam seus anais na internet ampliando o acesso às pesquisas desenvolvidas e consequentemente contribuindo para sua divulgação e conhecimento em uma abrangência maior diante o território brasileiro. Na sequência, entre as demais categorias, destaca-se a publicação em periódicos realizada por 33 autores, ressaltando a ocorrência de artigos publicados em diversas revistas, entre elas: Bolema (UNESP/Rio Claro), Zetetiké (UNICAMP), Horizontes (USF) e Revista Brasileira de Educação (ANPEd). Aqui cabe destacar a tese de Freitas (2013) onde foram encontrados 37 artigos em Educação Matemática na EJA, ou seja, um número muito próximo ao que levantamos, sendo, como mencionado anteriormente no final do capítulo dois, oito das pesquisas que analisamos (três teses e cinco dissertações) também analisadas no formato de artigos publicados em periódicos na pesquisa de doutorado realizada por Freitas (2013). A título de exemplo, entre os artigos publicados em periódicos em decorrência das pesquisas que se compõem em material de análise da presente investigação, citamos respectivamente os artigos relativos à tese de Fantinato (2003) e à dissertação de Kooro (2006), artigos esses que se constituíram em objeto de análise de Freitas (2013): 1. FANTINATO, M. C. C. B. A construção de saberes matemáticos entre jovens e adultos do Morro de São Carlos. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, ANPEd, n. 27, p. 109-124, set./out./nov./dez. 2004. 2. KOORO, M. B., LOPES, C. E. As perspectivas curriculares do conhecimento matemático na educação de jovens e adultos. Horizontes, Itatiba-SP, EDUSF, v. 25, n. 1, p. 99-110, jan./jun. 2007. Além da publicação em anais de congresso e periódicos, encontramos publicações oriundas das teses e dissertações levantadas nesta pesquisa em capítulos de livros escritos por 26 autores e mais cinco livros publicados. Entre os capítulos de livros citamos como exemplo os textos decorrentes da tese de Azevedo (2009) e da dissertação de Migliorança (2004): 1. AZEVEDO, V. L. A. Sentimentos na atuação docente: um estudo com professores de Matemática na EJA. In: ALMEIDA, L. R. (org.). Afetividade, aprendizagem e Educação de Jovens e Adultos: relatos de pesquisa na perspectiva de Henri Wallon. São Paulo: Loyola, 2012, p. 79-98. 2. MIGLIORANÇA, F.; TANCREDI, R. M. S. P. Educação de jovens e adultos: práticas e concepções de professoras que ensinam Matemática. In: 92 MIZUKAMI, M. G. N.; REALI, A. M. M. R. (org.). Teorização de Práticas Pedagógicas: escola, universidade, pesquisa. São Carlos: EdUFSCar, 2009, p. 127-152. Entre os livros publicados, temos respectivamente o livro em decorrência “indireta” da tese de Fonseca (2001) e outros quatro livros como frutos “diretos” das teses de Souza (2008) e Freitas (2010) e das dissertações de Bail (2002) e Miranda (2010): 1. FONSECA, M. C. F. R. Educação Matemática de Jovens e Adultos: especificidades, desafios e contribuições. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. 2. SOUZA, M. C. R. F.; FONSECA, M. C. F. R. Relações de gênero, Educação Matemática e discurso: enunciados sobre mulheres, homens e matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. 3. FREITAS, R. C. O. Educação Matemática na formação profissional de jovens e adultos. Curitiba: Appris, 2011. 4. BAIL, V. S. Educação Matemática de Jovens e Adultos: trabalho e inclusão. Florianópolis: Insular, 2002. 5. MIRANDA, P. R.; GAZIRE, E. S. Saúde e Números. Rio Pomba-MG: IF Sudeste MG, 2011. A publicação das pesquisas analisadas nesta tese em anais de congressos, periódicos, capítulos de livros e livros, mesmo com as 32 pesquisas não publicadas e as dez em que não foi possível identificar se publicadas ou não, sinalizam que o campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos se tem feito presente em diversas categorias de publicação. Além disso, se considerarmos ainda que uma mesma pesquisa entre as que analisamos tem proporcionado várias publicações a partir de recortes de seu texto, indicam que esse campo tem se constituído relativamente em objeto de estudo e interesse da produção bibliográfica no contexto educacional, principalmente na Educação Matemática, quando observamos em nossa análise, a publicação das teses e dissertações levantadas nesta investigação, principalmente em anais de congressos e periódicos vinculados a essa área, e também suas publicações em livros e capítulos de livros direcionados aos pesquisadores e professores interessados no processo de ensino-aprendizagem da Matemática na EJA. Tomando como base novamente o Currículo Lattes dos autores das pesquisas constituídas em material de análise da presente investigação, buscamos saber se esses autores continuaram ou não pesquisando e/ou mantendo algum outro tipo de vínculo com a Educação Matemática de Jovens e Adultos após a defesa de suas dissertações e/ou teses. Assim, notamos um total de dez autores em que não foi possível identificar se 93 deram ou não continuidade à pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos, pois seus Currículos Lattes não foram encontrados; bem como observamos 63 autores que não deram continuidade à pesquisa nesse campo, o que consideramos uma lamentável perda para o estabelecimento da discussão e produção de conhecimento em Educação Matemática e EJA. Constamos ainda um total de vinte autores desenvolvendo parcialmente alguma pesquisa ou outro tipo de vínculo com essas duas áreas, pois apesar de não estarem trabalhando diretamente com as mesmas de forma conjunta, após a defesa de suas dissertações e/ou teses aqui analisadas, desenvolveram pesquisas relativamente com foco de estudo similar à Educação Matemática de Jovens e Adultos como, por exemplo, a Educação do Campo, a Etnomatemática e a Educação Inclusiva; realizaram projetos de extensão ou produziram publicações concernentes à Educação Matemática ou à EJA. Além disso, cabe ressaltar que quase todos esses autores mencionam em seus Currículos Lattes atuarem em alguma linha temática da Educação Matemática com foco na EJA. Entre os autores que deram continuidade à pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos, encontramos 24 autores vinculados a grupos de pesquisa com objeto de estudo nesse campo, com destaque para o Grupo de Estudos sobre Numeramento, da UFMG, liderado pela Profa. Dra. Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca, com treze autores. Diante da análise se os autores das pesquisas levantadas nesta tese deram ou não continuidade à pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos após a conclusão de suas dissertações e/ou teses, acabamos por encontrar, a partir dos seus Currículos Lattes, que sete desses autores fizeram suas pesquisas de mestrado e doutorado envolvendo a Educação Matemática de Jovens e Adultos, sendo um desses autores responsável por uma dissertação e uma tese, ambas constituídas em material de análise desta investigação: Sonia Schneider, 2005 e 2010; e os demais autores com dissertação ou tese defendidas fora da delimitação do período de estudo dessa pesquisa: Maria Elena Toledo, com dissertação defendida em 1998; Adriana Gomes, com tese defendida em 2012; Lisani Coan, Tácio Silva e Valdenice Silva, todos com teses defendidas em 2013; e Nelma Araújo, com tese defendida em 2014. Também identificamos três autores de dissertações que analisamos fazendo doutorado com foco de estudo na Educação Matemática de Jovens e Adultos: Ana Rafaela Ferreira e Paula Reis de Miranda, ambas doutorando-se na UFMG, respectivamente desde 2012 e 2011; e Jeane do Socorro Costa da Silva, doutorando-se na PUC/SP, desde 2010. O envolvimento desses autores com a pesquisa relacionando as áreas de Educação Matemática e EJA no mestrado e no doutorado caracteriza não apenas a continuidade de suas pesquisas envolvendo tais áreas conjuntamente, mas juntamente com o fato de os autores das 94 teses e dissertações que analisamos estarem envolvidos em grupos de pesquisas, indicam relativamente a contingência de uma comunidade de pesquisadores em Educação Matemática de Jovens e Adultos, ainda que tenhamos verificado 63 autores que não deram sequência às suas pesquisas nesse campo após defesa de suas teses ou dissertações analisadas nesta tese. Como reflexo da continuidade ou não dos estudos em Educação Matemática de Jovens e Adultos por parte dos autores das teses e dissertações suscitadas nesta investigação, após suas defesas, e da própria produção bibliográfica publicada a partir dessas pesquisas e do impacto gerado em seu fomento e possivelmente em outros estudos, observamos, em análise às referências bibliográficas dessas teses e dissertações, a incidência de citações de 64 dessas pesquisas e/ou publicações decorrentes das mesmas nas teses e dissertações analisadas. Apesar de certo equilíbrio entre as pesquisas citadas (64) e não citadas (57), podemos considerar como sendo significativa a quantidade de pesquisas citadas devido ao número de teses e dissertações defendidas em 2010 (duas teses e 21 dissertações) que se constituirão possivelmente como referências de pesquisas defendidas a partir do ano de 2011. Entre os aspectos determinantes para a citação de algumas dessas pesquisas pelas próprias teses e dissertações levantadas nesta investigação, destaca-se a prática dos seus autores referenciarem os estudos expressos em teses e dissertações vinculados ao mesmo programa de pós-graduação e/ou grupo de pesquisa em que desenvolveram sua investigação, evidenciando um indicativo de constituição de linhas e grupos de investigação no campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos. Outro aspecto contribuinte para a ocorrência de citação dessas pesquisas pelas teses e dissertações analisadas, remete-se à iniciativa dos seus autores realizarem um capítulo de revisão bibliográfica ou de literatura visando fazer um breve levantamento no Banco da CAPES das teses e dissertações com foco semelhante ao seu objeto de estudo, utilizando-as como referências para sua pesquisa. Essa prática é cada vez mais comum e por vezes denominada equivocadamente de estado da arte, tendo em vista tratar-se de um estudo mais abrangente e uma metodologia de pesquisa, conforme abordado no capítulo três desta tese. Retomando o conjunto das pesquisas analisadas sobre Educação Matemática de Jovens e Adultos defendidas no período de 2001 a 2010, observamos a predominância de autoria das mulheres como responsáveis por 80% das teses e 68,5% das dissertações, totalizando 84 pesquisas de autoria do gênero feminino (oito teses e 76 dissertações) e 37 pesquisas de autoria do gênero masculino (duas teses e 35 dissertações). Essa predominância feminina também foi observada por Ribeiro (2009, p. 84) em seu estado do conhecimento da EJA realizado entre 1999 e 2006, onde identificou que 95 77,78% das teses e 81,42% das dissertações eram de autoria de mulheres; e constatada ainda por Freitas (2013, p. 288), que averiguou a autoria feminina em aproximadamente 79% das publicações em Educação Matemática e EJA em periódicos no período de 2000 a 2010, denominando esse fato de “feminilização” da pesquisa. Uma provável explicação para essa característica das mulheres como as principais responsáveis pela autoria de pesquisas envolvendo a Educação Matemática e a EJA, pode estar associado à perspectiva observada por Rosemberg (2001) de que o sistema de ensino é um nicho para as mulheres no mercado de trabalho, representando mais de 80% da força de trabalho em educação. Sendo ainda a educação, segundo pesquisa da Education At A Glance, publicada na revista Nova Escola no artigo “Meninos x Meninas: questões de gênero ainda influem no Ensino Superior” (out. 2013), considerada o campo de maior possibilidade das mulheres ingressarem no Ensino Superior com 70% de chances de isso acontecer. Ainda em confirmação aos números sobre a forte presença feminina na educação, a pesquisa da UNESCO (2004) sobre professores da Educação Básica no Brasil salienta que a proporção de homens em relação às mulheres é de aproximadamente 18% para 82%. Por outro lado, considerando os professores em exercício e os ingressantes na licenciatura no caso específico da disciplina de Matemática, Moreira et al. (2012, p. 18) ressaltam que essa proporção fica bastante fora da curva relativa aos dados para todas as disciplinas escolares e que a tendência geral é aumentar o número de professores homens à medida que se avança nos níveis de escolaridade, bem como não parece valer para os ingressantes na licenciatura em Matemática a ideia da docência escolar ser uma profissão basicamente “feminina” (o que ainda se mantém válido para as séries iniciais). 4.2 – Distribuição Temporal das Pesquisas No recorte temporal delimitado para esta pesquisa no período de 2001 a 2010, encontramos dez teses e 111 dissertações (88 de mestrado acadêmico e 23 de mestrado profissional). Em conformidade com os dados da Tabela 1, verificamos o predomínio das dissertações em relação às teses, sendo que as dissertações representam 91,74% (72,73% de dissertações acadêmicas e 19,01% de dissertações profissionais) da produção total de pesquisas analisadas enquanto que as teses correspondem a 8,26% desse total. Considerando somente as dissertações, nota-se a preponderância daquelas 96 decorrentes de mestrados acadêmicos, com 79,28% dessa produção, enquanto que as dissertações de mestrados profissionais representam 20,72% do total das dissertações. Tabela 1 – Distribuição da produção de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no Brasil (2001-2010) Ano 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total 1 Tese Dissertação Acadêmica Dissertação Profissional Total Quant. % Produção1 Quant. % Produção1 Quant. % Produção1 Quant. % Produção1 1 1 2 0 1 1 0 1 1 2 10 0,83 0,83 1,65 0,00 0,83 0,83 0,00 0,83 0,83 1,65 8,26 3 5 4 7 4 11 15 12 10 17 88 2,48 4,13 3,31 5,79 3,31 9,09 12,40 9,92 8,26 14,05 72,73 0 0 0 2 0 3 9 3 2 4 23 0,00 0,00 0,00 1,65 0,00 2,48 7,44 2,48 1,65 3,31 19,01 4 6 6 9 5 15 24 16 13 23 121 3,31 4,96 4,96 7,44 4,13 12,40 19,83 13,22 10,74 19,01 100,00 Percentual das pesquisas em relação ao total das teses e dissertações analisadas A superioridade do número de dissertações em relação à quantidade de teses é consequência da oferta predominante de vagas e programas brasileiros de pós-graduação em nível de mestrado (incluindo o crescimento de mestrados profissionais na última década) em comparação aos programas oferecidos no Brasil em nível de doutorado. A exemplo dessa distinção numérica entre os programas de pós-graduação em nível de mestrado e os de nível de doutorado pode-se citar o ano de 2010, onde segundo dados da CAPES concernente à distribuição de programas de pós-graduação no Brasil por nível, 1,7% dos 2840 programas eram de doutorado, 38,4% de mestrado acadêmico, 8,7% de mestrado profissional e 51,2% de mestrado/doutorado37. Ilustrando ainda essa distinção, mas tomando como parâmetro somente as áreas de Educação e Ensino, áreas predominantes das teses e dissertações analisadas nesta pesquisa, havia, novamente segundo o levantamento da CAPES da distribuição de programas de pósgraduação no Brasil por área de avaliação para o ano de 2010: um programa de doutorado, 55 de mestrado acadêmico, 30 de mestrado profissional e 69 de mestrado/doutorado33. Outro aspecto determinante para a elevada concentração de dissertações em relação às teses refere-se às pesquisas em nível de mestrado demandarem a metade do tempo previsto para sua realização frente às pesquisas em nível de doutorado, sendo prerrogativa comum dos programas brasileiros de pós-graduação stricto sensu, por recomendação da CAPES, exigirem a duração máxima de conclusão dos mestrados em dois anos e os doutorados em quatro anos, o que tem potencializado quantitativamente a produção das 37 Dados do portal GeoCAPES (<http://geocapes.capes.gov.br/geocapesds/#>). Acesso em: 12 dez. 2013. 97 pesquisas em nível de mestrado em relação às pesquisas em nível de doutorado no Brasil. Ainda em relação à Tabela 1, nota-se a distribuição da produção de teses e dissertações no período de 2001 a 2010 com uma média anual de aproximadamente doze pesquisas, distribuídas em uma tese, e pouco mais de onze dissertações ao ano, sendo que essa produção foi mais numerosa em 2007 (19,83%), e menos numerosa em 2001 (3,31%). Corroborando o elevado número de dissertações defendidas em 2007, incluindo tanto as provenientes de mestrado acadêmico quanto as de mestrado profissional, Leite e Darsie (2010) destacam que de 2001 a 2007 percebe-se um aumento considerável das pesquisas sobre Educação Matemática na EJA, especialmente no ano de 2007. Concordando com esses dados, e incluindo 2010 como o segundo ano com maior incidência de teses e dissertações no período de 2001 a 2010, com 18,85% do total dessa produção, Freitas (2013, p. 95) destaca que houve um grande aumento na quantidade de artigos publicados sobre o tema EJA e Educação Matemática nos anos de 2007 e 2010. Uma das prováveis razões para essa produção significativa no ano de 2007 em relação aos demais anos no período de 2001 a 2010 seria a abertura de programas de mestrados profissionais nas áreas de Ensino de Matemática e Educação Matemática nos anos antecedentes, passando, conforme a CAPES, de dois programas em 2002 para dez em 2007. Esse aspecto é evidente ao observarmos na Tabela 1, a presença, pela primeira vez, de dissertações profissionais a partir de 2004 e seu ápice justamente em 2007, com nove pesquisas correspondendo a 7,44% da produção total de teses e dissertações analisadas, sendo, inclusive, igual ou superior ao total das pesquisas defendidas anualmente de 2001 a 2005. Outro fator que poderia estar relacionado ao crescimento das pesquisas levantadas nesta tese, principalmente a partir de 2006 e seu auge em 2007, seria a criação nos anos de 2000 e 2001 da área de Ensino de Ciências e Matemática pela CAPES e a aprovação em 2003 de vários programas de pós-graduação em Educação Matemática (FIORENTINI; LORENZATO, 2006), entre eles o mestrado profissional em Ensino de Ciências Naturais e Matemática da UFRN, responsável pelas duas primeiras dissertações profissionais defendidas entre as pesquisas suscitadas nesta investigação. A ascendência das pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, representadas a partir das teses e dissertações examinadas, passando de quatro pesquisas, em 2001, para 23, em 2010, totalizando 121 pesquisas, parece ter acompanhado o incremento da produção de teses e dissertações nas áreas de Educação Matemática e EJA, separadamente, no mesmo período delimitado para esta investigação entre os anos de 2001 a 2010. O aumento das pesquisas em Educação Matemática e em EJA é observável, 98 conforme dados da Tabela 2, decorrentes da busca por Assunto realizada no Banco da CAPES usando as expressões “Educação de Jovens e Adultos” e “Educação Matemática” para levantar as teses e dissertações nessas áreas, onde as pesquisas saltaram de 82, em 2001, para 345, em 2010, em relação à Educação Matemática, totalizando 2026 estudos; e de 47, em 2001, para 226, em 2010, em relação à EJA, com o total de 1372 investigações. Tabela 2 – Distribuição da produção de teses/dissertações em Educação Matemática e em EJA no Brasil (2001-2010) Ano 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total 1 2 Educação Matemática EJA Quant. Quant. Educação Matemática de Jovens e Adultos Quant. % Produção EM1 % Produção EJA2 82 100 134 159 193 201 251 264 297 345 2026 47 67 92 106 129 152 157 197 199 226 1372 4 6 6 9 5 15 24 16 13 23 121 4,88 6,00 4,48 5,66 2,59 7,46 9,56 6,06 4,38 6,67 5,97 8,51 8,96 6,52 8,49 3,88 9,87 15,29 8,12 6,53 10,18 8,82 Percentual das pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos em relação às pesquisas em Educação Matemática por ano Percentual das pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos em relação às pesquisas em EJA por ano Analisando a Tabela 2, é possível notar que as teses e dissertações levantadas representam menos de 10% do total de teses e dissertações nas áreas de Educação Matemática e EJA, separadamente, de 2001 a 2010, compreendendo respectivamente 5,97% e 8,82% das pesquisas nessas áreas; além de não apresentarem nesse período o mesmo comportamento de crescimento sempre progressivo de produção das teses e dissertações nessas áreas. Curiosamente, apesar de as teses e dissertações analisadas se vincularem basicamente à área da Educação Matemática, destaca-se que sua representatividade é maior entre as teses e dissertações na área da EJA, representando 8,82% dessas pesquisas. Provavelmente, isso seja consequência da superioridade do número de teses e dissertações em Educação Matemática frente à quantidade de teses e dissertações em EJA, indicando, possivelmente, que a Educação Matemática em comparação à EJA tem sido mais enfocada como objeto de estudo no cenário da pesquisa educacional brasileira. Números apresentados por Ribeiro (2009) e Carvalho (2009), que encontraram respectivamente 518 e 465 teses/dissertações em relação à EJA no período de 2001 a 2006; e levantamento feito a partir das relações de teses e dissertações em Educação Matemática defendidas no período de 2001 a 2010 publicadas nas edições da revista Zetetiké, onde encontramos 2574 estudos, reforçam os valores elucidados na Tabela 2 e a predominância de teses e dissertações em Educação Matemática em comparação à EJA. 99 4.3 – Distribuição Geográfica das Pesquisas A distribuição geográfica das teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos entre 2001 e 2010 (Figura 2) revela que as cinco regiões do Brasil estão representadas nessas pesquisas, com destaque para o Sudeste com 61 investigações, sendo responsável por mais da metade da produção nacional (50,41%), seguida das regiões Sul e Nordeste com praticamente o mesmo número de pesquisas, 22 (18,18%) e 21 (17,36%) respectivamente. As regiões Norte, com onze pesquisas (9,09%), e Centro-Oeste, com seis (4,96%), possuem juntas menos do que o total das pesquisas da região Nordeste, terceira no país com maior produção, apesar da sugestão de Ribeiro (2009) de o tema EJA ser tradição nessa região a partir dos movimentos de cultura popular e dos trabalhos de Paulo Freire. 11 (9,09%) 21 (17,36%) 6 (4,96%) Norte Nordeste Centro-Oeste 61 (50,41%) Sudeste Sul 22 (18,18%) Figura 2: Mapa da distribuição geográfica de teses/dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no Brasil por Região – 2001-2010 No levantamento das teses e dissertações em Educação Matemática na EJA, no período de 1988 a 2010, realizado por Leite e Darsie (2010), observa-se a ocorrência de números semelhantes ao que encontramos, destacando essas autoras que foram localizadas pesquisas nas cinco regiões brasileiras, sendo que a maior incidência de pesquisas se concentra na região Sudeste (53,84%), seguida da região Sul (18,68%), e há baixa incidência de pesquisas na região Centro-Oeste (5,50%). Em relação somente à produção de teses e dissertações em EJA, e para o período de 1987 a 2006, Carvalho (2009) também chega a números similares ao que levantamos, principalmente sobre essa produção estar distribuída geograficamente em todas as regiões do país e o Sudeste possuir a maior concentração dessas pesquisas, com 48% da produção. Em contrapartida, a menor concentração da produção encontrada por Carvalho (2009) se 100 apresenta na região Norte, com apenas 4%, enquanto que em nosso levantamento, a menor incidência de pesquisas fica a cargo da região Centro-Oeste. A alta concentração de pesquisas no Sudeste pode ser explicada, por exemplo, devido essa região congregar quase metade (48,63%) dos 2840 programas de pós-graduação stricto sensu no Brasil em 2010, conforme dados da CAPES da distribuição de programas de pós-graduação no Brasil por Unidades da Federação e Região38. Ainda segundo esses dados, a baixa incidência de pesquisas nas regiões Norte e Centro-Oeste pode ser consequência da representação conjunta de 11,97% dos programas brasileiros de pós-graduação, ou seja, menos do que representam individualmente as regiões Sul (20,56%) e Nordeste (18,84%). Diante desse quadro de discrepância entre as regiões brasileiras quanto à produção acadêmico-científica e à criação de oportunidades para a qualificação de professores através de programas de pós-graduação stricto sensu, torna-se significativa a proposição de iniciativas como a da REAMEC, tida como uma associação em rede de Instituições de Ensino Superior (IES) da Amazônia Legal Brasileira, com a oferta de doutorado voltado especialmente para a formação de pesquisadores e a qualificação de docentes em Educação em Ciências e Matemática, contribuindo com o desenvolvimento da pesquisa e dos cursos de formação de professores nessa área dentro desse grandioso território nacional. Além disso, caberia ainda ressaltar a relevância dessa Rede na fixação de doutores nos estados brasileiros abrangidos pela Amazônia, região essa muitas vezes esquecida e sem perspectiva de incentivo e fomento à pesquisa, mas com potencial para a produção científica, destacando-se, a exemplo disso, a UFPA, um dos polos dessa Rede, sendo a segunda universidade com o maior número de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos, defendidas no período de 2001 a 2010, conforme trataremos na próxima seção 4.4. Entre as IES da Amazônia Brasileira com produção nesse campo, confirmando o potencial dessa região para com a pesquisa acadêmico-científica, embora incluindo estudos fora do período de 2001 a 2010, poderíamos ainda destacar a UFMT, outro polo da REAMEC, com oito dissertações defendidas em seu programa de mestrado em Educação, todas vinculadas ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática (GRUEPEM)39. 38 Dados do portal GeoCAPES (<http://geocapes.capes.gov.br/geocapesds/#>). Acesso em: 17 dez. 2013. O GRUEPEM tem encaminhado suas pesquisas sobre Educação Matemática de Jovens e Adultos desde 2007, contando, a exemplo desta tese que também integra o Grupo, com oito dissertações: “Concepções de professores em avaliação, educação matemática e educação de jovens e adultos: buscando interfaces”, de Ribeiro (2007); “O tratamento dado aos conhecimentos prévios dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos na resolução de problemas de Matemática: concepções e práticas dos professores”, de Nogueira (2010); “Estratégias metacognitivas na resolução de problemas matemáticos: um estudo de caso com estudantes da Educação de Jovens e Adultos”, de Leite (2011); “Concepções de Matemática expressas nas propostas curriculares para a Educação de Jovens e Adultos: possíveis avanços e retrocessos”, de Lopes (2011); “Concepções de EJA, de 39 101 Retomando a análise da distribuição geográfica das teses e dissertações segundo as regiões brasileiras com pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos no período de 2001 a 2010 (Tabela 3), é possível notar novamente o destaque da região Sudeste, responsável por quase todas as teses defendidas no Brasil (nove de dez), além de liderar a produção de dissertações (42,04% das acadêmicas e 65,22% das profissionais) e concentrar o maior número de IES responsáveis por essa produção no Brasil (dezoito das 44 IES). Tabela 3 – Produção de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no Brasil por Região e Estado (2001-2010) Região / Estado Centro-Oeste Distrito Federal Goiás Mato Grosso Nordeste Bahia Paraíba Pernambuco Rio Grande do Norte Norte Pará Sudeste Espírito Santo Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo Sul Paraná Rio Grande do Sul Santa Catarina Total 1 2 IES Tese 4 2 1 1 6 2 1 2 1 1 1 18 1 5 3 9 15 3 8 4 44 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 9 1 2 0 6 1 1 0 0 10 Dissertação Acadêmica 6 2 2 2 18 2 2 12 2 11 11 37 2 11 4 20 16 2 9 5 88 Dissertação Profissional 0 0 0 0 3 0 0 0 3 0 0 15 0 2 0 13 5 0 5 0 23 Total 6 2 2 2 21 2 2 12 5 11 11 61 3 15 4 39 22 3 14 5 121 % Região1 100,00 33,33 33,33 33,33 100,00 9,52 9,52 57,14 23,81 100,00 100,00 100,00 4,92 24,59 6,56 63,93 100,00 13,64 63,64 22,73 - % Produção2 4,96 1,65 1,65 1,65 17,36 1,65 1,65 9,92 4,13 9,09 9,09 50,41 2,48 12,40 3,31 32,23 18,18 2,48 11,57 4,13 100,00 Percentual das pesquisas do Estado em relação ao total das teses e dissertações produzidas por Região Percentual das pesquisas do Estado em relação ao total das teses e dissertações produzidas no Brasil Ainda em consideração às informações da Tabela 3, mas enfocando a participação das unidades federativas do Brasil, podemos constatar que o estado de São Paulo não apenas se sobressai na região Sudeste, com 63,93% da produção regional de teses e dissertações, mas se destaca em todo o território brasileiro, representando 32,23% das pesquisas no âmbito nacional no mesmo período, seguido pelos estados de Minas Gerais (24,59% da produção ensino e aprendizagem de Matemática de formadores de professores e suas implicações na oferta de formação continuada para docentes de Matemática”, de Brunelli (2012); “A Matemática e a construção da cidadania na Educação de Jovens e Adultos: concepções de professores que atuam no ensino médio em Cuiabá e Várzea Grande-MT”, de Camargo (2012); “Concepções de professores expressas nos conteúdos e nas metodologias propostas para o ensino e aprendizagem da Matemática na 1ª e 2ª etapas da Educação de Jovens e Adultos em escolas municipais de Cuiabá-MT”, de Vanin (2012), todas sob a orientação de Marta Maria Pontin Darsie (também orientadora da presente tese); e “Aspectos do raciocínio proporcional presentes em alguns livros didáticos de Matemática produzidos para a Educação de Jovens e Adultos na primeira década dos anos 2000”, de Santos (2011), sob a orientação de Gladys Denise Wielewski. 102 regional e 12,40% da produção nacional), Rio Grande do Sul (63,64% da produção regional e 11,57% da produção nacional), Pernambuco (57,14% da produção regional e 9,92% da produção nacional) e Pará (100,00% da produção regional e 9,09% da produção nacional). Nesse caso, entre esses estados com maior concentração de teses e dissertações no cenário brasileiro, observamos a participação de três deles também presentes entre as cinco unidades federativas com maior produção na área de Educação Matemática entre 1971 e 1990 segundo o estudo de Fiorentini (1994), em que aparece o estado de São Paulo, com 50% da produção nacional, seguido pelos estados do Rio de Janeiro (15,2%), Rio Grande do Sul (10,8%), Pernambuco (7,8%) e Paraná (5,4%). Tratando ainda dos cinco estados brasileiros que encontramos como os principais produtores de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no período de 2001 a 2010, ressalta-se a presença significativa de pelo menos um estado de cada uma das regiões do Brasil, com exceção de representante do Centro-Oeste, cujos estados apresentam o mesmo percentual na proporção de pesquisas para essa região; e por outro lado, dois representantes do Sudeste: São Paulo e Minas Gerais, ao contrário do estudo de Haddad (2002) que aponta para a concentração de pesquisas em EJA em São Paulo e Rio de Janeiro. Outros dois aspectos interessantes são o fato de o Pará representar sozinho o total das pesquisas na região Norte; e o destaque para Pernambuco na região Nordeste, uma vez que nessa região, segundo Haddad (2002) e Carvalho (2009), a concentração de pesquisas em EJA costuma ser maior na Paraíba, que em nosso levantamento também fica atrás do Rio Grande do Norte e se iguala com a Bahia em relação ao número de pesquisas. Em relação ao Sul do país, que segue como a segunda região com maior produção de teses e dissertações no campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos no período de 2001 a 2010, constata-se, ao lado do Sudeste, como sendo as únicas regiões do Brasil com a ocorrência dessas pesquisas distribuídas entre tese, dissertações acadêmicas e dissertações profissionais, além da região Sul contar com um número superior de IES (quinze) em relação à quantidade de IES das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste juntas (onze). 4.4 – Instituições de Ensino Superior Produtoras das Pesquisas No levantamento das IES brasileiras produtoras de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos entre 2001 e 2010, localizamos 44 universidades, 103 com destaque pelo número de pesquisas produzidas, para a PUC/SP, UFPA, UFMG, UFPE, UNICAMP, USP, USF, UFRN e UNICSUL, todas com cinco ou mais pesquisas cada e juntas representando mais da metade (55,37%) da produção nacional (Tabela 4). Tabela 4 – Distribuição da produção de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no Brasil por IES (2001-2010) IES PUC/SP UFPA UFMG UFPE UNICAMP USP USF UFRN UNICSUL UFRGS UFRPE UFES UNESP/RC UFPB UFG UNISINOS UFSCar UNIVALI UFF UPF UFJF UFMT UNIFRA UFPR UnC UnB FACIPAL UFRJ ULBRA UCB UEM UNEB UNISO UFSC UFSM UNESC UNIJUÍ PUC/RS UNIUBE UFBA UFRRJ UNOESTE PUC/MG UFOP Total Tese (T) 1 0 2 0 2 2 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 Dissertação Acadêmica (DA) 2 11 8 8 4 3 5 2 0 1 4 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 88 Dissertação Profissional (DP) 8 0 0 0 0 0 0 3 5 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 23 Total 11 11 10 8 6 5 5 5 5 4 4 3 3 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 121 Distribuição da Produção Anual2 % Produção1 9,09 9,09 8,26 6,61 4,96 4,13 4,13 4,13 4,13 3,31 3,31 2,48 2,48 1,65 1,65 1,65 1,65 1,65 1,65 1,65 1,65 1,65 1,65 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 100,00 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 1 DA - - - - 1 DA 2 DP 3 DP 2 DP 1T 1 DP - - 1 DA 1 DA - 3 DA 1 DA 3 DA - 2 DA 1 DA 1 DA - - - - 3 DA 1T 2 DA 1T 1 DA - - - - - 1 DA 2 DA - - 5 DA 1T 1T 1 DA - 1 DA - 1 DA - - 1 DA - - - 2T - 1 DA 1 DA - - - 1 DA - - - - 1 DA - 3 DA 1 DA - - - - - 1 DA 2 DP - - 1 DP 1 DA - - - - - - - 1 DP 3 DP - 1 DP - - - - - - - - 1 DA 1 DP 1 DP 1 DP - - - - - 1 DA - 1 DA - 2 DA - - 1 DA - - - - - 1 DA 1T - - - 1 DA 1T - - 1 DA - - - 2DA - - - - - - - - - - - - - - - - 2 DA - 1 DA - - - - 1 DA - - - - - - 1 DA 1 DA - - - - - - - - - 1 DA - - - - 1 DA - - - - - 1 DA - - - - 1 DA - - - - 1 DA - - - - 1 DA - - - - - - 1 DA - 1 DA - - - - - - - 1 DA - - 1 DA - - - - - - 2 DP - - - - - - - - 1T - - - - - 1 DA - - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - 1 DA - - - - - - - - - 1 DP - - - - - - - - - 1 DP 4 6 6 9 5 15 24 16 13 23 1 Percentual das pesquisas das IES em relação ao total das teses e dissertações analisadas 2 Distribuição das pesquisas das IES por ano, apresentando a quantidade total de Tese (T), Dissertação Acadêmica (DA) e/ou Dissertação Profissional (DP) no período de 2001 a 2010 Entre as nove IES com maior produção de dissertações e teses em Educação Matemática de Jovens e Adultos, Haddad (2002), Ribeiro (2009) e Carvalho (2009) elucidam que a PUC/SP, USP e UNICAMP são também reconhecidas tradicionalmente como centros 104 de pesquisas sobre EJA. Outras três IES destacadas por esses autores são a UFRGS, UFPB e UFSCar, que em nosso levantamento também aparecem como produtoras de pesquisas, porém sem a mesma produtividade quantitativa de estudos do que os relacionados somente à EJA. No trabalho de Traldi Júnior et al. (2011) sobre as pesquisas em Educação Matemática relacionadas à EJA, duas universidades despontam juntamente com a PUC/SP e UNICAMP no que refere à produção de teses e dissertações no período de 1999 a 2010: UFMG e UNESP. A universidade mineira também se destaca em nosso levantamento como responsável por 8,26% da produção nacional, empatando no número de teses com a UNICAMP e a USP, maiores produtoras de teses, com duas pesquisas cada uma; e ocupando a segunda posição no ranking de produção de dissertações, com oito pesquisas, ao lado da UFPE e atrás da UFPA. Já a UNESP, e no nosso caso, referindo-se apenas ao Campus de Rio Claro, único com estudos do gênero temático desta investigação, apesar da sua tradição como centro de pesquisas em Educação Matemática, sendo o primeiro programa brasileiro regular de mestrado nessa área desde 1984 (FIORENTINI; LORENZATO, 2006), segundo o levantamento que realizamos, não apresenta esse mesmo desempenho em comparação à produção de pesquisas com enfoque no campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos. A produção da PUC/SP, com longa tradição na pós-graduação em Educação Matemática no Brasil, fica a cargo principalmente do seu programa de mestrado profissional em Ensino da Matemática, criado em 2002, responsável por oito dissertações. As outras três pesquisas, uma tese e duas dissertações acadêmicas, são oriundas dos Programas de PósGraduação em Educação e Educação Matemática. A UFPA, com seu curso de Mestrado Acadêmico em Educação em Ciências e Matemáticas iniciado em 2002, sendo o primeiro da região Norte, é o protagonista por colocar essa IES entre as principais produtoras de pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos no Brasil, com onze dissertações, a maior produção entre as 44 universidades. A UFMG, que segundo Haddad (2002, p. 13) é uma daquelas instituições universitárias que “combinam a característica de centros com tradição em pesquisa educacional, ao mesmo tempo em que sustentam linhas de pesquisa e projetos de extensão universitária com temáticas relacionadas à EJA”, tem sua produção associada à linha de pesquisa em Educação Matemática do Programa de Pós-Graduação em Educação, em específico a temática “Perspectivas socioculturais do ensino e da aprendizagem matemática”, enfocando estudos sobre Letramento e Numeramento e sobre o próprio campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos, isso considerando a produção vinculada ao seu Núcleo de EJA, também responsável pelo Programa de Educação Básica de Jovens e Adultos na UFMG. 105 Na UFPE, com produção concentrada em oito dissertações acadêmicas, destaque para o vínculo dessas pesquisas a três programas de pós-graduação distintos: Educação (quatro dissertações), Educação Matemática e Tecnológica (três dissertações), e Psicologia Cognitiva (uma dissertação). Além disso, ressaltamos o fato de mais da metade da produção da UFPE ter sido defendida no ano de 2010. Em relação à produção da UNICAMP e USP, fora a característica comum de serem centros com tradição em pesquisa educacional no Brasil, salienta-se a proximidade do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNICAMP com a pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos, constituída em um determinado período, segundo Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 38), em temática de estudo da linha de investigação “Prática Pedagógica em Matemática” pertencente à área de concentração em Educação Matemática. Já no caso da USP, toda sua produção é atribuída ao Programa de Pós-Graduação em Educação, através das linhas de pesquisas “Ensino de Ciências e Matemática” e “Psicologia da Educação”. Na USF, destaca-se a defesa de suas dissertações na linha de pesquisa “Matemática, Cultura e Práticas Pedagógicas”, do Mestrado em Educação, tendo como um dos seus eixos temáticos o conhecimento matemático no contexto da educação de adultos. Em relação à produção da UFRN e da UNICSUL, ressalta-se a característica de suas dissertações defendidas em cursos de mestrado profissional na área de Ensino de Ciências e Matemática, apesar da ocorrência de duas dissertações acadêmicas defendidas no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN, tida como uma das primeiras IES brasileiras a ofertar um mestrado profissional em Educação Matemática, iniciado em 2002. Quanto às demais IES, temos a UFRGS, que se destaca na produção de quatro dissertações, sendo três provenientes de mestrado profissional em Ensino de Matemática; e a UFRPE também com quatro dissertações acadêmicas, contribuindo juntamente com a UFPE para alçar o Pernambuco entre os quatro estados do Brasil com maior produção de pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos no período de 2001 a 2010. Além disso, temos ainda a UFES e a UNESP/RC, cada uma com uma tese e duas dissertações, estando entre as sete IES brasileiras com tese em Educação Matemática de Jovens e Adultos. As outras IES, dez com duas pesquisas cada uma, e mais 21 cada qual com uma pesquisa, demonstram a dispersão da investigação brasileira em Educação Matemática de Jovens e Adultos entre 2001 e 2010, com aproximadamente 30% (13 IES) das universidades concentrando 66,12% (80 pesquisas) das teses e dissertações, enquanto que cerca de 70% (31 IES) das instituições são responsáveis por apenas 33,88% (41 pesquisas) dessa produção. Em relação à dependência administrativa, vale mencionar que das 44 IES 106 brasileiras produtoras de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no período de 2001 a 2010, identificamos dezessete pertencentes à rede privada, o equivalente a 38,64% do total das instituições, e 27 da rede pública (61,36%), com predomínio das instituições públicas mantidas pelo governo federal (21 IES), seguida das mantidas por governos estaduais (cinco IES) e municipal (uma IES). Essa predominância das instituições públicas reflete em parte a distribuição de programas de pós-graduação stricto sensu no Brasil por status jurídico, divulgada pela CAPES para o ano de 201040, em que a rede federal é responsável por 55,6% dos 2840 programas, acompanhadas pelas redes estadual (24,8%), privada (18,8%) e municipal (0,8%). Analisando a produção das teses e dissertações levantadas na comparação entre as IES públicas e privadas, observamos que 67,77% (82) do total dessas pesquisas pertencem a instituições públicas, enquanto que 32,23% (39) são originárias de instituições privadas. Essa discrepância aparentemente só não é superior – principalmente se considerarmos, por exemplo, os dados supracitados da CAPES de que 18,8% dos programas de pós-graduação brasileiros em 2010 pertenciam à rede privada – devido à participação significativa das IES privadas na produção de dissertações profissionais, sendo responsáveis por dezesseis (69,57%) do total dessas pesquisas, enquanto que são sete (30,43%) da rede pública, invertendo assim os números quanto à produção das teses e dissertações no geral. No que diz respeito às dissertações acadêmicas, a rede pública federal responde sozinha por 61,36% da produção total dessas 88 pesquisas, enquanto que a rede privada é responsável por 25%, seguida das redes públicas estadual (12,50%) e municipal (1,14%). Já as teses são predominantemente atribuídas à rede pública estadual, com 50% da produção nacional (dez teses), enquanto que são 40% da rede pública federal e 10% da rede privada. Isso devido às três IES paulistas com tradição na pós-graduação brasileira: UNICAMP, USP e UNESP/RC. 4.5 – Programas de Pós-Graduação Produtores das Pesquisas No levantamento dos programas brasileiros de pós-graduação stricto sensu responsáveis pela produção das teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e 40 Dados do portal GeoCAPES (<http://geocapes.capes.gov.br/geocapesds/#>). Acesso em: 19 dez. 2013. 107 Adultos no período de 2001 a 2010, constatamos a ocorrência de 53 programas vinculados às 44 IES produtoras dessas pesquisas (Tabela 5), haja vista a existência de algumas dessas instituições com mais de um programa de pós-graduação: PUC/SP e UFPE, com três cada uma; e UNICAMP, UFSCar, UFRN e UFRGS, cada uma com dois programas. Tabela 5 – Produção de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no Brasil por Programa de Pós-Graduação (2001-2010) Programa de Pós-Graduação Educação Educação em Ciências e Matemática(s) Ensino de Matemática Ensino de Ciências e Matemática Educação Matemática Ensino das Ciências Educação Matemática e Tecnológica Ensino de Ciências Naturais e Matemática Ensino de Física e de Matemática Educação Cientifica e Tecnológica Educação nas Ciências Educação para a Ciência e o Ensino de Matemática Ensino, Filosofia e História das Ciências Educação e Contemporaneidade Educação Especial Educação Agrícola Linguística Linguística Aplicada Psicologia Psicologia Cognitiva Total 1 9 Dissertação Acadêmica 52 Dissertação Profissional 0 61 % Produção1 50,41 3 0 14 0 14 11,57 2 3 3 2 0 0 1 0 0 1 3 4 11 6 1 0 11 7 5 4 9,09 5,79 4,13 3,31 1 0 3 0 3 2,48 1 0 0 3 3 2,48 1 0 0 2 2 1,65 1 0 1 0 1 0,83 1 0 1 0 1 0.83 1 0 1 0 1 0,83 1 0 1 0 1 0,83 1 1 1 1 1 1 1 53 0 0 0 0 0 0 0 10 1 1 1 1 1 1 1 88 0 0 0 0 0 0 0 23 1 1 1 1 1 1 1 121 0,83 0.83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 100,00 Quant. Programas 26 Tese Total Percentual das pesquisas dos Programas de Pós-Graduação em relação ao total das teses e dissertações analisadas Em relação aos programas de pós-graduação, observamos que quase a metade (49,06%) dos mesmos são mestrados e/ou doutorados em Educação, com apenas cinco deles com linha de pesquisa em Educação Matemática e um com linha de pesquisa em EJA. Entre as trinta linhas de pesquisas aproximadamente associadas aos programas brasileiros de pós-graduação em Educação com teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no período de 2001 a 2010, podemos destacar ainda, pela evidência com a área de Educação Matemática, as linhas de “Educação em Ciências e Matemática”, “Ensino de Ciências e Matemática”, “Matemática, Cultura e Práticas Pedagógicas” e “Educação Matemática, Científica e Tecnológica”. No que diz respeito à produção dos programas de pós-graduação em Educação, 108 nota-se que são responsáveis por mais da metade da pesquisa nacional (50,41%), se destacando na produção das teses (90%) e dissertações acadêmicas (59,09%), sem nenhuma dissertação profissional produzida pela não ocorrência de mestrado profissional em Educação. Os programas específicos de pós-graduação em Educação Matemática representam apenas 5,66% do total de programas que encontramos. Por outro lado, essa área se constitui como a única a ter programas de doutorado, mestrado acadêmico e mestrado profissional, com 4,13% da pesquisa nacional em Educação Matemática de Jovens e Adultos. Os programas de pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática(s), Ensino de Matemática, Ensino de Ciências e Matemática, e Ensino das Ciências, juntos constituem 18,87% dos programas brasileiros com pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, sendo responsáveis por 29,75% dessas pesquisas, com destaque para a produção de dissertações profissionais, com 73,91% da pesquisa no Brasil defendida nos programas de Ensino de Matemática e Ensino de Ciências e Matemática. Os demais programas equivalem a aproximadamente 26,41% da totalidade dos programas brasileiros com pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos no período de 2001 a 2010, significando apenas 15,70% da produção nacional dessas pesquisas, sendo essa produção centrada somente em dissertações. Interessante observar a presença de programas de pós-graduação em áreas peculiares como Educação Agrícola, Linguística e Psicologia, enfocando pesquisas sobre Educação Matemática de Jovens e Adultos. No caso da área de Psicologia, sendo um programa de pós-graduação da UFPE, não é novidade, pois segundo Fiorentini e Lorenzato (2006), entre 1978 e 1982, a UFPE destacou-se com seus estudos vinculados ao mestrado em Psicologia. Sobre a área de Linguística, a justificativa relaciona-se à discussão proposta por essa área sobre letramento e linguagem matemática na EJA. Já em relação à área de Educação Agrícola, a dissertação defendida junto a esse programa enfocou o ensino de Matemática em um curso técnico em Administração integrado ao Ensino Médio na modalidade EJA. Com base nos programas de pós-graduação com pesquisas defendidas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, grande parte deles ligados às áreas de Educação ou Educação Matemática, pode-se elucidar que as teses e dissertações analisadas nesta investigação estão praticamente vinculadas a essas duas áreas, com pouca ocorrência de estudos em relação à área da EJA, predominando os programas de pós-graduação em Educação como principal lócus de defesa dessas teses e dissertações entre 2001 e 2010. A respeito dos locais dentro das universidades responsáveis pelos programas de pós-graduação com pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, observamos a 109 preponderância das faculdades, institutos, centros ou departamentos de Educação, evidenciando a perspectiva de Kilpatrick (1996, p. 118) de que “a Educação Matemática como um campo progride mais rapidamente quando ela é um programa ou um departamento distinto dentro da Faculdade de Educação”. Entre os demais locais responsáveis pelos programas de pós-graduação, encontramos as próprias universidades e pró-reitorias de pesquisa e pós-graduação; além dos centros de Ciências Humanas e/ou Sociais; e alguns poucos centros ligados às Ciências Exatas e/ou Naturais, como por exemplo, o Centro de Ciências Exatas e da Terra da UFRN, o Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP/RC, a Faculdade de Física da PUC/RS e o Instituto de Matemática da UFRGS. Essa característica reforça o pensamento de Kilpatrick (1996, p. 118) ao destacar que: “A profissão de ensinar Matemática é comumente a província da Faculdade de Educação, e Educação Matemática como um campo acadêmico adequa-se melhor entre as Ciências Sociais do que entre as Ciências Naturais”. No mais, entre os programas de pós-graduação levantados nesta tese, podemos incluir ainda os casos particulares da presença dos institutos de Psicologia, de Estudos da Linguagem e de Agronomia. 4.6 – Orientação das Pesquisas Considerando as palavras de Fiorentini (1994, p. 114) ao ressaltar que um “aspecto importante a ser analisado, sobretudo quando se trata de teses ou dissertações, é o problema da orientação”, nos propusemos a levantar os orientadores das teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no período de 2001 a 2010, chegando ao elevado número de 83 orientadores para as 121 pesquisas analisadas nesta investigação. Desse total, 24,10% (20 professores doutores) orientaram cada um duas pesquisas, totalizando 33,06% da produção nacional de dissertações e teses, sendo nesse último caso, uma orientada por Maria do Carmo Santos Domite (USP) em 2003; e a outra, por Lígia Arantes Sad (UFES) em 2010. Nesse grupo de professores doutores com duas orientações encontramos ainda nomes como Ubiratan D’Ambrosio (PUC/SP) e Gelsa Knijnik (UNISINOS), reconhecidos por suas pesquisas, especialmente em Etnomatemática. Entre os orientadores com apenas uma orientação de pesquisa, representando 110 69,88% (58 professores doutores) do total de orientadores e 47,93% da produção brasileira de teses e dissertações, destaca-se a ocorrência de cinco teses orientadas respectivamente por: Orly Zucatto Mantovani de Assis (UNICAMP) em 2002, Marta Kohl de Oliveira (USP) em 2003, Maria Aparecida Viggiani Bicudo (UNESP/RC) em 2005, Maria Tereza Carneiro Soares (UFPR) em 2006, e Laurinda Ramalho de Almeida (PUC/SP) em 2009. Os cinco orientadores com maior número de pesquisas orientadas, compondo 6,02% do total de orientadores, juntos são responsáveis por 19,01% (23 pesquisas) da produção nacional de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no período de 2001 a 2010 (Tabela 6). Tabela 6 – Produção de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no Brasil segundo seus principais orientadores (2001-2010) Orientador(a) IES Tese Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca Dione Lucchesi de Carvalho Rute Elizabete de Souza Rosa Borba Alexandrina Monteiro Adilson Oliveira do Espírito Santo Total UFMG UNICAMP UFPE USF UFPA 2 1 0 0 0 3 Dissertação Acadêmica 6 4 4 3 3 20 Dissertação Profissional 0 0 0 0 0 0 Total 8 5 4 3 3 23 Em incomum observa-se o fato desses orientadores pertencerem a cinco das seis primeiras instituições com maior número de pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos no período de 2001 a 2010 (com exceção apenas da PUC/SP) e também por jamais terem orientado qualquer dissertação de mestrado profissional. Em relação aos trabalhos orientados por Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca, vale destacar a orientação contínua de sete pesquisas desde 2007 a 2010 e entre essas pesquisas duas teses (2008 e 2010), sendo a tese de Souza (2008) agraciada com a menção honrosa em Educação do Prêmio CAPES de Tese 2009 e premiada com o prêmio Las Mejores Tesis sobre Educación de Personas Jóvenes y Adultas (EPJA) 2009 oferecido pelo Centro de Cooperación Regional para la Educación de Adultos en América Latina y el Caribe (CREFAL). Além disso, também podemos elucidar sua atuação como co-orientadora de duas dissertações na UFMG, com as pesquisas de Araújo (2001), orientada por Maria Manuela Martins Soares David, e de Faria (2007), orientada por Maria Laura Magalhães Gomes. Outro aspecto a acrescentar remete-se à sua atuação no campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos com publicações e participações em eventos, a liderança do Grupo de Estudos sobre Numeramento e a participação como pesquisadora no Núcleo de EJA da UFMG. Entre as orientações de Dione Lucchesi de Carvalho, curiosamente temos a tese de 111 Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca defendida em 2001, e mais uma dissertação defendida na UnC em 2002 como sua única orientação fora da Faculdade de Educação da UNICAMP. Também cabe destacar sua atuação na Educação Matemática de Jovens e Adultos através dos seus estudos tratando de letramento matemático e de educação estatística na EJA. Quanto ao trabalho de orientação de Rute Elizabete de Souza Rosa Borba, encontramos três dissertações orientadas no Programa de Pós-Graduação em Educação e outra no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica, ambos da UFPE, merecendo destaque sua atuação como coordenadora desse último programa, com foco temático na Educação de Adultos através da linha de pesquisa “Processos de ensinoaprendizagem em Educação Matemática e Científica”, e como líder do Grupo de Estudos em Raciocínio Combinatório, em que são desenvolvidos estudos junto a crianças, adolescentes, jovens e adultos de diferentes níveis e modalidades de ensino. Destacamos ainda as três orientações de dissertações de Alexandrina Monteiro, todas com enfoque em Etnomatemática na EJA, e sua atuação na linha de pesquisa “Matemática, Cultura e Práticas Pedagógicas”, tratando, entre outros temas, do conhecimento matemático no contexto da Educação de Adultos, e também do desenvolvimento do seu Projeto de Pesquisa intitulado “Múltiplas representações da Educação de Jovens e Adultos: professores(as) da rede municipal de Itatiba-SP”. Por último, temos as dissertações orientadas por Adilson Oliveira do Espírito Santo, todas três relacionando Modelagem Matemática e EJA, evidenciando sua atuação no campo da Modelagem Matemática, onde inclusive lidera o Grupo de Estudos e Pesquisas em Modelagem Matemática. No que diz respeito à questão de gênero do sexo masculino ou feminino entre os orientadores das teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no período de 2001 a 2010, observamos a predominância das mulheres na orientação dessas pesquisas, representando 69,88% (58 professoras doutoras) do total de 83 orientadores, enquanto que os homens são apenas 30,12% desse total (25 professores doutores). Esses valores contrapõem os dados apresentados pelo INEP41 do ano de 2010 sobre o número de funções docentes em exercício nas IES por sexo, em que o número de homens (55,12%) é superior ao de mulheres (44,88%) quanto ao total de 345.335 docentes. As mulheres também prevalecem em relação aos homens quanto ao número de pesquisas orientadas, apresentando comportamento semelhante ao encontrado em nossa 41 Dados disponíveis no portal do INEP em <http://portal.inep.gov.br/superior-censosuperior-sinopse>. Acesso em: 27 dez. 2013. 112 análise para a autoria dessas pesquisas, sendo responsáveis por 100% (10) das teses e aproximadamente 70,3% (78) das dissertações orientadas, enquanto que as orientações desempenhadas pelos homens representam 29,7% (33) das dissertações. 4.7 – Banca Examinadora das Pesquisas Diante do significado da banca examinadora para o progresso da pesquisa, representando a “instituição, a comunidade científica da área e até a própria sociedade, atestando a contribuição trazida pelo trabalho” (SEVERINO, 2011, p. 238), e mesmo considerando a dificuldade de identificar quem eram os membros das bancas avaliadoras no texto de algumas teses e principalmente dissertações, muitas delas sem apresentarem sua folha de aprovação e referindo-se à banca somente nos agradecimentos, levantamos os nomes dos membros participantes das bancas examinadoras de defesas das pesquisas que analisamos. E nesse caso, para o período de 2001 a 2010, excetuando-se os orientadores, legítimos membros e presidentes das bancas examinadoras, e considerando apenas os demais membros examinadores das bancas, no intuito de vislumbrarmos unicamente a participação e a contribuição dos membros em outras pesquisas que não as orientadas por eles, verificamos o considerável e distinto número de 198 examinadores/participantes de bancas de defesas de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos, evidenciando uma dispersão significativa de membros atuantes nessas bancas examinadoras. Dentre esse universo, em termos de quantidade de participações, encontramos 146 que fizeram parte de apenas uma banca e quarenta que participaram de duas bancas. Na sequência, observamos quatro membros com três participações cada um: Celi Espasandin Lopes (USF), Nilce Fátima Scheffer (UFFS), Rogéria Gaudêncio do Rêgo (UFPB) e Sandra Maria Pinto Magina (UESC). E cinco membros com quatro participações cada: Dario Fiorentini (UNICAMP), Francisco Hermes Santos da Silva (UFPA), Gilda Lisboa Guimarães (UFPE), Jackeline Rodrigues Mendes (USF) e Vera M. Masagão Ribeiro (Ação Educativa). Destacando-se como principais membros de bancas examinadoras pela quantidade de participação em defesas de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos, constatamos os nomes de: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca (UFMG), com 24 participações, aproximadamente 21% de todas as defesas das pesquisas suscitadas nesta tese 113 (112 pesquisas, excluindo-se a participação em oito bancas como orientadora e a defesa da sua tese em 2001), atuando em três bancas de doutorado, além de bancas de mestrados acadêmicos e profissionais, com participação em bancas examinadoras de dezenove instituições distintas. Alexandrina Monteiro (USF), com seis participações, sendo cinco bancas de mestrado (incluindo duas de mestrado profissional) e uma de doutorado, com cinco participações em instituições diferentes, e em nenhuma banca de mestrado na universidade em que atua; Dione Lucchesi de Carvalho (UNICAMP), com cinco atuações em bancas de mestrado, sendo uma delas de mestrado profissional (PUC/SP) e duas no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMG. A considerar que essas três professoras doutoras também estão entre as quatro principais orientadoras de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos, vale destacar a contribuição que têm proporcionado para a pesquisa nesse campo entre os anos de 2001 a 2010, tendo juntamente orientado e/ou participado de bancas examinadoras de 42,15% (51 pesquisas) das 121 teses e dissertações suscitadas nesta investigação. Novamente observamos a predominância das mulheres em comparação com os homens quanto à quantidade de participações em bancas de defesas de teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no período de 2001 a 2010, sendo que as mulheres são quase 70% (137) do total de membros dessas bancas e os homens são cerca de 30% (61). Com a conclusão deste capítulo, e assim, diante do estabelecimento do panorama das pesquisas constituídas em material de análise desta tese, compreendemos ter atendido ao segundo de nossos objetivos específicos, que foi mapear e analisar aspectos indicadores das teses e dissertações quanto a: autoria da pesquisa, ano de defesa, titulação acadêmica, instituição, programa e linha de pesquisa, orientador(a), distribuição geográfica etc. CAPÍTULO V - CONTRIBUIÇÕES E IMPLICAÇÕES DAS TESES E DISSERTAÇÕES, DEFENDIDAS NO BRASIL NA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI, PARA AS PRÁTICAS EDUCATIVAS E PARA A PESQUISA NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DE JOVENS E ADULTOS Há necessidade de trabalhar para construir um campo próprio de preocupações na educação matemática de jovens e adultos... Essa necessidade repercute em diversos campos: na investigação, no desenvolvimento de metodologias, nas abordagens ou procedimentos de ensino, na elaboração de materiais didáticos ou outros meios de ensino etc.42 (JÓIA, 1997, p. 30). Neste capítulo, explicitamos a análise descritiva das teses e dissertações consolidadas em nosso material de estudo, tendo como pressuposto a organização dessas pesquisas por tema e seus respectivos subtemas, conforme o processo de categorização descrito em nosso capítulo metodológico da pesquisa, em especial, na elucidação da 7ª etapa. Na impossibilidade de analisarmos todas as dez teses e 111 dissertações levantadas nesta pesquisa devido a não localização do arquivo digital ou cópia impressa, ou mesmo da não obtenção do texto do resumo de sete dissertações (SILVA, 2002; LOPES, 2003; REFOSCO, 2004; GARAFFA, 2005; PORFÍRIO, 2009; SOUSA, 2009; BEZERRA, 2010), procedemos, neste capítulo, à análise descritiva de 117 do total de 121 pesquisas, constituídas por dez teses e 114 dissertações, e mais a consideração do resumo de três (SILVA, 2002; LOPES, 2003; GARAFFA, 2005) das sete dissertações não encontradas. No intento de melhor visualizar e analisar descritivamente essas pesquisas, ressaltamos a ordenação de cada uma das teses e dissertações para somente um dos temas/subtemas categorizados, conforme o Quadro 7, que emergiram a partir da identificação do foco/objeto de estudo principal dessas pesquisas e da adequação e diálogo com os processos de categorização desenvolvidos nos estudos de estado da arte de Fiorentini (1994; 2002), Haddad (2002), Melo (2006) e Freitas (2013), e também com as tendências temáticas da pesquisa em Educação Matemática descritas por Fiorentini e Lorenzato (2006). 42 Texto traduzido por nós do espanhol: “Hay necesidad de trabajar para constituir un campo propio de preocupaciones en la educación matemática de jóvenes y adultos... Esa necesidad repercute en diversos campos: en la investigación, en el desarrollo de metodologías, en los abordajes o procedimientos de enseñanza, en la elaboración de materiales didácticos u otros medios de enseñanza, etc.”. 115 Quadro 7 – Distribuição das teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos no Brasil por tema/subtemas (2001-2010) Tema Subtemas Concepções/Significados/Percepções Concepções/significados de professores sobre a Matemática e seu processo de ensino-aprendizagem Significados/percepções de alunos a respeito da Matemática e seu processo de ensino-aprendizagem Currículo de Matemática na EJA Propostas e projetos curriculares Currículo presente em práticas escolares Reflexões sobre proposições curriculares Didática/Metodologia de Ensino Métodos/estratégias de ensino diversificados Modelagem Matemática Resolução de Problemas Matemáticos Materiais/recursos didáticos Avaliação do ensino-aprendizagem Etnomatemática Conhecimentos matemáticos escolares e não escolares presentes em contextos culturais Ensino de Matemática a partir do contexto sociocultural e profissional dos alunos Contribuições de estudos etnomatemáticos para o ensino/currículo de Matemática na EJA Formação/Atuação de Professores Atuação/prática docente Formação inicial e/ou continuada Relações e implicações entre a formação do professor e a sua prática pedagógica Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA Construção/formação de conceitos e estratégias a partir de práticas pedagógicas em aulas e/ou em intervenções de ensino Relações entre os procedimentos didático-metodológicos e o desempenho/aprendizagem de alunos em intervenções de ensino Cotidiano escolar e do processo de ensino-aprendizagem de Matemática em sala de aula Discurso e linguagem presente/produzida em sala de aula Práticas de numeramento mobilizadas e constituídas em sala de aula e/ou em atividades educacionais Psicologia da Educação Matemática Proposta psicopedagógica de ensino Construção/desenvolvimento de conceitos e estratégias ante a resolução de problemas e atividades matemáticas Desempenho e habilidades na resolução de problemas e em atividades matemáticas Total 1 Dissertação Acadêmica 11 Dissertação Profissional 2 1 3 2 6 - 8 - 8 1 1 1 6 3 2 1 19 6 3 3 6 1 4 2 2 9 4 1 3 1 2 9 5 3 1 28 10 4 3 9 2 7 1 - - 1 - - 2 2 - 4 - 4 1 1 - 12 6 4 - 13 7 4 - 2 - 2 4 16 6 26 - 3 3 6 - 1 2 3 1 4 - 5 1 3 1 5 2 5 - 7 2 - 17 1 1 - 20 1 2 9 - 11 - 7 1 8 10 85 22 117 Tese Total 14 A análise empreendida neste capítulo se propõe descrever detalhadamente cada um dos temas/subtemas categorizados, identificando e analisando as teses e dissertações agrupadas nos mesmos segundo os aspectos pertinentes aos problemas e/ou objetivos dessas pesquisas, bem como sobre os principais aportes teóricos, os procedimentos metodológicos, e 116 os principais resultados e conclusões explicitados por essas pesquisas. Por último, para cada um dos temas, destacamos as principais contribuições e implicações decorrentes das conclusões e recomendações dessas pesquisas para as práticas educativas e para a investigação no âmbito da Educação Matemática de Jovens e Adultos. 5.1 – Concepções/Significados/Percepções O referido tema focaliza as pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, defendidas no Brasil entre os anos de 2001 a 2010, que tiveram como objeto de estudo as concepções, os significados, os sentidos, as percepções e as representações sociais de professores ou alunos acerca da Matemática e do seu processo de ensino-aprendizagem. O estudo das concepções de professores de Matemática tem sido foco de atenção da comunidade de pesquisadores da Educação Matemática desde os anos de 1980. Segundo Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 47), os pesquisadores passaram a interessar-se sobre como os professores manifestam seus conhecimentos e suas crenças no processo de ensino da Matemática a partir da metade da década de 1980. Neste contexto, ao analisar alguns estudos internacionais sobre as concepções de professores de Matemática, Ponte (1992) ressaltava que no início dos anos de 1990 esse tema se constituía um domínio cheio de vitalidade no campo da pesquisa, cujo princípio básico era de que “compreender as realidades do mundo dos que vivem o dia a dia das escolas é uma condição indispensável para a transformação dessas realidades” (PONTE, 1992, p. 37). Em outro estudo português, que complementa a relação de pesquisas sobre concepções de professores de Matemática analisadas por Ponte (1992), Menezes (2000, p. 1) destaca que “o interesse pelo estudo das concepções deriva de se reconhecer que estas desempenham um papel importante no pensamento e na ação dos professores”. A primeira investigação em relação às concepções de professores de Matemática consistiu, conforme Ponte (1992), no trabalho de Alba Thompson, de 1982, que marcou o início de uma série de estudos sobre essa perspectiva, em grande parte igualmente realizados na Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos. Segundo Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 47), no começo da década de 1980, Thompson deu início às investigações sobre a relação entre as concepções/crenças dos professores e sua prática pedagógica. 117 A respeito das pesquisas em Educação Matemática, Kilpatrick43 (1994 apud FIORENTINI; LORENZATO, 2006) resgata que as crenças, concepções e representações sociais dos alunos, em relação à Matemática, constituíram-se em uma tendência da temática “processo de ensino-aprendizagem da Matemática” desde a década de 1990. Os estudos das concepções, crenças e percepções de alunos sobre a Matemática e seu processo de ensino-aprendizagem refletem a observação de Ponte (1992, p. 1) de que: O interesse pelo estudo das concepções dos professores, tal como aliás pelo estudo das concepções de outros profissionais e de outros grupos humanos, baseia-se no pressuposto de que existe um substrato conceptual que joga um papel determinante no pensamento e na ação. Este substrato é de uma natureza diferente dos conceitos específicos – não diz respeito a objetos ou ações bem determinadas, mas antes constitui uma forma de os organizar, de ver o mundo, de pensar. Dada a relevância das concepções de professores e alunos em relação à Matemática e ao seu processo de ensino-aprendizagem, apresentamos o Quadro 8, com as pesquisas relacionadas ao tema “Concepções/Significados/Percepções”, dentre as teses e dissertações constituídas em nosso material de análise. Quadro 8 – Pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos segundo o tema “Concepções/Significados/Percepções” Quant. 6 8 1 Pesquisa Tipo1 Instituição Foco/Objeto de Estudo Subtema: Concepções/significados de professores sobre a Matemática e seu processo de ensino-aprendizagem Concepções de professores sobre um plano de curso de Matemática Cardoso (2001) DA PUC/SP para a EJA, implantado pela rede municipal de ensino de Diadema/SP Influência das concepções e crenças de professores sobre a Ewbank (2002) T UNICAMP multiplicação e sua aprendizagem na forma de ensinar Significados de professores sobre o papel da linguagem no ensino das Silva, A. (2006) DP PUC/SP operações com números inteiros na EJA Interfaces nas concepções de professores sobre avaliação, educação Ribeiro (2007) DA UFMT matemática e EJA Significados de frações utilizados por professores e presentes em livros Silva, E. J. (2007) DP UNICSUL didáticos adotados por eles no ensino de Matemática em sala de aula Concepções de professores em relação ao desenvolvimento do Santana (2010) DA USP pensamento geométrico Subtema: Significados/percepções de alunos a respeito da Matemática e seu processo de ensino-aprendizagem Relações entre as concepções de alunos sobre a disciplina de Lopes (2003) DA UFES Matemática e as dificuldades na aprendizagem da operação de multiplicação Castro (2006) DA UNISINOS Sentidos atribuídos para a Matemática Escolar por alunos trabalhadores Concepções de alunos sobre a resolução de problemas contextualizados Rodrigues, R. (2008) DA UFRPE e não-contextualizados no ensino-aprendizagem de Matemática Concepções de alunos sobre o contexto gerador do motivo para estudar Zanelato (2008) DA UNESC Matemática Eugênio (2009) DA UFJF Percepções de alunos sobre a Matemática no espaço da sala de aula Representações sociais sobre a Matemática de alunos do PROEJA do Roloff (2009) DA UNIVALI CEFET/SC de Florianópolis Considerações de alunos sobre se suas variedades linguísticas têm Medeiros (2010) DA UFPA efeito na aprendizagem da Matemática Percepções de alunos sobre a relação entre o ensino de Matemática e a Rosa (2010) DA UPF evasão escolar Correspondente ao tipo de pesquisa: Tese (T), Dissertação Acadêmica (DA) e Dissertação Profissional (DP) Em 43 relação à produção anual das pesquisas relacionadas ao tema KILPATRICK, J. Investigación en educación matemática: su historia y alguns temas de actualidad. In: KILPATRICK, J.; RICO, L.; GÓMEZ, P. (eds.). Educación Matemática. México: Grupo Editorial Iberoamérica & una empresa docente, 1994. p. 1-18. 118 “Concepções/Significados/Percepções” entre os anos de 2001 a 2010, constatamos a não ocorrência de estudos nos anos de 2004 e 2005; com a frequência constante de uma pesquisa para cada um dos anos de 2001 a 2003, e duas pesquisas anuais de 2006 a 2009; com o aumento para três estudos em 2010. 5.1.1 – Principais problemas e/ou objetivos abordados pelas pesquisas Do conjunto de quatorze pesquisas pertinentes ao tema “Concepções/Significados/Percepções”, podemos analisá-las, quanto aos seus objetivos, sob duas perspectivas: as que tomaram como foco de investigação os professores, e as que centraram-se nos alunos. As pesquisas que trataram do professor buscaram evidenciar suas concepções relativas a certos aspectos do processo de ensino-aprendizagem da Matemática, entre eles: o currículo (CARDOSO, 2001), o ensino da noção de multiplicação (EWBANK, 2002), a avaliação escolar (RIBEIRO, 2007), e o pensamento geométrico dos alunos (SANTANA, 2010). Além disso, procuram resgatar os significados atribuídos por professores quanto ao ensino de determinados conteúdos matemáticos em sala de aula: números inteiros (SILVA, A., 2006), e números racionais (SILVA, E. J., 2007). No que diz respeito às pesquisas sobre as concepções de professores, Ewbank (2002) investigou a influência que as concepções e crenças de professores sobre a multiplicação e sobre sua aprendizagem exercem sobre a forma de ensinar, instituindo-se como uma pesquisa nos moldes dos estudos de Thompson sobre a relação entre as concepções/crenças de professores e sua prática pedagógica (cf. FIORENTINI; LORENZATO, 2006; PONTE, 2002). Ewbank (2002) estabeleceu ainda uma espécie de estudo comparativo ao pesquisar como se dá o ensino da noção de multiplicação para crianças, na 3ª série do Ensino Fundamental (correspondente ao 4º ano do Ensino Fundamental nos dias atuais), e adultos, no nível de pós-alfabetização na EJA. Também enfocando a questão do ensino de determinado conteúdo matemático, no caso a geometria, Santana (2010) pesquisou a concepção de professores de Matemática em relação ao desenvolvimento do pensamento geométrico dos educandos da EJA, destacando quais têm sido os esforços desses professores em contextualizar/problematizar o ensino de geometria a partir da realidade do educando adulto e dos seus conhecimentos prévios construídos ao longo da vida. As pesquisas de Cardoso (2001) e Ribeiro (2007), diferentemente das pesquisas anteriores de Ewbank (2002) e Santana (2010), não se voltaram ao ensino de conteúdos 119 matemáticos escolares específicos. No caso do estudo de Cardoso (2001), o mesmo teve como propósito identificar e analisar as escolhas e as concepções de professores acerca de um programa/plano de curso de Matemática para a EJA, implantado na rede municipal de ensino de Diadema/SP, no atendimento aos anseios dos professores e às demandas dos educandos jovens e adultos. Já a pesquisa de Ribeiro (2007) enfocou como objetivo principal investigar e analisar quais as interfaces possíveis de serem estabelecidas entre as concepções de avaliação, de Educação Matemática e de EJA de professores de Matemática de uma escola voltada exclusivamente ao atendimento dessa modalidade de ensino. Em relação às pesquisas de Silva, A. (2006) e Silva, E. J. (2007), além de compartilharem o fato de terem enfocado como objeto principal de estudo os significados atribuídos por professores sobre o ensino de determinados conteúdos matemáticos em sala de aula, ambas apresentaram ainda similaridades quanto ao vínculo com programas de mestrado profissionalizante, e a consideração da influência do livro didático nos significados abordados por professores em sala de aula ao ensinar a disciplina de Matemática. Essas pesquisas poderiam ter sido classificadas no tema “Didática/Metodologia de Ensino”, em especial, no subtema “materiais/recursos didáticos”, devido a terem tratado como objetivos específicos da análise dos significados de certos conteúdos matemáticos presentes em livros didáticos e sua influência no discurso do professor em sala de aula. Ou ainda, terem sido categorizadas no tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA”, especialmente, no subtema “discurso e linguagem presente/produzida em sala de aula”, por fazerem menção ao discurso e à linguagem de professores no ensino de Matemática em sala de aula. Porém, preferimos categorizá-las segundo o tema “Concepções/Significados/Percepções” em função de dois aspectos: o primeiro, e também o principal, pelo foco de investigação dessas pesquisas centrarem-se nos significados de professores; e o segundo, por não procederem necessariamente à coleta de dados no ambiente da sala de aula ou do cotidiano escolar quanto às ações pedagógicas em Matemática. Neste caso, constatamos que o estudo de Silva, A. (2006) teve a preocupação de discutir o papel da linguagem no ensino das operações de adição e multiplicação com números inteiros na EJA a partir da compreensão dos professores de Matemática. E a pesquisa de Silva, E. J. (2007) buscou diagnosticar quais os significados de números racionais, na forma fracionária, usados por professores de Matemática da EJA. Concernente às pesquisas centradas nos significados e percepções de alunos em relação à Matemática e ao seu processo de ensino-aprendizagem, observamos uma 120 diversidade de aspectos suscitados, entre os quais, sobre a Matemática na sua relação com: as dificuldades de aprendizagem de determinado conteúdo matemático (LOPES, 2003); a variedade linguística dos alunos (MEDEIROS, 2010); e a evasão escolar (ROSA, 2010). Nesse conjunto de pesquisas, apesar do texto da dissertação de Lopes (2003) não ter sido localizado, a partir do seu resumo notamos que essa pesquisa buscou investigar as possíveis relações entre as concepções do aluno sobre a disciplina de Matemática e suas dificuldades na aprendizagem da operação de multiplicação. O trabalho de Medeiros (2010) analisou se os alunos da EJA consideravam que as suas variedades linguísticas teriam efeito sobre a aprendizagem dos conhecimentos matemáticos escolares, tendo como pressuposto a variedade linguística de alunos de classes populares em comparação à linguagem utilizada por professores em sala de aula. O estudo de Rosa (2010) teve como objetivo principal investigar a relação entre o ensino da disciplina de Matemática e a evasão escolar de alunos da EJA quando os mesmos frequentaram a escola de ensino “regular”. Os demais estudos sobre os significados e percepções de alunos focaram principalmente a Matemática como disciplina escolar, voltando-se aos sentidos (CASTRO, 2006), às narrativas (EUGÊNIO, 2009) e às representações sociais (ROLOFF, 2009) de alunos da EJA atribuídas a ela. Abordando ainda a Matemática como disciplina, constatamos um estudo sobre os motivos dos alunos para estudá-la e aprendê-la (ZANELATO, 2008). A pesquisa de Castro (2006) buscou compreender os sentidos dados para a Matemática escolar por alunos trabalhadores, propondo-se ainda, a analisar as narrativas sobre a Matemática escolar produzidas por esses alunos. Semelhantemente, Eugênio (2009) pesquisou como e o que falam os alunos da EJA sobre a Matemática no espaço da sala de aula. Já o estudo de Roloff (2009) objetivou caracterizar as representações sociais dos alunos do PROEJA do Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina (CEFET/SC) de Florianópolis sobre a Matemática. Em relação à investigação de Zanelato (2008), essa se propôs analisar as concepções dos alunos quanto aos seus motivos para estudarem e aprenderem Matemática. Por último, tratando ainda do subtema “significados/percepções de alunos a respeito da Matemática e seu processo de ensino-aprendizagem”, encontramos um único estudo versando sobre métodos de ensino da Matemática na EJA (RODRIGUES, R., 2008). Essa pesquisa de Rodrigues, R. (2008) teve como objetivo principal analisar a importância da resolução de problemas matemáticos contextualizados e não-contextualizados 121 no processo de ensino-aprendizagem nas concepções de alunos da EJA. 5.1.2 – Referenciais teóricos e procedimentos metodológicos das pesquisas Na descrição dos referenciais teóricos das quatorze pesquisas aglutinadas no tema “Concepções/Significados/Percepções”, constatamos não haver diferenças significativas entre os aportes teóricos abordados nas pesquisas com foco investigativo no professor e os aportes teóricos tratados nas pesquisas centradas nos alunos. Neste caso, verificamos a ocorrência de dois teóricos principais utilizados por parte dessas pesquisas, sendo eles: Fonseca, a respeito da educação matemática de jovens e adultos (RIBEIRO, 2007; SILVA, E. J., 2007; SANTANA, 2010; CASTRO, 2006; RODRIGUES, R., 2008; EUGÊNIO, 2009; ROSA, 2010); e D’Ambrosio, sobre Educação Matemática (RIBEIRO, 2007; SANTANA, 2010; CASTRO, 2006; EUGÊNIO, 2009). Outras duas referências destacadas por algumas das pesquisas relativas ao tema “Concepções/Significados/Percepções”, diante da heterogeneidade teórica pelos diversos assuntos tratados, foram: a Proposta Curricular para a EJA no segundo segmento do Ensino Fundamental (RIBEIRO, 2007; SILVA, E. J., 2007; RODRIGUES, R., 2008); e Haddad e Di Pierro (CARDOSO, 2001; SANTANA, 2010; MEDEIROS, 2010). A heterogeneidade teórica das pesquisas em função dos vários temas específicos abordados ocasionou no aporte teórico a inúmeros autores como, por exemplo: Piaget e Vergnaud (EWBANK, 2002), Grice (SILVA, A., 2006), Leontiev e Davydov (ZANELATO, 2008), Moscovici (ROLOFF, 2009), Knijnik (CASTRO, 2006; MEDEIROS, 2010), e Huete e Bravo (RODRIGUES, R., 2008; ROLOFF, 2009). Com exceção de Lopes (2003), nenhuma outra pesquisa se apoiou em autores relativos às concepções de professores ou alunos, apesar da abrangência de estudos sobre esse tema, conforme enumeram Ponte (1992) e Menezes (2000). No caso, ainda que não tenhamos localizado a dissertação de Lopes (2003), em seu resumo destaca-se que: “Nosso referencial teórico se orientou pelos trabalhos relativos às concepções”. Aspecto comum referente à abordagem teórica das pesquisas concernentes ao tema “Concepções/Significados/Percepções”, tratou-se da elucidação de um breve histórico da EJA no Brasil (RIBEIRO, 2007; SANTANA, 2010; CASTRO, 2006; RODRIGUES, R. (2008); ZANELATO, 2008; ROLOFF, 2009; MEDEIROS, 2010; ROSA, 2010). Em termos dos procedimentos metodológicos dos estudos categorizados segundo o tema “Concepções/Significados/Percepções”, em análise às suas abordagens metodológicas, verificamos a predominância da pesquisa qualitativa (EWBANK, 2002; RIBEIRO, 2007; 122 SILVA, E. J., 2007; SANTANA, 2010; RODRIGUES, R. (2008); ZANELATO, 2008; MEDEIROS, 2010; ROSA, 2010), com a ocorrência de três estudos, que apesar de não descreverem sua opção metodológica, pelas caraterísticas, também pareceram se tratar de pesquisas com enfoque qualitativo (SILVA, A., 2006; CASTRO, 2006; EUGÊNIO, 2009). Esse predomínio da abordagem qualitativa parece respaldar-se nas palavras de Ponte (1992, p. 34) quando afirma que “a identificação das concepções exige, portanto, uma abordagem especialmente imaginativa”. Outro estudo aparentemente de cunho qualitativo refere-se à dissertação de Lopes (2003), mencionando em seu resumo a opção pela metodologia do estudo de caso etnográfico. Na análise das abordagens metodológicas das pesquisas, encontramos ainda duas delas com enfoque na abordagem quanti-qualitativa: o estudo de Cardoso (2001), que embora não tenha expressado claramente essa abordagem, pelas caraterísticas de análise dos dados empreendida, enquadra-se nessa abordagem; e o trabalho de Roloff (2009), por se tratar de representações sociais, com a análise de dados com suporte em softwares dessa área. Quanto aos instrumentos metodológicos de produção e coleta de dados, a exemplo da abordagem metodológica, não constatamos haver diferenças entre as pesquisas com foco de investigação no professor ou no aluno quanto às suas concepções, significados e percepções sobre a Matemática e seu processo de ensino-aprendizagem. Neste sentido, verificamos o predomínio da utilização conjunta de questionários e entrevistas semiestruturadas, sendo essas últimas geralmente gravadas em áudio e posteriormente transcritas (CARDOSO, 2001; EWBANK, 2002; RIBEIRO, 2007; SILVA, E. J., 2007; SANTANA, 2010; RODRIGUES, R., 2008; ROLOFF, 2009; ROSA, 2010). Outras pesquisas optaram pela utilização exclusiva de um desses instrumentos: questionários (SILVA, A., 2006; MEDEIROS, 2010); entrevistas (CASTRO, 2006; ZANELATO, 2008). Além desses instrumentos, observamos o emprego de outras técnicas de produção e coleta de dados: análise documental (CARDOSO, 2001; SILVA, E. J., 2007); observação participante em sala de aula (EWBANK, 2002; SILVA, E. J., 2007; SANTANA, 2010; EUGÊNIO, 2009); e atividades de sala de aula (EWBANK, 2002; RODRIGUES, R., 2008). Na análise do resumo de Lopes (2003), diagnosticamos que esse não apresentou informações sobre os instrumentos ou procedimentos de produção e coleta de dados. A variedade de instrumentos e procedimentos de produção e coleta de dados utilizados por essas pesquisas seria consequência, segundo Ponte (1992), da necessidade de se propor tarefas, situações e questões indiretas, mas reveladoras no sentido de ajudar as concepções a evidenciarem-se, principalmente dado o fato de as pessoas sentirem, de modo 123 geral, dificuldades em expressar suas concepções. O processo de sistematização e análise dos dados das pesquisas enfocadas no tema “Concepções/Significados/Percepções” não foi muito descrito dentro dos procedimentos metodológicos, observando-se os caminhos seguidos na categorização e interpretação das informações apenas na elucidação do capítulo específico de apresentação e análise dos dados. Em linhas gerais, essas pesquisas adotaram o processo de categorização com categorias de análise emergentes, definidas a partir da intepretação dos dados (CARDOSO, 2001; RIBEIRO, 2007; SANTANA, 2010; CASTRO, 2006; ZANELATO, 2008; ROLOFF, 2009; MEDEIROS, 2010; ROSA, 2010). Também encontramos entre as pesquisas: aquelas cuja análise dos dados procedeu-se segundo cada um dos instrumentos de produção e coleta de dados empregados (EWBANK, 2002; SILVA, A., 2006; RODRIGUES, R., 2008); em que a análise ocorreu a partir de categorias mistas, decorrentes do confronto entre a literatura e os dados levantados (SILVA, E. J., 2007); e que a análise dos dados foi feita a partir de episódios de aulas observadas (EUGÊNIO, 2009). Quando mencionada a modalidade de análise empregada, verificamos que a análise de conteúdo foi a mais usual entre essas pesquisas (CARDOSO, 2001; EWBANK, 2002; SILVA, E. J., 2007; LOPES, 2003; ROSA, 2010). Além dessa modalidade de análise, constatamos ainda o emprego da análise quantitativa, através de Escala Likert (EWBANK, 2002), de análise multidimensional (ROLOFF, 2009), e de análise Hierárquica de Similaridade Implicativa e Hierarquia Implicativa (CARDOSO, 2001). Entre os autores abordados como referências dessas pesquisas quanto aos seus procedimentos metodológicos, novamente observamos uma diversidade de autores citados, com destaque para: Bardin, Bogdan e Biklen, Minayo, Triviños, e Fiorentini e Lorenzato. No tocante aos sujeitos e contextos investigados, a distinção entre as pesquisas relacionadas aos dois subtemas que compõem o tema “Concepções/Significados/Percepções” foi determinada, não podendo ser de outra forma, devido ao primeiro subtema ter enfocado os professores e ou outro subtema centrado sua atenção nos alunos. Com exceção do estudo de Cardoso (2001), que também coletou informações sobre os alunos da EJA no sentido de levantar o perfil dos mesmos, todos os demais estudos do subtema “concepções/significados de professores sobre a Matemática e seu processo de ensino-aprendizagem” tiveram como sujeitos da pesquisa exclusivamente professores. Esses estudos investigaram de três a doze docentes, pertencentes à rede pública de ensino, e lecionando a disciplina de Matemática na EJA nos anos iniciais (ou primeiro 124 segmento) do Ensino Fundamental (EWBANK, 2002), nos anos finais (ou segundo segmento) do Ensino Fundamental (CARDOSO, 2001; SILVA, A. (2006); SILVA, E. J., 2007); e nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio (RIBEIRO, 2007; SANTANA, 2010). Uma particularidade em relação a essas pesquisas, excetuando-se o estudo de Ribeiro (2007), remete-se à realização das mesmas junto a professores de escolas públicas de atendimento à modalidade EJA localizadas no Estado de São Paulo. Em relação às investigações vinculadas ao subtema “significados/percepções de alunos a respeito da Matemática e seu processo de ensino-aprendizagem”, constatamos a realização de pesquisas junto a alunos dos anos iniciais (LOPES, 2003) e finais (CASTRO, 2006; RODRIGUES, R., 2008; MEDEIROS, 2010; ROSA, 2010) do Ensino Fundamental; bem como junto a alunos da alfabetização ao Ensino Médio (ZANELATO, 2008), apenas do Ensino Médio (EUGÊNIO, 2009) e também de estudantes da educação profissional técnica integrada ao Ensino Médio (PROEJA) (ROLOFF, 2009). Essas pesquisas investigaram principalmente alunos de escolas públicas com atendimento à EJA, considerando-se de uma a três unidades escolares, incluindo estudantes dessa modalidade atendidos pelo Serviço Social da Indústria (SESI) (ZANELATO, 2008), por projeto social comunitário (EUGÊNIO, 2009), e por instituto federal (ROLOFF, 2009). 5.1.3 – Principais resultados e conclusões explicitados pelas pesquisas As quatorze pesquisas relativas ao tema “Concepções/Significados/Percepções” suscitaram diversas considerações decorrentes de suas investigações. Assim, tratando dos principais aspectos mencionados pelas mesmas, apresentamos uma síntese de tais considerações especificamente para cada um dos subtemas analisados, evitando qualquer tipo de generalização pelo grau de abrangência das pesquisas analisadas. Sobre as pesquisas a respeito das concepções e significados de professores sobre a Matemática e seu processo de ensino-aprendizagem, podemos tirar algumas conclusões: Sobre o aluno As crenças ou premissas consideradas pelos professores em relação ao público da EJA não correspondem exatamente à realidade dessa modalidade (CARDOSO, 2001), acarretando em dificuldades desses professores para reconhecer exatamente quem é a clientela da EJA e como desenvolver suas atividades docentes em função do público heterogêneo desse segmento educacional (RIBEIRO, 2007), além de não encontrarem um ponto de equilíbrio quanto à convivência de jovens e adultos na mesma sala de aula (CARDOSO, 2001). Sobre o professor 125 A experiência do professor atuando na EJA parece não influenciar de maneira decisiva as suas concepções ou mesmo suas práticas pedagógicas no desenvolvimento do processo escolar nessa modalidade da Educação Básica (RIBEIRO, 2007). Sobre o processo de ensino-aprendizagem da Matemática Não só as concepções de aprendizagem da multiplicação e o modo como aprendeu a multiplicação estão implícitas nos processos de ensino dos professores como também um conhecimento insuficiente sobre essa noção e seus processos para a construção da aprendizagem pelos alunos (EWBANK, 2002). As concepções dos professores demonstram que eles não são claros quando tratam das operações com números inteiros, não promovendo um ambiente de diálogo entre esses conhecimentos e os alunos (SILVA, A., 2006); e que também parecem desconhecer pesquisas recentes sobre o ensino dos números racionais e as orientações curriculares veiculadas nos documentos oficiais sobre esses conteúdos matemáticos (SILVA, E. J., 2007); assim como, apesar de reconhecerem a importância do ensino de geometria na EJA, têm se preocupado excessivamente mais com os conteúdos de aritmética e de álgebra (SANTANA, 2010). As concepções dos professores também revelam que eles reconhecem a necessidade de se desenvolver atividades em sala de aula na EJA tendo como ponto de partida o conhecimento prévio do educando, mas que essa atitude se dá repleta de tensões e ansiedade (SANTANA, 2010) e acabam por não conseguirem se aproveitar da vivência dos jovens e adultos no ensino dos conhecimentos matemáticos (SILVA, E. J., 2007). Há interfaces nas concepções dos professores sobre a tríade EJA, educação matemática e avaliação, evidenciando ainda, em suas ideologias e práticas pedagógicas, a presença de pressupostos teóricos do velho e do novo modelo de educação (RIBEIRO, 2007). Sobre o currículo escolar Segundo a concepção dos professores de Matemática, o currículo de Matemática desenvolvido na EJA tem sido fortemente influenciado pelo currículo escolar trabalhado nas demais modalidades de ensino, sendo o seu cumprimento e o mercado de trabalho fontes de preocupação dos professores. Além disso, observa-se que os alunos têm sido desconsiderados como coparticipantes do processo de construção curricular (CARDOSO, 2001). As principais considerações a que chegaram as pesquisas sobre os significados e percepções de alunos a respeito da Matemática e seu processo de ensino-aprendizagem explicitam conclusões: Sobre a EJA A visão dos alunos sobre a EJA demonstra que essa modalidade, ofertada 126 especialmente à classe de trabalhadores, se exime de preocupações pedagógicas para a elevação do pensamento teórico matemático (ZANELATO, 2008). Sobre a Matemática Os alunos consideram a Matemática difícil, no sentido de ser complicada, pois ao se depararem com as restrições que o rigor matemático lhes impõe, a disciplina se torna um obstáculo a ser transposto, sendo tratada como um “bicho de sete cabeças” (CASTRO, 2006). Essa compreensão seria uma provável causa, segundo a concepção dos alunos da EJA, para a Matemática se instituir como uma das principais responsáveis pela evasão escolar desses alunos quando frequentaram a escola “regular” (ROSA, 2010). As representações sociais de alunos da EJA sobre a Matemática a evidenciam como símbolo, constituída pelas evocações “números”, “cálculos”, “contas” e “pensar/raciocinar”. Enquanto que a Matemática escolar é expressa pela precisão do cálculo, e a repetição de exercícios como possibilidade de conhecimento (ROLOFF, 2009). A Matemática é concebida pelos educandos jovens e adultos como algo que se encontra somente no meio escolar, e, ainda que afirmem que ela é importante, essa concepção se encontra no senso comum, pois não sabem para que e onde se pode usar os conhecimentos matemáticos, e muito menos como se pode utilizá-los (MEDEIROS, 2010). Nessa perspectiva, mesmo que sobrevivam e estejam no mundo, sem poder contar com a Matemática escolar, os alunos da EJA, na maioria das vezes, a distinguem enquanto valor simbólico e conhecimento necessário, embora caracterizem seus saberes matemáticos construídos em outro contexto: o contexto extraescolar (EUGÊNIO, 2009). Em relação à necessidade de se estudar Matemática, as concepções dos estudantes da EJA ressaltam sua atenção voltada especificamente para as ações da atividade de trabalho, constituindo uma concepção utilitarista do conhecimento matemático, onde, estudar Matemática é uma necessidade social estabelecida no interior das relações de produção e de melhoria da mão de obra operária, traduzindo-se ainda, em uma ação da atividade secundária de estudar, expressa através de frases de alunos, como: “preciso estudar para ser aprovado” ou “um dia pode ser que a gente vai usar” (ZANELATO, 2008). Sobre o ensino-aprendizagem da Matemática Existe uma correlação entre a concepção dos alunos da EJA quanto à Matemática e suas dificuldades de aprendizagem da operação de multiplicação (LOPES, 2003). Na concepção dos educandos da EJA, ainda que se considerem capazes de aprender os conhecimentos institucionalizados e acreditem que suas condições financeiras não os impedem de aprender, entendem que essas influenciam na sua aprendizagem matemática. 127 Também denotam não aceitar as suas variedades linguísticas como algo que possa ser digno de utilização no ambiente escolar, julgando-as como “inferiores”, e destacando que quem fala “bonito” são pessoas inteligentes e que essa forma de falar é melhor para que todos possam ser entendidos no processo de ensino-aprendizagem da Matemática (MEDEIROS, 2010). Embora considerando os problemas contextualizados mais fáceis de responder, os alunos demonstram em suas concepções a preferência tanto pelos problemas contextualizados quanto pelos não contextualizados, pois entendem ser preciso usar ambos no seu dia a dia, assim como na sua aprendizagem dos conhecimentos matemáticos (RODRIGUES, R., 2008). Sobre a relação Matemática e Trabalho No que diz respeito à Matemática como possibilidade de competição no trabalho e na escola, as concepções dos alunos demonstram que esses acreditam que, ao terem o reconhecimento dos seus colegas em sala de aula em função dos seus resultados escolares, também terão tal reconhecimento no seu local de trabalho (CASTRO, 2006). 5.1.4 – Contribuições e implicações das pesquisas Em relação às práticas educativas na Educação Matemática de Jovens e Adultos As pesquisas sobre o tema “Concepções/Significados/Percepções” retomaram questões pertinentes bastante discutidas no contexto do ensino e da aprendizagem de Matemática na EJA, entre elas: a compreensão do aluno não somente como sujeito receptivo, mas como construtor de sua aprendizagem (EUGÊNIO, 2009); a consideração e contextualização da realidade/cotidiano dos educandos jovens e adultos (RODRIGUES, R., 2008, MEDEIROS, 2010); a realização de uma ponte entre os conhecimentos matemáticos populares e os escolares (MEDEIROS, 2010); e o reconhecimento e respeito aos conhecimentos prévios dos alunos (SANTANA, 2010; ROSA, 2010). Essas questões foram manifestadas principalmente no início dos anos de 1960 com a tentativa de consolidação de um novo paradigma pedagógico para a educação de adultos, baseado na proposta de Paulo Freire; e retomadas, posteriormente, através das DCNs e das propostas curriculares para a EJA. Além dessas recomendações mais gerais, suscitadas também por estudos da área educacional, essas pesquisas ressaltaram ainda aspectos mais específicos, como: a) a proposição da Etnomatemática na consideração e valorização de outras formas de lidar com os saberes dos alunos (CASTRO, 2006); b) a necessidade, por parte dos professores, de uma análise mais profunda do livro didático a ser utilizado em sala de aula, observando se apresenta uma 128 linguagem acessível e de fácil compreensão, de forma a promover o diálogo entre os conhecimentos matemáticos e os educandos da EJA (SILVA, A., 2006; SILVA, E. J., 2007); c) a necessidade dos professores encararem a sala de aula como um espaço de acordos, de negociações dos significados e conhecimentos (EUGÊNIO, 2009); d) o conhecimento das representações sociais dos educandos da EJA sobre a Matemática, de forma que a reflexão sobre essas representações possa levá-los a desenvolver atitudes positivas em relação ao seu ensino e à sua aprendizagem (ROLOFF, 2009); e) a valorização da variedade linguística do aluno, uma vez que a mesma contextualiza suas formas de vida e referências de mundo (MEDEIROS, 2010). Se por um lado, as pesquisas sobre o tema “Concepções/Significados/Percepções” reforçaram e reafirmaram questões relevantes sobre o processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA, por outro, também revelaram situações que contrariam as finalidades dessa modalidade e consequentemente comprometem a realização desse processo. Nesse caso, evidenciaram haver certo preconceito em relação aos educandos jovens e adultos (CARDOSO, 2001); a falta de materiais para o professor no seu trabalho pedagógico na EJA (SILVA, A., 2006); e a ausência de um ensino diferenciado de Matemática direcionado ao público específico dessa modalidade, mesmo reconhecendo as diferenças de aprendizagem entre crianças e adultos (EWBANK, 2002). Além disso, denunciaram uma concepção de professores de Matemática, ainda vigente, compreendendo a EJA como uma modalidade de ensino específica e diferenciada não em função das peculiaridades socioculturais dos seus educandos, mas por suas características quanto ao tempo de cada série ou módulo, tendo um tempo menor no seu período letivo, onde os conteúdos matemáticos requerem uma abordagem metodológica distinta da qual é realizada na escola “regular” apenas pela necessidade de serem abordados de forma resumida (RIBEIRO, 2007; RODRIGUES, R., 2008). Essa constatação seria contrária a dois preceitos da EJA: o de reconhecer o perfil distinto dos educandos jovens e adultos como princípio orientador das práticas pedagógicas; e a não restrição da EJA à aceleração do tempo curricular e ao aligeiramento do ensino. Na mesma perspectiva, tais pesquisas apontaram também para uma visão de EJA concebida pelos alunos como voltada necessariamente para o mercado de trabalho (perspectiva da educação funcional), e para o ensino da Matemática como conhecimento utilitário, direcionado para as ações da atividade de trabalho (ZANELATO, 2008). 129 Entre as alternativas propostas para reverter tais concepções, as pesquisas aqui analisadas recomendaram a necessidade de formação inicial e continuada específica para os professores de Matemática da EJA, de modo a transformar suas concepções e mesmo as suas práticas pedagógicas no atendimento às especificidades desse segmento educacional (CARDOSO, 2001; EWBANK, 2002; RIBEIRO, 2007; SILVA, E. J., 2007). Sobre a formação inicial de professores, Cardoso (2001) propôs, por exemplo, que num momento de reformulação dos cursos de Pedagogia e de Licenciatura se apresentassem propostas concretas para a EJA na busca de um novo currículo para essa modalidade. As pesquisas destacaram ainda a necessidade de se repensar a maneira como a Matemática é desenvolvida em sala de aula na EJA, constituindo um novo olhar em relação a essa disciplina por parte dos educandos jovens e adultos, favorecendo a compreensão dos conhecimentos matemáticos para além do caráter utilitário, como necessidade individual e social e instrumento de transformação da sociedade (RIBEIRO, 2007), contribuindo, consequentemente, para a diminuição da evasão escolar e da exclusão de alunos do processo de ensino-aprendizagem da Matemática (ROSA, 2010). Por último, as pesquisas resgataram que as instituições escolares: supram as demandas e expectativas dos educandos da EJA, percebendo que não são apenas pessoas excluídas da escola “regular”, mas alunos que querem modificar seu futuro por meio dos estudos e, por isso, estão nessa modalidade (ROSA, 2010); reflitam sobre o objetivo e importância da EJA, pois não se trata apenas de fornecer uma vaga em uma escola, mas de um real e vigoroso fomento de busca pelo aprendizado (EUGÊNIO, 2009); e consolidem políticas de inclusão e de garantia do espaço de jovens e adultos na escola (EWBANK, 2002). Em relação à pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos As pesquisas relativas ao tema “Concepções/Significados/Percepções” são importantes por buscar compreender as visões dos dois personagens principais do processo educacional, o professor e o aluno, sobre diversos aspectos relativos aos atos de ensinar e aprender no contexto específico da EJA. Objetivando investigar não apenas as concepções de professores – foco de estudo mais frequente no cenário da pesquisa, uma vez que são os responsáveis pela organização das experiências de aprendizagem dos alunos, estando, pois, num lugar chave para influenciar as suas concepções (PONTE, 1992) – mas também os significados e percepções de alunos, os estudos neste tema possibilitaram dar voz e reconhecer os educandos jovens e adultos como primordiais para o entendimento da EJA e dos significados que eles e os professores atribuem às relações estabelecidas no ensino e na aprendizagem da Matemática nessa modalidade. 130 Nesse sentido, Eugênio (2009, p. 126) ressalta: Compreender como pessoas que têm uma vida desgastante de trabalho, com uma exigência exacerbada para garantir a sobrevivência, ainda compareçam às salas de aula para delinearem seus estudos, seja, talvez, o ponto primordial para compreender o sentido que educandos de EJA aplicam ao ensinar e ao aprender. A relevância dessas pesquisas também encontra respaldo na influência exercida pelas concepções, significados e percepções dos envolvidos no processo escolar nas teorias e práticas educacionais, afirmando Fonseca (2005a, p. 97-98) que: As concepções de Matemática e de ensino de Matemática dos alunos, dos professores, das instituições, da sociedade devem ser um foco de interesse reflexivo do educador, uma vez que tais concepções têm uma influência significativa sobre as relações entre os atores da cena educativa, e desses atores com o conteúdo escolar e a própria escolarização. Na discussão dessas concepções colocam-se as indagações sobre a natureza do conhecimento matemático, sobre seu papel na formação dos alunos e professores, sobre os modos de produção, divulgação, utilização e avaliação desse conhecimento, sobre a história do ensino da Matemática, e em particular sobre a história desse ensino no Brasil, e sobre as tendências do ensino da Matemática que se vão estabelecendo e identificando nas práticas educativas e na reflexão teórica dessas práticas. Dessa forma, considerando-se o estudo das concepções de professores ou de alunos como um tema em potencial para as pesquisas no campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos, os estudos concernentes ao tema “Concepções/Significados/Percepções” destacaram ainda outras questões pertinentes a esse campo, como: a) a necessidade de o poder público e de as universidades assumirem seus papéis de investigação das demandas da sociedade quanto à EJA (CARDOSO, 2001); b) a consideração da convivência entre o adulto e o jovem na sala de aula como objeto de estudo em futuras pesquisas (CARDOSO, 2001), a exemplo da investigação de doutorado de Schneider (2010); c) a urgência de os docentes terem acesso e conhecer os resultados de pesquisas sobre o ensino-aprendizagem de Matemática na EJA (SILVA, E. J., 2007); d) o aprofundamento das pesquisas quanto ao ensino de Matemática a partir da resolução de problemas contextualizados, principalmente por se considerar a dificuldade de fazer com que os alunos relacionem a Matemática que praticam no seu cotidiano com a Matemática Escolar (RODRIGUES, R., 2008). No que diz respeito aos referenciais teóricos das pesquisas referentes ao tema “Concepções/Significados/Percepções”, dada à dispersão de autores utilizados, com alguma unidade sobre a história da EJA no Brasil, sugerimos às futuras pesquisas sobre esse tema o aporte nas teorias sobre as concepções de professores e de alunos, ou de outros grupos. Quanto aos procedimentos metodológicos das pesquisas concernentes ao tema em 131 discussão, observando a falta de clareza quanto à abordagem metodológica adotada e a ausência de descrição do processo de sistematização e análise dos dados obtidos, recomendamos os devidos cuidados com esses elementos no sentido de favorecer o progresso do conhecimento nesse domínio, conforme sugere Ponte (1992). Por outro lado, tendo em vista o recurso a vários instrumentos metodológicos na produção e coleta de dados, principalmente pelo seu emprego conjunto, enfatizamos a perspectiva adotada por essas pesquisas, e também necessária às futuras investigações, quanto à triangulação das informações a partir da recorrência a uma variedade de dados que só podem ser obtidos utilizando-se de recursos e técnicas variadas. 5.2 – Currículo de Matemática na EJA Neste tema enfocamos as pesquisas brasileiras em Educação Matemática de Jovens e Adultos, referentes ao período de 2001 a 2010, que tiveram como foco de investigação o currículo escolar de Matemática na EJA. O tema “Currículo de Matemática na EJA” está diretamente relacionado aos próximos temas de análise pertinentes à didática e metodologia de ensino, e também às práticas pedagógicas, afinal, segundo Oliveira (2005, p. 232): Na tentativa de ampliar e aproximar-se da realidade, estudos curriculares mais recentes evidenciam tendências a considerar os procedimentos metodológicos e avaliativos preconizados nas propostas curriculares e nos planejamentos específicos também como currículo, o que corresponderia a levar em consideração os processos reais de transmissão dos conteúdos e de avaliação da aprendizagem como elementos dos currículos. Porém, optamos por manter os temas separadamente com o propósito de facilitar a análise de suas pesquisas, e primordialmente, por considerar os focos principais e as designações dessas pesquisas segundo cada um dos referidos temas. Nesse caso, analisamos aqui as pesquisas que trataram de propostas curriculares oficiais ou de projetos especiais de EJA em relação à Matemática, além de práticas curriculares desenvolvidas em instituições de ensino, e de reflexões sobre proposições curriculares para o ensino de Matemática nessa modalidade. Se a relevância de se discutir a questão do currículo escolar é incontestável, na EJA essa discussão adquire tonalidades próprias, pois implica uma visão de currículo que se contraponha ao entendimento tradicional de organização de disciplinas que se justapõem e 132 acarretam em uma formação fragmentada, devendo ser concebido e colocado em prática um currículo “flexível, diversificado e participativo, definido a partir das necessidades e dos interesses dos alunos, levando-se em consideração sua realidade sociocultural, científica e tecnológica e reconhecendo o seu saber” (BRASIL, 2002, p. 120). Baseados nessa perspectiva, analisamos a seguir as pesquisas concernentes ao tema “Currículo de Matemática na EJA”, conforme o Quadro 9, decorrentes das teses e dissertações consolidadas em nosso material de estudo. Quadro 9 – Pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos segundo o tema “Currículo de Matemática na EJA” Quant. Pesquisa Kooro (2006) Camargo (2007) 5 Castro (2007) Coan (2008) Friedrich (2009) Araújo (2001) 3 Rodrigues, P. (2008) Freitas (2010) 1 1 Stragliotto (2008) Tipo1 Instituição Foco/Objeto de Estudo Subtema: Propostas e projetos curriculares Organização do currículo de Matemática na EJA em documentos DP UNICSUL curriculares oficiais Estrutura curricular do Telecurso 2000 quanto à articulação entre a DA USF Matemática Escolar e a Não Escolar Curso de Matemática do Projeto Minerva, reconhecido curso Supletivo, DP PUC/SP via rádio, nos anos de 1970 e 1980 Relação entre o currículo de Matemática do PROEJA e os objetivos DA UFSC desse Programa quanto às expectativas e necessidades dos seus alunos Proposta oficial do PROJOVEM quanto ao ensino de Ciências e DA UFG Matemática no ProJovem-Goiânia/GO Subtema: Currículo presente em práticas escolares Currículo de Matemática expresso em materiais didáticos produzidos DA UFMG por escolas de Ensino Médio na EJA Propostas curriculares de Matemática na EJA e sua compatibilidade DA UFSM com as práticas pedagógicas de escolas de Santa Maria/RS Currículo de Matemática integrado para o PROEJA-IFES a partir da T UFES construção colaborativa de material didático Subtema: Reflexões sobre proposições curriculares Fundamentos e bases teóricas para a elaboração de uma proposta DA UNIJUÍ curricular para a Matemática na EJA Correspondente ao tipo de pesquisa: Tese (T), Dissertação Acadêmica (DA) e Dissertação Profissional (DP) A respeito da produção anual das pesquisas relacionadas ao tema “Currículo de Matemática na EJA” no período de 2001 a 2010, verificamos a não ocorrência de investigações entre os anos de 2002 a 2005; a incidência de uma pesquisa anual para os anos de 2001, 2006, 2009 e 2010; duas pesquisas em 2007 e três em 2008. 5.2.1 – Principais problemas e/ou objetivos abordados pelas pesquisas As nove pesquisas com problemas ou objetivos relacionados ao currículo de Matemática na EJA foram agrupadas e posteriormente analisadas conforme três subtemas: “propostas e projetos curriculares”, “currículo presente em práticas escolares”, e “reflexões sobre proposições curriculares”. Para o subtema “propostas e projetos curriculares”, observamos as pesquisas referindo-se à análise da organização do currículo de Matemática na EJA proposta por órgãos oficiais (KOORO, 2006), ao estudo de programas governamentais quanto ao currículo de Matemática (COAN, 2008; FRIEDRICH, 2009), e à análise da estrutura curricular de cursos 133 de Matemática de programas de educação à distância (CAMARGO, 2007; CASTRO, 2007). A pesquisa de Kooro (2006) investigou como estavam organizados os currículos de Matemática para o Ensino Fundamental, na modalidade EJA, nas propostas curriculares do MEC, das secretarias estaduais de educação do Distrito Federal e dos estados do Rio Grande do Norte e da Bahia, e das secretarias municipais de ensino de Betim/MG e de São Paulo/SP. Em relação aos estudos que trataram de programas governamentais quanto ao currículo de Matemática, temos que Coan (2008) pesquisou as relações percebidas entre a proposta dos conhecimentos específicos do currículo de Matemática do PROEJA do CEFET/SC de Florianópolis e os objetivos desse programa, bem como as necessidades, as expectativas e os desejos de seus alunos. Friedrich (2009) se propôs fazer uma análise crítica da proposta oficial do PROJOVEM quanto ao ensino de Ciências e Matemática a partir da realidade vivida pelos jovens egressos do PROJOVEM de Goiânia/GO. No rol das pesquisas que enfocaram a estrutura curricular de cursos de Matemática de programas de educação à distância, a de Camargo (2007) investigou a estrutura curricular do Telecurso 2000, objetivando identificar e analisar as concepções de Matemática e saber cotidiano que fundamentavam os discursos produzidos nas teleaulas sobre a articulação entre a Matemática escolar e não escolar. Já Castro (2007) pesquisou os limites e problemas encontrados no curso de Matemática do Projeto Minerva, um projeto pioneiro, via rádio, de dimensão nacional nos anos de 1970 e 1980, com oferta do antigo Ensino Supletivo. No subtema “currículo presente em práticas escolares” foram reunidas três pesquisas, sendo duas sobre o currículo de Matemática expresso através de materiais didáticos utilizados na EJA (ARAÚJO, 2001; FREITAS, 2010), e outra concernente ao currículo de Matemática nas práticas pedagógicas em sala de aula da EJA (RODRIGUES, P., 2008). Nas pesquisas envolvendo a análise de materiais didáticos, tivemos o estudo de Araújo (2001), que buscou identificar e analisar o currículo de Matemática construído para o Ensino Médio da EJA a partir de livros e apostilas produzidas por escolas; e a pesquisa de Freitas (2010), que objetivou analisar as construções e atividades de produção e utilização de material didático realizadas de forma colaborativa pelo grupo de professores de Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFES) do Espírito Santo e a contribuição desse trabalho para a concretização de um currículo integrado no PROEJA. O estudo de Rodrigues, P. (2008) teve como propósito realizar a caracterização geral de propostas curriculares para o ensino de Matemática, na modalidade EJA, de escolas de Santa Maria/RS e compreender o nível de compatibilidade entre essas propostas e as práticas pedagógicas desempenhadas em salas de aula nessas escolas. 134 O último subtema relativo ao tema “Currículo de Matemática na EJA”, se referindo às “reflexões sobre proposições curriculares”, teve como única pesquisa o trabalho realizado por Stragliotto (2008), que se propôs estudar e refletir sobre os fundamentos e bases teóricas para a elaboração de uma proposta curricular comprometida com a inclusão social e com a busca da autonomia dos alunos no ensino de Matemática na EJA. 5.2.2 – Referenciais teóricos e procedimentos metodológicos das pesquisas Na análise dos aportes teóricos das nove pesquisas relacionadas ao tema “Currículo de Matemática na EJA”, observamos uma variedade de autores abordados, destacando-se os pressupostos teóricos de Paulo Freire (CAMARGO, 2007; CASTRO, 2007; RODRIGUES, P., 2008; FREITAS, 2010; STRAGLIOTTO, 2008). As ideias de Paulo Freire também se constituíram em referência teórica principal nos artigos relativos ao currículo de Matemática na EJA analisados por Freitas (2013), em sua pesquisa de estado da arte das publicações envolvendo Educação Matemática e EJA em periódicos no período de 2000 a 2010. Apesar da diversidade teórica das pesquisas organizadas segundo o tema “Currículo de Matemática na EJA”, praticamente não se constatou o aporte teórico principal de autores que discutem a questão do currículo escolar, ou mesmo, o suporte teórico à Proposta Curricular para a EJA. A exceção foram Kooro (2006), que se fundamentou em Arroyo e em Sacristán; e Coan (2008), que também se apoiou teoricamente em Sacristán. A abordagem histórica da EJA, comum nas pesquisas relativas ao tema “Concepções/Significados/Percepções”, foi enfocada em apenas quatro das nove pesquisas atinentes ao tema aqui analisado (KOORO, 2006; COAN, 2008; FRIEDRICH, 2009; STTAGIOTTO, 2008). Essa constatação se diferenciou da observação realizada no estado da arte de Freitas (2013), destacando que nos artigos sobre o currículo de Matemática na EJA houve uma apresentação, mesmo que simplificada, de partes da história dessa modalidade como introdução aos temas estudados. Complementando que: “A utilização nos artigos de um fio condutor histórico apareceu por diversas vezes, como forma de apresentar e justificar os paradigmas relacionados às formas alternativas de organização curricular que permearam e moldaram a EJA” (FREITAS, 2013, p. 218). Metodologicamente, todas as pesquisas categorizadas no tema “Currículo de Matemática na EJA” foram desenvolvidas com base na abordagem qualitativa, embora algumas delas não tivessem explicitado a sua opção metodológica (CASTRO, 2007; 135 FRIEDRICH, 2009; ARAÚJO, 2001) ou recorrido a outras denominações como, por exemplo, a “Metodologia Comunicativa Crítica” (FREITAS, 2010). Novamente nos voltando ao estudo de estado da arte realizado por Freitas (2013), encontramos similaridades entre as pesquisas que analisamos e os artigos analisados em sua tese, sendo elucidado por ele que, de uma forma geral, seus artigos foram originados tendo por base pesquisas do tipo qualitativas. A respeito dos instrumentos metodológicos adotados na produção e coleta de dados, constatamos o predomínio da análise documental, sendo utilizada pelas pesquisas, com exceção dos estudos de Freitas (2010) e Stragliotto (2008), contemplando materiais didáticos (livros, apostilas, scripts de aulas), ementas de cursos, projetos político-pedagógicos, planos de estudos e planos de aula de Matemática. Associado à análise documental, também verificamos a ocorrência do uso de instrumentos metodológicos como: entrevistas, sendo realizadas com personagens da história do rádio (CASTRO, 2007), alunos (COAN, 2008), e professores de Matemática e coordenadores pedagógicos da EJA (RODRIGUES, P., 2008); questionários, aplicados junto a alunos (COAN, 2008; RODRIGUES, P., 2008) e ex-alunos (FRIEDRICH, 2009); análise de material gravado referente a videoaulas (CARMARGO, 2007) e aulas via rádio de Matemática (CASTRO, 2007); e observação, com registro em diário de campo, em sala de aula e em reuniões de professores (RODRIGUES, P., 2008; FREITAS, 2010). Em relação à organização e análise dos dados das pesquisas categorizadas no tema “Currículo de Matemática da EJA”, verificamos que essas não detalharam o processo de categorização e a modalidade de análise das informações coletadas, e quando assim enunciaram, principalmente na etapa de apresentação e análise dos dados, diagnosticamos o emprego de categorias de análise emergentes (FRIEDRICH, 2009; ARAÚJO, 2001; RODRIGUES, P., 2008; FREITAS, 2010) ou a combinação de categorias previamente estabelecidas e categorias emergentes (KOORO, 2006). Do mesmo modo, na menção à modalidade de análise adotada, apenas as pesquisas de Kooro (2006) e Camargo (2007) relataram terem se apropriado da análise de conteúdo; e o estudo de Freitas (2010), que se referiu ao uso dos componentes próprios da Metodologia Comunicativa Crítica. No que concerne aos autores apontados como referências metodológicas das pesquisas relativas ao tema “Currículo de Matemática na EJA”, constatamos algumas dessas pesquisas que não se apoiaram em autor algum (CAMARGO, 2007; CASTRO, 2007; ARAÚJO, 2001; STRAGLIOTTO, 2008). As demais pesquisas elencaram vários autores 136 como aporte teórico-metodológico, com destaque para Gil (KOORO, 2006; COAN, 2008; RODRIGUES, P., 2008). Sendo que nenhum outro autor foi citado por mais de uma pesquisa. Quanto aos níveis e/ou etapas de ensino do currículo de Matemática na EJA abordados nas pesquisas aqui analisadas, observamos dois estudos no Ensino Fundamental (KOORO, 2006; RODRIGUES, P., 2008), um no Ensino Médio (ARAÚJO, 2001). Além de dois estudos no PROEJA (COAN, 2008; FREITAS, 2010), um no PROJOVEM (FRIEDRICH, 2009), e outros dois em programas de educação à distância: Telecurso 2000 (CAMARGO, 2007) e Projeto Minerva (CASTRO, 2007). A considerar a realização do PROEJA no Ensino Médio e do PROJOVEM no Ensino Fundamental, e o atendimento aos ensinos Fundamental e Médio pelo Telecurso 2000 e pelo Projeto Minerva, além das pesquisas supracitadas com seus estudos especificamente no Ensino Fundamental ou no Ensino Médio, podemos observar que não houve a predominância de estudos relativos ao currículo de Matemática na EJA em um nível de ensino específico, ao contrário das pesquisas em Educação Matemática desenvolvidas até o final dos anos de 1990, em que os estudos curriculares de Matemática foram mais frequentes no Ensino Fundamental, havendo poucos estudos no Ensino Médio (FIORENTINI; LORENZATO, 2006). 5.2.3 – Principais resultados e conclusões explicitados pelas pesquisas As pesquisas referentes ao tema “Currículo de Matemática na EJA”, nove no total, evidenciaram considerações importantes, mas que não permitem generalizações em função dos limites desses estudos e por se constituírem em considerações pontuais em consequência de seus focos de estudo terem se voltado para aspectos específicos. Em resumo às principais considerações das pesquisas tratando do subtema “propostas e projetos curriculares”, temos que: Na pesquisa de Kooro (2006) foi observado que embora a maioria das propostas curriculares apresentasse considerações pertinentes e coerentes com os referenciais teóricos tidos como relevantes para a educação de pessoas jovens e adultas, a organização dos temas e as orientações didáticas não estavam na mesma perspectiva, desconsiderando-se as especificidades da EJA, e sendo ainda muito similares com o ensino “regular”. Também se chegou à conclusão que nem todas as propostas curriculares contemplaram a área de Matemática e as que contemplaram não orientaram o professor na forma como trabalhar na EJA, dialogando pouco com o professor, além de discutir minimamente a abordagem dos eixos temáticos da Matemática e pouco explorarem seus aspectos formativo e funcional. O estudo de Camargo (2007) concluiu que, apesar do Telecurso 2000 se propor a 137 valorizar o saber cotidiano, reconhecendo-o e utilizando-o como proposta curricular para as teleaulas, essa prática não ocorreu efetivamente, pois nas teleaulas de Matemática os desenvolvimentos partiam sempre de situações-problema do cotidiano, mas para resolvê-las era utilizado somente o conhecimento institucionalizado, ou seja, o escolar, acarretando na “escolarização” do cotidiano. Nesse caso, o conhecimento cotidiano que as pessoas adquirem no seu dia a dia não era incorporado aos seus novos conhecimentos, e nessa relação, o saber cotidiano foi desvalorizado e esquecido, sendo utilizado apenas como cenário das teleaulas. A investigação de Castro (2007) revelou que o curso de Matemática do Projeto Minerva foi uma experiência grandiosa e desafiadora, mas que enfrentou diversos problemas. Um deles foi a ausência de imagem, e mesmo que acompanhando as aulas pelo jornal do telecurso e contando com a presença do orientador de aprendizagem, os alunos tinham dificuldades na compreensão do conteúdo matemático via rádio. Outro limite imposto decorreu da sequência de veiculação da informação via rádio como irreversível, não havendo como voltar atrás, o que fazia com que os conceitos matemáticos tivessem que ser repetidos várias vezes. Além desses problemas, o grande desafio no ensino da Matemática pelo rádio foi transpor esse tipo de aula para a linguagem radiofônica, isso em função das dificuldades do redator para elaborar um roteiro que o locutor pudesse entender e dar a entonação necessária para que o texto pudesse ser entendido pelos alunos. A pesquisa de Coan (2008) chegou à conclusão de que houve um descompasso entre os objetivos do PROEJA, os educandos e o que se apresentava para o currículo de Matemática, configurando-se esse descompasso não meramente por meio dos conhecimentos específicos desse currículo, mas também, por questões metodológicas e, principalmente, pela não consideração das características essenciais do público da EJA em toda sua extensão. Provavelmente em consequência dessa consideração, a pesquisa de Roloff (2009), analisada no tema “Concepções/Significados/Percepções”, também realizada no mesmo local onde ocorreu a pesquisa de Coan (2008), ou seja, no PROEJA do CEFET/SC de Florianópolis, constatou que os alunos participantes da sua pesquisa revelaram que o PROEJA não havia atendido as funções da EJA. Retomando os estudos do subtema “propostas e projetos curriculares”, em sua última pesquisa, observamos que Friedrich (2009) foi conclusivo em seu trabalho, destacando que poucos esforços foram feitos no sentido de explicitar ou discutir os contornos e especificidades no campo pedagógico da EJA em relação ao currículo das disciplinas de Ciências e Matemática no PROJOVEM. Tratando ainda que a discussão acerca da educação em Ciências e Matemática para jovens e adultos também não foi frequente nos documentos 138 oficiais, sendo que um dos poucos documentos explicitando as relações entre esses campos foi a Proposta Curricular para a EJA. Em relação às considerações evidenciadas pelas pesquisas relativas ao subtema “currículo presente em práticas escolares”, podemos sintetizar que: Na investigação de Araújo (2001), constatou-se que as informações contidas nos livros e apostilas produzidas pelas escolas de Ensino Médio, na modalidade EJA, bem como as estratégias para atribuir significado ao conhecimento matemático, as habilidades que podem ser desenvolvidas por meio das atividades propostas e os valores que perpassam todas essas escolhas, mostraram que o currículo de Matemática contribuiu para reforçar a exclusão, mas também apresentou algumas inovações a partir da incorporação de pressupostos apontados pela pesquisa em Educação Matemática. Além disso, verificou-se que o “básico” se traduziu como “mínimo” nos livros e apostilas produzidas por essas escolas, não somente por meio dos conteúdos selecionados, mas principalmente, pela forma como esses foram abordados, sendo no modo e não na quantidade de conteúdos que o recorte feito do currículo “oficial” contribuiu para a exclusão dos alunos. A pesquisa de Rodrigues, P. (2008) chegou à consideração que: se, por um lado, as propostas curriculares e os planos de estudo de Matemática das escolas investigadas evidenciaram coerência com as sinalizações legais e teóricas para com o trabalho pedagógico na EJA, reproduzindo as recomendações da LDBEN 9394/96 e do Parecer CNE/CEB 11/2000, bem como as ideias do pensamento de Paulo Freire, além de possuírem os conteúdos curriculares previstos pelas orientações curriculares nacionais para o Ensino Fundamental, por outro lado, os planos de aula e as práticas pedagógicas dos professores dessas escolas demonstraram incoerência com suas propostas curriculares e planos de estudo de Matemática, sendo que os professores repetiram, essencialmente, os modelos tradicionais de ensino, baseando-se em um modelo dirigido às crianças e adolescentes, e tratando o currículo de Matemática simplesmente como uma listagem de conteúdos conceituais a serem aprendidos pelos alunos. Por fim, Rodrigues, P. (2008) concluiu também que não existia uma prática colaborativa no sentido da troca de experiências entre os professores de Matemática em relação ao currículo escolar, e mesmo com todos os avanços da teoria curricular, muitas discussões não haviam ainda chegado efetivamente nessas escolas. A tese de Freitas (2010) destacou entre suas considerações que as produções colaborativas foram a melhor direção no sentido de compreender as especificidades do PROEJA, bem como para o professor se compreender como sujeito em um processo de aprendizagem dialógica. Também acrescentou que o material didático produzido e o currículo 139 elaborado em decorrência dessas produções pelo grupo de professores pesquisados se revelaram com potencial em relação à colaboração com a aprendizagem do estudante jovem ou adulto do PROEJA, além de contribuir de maneira significativa com o processo de integração curricular na relação entre Educação Profissional, Ensino Médio e EJA. A única pesquisa alusiva ao subtema “reflexões sobre proposições curriculares”, no caso o estudo de Stragliotto (2008), por se tratar de um trabalho teórico e propositivo para o currículo de Matemática na EJA, não chegou a fazer considerações, mas sim, recomendações. Dessa forma, ressaltou que uma proposta curricular de Matemática para a EJA deve apostar nas ideias da Etnomatemática, do multiculturalismo e da dialogicidade, devendo ser construída coletivamente a partir dos interesses, das falas e da participação de todos os sujeitos envolvidos no processo educacional, abarcando entre outros aspectos: o reconhecimento do sujeito como inconcluso e em permanente processo de constituição; a historicidade como possibilidade e não determinismo; a pluralidade cultural como um desafio; a criatividade como um potencial a ser trabalhado; a interdependência dos conhecimentos; e a escola como referência na formação para a cidadania e para a democracia. 5.2.4 – Contribuições e implicações das pesquisas Em relação às práticas educativas na Educação Matemática de Jovens e Adultos O mérito primordial das pesquisas aqui analisadas, principalmente ao denunciarem alguns problemas relativos ao currículo de Matemática na EJA abordados em suas considerações, foi ressaltar diversas proposições no sentido de contribuir para as práticas efetivas de mudanças e inovações curriculares. Nesse sentido, em termos de sugestões tratando do currículo de uma forma geral, tivemos a urgência de se estabelecer um diálogo entre os que elaboram os currículos e aqueles que se beneficiarão deles (COAN, 2008), e a necessidade de dar voz aos alunos e professores na identificação de suas demandas para apontar as possibilidades de inseri-las no currículo ou de tomá-las como base na construção de uma nova proposta curricular (ARAÚJO, 2001). Quanto ao currículo na EJA, sugere-se que essa modalidade seja compreendida como um campo específico que demanda um corpo teórico bem definido (COAN, 2008). No tocante ao currículo de Matemática na EJA, sustenta-se a possibilidade de se estruturá-lo com os respectivos conhecimentos específicos dessa área, de modo que sejam, de fato, significativos para os educandos, e mais, que sejam trabalhados de modo que os mesmos percebam sua utilização, aplicação e sentido (COAN, 2008). Nessa perspectiva, propõe-se um currículo que contemple a abordagem etnomatemática, que considera as diferentes 140 matemáticas, promovendo a integração e o diálogo constante entre a Matemática do cotidiano e a formal socializada pela escola, valorizando ainda os conhecimentos prévios dos educandos jovens e adultos, sem jamais deixar de lhes oportunizar o acesso aos saberes escolares, que necessitam ser trabalhados de forma crítica e reflexiva (STRAGLIOTTO, 2008). A incorporação da Etnomatemática no currículo de Matemática na EJA também foi tratada em determinados estudos pertinentes ao estado da arte de Freitas (2013), discutindo suas possíveis contribuições no desenvolvimento do currículo empregado nos cursos direcionados para a modalidade EJA. Na efetivação das recomendações até então destacadas, algumas das pesquisas categorizadas no tema “Currículo de Matemática na EJA” sugeriram que os professores: participem de estudos curriculares, no sentido de que isso possa ajudá-los a definir as abordagens e conceitos matemáticos para a EJA (KOORO, 2006); constituam um espaço privilegiado de trabalho colaborativo onde possam compartilhar saberes e experiências na busca do desenvolvimento profissional e da integração curricular (FREITAS, 2010); e promovam uma formação em serviço que aconteça nas próprias escolas a partir de grupos de estudos que oportunizem troca de experiências, pesquisa, diálogo e planejamento de ações coletivas referentes ao currículo de Matemática na EJA (STRAGLIOTTO, 2008). Além disso, se reforçou a proposição indicada por pesquisas e orientações curriculares no contexto da EJA, de que os professores optem por relacionar os conteúdos matemáticos escolares com assuntos do cotidiano dos estudantes e enfatizem aspectos pluriculturais da comunidade, da escola, do meio ambiente, da família, da etnia etc. (KOORO, 2006), e valorizem as vivências e experiências do cotidiano, o que significa, além de tudo, reconhecer o sujeito da EJA, seu espaço, suas raízes, sua cultura e, principalmente, seus conhecimentos (CAMARGO, 2007). Essa proposição foi ressaltada pela Declaração de Hamburgo ao suscitar os ideais de uma educação de pessoas jovens e adultas como uma educação multicultural, no respeito aos conhecimentos e às formas de aprendizagem de diferentes grupos sociais. Em reconhecimento à importância de se construir um currículo em consonância com as especificidades e demandas da EJA, foi defendido ainda a necessidade de integrar a formação de professores aos processos de desenvolvimento curricular (KOORO, 2006), buscando reverter o quadro da falta de discussão ou investimento em formação de professores dentro da perspectiva do currículo de Matemática para a EJA (FRIEDRICH, 2009). Para as instituições de ensino no atendimento à modalidade EJA, ressaltou-se que produzam dentro de seus contextos e de suas realidades, preferencialmente de forma 141 participativa, os seus currículos e suas propostas político-pedagógicas (COAN, 2008). Tratando especificamente do PROEJA, que envolve diferentes modalidades de ensino, como o Ensino Médio, a Educação Profissional, bem como a EJA, propõe-se que se sigam as orientações curriculares legais que norteiam essas modalidades e se atenha à questão da importância de um debate sobre a elaboração e constituição de um currículo integrado no atendimento aos seus objetivos e demandas (COAN, 2008; FREITAS, 2010). Essa proposição de um currículo integrado também foi salientada por algumas das pesquisas analisadas no estado da arte de Freitas (2013, p. 221), cuja defesa resgatou que: “O currículo escolar elaborado nessa perspectiva busca a formação humana integrada às diferentes dimensões da vida do estudante/trabalhador, incluindo o trabalho e a cultura”. Em relação à pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos O número relativamente baixo de nove pesquisas sobre o currículo de Matemática na EJA em consideração ao universo das pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos levantadas nesta tese, representando cerca de 7%, corrobora a constatação de Kooro e Lopes (2007, p. 99) de que: “Embora, a educação de jovens e adultos esteja constantemente na pauta das discussões nacionais sobre a educação brasileira, ainda há uma tímida produção científica relacionada à educação matemática e ao currículo desse curso”. Em contrapartida a essa relativa timidez de produções tratando do currículo de Matemática na EJA, observa-se um campo investigativo em potencial e aberto às possibilidades de propor discussões, reflexões e contribuições frente à urgência de uma reorientação do currículo para o atendimento da modalidade EJA em escolas originalmente concebidas e instituídas para atender crianças e adolescentes. Nesse movimento, entre alguns exemplos de estudos que podem ser idealizados no âmbito do currículo de Matemática na EJA, pode se investigar como os aspectos da informação, conhecimento matemático, habilidades e valores articulam-se na construção curricular observável na prática de sala de aula na EJA (ARAÚJO, 2001); ou ainda, se pesquisar sobre a associação da EJA ao ensino noturno e sua relação na definição do currículo (COAN, 2008). Além disso, pode se estudar a relação entre o currículo desenvolvido em sala de aula e o suposto tempo abreviado para conclusão dos estudos na Educação Básica nos cursos de EJA (KOORO, 2006; RODRIGUES, P., 2008). Com a ampliação de programas direcionados aos jovens e adultos, principalmente a partir dos anos 2000, podemos sugerir ainda, a exemplo dos estudos de Coan (2008), Friedrich (2009) e Freitas (2010), a prática de pesquisas sobre o PROJOVEM, o PROEJA, e o movimento de aproximação entre o Ensino Médio e a Educação Profissional com a EJA, 142 destacando aspectos sobre a relação escola, mundo do trabalho e conhecimentos matemáticos. No desenvolvimento dessas e de outras futuras pesquisas envolvendo o currículo de Matemática na EJA, ressaltamos o suporte às teorias difundidas por autores que se dedicam aos estudos sobre o currículo escolar, e mesmo o apoio às discussões e orientações curriculares de documentos oficiais, entre eles, a Proposta Curricular e as DCNs para a EJA, e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). A respeito da metodologia da pesquisa dos estudos relativos ao tema “Currículo de Matemática na EJA”, principalmente em relação à ausência de descrição do processo de categorização e análise dos dados, indicamos às futuras pesquisas envolvendo esse tema, que descrevam detalhadamente todos os procedimentos metodológicos desde a coleta até a análise dos dados, evidenciando ainda as categorias e modalidades de análise, principalmente por se constituírem, geralmente, em estudos documentais que requerem dos pesquisadores cuidados metodológicos para validar suas fontes de dados (MARCONI; LAKATOS, 2009), que no caso das pesquisas sobre currículo, costumam recorrer a documentos como: propostas curriculares, livros, ementas, projetos políticos pedagógicos, planos de estudos e de aulas. 5.3 – Didática/Metodologia de Ensino Este tema reúne as pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, defendidas no Brasil entre os anos de 2001 a 2010, que têm como objeto de estudo a proposição de métodos e recursos didáticos no processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA, bem como a avaliação desse processo. No âmbito das pesquisas em Educação Matemática é reconhecido que os estudos sobre didática e metodologia de ensino passaram a ser tema de interesse a partir do final dos anos de 1970, quando as pesquisas sobre o ensino começaram a aparecer com mais frequência, principalmente em relação à avaliação dos efeitos dos diferentes métodos ou materiais de ensino na aprendizagem dos alunos (FIORENTINI; LORENZATO, 2006). Em se tratando das pesquisas em EJA, produzidas no Brasil no período de 1986 a 1998, Cukierkorn (2002) levanta a hipótese de que os primeiros estudos nessa área, enfocando especialmente o processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos matemáticos, já estariam voltados para a questão didática e metodológica como objeto de suas investigações. Diante da consideração quanto à longa data de estudos interessados em analisar os 143 procedimentos didático-metodológicos na educação matemática e da importância de se discutir os aspectos relacionados à didática e às metodologias de ensino da Matemática para os educandos da EJA, passamos à análise das pesquisas levantadas nesta tese tratando especificamente do tema “Didática/Metodologia de Ensino”, elencadas conforme Quadro 10. Quadro 10 – Pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos segundo o tema “Didática/Metodologia de Ensino” Quant. Pesquisa Bail (2002) Maciel (2002) Levy (2003) Gomes, A. (2007) 10 Incheglu (2007) Silveira (2007) Jara (2008) Conti (2009) Andrade (2010) Ribacionka (2010) Oliveira (2004) 4 Rozal (2007) Smith (2008) Bispo (2010) Pavanelo (2004) 3 Oliveira (2007) Silva, J. (2008) Wanderer (2001) Albuquerque (2004) Silva, J. V. (2006) Pereira (2008) 9 Adelino (2009) Pacheco (2009) Terra (2009) Martins (2010) Miranda (2010) Migliorini (2007) 2 Monteiro (2010) 1 Tipo1 Instituição Foco/Objeto de Estudo Subtema: Métodos/estratégias de ensino diversificados Trabalho em grupo com base no mundo do trabalho e na atividade DA UnC profissional de alunos da EJA Metodologias de Ensino com base na valorização dos aspectos cultural, DA UFPB econômico e político dos alunos da EJA Discussão teórica sobre a proposição metodológica da dupla DA UFPA heterogênea de professores em aulas de Matemática na EJA Tarefas exploratório-investigativas de conteúdos de Matemática na DA USF mobilização de conhecimentos matemáticos em sala de aula na EJA Proposição da educação matemática crítica a partir de um projeto de DP UNICSUL reforma da moradia com alunos da EJA Metodologias de Projetos de Kilpatrick combinada com atividades DP UNIFRA contextualizadas na aprendizagem de Matemática Financeira na EJA Proposta de ensino embasada na pesquisa como princípio educativo no DP UFRGS ensino de Matemática na EJA Trabalho com projeto no ensino de Estatística e o papel da produção DA UNICAMP desse conhecimento na inclusão de alunos em atividades letradas Aulas contextualizadas e projetos de pesquisa sobre o mundo do DA UFRRJ trabalho na aprendizagem matemática de alunos do PROEJA DP PUC/SP Metodologia WebQuest no letramento estatístico de alunos Subtema: Modelagem Matemática Modelagem Matemática como alternativa de ensino e aprendizagem de DP UFRN Geometria na EJA Modelagem Matemática associada aos temas transversais como DA UFPA estratégia de ensino na EJA Modelagem Matemática nas múltiplas ações e interações no ato de DA UFPA aprender de jovens e adultos DA UFBA Participação de alunos em um ambiente de Modelagem Matemática Subtema: Resolução de Problemas Matemáticos Reações de alunos diante de uma proposta de trabalho a partir da DA UNESP/RC resolução de situações-problema DA UCB Ensino de Matemática na EJA a partir da resolução de problemas Saberes matemáticos mobilizados, produzidos e/ou (re)significados por DA USF alunos em ambiente de aprendizagem de resolução de problemas Subtema: Materiais/recursos didáticos Potencialidades do uso de produtos da mídia no ensino de Matemática DA UNISINOS na EJA na perspectiva da Etnomatemática DP UFRN Cartas de tarô como recurso didático no ensino de Matemática na EJA Dificuldades de professores e alunos quanto ao uso do vídeo em sala de DA UFRPE aula no ensino de Matemática na EJA Atividades e metodologias para o ensino de Geometria na EJA a partir DA UFRN da manipulação de mapas e do globo terrestre Práticas de numeramento constituídas e mobilizadas em atividades DA UFMG relacionadas aos números racionais em livros didáticos da EJA Proposta metodológica transdisciplinar a partir do uso de softwares no DA PUC/RS ensino de Geometria na EJA Proposição de atividades para o ensino de Matemática na EJA a partir DP UFRGS de dados de mídias impressa e virtual Situações-problema de estruturas multiplicativas em livros didáticos de DA UFPE alfabetização de jovens e adultos Elaboração de Caderno Temático para o ensino de Matemática em DP PUC/MG curso de Técnico em Agente Comunitário de Saúde do PROEJA Subtema: Avaliação do ensino-aprendizagem Fracasso escolar em exames de Matemática do curso de EJA do SESI DA UNISO de Sorocaba/SP Práticas avaliativas em Matemática em uma escola pública de EJA em DP UFOP Belo Horizonte/MG Correspondente ao tipo de pesquisa: Dissertação Acadêmica (DA) e Dissertação Profissional (DP) 144 O tema “Didática/Metodologia de Ensino” é o que reúne o maior número de pesquisas (28) em comparação aos demais temas categorizados nesta tese. Além disso, é o único que não se compõe de pesquisa de doutorado, concentrando um percentual significativo (39%) de estudos oriundos de mestrados profissionais entre as 23 dissertações levantadas. Em termos de produção anual dessas pesquisas, constatamos que apenas no ano de 2005 não houve estudo, com o maior número de investigações coincidindo com os anos em que ocorreu a maior concentração de pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, ou seja, em 2007 e 2010, com seis estudos para cada um desses anos. Para os demais anos, verificamos a ocorrência de uma pesquisa anual para os anos de 2001, 2003 e 2006, e quatro pesquisas anuais para os anos de 2008 e 2009, e a ocorrência de duas pesquisas em 2002 e três em 2004. 5.3.1 – Principais problemas e/ou objetivos abordados pelas pesquisas Do total de 28 pesquisas relativas ao tema “Didática/Metodologia de Ensino”, destaca-se que nos propusemos analisá-las com base em cinco subtemas no intuito de melhor visualizá-las e facilitar seu estudo, sendo que poderíamos ter agrupado as pesquisas em modelagem matemática e em resolução de problemas matemáticos no subtema “métodos/estratégias de ensino diversificados”, uma vez se tratar de métodos de ensino. Porém, optamos por categorizar essas pesquisas a partir de dois subtemas específicos: “modelagem matemática” e “resolução de problemas matemáticos”, pela relevância dessas duas estratégias didático-metodológicas no processo de ensinoaprendizagem da Matemática e pelo destaque quanto ao número dessas pesquisas em relação ao total de estudos referentes ao primeiro subtema categorizado para o tema aqui analisado. Os demais subtemas derivaram da importância assumida no âmbito da didática, referindo-se aos “materiais/recursos didáticos” e à “avaliação do ensino-aprendizagem”. Com enfoque inicial na análise das pesquisas organizadas segundo o subtema “métodos/estratégias de ensino diversificados”, conseguimos evidenciar entre essas pesquisas, as que: abordaram a perspectiva do ensino de Matemática a partir dos conhecimentos dos alunos (BAIL, 2002; MACIEL, 2002); trataram da metodologia de projetos (INCHEGLU, 2007; SILVEIRA, 2007); voltaram-se às propostas de ensino com base na realização de pesquisas executadas por alunos (JARA, 2008; ANDRADE, 2010); versaram sobre as metodologias alternativas para o ensino de Estatística (CONTI, 2009; RIBACIONKA, 2010). Também observamos mais duas pesquisas: uma que propôs teoricamente a condução de aulas de Matemática com dois professores presentes em sala (LEVY, 2003); e 145 outra que analisou um trabalho em sala de aula a partir da proposição de tarefas exploratórioinvestigativas (GOMES, A., 2007). Em relação às pesquisas que abordaram a perspectiva do ensino de Matemática a partir dos conhecimentos dos alunos, observamos que enquanto Bail (2002) suscitou a questão do mundo do trabalho e da atividade profissional como norteadores da prática pedagógica em Matemática, Maciel (2002) enfocou a valorização dos aspectos cultural, econômico e político nas proposições metodológicas voltadas aos jovens e adultos. No caso, Bail (2002) pesquisou o desenvolvimento de um trabalho em sala de aula a partir da dinâmica de grupo e da resolução de atividades envolvendo o contexto de atuação profissional dos alunos. E Maciel (2002) investigou os efeitos da aplicação de uma metodologia de ensino em sala de aula baseada na resolução de atividades relacionadas ao cotidiano dos estudantes. No que diz respeito às pesquisas que trataram da metodologia de projetos, notamos que Incheglu (2007) realizou sua pesquisa tendo como foco a análise do desenvolvimento de um projeto de reforma da moradia, executado coletivamente por alunos em sala de aula, e também fora do ambiente escolar, por um grupo específico de alunas composto por quatro senhoras. Por sua vez, Silveira (2007) investigou as dificuldades matemáticas de alunos e sua superação após a realização de atividades contextualizadas, tendo por princípio um projeto desenvolvido por esses alunos centrado no tema “Cooperativa”. Quanto às pesquisas que se voltaram às propostas de ensino com base na realização de investigações executadas por alunos, constatamos que a pesquisa de Jara (2008) analisou o desenvolvimento de uma proposta de trabalho realizada em turmas da EJA, que teve como princípio educativo a proposição e execução de pesquisas pelos alunos tratando de várias temáticas de sua escolha. Semelhantemente, Andrade (2010) analisou a aprendizagem matemática dos alunos mediada pela realização de aulas contextualizadas centradas em pesquisas executadas por esses alunos envolvendo suas experiências do mundo do trabalho. No tocante às pesquisas que versaram sobre a apropriação de metodologias direcionadas ao ensino de Estatística, observamos que Conti (2009), após ter desenvolvido um projeto denominado “Construindo Estatística” em uma escola de EJA, buscou analisar e compreender o processo de ensino-aprendizagem de Estatística nas aulas de Matemática e o papel da produção desse conhecimento na inclusão dos alunos em atividades letradas. Voltando-se à utilização da metodologia de ensino conhecida como WebQuest, Ribacionka (2010) investigou em que medida essa metodologia permitiu a introdução ao letramento estatístico por parte dos alunos da EJA. Em consideração às pesquisas que abordaram métodos de ensino específicos no 146 comparativo às demais pesquisas analisadas até aqui quanto ao tema “Didática/Metodologia de Ensino”, verificamos que o estudo de Levy (2003) realizou uma discussão teórica de proposição pedagógica pautada na transdisciplinaridade e no ensino através de duplas heterogêneas de professores na condução de aulas de Matemática na EJA; e a pesquisa de Gomes, A., (2007) analisou as contribuições de uma proposta metodológica pautada em tarefas exploratório-investigativas de conteúdos matemáticos para o ensino de Matemática e para a mobilização e produção de conhecimentos matemáticos pelos alunos da EJA e também pela professora desses alunos. Na avaliação das pesquisas pertinentes ao subtema “modelagem matemática”, diagnosticamos como elementos convergentes o fato dos estudos de Rozal (2007) e Smith (2008) terem sido realizados no Estado do Pará e com vínculos à UFPA, e as pesquisas de Oliveira (2004) e Bispo (2010) serem decorrentes de atividades desenvolvidas em salas de aula nas séries finais do Ensino Fundamental da EJA. O estudo de Rozal (2007) investigou em que termos a modelagem matemática associada aos temas transversais pode contribuir para melhorar o ensino e a aprendizagem dos alunos em Matemática na EJA; e o trabalho de Smith (2008), analisou o desenvolvimento da modelagem matemática na sala de aula, focalizando a aprendizagem de jovens e adultos em relação aos diferentes aspectos do conhecimento desencadeado nesse ambiente. A pesquisa de Oliveira (2004) estudou como a modelagem matemática pode contribuir para a construção do conhecimento geométrico dos alunos da EJA; enquanto que a pesquisa de Bispo (2010) se propôs analisar como alunos da EJA participaram das discussões em um ambiente de modelagem matemática. Na análise das pesquisas referentes ao subtema “resolução de problemas matemáticos”, observamos dois estudos com atenção no aluno (PAVANELO, 2004; SILVA, J., 2008) e um outro que além do aluno também enfocou o professor (OLIVEIRA, 2007). Com foco no aluno da EJA, os estudos de Pavanelo (2004) e Silva, J. (2008) pesquisaram respectivamente: as reações apresentadas pelos alunos a partir do desenvolvimento de uma proposta de trabalho com resolução de situações-problemas no ensino de álgebra elementar; e os saberes matemáticos mobilizados, produzidos e/ou (re)significados por alunos em um ambiente de aprendizagem com resolução de problemas. Por sua vez, o estudo de Oliveira (2007) investigou as percepções de professores e alunos sobre o uso da estratégia de resolução de problemas no ensino de Matemática à luz do trabalho pedagógico em sala de aula na EJA. Entre as pesquisas relativas ao subtema “materiais/recursos didáticos”, 147 constatamos similaridades quanto ao tipo de recurso investigado pelas mesmas: produtos da mídia (WANDERER, 2001; TERRA, 2009); materiais manipulativos (ALBUQUERQUE, 2004; PEREIRA, 2008); TICs (SILVA, J. V., 2006; PACHECO, 2009); livros didáticos (ADELINO, 2009; MARTINS, 2010); e materiais instrucionais (MIRANDA, 2010). Quanto às pesquisas tratando de produtos da mídia como recurso didático, verificamos que Wanderer (2001) investigou as potencialidades do uso de produtos da mídia (reportagens de jornal e revistas, vídeos, filmes e elementos da História do Brasil) para a EJA na perspectiva da Etnomatemática; e Terra (2009) analisou a proposição de um conjunto de atividades voltadas ao uso de dados apresentados em mídias impressas e virtuais (textos, gráficos e tabelas) no ensino de Matemática na EJA. No contexto das pesquisas que abordaram a utilização de materiais manipulativos como alternativa didática, temos que o estudo de Albuquerque (2004) investigou as contribuições do tarô como instrumento facilitador no processo de ensino-aprendizagem da Matemática, de modo a contribuir para a elevação da autoestima e a permanência de jovens e adultos na escola. Já a pesquisa de Pereira (2008) analisou o desenvolvimento de uma sequência de metodologias pautadas na exploração de mapas e do globo terrestre, com ênfase nas suas contribuições para o processo de aquisição ou aprimoramento de habilidades espaçovisuais pertencentes à capacidade de orientação por parte dos educandos da EJA. Em relação aos estudos que se voltaram para o uso das TICs como recurso didático, notamos que Silva, J. V. (2006) analisou as dificuldades apresentadas por professores de Matemática e alunos quanto ao uso do vídeo no processo de ensinoaprendizagem de Matemática na EJA; e Pacheco (2009) pesquisou uma proposta metodológica, baseada no uso de softwares gráficos, elaborada para auxiliar na compreensão de conteúdos de Geometria e no processo de inclusão digital de alunos da EJA. No tocante às pesquisas que se propuseram à análise de livros didáticos, tivemos o estudo de Adelino (2009), que analisou as práticas de numeramento envolvidas nas atividades relacionadas aos números racionais da coleção “Viver, Aprender – Educação de Jovens e Adultos – 2º segmento do Ensino Fundamental”; e a investigação de Martins (2010), que analisou como livros do aluno e respectivos manuais do professor, aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Alfabetização de Jovens e Adultos 2008, abordaram os problemas de estrutura multiplicativa. Quanto ao último estudo concernente ao subtema “materiais/recursos didáticos”, tratando, em especial, da produção de materiais instrucionais para o ensino de Matemática na EJA, temos o trabalho de Miranda (2010), que elaborou e analisou a aplicação de um caderno 148 temático para o ensino de Matemática nos cursos de Técnico em Agente Comunitário de Saúde do PROEJA dos Institutos Federais Norte de Minas e Sudeste de Minas. Com foco no subtema “avaliação do ensino-aprendizagem”, encontramos a pesquisa de Migliorini (2007), que investigou as razões do fracasso escolar na disciplina de Matemática no curso de EJA do SESI, na cidade de Sorocaba/SP; e o estudo de Monteiro (2010), que analisou como se dava a prática avaliativa em Matemática na EJA em uma escola da rede municipal de Belo Horizonte/MG. 5.3.2 – Referenciais teóricos e procedimentos metodológicos das pesquisas No exame dos autores abordados nas pesquisas relativas ao tema “Didática/Metodologia de Ensino”, resguardadas quanto ao vínculo com os subtemas nos quais foram categorizadas, optamos por apresentar os principais referenciais teóricos dessas pesquisas segundo seu agrupamento por subtema. Nesse sentido, considerando inicialmente os estudos que competem ao subtema “métodos/estratégias de ensino diversificados”, constatamos uma diversidade de autores referenciados, com certa unidade em Paulo Freire (BAIL, 2002; MACIEL, 2002; SILVEIRA, 2007; ANDRADE, 2010) e em Fonseca (GOMES, A., 2007; INCHEGLU, 2007; CONTI, 2009; ANDRADE, 2010). Sendo constatado ainda, o aporte às teorias da educação matemática crítica, defendidas por Alro e Skovsmose (GOMES, A., 2007; INCHEGLU, 2007; CONTI, 2009); e da Etnomatemática, com base em D’Ambrosio (MACIEL, 2002; INCHEGLU, 2007; ANDRADE, 2010). No âmbito das pesquisas relacionadas ao subtema “método/estratégias de ensino diversificados”, a título de exemplo demonstrando a diversidade de autores abordados como suporte teórico, podemos citar ainda: Prigogine, e Morin (LEVY, 2003); Bakhtin, e Charlot (GOMES, A., 2007); Zabala (SILVEIRA, 2007); Vergnaud (JARA, 2008); Magda Soares, e Gal (CONTI, 2009); e Moran (RIBACIONKA, 2010). No caso dos estudos referentes ao subtema “modelagem matemática”, verificamos a concentração teórica em torno de autores que têm defendido a modelagem como recurso didático no ensino de Matemática, destacando-se: Barbosa, referenciado por todos esses estudos; Biembengut e Hein, não referenciado apenas pela pesquisa de Bispo (2010); Bassanezi (OLIVEIRA, 2004; ROZAL, 2007); e Burak (ROZAL, 2007; SMITH, 2008). Além disso, observamos a recorrência teórica desses estudos aos escritos de Fonseca (OLIVEIRA, 2004; SMITH, 2008; BISPO, 2010) e às recomendações da Proposta Curricular para a EJA (OLIVEIRA, 2004; SMITH, 2008). 149 Ao contrário do que se esperava das pesquisas pertinentes ao subtema “resolução de problemas matemáticos” apoiarem-se em autores que defendem a resolução de problemas ou situações-problema como alternativa metodológica no ensino de Matemática, verificamos que apenas o estudo de Oliveira (2007) teve como aporte teórico principal, autores estudiosos dessa alternativa, entre eles: Polya; Onuchic e Allevato; e Pozo. A unidade teórica dessas pesquisas ficou por conta do aporte aos trabalhos de Fonseca sobre o processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA, referenciada por todas essas pesquisas; e o suporte às teorias de Paulo Freire, não tratado como referência principal apenas no estudo de Pavanelo (2004). Assim como nos estudos relacionados ao subtema “métodos/estratégias de ensino diversificados”, constatamos certa diversidade teórica entre as pesquisas alusivas ao subtema “recursos/materiais didáticos”. A principal referência teórica de parte dessas pesquisas também foi atribuída aos estudos de Fonseca sobre a Educação Matemática de Jovens e Adultos (PEREIRA, 2008; ADELINO, 2009; PACHECO, 2009; MARTINS, 2010; MIRANDA, 2010). Encontramos ainda, entre outras referências: Paulo Freire (PACHECO, 2009; TERRA, 2009; MIRANDA, 2010), Frankenstein (WANDERER, 2001; TERRA, 2009; MIRANDA, 2010), Vergnaud (TERRA, 2009; MARTINS, 2010). As duas pesquisas quanto ao subtema “avaliação do ensino-aprendizagem” evidenciaram referências teóricas distintas entre si, sendo que apenas Monteiro (2010) apresentou como suporte teórico autores que discutem a questão da avaliação escolar, com destaque para Hoffmann, Luckesi e Hadji. A pesquisa de Migliorini (2007) não apresentou aporte teórico definido, fazendo menção, em particular, aos PCNs e aos materiais do SESI. A perspectiva histórica da EJA não foi tratada de forma especial pelas pesquisas categorizadas no tema “Didática/Metodologia de Ensino”, que optaram primordialmente pela explanação de capítulos teóricos a respeito das abordagens didáticas focalizadas em suas investigações. A questão histórica foi brevemente abordada nos estudos de Bail (2002), Jara (2008), Andrade (2010), Smith (2008), Silva, J. V. (2006), Pereira (2008) e Terra (2009). Em análise aos procedimentos metodológicos das pesquisas referentes ao tema “Didática/Metodologia de Ensino”, independente dos seus subtemas, diagnosticamos que todas essas pesquisas foram desenvolvidas metodologicamente através da abordagem qualitativa, excetuando-se os estudos de: Migliorini (2010), considerado de caráter quantitativo, apesar de anunciar tratar-se de uma pesquisa qualitativa; e Martins (2010), de natureza quanti-qualitativa. 150 Algumas dessas pesquisas chegaram a se definir como um estudo de caso (GOMES, A., 2007; ANDRADE, 2010; OLIVEIRA, 2007; PACHECO, 2009; MONTEIRO, 2010), uma pesquisa participante ou etnográfica (MACIEL, 2002; CONTI, 2009; WANDERER, 2001), uma pesquisa-ação (INCHEGLU, 2007; JARA, 2008), uma pesquisa de campo (BAIL, 2002), ou um estudo de design experiments (RIBACIONKA, 2010). Salvo a pesquisa bibliográfica de Levy (2003), e os estudos de Adelino (2009) e Martins (2010), que utilizaram exclusivamente como técnica de coleta de dados a análise documental, todas as demais pesquisas relacionadas ao tema “Didática/Metodologia de Ensino” empregaram mais de um instrumento ou técnica de produção e coleta de dados, sobressaindo-se o uso da observação participante em sala de aula, em reuniões com alunos ou professores, ou em oficinas, com registros em diários de campo, filmagens e fotografias. Essas pesquisas se apoiaram ainda na utilização de: entrevistas, geralmente semiestruturadas com gravação em áudio e posterior transcrição; questionários, principalmente de caraterização dos sujeitos da pesquisa; e análise documental de materiais produzidos pelos alunos em sala de aula (relatórios de aulas, portfólios, avaliações escritas, pré e pós-testes de avaliação das atividades executadas, resolução de exercícios e de atividades matemáticas etc.), decorrentes da aplicação de recursos didáticos. O processo de organização e análise dos dados coletados praticamente não foi descrito pelas pesquisas referentes ao tema “Didática/Metodologia de Ensino”, observando-se a descrição das etapas desenvolvidas em cada atividade e o comentário para os resultados obtidos a partir do referencial teórico; ou o emprego da análise interpretativa das informações, geralmente elucidadas por meio de narrativas dos episódios de sala de aula envolvendo a aplicação dos recursos didáticos ou através da transcrição de falas dos alunos quanto aos acontecimentos relativos à execução da metodologia desenvolvida. Quando mencionadas as bases teóricas de suporte à metodologia de investigação empregada por essas pesquisas, uma vez que doze estudos não fizeram menção alguma a autores teorizando seus procedimentos metodológicos (BAIL, 2002; LEVY, 2003; GOMES, A., 2007; SILVEIRA, 2007; RIBACIONKA, 2010; OLIVEIRA, 2004; ROZAL, 2007; PAVANELO, 2004; SILVA, J. V., 2006; ADELINO, 2009; TERRA, 2009; MARTINS, 2010), verificamos que os principais autores enunciados foram: Ludke e André, referenciado por sete estudos; Bogdan e Biklen, e Alves-Mazzotti e Gewandsznajder, cada um como aporte de três pesquisas; e Fiorentini e Lorenzato, e Minayo, destacados por dois estudos cada um. No que diz respeito aos sujeitos investigados, excluindo-se os trabalhos de Adelino (2009) e Martins (2010), que procederam à análise de livros didáticos, e a pesquisa 151 de Levy (2003) que se tratou de um estudo bibliográfico, notamos a característica comum das pesquisas relativas ao tema “Didática/Metodologia de Ensino” com foco no aluno. Entre essas pesquisas, diagnosticamos cinco, que além de focarem o aluno também centraram a atenção sobre seu professor de Matemática (PAVANELO, 2004; OLIVEIRA, 2007; SILVA, J. V., 2006; MIRANDA, 2010; MONTEIRO, 2010). Outra característica peculiar dessas pesquisas centradas nos alunos da EJA remeteu-se ao estudo dos mesmos, em sua maior parte, matriculados no período noturno. Do total de 28 pesquisas, e excluindo os trabalhos de Adelino (2009), Martins (2010) e Levy (2003) pelos motivos acima expostos, não conseguimos evidenciar se suas pesquisas envolveram ou não cursos da EJA ofertados no período noturno em cinco estudos (GOMES, A., 2007; SILVEIRA, 2007, ANDRADE, 2010; ROZAL, 2007; MONTEIRO, 2010). A maioria das pesquisas pertinentes ao tema “Didática/Metodologia de Ensino” voltou-se ao contexto dos anos finais do Ensino Fundamental, com apenas sete estudos envolvendo o Ensino Médio (SILVEIRA, 2007; RIBACIONKA, 2010; SILVA, J., 2008; WANDERER, 2001; TERRA, 2009; MIRANDA, 2010; MIGLIORINI, 2007), e dois tratando dos anos iniciais do Ensino Fundamental (SMITH, 2008; MARTINS, 2010). Os lócus em que se desenvolveram essas pesquisas se constituíram essencialmente por escolas públicas das redes: estadual (BAIL, 2002; MACIEL, 2002; SILVEIRA, 2007; CONTI, 2009; RIBACIONKA, 2010; BISPO, 2010; PAVANELO, 2004; OLIVEIRA, 2007; SILVA, J., 2008; WANDERER, 2001) e municipal (GOMES, A., 2007; INCHEGLU, 2007; JARA, 2008; OLIVEIRA, 2004; ROZAL, 2007; ALBUQUERQUE, 2004; SILVA, J. V., 2006; PEREIRA, 2008; PACHECO, 2009; MONTEIRO, 2010). Também foram realizadas pesquisas em institutos federais com atendimento ao PROEJA (ANDRADE, 2010; MIRANDA, 2010); em colégios de aplicação da rede federal de ensino (SMITH, 2008; TERRA, 2009); e em curso de ensino a distância, através da metodologia Telecurso 2000, promovido pelo SESI (MIGLIORINI, 2007). 5.3.3 – Principais resultados e conclusões explicitados pelas pesquisas As 28 pesquisas organizadas segundo o tema “Didática/Metodologia de Ensino” suscitaram considerações significativas pautadas na melhoria do processo de ensinoaprendizagem de Matemática na EJA, a partir da proposição e avaliação de alternativas didático-metodológicas em sala de aula, no reconhecimento de que as especificidades dessa modalidade implicam abordagens pedagógicas distintas de modelos tradicionais de ensino. Nesse contexto, analisando as várias estratégias e recursos didáticos investigados 152 por essas pesquisas, ressaltamos suas principais considerações em conformidade com a organização das mesmas por subtema. As pesquisas relativas ao subtema “métodos/estratégias de ensino diversificados”, não apenas resgataram algumas recomendações conhecidas voltadas à melhoria do processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA segundo as características dessa modalidade (BAIL, 2002; MACIEL, 2002; SILVEIRA, 2007; JARA, 2008; ANDRADE, 2010), como suscitaram outras possibilidades didático-pedagógicas (LEVY, 2003; GOMES, A., 2007; RIBACIONKA, 2010) e também chegaram a conclusões mais pontuais em relação às metodologias de ensino investigadas (INCHEGLU, 2007; CONTI, 2009). A pesquisa de Bail (2002) chegou à conclusão de que o mundo do trabalho e a discussão da atividade profissional de cada aluno favorecem a constituição de outra dinâmica nas aulas de Matemática na EJA, representando momentos de integração e solidariedade, e proporcionando a interdisciplinaridade no espaço da sala de aula. E que, além disso, contribuem para a perspectiva do trabalho em grupo entre os alunos e para a construção da autonomia e iniciativa dos mesmos, favorecendo ainda o estabelecimento de vínculos afetivos entre os educandos e os saberes matemáticos, e o reconhecimento de que possuem conhecimentos e têm condições de crescer cognitivamente. O estudo de Maciel (2002) concluiu que o ensino de Matemática pautado na valorização dos aspectos cultural, econômico e político dos educandos da EJA contribuiu para a recuperação da autoestima desses educandos, ajudando-os a buscar forças para superar as situações adversas em relação à continuidade dos estudos, e consequentemente, de suas formações, contribuindo para que pudessem ter condições reais de exercer sua cidadania. Na pesquisa de Silveira (2007) foi constatado que as dificuldades de aprendizagem matemática apresentadas pelos alunos da EJA são passíveis de ser superadas, desde que os conhecimentos matemáticos sejam contextualizados e trabalhados de forma interdisciplinar. Nesse caso, a partir de sua investigação sobre a metodologia aplicada, observou que a maioria dos alunos teve uma boa aceitação em aprender os conteúdos matemáticos de forma diferenciada, com interesse e apresentando uma aprendizagem significativa, e que gostaram de aprendê-los de modo contextualizado com base no tema proposto para o projeto, sendo que a partir das vivências e experiências adquiridas em sua construção e execução compreenderam as ligações entre os seus conhecimentos de vida, os conhecimentos do cotidiano escolar e os conhecimentos científicos e tecnológicos. A investigação conduzida por Jara (2008) enfatizou que o desenvolvimento de conceitos matemáticos pertinentes à formação dos educandos tornou-se proeminente a partir 153 dos projetos de pesquisa elaborados por eles, e também a partir da elaboração de um currículo em rede, onde os conceitos trabalhados na disciplina de Matemática se relacionaram entre si, tendo como princípio o tema de pesquisa executada por esses educandos. O estudo de Andrade (2010) destacou entre suas considerações, que a introdução de técnicas envolventes com aulas mais dialogadas e participativas, e a utilização das experiências profissionais e dos conhecimentos de vida dos alunos nos projetos de pesquisa desenvolvidos por eles próprios tornaram a formação escolar mais significativa tanto para os mesmos, quanto para a professora-pesquisadora e para toda a estrutura escolar do Instituto Federal Goiano do Campus de Ceres/GO. E que, além de proporcionar melhor aprendizado, contribuindo para que os alunos se sentissem mais comprometidos com a própria aprendizagem e mais confiantes em relação às suas possibilidades de aprender e se desenvolver pessoalmente, possibilitou conhecer os alunos, saber quais eram suas experiências profissionais, de vida escolar e social e suas expectativas quanto ao futuro. No caso da pesquisa de Levy (2003), propôs-se que as aulas de Matemática na EJA sejam ministradas não por um único professor, mas por duplas heterogêneas de professores, que integram docentes, um com formação matemática e outro com formação em disciplina diferente, os quais, trabalhando em parceria, entre si e com os estudantes, no mesmo espaço-tempo pedagógico, permutando ideias, procurem criar vínculos intra e interdisciplinares, buscando, em instância maior, construir ligações entre os conteúdos pertencentes aos campos de conhecimento em questão, efetivando-se um caminhar das partes e de suas mútuas e múltiplas conexões em direção ao todo. Com o estudo de Gomes, A. (2007), chegou-se à conclusão que as tarefas exploratório-investigativas em salas de aula da EJA permitem que os jovens e adultos tenham voz, expressem suas ideias e pensamentos matematicamente, propiciando o desenvolvimento da autonomia intelectual e crítica, e consequentemente, sua inclusão social e educacional. A pesquisa de Ribacionka (2010) colocou em discussão que a metodologia de ensino WebQuest se constitui como uma possibilidade de construção do saber em um processo colaborativo na realização de projetos, contribuindo para a introdução ao letramento estatístico por parte dos alunos da EJA, bem como para que esses tenham uma aprendizagem significativa, com condições de compreender e modificar o meio em que vivem. Na investigação de Incheglu (2007), verificou-se que a iniciativa de propor, calcular e acompanhar reformas em suas moradias, no quadro de uma metodologia fundamentada no diálogo, possibilitou aos alunos da EJA a sua valorização enquanto sujeitos autônomos, capazes de promover melhorias em suas condições de vida e de participar na 154 construção da cidadania em dimensões mais abrangentes. Nesse caso, foi observado que esses alunos desenvolveram mecanismos próprios para a resolução de problemas em situações do cotidiano, representando não só uma adaptação ao meio, mas também uma manifestação cultural, tendo em vista o fato de tais mecanismos derivarem de suas experiências anteriores. E no estudo de Conti (2009), constatou-se que os alunos passaram a identificar os conhecimentos matemáticos como meio de compreender o mundo a sua volta, sua presença e importância no cotidiano e a valorização da escolarização. Que também foram capazes de relacionar a Estatística às outras áreas curriculares e à vida, conseguindo selecionar, organizar e produzir informações relevantes e analisá-las; resolver situações-problema; e se comunicarem usando informações quantificadas. Além disso, demostraram segurança quanto à sua própria capacidade de construir conhecimento e quanto à exposição social requerida na escola. Por último, observou-se que as atividades desenvolvidas evidenciaram ser possível “letrar” e “estatisticar”, e que isso pode acontecer em uma escola pública de periferia. No que compete às pesquisas relacionadas aos subtemas “modelagem matemática” e “resolução de problemas matemáticos”, temos que as mesmas reafirmaram a importância e muitas das potencialidades pedagógicas dessas duas alternativas didáticometodológicas para o ensino de Matemática. Na análise das considerações a respeito das pesquisas tratando da modelagem matemática, observamos que: a modelagem matemática contribuiu para a construção do conhecimento geométrico dos alunos, e os levou a conhecer mais sobre a sua realidade, proporcionando aos mesmos o desenvolvimento de habilidades como a criatividade, a representação e a percepção, além de desenvolver novos conteúdos geométricos e reelaborar os conhecimentos adquiridos anteriormente por esses alunos (OLIVEIRA, 2004); com a modelagem matemática constatou-se que os alunos se envolveram, assumiram responsabilidades fora e dentro da sala de aula e desenvolveram suas atividades interessados em estudar Matemática, disciplina da qual se queixavam ter dificuldades para aprender. Também se observou que, além de possibilitar a aprendizagem dos conteúdos matemáticos, acrescentou conhecimentos de outras áreas, contribuindo para novas aprendizagens na associação com os temas transversais, e proporcionou à professorapesquisadora e a seus alunos a oportunidade de fazer descobertas e ampliar seus conhecimentos, principalmente por se propor à pesquisa de temas desconhecidos que não costumam ser discutidos na escola (ROZAL, 2007); o ambiente de modelagem matemática indicou um possível rompimento com a 155 artificialidade de situações em sala de aula, além da produção de significados e ideias que geraram conflitos, a partir dos quais surgiram reflexões para que os alunos construíssem seus próprios conhecimentos matemáticos, tendo ainda a oportunidade de: aprenderem uns com os outros na busca de se apropriarem de novos conhecimentos; desenvolverem capacidades como autonomia, criticidade e produção de ideias nas interações com os grupos; e perceberem as relações entre o estudado na escola e o vivido fora dela (SMITH, 2008); a partir das tarefas de modelagem matemática na sala de aula, verificou-se que ocorreu a transferência, reconhecida como uma das formas de participação que permitem o uso das experiências não-escolares dos alunos. Além disso, percebeu-se que nos episódios de modelagem houve uma transformação em relação à participação dos alunos na prática matemática e na interação entre os componentes do grupo e a professora, ocorrendo relações de troca de experiências e negociações de interpretações e ações, sendo feitas descobertas externas ao campo da Matemática escolar (BISPO, 2010). Por sua vez, constatamos nas considerações dos estudos relativos à resolução de problemas matemáticos, que: na resolução de problemas matemáticos foram detectadas duas formas dos alunos expressarem resistência em relação a essa proposta de ensino: a indiferença e a contestação através das falas. A indiferença foi uma forma de os alunos expressarem que não estavam interessados, naquele momento (ou daquela maneira) em aprender a lidar com uma nova situação, decorrendo na tendência de ignorar a existência do problema. No que diz respeito às contribuições, percebeu-se que os alunos começaram a refletir e discutir sobre Matemática, e a se questionar e questionar os colegas, iniciando uma independência em relação à palavra do professor (PAVANELO, 2004); a resolução de problemas no processo de ensino-aprendizagem de Matemática demonstrou ser valorizada pelos professores, principalmente em sua associação aos contextos socioculturais dos alunos, sendo ainda reconhecida como uma estratégia que pode auxiliá-los em sua aprendizagem. Por outro lado, se identificou que ela não foi contemplada pelos professores entre suas estratégias de ensino, e que eles têm pouco conhecimento sobre a mesma, concebendo-a numa perspectiva tradicional (OLIVEIRA, 2007); as atividades da metodologia de resolução de problemas fizeram com que os alunos mobilizassem saberes matemáticos escolarizados e não-escolarizados, já dominados ou novos saberes, e que passassem a ter um novo olhar sobre a educação e a Matemática escolar, levando-os ao questionamento dos paradigmas do exercício, da existência de apenas uma 156 resposta certa e da certeza da Matemática. Também provocou uma mudança de concepção dos alunos e do professor sobre os seus papéis em sala de aula e contribuiu para ajudar na construção de uma nova visão sobre o que se ensinar de Matemática na EJA. Além disso, levou os alunos a saírem de uma situação controlada de ensino, permitindo aos mesmos tentar, errar e refazer o que era solicitado, sem se preocupar em decorar e em fazer várias vezes os mesmos exercícios para chegar ao resultado certo, possibilitando ainda, avanços na relação docente-discente, o envolvimento dos alunos na resolução de problemas, e a assunção, por parte desses, como construtores do seu conhecimento, saindo de uma postura individual e passiva, para outra, coletiva e ativa (SILVA, J., 2008). Com foco exclusivo nas pesquisas categorizadas no subtema “materiais/recursos didáticos”, diagnosticamos que essas elucidaram considerações relevantes na proposição de estratégias diferenciadas para o ensino de Matemática na EJA, bem como para o reconhecimento das peculiaridades dessa modalidade no planejamento e execução de atividades e materiais direcionados aos educandos jovens e adultos. Sobre o recurso aos produtos da mídia, Wanderer (2001) concluiu que os alunos pesquisados puderam não somente ler e interpretar os dados numéricos presentes nesses produtos, mas compreender questões sociais, políticas e culturais, estabelecendo-se uma nova visão do ensino de Matemática em que os aspectos do mundo social foram compreendidos e problematizados. No estudo de Terra (2009), chegou-se à conclusão que a proposição de atividades a partir de produtos da mídia representou uma contribuição tanto na aprendizagem de Matemática dos estudantes quanto para as discussões e consolidação de uma proposta didática para a EJA, reforçando ainda a ocorrência de alunos mais participativos e confiantes em suas possibilidades de aprender e a ideia de o professor atuar como pesquisador. Em relação à utilização de materiais manipulativos no ensino de Matemática, o estudo de Albuquerque (2004) evidenciou que o trabalho didático com o uso de cartas de tarô possibilitou relacionar os conteúdos escolares de Matemática com problemas do universo, ultrapassando os limites do conhecimento matemático, uma vez que favoreceu mergulhar em outros campos do conhecimento (arte, linguagem e filosofia), contribuindo ainda para a compreensão de que a Matemática foi construída historicamente em estreita conexão com as comunidades que a produziram e, dessa forma, apresenta-se como resultado de vida e da cultura dos povos. Já a pesquisa de Pereira (2008) indicou que a composição de articulações entre o ensino de Matemática e a exploração de mapas e do globo terrestre favoreceu a criação de ambientes multidisciplinares e interdisciplinares de aprendizagem, e contribuiu para a ampliação ou aperfeiçoamento da capacidade de orientação dos alunos que 157 participaram da experiência, estimulando o desenvolvimento de habilidades espaço-visuais, por meio da leitura, da compreensão, da interpretação de textos esquemáticos, e de informações numéricas e gráficas encontradas nesses materiais. Quanto às potencialidades didáticas das TICs, o estudo de Silva, J. V. (2006) revelou que o vídeo, além de ter sido pouco utilizado pelos professores de Matemática, quando usado, nem sempre foi de forma adequada, e que entre as dificuldades enfrentadas por eles destacaram-se a falta de literatura e a ausência de propostas metodológicas para a utilização de recursos audiovisuais direcionados para a EJA, constatando-se ainda relativa aceitação dos alunos em relação ao uso do vídeo nas aulas de Matemática da EJA, principalmente entre aqueles com idade abaixo dos 25 anos, que também demonstraram maior compreensão dos conteúdos matemáticos abordados através do uso de vídeos. Na pesquisa de Pacheco (2008), concluiu-se que as atividades com softwares gráficos possibilitou a apropriação do conhecimento matemático formal associado a situações do cotidiano, e contribuiu para os alunos iniciarem uma mudança de atitude frente às aulas de Matemática, propiciando ainda uma aproximação entre jovens e adultos, que se ajudaram e compartilharam saberes, apresentando os jovens mais familiaridade com a informática, mas demonstrando dificuldades de concentração, enquanto que com os mais velhos esses aspectos se inverteram. A respeito da proposição de livros didáticos para o ensino de Matemática na EJA, Adelino (2009), em sua análise de livros para o segundo segmento do Ensino Fundamental, considerou que esses destacaram a relação existente entre as diversas representações dos números racionais e as diferentes formas de utilizá-las, que tiveram uma preocupação com a questão da contextualização das atividades e com as ideias relacionadas aos números racionais, bem como com a apropriação pelos alunos da EJA de práticas de numeramento que lidam com conceitos e informações estatísticas e com recursos do tratamento da informação, além de terem possibilitado oportunidades de apropriação de práticas de numeramento através da leitura de textos familiares e/ou interessantes para os educandos da EJA. No caso do estudo de Martins (2010), centrado em livros didáticos para a alfabetização de jovens e adultos, entre suas diversas considerações, concluiu que os livros analisados apresentaram contextos adequados ao público da EJA, retratando o cotidiano dos alunos dessa modalidade, embora a variedade de contextos fosse pequena e muitas situações matemáticas cotidianas dos jovens e adultos não tivessem sido levadas em consideração, caracterizando assim, a necessidade de uma análise mais refinada desses livros, mesmo considerando que suas avaliações promovidas pelo governo federal fossem bastante positivas quanto à qualidade desse recurso. No tocante à única pesquisa sobre a proposição de materiais instrucionais, 158 Miranda (2010) chegou à conclusão de que o Caderno Temático “Saúde e Números”, fruto de sua investigação, possibilitou um diálogo entre várias áreas do conhecimento, e a organização desse material em seções, com atividades interdisciplinares, envolveu os alunos em atividades práticas e aproximou-os do uso da tecnologia, além de ter chamado a atenção desses e dos professores pela sua diversidade de gêneros de linguagem. Além disso, esse caderno proporcionou aos alunos o desenvolvimento dos conhecimentos matemáticos de forma interdisciplinar, permitindo uma formação integral do cidadão, e contribuiu com o trabalho do professor de Matemática, permitindo-lhe o conhecimento detalhado de cada unidade e a reformulação da proposta ou criação de novas atividades. Concluindo a análise das principais considerações das pesquisas atinentes ao tema “Didática/Metodologia de Ensino”, evidenciamos aqui, os estudos relativos ao subtema “avaliação do ensino-aprendizagem”, representados por Migliorini (2007) e Monteiro (2010). A pesquisa de Migliorini (2007), considerando não haver uma só explicação para o fenômeno do fracasso escolar de jovens e adultos na disciplina de Matemática, constatou que os sujeitos pesquisados associaram seu fracasso escolar à dificuldade de aprender Matemática, alegando que um maior espaço de tempo para estudá-la poderia tê-los ajudado a um entendimento mais completo, levando-os à aprovação, e que o calendário dos exames poderia ter sido modificado e o conteúdo da matéria diminuído. O estudo de Monteiro (2010) concluiu que na análise dos reflexos das práticas avaliativas em Matemática da escola pesquisada, verificou-se o quanto essas contribuíram para a identificação, por parte dos educandos, de suas dificuldades, e como possibilitaram a construção de estratégias visando à melhoria do desempenho dos mesmos nessa disciplina, exemplificando o verdadeiro papel da avaliação, cooperando para a consolidação de uma prática avaliativa próxima às perspectivas defendidas para a avaliação na EJA. 5.3.4 – Contribuições e implicações das pesquisas Em relação às práticas educativas na Educação Matemática de Jovens e Adultos As pesquisas relativas ao tema “Didática/Metodologia de Ensino” levantaram considerações conhecidas e recomendadas pela literatura e por documentos oficiais no âmbito da Educação Matemática e da EJA. No caso dos estudos pertinentes ao subtema “métodos/estratégias de ensino diversificados”, entre essas considerações, alguns ressaltaram: o reconhecimento do mundo do trabalho e da atividade profissional dos alunos como norteadores da ação pedagógica (BAIL, 2002; ANDRADE, 2010); a valorização dos aspectos cultural, econômico e político 159 dos educandos no processo escolar (MACIEL, 2002); o resgate das experiências e vivências anteriores dos alunos como componente das atividades didáticas (INCHEGLU, 2007); a necessidade dos conhecimentos matemáticos serem trabalhados de forma contextualizada e interdisciplinar (SILVEIRA, 2007); e a organização de conteúdos em rede (JARA, 2008) e o ensino via pesquisa como orientadores do trabalho docente (JARA, 2008; ANDRADE, 2010). Da mesma forma, quanto à modelagem matemática, as pesquisas salientaram que ela: valoriza o saber fazer do aluno e suas experiências de vida (OLIVEIRA, 2004; BISPO, 2010); auxilia os estudantes a construírem relações da Matemática com outras áreas do conhecimento (OLIVEIRA, 2004; ROZAL, 2007; BISPO, 2010) e a estabelecer vinculações entre os diferentes conteúdos matemáticos (SMITH, 2008); estimula as percepções dos educandos quanto à relação entre conhecimentos matemáticos escolares e cotidianos (SMITH, 2008); atribui novo sentido à Matemática diante a compreensão de que não se trata meramente de uma disciplina escolar, mas que se relaciona às práticas e vivências dos alunos e influencia suas vidas (SMITH, 2008); amplia a visão de mundo dos estudantes (OLIVEIRA, 2004); possibilita aos educandos se tornarem mais críticos, reflexivos e criativos (ROZAL, 2007; SMITH, 2008); e reconstrói a dinâmica da sala de aula contrapondo-se ao modelo tradicional de ensino (OLIVEIRA, 2004; ROZAL, 2007; SMITH, 2008; BISPO, 2010). Em relação à resolução de problemas matemáticos, os estudos destacaram que essa é: intrínseca ao processo de ensino-aprendizagem da Matemática (OLIVEIRA, 2007); um meio dos alunos adquirirem novos saberes em outras áreas do conhecimento e em contextos reais (OLIVEIRA, 2007) e de se tornarem mais críticos, reflexivos e autônomos (PAVANELO, 2004); uma perspectiva capaz de mobilizar os saberes matemáticos escolarizados e não-escolarizados dos alunos e favorecer o convívio entre esses saberes, de romper com o paradigma tradicional de ensino da Matemática e trazer à tona uma nova concepção de Matemática e do seu ensino (SILVA, J., 2008). Sobre as pesquisas referentes ao subtema “materiais/recursos didáticos”, essas propuseram: a contextualização do ensino de Matemática com base na problematização e compreensão das questões sociais (WANDERER, 2001; TERRA, 2009); a criação de ambientes de aprendizagem matemática numa perspectiva interdisciplinar (ou transdisciplinar) e multidisciplinar (ALBUQUERQUE, 2004; PEREIRA, 2008; PACHECO, 2009); a incorporação dos recursos tecnológicos como potencial pedagógico no processo de ensino-aprendizagem da Matemática (SILVA, J. V., 2006; PACHECO, 2009); a elaboração de livros didáticos direcionados à EJA, em atendimento às especificidades dessa modalidade e atentos às normas de avaliação de livros e aos resultados de pesquisas educacionais 160 (ADELINO, 2009; MARTINS, 2010); e a construção interdisciplinar de materiais e recursos didáticos específicos para a EJA (MIRANDA, 2010). Essas proposições vão ao encontro da recomendação defendida nas DCNs para a EJA “no sentido da produção adequada de material didático que seja permanente enquanto processo, mutável na variabilidade de conteúdos e contemporânea no uso de e no acesso a meios eletrônicos da comunicação” (BRASIL, 2000a, p. 12). Sobre a elaboração de material didático específico para a EJA, vale lembrar que a sua proposição ocorreu pela primeira vez nos anos de 1940, quando a CEAA produziu materiais voltados para o ensino da leitura e da escrita para adultos. Porém, somente no final da década de 2000 é que a distribuição de livros didáticos para a EJA passou a ser um programa de governo nos moldes da distribuição de livros destinados ao ensino regular. Os estudos pertinentes ao subtema “avaliação do ensino-aprendizagem”, por conseguinte, enfatizaram que: o desempenho escolar dos alunos da EJA deve ser avaliado tomando em consideração não apenas o que acontece entre os limites do muro da escola (MIGLIORINI, 2007); e as práticas avaliativas em Matemática na EJA precisam considerar os educandos jovens e adultos em suas diversas dimensões (MONTEIRO, 2010). No âmbito da avaliação, podemos ainda considerar as pesquisas de Oliveira (2004), que teve como foco de estudo a modelagem matemática, e de Ribeiro (2007), analisada em relação ao tema “Concepções/Significados/Percepções”, que fomentaram, entre suas considerações, esse aspecto importante do processo de ensino-aprendizagem. No caso da pesquisa de Oliveira (2004), alertou-se para a necessidade de mudança na forma de pensar a avaliação no ensino da Matemática, observando-se não apenas o produto final, mas sim, todo o processo que o aluno realiza na execução das tarefas propostas. Quanto à pesquisa de Ribeiro (2007), essa destacou que a avaliação como impulsionadora da aprendizagem e capaz de promover o desenvolvimento dos educandos deve ser assumida em detrimento de uma avaliação influenciada pelo paradigma da desigualdade social, que é contrário à perspectiva inclusiva da EJA, que requer respeito às diferenças individuais dos alunos e que esses tenham consciência da própria aprendizagem. Retomando as pesquisas relativas ao tema “Didática/Metodologia de Ensino”, não bastassem as recomendações até aqui suscitadas, essas pesquisas contribuíram ainda com reflexões e proposições sobre o papel das perspectivas didático-metodológicas no processo de ensino-aprendizagem de Matemática no contexto específico da modalidade EJA. Essas reflexões e proposições estão respaldadas na compreensão de que qualquer que seja a metodologia de ensino ou o recurso didático adotado, esse, por si só, não é o único 161 determinante para a efetivação de um ambiente de aprendizagem diferenciado; e que não basta, por exemplo, haver materiais teóricos de qualidade e um ambiente com condições favoráveis ao desenvolvimento das atividades didáticas para que essas tenham êxito, mas são necessárias também diversas ações que requerem a participação efetiva de todos os envolvidos no processo educacional. Uma das primordiais ações nesse movimento remete-se à urgência de se alterar a concepção tradicional de ensino, e ainda predominante nas salas de aula, em que ao professor cabe ensinar e ao aluno apenas aprender, com a definição dos papéis de cada um dos personagens que compõem o contexto escolar. Em linhas gerais, entre outras ações necessárias à consolidação de um ambiente singular de aprendizagem matemática na EJA, recomenda-se, além das sugestões mencionadas anteriormente, que as propostas didático-metodológicas sejam acompanhadas do diálogo e do compartilhamento de ideias e de saberes (SILVA, J., 2008), coloquem os alunos em situações desafiadoras (MARTINS, 2010), busquem garantir a permanência e elevação do nível de escolaridade dos educandos jovens e adultos (OLIVEIRA, 2007), e se sustentem na abordagem etnomatemática (WANDERER, 2001). Para as autoridades governamentais responsáveis pelos sistemas de ensino com oferta da modalidade EJA, indica-se que dediquem maior atenção aos educandos jovens e adultos, no sentido de ofertar escolas com capacidades físicas e estruturais apropriadas (MACIEL; 2002), superando a precariedade em relação às situações de trabalho, que comprometem o desenvolvimento das atividades educativas em sala de aula, e por consequência, não contemplam os propósitos da instituição escolar e, principalmente, os educandos da EJA (OLIVEIRA, 2007). Entre as recomendações feitas para as escolas que atendem a modalidade EJA, resgata-se que estejam organizadas para receber os alunos jovens e adultos, respeitando suas idades, suas experiências e trajetórias de vida (ANDRADE, 2010), e promovam um trabalho em equipe para melhor definição de conceitos e engajamento nas atividades pedagógicas (BAIL, 2002), no sentido de unir esforços e experiências para construir propostas de ensino que atendam às expectativas e demandas desses alunos jovens e adultos (TERRA, 2009). Aos professores de Matemática atuantes na EJA decorre uma série de orientações para o melhor desempenho de suas ações docentes nessa modalidade, cabendo aos mesmos: a) imbuírem-se de uma intencionalidade responsável pela aprendizagem de seus alunos (SILVA, J. V., 2006) e buscarem alternativas que ampliem e flexibilizem as formas de ensiná-los (PACHECO, 2008); 162 b) propiciarem condições para que a aprendizagem matemática desenvolva-se num intercâmbio de saberes e ideias e de construção coletiva de novos conhecimentos (ALBUQUERQUE, 2004); c) atentarem para as especificidades dos educandos jovens e adultos (MARTINS, 2010), o que significa fazer uma leitura da realidade do grupo com o qual trabalham (ANDRADE, 2010), e assim, buscar conhecer, compreender e valorizar os conhecimentos que esses educandos trazem consigo (PEREIRA, 2008), e observar a realidade psicológica dos mesmos, além de respeitar seus modos de ser, pensar, falar e se comunicar (SILVA, J. V., 2006); d) entenderem que problematizar a partir da realidade dos alunos é fundamental, mas que ficar apenas no entorno dessa realidade não faz de ninguém um questionador (PACHECO, 2008); e) atuarem como professores-pesquisadores, conscientes da responsabilidade em oferecer subsídios para que seus alunos prossigam construindo-se como sujeitos autônomos (ANDRADE, 2010); f) considerarem o tempo de desenvolvimento do trabalho em sala de aula, os fatores psíquicos e emocionais que estão envolvidos nesse processo e como chegar até os alunos, mostrando-lhes a contribuição que um trabalho didático pode lhes proporcionar (PAVANELO, 2004). Nessa perspectiva, poderíamos sintetizar tais orientações dirigidas aos professores, tendo por base o encaminhamento de Camargo (2007), pesquisa essa analisada quanto ao tema “Currículo de Matemática na EJA”, ao salientar a necessidade de os professores refletirem sobre os materiais didáticos e a forma de utilizá-los para, a partir deles, garantir a construção de espaços pedagógicos mais democráticos. Em relação à suposta ampliação da rede de atendimento à modalidade EJA através de programas como o PROEJA, cabe destacar a recomendação de Miranda (2010) quanto à necessidade de os docentes desse programa estudarem e reconhecerem as semelhanças e diferenças entre esse e a EJA, para assim, construírem, de forma interdisciplinar, materiais didáticos específicos para cada um dos cursos desenvolvidos no PROEJA, no atendimento à formação técnica e profissional exigida pelos mesmos. Por fim, não podemos deixar de tratar da necessidade de se elevar e adequar a formação de professores de Matemática para atuar na EJA (SMITH, 2008; PEREIRA, 2008), na perspectiva de favorecer a produção de materiais didáticos específicos no atendimento às especificidades dos seus educandos quando do exercício docente nessa modalidade de ensino. 163 Em relação à pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos As pesquisas referentes ao tema “Didática/Metodologia de Ensino”, reunindo o maior número de estudos em relação aos outros temas categorizados nesta tese, demonstram certo interesse das investigações em Educação Matemática de Jovens e Adultos sobre a dimensão das propostas didático-metodológicas no ensino de Matemática na EJA. Ao se voltar principalmente para o estudo de atividades educativas realizadas em salas de aula por meio da proposição de métodos e materiais didáticos diversos, tais pesquisas tornam-se relevantes não apenas pela condição de propositoras desses métodos e materiais, mas também por se posicionarem como avaliadoras dos mesmos, colocando em discussão suas potencialidades pedagógicas diante da melhoria do processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA, e consequentemente, das possíveis conquistas dos seus alunos no contexto escolar e em relação às suas condições de vida. Por se tratar, boa parte delas, de pesquisas de caráter interventivo, com o pesquisador também como responsável pelo desenvolvimento da atividade em sala de aula, ou com o docente que toma sua classe de alunos na qualidade de pesquisador, observa-se que essas pesquisas não somente têm possibilitado reflexões sobre as alternativas didáticopedagógicas para o ensino de Matemática na EJA, como têm ainda contribuído com a formação profissional da figura iminente do professor-pesquisador. Dentro dessa perspectiva poderíamos citar Rozal (2007), que concluiu que a atividade desenvolvida proporcionou a ela e a seus alunos a oportunidade de fazer descobertas e ampliar os conhecimentos; e Andrade (2010), que chegou à conclusão de que a metodologia proposta tornou a formação escolar mais significativa tanto para os alunos quanto para ela. Uma das dificuldades dessas pesquisas de natureza interventiva refere-se à condição do pesquisador proceder à investigação sobre seu próprio trabalho no desenvolvimento da atividade proposta em sala de aula, e assim, acabar por não dissociar os objetivos dessa proposta e os objetivos da pesquisa. Essa falta de clareza quanto aos objetivos da pesquisa foi algo que constatamos nos estudos relativos ao tema “Didática/Metodologia de Ensino”, observando-se em alguns desses estudos a descrição dos objetivos em relação à atividade desenvolvida como se fossem os objetivos da pesquisa em si, acarretando também na definição da questão investigativa, quando enunciada, sem conexão alguma com os objetivos da investigação. Associando esse problema em torno dos objetivos da pesquisa à indistinção clara entre as práticas pedagógicas e as práticas investigativas, vale o esclarecimento de Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 76) quanto à diferenciação entre essas práticas por parte do pesquisador 164 que se propõe investigar seu trabalho na proposição de atividades didático-metodológicas: O processo de pesquisa, de um lado, exige centralidade num foco de estudo; exige um recorte da prática pedagógica ou a delimitação de um problema de modo que esse possa ser sistematicamente estudado. A prática de ensino, de outro lado, exige um movimento contrário, buscando abarcar a totalidade do fenômeno educativo. Complementando, Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 76-77) destacam ainda que: A pesquisa, além disso, [...] exige um certo distanciamento da ação e um tratamento interpretativo e analítico do fenômeno. Isso só pode ser feito separadamente ou paralelamente à prática pedagógica, pois o processo de ensino, a tomada de decisão sobre continuar seu trabalho docente, não pode esperar pelos resultados da pesquisa. Nesse sentido, se reforça a necessidade de os pesquisadores que se voltam ao estudo do desenvolvimento de uma dada metodologia ou recurso didático sistematizarem suas experiências seguindo os princípios da metodologia científica, legitimando seu trabalho de modo a produzir e socializar os conhecimentos decorrentes de sua pesquisa. A prerrogativa da metodologia científica incide para que essas pesquisas não se configurem apenas como relatos de experiências, fato constatado entre os estudos concernentes ao tema “Didática/Metodologia de Ensino”, em que alguns dos autores inclusive chegaram a proclamar seu estudo com essa definição. Como a pesquisa de Silveira (2007), que em seu resumo descreveu: “Este estudo se refere a um relato de experiência de cunho qualitativo, que envolveu o desenvolvimento de uma proposta de Ensino de Matemática Financeira, junto aos alunos da EJA”. Ainda em relação aos pressupostos da pesquisa amparada nos preceitos da metodologia científica, se por um lado, os estudos pertinentes ao tema “Didática/Metodologia de Ensino” fizeram uso de variados instrumentos e técnicas de produção e coleta de dados, proporcionando a composição de informações pertinentes ao assunto pesquisado, por outro, nem todos demonstraram disciplina metódica na análise das informações coletadas ao não procederem à descrição sistemática de organização e análise dos mesmos, chegando a alguns casos, a apenas elucidar a dinâmica da atividade desenvolvida com a apresentação de trechos das falas dos sujeitos envolvidos sobre determinados momentos ou situações específicas condizentes com essa atividade. Apesar de essas questões de ordem metodológica comprometerem em certos aspectos essas pesquisas, cabe evidenciar o seu potencial no sentido de servirem de fonte de informação, e inspirarem estudiosos e professores interessados em desenvolver metodologias diferenciadas no âmbito escolar e no processo de ensino-aprendizagem de Matemática em consonância com as particularidades e características dos educandos da EJA. Em termos de propostas de estudos futuros, muitas dessas pesquisas pautaram-se 165 na recomendação de se aprofundarem as investigações realizadas, e mesmo de se refazerem as experiências pesquisadas com outras turmas de alunos ou em outros níveis/segmentos de ensino, bem como de replicar as experiências envolvendo outros conteúdos matemáticos, ou ainda, de instruir os professores para desenvolverem tais experiências em suas salas de aula com o pesquisador apenas na qualidade de observador. Tendo em vista a perspectiva de alguns programas de mestrado profissional em instituir a proposição de projetos, metodologias ou inovações pedagógicas como produto vinculado à pesquisa (cf. BRASIL, 2009), alguns dos estudos relativos ao tema “Didática/Metodologia de Ensino” também recomendaram a proposição de pesquisas futuras tratando da criação de material didático de Matemática no atendimento às necessidades de formação do público distinto da EJA. Além do mais, tais pesquisas se remetem ainda, à necessidade de aprofundar e ampliar o número de estudos tratando de aspectos relevantes para o contexto da didática no processo de ensino-aprendizagem, como, por exemplo, a avaliação escolar, ainda muito pouco investigada entre as pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos. Por último, destacamos o estudo de Bispo (2010) como uma alternativa diferenciada de redação e apresentação da pesquisa, se constituindo em uma dissertação no formato multipaper, com a apresentação de dois artigos, um para cada um dos objetivos específicos que traçou para o seu estudo. 5.4 – Etnomatemática Neste tema enfocamos as pesquisas que trataram da abordagem etnomatemática dentre as pesquisas brasileiras em Educação Matemática de Jovens e Adultos, defendidas no período de 2001 a 2010. O reconhecimento aos saberes gerado por diferentes grupos culturais que fazem parte do mundo dos educandos jovens e adultos (BRASIL, 2002), e a constatação da influência do contexto sociocultural no processo de ensino-aprendizagem de Matemática, concebendo os conhecimentos matemáticos e a educação matemática como práticas socioculturais (FIORENTINI; LORENZATO, 2006), têm configurado a Etnomatemática como uma perspectiva para o processo educacional na EJA. Nesse sentido, a Etnomatemática tem sido interpretada como uma proposta para o 166 desenvolvimento das práticas educativas na EJA, e como uma alternativa educacional, cujo princípio básico é resgatar a intencionalidade do sujeito cultural em seu fazer matemático (KNIJNIK, 1996), e se contrapor ao projeto de educação que dissocia o conhecedor do conhecimento e do conhecido, visando à formação do homem com competências múltiplas, com a capacidade e sensibilidade para aprender (MONTEIRO, 1998). Em linhas gerais, Wanderer (2001) ressalta que a Etnomatemática se projeta no contexto da EJA por modificar a concepção de educação matemática, substituindo o ensino centrado em um conjunto de técnicas e fórmulas descontextualizadas, com um currículo uniforme e disciplinar, pela prospectiva de que há outras maneiras de lidar com o conhecimento matemático, e que esse conhecimento deve se conectar mais com a vida dos alunos, com suas formas de lidar com seu mundo social, auxiliando-os na compreensão e problematização de situações concretas de sua vida. Não à toa, a Etnomatemática é frequentemente recomendada, entre as pesquisas constituídas no material de análise desta tese, como um importante caminho para a melhoria do ensino e do currículo de Matemática na EJA, na incorporação dos conhecimentos matemáticos que os educandos trazem consigo, e na redução do distanciamento entre a cultura da Matemática escolar e a cultura da Matemática cotidiana. Enquanto campo de estudo, ainda que a maioria das pesquisas em Etnomatemática esteja centrada em etnografias de grupos específicos, sem uma preocupação em estabelecer relações com a Educação e com a prática de sala de aula do professor de Matemática, quando direcionadas às práticas educacionais na EJA, tais pesquisas têm contribuído na compreensão da influência do contexto sociocultural no entendimento das ideias matemáticas e dos modos de pensar matematicamente de grupos socioculturais (FANTINATO; SANTOS, 2007). A Etnomatemática, segundo Fiorentini e Lorenzato (2006), é caracterizada como área de investigação em que o Brasil mais se destaca, principalmente pelo reconhecimento internacional do seu criador, o educador matemático Ubiratan D’Ambrosio, se constituindo em objeto de pesquisa a partir dos anos de 1980. No que diz respeito ao campo da pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos, tem-se, com base em Cukierkorn (2002), que as primeiras pesquisas inseridas na vertente etnomatemática foram as teses de Knijnik e Monteiro, defendidas respectivamente em 1995 e 1998, com o desenvolvimento de seus estudos articulando conhecimentos acadêmicos, saberes e cultura populares. Embasados nessa breve discussão em torno da Etnomatemática e sua importância para a educação matemática na EJA, analisamos nesta seção as pesquisas constituídas em 167 nosso material de análise que abordaram o tema “Etnomatemática”, conforme o Quadro 11. Quadro 11 – Pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos segundo o tema “Etnomatemática” Quant. 1 2 4 1 Pesquisa Tipo1 Instituição Foco/Objeto de Estudo Subtema: Conhecimentos matemáticos escolares e não escolares presentes em contextos culturais Construção/representação/utilização de conceitos matemáticos por Fantinato (2003) T USP alunos da EJA de uma favela em contextos escolares e extraescolares Subtema: Ensino de Matemática a partir do contexto sociocultural e profissional dos alunos Ensino de Matemática a partir de práticas sociais desenvolvidas por Panciera (2007) DP UNIFRA alunos da EJA em seus ambientes de trabalho Atividades de ensino em sala de aula com base nos conhecimentos Silva, M. (2007) DP PUC/SP matemáticos de pedreiros Subtema: Contribuições de estudos etnomatemáticos para o ensino/currículo de Matemática na EJA Saberes matemáticos presentes nas práticas sociais de agentes Lima (2005) DA USF comunitárias de saúde na representação/organização do espaço em que se locomovem em visitas às famílias por elas atendidas Mallmann (2006) DA ULBRA Saberes matemáticos nas práticas cotidianas de produtores rurais Práticas sociais da culinária de alunos da EJA e suas contribuições para Cherini (2007) DA USF o currículo de Matemática nessa modalidade Saberes matemáticos presentes nas práticas sociais cotidianas de Topázio (2007) DA UNEB trabalhadoras domésticas Correspondente ao tipo de pesquisa: Tese (T), Dissertação Acadêmica (DA) e Dissertação Profissional (DP) Apesar de parte das pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, defendidas no Brasil no período de 2001 a 2010, tratarem a Etnomatemática como base teórica e mesmo se denominarem como um estudo etnomatemático, verificamos que somente sete estudos foram conduzidos com base nesse tema. Nesse caso, em comparação aos demais temas abordados nesta tese, o tema “Etnomatemática” é o que tem o menor número de pesquisas, que se concentraram em quatro estudos em 2007, e um estudo em cada um dos anos de 2003, 2005 e 2006. 5.4.1 – Principais problemas e/ou objetivos abordados pelas pesquisas As pesquisas pertinentes ao tema “Etnomatemática” se constituíram a partir de três subtemas: “conhecimentos matemáticos escolares e não escolares presentes em contextos socioculturais”, representado pela pesquisa de Fantinato (2003); “ensino de Matemática a partir do contexto sociocultural e profissional dos alunos”, com os estudos de Panciera (2007) e de Silva, M. (2007); e “contribuições de estudos etnomatemático para o ensino/currículo de Matemática na EJA”, composto pelas pesquisas de Lima (2005), Mallmann (2006), Cherini (2007) e Topázio (2007). A pesquisa de Fantinato (2003) buscou compreender os processos de construção/representação/utilização de conceitos matemáticos por jovens e adultos em diferentes contextos de vida, visando possíveis contribuições para propostas de educação matemática de jovens e adultos trabalhadores. Entre os vários questionamentos levantados em sua pesquisa, centrou-se no problema de investigação caracterizado pela questão: Como a Matemática escolar e a Matemática da vida cotidiana se relacionam entre um grupo de jovens 168 e adultos da classe trabalhadora? Quanto aos estudos do subtema “ensino de Matemática a partir do contexto sociocultural e profissional dos alunos”, observamos certa relação desses com algumas das pesquisas relativas ao tema “Didática/Metodologia de Ensino”, diferenciando-se das mesmas por enfocarem a Etnomatemática como perspectiva teórica. Dessa forma, notamos que o estudo de Panciera (2007) analisou a inter-relação dos conceitos matemáticos, trabalhados em sala de aula e aprendidos pelos alunos, a partir das diferentes situações vivenciadas pelos jovens e adultos em seus ambientes de trabalho. Enquanto que o estudo de Silva, M. (2007) procurou entender os conceitos matemáticos utilizados por pedreiros e integrá-los às atividades de ensino em sala de aula da EJA, para estabelecer as relações entre os conhecimentos escolares e os conhecimentos populares. No que diz respeito às pesquisas relativas ao subtema “contribuições de estudos etnomatemático para o ensino/currículo de Matemática na EJA”, com exceção do estudo de Cherini (2007), pensamos inicialmente em não considerá-las como investigações em Educação Matemática de Jovens e Adultos, tendo em vista não envolverem necessariamente o âmbito educacional da EJA. Porém, reconsideramos e assumimos tais pesquisas no referido subtema por terem assumido explicitamente o pressuposto de contribuir para a discussão sobre o processo de ensino-aprendizagem e o currículo de Matemática na EJA: O objetivo desta pesquisa é discutir o conceito de espaço numa perspectiva da Etnomatemática, visando contribuir para a discussão curricular de cursos voltados à Educação de Jovens e Adultos (LIMA, 2005, resumo). Saliento que este trabalho é apenas uma forma de buscar ideias para a construção de novas propostas pedagógicas e contribuições para a aprendizagem Matemática na modalidade da Educação de Jovens e Adultos e, talvez, também, da educação no meio rural (MALLMANN, 2006, p. 102). O presente estudo traz reflexões e posturas pedagógicas direcionadas para o ensino da Matemática na Educação de Jovens e Adultos (TOPÁZIO, 2007, resumo). Desta forma, tenho em mim a expectativa de que os elementos levantados na pesquisa suscitem discussões para novos delineamentos no campo da Educação, em particular da Educação de Jovens e Adultos (TOPÁZIO, 2007, p. 21). O pressuposto assumido por essas pesquisas reflete a posição de Knijnik (1996, p. 87) de se investigar “as concepções, tradições e práticas matemáticas de um determinado grupo social, no intuito de incorporá-las ao currículo, como conhecimento escolar”. Em análise às pesquisas relativas ao subtema “contribuições de estudos etnomatemático para o ensino/currículo de Matemática na EJA”, notamos a confluência entre os estudos de Lima (2005) e Cherini (2007), devido a ambos terem sido defendidos na USF e sob a mesma orientação da Profa. Dra. Alexandrina Monteiro. No caso das pesquisas de 169 Mallmann (2006) e Topázio (2007), a convergência se deu em função de ambas terem investigado práticas cotidianas de grupos socioculturais. O estudo de Lima (2005) investigou os saberes matemáticos presentes nas práticas sociais de agentes comunitárias de saúde no processo de localização e mapeamento das áreas que cobrem nas visitas às famílias por elas atendidas. Já o estudo de Cherini (2007) procurou estabelecer as relações entre os saberes escolares e não escolares a partir dos conhecimentos e procedimentos matemáticos produzidos na prática social da culinária. A pesquisa de Mallmann (2006) analisou como um grupo de produtores rurais, pouco escolarizados, pensava e solucionava problemas matemáticos presentes em suas vidas e em seus diferentes contextos a partir de seus conhecimentos cotidianos. Por sua vez, a pesquisa de Topázio (2007) estudou como um grupo de trabalhadoras domésticas, com pouca ou nenhuma escolaridade, relatava suas experiências sobre situações-problema envolvendo saberes matemáticos presentes nas suas práticas sociais cotidianas. 5.4.2 – Referenciais teóricos e procedimentos metodológicos das pesquisas No tocante aos referenciais teóricos das pesquisas atinentes ao tema “Etnomatemática”, como era de se esperar, verificamos a unanimidade às teorias de D’Ambrosio, reconhecido criador e defensor da Etnomatemática. As teorias etnomatemáticas abordadas por algumas dessas pesquisas também tiveram o respaldo dos escritos de Knijnik (FANTINATO, 2003; LIMA, 2005; MALLMANN, 2006; TOPÁZIO, 2007). Entre outros autores referenciados, destaca-se ainda o aporte teórico a Paulo Freire (FANTINATO, 2003; PANCIERA, 2007; TOPÁZIO, 2007). Quanto à metodologia de pesquisa empreendida pelos estudos referentes ao tema “Etnomatemática”, observamos que todos se apoiaram na abordagem qualitativa, destacando que alguns deles declararam ser: uma pesquisa etnográfica (FANTINATO, 2003), um estudo de caso de cunho etnográfico (LIMA, 2005; CHERINI, 2007), uma pesquisa fenomenológicahermenêutica (MALLMANN, 2006), e uma pesquisa de história oral (TOPÁZIO, 2007). Todas as pesquisas em Etnomatemática aqui analisadas usaram como instrumento ou técnica de produção e coleta de dados a entrevista semiestruturada. Além disso, somente o estudo de Silva, M. (2007) não fez uso da observação participante com registro em diário de campo. No mais, também empregaram a análise de produções e registros dos sujeitos pesquisados (FANTINATO, 2003; SILVA, M., 2007; LIMA, 2005; MALLMANN, 2006) e a utilização de questionário (PANCIERA, 2007; SILVA, M., 2007; CHERINI, 2007). Em relação ao processo de sistematização e análise de dados produzidos pelas 170 pesquisas relativas ao tema “Etnomatemática”, constatamos a definição de categorias emergentes (FANTINATO, 2003; CHERINI, 2007; TOÁZIO, 2007), a análise procedida para as informações obtidas conforme cada um dos instrumentos de produção e coleta de dados empregados (PANCIERA, 2007; LIMA, 2005; MALLMANN, 2006), e a análise de dados feita para cada uma das atividades desenvolvidas (SILVA, M., 2007). Entre os autores de referência para a metodologia de investigação elencados por essas pesquisas, apenas Erickson foi citado por mais de um estudo (FANTINATO, 2003; LIMA, 2005; CHERINI, 2007). Sendo observada ainda, a referência a outros autores, como: Rockwell (FANTINATO, 2003), Bogdan e Biklen (PANCIERA, 2007), Goldenberg (CHERINI, 2007) e Meihy (TOPÁZIO, 2007); e nenhuma citação de autores nos estudos de Silva, M. (2007) e Mallmann (2006). Os sujeitos e contextos investigados pelas pesquisas relacionadas ao tema “Etnomatemática” foram os mais diversos, com estudos envolvendo alunos jovens e adultos matriculados em turmas da EJA em escolas públicas (PANCIERA, 2007; SILVA, M., 2007; CHERINI, 2007) e em centro de atividades comunitárias (FANTINATO, 2003). Os estudos de Silva, M. (2007) e Cherini (2007) investigaram alunos da EJA do Ensino Médio; e as outras duas pesquisas estudaram alunos do Ensino Fundamental: na etapa de alfabetização e anos iniciais (FANTINATO, 2003), e nos anos finais (PANCIERA, 2007). A pesquisa de Fantinato (2003) teve como sujeitos da pesquisa, além de alunos, professoras, coordenadoras do projeto especial de EJA e moradores antigos da comunidade (favela) onde estava localizado esse projeto. Os demais estudos não pesquisaram alunos, mas agentes comunitárias de saúde de um assentamento rural no interior do Estado de Mato Grosso (LIMA, 2005), produtores rurais de municípios da região do Vale do Taquari/RS (MALLMANN, 2006), e trabalhadoras domésticas de um condomínio de classe média em Salvador/BA (TOPÁZIO, 2007). 5.4.3 – Principais resultados e conclusões explicitados pelas pesquisas As sete pesquisas alusivas ao tema “Etnomatemática” elucidaram considerações singulares, e ainda que, por vezes pontuais, suscitaram reflexões e discussões relevantes para a educação matemática no contexto específico da EJA. Nesse caso, fazendo uma síntese das considerações dessas pesquisas, destacamos inicialmente as principais conclusões dos estudos de Fantinato (2003), Panciera (2007), Silva, M. (2007), Lima (2005) e Cherini (2007), por considerarmos terem se debruçado mais sobre alguns aspectos significativos para o ensino e o currículo de Matemática na EJA. 171 O estudo de Fantinato (2003) concluiu que, para os jovens e adultos pesquisados, existia pouca interação entre os conhecimentos matemáticos do cotidiano e os conhecimentos matemáticos escolares, e predominavam os aspectos socioeconômicos nos processos de construção/representação/utilização de conhecimentos matemáticos, sendo que se utilizavam de habilidades matemáticas no cotidiano devido à necessidade de garantir formas de sobrevivência social e econômica e de se proteger de situações humilhantes. A pesquisa de Panciera (2007) chegou à conclusão que o ensino de Matemática na EJA, a partir de diferentes práticas vivenciadas pelos alunos jovens e adultos estudados em seus ambientes de trabalho, proporcionou aos mesmos uma aprendizagem de Matemática muito mais significativa do que a aprendizagem mecânica e desconectada da realidade, contribuindo para que percebessem que muitas atividades que realizavam no dia a dia faziam parte da Matemática escolar, e se sentissem valorizados por observar a conexão entre seus saberes cotidianos e os saberes escolares. O estudo de Silva, M. (2007) constatou ser possível fazer uma aula de Matemática diferenciada na EJA, a partir do conhecimento de um profissional (pedreiro) que muitas vezes não teve acesso ao saber escolar, mas que utiliza, em sua prática, vários conhecimentos matemáticos e também dispõe de outros conhecimentos que não são abordados pela escola. Sendo assim, possível integrar o conhecimento popular e o conhecimento sistematizado para possibilitar a construção do saber significativo entre os alunos dessa modalidade. A partir da realização de sua pesquisa com agentes comunitárias de saúde na representação/organização do seu espaço de trabalho, Lima (2005) estendeu sua conclusão para o currículo de Matemática na EJA, destacando que as propostas curriculares nessa modalidade têm discutido as questões relativas ao espaço no campo da Geometria com ênfase na perspectiva euclidiana, excluindo os elementos socioculturais que subsidiam o fazer e o pensar sobre o espaço, tornando-se primordial incluir os conceitos decorrentes das vivências, interações sociais e experiências pessoais dos educandos jovens e adultos nessas propostas. O estudo de Cherini (2007) observou, a partir de sua investigação, que o ensino de Matemática na EJA, ao valorizar apenas a Matemática escolar e excluir a Matemática produzida em outras práticas sociais, como a prática da culinária, limita o envolvimento e a participação de seus alunos no processo de escolarização, acarretando na supressão de seus saberes e novamente na exclusão socioeducacional dos mesmos. Além disso, seu estudo notou que os PCNs não atendem de forma satisfatória as questões que se referem à EJA, por se dirigirem apenas aos objetivos e propostas de conteúdos para o ensino regular. Tendo em vista o caráter mais pontual das considerações decorrentes das 172 pesquisas de Mallmann (2006) e Topázio (2007), não englobando necessariamente o contexto da EJA, optamos por analisá-las separadamente, evidenciando suas principais conclusões que podem se constituir em ponderações interessantes para o processo escolar nessa modalidade. Como resultado de seu estudo com produtores rurais, Mallmann (2006) destacou que emergiram as seguintes considerações: a) a Matemática é vista como necessária para o bom desempenho financeiro da propriedade agrícola e da renda familiar, sendo associada com a criatividade, o controle e o planejamento realizados na atividade produtiva; b) os saberes e ideias matemáticas são expressos por meio de uma linguagem não proposicional, sem se perceber a utilidade dos conhecimentos matemáticos formais no meio agrícola; c) o cálculo mental predomina na resolução de problemas matemáticos, sendo usados procedimentos de estimativa, arredondamento e média aritmética, e a vírgula como algo que não faz parte dos cálculos; d) a maioria das medidas é feita por aproximação, sendo utilizado, por exemplo, “a olho”, “a meia bala” ou “mais ou menos”, com latas, balaios, baldes e outros utensílios, além da mão, passos, pés e braços utilizados como unidades de medida. Em decorrência de sua pesquisa, Topázio (2007) constatou que afloraram práticas e eventos de letramento e letramento matemático presentes nas etnomatemáticas das participantes de seu estudo, verificando ainda que, no desejo ou na intenção demonstrada por elas, no que diz respeito a voltar para a escola, não se fez presente o querer aprender uma Matemática que fosse além dos conhecimentos que já possuíam, pois os seus saberes matemáticos giraram em torno do fazer contas. 5.4.4 – Contribuições e implicações das pesquisas Em relação às práticas educativas na Educação Matemática de Jovens e Adultos As pesquisas relacionadas ao tema “Etnomatemática” trouxeram à tona problemas e aspectos questionadores que merecem ser refletidos e discutidos no âmbito da educação matemática na EJA, como: a) a visão entre os jovens e adultos de que o mundo da escola e o mundo da vida cotidiana são mundos separados (FANTINATO, 2003), e de que os conhecimentos matemáticos escolares não são uma condição para o exercício pleno da cidadania, acreditando que os conhecimentos matemáticos de que precisam são adquiridos através das atividades cotidianas (TOPÁZIO, 2007); b) a não abordagem na escola, dos aspectos socioculturais (LIMA, 2005) e dos conhecimentos do mundo do trabalho dos alunos (SILVA, M., 2007); c) a falta de integração entre os conhecimentos populares e os conhecimentos 173 sistematizados (SILVA, M., 2007) e, consequentemente, a pouca interação entre os conhecimentos matemáticos do cotidiano e os conhecimentos matemáticos escolares (FANTINATO, 2003); d) a valorização apenas da Matemática escolar e exclusão da Matemática produzida em outras práticas sociais (CHERINI, 2007), acarretando numa aprendizagem mecânica e desconectada da realidade (PANCIERA, 2007). As pesquisas em Etnomatemática analisadas também levantaram algumas recomendações no sentido de contribuir com o processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA e na reversão do quadro de exclusão socioeducacional dos seus alunos. Dessa forma, foram unânimes na proposição da Etnomatemática, atestando que, na sua perspectiva contemporânea de uma educação multicultural e por meio de suas múltiplas possibilidades, pode contribuir para a construção de uma aprendizagem significativa e uma prática pedagógica transformadora na educação matemática na EJA. Essa proposição estaria alinhada à concepção de EJA como educação multicultural, difundida pela V CONFINTEA, no final dos anos de 1990. A Etnomatemática, por diversas vezes, também foi indicada nos artigos analisados no estado da arte desenvolvido por Freitas (2013, p. 289), sendo proposta “para diminuir os problemas relacionados ao artificialismo apresentado pelos currículos escolares e o grande distanciamento deles com a vida cotidiana dos estudantes da EJA”. Além da Etnomatemática, as pesquisas retomaram ainda a necessidade de se promover uma possível integração dos conhecimentos matemáticos escolares com os do cotidiano, sem que isso signifique um pretexto para a desvalorização do conhecimento primeiro do educando (FANTINATO, 2003), e de se trabalhar a Matemática na EJA a partir do resgate da história de vida dos educandos jovens e adultos quanto a seus valores, experiências de vida, trabalho e habilidades individuais ou em grupo (PANCIERA, 2007). Em relação ao currículo de Matemática na EJA, tais pesquisas ressaltaram a consideração aos aspectos socioculturais e aos saberes matemáticos produzidos em outras práticas sociais, promovendo a discussão e a valorização dos procedimentos e das linguagens que os constituem de forma a ampliar o universo escolar (LIMA, 2005; CHERINI, 2007). Também fizeram proposições para as escolas de EJA, recomendando a inclusão em seu projeto político-pedagógico das experiências pessoais dos alunos na construção de conhecimentos (LIMA, 2005), propondo ainda, na prática pedagógica escolar, a busca de conexões entre os saberes escolares e os saberes cotidianos (CHERINI, 2007), e a criação de espaços aos jovens e adultos para desenvolver o diálogo entre conhecimentos formais e 174 informais na valorização das diversidades linguísticas e das etnomatemáticas, e na obtenção de novos saberes necessários às demandas sociais contemporâneas (TOPÁZIO, 2007). Na instauração de novas propostas metodológicas para o ensino de Matemática na EJA, alertaram para a necessidade de compreensão das situações vividas pelos jovens e adultos (MALLMANN, 2006) e para a busca de um ensino mais próximo dos saberes cotidianos e culturais dos mesmos (PANCIERA, 2007). De modo mais particular, considerando a perspectiva da Etnomatemática, Lima (2005) propôs que o estudo do espaço na EJA fosse discutido de forma ampla, envolvendo tanto o aspecto geométrico quanto os aspectos geográfico e temporal, incluindo aos aspectos da Geometria Euclidiana os elementos socioculturais presentes na construção desse tema abordado na prática social. Enquanto que Topázio (2007) destacou que as questões sobre o letramento matemático, associadas àquelas relacionadas com o numeramento, careciam de ser ampliadas na comunidade acadêmica pela diversidade de compreensões e perspectivas. Em relação à pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos As pesquisas relativas ao tema “Etnomatemática”, constituindo-se no menor número de estudos em comparação aos demais temas categorizados nesta tese, evidenciam, apesar das potencialidades investigativas da Etnomatemática, que esse tema ainda não se tornou foco de interesse das investigações em Educação Matemática de Jovens e Adultos. Uma possível razão para isso talvez seja o fato apontado por Fantinato e Santos (2007) de os estudos etnomatemáticos ainda se constituírem de forma muito tímida no campo da Educação e das práticas pedagógicas de professores de Matemática. Por outro lado, em consideração às suas potencialidades investigativas, a pesquisa em Etnomatemática no campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos se configura como promissora pela possibilidade de se pesquisar os grupos socioculturais que compõem o público da EJA, entre eles, não apenas jovens e adultos, indivíduos trabalhadores, ou educandos frequentadores do período noturno, mas também: adolescentes, que têm se tornado em um público crescente; adultos da terceira idade, cada vez mais presentes nas salas de aula; mulheres, figuras constantes nos bancos escolares; estudantes de cursos profissionalizantes integrados à EJA; e outros grupos socioculturais relativos aos educandos dessa modalidade, como, por exemplo, favelados, moradores de periferias, excluídos da escola, pobres. A realização desses estudos se respalda nos ideais fomentados pela Declaração de Hamburgo, no respeito ao conhecimento e às formas de aprendizagem de diferentes grupos sociais, compondo a sociedade pluricultural; bem como encontra embasamento na necessidade de os conhecimentos dos grupos socioculturais fazerem parte do mundo dos 175 alunos da EJA, mas ainda não serem considerados como deveriam, e sua presença nos currículos escolares ser ainda bastante pequena, veiculando-se, por exemplo, em parte dos livros didáticos para essa modalidade, basicamente os chamados saberes “científicos”. Por fim, às investigações futuras em Educação Matemática de Jovens e Adultos envolvendo Etnomatemática, recomendaríamos: a) o aporte às teorias de D’Ambrosio, conforme a unidade teórica evidenciada pelas pesquisas em Etnomatemática analisadas, e também a complementação a outros teóricos nessa área, entre eles, Knijnik, suporte teórico de algumas dessas pesquisas, e Alexandrina Monteiro, responsável pela orientação de dois desses estudos (LIMA, 2005; CHERINI, 2007) e também com o desenvolvimento de pesquisas em Etnomatemática, incluindo sua tese; b) a perspectiva metodológica adotada por essas pesquisas quanto aos instrumentos e técnicas de produção e coleta de dados empregados, e a melhoria da descrição sistematizada do processo de organização e análise das informações produzidas ou coletadas, bem como a busca de outros aportes teóricos sobre a metodologia de investigação, uma vez que tais pesquisas não foram tão abrangentes e detalhistas quanto a esses dois últimos aspectos. 5.5 – Formação/Atuação de Professores Neste tema são enfocadas as pesquisas brasileiras em Educação Matemática de Jovens e Adultos, defendidas no período de 2001 a 2010, que procuraram focalizar o professor que ensina Matemática e sua atuação/prática docente na EJA, bem como a formação inicial e continuada de professores de Matemática para atuarem nessa modalidade, além da relação entre essa formação e a prática pedagógica de professores. Esse tema deriva da discussão em torno da formação de docentes preparados para atuarem no campo específico da EJA, em consonância com suas especificidades, consistindo em uma ação sistemática imprescindível em função dos limites e das exigências que envolvem o contexto dessa modalidade e a atuação e o papel dos professores diante da complexidade diferencial em que se situa esse contexto. A relevância de uma formação de professores específica para atuar na EJA tem sido recomendada no Brasil, segundo Machado (2008), desde a implantação da LDB 9394/96, 176 e através de reivindicações dos Fóruns de EJA, a partir 1996, ocorrendo de forma sistemática com os encontros anuais do ENEJA desde 1999, culminando, inclusive, na criação, em 2006, do Seminário Nacional de Formação de Educadores de EJA, que tem acontecido desde então. Com o advento das DCNs para a EJA, em 2000, essa questão em torno da formação docente assumiu contornos mais significativos, sendo versado um item em particular nessas diretrizes, tratando não apenas da formação inicial, mas também sobre a formação continuada de professores no atendimento ao público peculiar dessa modalidade. Nesse movimento, as DCNs para a Formação de Professores da Educação Básica, em 2001, também instituíram a necessidade dos cursos de formação docente fomentarem a questão da EJA, considerando a especificidade dos seus educandos com o propósito de superar a prática de se trabalhar com eles da mesma forma com que se trabalha com as crianças e os adolescentes da Educação Básica. No âmbito da formação de professores de Matemática para atuar na EJA, Fonseca (2005a, p. 54-55) esclarece que: Coloca-se, portanto, mais um desafio para o desenvolvimento de experiências significativas na área da EJA: formar professores, Educadores Matemáticos de Jovens e Adultos, com uma certa intimidade com a própria Matemática, com uma generosa e sensível disponibilidade para compartilhar com seus alunos as demandas, as preocupações, os anseios e os sonhos da vida adulta, e com uma consciência atenta e crítica da dimensão política do seu fazer pedagógico, que os habilite a participar da Educação Matemática de seus alunos e de suas alunas, pessoas jovens e adultas, com a honestidade, o compromisso e o entusiasmo que essa tarefa exige. Na contramão do que é pressuposto sobre a urgência de formação de professores preparados para atuarem na EJA, Machado (2008) denuncia a ausência dessa formação específica como uma marca dos cursos de licenciatura no Brasil, permanecendo, em sua maioria, preparando docentes para atuarem com o aluno ideal, e por que não dizer irreal. Como prova desse lamentável quadro, Gatti e Barreto (2009) indicam que, dentre 1.228 disciplinas de 31 cursos de licenciatura em Matemática pesquisadas, encontraram apenas uma disciplina voltada à EJA; e no caso da análise de 3.513 disciplinas de 71 cursos de Pedagogia, observaram 66 disciplinas relativas à EJA, sendo 49 obrigatórias e 17 optativas. Nesse cenário, a constatação a que se chega é de que os cursos de licenciatura em Matemática e de Pedagogia não têm conseguido consolidar uma formação que possibilite aos futuros professores atuarem de forma crítica e reflexiva na EJA e a conciliarem o domínio do seu campo de conhecimento com as características peculiares que essa modalidade demanda. Essa constatação também parece influenciar o campo de pesquisa envolvendo a formação de professores que ensinam Matemática para atuar na EJA, observando-se, por exemplo, a ausência de estudos nesse campo numa das pesquisas brasileiras mais 177 significativas de estado da arte sobre a formação de professores que ensinam Matemática, que culminou na análise de 112 estudos acadêmicos pertinentes ao período de 1978 a 2002, sendo realizada por Fiorentini e colaboradores, e publicada, em 2002, na Educação em Revista. Frente à discussão suscitada em relação à formação de professores que ensinam Matemática, nos debruçamos a seguir, não somente na análise das pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos tratando da formação docente, mas também sobre aquelas que focalizaram a atuação/prática docente de professores que ensinam Matemática na EJA, por considerarmos refletirem a questão da formação de professores para essa modalidade, distribuídas conforme o Quadro 12. Quadro 12 – Pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos segundo o tema “Formação/Atuação de Professores” Quant. 7 4 2 1 Pesquisa Tipo1 Instituição Foco/Objeto de Estudo Subtema: Atuação/prática docente Migliorança (2004) DA UFSCar Atuação docente de professores de Matemática na EJA Práticas e saberes de professores de Matemática da EJA pela Schneider (2005) DA UFF perspectiva dos seus dilemas práticos Saberes produzidos por professores de Matemática em sua prática Corôa (2006) DA UFPA docente na EJA Professores que ensinam Matemática no seu modo de lidar com seus Rodrigues, T. (2008) DA UNESP/RC alunos em uma escola inclusiva de EJA Dinâmicas de inclusão/exclusão nas práticas de sala de aula de Santos (2008) DA UFRGS professores que ensinam Matemática na EJA Emoções e sentimentos envolvidos na atuação docente de professores Azevedo (2009) T PUC/SP de Matemática na EJA Tratamento dado pelo professor aos conhecimentos prévios dos alunos Nogueira (2010) DA UFMT no ensino-aprendizagem de Matemática ante a resolução de problemas Subtema: Formação inicial e/ou continuada Curso de formação inicial e processo formativo contínuo da Escola Zé Silva (2002) DA UFPB Peão, projeto de parceria entre a UFPB e o SINTRICOM/JP Papel da disciplina de Prática de Ensino na construção dos saberes Alves (2004) DA UFPA necessários para a ação do futuro docente em Matemática na EJA Formação inicial e continuada de professores de Matemática “para” e Lopes (2009) DA UNIUBE “na” EJA em Montes Claros/MG Formação de professores de Matemática da EJA a partir da postura Gils (2010) DA UFF etnomatemática na formação docente Subtema: Relações e implicações entre a formação do professor e a sua prática pedagógica Influência da formação docente na organização do trabalho pedagógico Peggion (2006) DA USP com educação matemática na EJA Contribuições da formação inicial e continuada para a atuação Cosme (2009) DA UFES profissional de professores de Matemática na EJA Correspondente ao tipo de pesquisa: Tese (T), Dissertação Acadêmica (DA) e Dissertação Profissional (DP) No tocante à produção anual das pesquisas relativas ao tema “Formação/Atuação de Professores” no período de 2001 a 2010, verificamos a não ocorrência de estudos nos anos de 2001, 2003 e 2007; com a frequência constante de duas pesquisas anuais nos anos de 2004, 2006, 2008 e 2010, e uma pesquisa anual em 2002 e 2005; e três estudos em 2009. Também observamos a incidência de pelo menos uma pesquisa desenvolvida em cada uma das cinco regiões do Brasil, com os estudos de Migliorança (2004), Schneider (2005), Rodrigues, T. (2008), Azevedo (2009), Lopes (2009), Gils (2010), Peggion (2006) e Cosme (2009) realizados nos quatro Estados do Sudeste; as pesquisas de Corôa (2006) e Alves (2004) desenvolvidas no Norte; e os estudos de Santos (2008), Nogueira (2010) e Silva 178 (2002) defendidos, respectivamente, nas regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste. 5.5.1 – Principais problemas e/ou objetivos abordados pelas pesquisas As treze pesquisas pertinentes ao tema “Formação/Atuação de Professores” foram analisadas a partir de dois enfoques: as que se centraram sobre a atuação e a prática docente; e as que focalizaram a formação de professores, sendo que essas foram subdivididas entre as que trataram da formação inicial e/ou continuada, e as que abordaram a relação entre a formação docente e a prática pedagógica do professor. Sobre o primeiro grupo de pesquisas, reunidas conforme o subtema “atuação/prática docente”, constatamos dois estudos com foco na atuação de professores de Matemática na EJA (MIGLIORANÇA, 2004; AZEVEDO, 2009); duas pesquisas relativas aos saberes de professores de Matemática produzidos na prática docente na EJA (SCHNEIDER, 2005; CORÔA, 2006); e outros três estudos centrados no trabalho docente de professores que ensinam Matemática na EJA diante de questões específicas do processo educacional (RODRIGUES, T., 2008; SANTOS, 2008; NOGUEIRA, 2010). Em relação aos estudos com foco na atuação de professores, a pesquisa de Migliorança (2004) se propôs conhecer e analisar a atuação de professores de Matemática em cursos de EJA, buscando compreender a visão sobre essa modalidade de ensino e sobre seu papel de educador de jovens e adultos. E o estudo de Azevedo (2009) buscou compreender as emoções e sentimentos envolvidos na atuação docente de professores de Matemática da EJA e as situações provocadoras dos mesmos. No que diz respeito às pesquisas sobre os saberes de professores a partir da prática docente, tivemos que o estudo de Schneider (2005) investigou as práticas e os saberes de professores de Matemática do Ensino Fundamental da EJA, através da problematização dos seus dilemas práticos, visando contribuir com a formação inicial e continuada de professores. Por sua vez, a pesquisa de Corôa (2006) analisou os saberes construídos pelos professores de Matemática em sua prática docente na EJA. Quanto aos estudos centrados no trabalho docente na EJA diante de questões específicas do processo educacional, observamos que o estudo de Rodrigues, T. (2008) tratou da Educação Inclusiva, a pesquisa de Santos (2008) focou as práticas pedagógicas inclusivas e excludentes, e o estudo de Nogueira voltou-se aos conhecimentos prévios dos educandos. Fazendo uma síntese desses estudos, verificamos que: A pesquisa de Rodrigues, T. (2008) teve como propósito observar, descrever e analisar como os professores de uma escola inclusiva lidam com os alunos, na disciplina de 179 Matemática, de modo a contribuir com o processo de inclusão. O estudo de Santos (2008) abordou a inclusão e exclusão presentes nas práticas pedagógicas dos professores que ensinam Matemática na EJA. A pesquisa de Nogueira (2010) verificou qual o tratamento dado pelos professores aos conhecimentos prévios dos estudantes da EJA no processo de ensino-aprendizagem de Matemática através da resolução de problemas. Sobre as pesquisas concernentes ao subtema “formação inicial e/ou continuada”, encontramos dois estudos com foco na formação inicial (SILVA, 2002; ALVES, 2004), uma pesquisa centrada na formação continuada (GILS, 2010); e outro estudo tratando conjuntamente da formação inicial e continuada (LOPES, 2009). Nos estudos sobre a formação inicial, tivemos a pesquisa de Silva (2002), que acompanhou o curso de formação inicial e o processo formativo contínuo do Projeto Escola Zé Peão44, oferecido aos licenciandos selecionados entre os cursos de licenciatura da UFPB, procurando analisar a formação matemática dos mesmos no sentido de se tornarem alfabetizadores de adultos. E também a pesquisa de Alves (2004), que objetivou avaliar as implicações que os saberes da experiência docente podem ter na formação dos futuros professores, no momento em que entram em contato com o meio escolar da EJA, por meio da disciplina de Prática de Ensino, bem como analisar o papel dessa disciplina na construção dos saberes necessários para a ação do futuro docente em Matemática na EJA. Sobre as outras duas pesquisas abarcando a formação continuada, com a primeira pesquisa tratando também da formação inicial, notamos que: Lopes (2009) investigou como ocorreu o processo de formação inicial e continuada do professor de Matemática “para” e “na” EJA, em Montes Claros/MG, no atendimento às especificidades dessa modalidade; e Gils (2010) pesquisou as contribuições da perspectiva da Etnomatemática para a formação de professores de Matemática da EJA, envolvidos em um processo de formação continuada. As demais investigações relativas ao tema “Formação/Atuação de Professores”, categorizadas no subtema “relações e implicações entre a formação do professor e a sua prática pedagógica”, foram constituídas pelas pesquisas de Peggion (2006) e Cosme (2009). A pesquisa de Peggion (2006) se pautou na investigação da formação inicial e continuada de professores de EJA e da influência dessa formação em relação à organização do 44 Projeto educacional de parceria entre a UFPB e o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e do Mobiliário de João Pessoa/PB (SINTRICOM/JP), com a oferta de programas de alfabetização e educação continuada para os operários da construção civil, sendo os professores alfabetizadores alunos oriundos de vários cursos de licenciatura da UFPB, selecionados e formados pela equipe de coordenação desse Projeto, através da realização de um curso inicial de formação e de um processo de formação contínua, incluindo também o acompanhamento dos mesmos ao longo do ano. 180 trabalho pedagógico com a educação matemática nessa modalidade. Já o estudo de Cosme (2009) se propôs analisar as contribuições da formação inicial e continuada de professores de Matemática para a atuação profissional na EJA. 5.5.2 – Referenciais teóricos e procedimentos metodológicos das pesquisas Na análise das referências teóricas abordadas pelas pesquisas pertinentes ao tema “Formação/Atuação de Professores”, tratando especificamente do suporte teórico dessas pesquisas conforme o subtema ao qual pertencem, verificamos, em alguns casos, certa unidade, e em outros, uma dada dispersão teórica. Nesse sentido, analisando os estudos relativos ao subtema “atuação/prática docente”, observamos uma heterogeneidade de autores referenciados por esses estudos, com uma ligeira tendência quanto ao aporte nas teorias de Paulo Freire (MIGLIORANÇA, 2004; RODRIGUES, T., 2008; NOGUEIRA, 2010). Nas pesquisas referentes ao subtema “formação inicial e/ou continuada”, a unidade teórica foi caracterizada pela unanimidade dessas pesquisas terem se embasado em Tardif, sendo a exceção o estudo de Silva (2002), uma vez que não conseguimos localizá-lo, e sua análise, a partir do seu resumo, não nos possibilitou conhecer seus referenciais teóricos. As investigações envolvendo o subtema “relações e implicações entre a formação do professor e a sua prática pedagógica” tiveram como aporte teórico comum os escritos de Fonseca (PEGGION, 2006; COSME, 2009), que em linhas gerais, também se constituiu em suporte para outras pesquisas relacionadas ao tema “Formação/Atuação de Professores”, servindo de referência sobre a educação matemática na EJA (MIGLIORANÇA, 2004; SANTOS, 2008; ALVES, 2004; LOPES, 2009). Além de Fonseca, na análise geral das pesquisas organizadas segundo o tema “Formação/Atuação de Professores”, também se destacaram enquanto aporte teórico: Paulo Freire (MIGLIORANÇA, 2004; RODRIGUES, T., 2008; NOGUEIRA, 2010; LOPES, 2009; COSME, 2009), e D’Ambrosio (RODRIGUES, T., 2008; NOGUEIRA, 2010; ALVES, 2004; GILS, 2010; PEGGION, 2006). Dada a diversidade de autores abordados nessas pesquisas, diagnosticamos ainda a recorrência a autores e estudiosos do campo da formação de professores, entre eles: Tardif (CORÔA, 2006; ALVES, 2004; LOPES, 2009; GILS, 2010); Shulman (ALVES, 2009; GILS, 2010); Mizukami (MIGLIORANÇA, 2004; LOPES, 2009); Perrenoud (MIGLIORANÇA, 2004); Zabalza, Pérez Gómez, e Schön (SCHNEIDER, 2005); e Gauthier (CORÔA, 2006). Em síntese, entre outros teóricos que essas pesquisas também se apoiaram, 181 podemos citar: Foucault (SANTOS, 2008); Wallon (AZEVEDO, 2009); Ausubel (NOGUEIRA, 2010); Haddad e Di Pierro (CORÔA, 2006; ALVES, 2009); Arroyo (LOPES, 2009; COSME, 2009); Piconez (PEGGION, 2006); Beisiegel (GILS, 2010); Fiorentini, e Ponte (COSME, 2009); e Scandiuzzi, e Mantoan (RODRIGUES, T., 2008). Outro aspecto interessante observado nessas pesquisas foi a abordagem de um capítulo tratando do mapeamento de teses e dissertações sobre o tema de estudo (AZEVEDO, 2009; PEGGION, 2006), e o apoio teórico em alguns dos estudos aqui analisados, como no caso de Alves (2004), citado por Corôa (2006), e esse citado por Lopes (2009). A descrição de um capítulo tratando da história da EJA no Brasil foi outra observação comum em parte dessas pesquisas (MIGLIORANÇA, 2004; CORÔA, 2006; AZEVEDO, 2009; NOGUEIRA, 2010; ALVES, 2009; LOPES, 2009; GILS, 2010). Essa perspectiva quanto à história da EJA também foi verificada no estado da arte organizado por Haddad (2002), concluindo que as pesquisas que trataram mais especificamente das práticas dos professores que atuam em EJA, assim como aquelas que trataram da sua formação, apontaram, em sua maioria, como um dos suportes utilizados para seu referencial teórico, um resgate do histórico da Educação Popular e da EJA no Brasil. Na análise dos procedimentos metodológicos utilizados pelas pesquisas concernentes ao tema “Formação/Atuação de Professores”, verificamos que todas essas pesquisas se desenvolveram embasadas na abordagem qualitativa, embora algumas delas não tenham elucidado claramente sua opção metodológica (SANTOS, 2008; COSME, 2009) ou tenham se assumido com outra denominação: pesquisa etnográfica (RODRIGUES, T., 2008); estudo de caso (GILS, 2010; PEGGION, 2006); pesquisa de campo (LOPES, 2009); e pesquisa participante (SILVA, 2002; ALVES, 2004). No estado da arte de Haddad (2002) também se observou que as pesquisas sobre a prática e formação do professor de EJA, em sua maioria, se caracterizaram como qualitativas. Em relação aos instrumentos de produção e coleta de dados, constatamos que, com exceção de Santos (2008), e no caso específico de Silva (2002), em que não obtivemos sua dissertação para analisar sua metodologia de investigação, todas as demais pesquisas relativas ao tema “Formação/Atuação de Professores” utilizaram a entrevista semiestruturada, com o procedimento comum de gravá-la em áudio e posteriormente transcrevê-la. Os outros principais instrumentos usados por essas pesquisas foram o questionário (SCHNEIDER, 2005; CORÔA, 2006; AZEVEDO, 2009; GILS, 2010; PEGGION, 2006) e a observação participante com registro em diário/caderno de campo (RODRIGUES, T., 2008; SANTOS, 2008; ALVES, 2009), sendo empregado o uso combinado desses dois instrumentos 182 nos estudos de Migliorança (2004), Nogueira (2010) e Cosme (2009). Quanto ao uso da observação participante, vale destacar o seu emprego na pesquisa de Nogueira (2010), em que foi proposto aos sujeitos pesquisados um estudo detalhado das observações registradas, com a possibilidade de uma autoanálise de seus próprios discursos e do que foi observado em suas aulas. Ainda sobre a utilização dos procedimentos de produção e coleta de dados, tivemos também a análise documental, em sua maioria, de documentos governamentais (DCNs da EJA, PCNs, LDB, relatórios da CONFINTEA) e de documentos institucionais (Projeto Político-Pedagógico, Plano Escolar, Plano de Aula, Portarias e Decretos), além da análise documental de relatórios, diários e cadernos dos estudantes (AZEVEDO, 2009; NOGUEIRA, 2010; ALVES, 2004; LOPES, 2009; PEGGION, 2006; COSME, 2009). No tocante ao processo de organização e análise de dados desenvolvido pelas pesquisas reunidas no tema “Formação/Atuação de Professores”, excluindo o estudo de Silva (2002), em função da não localização de sua dissertação, diagnosticamos a quase totalidade dessas pesquisas procedendo à análise das informações coletadas mediante o uso de categorias ou eixos emergentes de análise, sendo que apenas os estudos de Migliorança (2004), Rodrigues, T. (2008) e Alves (2004) assim não procederam, analisando os dados por sujeito ou segundo as informações obtidas para cada um dos instrumentos de coleta de dados na articulação com os referenciais construídos nos capítulos teóricos. A modalidade de análise empregada parece ter sido predominantemente a análise de conteúdo, sendo essa expressa claramente apenas nas pesquisas de Schneider (2005), Nogueira (2010) e Cosme (2009). Quanto aos autores de suporte teórico para a metodologia de investigação referenciados pelas pesquisas relativas ao tema “Formação/Atuação de Professores”, observamos que parte dessas pesquisas não se apoiou em autor algum (CORÔA, 2006; RODRIGUES, T., 2008; AZEVEDO, 2009; GILS, 2010; PEGGION, 2006). E as que tiveram pelo menos um autor como suporte, acabaram por contribuir com a heterogeneidade de autores de fundamentação da metodologia de investigação, com a quase unanimidade para Ludke e André, não citada apenas por Santos (2008) e por Alves (2004). Sendo que os demais autores referenciados foram: Bardin (SCHNEIDER, 2005; LOPES, 2009; COSME, 2009); Bogdan e Biklen (NOGUEIRA, 2010; ALVES, 2006); e Fiorentini e Lorenzato (NOGUEIRA, 2010; COSME, 2009); entre outros. Com exceção de Silva (2002), que aparentemente pesquisou alunos de cursos de licenciatura da UFPB enquanto professores alfabetizadores do Projeto Escola Zé Peão; e de 183 Alves (2004) e Peggion (2006), que também tiveram como sujeitos pesquisados, respectivamente, estudantes da disciplina Prática de Ensino do curso de Licenciatura em Matemática da UFPA, e alunos de cursos de licenciatura e Pedagogia da USP na qualidade de professores-estagiários do Programa de EJA do Núcleo de EJA e Formação Permanente de Professores da Faculdade de Educação da USP; todas as demais pesquisas concernentes ao tema “Formação/Atuação de Professores”, incluindo Alves (2004) e Peggion (2006), tiveram como sujeitos investigados professores que ensinavam Matemática na EJA. Os estudos de Migliorança (2004) e Cosme (2009) também coletaram dados para sua investigação junto a outros indivíduos (alunos, coordenadores de secretarias de educação e diretores de escola), porém esses não se constituíram em sujeitos da pesquisa, servindo os dados coletados apenas como informações secundárias para a investigação. Essas pesquisas investigaram de três a treze docentes, predominantemente pertencentes à rede pública municipal e estadual de ensino, incluindo outras duas pesquisas que também investigaram professores da rede particular: Schneider (2005), em uma escola particular confessional; e Azevedo (2009), em uma universidade com programa de atendimento aos adultos com defasagem de escolaridade. Esses professores investigados lecionavam a disciplina de Matemática na EJA, em sua maioria, no Ensino Fundamental, principalmente nos anos finais, não sendo constatado o nível de ensino em que atuavam os professores pesquisados nos estudos de Corôa (2006), Santos (2008), Alves (2004), Gils (2010) e Cosme (2009). 5.5.3 – Principais resultados e conclusões explicitados pelas pesquisas As pesquisas relativas ao tema “Formação/Atuação de Professores”, treze no total, mencionaram considerações importantes, algumas possíveis de serem generalizadas por concordarem com diversos aspectos destacados por estudos na área da formação docente, e outras de caráter pontual pela particularidade da pesquisa, mas que também são relevantes para a discussão sobre a atuação e formação de professores que ensinam Matemática na EJA. Nesse sentido, sintetizando tais considerações, apresentamos as principais conclusões dessas pesquisas em consonância com sua organização por subtema. Iniciando pelos estudos relacionados ao subtema “atuação/prática docente”, e considerando a convergência entre eles quanto à atuação de professores de Matemática na EJA (MIGLIORANÇA, 2004; AZEVEDO, 2009), aos saberes docentes construídos por professores de Matemática na prática docente na EJA (SCHNEIDER, 2005; CORÔA, 2006) e ao trabalho docente frente a certas questões do processo educacional na EJA (RODRIGUES, 184 T., 2008; SANTOS, 2008; NOGUEIRA, 2010), apresentamos um resumo das considerações desses estudos conforme a organização dos mesmos em relação à convergência entre eles. Sobre a atuação de professores na EJA: A pesquisa de Migliorança (2004) concluiu que a falta de formação específica para lecionar Matemática na EJA e as dificuldades encontradas no ambiente de trabalho influenciaram a atuação docente dos professores pesquisados. Entretanto, ainda que a instituição em que trabalhavam não tivesse lhes dado apoio, quando tiveram disponibilidade para analisar a própria prática, investiram na superação das dificuldades e procuraram novos caminhos, reforçando, para esses professores, a ideia da docência como um percurso solitário. Em Azevedo (2009), os professores participantes de sua pesquisa revelaram quanto se perceberam inexperientes ao iniciar o trabalho na EJA, e que passaram a gostar dessa modalidade à medida que adquiriram confiança, revelando como sentimentos de medo, insegurança e ansiedade podem se transformar em satisfação, alegria e esperança. Esses professores revelaram ainda o papel da afetividade na atuação docente em Matemática na EJA e o quanto perceberam a importância de ser docente nessa modalidade. Sobre os saberes docentes construídos por professores na prática docente na EJA: O estudo de Schneider (2005) chegou à conclusão que nas ações dos professores que investigou foi atribuída grande importância aos objetivos relacionados à aprendizagem matemática dos alunos, privilegiando em suas reflexões as problemáticas relativas a esse aspecto; e que os dilemas práticos se referiram tanto a questões de didática geral, quanto a questões sobre o manejo dos conteúdos matemáticos específicos pelos professores, revelando que ambos os aspectos foram considerados relevantes em suas reflexões e configuraram espaços privilegiados nas problemáticas remetidas às suas práticas docentes. A pesquisa de Corôa (2006) compreendeu que os professores pesquisados desenvolveram um saber sobre seus alunos da EJA ao buscarem meios de adequar seu trabalho às necessidades dos mesmos, e também desenvolveram um saber sobre os conteúdos matemáticos a se ensinar na EJA, não se restringindo ao básico, mas a uma abordagem de maneira diferenciada que pudesse garantir aos seus alunos uma leitura de mundo, demonstrando também o desenvolvimento do saber pedagógico sobre esses conteúdos a partir de reflexões sobre sua prática docente com vistas a melhorar o aprendizado dos alunos. Sobre o trabalho docente frente a certas questões do processo educacional na EJA: O estudo de Rodrigues, T. (2008) apontou que foram observadas várias práticas docentes inclusivas no trabalho com alunos da EJA com deficiência, mas que também se verificou práticas de integração baseadas em preparar esse aluno para que ele pudesse se 185 enquadrar em um padrão de normalidade imposto pela sociedade. Constatou ainda que a diferença entre o ritmo de aprendizagem dos alunos como um todo contribuiu para que alguns professores optassem por trabalhar parte dos conteúdos de forma paralela com os alunos, e, diante do currículo, fossem obrigados a imprimir um ritmo em sala de aula no cumprimento dos conteúdos que não correspondeu com o ritmo de aprendizagem dos mesmos. Na pesquisa de Santos (2008) se percebeu uma tensão entre a inclusão-exclusão dos professores, alunos e do conhecimento matemático, e como as práticas sociais foram determinantes nos modos de fazer da escola, sendo que a problematização sobre inclusãoexclusão se disseminou para além do domínio exclusivo da Matemática e da educação matemática. Foi observado ainda, que apesar de se reconhecer a proposta inclusiva de considerar e incluir nas práticas docentes o que o educando já sabia, visando facilitar sua compreensão da Matemática, isso realmente não ocorreu. No estudo de Nogueira (2010) se concluiu que os docentes pesquisados consideraram e utilizaram os conhecimentos prévios formais dos seus alunos, mas, quanto aos conhecimentos prévios informais, em sua maioria, consideraram apenas parcialmente e não os utilizaram em suas práticas de sala de aula. Assim, evidenciou-se que o tratamento dado aos conhecimentos prévios pareceu, em alguns casos, refletir certa coerência entre as concepções desses professores sobre Educação Matemática na EJA, resolução de problemas matemáticos, conhecimentos prévios dos alunos e práticas docentes; já em outros pareceu se desencontrar. Em relação às pesquisas pertinentes ao subtema “formação inicial e/ou continuada”, para efeitos de apresentação das suas principais conclusões, também consideramos a organização das mesmas entre as que focalizaram a formação inicial (SILVA, 2002; ALVES, 2004) e as que trataram da formação continuada (GILS, 2010) ou da formação inicial e continuada conjuntamente (LOPES, 2009). Sobre a formação inicial de professores, destacamos apenas o estudo de Alves (2004), pois não foi possível obtermos a dissertação de Silva (2002). Sendo assim, observamos que Alves (2004), na pesquisa com professores de Matemática e professores em formação, na condição de estagiários, evidenciou que esses produziram, por meio da reflexão sobre suas ações, uma diversidade de saberes, além dos que se referem ao trabalho docente na EJA, saberes esses, sobre os estudantes jovens e adultos, sobre a contextualização dos conteúdos matemáticos e sobre o currículo de Matemática da EJA. Esse estudo indicou ainda que esses sujeitos apontaram, e mais, reivindicaram a aquisição de saberes dos quais sentiam necessidade ao lecionarem Matemática na EJA, como o saber alfabetizar, e um melhor conhecimento da Matemática a se trabalhar nos ensinos Fundamental e Médio. 186 A pesquisa de Gils (2010), envolvendo professores em formação continuada, demonstrou que esses revelaram que as práticas docentes na EJA não deviam ser as mesmas do ensino regular, uma vez que seus alunos requereram práticas diferenciadas, e assim como eles, não queriam mais práticas tradicionais. Esses professores destacaram ainda a Etnomatemática como uma possibilidade dos docentes valorizarem os saberes construídos pelos alunos da EJA e trazê-los para as suas práticas pedagógicas, ajudando também na legitimação dos saberes escolares. Por fim, essa pesquisa elucidou que as práticas na EJA dos professores pesquisados estavam ligadas à formação docente inicial e continuada. O estudo de Lopes (2009), abordando a formação inicial e continuada de professores, resgatou diversas considerações. Assim, constatou que as professoras investigadas não tiveram uma formação inicial específica para o trabalho com jovens e adultos, com algumas nem sabendo o que era EJA quando foram atuar nessa modalidade, que não se deu por opção, mas pela necessidade de ajustamento da situação profissional, constituindo-se professoras de Matemática da EJA “na” e “pela” prática. Em relação à formação continuada, as professoras destacaram que essa não vinha acontecendo, e quando acontecia se tratava de reuniões administrativo-pedagógicas, e se limitava ao ensino regular. Quanto à atuação docente, observou que as professoras compreendiam que não se podia atuar na EJA com a mesma metodologia utilizada no ensino regular, demonstrando preocupação com a aprendizagem dos alunos na utilização dos seus conhecimentos informais em sala de aula, embora suas preocupações estivessem centradas em alguns conteúdos, deixando de lado outros que pareceram não ter espaço em suas aulas. Percebeu-se que as professoras preferiam trabalhar na EJA a trabalhar no ensino regular, pois consideravam que os adultos eram mais interessados, educados e procuravam a escola porque realmente queriam estudar, ao contrário dos jovens que eram obrigados pelos pais a frequentarem as aulas, afirmando que, mesmo com as dificuldades apresentadas pelos adultos, o trabalho fluía melhor na EJA, pois no ensino regular perdiam muito tempo para contornar os problemas de indisciplina. Concluindo a análise das pesquisas organizadas conforme o tema “Formação/Atuação de Professores”, apresentamos as conclusões dos estudos de Peggion (2006) e Cosme (2009), relativos ao subtema “relações e implicações entre a formação do professor e a sua prática pedagógica”. Na pesquisa de Peggion (2006) evidenciou-se que os professores investigados não tiveram em sua formação inicial qualquer tipo de instrução quanto à EJA, atribuindo a essa formação contribuições relativas à teoria, mas com poucas referências em relação à atuação em sala de aula especificamente com jovens e adultos, culminando na oscilação entre o 187 discurso teórico da formação inicial e continuada e a espontaneidade de suas práticas docentes diante dos desafios impostos pela heterogeneidade característica dos alunos da EJA. A pesquisa de Cosme (2009) concluiu que, apesar da formação matemática ter sido apontada pelos professores pesquisados como principal contribuição do curso de licenciatura para sua formação profissional, por outro lado, também destacaram a pouca atenção dada no curso à dimensão didático-pedagógica da formação docente, principalmente se tratando da EJA, que, inclusive, não era vista por eles como tão necessária à época que cursavam a licenciatura, passando a ser entendida como relevante devido às novas experiências propiciadas pela prática docente e às necessidades que emergiram dessas novas experiências. Essa pesquisa também concluiu que o descaso com a EJA aliado à deficiência da formação inicial levou os professores pesquisados a desenvolverem seu trabalho quase que sozinhos, acarretando que se fizessem professores de Matemática da EJA na prática, no trabalho de cada noite com seus alunos, fundamentados em suas experiências como docente da EJA ou do ensino regular e em suas experiências como alunos. 5.5.4 – Contribuições e implicações das pesquisas Em relação às práticas educativas na Educação Matemática de Jovens e Adultos As pesquisas relacionadas ao tema “Formação/Atuação de Professores”, trouxeram à tona constatações que denunciam e ao mesmo tempo alertam para a necessidade de discussões e reflexões sobre o papel da formação de professores, e a urgência de ações para reverter os problemas relativos a essa formação no desígnio de preparar os docentes para atuarem na EJA em consonância com suas especificidades, seja através de formação inicial ou continuada, e que, por se constituir em uma realidade a ser encontrada pelos professores que ensinam Matemática, requer que seja conhecida, reconhecida e problematizada. Nesse contexto, algumas dessas pesquisas denunciam de forma veemente a ausência de formação inicial de professores específica para se lecionar Matemática na EJA (MIGLIORANÇA, 2004; LOPES, 2009; PEGGION, 2006; COSME, 2009); e que a formação continuada, quando há, não ocorre como deveria, pois não atende as necessidades e expectativas dos professores em relação à formação para atuar na EJA (LOPES, 2009). Para Cosme (2009), esse quase total “silenciamento” nos cursos de formação de professores, no tocante à EJA, é reflexo do próprio histórico de descaso com essa modalidade, e também reflexo do afastamento entre a universidade – instituição por excelência promotora da formação de professores – e as instituições de Educação Básica, uma vez que, o pouco envolvimento da universidade com o campo da EJA dificulta a criação e consolidação de 188 espaços de formação docente mais voltados para essa modalidade, seja inicial ou continuada. Essa ausência de formação específica não somente é reconhecida pelas pesquisas aqui analisadas, como algumas delas ainda ressaltam que os professores investigados estariam insatisfeitos e reclamando dos conhecimentos recebidos em sua formação docente para ensinar na EJA, a ponto de reivindicarem uma formação capaz de melhor prepará-los para o trabalho pedagógico nessa modalidade (CORÔA, 2006; ALVES, 2004; LOPES, 2009). Aspecto similar foi observado no estado da arte de Freitas (2013, p. 289), destacando a “ampla defesa de uma formação específica para o professor que atua em EJA”; e também no estado da arte organizado por Haddad (2002, p. 27), afirmando haver “uma quase unanimidade na constatação da necessidade de uma preparação específica dos professores que atuam em EJA, balizada em exemplos de experiências pesquisadas ou na comprovação das precariedades dos trabalhos dos professores onde esta formação não ocorre”. Entre outras constatações levantadas nessas pesquisas, podemos destacar ainda: a) o trabalho docente na EJA não se constitui em uma opção, mas num ajustamento da situação profissional (LOPES, 2009), embora, em alguns casos, o professor prefira trabalhar na EJA a trabalhar no ensino regular, afirmando que, mesmo com as dificuldades dos seus alunos, o trabalho se desenvolve melhor nessa modalidade (AZEVEDO, 2009; LOPES, 2009); b) as inúmeras dificuldades no ambiente de trabalho influenciam decisivamente a atuação dos professores na EJA (MIGLIORANÇA, 2004); c) o fato de os professores, mesmo reconhecendo a necessidade de um trabalho pedagógico diferenciado na EJA, não conseguirem desenvolver suas atividades docentes de acordo com essa perspectiva (SANTOS, 2008; NOGUEIRA, 2010; LOPES, 2009; GILS, 2010; PEGGION, 2006); d) a falta de suporte aos documentos, pesquisas e materiais produzidos sobre o ensino de Matemática na EJA por parte dos professores (LOPES, 2009); e) a visão compensatória de EJA, de oportunidade para suprir o tempo perdido, uma espécie de ensino regular noturno devido a constância de adolescentes que poderiam estar no ensino regular, provocando a insatisfação de professores e alunos, e até a desistência do aluno mais velho e interessado (LOPES, 2009); f) as dificuldades dos professores em desenvolver suas atividades docentes tanto no atendimento às especificidades da EJA quanto às peculiaridades da Educação Inclusiva, diante da presença, cada vez mais constante, de jovens e adultos com deficiência, que, em muitos casos, tomam os bancos escolares pela 189 primeira vez (RODRIGUES, T., 2008). Expressa como um dos principais problemas resultante da falta de formação docente específica para atuar na EJA e também dos demais aspectos supracitados, a ideia da docência na EJA como um percurso solitário é ressaltada por parte das pesquisas concernentes ao tema “Formação/Atuação de Professores”. Nesse sentido, algumas dessas pesquisas evidenciam que os professores que ensinam Matemática na EJA têm desenvolvido seu trabalho docente quase que sozinhos (MIGLIORANÇA, 2004; LOPES, 2009; COSME, 2009), constituindo-se ou se fazendo professores de Matemática da EJA “na” e “pela” prática, no trabalho de cada noite com seus alunos, fundamentados em suas experiências como docente da EJA ou do ensino regular e em suas experiências como alunos (CORÔA, 2006; LOPES, 2009; COSME, 2009). Em contrapartida às constatações ressalvadas nos estudos realizados, as pesquisas aqui analisadas também fomentam possíveis contribuições para a formação de professores na área de Matemática, de forma a atuar no âmbito da EJA. A primeira e mais importante recomendação recai sobre o imperativo de se investir na formação de professores, inicial e continuada, para prover os docentes que ensinam Matemática das condições e habilidades necessárias, conforme Fonseca (2002), para atuarem como educadores matemáticos de jovens e adultos, dotados não apenas de certa intimidade com a própria Matemática, mas também preparados e compromissados com as especificidades que envolvem a modalidade EJA. Para tanto, destaca-se a necessidade de compromisso das instituições de ensino superior, responsáveis pela formação de professores, na tarefa de abordar as especificidades da EJA nos cursos de licenciatura que formam docentes especialistas nas áreas curriculares (PEGGION, 2006); e que essas instituições formem profissionais sensibilizados com os problemas da EJA e motivados a colaborar com a melhoria das condições de ensino dos jovens e adultos, oferecendo a esses profissionais, bases teóricas exigidas para a sua atuação nessa modalidade, contribuindo para que não venham cometer equívocos em sua prática docente que possam findar com a exclusão socioeducacional desses alunos (CORÔA, 2006). Essa recomendação retoma e reforça o posicionamento das DCNs para a EJA de que “as licenciaturas e outras habilitações ligadas aos profissionais do ensino não podem deixar de considerar, em seus cursos, a realidade da EJA” (BRASIL, 2000a, p. 58). Na busca de melhorias da formação de professores recomenda-se que: a) a formação inicial seja repensada no sentido de que todos os formadores se assumam como formador de professores da escola básica (LOPES, 2009); 190 b) a disciplina Prática de Ensino [equivalente ao estágio supervisionado] dos cursos de licenciatura, para melhor desempenhar seu papel na formação inicial de educadores matemáticos, se efetive em fomentadora de discussões com base em reflexões teóricas, advindas da investigação da prática de professores mais experientes, se constituindo ao longo do curso, com uma carga horária dividida no decorrer dos semestres e não apenas acontecendo nos últimos períodos do curso, para que, em cada momento, o licenciando tenha oportunidade de entrar em contato e participar de atividades nos vários níveis de ensino, vivenciando as mais diversas realidades escolares (ALVES, 2004); c) ocorra uma integração entre os futuros professores e os professores em atuação, se constituindo espaços de trocas de teorias e práticas capazes de promover simultaneamente formação inicial e continuada (COSME, 2009). Nesse caso, sugere-se que a disciplina de Prática de Ensino dos cursos de licenciatura assuma a tarefa de interferir positivamente na formação continuada de professores, instituindo assim, um espaço de dupla formação (ALVES, 2004); d) a formação continuada dos professores em serviço seja pautada no diálogo entre esses professores (LOPES, 2009); e) a Etnomatemática seja adotada como uma possibilidade de contribuição para o processo de formação docente (SANTOS, 2008; GILS, 2010). Proposição interessante que se acrescenta a essas recomendações remete-se ao fato de que não basta haver cursos de formação de professores, sendo necessário também, que exista uma política de acompanhamento posterior a esses cursos, para acompanhar de perto os resultados e intervir quando for o caso, do contrário, a formação não provocará nenhuma mudança efetiva (COSME, 2009). Entre outras proposições, as pesquisas relativas ao tema “Formação/Atuação de Professores” ainda indicam, na tentativa de atingir todos os docentes e futuros professores, que o governo se sensibilize com a realidade educacional da EJA, destinando mais investimentos e instituindo políticas públicas para essa modalidade (CORÔA, 2006), estabelecendo também prioridades para a formação em serviço dos professores que atuam nesse segmento de ensino (MIGLIORANÇA, 2004). Voltando-se para a atuação e prática docente dos professores de Matemática na EJA, essas pesquisas fomentam ainda algumas propostas relevantes para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem de Matemática nessa modalidade. Desse modo, a Etnomatemática é novamente destacada como uma possibilidade 191 de trabalho para a EJA, trazendo uma nova lógica para as práticas docentes nessa modalidade, pois permite um afastamento da postura tradicional, onde são as intenções curriculares que orientam a prática e a formação docente, e são essas, por sua vez, que condicionam os saberes dos alunos (SANTOS, 2008; GILS, 2010). Ao mesmo tempo, se recomenda aos professores que ensinam Matemática na EJA a continuidade de estudos, a reflexão constante sobre a própria prática docente e o aperfeiçoamento do seu trabalho pedagógico por meio da reflexão junto a outros professores (PEGGION, 2006), além do desenvolvimento de atividades de ensino não apenas contextualizadas, mas também, ricas culturalmente e mais dialógicas (GILS, 2010). Por fim, sugere-se que para trabalhar na EJA toda a comunidade escolar receba uma boa formação e esteja comprometida com essa modalidade, e que o trabalho seja feito a partir de reflexões coletivas entre professores, alunos e demais integrantes da comunidade escolar (CORÔA, 2006), estimulando a solidariedade entre os mesmos e investindo na constituição de um ambiente em que todos estejam comprometidos com o destino dos seus alunos (MIGLIORANÇA, 2004). Em relação à pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos As pesquisas concernentes ao tema “Formação/Atuação de Professores” ressaltam a extrema relevância da constituição de investigações sobre a prática e a formação de professores na área de Matemática que atuam na EJA, pois focalizam a figura do professor compreendendo-o como responsável pelo processo de ensino-aprendizagem de jovens e adultos que buscam se inserir ou se reinserir no contexto escolar. Além disso, se por um lado, exercem o papel de denúncia, revelando os problemas e fragilidades da formação de professores para a EJA, por outro, reforçam e reafirmam posicionamentos reconhecidos por estudos no campo da formação docente, e principalmente, revelam novos elementos para esse campo, especialmente sobre a formação específica de professores na área de Matemática para atuar na EJA, contribuindo por colocar esse assunto na pauta de preocupações e reivindicações educacionais. Isso inclui criar espaços na formação inicial e continuada para discussão e reflexão sobre os resultados dessas pesquisas, e constituir núcleos e grupos de estudo e de investigação sobre a formação docente nas instituições formadoras de professores, que pode, inclusive, nas palavras de Machado (2008, p. 171), “auxiliar na formação dos próprios professores universitários, que, em sua maioria, também não possuem elementos suficientes para formar os professores que atuarão na educação básica com jovens e adultos”. Não apenas concordamos com essa situação, mas também nos incluímos, atuando 192 como formadores de professores na área de Matemática para lecionar, entre outras realidades educacionais, na EJA, sem que tivéssemos qualquer formação em relação a essa modalidade, a não ser o interesse particular de compreendê-la com suas peculiaridades através de estudos e do desenvolvimento de pesquisas, como nossa dissertação e esta tese, tendo como propósito contribuir com a nossa própria formação e com a formação dos nossos alunos licenciandos. Nessa perspectiva, ainda que reconhecendo a tímida quantidade de investigações tratando da formação de professores entre as pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, relativas ao período de 2001 a 2010, com apenas seis estudos, envolvendo especificamente os subtemas “formação inicial e/ou continuada” e “relações e implicações entre a formação do professor e a sua prática pedagógica”, suscitamos, com base nesses estudos, algumas possíveis indagações e questionamentos para futuras investigações no fomento à consolidação e à melhoria da formação docente para a EJA: Como tem sido discutida a EJA no âmbito das licenciaturas de Matemática e nos cursos de Pedagogia? Que concepções de EJA e de Educação Matemática para a EJA tem o formador de professores? A relação entre teoria e prática na formação de professores na área de Matemática tem avançado só na teoria ou também na prática? Como oportunizar espaços educativos para a formação do professor na área de Matemática, em que pesquisadores da área e professores possam trabalhar de forma colaborativa? Quais as soluções para o problema da falta de formação em serviço ou formação continuada no ambiente escolar? Qual o papel da Educação Matemática nos espaços de formação docente para a EJA? Qual o perfil de professor na área de Matemática para atuar na EJA? Que saberes e conhecimentos profissionais do professor têm sido fomentados na formação inicial e continuada para atuar na EJA? Que conhecimentos e práticas devem ser desenvolvidos nos cursos de licenciatura e de formação continuada sobre a juventude e a vida adulta, sobre os seus modos de aprender, sobre a sua cultura e os seus modos de viver? Na busca de respostas sistematizadas, através da pesquisa, para esses e tantos outros questionamentos, sugerimos às futuras investigações a realização de mapeamento e análise de teses e dissertações (AZEVEDO, 2009; PEGGION, 2006) para uma avaliação crítica sobre o que já foi produzido sobre o tema da formação de professores na área de Matemática para atuar na EJA, e para a identificação dos avanços teóricos desse tema. Também indicamos às futuras pesquisas, a tentativa desafiadora de constituírem um referencial teórico consistente na definição de considerações mais específicas em relação à formação do professor na área de Matemática para a EJA, principalmente por se observar, de forma geral, a diversidade de referenciais teóricos abordados nas pesquisas pertinentes ao 193 tema “Formação/Atuação de Professores”, que, se revela uma riqueza em termos de aportes na compreensão da atuação e formação docente, também aponta para certa fragilidade quanto à consistência de um referencial teórico homogêneo. Pela coerência dos procedimentos metodológicos empregados por essas pesquisas, utilizando diversos instrumentos de produção e coleta de dados condizentes com os objetivos de investigação, e pela forma de organização, tratamento e análise das informações coletadas, em concordância com o foco de estudo, propomos que as futuras investigações adotem a mesma postura metodológica empregada por essas pesquisas. Ou ainda, que recorram a outros procedimentos metodológicos como, por exemplo: pesquisa colaborativa, história de vida, história oral, narrativa, diário reflexivo. 5.6 – Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA Este tema reúne, dentre as pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, produzidas no País no período de 2001 a 2010, os estudos que focalizaram atividades ou experiências educacionais relativas ao processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA, realizadas principalmente no cotidiano das salas de aula, ou que também aconteceram em outros ambientes, dentro ou fora da escola, envolvendo essa modalidade, refletindo a relação entre professores, estudantes jovens e adultos, e conhecimentos matemáticos. A caracterização desse tema baseia-se em Fiorentini e Sader (1999, p. 1) na descrição para as pesquisas brasileiras sobre a prática pedagógica em Matemática, tidas como: [...] estudos em que o pesquisador procura mergulhar no ambiente da sala de aula, tentando observar seus movimentos, diversidades e contradições; conhecer as necessidades e carências dos alunos; [...] desvendar relações entre professor, aluno e o saber matemático; investigar como ocorre o processo de construção/formação dos conceitos matemáticos; [...] analisar os significados, o discurso e a linguagem presentes em sala de aula etc. Em consideração à concepção de EJA inerente não apenas à educação formal, mas também à educação não-formal e à toda gama de oportunidades de educação informal e ocasional que durante muito tempo condicionaram a sua existência antes mesmo de se tornar uma modalidade da Educação Básica, enfatizamos a compreensão da sala de aula expressa por Fiorentini e Sader (1999) não necessariamente condicionada ao espaço escolar, mas ainda, vinculada a outros ambientes além dos limites da escola, onde a EJA acontece como uma ação educacional sistematizada, em que, portanto, práticas matemáticas são realizadas. 194 Dessa forma, com base na relevância das atividades ou experiências educacionais em Matemática, especialmente no contexto da EJA, e a constituição das práticas pedagógicas como foco de pesquisas nos cursos de pós-graduação em Educação, no Brasil, desde 1985 (FIORENTINI; SADER, 1999), passamos à análise das pesquisas relativas ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA”, conforme o Quadro 13. Quadro 13 – Pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos segundo o tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA” Quant. Pesquisa Tipo1 Instituição Foco/Objeto de Estudo Subtema: Construção/formação de conceitos e estratégias a partir de práticas pedagógicas em aulas e/ou em intervenções educacionais Saberes matemáticos e seus modos de aquisição a partir de situaçõesJesus (2005) DA USP problema desencadeadas em atividades orientadoras de ensino Atitudes e procedimentos de alunos da EJA frente à resolução de Motta Filho (2006) DP PUC/SP atividades/situações-problema Noções de porcentagem, desconto e acréscimo de alunos da EJA na Bastos (2007) DP UNICSUL resolução de problemas escolares 6 Dificuldades e potencialidades de alunos na resolução de situaçõesMazzanti (2008) DP PUC/SP problema envolvendo cálculos trabalhistas Estratégias de pensamento de alunos na construção de conhecimentos Mattara (2010) DA UNOESTE matemáticos decorrentes de situações-problema do seu cotidiano Interpretação de textos matemáticos e as dificuldades na resolução de Pereira (2010) DA UFPA problemas de Geometria a partir de registros produzidos pelos alunos Subtema: Relações entre os procedimentos didático-metodológicos e o desempenho/aprendizagem de alunos em intervenções de ensino Avaliação da evolução do desempenho escolar de alunos deficientes Rubin (2003) DA UFSCar mentais a partir de estratégias interventivas Contribuições de uma intervenção de ensino no desenvolvimento dos 3 Silva, E. A. (2007) DP PUC/SP conceitos de incógnita, variável e equação do 1º grau na EJA Potencial de uma sequência didática quanto à compreensão do conceito Silva, T. (2007) DP UFRN e das operações com números racionais pelos alunos da EJA Subtema: Cotidiano escolar e do processo de ensino-aprendizagem de Matemática em sala de aula Aspectos motivadores/facilitadores do processo de ensinoMelo (2004) DA UFRN aprendizagem de Matemática nas salas de aula da EJA Barreto (2005) T UNESP/RC Tempo vivido pelo alfabetizando adulto em aula de Matemática na EJA Sentido e significados do ensino de Matemática em processos de Rodrigues (2006) DA UFPA 5 exclusão e de inclusão escolar e social na EJA Vivência, compreensão e produção de significados de alunos para o Silva, F. (2007) DA UFJF espaço escolar Relações afetivas em aulas de Matemática com o uso do quadro de Fonseca (2008) DA UFPA escrever na resolução de problemas matemáticos por alunos da EJA Subtema: “Discurso e linguagem presente/produzida em sala de aula” Reminiscências matemáticas das experiências escolares enunciadas por Fonseca (2001) T UNICAMP alunos da EJA como forma de inclusão na cultura escolar Cardoso (2002) DA UFMG Relação entre atividade matemática e práticas de leitura em sala de aula Linguagem matemática de situações do cotidiano manifestada por Garaffa (2005) DA UPF 5 estudantes da EJA em sala de aula Relações entre linguagem matemática e linguagem natural e a Valverde (2006) DA UNICAMP importância da interação na aula de Matemática na EJA Conceitos matemáticos mobilizados em práticas sociais a partir dos Santos (2010) DP UFRGS jogos de linguagem conhecidos pelos alunos da EJA Subtema: Práticas de numeramento mobilizadas e constituídas em sala de aula e/ou em atividades educacionais Relações entre conhecimentos matemáticos escolares e cotidianos em Cabral (2007) DA UFMG práticas de numeramento na sala de aula da EJA Mobilização/constituição de práticas de numeramento em eventos de Faria (2007) DA UFMG numeramento ocorridos na sala de aula da EJA Mobilização/constituição de práticas de numeramento em eventos de Lima (2007) DA UFMG Tratamento da Informação em pesquisas de opinião por alunos da EJA 7 Relações de gênero em práticas de numeramento de alunas e alunos da Souza (2008) T UFMG EJA Relações entre conhecimentos cotidianos e conhecimentos escolares e Ferreira (2009) DA UFMG as posições que assumem nelas os alunos em uma sala de aula da EJA Sentidos das práticas de numeramento e das relações geracionais nas Schneider (2010) T UFMG posições de jovens e adultos quanto ao pertencimento/inclusão na EJA Simões (2010) DA UFMG Apropriação de práticas de letramento/numeramento por alunos da EJA 1 Correspondente ao tipo de pesquisa: Tese (T), Dissertação Acadêmica (DA) e Dissertação Profissional (DP) 195 O tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA” tem o segundo maior número de pesquisas (26) em relação aos outros temas, e também reúne a maioria das teses (4) analisadas neste estudo, com pesquisas em todos os anos entre 2001 a 2010, sendo a maior concentração nos anos de 2007 e 2005, respectivamente, com sete e cinco pesquisas, e mais uma pesquisa anual nos anos de 2001 a 2004 e 2009, e três pesquisas anuais nos anos de 2005, 2006 e 2008. 5.6.1 – Principais problemas e/ou objetivos abordados pelas pesquisas Os estudos relativos ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA” foram organizados em conformidade com cinco subtemas, de forma a melhor analisarmos seus focos de estudo a partir dos seus objetivos e problemas investigados. O primeiro subtema refere-se às pesquisas que trataram da “construção/formação de conceitos e estratégias a partir de práticas pedagógicas em aulas e/ou em intervenções educacionais”, tendo como enfoque a resolução de situações-problema envolvendo conteúdos matemáticos por alunos da EJA dos ensinos Fundamental (JESUS, 2005; BASTOS, 2007; MATTARA, 2010) e Médio (MOTTA FILHO, 2006; MAZZANTI, 2008; PEREIRA, 2010). Quanto às pesquisas com alunos da EJA do Ensino Fundamental, Jesus (2005) analisou como estudantes de um curso supletivo manifestaram os seus conhecimentos matemáticos e seus modos de aquisição a partir de situações-problema desencadeadas em atividades orientadoras de ensino. O estudo de Bastos (2007) investigou quais as noções de porcentagem, desconto e acréscimo que os alunos demonstraram ter ao resolver problemas envolvendo esses assuntos. Já a pesquisa de Mazzanti (2008) identificou e analisou quais foram as dificuldades e potencialidades apresentadas pelos alunos na resolução de situaçõesproblema tratando de cálculos trabalhistas. Em relação aos estudos com alunos da EJA do Ensino Médio, Motta Filho (2006) identificou e analisou atitudes e procedimentos de estudantes frente à resolução de atividades/situações-problema. A pesquisa de Mattara (2010) buscou compreender as estratégias de pensamento utilizadas pelos alunos na construção de conhecimentos matemáticos decorrentes de situações-problema intrínsecas ao seu cotidiano. Por sua vez, o estudo de Pereira (2010) analisou a interpretação de textos matemáticos e as dificuldades na resolução de problemas de Geometria Plana a partir de registros produzidos por alunos. No subtema “relações entre os procedimentos didático-metodológicos e o desempenho/aprendizagem de alunos em intervenções de ensino” encontramos uma pesquisa oriunda de programa de mestrado acadêmico (RUBIN; 2003) e duas de mestrado profissional 196 (SILVA, E. A., 2007; SILVA, T., 2007). Em sua pesquisa de mestrado acadêmico, Rubin (2003) se propôs avaliar, analisar e acompanhar a evolução nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática, do desempenho escolar de jovens e adultos com deficiência mental moderada. No tocante aos estudos de mestrado profissional, Silva E. A. (2007) investigou quais as contribuições de uma intervenção de ensino no desenvolvimento dos conceitos de incógnita, variável e equação do 1º grau por estudantes da EJA; e Silva T. (2007) analisou o potencial de uma sequência didática quanto à compreensão dos conceitos e das operações com número racionais por parte dos educandos da EJA. O subtema “cotidiano escolar e do processo de ensino-aprendizagem de Matemática em sala de aula” foi composto por duas pesquisas com foco no cotidiano da escola, sem a inclusão de suas salas de aula (RODRIGUES, 2006; SILVA, F., 2007), e três pesquisas centradas no processo de ensino-aprendizagem de Matemática desenvolvidas na sala de aula (MELO, 2004; BARRETO, 2005; FONSECA, 2008). Nas pesquisas focadas no cotidiano escolar, tivemos os estudos de Rodrigues (2006), que buscou compreender o sentido e os significados do ensino de Matemática em processos de exclusão e de inclusão escolar e social na EJA; e de Silva, F. (2007), que se propôs compreender como o aluno, jovem ou adulto, vivencia, compreende e produz significados para o espaço escolar. Nos estudos centrados na sala de aula: Melo (2004) analisou os aspectos motivadores/facilitadores do processo de ensino-aprendizagem de Matemática no contexto das salas de aula da EJA; Barreto (2005) investigou como se dá o tempo vivido pelo alfabetizando adulto na aula de Matemática; e Fonseca (2008) abordou as relações afetivas em aulas de Matemática mediadas pelo uso interativo do quadro de escrever na resolução de problemas matemáticos por alunos da EJA. Concernente às pesquisas do subtema “discurso e linguagem presente/produzida em sala de aula”, observamos apenas o estudo de Fonseca (2001) com enfoque no discurso, e os demais estudos tratando sobre linguagem (CARDOSO, 2002; GARAFFA, 2005; VALVERDE, 2006; SANTOS, 2010). A pesquisa de Fonseca (2001) investigou os discursos produzidos por alunos da EJA através da enunciação de suas reminiscências matemáticas, constituídas nas memórias ou lembranças de seu aprendizado em passagens anteriores pelos bancos escolares. Quanto aos estudos sobre linguagem: Cardoso (2002) analisou as relações entre a atividade matemática e as práticas de leitura de alunos da EJA em sala de aula; Garaffa (2005) 197 pesquisou qual a linguagem matemática de situações do cotidiano manifestada por estudantes da EJA em sala de aula; Valverde (2006) estudou as relações entre a linguagem matemática e a linguagem natural e a importância da interação professor-aluno na aula de Matemática; e Santos (2010) investigou a presença de conceitos matemáticos mobilizados em práticas sociais, a partir dos jogos de linguagem conhecidos pelos alunos da EJA em sala de aula. No último subtema referente ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA”, tratando das “práticas de numeramento mobilizadas e constituídas em sala de aula e/ou em atividades educacionais”, constatamos a convergência de suas pesquisas quanto às relações entre os conhecimentos matemáticos escolares e cotidianos nas práticas de numeramento (CABRAL, 2007; FERREIRA, 2009); à mobilização, constituição ou apropriação de práticas de numeramento a partir de atividades escolares (FARIA, 2007; LIMA, 2007; SIMÕES, 2010); e à percepção de singularidades entre os sujeitos da EJA, identificadas em práticas de numeramento (SOUZA, 2008; SCHNEIDER, 2010). No tocante às pesquisas sobre as relações entre os conhecimentos matemáticos escolares e cotidianos nas práticas de numeramento, observamos que Cabral (2007) estudou as relações entre conhecimentos matemáticos escolares e conhecimentos matemáticos do cotidiano, forjadas na mobilização e na constituição de práticas de numeramento durante as aulas de Matemática na EJA. Já Ferreira (2009) pesquisou como se estabeleceram as relações entre os conhecimentos cotidianos e os conhecimentos escolares, e as posições que assumiram nelas os alunos de uma sala de aula do Ensino Médio da EJA. No que diz respeito aos estudos sobre a mobilização, constituição ou apropriação de práticas de numeramento a partir de atividades escolares, verificamos que Faria (2007) buscou analisar a mobilização e a constituição de práticas de numeramento em eventos de numeramento ocorridos na sala de aula da EJA; enquanto que Lima se propôs analisar a mobilização e a constituição de práticas de numeramento em eventos de tratamento da informação na realização de uma pesquisa de opinião, pensada, elaborada e executada por alunos da EJA. Por sua vez, Simões (2010) investigou os modos como alunos e alunas da EJA se apropriaram das práticas de letramento e de numeramento escolares. Em relação às pesquisas que trataram da percepção de singularidades entre os sujeitos da EJA, identificadas em práticas de numeramento, constatamos que Souza (2008) investigou como se configuraram as relações de gênero nas práticas de numeramento de alunas e alunos da EJA; e que Schneider (2010) buscou compreender os sentidos das práticas de numeramento e das relações geracionais na escola de EJA, configurados nas posições de jovens e adultos quanto ao seu pertencimento e inclusão no universo escolar. 198 5.6.2 – Referenciais teóricos e procedimentos metodológicos das pesquisas Na análise dos autores referenciados pelas pesquisas relativas ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA”, optamos por abordar essas pesquisas quanto aos seus aportes teóricos conforme a organização das mesmas por subtema, principalmente pela quantidade de estudos realizados e, consequentemente, pela diversidade de autores abordados. Dessa forma, tratando inicialmente dos estudos pertinentes ao subtema “construção/formação de conceitos e estratégias a partir de práticas pedagógicas em aulas e/ou em intervenções educacionais”, verificamos uma relativa unidade teórica nesses estudos com suporte em D’Ambrosio (BASTOS, 2007; MAZZANTI, 2008; MATTARA, 2010) e em Fonseca (JESUS, 2005; MAZZANTI, 2008; PEREIRA, 2010). Além disso, observamos o aporte teórico desses estudos em autores como: Paulo Freire (JESUS, 2005); Onuchic (MOTTA FILHO, 2006); Fasheh (BASTOS, 2007); e Wittgenstein (PEREIRA, 2010). Sendo destacada ainda a Proposta Curricular para a EJA no segundo segmento do Ensino Fundamental (MOTTA FILHO, 2006; BASTOS, 2007). Nas pesquisas quanto ao subtema “relações entre os procedimentos didáticometodológicos e o desempenho/aprendizagem de alunos em intervenções de ensino”, não notamos qualquer unidade teórica entre elas, destacando-se como suas referências principais: Haddad sobre EJA, e Pessotti, e Vitor da Fonseca sobre Educação Especial (RUBIN, 2003); D’Ambrosio, e Skovsmose sobre Educação Matemática, e Paulo Freire sobre educação de adultos (SILVA, E. A., 2007); e Perez sobre números decimais (SILVA, T., 2007). Enfocando os estudos relacionados ao subtema “cotidiano escolar e do processo de ensino-aprendizagem de Matemática em sala de aula”, constatamos que vários autores foram citados, com destaque para Fonseca, referenciada por todos eles. Também tivemos como aporte teórico de alguns desses estudos o pensamento freireano (MELO, 2004; RODRIGUES, 2006; FONSECA, 2008), além da recorrência a autores como: D’Ambrosio (MELO, 2004; RODRIGUES, 2006); Heidegger, e Bicudo (BARRETO, 2005); Certeau (SILVA, F., 2007); e Vygotsky (FONSECA, 2008). Em relação às pesquisas do subtema “discurso e linguagem presente/produzida em sala de aula”, observamos uma diversidade de autores referenciados, entre eles: Vygotsky (FONSECA, 2001; VALVERDE, 2006); Kleiman (CARDOSO, 2002; VALVERDE, 2006); Bakhtin (FONSECA, 2001); Chartier (CARDOSO, 2002); Gumperz, e Goffman (VALVERDE, 2006); Fonseca, e Wittgenstein (SANTOS, 2010). Por não termos obtido o estudo de Garaffa (2005), mas apenas seu resumo, não foi possível levantar seu aporte teórico. Finalmente, em consideração às referências teóricas dos estudos relativos ao 199 subtema “práticas de numeramento mobilizadas e constituídas em sala de aula e/ou em atividades educacionais”, constatamos uma homogeneidade teórica nesses estudos, tendo em vista o fato de todos eles terem se apoiado em Fonseca, e também, por terem, em sua maioria, se embasado nas teorias sobre letramento, recorrendo principalmente a Magda Soares (CABRAL, 2007; FARIA, 2007; LIMA, 2007; SIMÕES, 2010). Outro aspecto comum nesses estudos remete-se à recorrência de referenciarem todos esses trabalhos defendidos anteriormente à sua pesquisa, demonstrando continuidade nas investigações e a consolidação de um grupo de pesquisas em torno das práticas de numeramento na EJA, que inclui ainda o trabalho de Adelino (2009), analisado quando tratamos do tema “Didática/Metodologia de Ensino”. No tocante à metodologia das pesquisas relativas ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA”, observamos o destaque para o enfoque qualitativo, sendo que, em sua maioria, não chegaram a explicitar a abordagem metodológica, e as que mencionaram, se constituíram em um número razoável comparado ao total dessas pesquisas (BASTOS, 2007; MAZZANTI, 2008; BARRETO, 2005; SILVA, F., 2007; FONSECA, 2008; GARAFFA, 2005; VALVERDE, 2006; FERREIRA, 2009; SCHNEIDER, 2010; SIMÕES, 2010). Parte dessas pesquisas optou por se classificar com outra denominação associada à investigação qualitativa, como: pesquisa-ação (MATTARA, 2010), pesquisa etnográfica (MELO, 2004), estudo de caso (RODRIGUES, 2006), ou pesquisa de campo (FONSECA, 2001; CARDOSO, 2002). Além disso, tivemos o estudo qualitativo de Souza (2008), com seus pressupostos metodológicos segundo a teorização foucaultiana relativa ao discurso, e o estudo de Silva, E. A. (2007), com enfoque na abordagem quanti-qualitativa. No estado da arte de Freitas (2013), em relação às produções sobre as práticas pedagógicas em Matemática na EJA, também se observou a quase totalidade das mesmas a partir de pesquisas classificadas como qualitativas. Na análise dos procedimentos empregados na produção e coleta de dados pelas pesquisas referentes ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA”, constatamos uma diversidade de técnicas ou instrumentos, com um ou outro se destacando dependendo do foco de estudo do subtema, fazendo com que optássemos por apresentar essa análise organizada por instrumento/técnica, elencando as pesquisas ou os subtemas que fizeram uso do mesmo. Nesse sentido, tivemos que a observação participante foi a principal técnica empregada por essas pesquisas, sendo utilizada por todos os estudos tratando das práticas de numeramento, além de ter sido quase uma unanimidade entre os estudos sobre as relações entre procedimentos didático-metodológicos e desempenho/aprendizagem dos alunos 200 (exceção do trabalho de Silva, E. A. (2007)), e entre os estudos que enfocaram o discurso e a linguagem em sala de aula (exceto Santos (2010)). Essa técnica também foi usada em alguns dos estudos sobre a construção de conceitos e estratégias a partir de práticas pedagógicas (JESUS, 2005; BASTOS, 2007; MAZZANTI, 2008), e em algumas das pesquisas relativas ao cotidiano escolar (MELO, 2004; RODRIGUES, 2006; FONSECA, 2008). Sobre o uso da observação participante, vale destacar o procedimento de construção de narrativas das aulas observadas, adotado por Cabral (2007) e Simões (2010). As entrevistas foram utilizadas por todas as pesquisas pertinentes aos subtemas “práticas de numeramento mobilizadas e constituídas em sala de aula e/ou em atividades educacionais” e “cotidiano escolar e do processo de ensino-aprendizagem de Matemática em sala de aula”. Além disso, foi empregada nos estudos de: Mattara (2010); Pereira (2010); Silva, T. (2007) e Santos (2010). Outro instrumento comumente utilizado foi o questionário, empregado por quase todas as pesquisas relacionadas ao subtema “construção/formação de conceitos e estratégias a partir de práticas pedagógicas em aulas e/ou em intervenções educacionais”, com exceção do estudo de Mattara (2010); e também empregado nos estudos de: Silva, E. A. (2007); Rodrigues (2006); Santos (2010); Faria (2007); e Simões (2010). Também notamos como fontes de dados, o uso de materiais produzidos pelos alunos, basicamente atividades/exercícios e situações-problema (MOTTA FILHO, 2006; MAZZANTI, 2008; MATTARA, 2010; PEREIRA, 2010; RUBIN, 2003; SILVA, T., 2007; RODRIGUES, 2006; FONSECA, 2008; FONSECA, 2001; SANTOS, 2010; CABRAL, 2007; SCHNEIDER, 2010), e aplicação de avaliações e testes (MOTTA FILHO, 2006; BASTOS, 2007; PEREIRA, 2010; RUBIN, 2003; SILVA, E. A., 2007; SILVA, T., 2007). Além desses instrumentos e técnicas de produção e coleta de dados, observamos ainda o emprego da análise documental (BASTOS, 2007; RODRIGUES, 2006; SILVA, F., 2007; FONSECA, 2001; CARDOSO, 2002; VALVERDE, 2006; FARIA, 2007), história de vida (MELO, 2004; RODRIGUES, 2006), gravação em áudio das aulas (BARRETO, 2005; SANTOS, 2010), mapas narrativos (combinação entre desenho e entrevista biográfica) (SILVA, F., 2007), e conversas informais (SANTOS, 2010; CABRAL, 2007). Esses procedimentos de produção e coleta de dados foram semelhantes aos praticados pelas pesquisas analisadas por Fiorentini e Sader (1999), em que também se destacou a observação; e pelos estudos investigados por Freitas (2013), sendo que nesses predominou a utilização de questionários e entrevistas. No que diz respeito aos modos de organização e análise de dados procedidos pelas 201 pesquisas relacionadas ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA”, notamos que esses foram os mais diversos possíveis, variando conforme o subtema. Quanto ao subtema “construção/formação de conceitos e estratégias a partir de práticas pedagógicas em aulas e/ou em intervenções educacionais”, verificamos o emprego da análise de cada uma das situações-problema resolvidas pelos alunos (MOTTA FILHO, 2006; MAZZANTI, 2008; MATTARA, 2010), da análise de comentários alusivos às aulas realizadas e aos episódios de ensino (JESUS, 2005; BASTOS, 2007), ou a combinação da análise das respostas proferidas por alunos em entrevistas e questionários com a análise das soluções desses alunos para exercícios e testes aplicados (PEREIRA, 2010). Nos estudos concernentes ao subtema “relações entre os procedimentos didáticometodológicos e o desempenho/aprendizagem de alunos em intervenções de ensino”, prevaleceu a análise quanti-qualitativa dos resultados das avaliações e testes, complementada com a análise de falas dos sujeitos destacadas nos instrumentos de produção/coleta de dados. As pesquisas atinentes ao subtema “cotidiano escolar e do processo de ensinoaprendizagem de Matemática em sala de aula” optaram por evidenciar o processo de categorização dos dados, nesse caso, utilizando-se de categorias emergentes de análise (RODRIGUES, 2008; SILVA, F., 2007; FONSECA, 2008); ou destacar a modalidade de análise que empregaram: análise do discurso (MELO, 2004), análise fenomenológica (BARRETO, 2005) e análise de conteúdo (RODRIGUES, 2008). Os estudos relacionados ao subtema “discurso e linguagem presente/produzida em sala de aula” seguiram o mesmo princípio, recorrendo ao estabelecimento de categorias emergentes de análise (CARDOSO, 2002; GARAFFA, 2005) e ao emprego das análises: de conteúdo e de discurso (FONSECA, 2001), ideográfica e nomotética (GARAFFA, 2005), e de interação (VALVERDE, 2006). Apenas Santos (2010) optou por apresentar trechos de diálogos produzidos em sala de aula e analisá-los em conformidade com o referencial teórico. Nas pesquisas referentes ao subtema “práticas de numeramento mobilizadas e constituídas em sala de aula e/ou em atividades educacionais”, constatamos que essas descreveram seus processos de organização dos dados, principalmente no que concerne à identificação de eventos de numeramento, evidenciando nesses, categorias emergentes de análise, e posteriormente, a análise dos dados no diálogo com o referencial teórico. Algumas dessas pesquisas também chegaram a nomear os procedimentos de análise que fizeram uso: análise genealógica (SOUZA, 2008); e análise de conteúdo e de discurso (FERREIRA, 2009). No levantamento dos autores que sustentaram teoricamente a metodologia das pesquisas atinentes ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA”, notamos que boa 202 parte delas não destacou seus autores, e as que apresentaram, se apoiaram, principalmente em: Ludke e André; Bardin; Bogdan e Biklen; Marli André; e Alves-Mazzotti e Gewandsznajder. Nessas pesquisas foram citados ainda autores que deram suporte à metodologia até então não referenciados por esses estudos: Angel Pérez Gómez (JESUS, 2005); Martins e Bicudo (BARRETO, 2005); Rosália Aragão, e Connelly e Clandinin (RODRIGUES, 2006); Imbke Behnken (SILVA, F., 2007); Laville e Dione (LIMA, 2007); Green, Nixon e Zaharlick (FERREIRA, 2009); Costa Val, e Heraldo Vianna (SIMÕES, 2010). No que diz respeito aos sujeitos investigados, constatamos que todas as pesquisas relativas ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA” centraram-se no aluno, sendo que algumas delas focaram ainda as professoras desses alunos (MELO, 2004; RODRIGUES, 2006; FONSECA, 2008; VALVERDE, 2006; FARIA, 2007; SIMÕES, 2010). Além disso, Rodrigues (2006) também teve como interlocutores os funcionários da escola que pesquisou. Em relação aos níveis de ensino investigados por essas pesquisas, observamos que a maioria delas voltou-se aos anos finais do Ensino Fundamental. E quanto aos demais níveis, encontramos seis estudos na alfabetização ou anos iniciais do Ensino Fundamental (RUBIN, 2003; BARRETO, 2005; FONSECA, 2008; CARDOSO, 2002; CABRAL, 2007; SOUZA, 2008), e cinco no Ensino Médio (MOTTA FILHO, 2006; MAZZANTI, 2008; PEREIRA, 2010; SILVA, F., 2007; FERREIRA, 2009). No artigo de Fiorentini e Sader (1999) os resultados foram inversos ao que encontramos nessa análise, sendo que as pesquisas que examinaram se desenvolveram especialmente nas séries iniciais do Ensino Fundamental, com onze estudos do total de dezenove, e quatro pesquisas somente nos anos finais do Ensino Fundamental. As pesquisas alusivas ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA” foram realizadas basicamente em escolas da rede pública de ensino, sendo desenvolvidas ainda em instituto federal com atendimento ao PROEJA (PEREIRA, 2010), dentro de empresa parceira do programa de educação do SESI (MELO, 2004), em organização comunitária (BARRETO, 2005), e em projetos especiais de atendimento à EJA fomentados por universidades pública (FONSECA, 2001; LIMA, 2007) e privada (SOUZA, 2008). Sobre os locais em que se desenvolveram essas pesquisas, destacamos os estudos realizados na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) com programa de educação profissional na EJA (RUBIN, 2003), em escola de atendimento exclusivo à EJA (SILVA, E. A., 2007; VALVERDE, 2006), e no Projeto de Ensino Fundamental de Jovens e Adultos do Centro Pedagógico da UFMG (FONSECA, 2001; LIMA, 2007). Essa diversidade de contextos retoma, de certa forma, o momento histórico em 203 que a EJA era concebida como educação de base ou comunitária, promovida através da iniciativa de igrejas, associações de moradores, organizações de base, e entidades privadas. Entre outras constatações em relação a essas pesquisas, podemos mencionar também, a realização de parte desses estudos envolvendo o período noturno (JESUS, 2005; BASTOS, 2007; SILVA, T., 2007; SILVA, F., 2007; CARDOSO, 2002; SANTOS, 2010; CABRAL, 2007; FARIA, 2007; LIMA, 2007; SCHNEIDER, 2010; SIMÕES, 2010)45; e o desenvolvimento de algumas delas, principalmente as relativas aos dois primeiros subtemas, com base em experiências/intervenções de ensino executadas pelo próprio pesquisador, tendo, em certos casos, realizado sua pesquisa na própria turma em que atuava como professor. Quanto à realização das pesquisas envolvendo escolas com oferta da modalidade EJA no período noturno, a história da educação brasileira demonstra como a educação de pessoas jovens e adultas sempre esteve associada ao ensino noturno, destacando-se a criação de escolas noturnas, em 1920, exatamente com a finalidade de alfabetizar jovens e adultos, e assim, amenizar os índices de analfabetismo da população brasileira na época. Sobre essa última constatação, ressalta-se que isso também foi observado no estado da arte de Freitas (2013), destacando que os artigos que analisou sobre práticas pedagógicas de Matemática na EJA se constituíram, em sua maioria, de relatos feitos pelos pesquisadores/autores dos artigos retratando e discutindo suas próprias experiências como responsáveis por essas práticas, realizadas em turmas de EJA ou em projetos educacionais. Outra observação mais pontual refere-se ao fato de os estudos relativos ao subtema “construção/formação de conceitos e estratégias a partir de práticas pedagógicas em aulas e/ou em intervenções educacionais” terem acontecido quase que predominantemente no Estado de São Paulo, sendo a exceção o estudo de Pereira (2010). 5.6.3 – Principais resultados e conclusões explicitados pelas pesquisas As vinte e seis pesquisas atinentes ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA”, elucidaram diversas considerações em função da abrangência de seus focos de estudo. Por vezes, muito particulares, restringindo-se à enunciação dos resultados positivos das intervenções de ensino realizadas, e que assim, não podem ser generalizadas sem cuidadosas mediações. Por outras vezes, destacaram conclusões relevantes e homogêneas, suscitando considerações para as práticas pedagógicas na educação matemática na EJA. Dada as particularidades dos focos de estudo dessas pesquisas conforme o 45 É possível que outras pesquisas relativas ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA” também tenham envolvido o período noturno da EJA, porém as pesquisas aqui descritas foram as que evidenciaram isso. 204 subtema em que foram reunidas, optamos por sintetizar suas principais considerações em consonância com sua organização por subtema. Tratando inicialmente dos estudos relacionados ao subtema “construção/formação de conceitos e estratégias a partir de práticas pedagógicas em aulas e/ou em intervenções educacionais”, observamos a singularidade entre suas considerações, sem relações entre si, de um estudo para o outro, as quais apresentamos de modo resumido. A pesquisa de Jesus (2005) concluiu que as atividades orientadoras de ensino, por estarem em consonância com o objeto de aprendizagem dos alunos pesquisados e por coincidirem com os seus motivos de aprendizagem, permitiram que as tarefas em sala de aula não se tornassem para eles, práticas escolares para satisfazer uma necessidade do professor ou uma exigência da escola, mas possibilitaram a ascensão do conhecimento que possuíam em relação à operação de divisão e à resolução de problemas, do nível do pensamento empírico para o teórico, contribuindo para a superação da dicotomia entre saber popular e saber escolar. Em seu estudo, Motta Filho (2006) considerou que, embora as situações-problema propostas fossem, presumivelmente, bastante simples para alunos que estavam iniciando o Ensino Médio, a falta de domínio de alguns conceitos e procedimentos básicos se revelou, evidenciando, mesmo entre esses alunos, dificuldades no domínio das quatro operações. Destacou ainda que ficou clara a possibilidade de esses alunos resolverem problemas mentalmente e buscarem alguma forma de registrar “convencionalmente” seus resultados. Bastos (2007) constatou que, tanto em relação aos aspectos conceituais como em relação aos aspectos procedimentais, as dificuldades reveladas pelos alunos pesquisados foram muito grandes, e que, de modo geral, eles não tinham conhecimentos suficientes dos tópicos de Matemática Financeira que lhes permitissem enfrentar situações do cotidiano, mesmo as que envolviam conceitos ou procedimentos elementares. Porém, com a intervenção de ensino realizada, os conteúdos apontados como problemáticos passaram a atender de maneira adequada aos anseios desses alunos jovens e adultos. Na pesquisa de Mazzanti (2008) observou-se que o interesse em aprender determinados tópicos referentes aos cálculos trabalhistas foi bastante homogêneo em relação aos alunos da EJA estudados, tendo, os mesmos, alcançado um bom desempenho na resolução das situações-problema propostas, embora tivessem apresentado algumas dificuldades de: interpretação dos enunciados das situações-problema sobre descontos obrigatórios; manuseio da calculadora com números decimais; e uso dos conceitos de regra de três e porcentagem. No estudo de Mattara (2010) chegou-se à conclusão que os alunos pesquisados aprenderam com a interação dialógica e reflexiva que ocorreu entre os companheiros de sala e 205 com o professor, e que a aprendizagem escolar de Matemática com significado foi possível a partir da contextualização dos conhecimentos cotidianos e da valorização dos conhecimentos informais que os alunos trouxeram consigo para a sala de aula. Entre as considerações suscitadas por Pereira (2010), percebeu-se que as dificuldades encontradas na compreensão dos conteúdos de Geometria Plana pelos alunos pesquisados refletiram-se na interpretação de textos matemáticos ao resolverem problemas e exercícios, e no entendimento do texto em linguagem natural quando tentavam traduzi-lo para a linguagem matemática. Observou-se ainda, que houve, por parte desses alunos, uma insatisfação por não conseguirem resolver as questões propostas pelo professor, se culpando por essas suas “dificuldades”, e quando conseguiram solucioná-las, a resposta era dada por meio da linguagem pictórica, representada pela figura geométrica. No tocante às pesquisas relacionadas ao subtema “relações entre os procedimentos didático-metodológicos e o desempenho/aprendizagem de alunos em intervenções de ensino”, constatamos o destaque em suas considerações aos resultados alcançados a partir das atividades e intervenções de ensino investigadas. Rubin (2003) evidenciou que os participantes do seu estudo obtiveram evolução significativa nos conteúdos de Língua Portuguesa e Matemática relativos às séries iniciais do Ensino Fundamental, comprovando que os jovens e adultos com deficiência mental pesquisados apresentaram potencial para a aquisição de conceitos relacionados à leitura, à escrita e à Matemática, ou seja, à alfabetização. Silva, E. A. (2007) destacou que a intervenção de ensino analisada mostrou-se um bom caminho para o conhecimento da Álgebra, pois os alunos tiveram avanços significativos no trato dos conceitos algébricos (incógnita, variável e equação do 1º grau) aplicados nas situações-problema. Quanto ao desempenho desses alunos, ressaltou que após a intervenção de ensino e, consequentemente, no pós-teste, apresentaram um desempenho satisfatório e superior em relação ao pré-teste, sendo que o crescimento individual se apresentou de forma significativa para praticamente todos eles. Silva, T. (2007) salientou que a sequência didática analisada colaborou para que os alunos superassem alguns entraves na aprendizagem dos números racionais, passando a participar ativamente da formação do conceito do número racional, superando algumas hipóteses que os levaram a identificar os racionais e os naturais, compreendendo a relação entre números positivos e medida, conseguindo relacionar números racionais na representação fracionária e na decimal, e chegando à solução de algumas questões sobre operações de adição e subtração, sem a utilização do mínimo múltiplo comum. Também observou que a 206 sequência didática permitiu que os alunos percebessem que os números racionais são importantes na compreensão de diversas situações, embora não tivessem conseguido relacionar seus conhecimentos prévios com os conceitos de número racionais. Em relação aos estudos concernentes ao subtema “cotidiano escolar e do processo de ensino-aprendizagem de Matemática em sala de aula”, verificamos considerações interessantes envolvendo as especificidades da EJA e também sobre alguns aspectos pertinentes ao processo de ensino-aprendizagem de Matemática nessa modalidade. A pesquisa de Melo (2004) observou que a professora pesquisada desenvolveu três grandes estratégias de ensino no atendimento aos seus alunos, associadas às interações didáticas e às escolhas dos materiais educativos: a exposição dialogada, a problematização cooperativa e a atividade individual; fazendo emergir outras estratégias decorrentes dessas: a pesquisa, o respeito aos limites de cada aluno, a valorização dos saberes advindos das experiências, o incentivo à criatividade e ao pensar em voz alta, o diálogo, a mediação entre professor/alunos e alunos/alunos, e a reflexão do aluno sobre o seu próprio pensar. Barreto (2005) destacou como consideração, que o tempo vivido pelas alunas pesquisadas, lançadas ao destino da compreensão e da interpretação das compreensões de ideias no campo da Matemática, explicitou modos de disposição presentes em suas possibilidades de antecipação do futuro, compreendendo-se e projetando-se. Além disso, acrescentou que por mais que essas alunas quisessem se alfabetizar, no sentido de abrir portas para saber tudo, não percebiam o conhecimento da linguagem matemática e outras formas de linguagem como constitutivas do processo de alfabetização. Rodrigues (2006) fez diversas constatações, boa parte delas denunciando alguns dos problemas ocorridos no contexto da EJA. Dessa forma, destacou que na escola pesquisada não foi observado espaço nem disponibilidade pedagógica para que os professores dialogassem e desenvolvessem estudos sobre a EJA, sendo notável a concepção dessa modalidade como um programa de educação em plano secundário. Constatou que o desconhecimento dos alunos imobilizou os professores de Matemática quanto aos conteúdos explorados, uma vez que não possibilitou abordagens de ensino que implicassem correlações com as ocupações de trabalho dos mesmos ou com sua vida cotidiana e cidadã, sendo os temas das aulas tratados de modo descontextualizado, mecânico e repetitivo, predominando a simplificação de conceitos e processos para ‘não complicar’ o aprendizado dos alunos. Além disso, verificou que os professores demonstraram desacreditar na EJA, e os que depositavam créditos de confiança nessa modalidade, não se encontravam devidamente apoiados e preparados, manifestando desconforto em lidar com as discrepâncias de idade, constituindo a 207 predominância de jovens em suas turmas um fator de desestabilização do cotidiano escolar. Em seu estudo, Silva, F. (2007) chegou à conclusão geral que, além da racionalidade cartesiana, contemplada especialmente pela Matemática acadêmica, as representações espaciais contemplam vivencialidades, que têm sido negligenciadas pelos saberes constituídos em nome da busca de uma “verdade” acerca do espaço. Considerou ainda que, para a educação matemática na EJA se crê que o caminhar pelas memórias, produções de subjetividades e representações espaciais constituem uma abertura a elementos da ordem do sensível, negligenciados pela Matemática acadêmica/escolar, e que podem se aproximar de outros significados no processo de ensinar/aprender Matemática. Os resultados da pesquisa de Fonseca (2008) demonstraram que o uso interativo do quadro de escrever contribuiu para o fortalecimento das relações interpessoais e de afetividade, bem como na compreensão dos procedimentos de resolução de problemas matemáticos na EJA. Além disso, mostraram que as experiências vivenciadas pelos alunos oportunizaram a reflexão e a análise do seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhes construírem sentido e significado para a Matemática, em seu contexto escolar e cotidiano. Em relação às pesquisas alusivas ao subtema “discurso e linguagem presente/produzida em sala de aula”, destacaram-se conclusões que não se limitaram aos resultados da investigação, mas que, a partir dos mesmos, são constituintes de reflexões sobre aspectos importantes quanto ao processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA. Fonseca (2001) chegou à conclusão que as reminiscências da Matemática escolar consolidam-se como elemento de constituição dos alunos jovens e adultos enquanto sujeitos da aprendizagem e principalmente da escolarização, uma vez que essas reminiscências não apenas facilitam o trânsito na disciplina de Matemática, mas permitem ainda que os alunos exibam certa intimidade com o gênero discursivo dos enunciados da Matemática escolar, capaz de lhes possibilitar sua inclusão no universo socialmente valorizado da cultura escolar. Cardoso (2002) concluiu que o ensino da Matemática escolar contribui na formação de leitores jovens e adultos, e que existem três possibilidades de relação entre a atividade matemática e as práticas de leitura coexistindo legitimamente nas práticas escolares da EJA: textos de Matemática no ensino da Matemática, textos de outros contextos no ensino da Matemática, e textos que supõem ou mobilizam conhecimento matemático no tratamento de questões de outros contextos. Garaffa (2005) evidenciou que os estudantes da EJA possuem uma linguagem matemática própria e informal, por meio da qual realizam e desenvolvem suas atividades diárias e seu pensamento, expressando suas experiências de vida. 208 No estudo de Valverde (2006), constatou-se que a professora pesquisada manejava muito bem, na interação, as funções didáticas de informador, animador e avaliador, se utilizando de mecanismos verbais para a construção de um conceito, de marcadores conversacionais como forma de exercer sua função de animadora, e de estratégias de repetição e reformulação na avaliação de seus alunos. Também se observou que o aproveitamento da linguagem natural acontecia, por exemplo, quando a professora utilizava recursos de polidez e quando ratificava a fala do aluno, havendo uma relação entre os tipos de conteúdo e a qualidade da interação, evidenciada em tipos de estruturas de participação social. Concluiu-se que as interações auxiliaram na formação de atitudes dos alunos pesquisados. Santos (2010) chegou à consideração que as práticas do cotidiano mobilizam saberes diferentes dos conteúdos escolares, e que, na tentativa de contextualização, buscam-se regras de jogos distintos para aplicá-los a um único jogo: o jogo de linguagem da Matemática. Nesse caso, a contextualização nas aulas de Matemática acaba sendo produtora da exclusão do acesso ao conhecimento da Matemática escolar, pois culmina por trazer práticas da rua para a escola, e por querer mobilizar regras de jogos de linguagem muito distintos para ensinar Matemática, evidenciando que as práticas sociais de mobilização de cultura matemática só podem ser significadas em seu contexto de origem. No que diz respeito às pesquisas relacionadas ao subtema “práticas de numeramento mobilizadas e constituídas em sala de aula e/ou em atividades educacionais”, e considerando a convergência entre elas quanto às relações entre os conhecimentos matemáticos escolares e cotidianos nas práticas de numeramento (CABRAL, 2007; FERREIRA, 2009); à mobilização, constituição ou apropriação de práticas de numeramento a partir de atividades escolares (FARIA, 2007; LIMA, 2007; SIMÕES, 2010), e à percepção de singularidades entre os sujeitos da EJA, identificadas em práticas de numeramento (SOUZA, 2008; SCHNEIDER, 2010), apresentamos uma síntese de suas considerações em conformidade com a disposição das mesmas com base nessas convergências entre elas. Sobre as relações entre os conhecimentos matemáticos escolares e cotidianos nas práticas de numeramento: Cabral (2007) observou na atitude dos alunos e alunas da EJA pesquisados uma busca do sujeito de ação, que, na mobilização/constituição de práticas de numeramento, teceram redes de significação, entrelaçando conhecimentos, em movimentos de aproximação e distanciamento com a Matemática veiculada pela escola, com os modos de organização da dinâmica escolar, com as especificidades dos modos de olhar e representar do conhecimento escolar e com a dimensão comunitária do conhecer e do conhecimento. Constatou ainda, 209 conflitos e conciliações entre práticas de numeramento da escola e do cotidiano, forjadas na ação dos sujeitos sobre o conhecimento matemático, e a mobilização/constituição de práticas de numeramento, permeadas por valores e concepções. Ferreira (2009) verificou que, se de um lado, frustrou-se a expectativa de que práticas de numeramento escolares e cotidianas interagiam na sala de aula investigada, pelo viés da aplicabilidade da Matemática, ou da Matemática como recurso para expressão ou modelo de situações da vida social e profissional, por outro lado, observou-se a prodigalidade dos processos em que os alunos e as alunas da EJA pesquisados buscaram trazer da vida cotidiana recursos expressivos para lidar com as práticas de numeramento escolares, querendo se apropriar dessas práticas socialmente valorizadas, embora concebessem a pouca aplicação dos conhecimentos matemáticos na vida cotidiana. Sobre a mobilização, constituição ou apropriação de práticas de numeramento a partir de atividades escolares: Os resultados da investigação de Faria (2007) evidenciaram indícios de que a sala de aula da EJA pode ser um espaço de mobilização e constituição de práticas de numeramento diversas, não apenas de uma suposta prática de numeramento “escolar”. Nesse caso, se concluiu que os sujeitos da EJA colocam sob suspeição, questionam ou avaliam as possibilidades de relação solidária entre seus conhecimentos e experiências e aqueles e aquelas que se propõe produzir, discutir ou vivenciar na escola, assumindo posicionamentos diversos, até mesmo antagônicos, no que se refere aos modos de se relacionarem ou de lidarem com os diversos conhecimentos e experiências convocados na sala de aula. Lima (2007) chegou à conclusão de que a mobilização e a constituição de práticas de numeramento nos eventos de tratamento da informação envolvem a aquisição de uma linguagem específica, caracterizada pela participação em gêneros textuais próprios de certos campos da comunicação (Matemática escolar, matérias jornalísticas, pesquisas de opinião), e que essa constituição se faz, pois, na busca pelo domínio do gênero textual envolvido em cada evento, na análise da intencionalidade, da funcionalidade e das possibilidades de cada texto, análise essa impregnada de concepções, valores, visões de mundo e posições de sujeito. Simões (2010) constatou que os alunos e as alunas pesquisados se alternaram na mobilização de argumentos, que ora se solidarizaram com o modo de conhecer proposto pela escola, colocando-se como sujeitos que desejaram dominar esse modo de usar a língua e os valores a ele associados, ora questionaram a abordagem escolar, colocando-se como sujeitos que construíram outro modo de usar a língua, constituído por outros valores, outras concepções e outra relação com o mundo. Assim, notou que o aprendizado das práticas de 210 leitura e de escrita em sala de aula não se restringiu à sua dimensão técnica, e que os modos de os alunos significarem as/e participarem das práticas escolares foram condicionados pelas maneiras como se apropriaram das formas de usar a linguagem, que foram características dessas práticas, as quais envolveram conhecimentos, valores e estratégias específicas. Sobre a percepção de singularidades entre os sujeitos da EJA, identificadas em práticas de numeramento: Souza (2008) concluiu que na mobilização e constituição das práticas de numeramento, as condutas de mulheres e homens nessas práticas mostram que o espaço escolar é um espaço de produção de identidades hegemônicas de gênero e de práticas matemáticas femininas e práticas matemáticas masculinas, também tornadas hegemônicas em nossa sociedade, tendo em vista a produção discursiva da razão como posse do homem e da “desrazão” como inerente à condição feminina. Schneider (2010) chegou à conclusão de que nas práticas de numeramento se configuram relações geracionais, mobilizando posições discursivas que produzem lugares de jovem e lugares de adulto na escola de EJA, ao mesmo tempo em que se produzem nesses lugares, lugares de inclusão ou de exclusão devido às posições de relativo sucesso e fracasso dos jovens e adultos na escola de EJA, resultado da influência das fases de vida desses sujeitos nos modos de se relacionarem com a Matemática no cotidiano e na escola. 5.6.4 – Contribuições e implicações das pesquisas Em relação às práticas educativas na Educação Matemática de Jovens e Adultos As pesquisas relativas ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA”, suscitaram, a exemplo dos demais temas analisados, diversos aspectos discutidos e de conhecimento nas áreas da EJA e da Educação Matemática. Esses aspectos resgatam e reafirmam a importância de se ressignificar as práticas pedagógicas na educação matemática na EJA, de forma que seus educandos sejam atendidos não apenas quanto aos seus anseios e expectativas sobre a compreensão dos conhecimentos fomentados na e através da escola, mas que também tenham contempladas suas reais necessidades de vida, contribuindo para modificar a realidade historicamente construída no Brasil de exclusão socioeducacional. Nesse sentido, em consideração às especificidades da EJA, associadas às características peculiares dos seus educandos, tais pesquisas reforçam e salientam a necessidade de: reconhecer e valorizar os conhecimentos prévios dos alunos, advindos de suas experiências de vida (MOTTA FILHO, 2006; MATTARA, 2010); respeitar e compreender o contexto sócio-histórico-cultural dos estudantes (MATTARA, 2010; MELO, 2004; FARIA, 211 2007; LIMA, 2007; SIMÕES, 2010); e considerar os educandos com suas características individuais (RUBIN, 2003), com suas concepções e demandas, crenças e desconfianças, objetivos e razões, expectativas e desejos (FERREIRA, 2009). Em consonância com essas necessidades, essas pesquisas elucidam diversas recomendações voltadas às práticas educativas de Matemática na EJA, algumas amplamente conhecidas e outras menos discutidas, mas que juntas, constituem-se em significativas práticas ou atividades para o melhor desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem de Matemática nessa modalidade e, consequentemente, para a ampliação das possibilidades de conquistas dos jovens e adultos que acorrem aos bancos escolares cheios de sonhos e desejos. De modo mais específico quanto ao ensino de Matemática, as pesquisas sugerem a proposição de exercícios ou de situações-problemas que se constituam atividades e questões problemáticas para os alunos (JESUS, 2005), envolvendo situações típicas do cotidiano vivenciado por eles (MATTARA, 2010; SILVA, E. A., 2007); e que se valorizem suas estratégias pessoais e seus procedimentos de resolução desses exercícios e situações-problema (MOTTA FILHO, 2006), buscando interpretar e analisar suas estratégias de resolução, na comparação com outras estratégias, na discussão de diferentes pontos de vista e de diferentes maneiras de solucionar esses exercícios e situações-problema (MATTARA, 2010). Diante disso, acredita-se ser importante o professor estimular seus alunos a pensarem, em voz alta, sobre o seu próprio pensar (MELO, 2004), ou oportunizar que façam e falem de Matemática, explicando suas ideias e mesmo representando-as (MATTARA, 2010). Isso é decorrente da necessidade de se reconhecer e valorizar os modos de conhecer e de “matematicar” dos alunos jovens e adultos, propondo-se a compreender o sentido que atribuem aos conceitos e procedimentos da Matemática escolar (FERREIRA, 2009), principalmente pela complexidade dos modos como processam as relações entre os conhecimentos matemáticos cotidianos e os escolares (CABRAL, 2007). O desafio proposto é, portanto, não apenas de identificar os valores, os conhecimentos e os modos que conformam as posições assumidas por esses alunos na construção de seus conhecimentos, mas também de colocá-los em debate (SIMÕES, 2010). No ensino dos conteúdos matemáticos na EJA, as pesquisas recomendam que os mesmos sejam abordados: de forma contextualizada, a partir da vivência e dos interesses dos alunos, permitindo que atribuam significados e percebam sua importância (BASTOS, 2007; MAZZANTI, 2008; MATTARA, 2010); por meio de atividades interativas, capazes de se tornarem instrumentos ideais que facilitam a aprendizagem dos alunos (MATTARA, 2010); por meio de atividades orientadoras de ensino, reconhecidas como uma possibilidade de 212 promoção do processo de ensino-aprendizagem por levar em consideração a dinâmica da sala de aula e os sujeitos que a compõe (JESUS, 2005). Diante dessas recomendações, destaca-se a relevância de o professor demonstrar e fazer os alunos perceberem que a Matemática de sala de aula é útil em suas vidas, e que se relaciona com outras áreas do conhecimento (PEREIRA, 2010). Para as práticas pedagógicas no ensino de Matemática nas salas de aula da EJA, as pesquisas apontam para o trabalho do professor em parceria com os seus alunos (BASTOS, 2007) e para a participação ativa dos mesmos (VALVERDE, 2006), favorecendo a construção de um espaço educativo pautado no diálogo e na reflexão (MATTARA, 2010). No âmbito das práticas pedagógicas na EJA, não há como deixar de destacar a necessidade de sua adequação em relação ao tempo, ao currículo, aos programas, ao conhecimento cidadão e à própria organização escolar, considerando, sobretudo, os alunos jovens e adultos como sujeitos do conhecimento e da aprendizagem (RODRIGUES, 2006). Por consequência, e considerando o atendimento à heterogeneidade etária e às especificidades do público da EJA, as pesquisas aqui analisadas, resgatam ainda a demanda por propostas e trabalhos pedagógicos diferenciados (RODRIGUES, 2006), bem como por propostas de ensino baseadas nas manifestações matemáticas dos educandos (GARAFFA, 2005) e por metodologias e práticas dialógicas de complementaridade entre os aspectos afetivos e cognitivos no processo de ensino-aprendizagem de Matemática (FONSECA, 2008). Diante dessa perspectiva, e de forma mais pontual, Fonseca (2008) recomenda a utilização do quadro de escrever como um recurso didático para as aulas de Matemática na EJA, destacando suas potencialidades no fortalecimento das relações entre os alunos e professores, e na construção do conhecimento pelos alunos de forma dialógica e interativa. Do mesmo modo, Pereira (2010) sugere a proposição, em aulas de Matemática na EJA, de leituras de textos matemáticos como uma tentativa de ampliação da visão de mundo dos alunos e de sua compreensão da participação da Matemática em outros espaços sociais. Essa proposição parece encontrar respaldo na necessidade de diálogo entre as reflexões sobre linguagem, leitura e formação de leitores no ensino de Matemática, particularmente quando voltado para a EJA (CARDOSO, 2002); e também na compreensão de que seus alunos constroem modos de lidar com a linguagem matemática, que ora se aproximam, ora se distanciam das maneiras como a escola a utiliza (SIMÕES, 2010). No alcance das práticas pedagógicas em Matemática condizentes com as especificidades da EJA, as pesquisas recomendam que os professores deem mais tempo aos alunos para compreender os conceitos matemáticos, pois têm menos tempo de escola, na 213 escola e para a escola (FONSECA, 2001); e que resgatem as reminiscências da Matemática Escolar desses alunos (FONSECA, 2001), bem como seus fragmentos de vida, aspectos esses, valiosos para o professor refletir e planejar as suas práticas, de modo a assegurar maiores possibilidades de dar sentido ao aprendizado dos conhecimentos matemáticos (MELO, 2004). Em função das peculiaridades do público da EJA, as pesquisas também propõem que os professores se atentem para seus alunos quanto às relações de gênero que marcam a disposição frente à Matemática (SOUZA, 2008); em relação às posições de jovens e adultos (e mesmo de adolescentes) quanto ao seu pertencimento e inclusão na escola (SCHNEIDER, 2010); e quanto às relações de poder que envolvem e legitimam, ou não, os usos e as abordagens dos diversos saberes matemáticos na escola (FARIA, 2007). Na constatação, ainda presente, quanto à precariedade com que as escolas de EJA têm acolhido os seus educandos (RODRIGUES, 2006; SCHNEIDER, 2010), e a existência de uma visão distorcida de “currículo justo” e “igualdade de oportunidades” para os alunos jovens e adultos, na comparação com os alunos do ensino regular (RODRIGUES, 2006), as pesquisas mencionam que essas escolas ampliem, junto aos seus alunos, os modos de percepção do mundo, apontando o conhecimento como forma de ampliação de possibilidades de ser e de existir nesse mundo, o que pode resultar em outros modos de compreender (BARRETO, 2005); e que reconheçam a importância da reflexão acerca de como o espaço escolar pode tornar-se para esses alunos um espaço de autoformação (SILVA, F., 2007). Frente o reconhecimento da formação deficitária dos professores de Matemática que trabalham na EJA (SANTOS, 2010; RODRIGUES, 2006), sugere-se que, na formação docente sejam procedidas reflexões sobre o papel do professor na escolha de atividades significativas para o processo de ensino-aprendizagem e sobre o estudo da interação em sala de aula (VALVERDE, 2006); e que se fomente a abordagem etnomatemática dos conhecimentos matemáticos acadêmicos e escolares, e as especificidades socioculturais dos educandos da EJA como objeto de reflexão (FARIA, 2007). Em atenção à presença de alunos com deficiência nas salas de aula da EJA, indica-se a elaboração de propostas educacionais direcionadas a esses alunos, não baseadas somente em suas limitações e em sua deficiência, mas também em suas habilidades e potencialidades, e ainda com base na proposta curricular para a EJA e nos PCNs, fazendo-se necessário inclusive, analisar as deficiências e limitações das próprias propostas educacionais voltadas para esses jovens e adultos (RUBIN, 2003). Por fim, defende-se que todos os envolvidos no processo escolar na EJA tenham um olhar especial e uma prática educativa eficaz, impedindo que seus educandos, que buscam 214 na escola uma via para sua (re)inclusão social, venham a ser (re)excluídos da escola e, por conseguinte, dos contextos socioculturais (RODRIGUES, 2006). Em relação à pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos As pesquisas atinentes ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA” se constituem como possibilidades para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA, assim como para a realização de novos estudos, capazes de contribuir não apenas com o campo da pesquisa em si, mas também com a instituição de novos conhecimentos direcionados aos professores de Matemática no seu trabalho docente na EJA. Nesse contexto, por si só, bastaria ressaltar a abrangência dessas pesquisas quanto aos seus variados focos de investigação, e o fomento à continuidade das mesmas através da realização de novos estudos de aprofundamento aos aspectos abordados por elas, o que ocasionaria a consolidação de alguns desses aspectos e também levaria à produção de novos elementos convenientes, tanto às práticas educativas quanto à pesquisa. Considerando algumas questões particulares fomentadas pelas pesquisas analisadas, encontramos o destaque para temas emergentes de investigação, como no caso das práticas de numeramento, primordialmente pela influência dos estudos realizados quanto ao subtema “práticas de numeramento mobilizadas e constituídas em sala de aula e/ou em atividades educacionais”. E também a ocorrência de temas carentes de estudo, como sugere a recomendação de Rubin (2003) para que nas pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos sejam incluídas investigações sobre os jovens e adultos com deficiência, de forma que subsidiem estratégias facilitadoras para a aprendizagem matemática dessas pessoas. Entre outros assuntos singulares relativos à EJA, essas pesquisas suscitam a realização de estudos tratando, por exemplo, das relações de gênero (SOUZA, 2008), e das relações geracionais entre jovens e adultos (SCHNEIDER, 2010). Em relação à pertinência desses estudos, a razão para serem realizados e aprofundados respalda-se na presença constante de mulheres nos bancos escolares, que retomam a escolarização na EJA após serem subjugadas, durante algum tempo, sem direito à educação pelas suas “responsabilidades” com os afazeres domésticos e os cuidados com a família, e de que a escola não seria para elas (SOUZA, 2008); e também sobre a participação constante de jovens, e mesmo de adolescentes na EJA, influenciando as práticas escolares e a configuração dessa modalidade previamente concebida para adultos (SCHNEIDER; 2010). Sobre a presença de adolescentes em classes da EJA, vale lembrar que, nos anos de 1940, foram criadas no Brasil algumas campanhas educacionais, como a CEAA, que tinham como propósito não apenas a alfabetização de adultos, mas também de adolescentes. A 215 diferença dessa época para os dias atuais remete ao fato de que, atualmente, observam-se adolescentes frequentando salas de aula da EJA com idade compatível para cursar o ensino regular, e em alguns casos, inclusive, com idade fora da regulamentada para estudar na EJA. A exemplo da proposição desses estudos, sugere-se ainda a realização de pesquisas tratando sobre os adultos da terceira idade, principalmente por se compreender cada vez mais sua presença nas salas de aula, algo que tem acontecido em função de sua participação mais ativa no contexto socioeconômico, e pelos seus interesses distintos em relação aos demais grupos que compõem a clientela da EJA (BARRETO, 2003). Na mesma perspectiva adotada para a proposição desses estudos, temos também a relevância de se realizar pesquisas voltadas à discussão e à compreensão sobre até que ponto a escola tem atendido aos anseios e projetos dos educandos da EJA (BARRETO, 2005). Na discussão sobre as práticas educativas em Matemática na EJA, cabe salientar novamente a importância das pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, especialmente sobre os temas de estudo enfocados por cada um dos subtemas relativos ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA”, tratando desde a construção de conceitos e estratégias matemáticas por alunos jovens e adultos, até a convivência desses no cotidiano educacional, dentro ou fora da escola, incluindo as relações estabelecidas e os conhecimentos que permeiam o processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA. Com base nos procedimentos metodológicos das pesquisas relativas ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA”, principalmente pela diversidade de técnicas e instrumentos de produção e coleta de dados que utilizaram, e por parte dessas pesquisas terem descrito seus processos de organização e análise dos dados, destacaríamos como proposição às futuras pesquisas sobre esse tema a assunção dessa mesma prática metodológica. Por outro lado, a considerar a ausência de bases teóricas de suporte à metodologia de investigação na maioria dessas pesquisas, e principalmente o fato de algumas delas terem se assemelhado a relatos de experiências das práticas educativas investigadas, caso mais comum entre as pesquisas relacionadas aos dois primeiros subtemas, recomendaríamos às pesquisas futuras seguir os preceitos da metodologia científica, ancorando-se em autores da área, e se apropriarem dos procedimentos de sistematização e análise das informações, procedendo no relato de suas pesquisas a descrever tais procedimentos. 216 5.7 – Psicologia da Educação Matemática Neste tema são focadas as pesquisas brasileiras em Educação Matemática de Jovens e Adultos, defendidas no período de 2001 a 2010, que buscaram investigar propostas de ensino da Matemática com base em teorias psicológicas, e principalmente, que procuraram estudar a construção e formação de conceitos e estratégias produzidas por alunos, e seu desempenho e habilidades mediante atividades matemáticas e resolução de problemas. Esses estudos se relacionam com o campo da Psicologia da Educação Matemática, que, segundo Brito (2011, p. 33), “trata, basicamente, da aplicação da psicologia educacional à Matemática, prioritariamente à Matemática Escolar”. O surgimento desse campo data de 1976, com a criação do Grupo Internacional de Psicologia da Educação Matemática durante o III Congresso Internacional em Educação Matemática, e no Brasil, nesse mesmo ano, com a criação do Grupo de Pesquisa em Psicologia e Educação Matemática da Faculdade de Educação da UNICAMP (BRITO, 2011). Entre os estudos que contribuíram com esse campo no Brasil, destacam-se os trabalhos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa em Psicologia Cognitiva, vinculado ao programa de mestrado nessa área da UFPE, no início dos anos de 1980, sob a orientação de David Carraher, Terezinha Carraher e Analúcia Schliemann, que desenvolveram suas pesquisas relacionadas à investigação de estratégias e habilidades cognitivas de pessoas escolarizadas ou não na resolução de problemas matemáticos (FIORENTINI, 1994). Além do reconhecimento desse campo, sabe-se que, anteriormente à sua constituição, a Educação Matemática e a Psicologia desde sempre estiveram associadas, sendo defendido, inclusive, que a Matemática e a Psicologia seriam as disciplinas embrionárias da Educação Matemática (KILPATRICK, 1996), destacando-se como um dos fatores determinantes para o seu surgimento enquanto campo profissional e científico, os estudos experimentais realizados por psicólogos americanos e europeus, desde o início do século XX (KILPATRICK, 1992 apud FIORENTINI; LORENZATO, 2006, p. 6). Nesse contexto, dada a história e importância dos estudos em Psicologia para a Educação Matemática, principalmente por buscarem compreender os modos como os alunos e mesmo as pessoas não escolarizadas resolvem problemas ou aprendem/desenvolvem conceitos matemáticos, analisamos a seguir as pesquisas relativas ao tema “Psicologia da Educação Matemática”, organizadas segundo o Quadro 14. 217 Quadro 14 – Pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos segundo o tema “Psicologia da Educação Matemática” Quant. Pesquisa Tipo1 Instituição Foco/Objeto de Estudo Subtema: Proposta psicopedagógica de ensino Saberes profissionais de trabalhadores da construção civil na 1 Silva, J. S. (2006) DA UFPA elaboração de proposta de aprendizagem significativa em Matemática Subtema: Construção/desenvolvimento de conceitos e estratégias ante a resolução de problemas e atividades matemáticas Ensino-aprendizagem de equações por alunos da EJA transitando por Azevedo (2002) DA UNICAMP diferentes registros de representação em sala de aula Aquisição de conceitos matemáticos por alunos surdos da EJA através Pimenta (2003) DA UnB da resolução de problemas matemáticos de comparação Relação entre estratégias metacognitivas e evolução do registro Toledo (2003) T USP matemático de adultos pouco letrados ante a resolução de problemas Passagem dos procedimentos de cálculo mental à escrita matemática na Franco (2004) DA UNICAMP resolução de problemas na alfabetização de jovens e adultos Estratégias utilizadas por alunos da EJA na resolução de problemas Santos (2004) DA UNIVALI matemáticos envolvendo estruturas aditivas Dificuldades e/ou fortalezas quanto à compreensão de textos com Henao (2006) DA PUC/SP 11 conteúdos matemáticos por aprendizes jovens e adultos Conhecimentos matemáticos e registros de representação semiótica Vizolli (2006) T UFPR mobilizados na solução de problema de proporção-porcentagem na EJA Interpretação e procedimentos mobilizados por alunos da EJA na Araújo (2007) DA UEM solução de problemas matemáticos escolares Conhecimentos e estratégias de alunos da EJA com profissões de Gomes, M. (2007) DA UFPE pedreiro e marceneiro na resolução de problema com números decimais Transição da linguagem natural à linguagem matemática e Almeida (2008) DA UFPA contribuições de registros semióticos a partir da resolução de problemas no quadro de escrever por alunos da EJA Compreensão, estratégias e desempenho de alunos da EJA na solução Lima, R. (2010) DA UFPE de problemas de estrutura multiplicativa sobre raciocínio combinatório Subtema: “Desempenho e habilidades na resolução de problemas e em atividades matemáticas” Estudo comparativo entre o desempenho de adultos e de crianças em Silva, V. (2006) DA UFPE problemas que envolvem números decimais Dificuldades de aprendizagem em Leitura e Matemática de Vianna (2006) DA UFRJ alfabetizandos adultos e as relações das dificuldades nessas áreas Relação da consciência linguística e realismo nominal entre as Nobre (2007) DA UFPE atividades de Leitura, Escrita e Matemática Barros (2008) DP PUC/SP Desempenho de alunos na resolução de problema de Função do 1º Grau 8 Desempenho/compreensão de adultos e crianças quanto à escala Albuquerque (2010) DA UFPE representada em gráficos de barras e de linha Argumentação matemática na aprendizagem da resolução de problemas Dantas (2010) DA UFPE de estrutura aditiva por alunos da EJA Lima, I. (2010) DA UFPE Desempenho de alunos da EJA na construção/interpretação de gráficos Dificuldades na resolução de problemas aritméticos de estrutura aditiva Queiroz (2010) DA UFRPE por alunos adolescentes da EJA 1 Correspondente ao tipo de pesquisa: Tese (T), Dissertação Acadêmica (DA) e Dissertação Profissional (DP) Em relação à produção anual das pesquisas pertinentes ao tema “Psicologia da Educação Matemática”, no período de 2001 a 2010, observamos a não ocorrência de estudos nos anos de 2001, 2005 e 2009; com a frequência constante de duas pesquisas anuais nos anos de 2003, 2004 e 2008, e cinco pesquisas anuais em 2006 e 2010; e um e três estudos, respectivamente nos anos de 2002 e 2007. Também verificamos a incidência de pelo menos uma pesquisa realizada em cada uma das cinco regiões do Brasil, com destaque para o número de pesquisas decorrentes de universidades do Estado de Pernambuco (UFPE e UFRPE), representando 40% (oito estudos) do total das pesquisas concernentes ao tema “Psicologia da Educação”; mantendo, conforme os sete estudos da UFPE, a tradição de investigações desenvolvidas por essa IES nesse campo, quando dos trabalhos do seu mestrado em Psicologia Cognitiva, nos anos de 1980. 218 5.7.1 – Principais problemas e/ou objetivos abordados pelas pesquisas As vinte pesquisas com foco de estudo relacionado ao tema “Psicologia da Educação Matemática” foram agrupadas e posteriormente analisadas com base em três subtemas: “proposta psicopedagógica de ensino”; “construção/desenvolvimento de conceitos e estratégias ante a resolução de problemas e atividades matemáticas”; e “desempenho e habilidades na resolução de problemas e em atividades matemáticas”. O primeiro desses subtemas reúne um único estudo, representado pela pesquisa de Silva, J. V. (2006), que se propôs elaborar uma proposta de aprendizagem significativa em Matemática na EJA, envolvendo os conceitos de área e grandeza, a partir dos saberes profissionais de trabalhadores da construção civil, em especial, de pedreiros. Os outros dois subtemas se relacionam quanto à resolução de problemas e de outras atividades matemáticas, porém, enquanto que um aborda a formação de conceitos e estratégias, o outro trata do desempenho e habilidades decorrentes dessa resolução. O subtema “construção/desenvolvimento de conceitos e estratégias ante a resolução de problemas e atividades matemáticas” também se assemelha ao subtema “construção/formação de conceitos e estratégias a partir de práticas pedagógicas em aulas e/ou em intervenções educacionais”, atinente ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA”, sendo a diferença entre os dois, o fato de o primeiro tratar da resolução de problemas e de outras atividades matemáticas, e o segundo voltar-se às intervenções de ensino. Em relação aos estudos reunidos nesse subtema, buscando alguma confluência entre os mesmos, observamos que foram desenvolvidos: na alfabetização de jovens e adultos (FRANCO, 2004; HENAO, 2006), nos anos iniciais (PIMENTA, 2003; SANTOS, 2004; GOMES, M., 2007; ALMEIDA, 2008) e finais do Ensino Fundamental (AZEVEDO, 2002; TOLEDO, 2003; VIZOLLI, 2006). Houve ainda outros dois estudos realizados em turmas da EJA do Ensino Fundamental ao Ensino Médio (ARAÚJO, 2007; LIMA, R., 2010). Nos estudos realizados na alfabetização de jovens e adultos, encontramos as pesquisas de Franco (2004), que investigou a passagem dos procedimentos de cálculo mental à escrita matemática, evidenciada na resolução de um problema de multiplicação por alunos; e de Henao (2006), que analisou as dificuldades e fortalezas quanto à compreensão de textos com conteúdos matemáticos por parte de aprendizes jovens e adultos. Sobre os estudos realizados nos anos iniciais do Ensino Fundamental da EJA: Pimenta (2003) analisou o processo de aquisição de conceitos matemáticos por alunos surdos através da resolução de problemas matemáticos de comparação; Santos (2004) pesquisou as estratégias usadas por estudantes na resolução de problemas matemáticos de estruturas 219 aditivas; Gomes, M. (2007) estudou os conhecimentos e estratégias de educandos, que exerciam as profissões de pedreiro e marceneiro, na resolução de problemas sobre números decimais; e Almeida (2008) investigou a transição da linguagem natural à linguagem matemática, e as contribuições dos registros semióticos para a construção de novos conhecimentos, a partir da resolução de problemas no quadro de escrever por alunos. No que diz respeito aos estudos desenvolvidos nos anos finais do Ensino Fundamental da EJA, verificamos que a pesquisa de Azevedo (2002) analisou o processo de ensino-aprendizagem de equações por alunos jovens e adultos transitando em diferentes registros de representação propostos pelo professor em sala de aula. O estudo de Toledo (2003) investigou a relação existente entre o desenvolvimento das estratégias metacognitivas de pensamento e a evolução do registro matemático de adultos pouco escolarizados, tendo por contexto a resolução de problemas matemáticos. E a investigação de Vizolli (2006) procurou identificar os conhecimentos matemáticos e os registros de representação semiótica mobilizados por professores e alunos ao solucionarem problemas de proporção-porcentagem. Quanto aos estudos desenvolvidos nos ensinos Fundamental e Médio, constatamos que Araújo (2007) investigou as facilidades/dificuldades de interpretação e os procedimentos mobilizados na resolução de problemas matemáticos escolares por alunos da EJA dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Enquanto que Lima, R. (2010) se propôs analisar a compreensão, as estratégias e o desempenho de alunos da EJA, do 2º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio/PROEJA, na resolução de problemas de estruturas multiplicativas, especificamente sobre o raciocínio combinatório. No subtema “desempenho e habilidades na resolução de problemas e em atividades matemáticas” constituiu-se um grupo com estudos comparativos entre adultos da EJA e crianças do ensino regular (SILVA, V., 2006; NOBRE, 2007; ALBUQUERQUE, 2010), e outro grupo centrado em compreender o desempenho e a habilidade de alunos da EJA mediante testes matemáticos (VIANNA, 2006; LIMA, I., 2010) ou atividades de resolução de problemas (BARROS, 2007; DANTAS, 2010; QUEIROZ, 2010). Nas pesquisas tratando de estudos comparativos entre adultos e crianças: Silva, V. (2006) analisou o desempenho quanto à solução de problemas sobre números decimais; Nobre (2007) se propôs medir a relação da consciência linguística e realismo nominal entre as atividades de Leitura, Escrita e Matemática; e Albuquerque (2010) investigou o desempenho e a compreensão de escala representada em gráficos de barras e de linha. Nos estudos relativos ao desempenho e habilidades mediante testes matemáticos, notamos que a pesquisa de Vianna (2006) investigou as dificuldades de aprendizagem em 220 Leitura e Matemática de alunos alfabetizandos adultos, e as possíveis relações das dificuldades nessas áreas. Já o estudo de Lima, I. (2010) analisou o desempenho de alunos da EJA ao resolverem atividades de construção e interpretação de gráficos. Sobre as pesquisas relacionadas ao desempenho e habilidades diante de atividades de resolução de problemas, verificamos que Barros (2007) pesquisou o desempenho de alunos da EJA na resolução de problemas envolvendo Função Polinomial do 1º Grau; Dantas (2010) investigou a influência da argumentação matemática para a aprendizagem da resolução de problemas de estrutura aditiva por alunos da EJA; e Queiroz (2010) analisou as principais dificuldades relacionadas à resolução de problemas aritméticos de estruturas aditivas enfrentadas por alunos adolescentes da EJA. 5.7.2 – Referenciais teóricos e procedimentos metodológicos das pesquisas Na descrição dos aportes teóricos das vinte pesquisas reunidas no tema “Psicologia da Educação Matemática”, observamos de forma significativa a recorrência às teorias de Vergnaud, sobre os campos conceituais, sendo citado pela metade dessas pesquisas, com cinco estudos em cada um dos dois últimos subtemas (PIMENTA, 2003; SANTOS, 2004; VIZOLLI, 2006; GOMES, M., 2007; LIMA, R., 2010; SILVA, V., 2006; ALBUQUERQUE, 2010; DANTAS, 2010; LIMA, I., 2010; QUEIROZ, 2010). Constatamos também, o suporte às teorias de Duval, sobre registros de representação semiótica, referenciado por quase metade dos estudos alusivos ao subtema “construção/desenvolvimento de conceitos e estratégias ante a resolução de problemas e atividades matemáticas” (AZEVEDO, 2002; HENAO, 2006; VIZOLLI, 2006; ARAÚJO, 2007; ALMEIDA, 2008). Sendo citado ainda no estudo de Barros (2008), atinente ao subtema “desempenho e habilidades na resolução de problemas e em atividades matemáticas”. Outros autores abordados em parte dessas pesquisas foram: Vygotsky (TOLEDO, 2003; HENAO, 2006; GOMES, M., 2007; SILVA, V., 2006; VIANNA, 2006), e Fonseca, sendo essa autora destacada apenas entre os estudos do subtema “construção/desenvolvimento de conceitos e estratégias ante a resolução de problemas e atividades matemáticas” (VIZOLLI, 2006; ARAÚJO, 2007; GOMES, M., 2007; LIMA, R., 2010). Além dessas referências teóricas, observamos ainda, entre outros autores: Paulo Freire (FRANCO, 2004; SILVA, V., 2006; VIANNA, 2006); Piaget (PIMENTA, 2003; NOBRE, 2007); Carraher, Carraher e Schliemann (GOMES, M., 2007; QUEIROZ, 2010); e Polya (TOLEDO, 2003; QUEIROZ, 2010). Em se tratando da única pesquisa representando o subtema “proposta pedagógica 221 de ensino”, o estudo de Silva, J. S. (2006) teve como suporte teórico Ausubel e suas teorias sobre a aprendizagem significativa. Na análise da metodologia de investigação das pesquisas concernentes ao tema “Psicologia da Educação Matemática”, concluímos que, ao contrário dos demais estudos constituídos em nosso material de análise, que adotaram essencialmente a abordagem da investigação qualitativa, mais da metade dessas pesquisas foi realizada com base nos pressupostos da investigação quanti-qualitativa, e mesmo quantitativa, de análise estatística (NOBRE, 2007; ALBUQUERQUE, 2010). Isso, graças aos estudos reunidos no subtema “desempenho e habilidades na resolução de problemas e em atividades matemáticas”. A abordagem qualitativa foi empregada nas pesquisas de Silva, J. S. (2006), Toledo (2003), Franco (2004), Henao (2006) e Araújo (2007), com os estudos de Azevedo (2002), Pimenta (2003), Santos (2004) e Vizolli (2006) também de enfoque qualitativo, embora não tivessem expressado claramente sua opção metodológica. Na apreciação dos instrumentos ou técnicas de produção e coleta de dados das pesquisas referentes ao tema “Psicologia da Educação Matemática”, verificamos o destaque para o emprego da observação com registro em diário de campo durante a aplicação e desenvolvimento das atividades de resolução de problemas (AZEVEDO, 2002; TOLEDO, 2003; FRANCO, 2004; SANTOS, 2004; HENAO, 2006; GOMES, M., 2007; ALMEIDA, 2008; SILVA, V., 2006; BARROS, 2008; DANTAS, 2010; LIMA, I., 2010), e também a análise dessas atividades resolvidas pelos sujeitos que participaram dos estudos (PIMENTA, 2003; TOLEDO, 2003; FRANCO, 2004; HENAO, 2006; VIZOLLI, 2006; ARAÚJO, 2007; ALMEIDA, 2008; NOBRE, 2007; BARROS, 2008; QUEIROZ, 2010). Além desses instrumentos ou técnicas, observamos a utilização de entrevistas semiestruturadas (PIMENTA, 2003; TOLEDO, 2003; FRANCO, 2004; SANTOS, 2004; HENAO, 2006; VIZOLLI, 2006; SILVA, V., 2006), questionários (HENAO, 2006; BARROS, 2008), e entrevistas pautadas no método clínico de Piaget (ARAÚJO, 2007; GOMES, M., 2007; NOBRE, 2007; LIMA, I., 2010). Outro instrumento empregado por essas pesquisas, principalmente entre as que fazem parte do subtema “desempenho e habilidades na resolução de problemas e em atividades matemáticas”, foi a aplicação de testes para os sujeitos das pesquisas responderem (PIMENTA, 2003; LIMA, R., 2010; VIANNA, 2006; NOBRE, 2007; ALBUQUERQUE, 2010; DANTAS, 2010; LIMA, I.; 2010). O estudo de Silva, J. S. (2006), correspondente ao subtema “proposta psicopedagógica de ensino”, não empregou qualquer tipo de instrumento de produção e coleta 222 de dados, obtendo seus dados através de conversas informais com trabalhadores da construção civil, com o intuito de levantar seus saberes profissionais para a elaboração de sua proposta de ensino da Matemática para a EJA. Por conseguinte, não envolveu a análise de dados, e nem se apoiou em autores para sustentar seus procedimentos metodológicos. Quanto aos procedimentos de análise de dados dos estudos relacionados ao subtema “construção/desenvolvimento de conceitos e estratégias ante a resolução de problemas e atividades matemáticas”, constatamos que basicamente procederam à análise das resoluções de problemas pelos sujeitos pesquisados, combinando com a análise de suas respostas para outros instrumentos de coleta de dados ou da análise da observação dos episódios de resolução, tendo em vista o quadro teórico construído. Nesse caso, tivemos ainda, entre esses estudos, alguns que estabeleceram categorias emergentes de análise (AZEVEDO, 2002; FRANCO, 2004; SANTOS, 2004; ARAÚJO, 2007). Entre os demais estudos desse subtema, no caso, as pesquisas de Gomes, M. (2007), Almeida (2008) e Lima, R. (2010), tivemos que elas realizaram a análise quantitativa do número de acertos e erros para as questões resolvidas pelos sujeitos, combinada com a análise qualitativa de suas respostas obtidas nos demais instrumentos de coleta de dados. Quanto às pesquisas relativas ao subtema “desempenho e habilidades na resolução de problemas e em atividades matemáticas”, observamos que recorreram, principalmente, à análise quantitativa do desempenho dos sujeitos na resolução de problemas, geralmente com o emprego de técnicas estatísticas (análise multivariável, correlação, teste de homogeneidade, e regressão), e à análise qualitativa dos protocolos dessas resoluções. Apenas quatro dos estudos analisados neste tema destacaram seus aportes teóricos de sustentação à sua metodologia de pesquisa, sendo citados: Fávero e Trajano (PIMENTA, 2003); Luria (FRANCO, 2004); Chizzotti (ALMEIDA, 2008); e Bampi (LIMA, I., 2010). Em relação aos sujeitos participantes das pesquisas atinentes ao tema “Psicologia da Educação Matemática”, observamos que, com exceção do trabalho de Silva, J. S. (2006), que pesquisou trabalhadores da construção civil, todas essas pesquisas focaram alunos, variando de cinco a 150 estudantes, sendo que os estudos de Pimenta (2003), Vizolli (2006) e Almeida (2008) incluíram ainda informações coletadas junto a professores, com o estudo de Vizolli (2006) como o único que também os considerou como sujeitos investigados. Entre as particularidades quanto aos sujeitos da pesquisa desses estudos, destacamos a inclusão de alunos crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental, além de estudantes da EJA, como sujeitos investigados nas pesquisas comparativas de Silva, V. (2006), Nobre (2007) e Albuquerque (2010), sendo todos esses alunos oriundos de escolas 223 púbicas da região metropolitana de Recife/PE. Também destacamos os estudos que pesquisaram alunos da EJA surdos (PIMENTA, 2003), funcionários de instituição de ensino superior (SANTOS, 2004), presidiários e profissionais no ofício de pedreiro e marceneiro (GOMES, M., 2007), e adolescentes (QUEIROZ, 2010). No tocante aos níveis de ensino investigados pelas pesquisas alusivas ao tema “Psicologia da Educação Matemática”, verificamos que, a metade delas voltou-se aos anos iniciais do Ensino Fundamental, incluindo a alfabetização (PIMENTA, 2003; FRANCO, 2004; SANTOS, 2004; HENAO, 2006; GOMES, M., 2007; ALMEIDA, 2008; VIANNA, 2006; NOBRE, 2007; ALBUQUERQUE, 2010; DANTAS, 2010). Nos anos finais do Ensino Fundamental foram cinco pesquisas (SILVA, J. S., 2006; AZEVEDO, 2002; TOLEDO, 2003; VIZOLLI, 2006; QUEIROZ, 2010), e no Ensino Médio um único estudo (BARROS, 2008). Observamos ainda quatro pesquisas que envolveram mais de um nível de ensino: Araújo (2007) voltou-se aos anos finais do Ensino Fundamental e ao Ensino Médio; Lima, R. (2010) focou do 2º ao 9º ano do Ensino Fundamental e o Ensino Médio; Silva, V. (2006) voltou-se ao 5º e 7º anos do Ensino Fundamental; e Lima, I. (2010) envolveu todas as etapas da Educação Básica. As pesquisas aqui analisadas foram desenvolvidas principalmente em escolas da rede pública de ensino, envolvendo ainda diversos outros contextos: escolas particulares com oferta do Ensino Supletivo (AZEVEDO, 2002; TOLEDO, 2003); escola rural (ALMEIDA, 2008); escolas funcionando nas dependências de comunidade religiosa (FRANCO, 2004) e de presídio (GOMES, M., 2007); instituto federal com atendimento ao PROEJA (LIMA, R., 2010); salas de aula funcionando em canteiros de obra (GOMES, M., 2007); projetos de atendimento à EJA de universidades pública (VIANNA, 2006) e privada (SANTOS, 2004; VIZOLLI, 2006); projeto internacional de educação (HENAO, 2006); e projeto e escola mantidos pelo programa de educação do SESI (GOMES, M., 2007) e do Serviço Social do Comércio (SESC) (LIMA, R., 2010; DANTAS, 2010). Novamente, assim como observado nas pesquisas alusivas ao tema “Práticas Matemáticas de Estudantes da EJA”, verificamos uma diversidade de contextos abrangidos, que resgatam a concepção de EJA como educação de base ou comunitária, difundida principalmente nos anos de 1960, mas que também envolveu o final dos anos de 1950 e início dos anos de 1970, porém, agora com o decisivo financiamento estatal. 224 5.7.3 – Principais resultados e conclusões explicitados pelas pesquisas As vinte pesquisas concernentes ao tema “Psicologia da Educação Matemática” evidenciaram várias considerações, algumas delas pontuais à investigação realizada, se restringindo à elucidação de resultados específicos quanto ao universo e aos sujeitos pesquisados e, portanto, não generalizáveis; e outras que chegaram a conclusões mais gerais, embora baseadas apenas nas observações provenientes de suas investigações. A pesquisa de Silva, J. S. (2006), constituída na única relativa ao subtema “proposta psicopedagógica de ensino”, concluiu que os saberes cotidianos, em especial os saberes profissionais de trabalhadores da construção civil, podem ser usados como conhecimento para a construção de conceitos matemáticos, servindo de instrumentos motivadores e facilitadores para a aprendizagem significativa de Matemática na EJA. Em relação às pesquisas organizadas segundo o subtema “construção/desenvolvimento de conceitos e estratégias ante a resolução de problemas e atividades matemáticas”, tendo por base a confluência das mesmas quanto aos níveis de ensino em que se desenvolveram, apresentamos uma síntese de suas principais considerações. Nos estudos envolvendo a alfabetização de jovens e adultos, encontramos duas pesquisas que se propuseram à enunciação de conclusões mais gerais: Franco (2004) concluiu que uma prática educativa que contemple a investigação dos procedimentos dos alunos para construção do conhecimento social e escolarmente aceito constitui-se uma perspectiva que atende de maneira adequada os anseios de jovens e adultos que retornam à escola, e que o debate sobre as atividades e a interação através do diálogo são instrumentos facilitadores para a apropriação do conhecimento escolar pelos alunos da EJA. Henao (2006) concluiu que na compreensão de textos com conteúdos matemáticos há dificuldades e fortalezas de diferente índole, algumas de caráter social, que têm a ver com as experiências, o nível de escolarização e a subjetividade dos sujeitos; as que se relacionam com os bloqueios psicológicos e outras capacidades; os conhecimentos próprios da Matemática, sua linguagem e formas de representação; e as que tratam do domínio da língua. Nas pesquisas abarcando os anos iniciais do Ensino Fundamental, tivemos duas pesquisas que destacaram conclusões abrangentes (PIMENTA, 2003; ALMEIDA, 2008), e outras duas com considerações mais específicas (SANTOS, 2004; GOMES, M., 2007): Pimenta (2003) chegou à conclusão que o ensino de Matemática para surdos, assim como para ouvintes, não favorece ao sujeito lidar com a lógica do sistema numérico e de sua notação, acarretando implicações psicológicas e sociais; e que a dificuldade dos alunos surdos frente a problemas de Matemática, advém não de uma suposta limitação em relação à 225 compreensão textual em si, mas do processo de escolarização ao qual foram submetidos, com a aquisição de regras de procedimentos de resolução em detrimento da aquisição conceitual. Almeida (2008) chegou à constatação que o uso diferenciado do quadro é uma alternativa pedagógica importante, contribuindo com a comunicação entre professores e alunos nas aulas de Matemática, e uma oportunidade de se conhecer como os alunos lidam com os registros de representações semióticas melhor do que só pela análise de seu produto, favorecendo ainda o exercício da argumentação e da crítica, relevantes para o raciocínio matemático e para o próprio registro da solução. Santos (2004) observou que os sujeitos investigados foram desafiados a mobilizar recursos, tanto do cálculo relacional (mental) como do escrito (numérico), para encontrar soluções e possíveis tomadas de decisões, e que, além disso, se utilizaram de várias relações lógicas e estruturas interiorizadas no sistema de representações e de tratamento. Constatou ainda, que as notações, verbalizações, gestos e expressões, e trocas de ideias, serviram de apoio para o desenvolvimento do raciocínio; que as estratégias adotadas diferenciavam-se na medida em que os problemas eram interpretados; e que o registro escolar foi relembrado ou evidenciado em quase todos os problemas resolvidos. Gomes, M. (2006) verificou que os participantes de sua pesquisa demonstraram boa compreensão de situações nas quais o número decimal se fez presente e significativo, e evidenciaram um excelente entendimento dos conceitos de área e de perímetro ao elaborarem corretamente estratégias de resoluções e buscarem referência nas suas práxis. Notou ainda que esses sujeitos desenvolveram alguns procedimentos próprios para lidar com situações específicas, aliando ao uso de algoritmos convencionais o uso de estimativas para acompanhar se seus resultados estavam dentro da ordem de grandeza esperada; e aplicaram os conhecimentos sobre números decimais em situações pouco ou não familiares, evidenciando a possibilidade de transferência e de ampliação dos conhecimentos construídos. Nos estudos realizados nos anos finais do Ensino Fundamental, dois deles se fixaram às observações junto aos sujeitos da pesquisa (AZEVEDO, 2002; VIZOLLI, 2006), enquanto outro se propôs a extrapolar os resultados de sua investigação (TOLEDO, 2003): Azevedo (2002) considerou que o trânsito pelos diferentes registros de representação, quanto ao conceito de equação, permitiu que aos sentidos produzidos pelos alunos pesquisados sobre o sinal de igual, fosse acrescentado o significado de sinal de igual como relacional, indicativo de igualdade, embora, nessa abordagem, o sentido de incógnita como valor numérico a ser determinado tivesse permanecido. Vizolli (2006) concluiu que os sujeitos de seu estudo estabeleceram relações entre 226 os dados e as informações contidas nos enunciados dos problemas com situações do contexto social, apoiando-se em situações não restritas ao conteúdo matemático envolvido no problema. Concluiu ainda, que, embora esses sujeitos tivessem utilizado vários conceitos que formam o substrato da proporção-porcentagem, lançando mão de registros de representação semiótica mistos e numérico aritméticos, nem sempre conseguiram estabelecer relação do que fizeram com outros conceitos matemáticos, nem conseguiram fazer uso de todos os registros de representação semiótica necessários à compreensão da proporção-porcentagem. Toledo (2003) chegou à constatação que existe uma estreita relação entre o uso de estratégias metacognitivas de pensamento e o registro matemático em sujeitos jovens e adultos pouco escolarizados, ainda que não seja possível apontar a direção causal dessa relação; complementando que tanto as estratégias metacognitivas de registro como as formas de registro matemático se desenvolvem de acordo com as especificidades de cada sujeito, que fogem ao controle da escola na qual os sujeitos estão inseridos. Nos estudos realizados em turmas da EJA envolvendo tanto o Ensino Fundamental quanto o Ensino Médio, observamos que: Araújo (2007) chegou à conclusão, pautado nos resultados de seu estudo, que a complexidade envolvida no ato de resolução de problemas extrapola a questão da fluência na leitura ou do uso ou não de certas estratégias ou conhecimentos conceituais isolados, e que a compreensão dos enunciados dos problemas e as consequentes abordagens adequadas são dependentes de vários fatores. Chegou à conclusão ainda, que, do ponto de vista matemático, o tempo de escolaridade dos alunos parece não influenciar na mobilização de procedimentos para a resolução e explicação dos problemas, sendo mais influente para essa mobilização, o fato de os alunos utilizarem certos conhecimentos matemáticos na prática. Por sua vez, Lima, R. (2010) observou que o nível de ensino e os anos de escolarização mostraram-se variáveis interferentes no desempenho dos alunos pesquisados quanto à resolução de problemas combinatórios. Verificou que, dentre esses problemas, os de combinação e arranjo foram os que os alunos demonstraram pior desempenho, enquanto que nos problemas de multiplicação direta, quotição e partição, o desempenho foi melhor. Constatou ainda percentuais baixos dos alunos que usaram estratégias distintas das formais para resolver os problemas propostos, sendo entre os alunos das séries iniciais que mais se notou formas distintas de resolver esses problemas, concluindo que os alunos pesquisados resistiram em usar representações não-formais para a resolução dos problemas combinatórios, e os que assim fizeram, se utilizaram mais da listagem de possibilidades. Enfocando as pesquisas pertinentes ao subtema “desempenho e habilidades na 227 resolução de problemas e em atividades matemáticas”, observamos que levantaram inúmeras considerações, as quais, apresentamos de forma resumida, tendo em vista a relação entre essas pesquisas quanto ao fato de terem se constituído em estudos comparativos entre adultos e crianças (SILVA, V., 2006; NOBRE, 2007; ALBUQUERQUE, 2010), ou por terem suscitado suas conclusões a partir de resultados de testes matemáticos (VIANNA, 2006; LIMA, I., 2010) e de resolução de problemas (BARROS, 2007; DANTAS, 2010; QUEIROZ, 2010). Nas pesquisas comparativas entre adultos da EJA e crianças do ensino regular: Silva, V. (2006) constatou muitas diferenças entre os conhecimentos de adultos e os de crianças sobre números decimais. Nesse caso, observou que o desempenho dos adultos na resolução de problemas com números decimais foi estatisticamente superior ao das crianças, e que os adultos desempenharam-se bem tanto nos problemas inseridos no contexto monetário quanto no métrico, enquanto que as crianças apresentaram fraco desempenho no contexto métrico e mencionaram quase que exclusivamente o contexto monetário como aquele no qual os números decimais podem ser encontrados. Verificou também que, tanto para os adultos quanto para as crianças, não houve efeito significativo da escolaridade na compreensão dos significados e das propriedades dos números decimais. Os dados da pesquisa de Nobre (2007) apontaram para uma forte relação entre realismo nominal, Leitura, Escrita e Matemática, e que a dificuldade de compreender a relação entre significante e significado, ou seja, de lidar com o sistema simbólico, estendeu-se não só nas áreas de Linguagem, mas também nas áreas de Matemática. Apontaram ainda para a importante contribuição de habilidades linguísticas, como também de habilidades lógicomatemáticas na superação do realismo nominal. Albuquerque (2010) observou que os alunos pesquisados apresentaram dificuldades na compreensão da escala e um desempenho insatisfatório quanto à interpretação de gráficos; e que tiveram um desempenho melhor quando interpretaram gráficos de barras do que de linha, isso talvez devido ao gráfico de barras ser mais frequente nos livros didáticos e na mídia impressa. Percebeu que as crianças se desempenharam melhor nas atividades do que os adultos, demonstrando que o ensino regular cumpre mais o seu papel de construção do conhecimento do que a EJA. Observou também que a profissão desempenhada pelos alunos não influenciou significativamente no desempenho deles, demonstrando que a experiência de vida não contribuiu de forma significativa para o aprendizado sobre escala. Nas pesquisas sobre o desempenho e habilidades mediante testes matemáticos: Vianna (2006) observou que a escolaridade anterior e o tempo de afastamento da escola demonstraram ser relevantes para as dificuldades de aprendizagem em Leitura e 228 Matemática, parecendo influenciar mais as dificuldades matemáticas do que as de Linguagem. Identificou ainda que, ter sido ou não iniciado à leitura e ao cálculo também pareceram influenciar tais dificuldades. Sobre a possibilidade da existência de déficits que pudessem estar ligados ao desempenho de leitura e cálculo simultaneamente, não diagnosticou algo consistente que possibilitasse atestar alguma conclusão. Lima, I. (2010) constatou que a influência significativa da escolarização foi notada apenas nas atividades de construção de gráficos, e quanto à interpretação de gráficos, não houve diferença significativa no desempenho dos estudantes pesquisados dos três segmentos de ensino. Verificou que esses estudantes pareceram ter mais familiaridade e facilidade em interpretar do que em construir gráficos, que a mobilização de conhecimentos e informações familiares influenciou as respostas apresentadas; e que as suas principais dificuldades se relacionaram à construção da escala. Observou também que as experiências da vida adulta influenciaram positivamente na resolução de problemas matemáticos, e que as dificuldades foram menos recorrentes para os adultos. Nos estudos sobre o desempenho e habilidades diante da resolução de problemas: Barros (2008) concluiu que os alunos pesquisados mostraram limitações quando as operações requeridas envolveram maior número de elementos, etapas ou relações, apresentando ainda outras limitações, como: indicação do raciocínio sem expressá-lo com uma operação algébrica; não utilização do “modelo matemático”; dificuldades para efetuar as quatro operações básicas; não tentativa e não solução do problema; uso indevido do ponto e a vírgula em números decimais, e não expressão correta de um valor em reais; demonstração do procedimento algébrico, mas com dificuldades para expressar a resposta em português; e dificuldade no entendimento do enunciado do problema. Dantas (2010) averiguou que os alunos participantes da sua pesquisa produziram diversos tipos de argumentos, demonstrando serem capazes de selecionar diferentes estratégias argumentativas e adequá-las de acordo com a situação comunicativa; e que a interação social possibilitou a argumentação, levando esses alunos a explicitarem seus procedimentos de resolução, utilizando diversos tipos de argumentos, e auxiliando na compreensão dos problemas de estrutura aditiva. Notou ainda que os alunos estiveram envolvidos em atividades de argumentação matemática se interrogando, analisando resolução de desacordos e formulando conjecturas; e que o nível de escolaridade influenciou no tipo de argumentação, mas não interferiu nos tipos de interação. Queiroz (2010) percebeu que os alunos adolescentes pesquisados apresentaram dificuldades na resolução de problemas de estrutura aditiva de combinação, e cometeram 229 erros principalmente nas operações envolvendo o zero e de inversão posicional dos algarismos. Verificou momentos em que esses alunos acertaram o cálculo numérico por estar contextualizado e por seus valores terem sentido, porém, erraram quando se depararam com o algoritmo fora do contexto, embora fosse o mesmo cálculo. Concluiu que os alunos pesquisados apresentaram conhecimentos aquém dos exigidos nos programas curriculares, e mesmo tendo passado por todas as fases do Ensino Fundamental, ainda trouxeram consigo dúvidas, questionamentos e interrogações que não foram esclarecidas anteriormente. 5.7.4 – Contribuições e implicações das pesquisas Em relação às práticas educativas na Educação Matemática de Jovens e Adultos As pesquisas relacionadas ao tema “Psicologia da Educação Matemática” fomentaram considerações principalmente quanto ao processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA, suscitando ainda, algumas considerações consensuais sobre essa modalidade, como a necessidade de a escola com oferta da EJA refletir o tratamento diferenciado a ser dado aos seus educandos (SILVA, V., 2006), e que seja capaz de adequar seu currículo e sua dinâmica pedagógica às necessidades dos mesmos (ARAÚJO, 2007). As recomendações que essas pesquisas suscitaram refletem primordialmente a necessidade de se valorizar os conhecimentos cotidianos dos jovens e adultos no ensino de Matemática na EJA, com especial atenção aos seus saberes profissionais. Nesse sentido, destaca-se a importância de se levar em conta os conhecimentos do cotidiano que os alunos trazem de suas experiências de vida, para, a partir desses conhecimentos, construir os conceitos matemáticos e contribuir para que o aluno deixe de ser um mero receptor de conteúdos prontos e acabados (SILVA, J. S., 2006; LIMA, I., 2010). Também se destaca a necessidade de resgate do conhecimento construído pelo aluno a partir de sua experiência profissional, possibilitando a relação dos saberes da prática profissional com os saberes escolares (SILVA, J. S., 2006; GOMES, M., 2007). As pesquisas defendem que a Matemática trazida pelo aluno precisa ser sistematizada pela escola, para que ele possa entender a Matemática dos livros e também para poder aplicá-la no seu cotidiano, dando-lhe oportunidade do domínio básico da Escrita e da Matemática, instrumentos necessários à aquisição de outros conhecimentos (ARAÚJO, 2007). Outra questão pertinente, fomentada por essas pesquisas, é de que o professor reconheça como válidos os conceitos matemáticos conhecidos pelos alunos antes da sua formalização no ensino da Matemática em sala de aula (LIMA, R., 2010; SILVA, V., 2006). Diante desses aspectos, sugere-se que o professor de Matemática, ao elaborar sua 230 metodologia de ensino, procure uma abordagem de conteúdos, de forma a buscar uma sintonia indispensável entre aquilo que supostamente o aluno já conhece e o que ele precisa conhecer. E, além disso, que tenha clareza sobre quem são seus alunos e por que precisam aprender, para decidir o que ensinar e como fazê-lo de maneira significativa (SILVA, J. S., 2006). Entre as contribuições mais específicas decorrentes das pesquisas relativas ao tema “Psicologia da Educação Matemática”, salienta-se as que tratam da resolução de problemas e dos registros de representação semiótica. O argumento base para a discussão em torno da compreensão e das estratégias dos educandos jovens e adultos ante a resolução de problemas parece se remeter ao fato de que o processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA deve se voltar não somente para o domínio dos conteúdos matemáticos propriamente ditos, mas também para a formação de cidadãos numerados, capazes de utilizar estratégias para mobilizar os recursos necessários à solução dos problemas com os quais se defrontam (TOLEDO, 2003). Dessa forma, as pesquisas recomendam que o professor de Matemática se atente para as estratégias usadas pelos alunos na resolução de problemas, com a finalidade de aproveitá-las no sentido de perceber o que mobiliza os mesmos na compreensão desses problemas (LIMA, R., 2010); e que estimule nos estudantes o desejo de comunicar suas estratégias e argumentos envolvidos na resolução de problemas, a fim de que desenvolvam habilidades para expressar seu pensamento, defender suas ideias e respeitar o ponto de vista do outro, mesmo quando divergente do seu (DANTAS, 2010). Para isso, sugere-se ao professor que organize situações de aprendizagem matemática, nas quais os alunos sejam convidados, constantemente, a falar sobre seus processos de pensamento, rever os processos utilizados, confrontar suas ideias com a de outros alunos, visualizar novos métodos de resolução, planejar e avaliar suas ações, e mobilizar seus conhecimentos prévios acerca da situação, para enfrentá-la com consciência dos recursos de que dispõe (TOLEDO, 2003). Na elaboração dos problemas pelos professores para seus alunos resolverem, recomenda-se que essa seja feita de forma a facilitar sua interpretação e que os problemas se relacionem, preferencialmente, com os conhecimentos cotidianos dos alunos, tornando-se uma possibilidade de compreensão mais acessível à produção do conhecimento matemático, colaborando ainda para mudar a visão da Matemática como inacessível e sem sentido (ALMEIDA, 2008; BARROS, 2008). No tocante à resolução de problemas, propõe-se aos professores que instiguem seus alunos a perceberem as relações que se estabelecem entre os dados e as informações do 231 enunciado de um problema, para que possam lançar mão de representações que lhes permitam fazer as devidas conversões entre o registro de partida e o de chegada (VIZOLLI, 2006). Também é importante que os professores encorajem seus alunos no uso de representações distintas e não apenas as formais para a solução de problemas, pois elas indicam o nível de compreensão desses alunos e qual ação deve ser tomada (LIMA, R., 2010); e que proponham situações que permitam ao aluno conversões de registros nos dois sentidos, do registro da língua natural para o registro numérico e a conversão do registro da língua natural para o registro algébrico (BARROS, 2008). Sobre os registros de representação semiótica, indica-se aos professores que desenvolvam atividades matemáticas em sala de aula que levem em consideração a mudança desses registros, propiciando a compreensão conceitual (VIZOLLI, 2006), e que busquem os fundamentos e os conceitos da representação semiótica que tornam possível compreender e analisar o que é produzido pelos alunos em sala de aula (AZEVEDO, 2002). Além das recomendações envolvendo a resolução de problemas e os registros de representação semiótica, as pesquisas relativas ao tema “Psicologia da Educação Matemática” também destacam considerações pertinentes sobre números decimais, sobre o trabalho com gráficos, e sobre a proposição de textos matemáticos na EJA. A respeito dos números decimais, as pesquisas alertam que seu ensino precisa ser revisto de modo a proporcionar aprendizagens significativas, sendo necessário, inclusive, redirecionar o processo de ensino-aprendizagem de seu conceito para as distintas etapas da Educação Básica na EJA (SILVA, V., 2006). As pesquisas ressaltam ainda que a escola deve considerar a existência de dificuldades a serem superadas pelos alunos jovens e adultos sobre números decimais e, portanto, intervir no sentido de possibilitar aos mesmos a aquisição desse conceito e ampliar suas opções de estratégias de cálculo numérico (GOMES, M., 2007). Nesse caso, sugere-se aos professores que levantem o entendimento dos alunos sobre número decimal antes do ensino formal desse conhecimento, no sentido de buscar compreender como esse campo numérico se manifesta fora dos espaços escolares e que saberes sobre o mesmo os alunos trazem consigo para a sala de aula (SILVA, V., 2006). Em relação ao trabalho com gráficos, as pesquisas sugerem que esse seja repensado no currículo e em sala de aula da EJA, destacando a necessidade de um trabalho sistematizado na sala de aula, de forma articulada com os diferentes componentes curriculares, voltado para questões fundamentais de articulação entre a interpretação e a construção de gráficos, refletindo, sobretudo, a adequação dos dados ao tipo de gráfico a ser 232 construído, a utilização de gráficos para a transmissão de informações de forma rápida e objetiva, e a construção de uma escala precisa (ALBUQUERQUE, 2010; LIMA, I., 2010). Para tanto, se faz necessário que o trabalho com gráficos seja contínuo e sistemático em todo o percurso escolar, proporcionando reflexões e criticidade das informações veiculadas por esse tipo de representação (LIMA, I., 2010); e que os professores desenvolvam atividades que levem os alunos a interpretar gráficos, sendo capazes de perceber todas as peculiaridades referentes à compreensão da escala gráfica (ALBUQUERQUE, 2010). Decorrente das informações transmitidas através de gráficos, e principalmente por caber à escola garantir que os conhecimentos socialmente construídos possam ser acessados, partilhados e discutidos por todos que a ela se destinam, incluindo-se os dados de natureza estatística (LIMA, I., 2010), salienta-se, com base na proposição de textos matemáticos, a necessidade de introduzir no ensino de Matemática na EJA os textos que circulam no meio (notícias de jornais, tabelas, gráficos etc.), tidos como mediações para a aprendizagem não só da língua, mas também da Matemática e de outras ciências (HENAO, 2006). A proposição de textos matemáticos na EJA se respalda por permitir desenvolver capacidades diversas que tomam sentido em outros contextos, emergindo ainda a compreensão de que não se trata só de encontrar textos para levar à sala de aula, mas também de produzir textos nas aulas aplicando conceitos, teorias e fatos aprendidos (HENAO, 2006). Em relação à pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos As pesquisas atinentes ao tema “Psicologia da Educação Matemática” consolidam-se como importantes para a compreensão sobre como os educandos jovens e adultos processam a resolução de problemas, e que conhecimentos e estratégias mobilizam diante dessa resolução, contribuindo, de maneira geral, para o entendimento dos modos como aprendem os conhecimentos matemáticos escolares, e mesmo os conhecimentos cotidianos. Além disso, possibilitam entender as possíveis relações entre o nível de escolarização e as estratégias e habilidades matemáticas dos alunos mobilizadas na resolução de problemas, e se tais estratégias e habilidades são transferíveis para outros contextos e situações (ARAÚJO, 2007; LIMA, R., 2010; LIMA, I., 2010). Essas pesquisas contribuem ainda por procurarem estudar as relações entre os procedimentos de resolução de problemas resultantes da prática profissional ou de situações cotidianas e as estratégias de resolução características da educação formal (ARAÚJO, 2007; GOMES, M., 2007; LIMA, I., 2010); e por buscarem investigar se as diferenças de idade e de experiência de vida influenciam o modo como os sujeitos resolvem problemas e mobilizam conhecimentos nessa resolução (SILVA, V., 2006; NOBRE, 2007; ALBUQUERQUE, 2010). 233 Nesse contexto, as pesquisas não apenas sugerem o aprofundamento de estudos visando compreender melhor esses aspectos, como destacam também algumas possibilidades de investigações que podem ser desenvolvidas. Entre essas possibilidades, sugerem, por exemplo, que novas pesquisas podem ser efetuadas no intuito de: investigar como os alunos relacionam os seus conhecimentos matemáticos e como eles se dão de forma mais explícita na resolução de problemas; verificar quais estratégias e habilidades são mobilizadas na resolução de problemas por indivíduos que não estejam em processo de escolarização ou que façam parte de um grupo profissional específico; analisar o uso de material manipulativo na resolução de problemas por alunos jovens e adultos e quais estratégias utilizam diante desses recursos. As pesquisas também ressaltam a importância de se investigar o desempenho de alunos da EJA quanto à resolução de problemas relativos a diversos conceitos matemáticos; de se pesquisar as diferenças entre interpretar e construir gráficos, e quais são os conhecimentos mobilizados quando os alunos são solicitados a interpretar e construir representações gráficas; e de estudar os registros de representação semiótica ou as estratégias metacognitivas de pensamento dos alunos da EJA atinentes a outros conceitos matemáticos. Aspecto comum destacado pelas pesquisas como sugestão de novas investigações refere-se à indicação de se repetir o estudo realizado com um número maior de sujeitos e verificar a repetição ou não dos seus resultados, analisando as possíveis relações entre esses resultados a partir dos elementos distintos da nova investigação. A considerar a quantidade de estudos da UFPE (GOMES, M., 2007; LIMA, R. (2010); SILVA, V., 2006; NOBRE, 2007; ALBUQUERQUE, 2010; DANTAS, 2010; LIMA, I., 2010), representando 35% das pesquisas alusivas ao tema “Psicologia da Educação Matemática”, poderíamos sugerir a contingência de haver um grupo de trabalho interessado em pesquisar a formação de conceitos e estratégias, e o desempenho e habilidades perante a resolução de problemas por alunos da EJA. Esses estudos, ao contrário dos trabalhos provenientes do mestrado em Psicologia Cognitiva da UFPE, no início da década de 1980, que estavam intimamente relacionados ao contexto social e profissional de pessoas escolarizadas ou não (FIORENTINI, 1994), centraram-se em pessoas jovens e adultas em processo de escolarização, e foram defendidos em três programas de mestrado distintos: Educação, Educação Matemática e Tecnológica, e Psicologia Cognitiva, sendo um estudo apenas nesse último programa (NOBRE, 2007). Em relação a esses estudos, recomendaríamos a realização de outras pesquisas aprofundando os seus resultados, por vezes “discordantes” entre si, como, por exemplo, as 234 pesquisas de Araújo (2007) e Lima, R. (2010), em que a primeira concluiu que o tempo de escolaridade dos alunos que investigou pareceu não influenciar na mobilização de procedimentos para a resolução e explicação dos problemas, enquanto que a segunda observou que o nível de ensino e os anos de escolarização mostraram-se variáveis interferentes no desempenho dos alunos pesquisados quanto à resolução de problemas combinatórios. Ou ainda, como nos estudos de Albuquerque (2010) e Lima, I (2010), que apresentaram resultados “distintos” quanto ao desempenho de crianças ser melhor do que o de adultos em atividades sobre interpretação e construção de gráficos. Em consideração aos aportes teóricos e à metodologia de investigação das pesquisas concernentes ao tema “Psicologia da Educação Matemática”, sugeriríamos aos novos estudos sobre esse tema apoiarem-se nessas pesquisas, buscando ainda ancorarem-se em autores de suporte aos procedimentos metodológicos da pesquisa acadêmica e elucidarem suas conclusões baseadas não apenas na análise quantitativa dos resultados, mas também no fomento às possíveis razões para esses resultados. Ao término deste capítulo, pressupomos ter alcançado nossos dois últimos objetivos específicos, e mais do que isso, termos, através da análise aqui empreendida, procedido ao estado da arte das pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, constituídas por teses e dissertações defendidas no Brasil no período de 2001 a 2010, e assim, suscitado as principais contribuições e implicações dessas pesquisas para as práticas educativas e para a pesquisa nesse campo de confluência entre duas áreas de importância para o contexto educacional: Educação Matemática e EJA. CONSIDERAÇÕES FINAIS Há vinte anos, um dos principais estudos no âmbito da Educação Matemática em nosso país (FIORENTINI, 1994) concluía que esse campo se firmava enquanto área de conhecimento e de pesquisa, emergindo uma comunidade científica que passava a fazer da Educação Matemática seu principal campo de atividade profissional de produção de saber. Decorridos vinte anos, a Educação Matemática encontra-se praticamente consolidada, ramificando-se em diversas linhas temáticas ou subáreas, entre as quais, ressaltamos a Educação Matemática de Jovens e Adultos. Resultante da confluência da Educação Matemática e da EJA, a Educação Matemática de Jovens e Adultos emerge, primordialmente, em função da necessidade de se reconhecer e valorizar, nas práticas educativas em Matemática, as características peculiares da EJA, em consonância com as especificidades socioculturais dos seus educandos. Na compreensão dessa perspectiva, estabelecemos como objetivo principal deste estudo: mapear, analisar e descrever tendências temáticas e metodológicas da pesquisa brasileira no contexto da Educação Matemática de Jovens e Adultos, bem como suas contribuições e implicações para as práticas educativas e para a pesquisa nesse contexto. Para tanto, nos apoiamos no estado da arte das teses e dissertações defendidas no Brasil no período de 2001 a 2010, que relacionam e articulam as áreas de Educação Matemática e EJA como objeto de estudo. Na tentativa de alcançarmos nosso objetivo, não seria por demais, revelar as dificuldades e limitações, que por hora nos fizeram pensar se conseguiríamos realizar e “concluir” esta pesquisa como havíamos planejado. Dificuldades e limitações essas, que não apenas costumam acometer os que se propõem ao intento da pesquisa acadêmico-científica, como a sensação de medo e apreensão em não corresponder com as expectativas e demandas consequentes do trabalho investigativo, mas que perpassam o tipo de estudo que desenvolvemos. Assim, salientamos desde a tarefa árdua de se levantar o material de estudo, até a ação de maior esforço, tratando-se da análise desse material, que entre muitas idas e vindas, nos causou a sensação, sempre presente, de questionamento se estávamos ou não procedendo “corretamente” em nossa empreitada analítica, e se os caminhos trilhados nos permitiriam chegar a algum lugar: não um lugar qualquer, mas um em que fosse possível anunciarmos que 236 “concluímos” a pesquisa, e que a partir dessa “conclusão”, outras oportunidades se abririam na construção de novos significados sobre o nosso campo de estudo. Aprendendo a conviver com essas dificuldades e limitações, amenizadas, e por vezes, superadas pelo desejo maior de “concluirmos” este estudo, chegamos à consideração de que a pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos demonstra ter crescido ao longo da primeira década do século XXI, embora como resultado de iniciativas aparentemente isoladas e desarticuladas, sem muitos indícios capazes de evidenciar alguma continuidade e articulação no sentido de tornar esse campo objeto de estudo e reflexão mais sistemático. Isso é constatado com o aumento de pesquisas desde o início dos anos 2000, e a relativa constância dessas pesquisas nos últimos quatro anos da primeira década do século XXI; ao mesmo tempo em que se observa uma dispersão dessas pesquisas pelo seu desenvolvimento a partir de iniciativas individuais, sem a constituição de grupos de investigação e linhas de pesquisa de programas de pós-graduação com foco na educação matemática de e para jovens e adultos, ou ainda, a partir da constatação do pouco conhecimento do que já foi produzido nesse campo por parte das pesquisas realizadas. Pela relevância socioeducacional da EJA e pela consolidação da Educação Matemática como área de conhecimento e de investigação, também chegamos à consideração da aparente não constituição da Educação Matemática de Jovens e Adultos como um campo “muito” explorado no âmbito das pesquisas em Educação; e mesmo no contexto da Educação Matemática, parecendo ser um tema ainda “pouco” estabelecido entre as suas demais temáticas e linhas de trabalho clássicas. Essa consideração evidencia certo distanciamento das pesquisas educacionais em relação ao tema Educação Matemática de Jovens e Adultos, demonstrando relativa desconsideração para com as particularidades envolvendo as áreas da EJA e da Educação Matemática, principalmente na correlação e convergência entre essas áreas. Uma justificativa hipotética para essa aparente evidência, pode ser dada quanto ao reconhecimento tardio da EJA como uma modalidade da Educação Básica e um direito irrevogável aos que não tiveram acesso à escola na idade dita “regular”, e também pela própria “recente” existência da área da Educação Matemática. Em contrapartida, as pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, desenvolvidas no período de 2001 a 2010, não apenas reafirmam a importância desse campo, como acrescentam outros elementos que caracterizam a necessidade de continuidade e aprofundamento dessas pesquisas, bem como a realização de novos estudos, todos comprometidos com a urgência de contribuir com as práticas educativas em Matemática na 237 EJA, resguardada a tarefa de melhorar as condições de vida dos educandos jovens e adultos, e mesmo dos alunos adolescentes que têm frequentado essa modalidade de ensino. Nessa perspectiva, chegamos à conclusão de que essas pesquisas, através dos diversos assuntos investigados, abarcam as várias dimensões do campo educacional alusivo ao processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA, revelando ainda, com isso, certa diversidade temática e teórico-metodológica. As dimensões abrangidas por essas pesquisas se fazem presentes nos estudos que se propuseram realizar sobre as concepções, significados e percepções de professores e alunos, sobre o currículo escolar e as didáticas e metodologias de ensino de Matemática, sobre a Etnomatemática, sobre a formação e a atuação de professores, sobre as práticas matemáticas de estudantes da EJA e sobre a psicologia educacional, trazendo à tona a compreensão da Educação Matemática de Jovens e Adultos na interface com outros campos da Educação, e mais especificamente, que se relacionam com as áreas da Educação Matemática e da EJA. Essa abrangência deriva na caracterização de um conjunto de teorias, no campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos, se situando praticamente em todas as áreas, a exemplo do caráter interdisciplinar da Educação Matemática, envolvendo não só Matemática e Educação, mas também, a filosofia, a psicologia, a sociologia, a linguagem e a pedagogia. Desse ponto de vista, torna-se compreensível a constatação de uma diversidade de autores referenciados pelas pesquisas no campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos, recorrendo-se a estudiosos, de várias áreas do conhecimento, enfocados por essas pesquisas, colocando em discussão, que esse campo ainda não possui um corpo teórico próprio, embora se constitua como um campo de preocupações e problemas específicos. Essa multiplicidade de autores não se restringe às pesquisas que analisamos, o que comprova a complexidade de campos que se correlacionam com o campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos, sendo esse aspecto também constatado no estado da arte organizado por Haddad (2002), se tratando de estudos em EJA, desenvolvidos entre 1986 e 1998; bem como no estado da arte realizado por Freitas (2013), concernente às publicações em periódicos, entre 2001 a 2010, de artigos envolvendo Educação Matemática e EJA. No universo de autores que serviram de sustentação teórica a essas pesquisas, destaca-se o aporte aos trabalhos publicados pela a autora Maria da Conceição F. R. Fonseca, ou apenas Fonseca, conforme nos referimos neste estudo, em especial, o seu livro “Educação Matemática de Jovens e Adultos: especificidades, desafios e contribuições”, lançado em 2002. Corroborando essa constatação, Traldi Júnior et al. (2011, p. 11), referindo-se às pesquisas em Educação Matemática relacionadas à EJA, produzidas em algumas instituições, 238 periódicos e eventos consultados, ressaltam que entre os autores identificados, Fonseca foi referenciada por um grande número das produções, especialmente quanto às características e objetivos da EJA e sobre o ensino de Matemática nessa modalidade. Entre os suportes teóricos das pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, também salientamos as teorias de Paulo Freire, principalmente sobre a alfabetização de adultos e a perspectiva da educação libertadora e de conscientização dos educandos; e as teorias de Ubiratan D’Ambrosio, primordialmente sobre Etnomatemática, que parece ser uma tendência teórica dessas pesquisas, bem como uma proposição às práticas educativas em Matemática na EJA, sendo defendida pela sua capacidade de atender as demandas e necessidades dessa modalidade em relação aos grupos socioculturais que a constituem. Sobre esses dois grandes nomes da educação brasileira, Freitas (2013, p. 74) elucida que mesmo diante de um extenso e, por demais abrangente quadro teórico de diferentes linhas e posicionamentos dos artigos analisados em seu estado da arte, Paulo Freire e Ubiratan D’Ambrosio se sobressaíram com significativa frequência: o primeiro, em sua defesa por uma educação libertadora; e o segundo, com seu programa de Etnomatemática. Aspecto comum visualizado na construção teórica de muitas das pesquisas analisadas, trata-se da elucidação de um breve levantamento da história da EJA no Brasil. Esse levantamento parece ser uma prática usual por parte dos estudos envolvendo Educação Matemática e EJA, sendo constatado algo similar nos estados da arte, nessas áreas, desenvolvidos por Carvalho (2007) e Freitas (2013, p. 287), salientando esse último, que a justificativa para essa prática ocorre em função dos autores das pesquisas quererem, declaradamente, “proporcionar ao leitor uma introdução, ou aprofundamento, aos temas em análise, e dessa forma inteirá-lo de quais foram as possíveis conjecturas sociais, políticas e culturais que determinaram os quadros atuais em educação direcionada a jovens e adultos”. Em termos da abordagem metodológica das pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, é notório o consenso em torno da perspectiva da investigação qualitativa, refletindo a prática comum, na qual os pesquisadores em Educação Matemática têm se apropriado de métodos interpretativos e analíticos das ciências sociais e humanas. A opção pela abordagem qualitativa é justificada nessas pesquisas, pela necessidade de uma abordagem metodológica com suas bases no diálogo e que considere em suas características as vozes dos pesquisados, ou ainda, pelo estudo dos saberes de jovens e adultos, em seus contextos de vida cotidiana e escolar, ser possível somente por meio de uma pesquisa com enfoque qualitativo. Outro aspecto que nos conduz à conclusão dessas pesquisas terem empregado a 239 abordagem qualitativa, refere-se aos instrumentos e técnicas de produção e coleta de dados que utilizaram, predominando: entrevista, principalmente do tipo semiestruturada, com gravação em áudio e posterior transcrição; questionário; e observação participante, com registro em diário de campo, e em alguns casos, com gravação em áudio e vídeo, e posterior transcrição ou registros de episódios e narrativas. Associados a esses instrumentos e técnicas, empregaram ainda uma variedade de outros procedimentos, como por exemplo: registros escritos produzidos por alunos e por professores; análise documental; e observação participante de sessões/encontros extraclasse com alunos, grupo de discussão com professores e oficinas coordenadas pelos pesquisadores. A abordagem qualitativa também foi diagnosticada como predominante entre os estudos, envolvendo EJA e Educação Matemática, analisados nos estados da arte de Haddad (2002), afirmando que, pela própria natureza de seus objetos de estudo, prevaleceram as pesquisas do tipo qualitativa, que recorrem a métodos etnográficos; e de Freitas (2013, p. 287), destacando que: “A quase totalidade das pesquisas, quando apresentaram a classificação efetuada pelos próprios autores, foram classificadas como qualitativas”. Entre as pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos, constata-se também a abordagem do tipo quanti-qualitativa, numa conjugação dos enfoques qualitativo e quantitativo, esse, às vezes com o emprego de técnicas estatísticas, sendo essa abordagem mais comum dentre as pesquisas relacionadas à Psicologia da Educação Matemática. As pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos estabeleceram como foco principal de seus estudos a figura do educando da EJA, se propondo a investigar suas concepções e percepções sobre a Matemática e seu ensino, sua aprendizagem matemática e seus conhecimentos matemáticos, além da sua presença nos espaços escolares e nas salas de aula de Matemática na EJA. Porém, não deixaram de enfocar também os professores que ensinam Matemática, buscando analisar suas concepções sobre a Matemática e seu ensino-aprendizagem, suas metodologias de ensino e recursos didáticos, sua formação inicial e continuada, além da sua atuação e práticas pedagógicas no ensino de Matemática na EJA. Os professores estiveram presentes ainda nessas pesquisas, não apenas como foco de observação dos autores-pesquisadores dessas pesquisas, mas também, se constituindo eles próprios nesses autores-pesquisadores, consolidando o espaço das suas salas de aula como elemento de investigação, qualificando-se como pesquisadores da própria prática docente. As pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos se voltaram basicamente para os processos de escolarização, em especial, os realizados em escolas da rede 240 pública de ensino, compreendendo ainda outros contextos, como: escolas da rede privada, institutos federais, projetos de atendimento à EJA de universidades públicas e privadas, projeto internacional de educação, projetos e escolas mantidos pelo programa de educação do SESI e do SESC, escolas de organizações comunitárias e religiosas, escolas funcionando nas dependências de presídio, e salas de aula localizadas em canteiros de obra. Do ponto de vista histórico, essas pesquisas demonstram que, de certa forma, na primeira década do século XXI, a educação de pessoas jovens e adultas esteve vinculada à educação formal e ao processo de escolarização básica, numa aproximação da EJA com as instituições oficiais de ensino, ao contrário das práticas educativas em conexão com a educação popular, comuns durante os anos de 1960 e retomadas nos anos de 1980, com a atuação de movimentos civis e comunitários na alfabetização e educação de jovens e adultos. Ao mesmo tempo, essas pesquisas também possibilitam visualizar o quanto ainda é presente, no contexto da EJA, a ação de movimentos sociais e organismos da sociedade civil no fomento à educação de pessoas de jovens e adultos, embora, alguns deles, no desenvolvimento de práticas educativas em parceria com órgãos governamentais de educação, recebendo, inclusive, financiamento desses órgãos. Como consequência dessa aproximação da EJA com os processos de escolarização formal, as pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos evidenciam ainda, o privilégio a todas as etapas da Educação Básica, com certa tendência de estudos para os anos finais ou segundo segmento do Ensino Fundamental, demonstrando, novamente, uma mudança de foco quando da sua história relacionada à educação popular, em que as ações educacionais se voltavam principalmente para a alfabetização de jovens e adultos. A prática dessas pesquisas seria ainda observável como acontecendo, em muitos casos, junto a turmas da EJA do período noturno, evidenciando duas características comuns relativas aos educandos jovens e adultos: a primeira, tida por Fonseca (2002b, p. 2) como “noite-a-noite” de sua vida escolar; e a segunda, a condição de trabalhador desses educandos, no qual, conforme Haddad (2002), o ensino noturno é pesquisado em conexão com a relação educação e trabalho, pois o seu alunado é identificado com a categoria “trabalhador”. No tocante às contribuições e implicações dessas pesquisas para as práticas educativas no contexto da Educação Matemática de Jovens e Adultos, em síntese, ressalta-se que elas, não apenas reafirmam aspectos pertinentes ao processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA, salientados e apontados por teóricos e estudiosos das áreas da Educação Matemática e da EJA, incluindo as DCNs para essa modalidade, como acrescentam diversos outros elementos importantes à consolidação e ressignificação de práticas pedagógicas, e à 241 formação de professores, em condições de atender as especificidades e demandas da EJA. Nesse sentido, essas pesquisas contribuem com a conclusão de que a melhoria da EJA e das práticas educativas em Matemática nessa modalidade, passam obrigatoriamente pela compreensão e efetivação da EJA como uma oportunidade educacional distinta, com finalidades e funções específicas, pela oferta de formação inicial e continuada de professores que ensinam Matemática consequente às especificidades dessa modalidade, e pela construção de um currículo e de práticas pedagógicas em conformidade com o modelo pedagógico próprio exigido pela EJA na satisfação das necessidades de aprendizagem de jovens e adultos. As contribuições e implicações dessas pesquisas são manifestas também, ao evidenciarem e alertarem para a visão errônea e equivocada da EJA, concebida ainda no cenário educacional como compensatória e supletiva, e para a precariedade com que essa modalidade tem sido tratada, em específico, sobre o não atendimento às características dos seus educandos, com suas expectativas e demandas, sem um tratamento pedagógico diferenciado a esse público, e com a ausência de formação docente, inicial e continuada, capaz de possibilitar aos professores melhor desempenharem suas atividades didáticas e metodológicas no ensino de Matemática na EJA. Isso significa que, passados dez anos da publicação e instituição das DCNs para a EJA, essa modalidade ainda se encontra, segundo essas pesquisas, esquecida, e por vezes, marginalizada, com seus alunos e professores desassistidos, evidenciando que a EJA carece de ações políticas e pedagógicas que a coloque verdadeiramente como uma oportunidade de acesso à escola, e primordialmente, de exercício pleno da cidadania pelas pessoas jovens e adultas que (re)tomam os bancos escolares, para as quais essa modalidade foi projetada com a esperança de conquista de um direito negado, o direito à educação, ou conforme anunciava a Declaração de Hamburgo, em 1997, como “a chave para o século XXI” (UNESCO, 1998). Em relação às contribuições e implicações para a pesquisa em Educação Matemática de Jovens e Adultos, e reconhecendo a importância desse campo pela demanda socioeducacional da EJA, as pesquisas analisadas ressaltam a necessidade de novos estudos e novas reflexões, e a continuidade e o aprofundamento dos estudos realizados nesse campo, visando à produção de conhecimentos que possibilitem aos educadores e professores que ensinam Matemática, realizarem seu trabalho na EJA, no acolhimento às finalidades e funções dessa modalidade, e às características socioculturais dos educandos jovens e adultos. Nesse contexto, aberto às possibilidades investigativas e pela perspectiva da pesquisa acadêmico-científica como subsídio para amenizar parte dos problemas educacionais, as pesquisas em Educação Matemática de Jovens e Adultos destacam a 242 emergência de temáticas de estudo, como as práticas de numeramento e a construção/formação de conceitos e estratégias a partir de atividades matemáticas pelos educandos da EJA, e evidenciam também temáticas pouco exploradas, como a formação de professores e a avalição no/do processo de ensino-aprendizagem da Matemática na EJA. Além disso, demonstram a incidência de estudos tratando de questões singulares à EJA, entre as quais, sobre: a dimensão sociocultural e as necessidades de sobrevivência cotidiana dos alunos; o tempo e o espaço ocupados pelos educandos na escola e na sala de aula; as questões de gênero e Matemática; a presença cada vez mais constante, nas salas de aula da EJA, de jovens e adolescentes, e de adultos da terceira idade; os grupos socioculturais relativos aos alunos da EJA, entre eles, moradores de periferias, excluídos da escola, pobres. Também evidenciam outros estudos que fazem parte do contexto da EJA, como, por exemplo: a relação educação e trabalho, tratada a partir da discussão da EJA integrada à educação profissional; a relação vida cotidiana e escola, ou conhecimentos matemáticos cotidianos e conhecimentos matemáticos escolares; conhecimentos prévios dos jovens e adultos, em função da bagagem cultural desses educandos; as passagens anteriores dos alunos da EJA pelos bancos escolares; e a reorientação do currículo escolar, no atendimento da EJA, em escolas originalmente instituídas para atender crianças e adolescentes. Por fim, envolvendo o processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA, essas pesquisas fomentam ainda o aprofundamento e a ampliação de estudos sobre: as relações de poder que envolvem e legitimam, ou não, os usos e as abordagens dos diversos saberes matemáticos na escola; os modos de pensar e aprender Matemática, e os registros matemáticos dos alunos jovens e adultos ante a resolução de problemas; a criação de material didático de Matemática em conformidade com as necessidades de formação do público distinto da EJA; e a prática docente de professores na área de Matemática para atuar na EJA. Concluindo, acreditamos que as pesquisas analisadas se apoiaram nos pressupostos e recomendações das áreas da Educação Matemática e da EJA, abarcando suas singularidades e características, não apenas pelo que expusemos neste estudo, com base nas considerações dessas mesmas pesquisas, como também quando se posicionam contrárias às práticas de um processo de ensino-aprendizagem de Matemática na EJA baseado nos ideais de uma educação meramente supletiva e compensatória, e de um modelo educacional alienante e excludente; ou quando fomentam a impreterível urgência de políticas públicas educacionais e a formação de professores, no sentido da EJA realmente cumprir suas funções e seu papel de inclusão socioeducacional, atribuída e reforçada através das suas DCNs. Porém, também compreendemos, a partir dos resultados e conclusões dessas 243 pesquisas, e pelo que elas evidenciam, que as práticas educativas, desenvolvidas nas escolas e salas de aulas na EJA, ainda não se tornaram efetivamente capazes de proporcionar melhorias ao ensino e à aprendizagem de Matemática nessa modalidade, restando muito a fazer para que se consolide uma educação matemática de e para jovens e adultos. Nesse contexto, como perspectiva para o campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos, ressaltamos que as universidades e outras instituições de ensino superior (a exemplo do advento dos institutos federais), reconhecidas como instâncias responsáveis pela formação de professores e pela produção de pesquisas, além da formação de pesquisadores, efetivem esse campo como uma pauta constante em suas discussões e reflexões, nas esferas da graduação, pós-graduação e extensão, de forma a contribuir para a sua consolidação, ensejando a melhoria, em todas as suas dimensões, do processo educacional na EJA. Finalmente, após compartilhar algumas considerações resultantes desta pesquisa, nos sentimos um pouco “aliviados”, mas também “apreensivos”, afinal, como um estudo do tipo estado da arte, e por tratar de um tema tão importante e delicado no contexto educacional, esperamos que os aspectos que conseguimos abordar possam servir a outras pesquisas, no reconhecimento daquilo que já foi abordado e o que ainda carece de respostas, frente aos inúmeros questionamentos em torno do campo da Educação Matemática de Jovens e Adultos. REFERÊNCIAS ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith. A revisão da bibliografia em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis – o retorno. In: BIANCHETTI, Lucídio; MACHADO, Ana Maria Netto (org.). A bússola do escrever: desafios e estratégias na orientação de teses e dissertações. São Paulo: Cortez, 2002. ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de (org.). Formação de professores no Brasil (19901998). Brasília: MEC/INEP/COMPED, 2002. Série Estado do Conhecimento. 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APÊNDICES APÊNDICE I - EXEMPLOS DE FORMULÁRIO DE CADASTRO DE DADOS DAS TESES E DISSERTAÇÕES EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DE JOVENS E ADULTOS DEFENDIDAS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2001 A 2010 Figura 3: Formulário do Microsoft Acess de Cadastro de Dados da Tese de Fonseca (2001) Figura 4: Formulário do Microsoft Acess de Cadastro de Dados da Dissertação de Simões (2010) APÊNDICE II - EXEMPLOS DE TABELA DE DADOS DAS TESES E DISSERTAÇÕES EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DE JOVENS E ADULTOS DEFENDIDAS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2001 A 2010 Figura 5: Tabela Parcial do Microsoft Acess de Fichamento das Teses e Dissertações Figura 6: Tabela Parcial do Microsoft Acess de Autoria das Teses e Dissertações APÊNDICE III - EXEMPLOS DE RELATÓRIO DE DADOS DAS TESES E DISSERTAÇÕES EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DE JOVENS E ADULTOS DEFENDIDAS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2001 A 2010 Figura 7: Relatório do Microsoft Acess de Teses e Dissertações por Autor e Instituição de 2001 a 2003 Figura 8: Relatório Parcial do Microsoft Acess de Regiões do Brasil e Suas IES com Teses e Dissertações APÊNDICE IV - EXEMPLO DE FICHA DE LEITURA DAS TESES E DISSERTAÇÕES EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DE JOVENS E ADULTOS DEFENDIDAS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2001 A 2010 FICHA DE LEITURA RIBEIRO, Emerson da Silva. Concepções de professores em avaliação, educação matemática e Educação de Jovens e Adultos: buscando interfaces. 2007. 251f. (Mestrado em Educação: Educação em Ciências) – Instituto de Educação, Universidade Federal de Mato Grosso. Orientadora: Marta Maria Pontin Darsie. RESUMO: Este trabalho se insere no âmbito das pesquisas que buscam aprofundar a compreensão e desvelar a realidade da avaliação e da Educação Matemática no contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Incidi sobre a problemática investigativa: quais as interfaces possíveis de serem estabelecidas entre as concepções de avaliação, de Educação Matemática e de Educação de Jovens e Adultos de professores que atuam em uma escola pública de Cuiabá voltada exclusivamente ao atendimento dessa modalidade? Esta pesquisa alicerçou-se nos pressupostos teóricos de autores que se dedicam aos estudos sobre a EJA, a Educação Matemática e a Avaliação Escolar, contribuindo para a construção de teorias sobre essas áreas. A metodologia fundamentou-se na abordagem de investigação qualitativa, tendo em vista as suas potencialidades em possibilitar ao investigador a busca da explicação aprofundada e da compreensão de fenômenos complexos, como os que fazem parte do contexto educacional. Tendo como sujeitos da pesquisa três professores de Matemática da EJA, este trabalho se utilizou de quatro questionários e uma entrevista semiestruturada como instrumentos de coleta de dados, que foram aplicados junto a cada um dos professores participantes da pesquisa. O primeiro questionário teve por objetivo caracterizar alguns dados pessoais, a formação acadêmica e a experiência profissional destes sujeitos. Os outros três questionários e a entrevista permitiram obter informações sobre as concepções dos sujeitos pesquisados a respeito da avaliação e do processo de ensino-aprendizagem da Matemática na EJA, e também acerca dessa modalidade. Para a análise das informações obtidas a pesquisa baseou-se na perspectiva da abordagem interpretativa. Os resultados desse estudo revelam que os significados atribuídos pelos sujeitos pesquisados para cada uma das áreas constituintes da tríade EJA, Educação Matemática e Avaliação se relacionam entre si, demonstrando haver interfaces entre as concepções dos professores participantes da pesquisa para cada um dos temas em discussão nessa investigação. Esses resultados evidenciam ainda a presença dos pressupostos teóricos do velho e do novo modelo de educação nas concepções dos sujeitos da pesquisa, mesmo que em alguns casos um modelo predomine sobre o outro. PALAVRAS-CHAVE: Concepções Docentes; Avaliação; Educação Matemática; EJA. TEMA ABORDADO: Crenças/Concepções/Significados/Percepções (crenças/concepções dos professores: investigar e analisar quais as interfaces possíveis de serem estabelecidas entre as concepções de avaliação, de Educação Matemática e de EJA de professores de Matemática dessa modalidade). PROBLEMA/QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO: Quais as interfaces possíveis de serem estabelecidas entre as concepções de avaliação, de Educação Matemática e de Educação de Jovens e Adultos de professores que atuam em uma escola pública de Cuiabá voltada exclusivamente ao atendimento dessa modalidade? OBJETIVOS: Investigar e analisar quais as interfaces possíveis de serem estabelecidas entre as concepções de avaliação, de Educação Matemática e de Educação de Jovens e Adultos de professores de Matemática da EJA. REFERENCIAL TEÓRICO: Aporte teórico em Fonseca sobre a Educação Matemática de Jovens e Adultos; em Luckesi, e em Vasconcellos sobre a Avaliação da Aprendizagem; em Ribeiro, e na Proposta curricular para a EJA sobre essa modalidade no Ensino Fundamental. Foram citados ainda, entre outros autores, Baraldi, D’Ambrosio, Demo, Gadotti, Leôncio Soares, e Sandra Souza. METODOLOGIA: Abordagem metodológica: qualitativa. Sujeitos e contexto pesquisados: três professores de Matemática da EJA de uma escola da rede pública estadual em Cuiabá com atendimento exclusivo à modalidade EJA. Coleta de dados: quatro questionários e uma entrevista semiestruturada (gravada em áudio e transcrita). Análise de dados: análise interpretativa por sujeito, definindo-se duas categorias para evidenciar quais as concepções dos sujeitos para cada uma das áreas investigadas: perspectiva excludente e perspectiva inclusiva. Autores de referência: Bogdan e Biklen (1994), e Fiorentini e Lorenzato (2006). 259 CONSIDERAÇÕES: Percebeu-se que os sujeitos pesquisados demonstraram, de uma forma ou de outra, possuir interfaces nas suas concepções sobre a tríade EJA, Educ ação Matemática e Avaliação. Evidenciando ainda, em suas ideologias e práticas pedagógicas acerca dessa tríade a presença dos pressupostos teóricos do velho e do novo modelo de educação, mesmo que em alguns casos um predominasse sobre o outro. Constatou-se que o fato do professor ter ou não certa experiência docente na EJA parece não influenciar de maneira decisiva o seu entendimento ou mesmo suas práticas pedagógicas quanto ao desenvolvimento do processo escolar nessa modalidade. Demonstrando não reconhecer exatamente a clientela da EJA, percebeu-se que os professores acabam tendo dificuldades para desenvolver suas atividades docentes, principalmente quando isso faz com que não saibam ao certo como trabalhar de modo que consigam atender a um público tão heterogêneo formado de jovens e adultos. Em diversos momentos notou-se que os professores se referiram à necessidade de se tratar de modo diferenciado o processo de ensino-aprendizagem da Matemática na EJA em relação às demais modalidades educacionais apenas em função da organização e do desenvolvimento dos conteúdos matemáticos que são trabalhados no ensino regular, destacando a necessidade de serem resumidos no contexto da EJA. RECOMENDAÇÕES: É imprescindível reafirmar a importância da EJA como a reparação de uma dívida social, como uma nova oportunidade socioeducacional àqueles que foram excluídos do sistema escolar quando crianças ou adolescentes, como uma possibilidade de uma nova inserção no mundo do trabalho e na vida social, uma promessa de qualificação de vida para todos onde o princípio da atualização de conhecimentos e da aprendizagem contínua signifique ao educando “aprender a aprender” ao longo de sua trajetória dentro e fora do ambiente escolar. Da mesma forma, vale ressaltar o papel fundamental da Matemática na EJA como uma necessidade individual e social e como um instrumento de transformação da sociedade. A perspectiva da avaliação como impulsionadora da aprendizagem e capaz de promover o desenvolvimento dos educandos deve ser assumida em detrimento a uma avaliação influenciada pelo paradigma da desigualdade social, que é contrário à perspectiva inclusiva da EJA, que requer respeito às diferenças individuais dos alunos e também que esses tenham consciência da própria aprendizagem. Necessidade de uma formação inicial e continuada dos professores voltada ao atendimento das especificidades dessa modalidade. É indiscutível ainda a necessidade de formação de professores como educadores matemáticos de jovens e adultos, dotados não apenas de certa intimidade com a própria Matemática, mas também preparados e compromissados com as especificidades que envolvem os educandos e consequentemente a própria modalidade EJA. OBSERVAÇÕES: Aborda um breve histórico da EJA, e alguns dados estatísticos sobre essa modalidade. ANEXOS ANEXO I - RESUMOS E DEMAIS INFORMAÇÕES DAS TESES E DISSERTAÇÕES EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DE JOVENS E ADULTOS DEFENDIDAS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2001 A 2010 262 RESUMOS E DEMAIS INFORMAÇÕES DAS TESES (por ordem cronológica e alfabética de sobrenomes) 1. FONSECA, Maria da Conceição Ferreira Reis. Discurso, memória e inclusão: reminiscências da Matemática Escolar de alunos adultos do Ensino Fundamental. 2001. 445f. (Doutorado em Educação: Educação Matemática) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas. Orientadora: Dione Lucchesi de Carvalho. Banca examinadora: Gelsa Knijnik; Leôncio José Gomes Soares; Dario Fiorentini; Luci Banks Leite. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000223695&fd=y>. Resumo: Este trabalho focaliza a enunciação de reminiscências da Matemática Escolar por alunos da Educação Básica de Jovens e Adultos (EJA). A relativa estabilidade flagrada na caracterização do conteúdo e da forma dos enunciados dessas reminiscências sugere considerar um gênero discursivo próprio dos processos de ensino-aprendizagem da Matemática no contexto escolar e reconhecer na enunciação das reminiscências protagonizadas pelos alunos adultos uma atitude de manifestação, de exercício ou de busca de acesso a esse gênero. A reconstrução e a exibição de uma certa intimidade com um gênero discursivo típico da instituição escolar são aqui compreendidas como estratégias decisivas adotadas pelos sujeitos – alunos da EJA – para forjar e justificar sua inclusão no universo socialmente valorizado da cultura escolar. Palavras-chave: Educação Matemática; Educação de Adultos; Memória; Análise do Discurso. 2. EWBANK, Mara Sílvia André. O ensino da multiplicação para crianças e adultos: conceitos, princípios e metodologias. 2002. 183f. (Doutorado em Educação: Ensino e Formação do Professor) – Universidade Estadual de Campinas. Orientadora: Orly Zucatto Mantovani de Assis. Banca examinadora: Maria das Graças Ribeiro Moreira Petruci; Lino de Macedo; Lucila Diehl Tolaine Fini; Amélia Americano F. D. de Castro. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000257433&opt=4>. Resumo: O presente estudo, fundamentado na Epistemologia Genética de Jean Piaget e na obra de Vergnaud, analisa os processos de ensino empregado por professores do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos no ensino da noção de multiplicação em dez escolas públicas municipais da cidade de Ribeirão Preto/SP. Tem como objetivo verificar a influência que a compreensão, concepções e crenças dos professores sobre a multiplicação e sobre sua aprendizagem exerce sobre a forma de ensinar crianças e adultos. Participaram como sujeitos deste trabalho cinco professores do Ensino Fundamental e cinco professores da Educação de Jovens e Adultos que voluntariamente se propuseram fazer parte deste grupo. A metodologia utilizada para a interpretação dos dados foi a análise de conteúdo e os resultados quantitativos do instrumento questionário de crenças. Para a coleta de dados foram utilizados os procedimentos de gravação em vídeo e áudio, entrevista de estimulação de recordação, entrevista clínica, questionário de crenças e problemas de multiplicação propostos pelos professores. Os resultados demonstraram que não só as concepções de aprendizagem da multiplicação estão implícitas nos processos de ensino dos professores dos dois grupos como também um conhecimento insuficiente sobre essa noção e seus processos para a construção da aprendizagem pelos alunos. A forma como o professor aprendeu a multiplicação demonstrou ser a referência para ensinar, tanto para os professores do Ensino Fundamental como para os professores da Educação de Jovens e Adultos. Tanto a gênese das estruturas cognitivas que possibilitam a construção da noção multiplicação, bem como a gênese do pensamento multiplicativo demonstraram ser minimamente conhecido pelos professores dos dois grupos e, portanto, não são referências para os professores na organização dos seus procedimentos didáticos. Estes resultados sinalizam a necessidade de se rever não só a formação inicial dos professores, mas também o trabalho desenvolvido junto aos professores na sua formação continuada. Palavras-chave: Ensino; Matemática; Ensino de Primeiro Grau; Educação do Adolescente; Educação de Adultos; Didática. 3. FANTINATO, Maria Cecília de Castello Branco. Identidade e sobrevivência no Morro do São Carlos: representações quantitativas e espaciais entre jovens e adultos. 2003. 198f. (Doutorado em Educação: Ensino de Ciências e Matemática) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo. Orientadora: Maria do Carmo Santos Domite. Banca examinadora: Ubiratan D’Ambrosio; Marcio D’Olne Campos; João Frederico da Costa Azevedo Meyer; Alexandrina Monteiro. Resumo: Este trabalho procura compreender as relações entre os conhecimentos matemáticos construídos por jovens e adultos trabalhadores na vida cotidiana e os conhecimentos matemáticos escolares, no momento de retorno dos mesmos ao ensino fundamental. Desde o início estávamos conscientes das contradições - já reveladas em outros trabalhos do tipo - entre a existência de formas próprias de raciocínio matemático por educandos jovens/adultos, e algumas dificuldades apresentadas pelos mesmos diante da linguagem 263 matemática escolar. Para tal, foi desenvolvida uma pesquisa etnográfica no morro de São Carlos, Rio de Janeiro, acompanhando a rotina local de um curso de educação de jovens e adultos, assim como aspectos da vida diária dos alunos e da vida comunitária na favela. Buscamos estabelecer uma atitude dialógica na relação pesquisadora/pesquisados, que se revelou fundamental para a aproximação da pesquisadora do universo da pesquisa, através da dinâmica de estranhamento do familiar e familiarização com o estranho. A etnomatemática, como uma perspectiva de compreender as raízes socioculturais do conhecimento matemático do grupo, tem sido nosso campo de estudo em termos de fundamentação teórica. Partimos de um enfoque mais abrangente, abordando representações quantitativas e espaciais sobre alguns aspectos do cotidiano do morro, encaminhando modos de analisar os processos de construção/representação/utilização de conhecimentos matemáticos pelos educandos adultos, em contextos escolares e extra-escolares. Os resultados indicaram uma estreita associação entre o uso de habilidades matemáticas no cotidiano com a necessidade de garantir formas de sobrevivência, via administração de um orçamento reduzido. Fatores afetivo-emocionais revelaram-se como impulsionadores de algumas estratégias envolvendo raciocínio matemático. Entre elas, notou-se o ato de arredondar para cima a previsão do montante a pagar, evitando-se o constrangimento de que o dinheiro disponível não seja suficiente. Da mesma forma observou-se a prática de confirmar um resultado de cálculo pelo uso de dois procedimentos diferentes, por não se confiar o suficiente em apenas um. Algumas dessas estratégias, foram interpretadas por nós como sendo motivadas pela necessidade de se proteger de situações humilhantes, que afetariam a autoestima desses educandos jovens/adultos. Para os jovens e adultos pesquisados, o mundo da escola e o mundo da vida cotidiana apareceram como separados, assim como os conhecimentos matemáticos pertencentes a um ou outro contexto. Enquanto na vida prática calcula-se para sobreviver, na escola busca-se adequar a um modelo que exige precisão nos resultados. A pesquisa destacou a predominância de aspectos socioeconômicos nos processos de construção/representação/utilização de conhecimentos matemáticos num contexto urbano, evidenciando esse aspecto como significativo fator de identidade, superando os fatores exclusivamente culturais. Palavras-chave: Etnomatemática; Educação de Jovens e Adultos; Pesquisa Etnográfica; Conhecimento Matemático Escolar; Conhecimento Matemático Cotidiano; Representações Quantitativas e Espaciais; Exclusão Social; Sobrevivência; Identidade; Autoestima. 4. TOLEDO, Maria Elena Roman de Oliveira. As estratégias metacognitivas de pensamento e o registro matemático de adultos pouco escolarizados. 2003. 228f. (Doutorado em Educação: Psicologia e Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo. Orientadora: Marta Kohl de Oliveira. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Vera Maria Masagão Ribeiro; Nilson José Machado; Maria Isabel da Silva Leme. Resumo: Em trabalho anterior, realizado por ocasião de Mestrado na Faculdade de Educação – USP, pudemos constatar e demonstrar que os educandos adultos, ainda que alijados prematuramente de seu processo de escolarização, não deixam de interagir com conteúdos matemáticos ao longo de suas vidas. Contudo, as soluções encontradas para as situações cotidianas ou não possuem nenhuma forma de registro gráfico ou distam muito da forma escolar. Demonstramos também, que de uma maneira geral, esses alunos encontram dificuldade em verbalizar os processos espontâneos por eles adotados para a resolução de problemas matemáticos. A pesquisa atual partiu da premissa de que tais dificuldades poderiam ser atribuídas à ausência ou deficiência de estratégias metacognitivas de pensamento, entendidas como formas de consciência do sujeito a respeito de seus processos de pensamento. Sendo assim, a pesquisa teve como objetivo investigar qual é a relação existente entre o desenvolvimento das estratégias metacognitivas de pensamento e a evolução do registro matemático de adultos pouco escolarizados, tendo por contexto a resolução de problemas matemáticos. A construção das evidências de nossa pesquisa se fez possível pela investigação teórica combinada com análise de dados obtidos mediante a realização de estudos de caso. A análise do material coletado traz evidências da relação existente entre metacognição e registro matemático, apontando fatores relevantes que interagem nessa relação. Palavras-chave: Educação Matemática de Adultos; Registro Matemático; Estratégia. 5. BARRETO, Maria de Fátima Teixeira. O tempo vivido pelo alfabetizando adulto nas aulas de Matemática. 2005. 230f. (Doutorado em Educação Matemática: Filosofia e Epistemologia na Educação Matemática) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Rio Claro. Orientadora: Maria Aparecida Viggiani Bicudo. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Verilda Speridião Kluth; Antonio Vicente Marafioti Garnica; Geraldo Perez. Disponível em: <http://www.athena.biblioteca.unesp.br/exlibris/bd/brc/33004137031P7/2005/barreto_mft_dr_rcla.pdf>. Resumo: A presente pesquisa, ao investigar como se dá o tempo vivido pelo alfabetizando adulto nas aulas de matemática, teve a ideia de tempo, concebido como horizonte possível de existência do ser, permeando a 264 investigação. Evidenciou a intenção de compreender os modos de viver o tempo do alfabetizando adulto em sua inserção no universo da linguagem matemática, encaminhando reflexões sobre o modo como cada um viveu sua temporalidade, caracterizado pela ocupação, preocupação, cuidado, atividade, projetos, todos conduzidos pelo impulso vital. O estudo dos dados conduziram à categorias que deram margem para refletir sobre até que ponto a escola planejada para a clientela adulta tem atendido aos anseios e projetos dos sujeitos envolvidos; sobre a compreensão dos sujeitos acerca do conhecimento matemático; sobre como se dá a relação dos sujeitos com a Matemática escolarizada. Finalmente, explicitou humores e disposições dos sujeitos quando lidam com a Matemática em sala de aula. Tais reflexões embasam a compreensão da escola como ambiente para ampliação de possibilidades e antecipação do vir-a-ser e, do modo de ser da presença como modo de ruptura para com a mesmidade aparente em sala de aula. Palavras-chave: Tempo Vivido; Letramento em Matemática; Alfabetização de Adulto. 6. VIZOLLI, Idemar. Registros de alunos e professores de Educação de Jovens e Adultos na solução de problemas de proporção-porcentagem. 2006. 245f. (Doutorado em Educação: Educação Matemática) – Setor de Educação. Universidade Federal do Paraná. Orientadora: Maria Tereza Carneiro Soares. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Méricles Thadeu Moretti; Maria Helena Fávero; Maria Lúcia Faria Moro. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp049023.pdf>. Resumo: Esta tese resulta de uma ausculta nas falas e registros de representação de alunos e professores de Educação de Jovens e Adultos – EJA, ao solucionarem problemas de proporção-porcentagem. Partindo do pressuposto de que as pessoas pouco escolarizadas tomam como referência situações do contexto social para solucionar estes tipos de problemas, fizemos as seguintes perguntas de pesquisa: Como os professores e alunos do curso de Educação de Jovens e Adultos escrevem a solução de problemas de proporçãoporcentagem? Que registros de representação semiótica os alunos e professores de Educação de Jovens e Adultos utilizam para solucionar problemas de proporção-porcentagem? Elaboramos os problemas e por meio de entrevista, solicitamos que os participantes os solucionassem, escrevendo as soluções em papel. As entrevistas foram gravadas em áudio e depois transcritas. Realizamos quatro estudos em que participaram 13 alunos e dois professores de 3º e 4º Ciclos de EJA da Universidade do Vale do Itajaí, SC. No estudo I, os participantes solucionaram os problemas individualmente, enquanto que nos estudos II, III e IV, o fizeram em duplas. Para fazer as análises inspiramo-nos, principalmente, na teoria dos registros de representação semiótica de Duval. As análises indicaram que os participantes tomaram como ponto de partida o contexto social imediato e ancoraram seus raciocínios em dois aspectos: conteúdo extra-matemático (situações do mundo do trabalho, da comercialização, do cálculo de salário, de vivências familiares e situações escolares) e, conteúdo matemático, com apoio em taxas percentuais múltiplas de 5% ou 10%, metade, dobro, decomposição das quantidades e soluções de problemas anteriormente resolvidos no decorrer da entrevista. Fizeram uso de registros de representação semiótica numéricos, tabela de números proporcionais, equação e função; utilizaram, principalmente, estratégias escalares, funcionais, coeficiente de proporcionalidade, valor unitário, regra de três. Os resultados nos permitem inferir que o processo de ensino e aprendizagem de proporção-porcentagem deve proporcionar oportunidades para que os alunos estabeleçam relações intercontextuais que lhes permitam generalizar procedimentos de situações familiares para não familiares. Estes resultados corroboram a recomendação já presente na literatura de que o professor proponha atividades que levem em consideração a mudança de registro de representação semiótica. Palavras-chave: Registro de Representação Semiótica; Proporção-porcentagem; Educação Matemática; Educação de Jovens e Adultos. 7. SOUZA, Maria Celeste Reis Fernandes de. Gênero e matemática(s) – jogos de verdade nas práticas de numeramento de alunas e alunos da educação de pessoas jovens e adultas. 2008. 317f. (Doutorado em Educação: Educação Matemática) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca. Banca examinadora: Gelsa Knijnik; Vera Masagão Ribeiro; Marlucy Alves Paraíso; Antônio Augusto Gomes Batista. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/FAEC-85FNHS/genero_e_matematica.pdf?sequence=1>. Resumo: Esta tese apresenta resultados de uma pesquisa que investigou as configurações das relações de gênero nas práticas de numeramento das alunas e dos alunos da EJA, com idade compreendida entre 18 e 76 anos, trabalhadoras e trabalhadores pertencentes a uma associação de catadoras e catadores de materiais recicláveis. O material de pesquisa foi produzido em oficinas coordenadas pela pesquisadora, em observação de aulas, em registros de episódios e em entrevistas. Imprimindo um modo de olhar advindo dos estudos de Gênero que se alinham a uma vertente pós-estruturalista, assumimos contribuições teóricas de Michel Foucault, operando com os conceitos de discurso, poder, saber e sujeito como ferramenta analítica. Procuramos mostrar que mulheres e homens constituem e mobilizam práticas de numeramento em função 265 dos discursos que atravessam essas práticas, identificadas por nós como desencadeando “batalhas discursivas” e se constituindo delas e nelas. Essas batalhas discursivas envolvem os enunciados – que neste trabalho descrevemos – da supremacia masculina em matemática, da hegemonia da matemática escrita sobre as práticas matemáticas orais, do cuidado como parte da “natureza” feminina e do discurso dos direitos da mulher. Um argumento central desenvolvido nesta tese é o de que sobrevive, na contemporaneidade, uma produção discursiva da “razão como posse do homem” engenhosamente articulada aos modos como temos significado masculinidades e feminilidades. Portanto, as relações de gênero nas práticas de numeramento configuram práticas matemáticas femininas e práticas matemáticas masculinas constitutivas dos ou constituindo os modos de “ser homem” e “ser mulher”, tidos como “verdadeiros”. Na análise dessa produção discursiva flagramos tensões entre “razão cartesiana” e razões de vida; entre as práticas vivenciadas no espaço doméstico e no espaço do trabalho; entre uma matemática escrita e uma matemática oral, tensões essas que permeiam e se deixam permear por uma naturalização das práticas de numeramento produzidas como masculinas ou femininas, quando essas se afirmam como práticas “verdadeiras da mulher ou do homem”, produzindo-se, assim, uma matemática do feminino e uma matemática do masculino, em meio a marcações de faltas, normalizações, distinções e desigualdades. Palavras-chave: Gênero; Matemática; Numeramento; Discurso; EJA. 8. AZEVEDO, Vera Lucia Antonio. Emoções e sentimentos na atuação docente: um estudo com professores de Matemática na Educação de Jovens e Adultos. 2009. 136f. (Doutorado em Educação: Psicologia da Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientadora: Laurinda Ramalho de Almeida. Banca examinadora: Maria Aparecida Campos Diniz de Castro; Maria Leila Alves; Vera Maria Nigro de Souza Placco; Wanda Maria Junqueira de Aguiar. Disponível em: <http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=9385>. Resumo: O presente estudo objetivou ressaltar a dimensão afetiva como componente importante a ser considerado na compreensão de professores que atuam na Educação de Jovens e Adultos – EJA. Do objetivo “compreender as emoções e sentimentos envolvidos na atuação docente dos professores de Matemática da Educação de Jovens e Adultos e as situações provocadoras dos mesmos”, decorreram as seguintes questões: Como aconteceu sua iniciação no magistério e na EJA? Quais as tonalidades afetivas (sentimentos e emoções) que a entrada e atuação na EJA lhe trouxeram? Quais as situações mais significativas de sua atuação na EJA? Para justificar a relevância da pesquisa, procedeu-se a levantamentos da produção de teses e dissertações sobre a EJA. No primeiro capítulo, discute-se “o campo e a problemática da Educação de Jovens e Adultos”. Por ser o principal referente teórico deste trabalho, no segundo capítulo, discute-se “a dimensão afetiva na teoria walloniana”. Em seguida, apresentam-se a trajetória metodológica e as informações sobre as entrevistas e diários de dez professores, sendo cinco de uma instituição pública e cinco de uma instituição particular. As informações produzidas a partir da análise das entrevistas e diários são apresentadas no capítulo quatro. São recorrentes, na análise, algumas questões: os professores consideram importante a modalidade de EJA, porém se percebem tendo iniciado sua atuação sem preparo específico para tal; a importância do outro para ajudá-los nesse novo início de atividade docente foi fundamental; o atendimento às necessidades de professores e alunos garante sentimentos de bem-estar a ambos, e o não atendimento, sentimentos de mal-estar. Como decorrência da análise, são aventadas algumas sugestões para formação de professores de EJA. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Psicogenética Walloniana; Formação de Professores. 9. FREITAS, Rony Cláudio de Oliveira. Produções colaborativas de professores de Matemática para um currículo integrado do PROEJA-IFES. 2010. 306f. (Doutorado em Educação: Educação e Linguagens) – Centro de Educação, Universidade Federal do Espírito Santo. Orientadora: Lígia Arantes Sad. Banca examinadora: Ole Skovsmose; Antonio Henrique Pinto; Maria Auxiliadora Vilela Paiva; Edna Castro de Oliveira. Disponível em: <http://www.ppge.ufes.br/teses/2010/Rony%20Freitas.pdf>. Resumo: Este trabalho de pesquisa realiza a análise das produções colaborativas de um grupo de professores de matemática do Proeja (Educação Profissional integrada à Educação Básica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos) no campus Vitória do IFES – Instituto Federal do Espírito Santo. Mais especificamente essas produções se traduzem em um material didático e a elaboração de um currículo, ambos de matemática. O Proeja é um programa relativamente novo, apenas quatro anos de implantação. Muitos caminhos têm sido percorridos para orientar uma formulação curricular integrada e definir estratégias metodológicas que possam auxiliar na compreensão das especificidades de estudantes jovens e adultos. Esta pesquisa visa auxiliar nessa tarefa porque destaca a produção de material didático, ao mesmo tempo em que se discute o currículo de matemática, norteando tanto as ações em sala de aula quanto a própria formação dos professores envolvidos em sua produção de forma colaborativa. A análise tanto do processo quanto do produto tem como referência 266 a aprendizagem de adultos a partir das próprias experiências, a partir da reflexão sobre a experiência, pela interação em grupo, com a busca pela liberdade e com o diálogo. Foram utilizadas para essa análise referências da Metodologia Comunicativa Crítica, que valoriza o diálogo entre pesquisador e sujeitos de pesquisas. Para isso as referências encontradas estão nos campos da Educação de Jovens e Adultos, Educação e Trabalho e Educação Matemática, sendo esse último focado na Educação Matemática Crítica, objetivando discutir o papel da matemática numa perspectiva de formação integral dos sujeitos envolvidos. A pesquisa indica que as produções colaborativas são a melhor direção no sentido de compreender as especificidades do Proeja, bem como para o professor se compreender como sujeito em um processo de aprendizagem dialógica, onde ele precisa construir e reconstruir significados. Também mostra que o material didático produzido e o currículo elaborado pelo grupo têm grande potencial em relação à colaboração com a aprendizagem do estudante jovem ou adulto do Proeja, além de contribuir de maneira significativa com o processo de integração curricular. Isso foi possível por estarem centrados nos fundamentos das diferentes técnicas e experiências de vida que caracterizam o processo de trabalho moderno: trabalho, ciência, cultura e tecnologia, tendo como foco uma formação para a cidadania.Palavras-chave: PROEJA; Educação Matemática; Material Didático. 10. SCHNEIDER, Sonia Maria. Esse é o meu lugar... Esse não é o meu lugar: relações geracionais e práticas de numeramento na escola de EJA. 2010. 211f. (Doutorado em Educação: Educação Matemática) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca. Banca examinadora: Maria Cecília de Castello Branco Fantinato; Sonia Maria Clareto; Juarez Tarcísio Dayrell; Miguel Gonzalez Arroyo. Resumo: Esta tese discute o desconforto de jovens e adultos, alunos e alunas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no estabelecimento da escola como seu lugar. Tal desconforto é flagrado nas práticas de numeramento que se forjam nas situações de ensino e aprendizagem de matemática na escola de EJA. . Os sujeitos da pesquisa são jovens que têm entre 14 e 23 anos de idade e adultos com idades compreendidas entre 24 e 65 anos, estudantes do segundo segmento de Ensino Fundamental do Programa de Educação de Jovens e Adultos, numa escola da rede municipal do Rio de Janeiro. A pesquisa empreendida é qualitativa, e o seu material empírico foi produzido a partir de observação e áudio-gravação de aulas em turmas do segundo segmento do ensino fundamental da EJA, na realização de entrevistas individuais e coletivas com alunos jovens e adultos e professores das turmas observadas e da análise dos registros diversos feitos por esses sujeitos em situação de ensino e aprendizagem de matemática na escola. Buscamos compreender os sentidos das práticas de numeramento e das relações geracionais na escola de EJA, configurados nas posições de sujeito quanto a seu pertencimento e inclusão no universo escolar (esse é o meu lugar... esse não é o meu lugar), dialogando com teorias e autores da sociologia da juventude, da psicologia, da educação matemática, do letramento e do numeramento, das relações geracionais e ainda, dos estudos pedagógicos cuja ênfase recai sobre a constituição da escola e do aluno. Palavras-chave: Relações Geracionais; Educação de Jovens e Adultos; Práticas de Numeramento; Inclusão. 267 RESUMOS E DEMAIS INFORMAÇÕES DAS DISSERTAÇÕES (por ordem cronológica e alfabética de sobrenomes) Ano de 2001 1. ARAÚJO, Denise Alves de. O Ensino Médio na Educação de Jovens e Adultos: o material didático de Matemática e o atendimento às necessidades básicas de aprendizagem. 2001. 147f. (Mestrado em Educação: Espaços Educativos, Produção e Apropriação de Conhecimentos) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadoras: Maria Manuela Martins Soares David; Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca. Banca examinadora: Dione Lucchesi de Carvalho; Leôncio Jose Gomes Soares. Resumo: Este trabalho focaliza o currículo de Matemática expresso nos materiais didáticos produzidos por escolas que oferecem o Ensino Médio para jovens e adultos. A escolha de determinados conteúdos e sua abordagem nos materiais revelam concepções de Matemática, de ensino de Matemática e de Educação de Jovens e Adultos de seus elaboradores e apresentam algumas possibilidades de atendimento às necessidades básicas de aprendizagem dos alunos. As informações contidas nos materiais analisados, as estratégias para atribuir significado ao conhecimento matemático, as habilidades que podem ser desenvolvidas por meio das atividades propostas e os valores que perpassam todas essas escolhas mostram que, se por um lado o currículo construído para esse segmento (ensino médio) e público (jovens e adultos) ainda contribui para reforçar a exclusão, por outro algumas inovações já são visíveis. Palavras-chave: Currículo de Matemática; Educação de Jovens e Adultos. 2. CARDOSO, Edson Alves. Uma análise da perspectiva do professor sobre o currículo de Matemática na EJA. 2001. 173f. (Mestrado em Educação Matemática: A Matemática na Estrutura Curricular e Formação de Professores) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientadora: Ana Paula Jahn. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Célia Maria Carolino Pires. Resumo: Segundo dados do IBGE (1999), 13% da população brasileira é composta por pessoas analfabetas. Nesta perspectiva, a ampliação da oferta de Educação de Jovens e Adultos (EJA) é imprescindível. Inúmeras pesquisas tratam da primeira fase deste processo, a alfabetização, porém, a continuidade desta formação no segundo segmento, equivalente ao terceiro e quartos ciclos do Ensino Fundamental, ainda não é muito explorada, principalmente na disciplina de Matemática. O objetivo do presente trabalho é contribuir neste quadro, buscando identificar e analisar as escolhas e principais fatores que são considerados pelos professores na elaboração de um programa ou plano de curso de Matemática para a EJA. Para tanto, realizamos um levantamento inicial no curso de Suplência II da Rede Municipal de Diadema, por meio da aplicação de um questionário a alunos e professores. A partir da análise dos dados dos questionários, podemos concluir que algumas das crenças ou premissas consideradas pelos professores com relação ao público - os alunos - não correspondem exatamente à realidade. O aprofundamento desta análise se deu numa segunda etapa, com a elaboração e aplicação de entrevistas com professores de Matemática da maior escola daquela Rede Municipal. As análises destas entrevistas nos permitiram identificar os principais fatores que dizem respeito à visão do professor sobre o curso, seu aluno e suas estratégias de trabalho. A utilização das mesmas estruturas e conteúdos do Curso Regular de Ensino Fundamental neste curso de Suplência é apontada como fator dominante e significativo, não permitindo criar condições para um maior aproveitamento das características deste aluno, diferentes do adolescente. Este aspecto, aliado à falta de formação específica para o professor de EJA causa na maioria das vezes, frustração neste professor não contemplando suas expectativas nem as de seu aluno jovem ou adulto. Palavras-chave: Formação de Professores; EJA; Ensino de Matemática 3. WANDERER, Fernanda. Educação de Jovens e Adultos e produtos da mídia: possibilidades de um processo pedagógico etnomatemático. 2001. 133f. (Mestrado em Educação: Práticas Educativas, Saberes e Formação do Educador) – Centro de Ciências Humanas, Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Orientadora: Gelsa Knijnik. Banca examinadora: Francisco Egger Moellwald; Rute Vivian Ângelo Baquero. Resumo: A presente dissertação analisa um processo pedagógico que vinculou a Matemática escolar com elementos da cultura de um grupo de alunos. A pesquisa foi desenvolvida para compreender e analisar as potencialidades, na Educação de Jovens e Adultos, de um processo pedagógico etnomatemático centrado em produtos da mídia. O processo pedagógico foi realizado com uma turma do Ensino Médio noturno de um Programa de Educação de Jovens e Adultos durante o ano de 1999 em uma escola pública estadual da cidade de Estrela-RS. Para a coleta de dados, fiz uso de técnicas de inspiração etnográfica, tais como diário de 268 campo, observações e entrevistas. Os eixos teóricos da pesquisa são as ideias presentes na área da Educação de Jovens e Adultos e da Etnomatemática. Ao desenvolver um trabalho pedagógico etnomatemático centrado em produtos da mídia, uma nova visão do ensino de Matemática foi ensaiada. Esses produtos não foram utilizados para o ensino de técnicas e fórmulas, muito menos como "ponto de partida" para o ensino da Matemática acadêmica. Sua utilização ocorreu porque pertenciam à cultura daquele grupo de alunos. Reportagens de jornal e revistas, vídeos, filmes e elementos da História do Brasil foram discutidos e analisados criticamente. Aspectos do mundo social também foram compreendidos e problematizados. As atividades desenvolvidas estiveram centradas na interpretação das temáticas estudadas. Dessa forma, os alunos puderam não somente interpretar os dados numéricos presentes nesses produtos, mas compreender questões sociais, políticas e culturais. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Etnomatemática. Ano de 2002 4. AZEVEDO, Patrícia Maria Almeida Sader. Um processo de ensino/aprendizagem de equações vivido por alunos jovens e adultos em sala de aula: transitando por registros de representação. 2002. 93f. (Mestrado em Educação: Educação Matemática) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas. Orientadora: Dione Lucchesi de Carvalho. Banca Examinadora: Laurizete Ferragut Passos; Dario Fiorentini. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000296044&fd=y>. Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo principal a investigação e a análise do processo de ensino/aprendizagem de equações por alunos jovens e adultos transitando por diferentes registros de representação propostos pelo professor em sala de aula. Para desenvolver a pesquisa, foi realizado um trabalho de campo numa classe composta por alunos jovens e adultos estudando equações. As aulas foram registradas em diário de campo e a maioria delas foi gravada em áudio. O desenvolvimento do trabalho inclui a caracterização da escola, especialmente de sua perspectiva pedagógica. Em seguida, apresenta-se uma narrativa sobre a classe e dinâmica das aulas, bem como a participação do professor, dos alunos e da pesquisadora. Esta narrativa possibilitou uma análise inicial e perceber a emergência de duas categorias que denominamos “o sinal de igual” e “a incógnita”. Utilizando como principal referencial teórico o conceito de representação semiótica desenvolvido por Duval, foi possível perceber que o trânsito nos registros de representação instigado pelo professor favoreceu o processo de aprendizagem de equações no que se refere ao sinal de igual enquanto relacional, mas não foi suficiente para superar o sentido de incógnita como valor desconhecido. Espera-se que os resultados dessa pesquisa sejam relevantes para o aprimoramento da prática pedagógica dos profissionais dedicados ao ensino de Matemática para jovens e adultos, pois traz reflexões sobre uma abordagem significativa de Álgebra elementar, não se restringindo exclusivamente à manipulação algébrica por ela mesma. Palavras-chave: Jovens; Adultos; Matemática. 5. BAIL, Viviane Schumacher. Educação Matemática de Jovens e Adultos, Trabalho e Inclusão. 2002. 90f. (Mestrado em Educação: Educação e Ensino) – Universidade do Contestado. Orientadora: Dione Lucchesi de Carvalho. Banca Examinadora: Carlos Alberto Lucena; Ademir Damazio. Resumo: A Formação para o Trabalho e a Cidadania deveriam ser norteadores da discussão nas escolas, principalmente para os trabalhadores adultos que voltam a estudar. As experiências profissionais poderiam gerar atividades interdisciplinares nas aulas de matemática, contribuindo para a inclusão do aluno na sociedade. O Mundo do Trabalho e a Sociedade, com a introdução da robótica/informática, apresentam exigências, e cabe à escola perceber e planejar as mudanças necessárias. Acompanhando o desenvolvimento científico e tecnológico, e, com a ampliação de espaços democráticos na sociedade, como conselhos, associações, sindicatos, partidos, exige-se do sujeito uma maior qualificação na forma de trabalhar em grupo, na criatividade, flexibilidade do pensamento, oralidade/subjetividade, iniciativa, autonomia. Como as aulas de matemática, na maioria das escolas, continuam sendo ministradas do jeito tradicional, que Paulo Freire chamou de “Educação Bancária”, foi escolhida uma 5a série de Educação de Adultos em uma escola da rede pública estadual, localizada na cidade de Joinville, e realizou-se aí uma pesquisa com 20 alunos. Os instrumentos utilizados compreenderam: observação das aulas, entrevista com o Professor de Matemática da classe e intervenção nas aulas de Matemática. Nessa intervenção aconteceram uma apresentação do pesquisador aos alunos, uma dinâmica de grupo para observar como era a relação entre eles e quais objetos eram significativos e uma apresentação individual para a turma, cada um deles contando um pouco da sua vida. Também foram realizadas atividades em grupo sobre uma tabela de preços de gasolina e álcool e sobre as atividades profissionais dos alunos, elaborando em conjunto problemas que envolviam os que trabalhavam 269 em serralharia, cartório, como eletricista e na construção civil. O grupo de alunos apresenta grande diferença de idade, são oriundos 13 bairros da cidade, a maioria imigrantes, com um histórico de muitas reprovações. Durante os trabalhos em grupo notamos uma boa receptividade, os alunos tentando resolver os problemas e atividades propostas com a ajuda de um colega - mediador da aprendizagem. As atividades escolhidas contribuíram para quebrar a passividade a que estavam submetidos. Destaco nas atividades em grupo a importância da oralidade empregada na defesa de ideias, o que certamente contribui para a autonomia do aluno. Concluímos que essa dinâmica foi aplicada observando a lógica estabelecida na escola, mas que pode ser ampliada, principalmente no campo dos direitos trabalhistas e sociais. Mostrou toda uma riqueza de experiências e trajetórias de vida que oferecem uma base interessante para o desenvolvimento de estruturas lógicas que contribuam para o estudo da realidade. O desenvolvimento afetivo com o professor e com a disciplina precisam ser considerados, bem como a contextualização da matemática, adaptando-a à idade e aos interesses desse aluno adulto, para que ele não seja novamente excluído. Cabe também à escola promover um trabalho em equipe com os professores para uma melhor definição de conceitos e engajamento no trabalho. Finalmente, esta pesquisa comprovou que se consegue propor uma mudança em sala de aula, envolvendo a disciplina de matemática numa perspectiva interdisciplinar, que contribua para a inclusão do aluno na sociedade. Palavras-chave: Educação Matemática; Educação de Adultos; Interdisciplinaridade; Trabalho; Experiências Profissionais; Aprendizagem. 6. CARDOSO, Cleusa de Abreu. Atividade matemática e práticas de leitura em sala de aula: possibilidades na educação escolar de jovens e adultos. 2002. 100f. (Mestrado em Educação: Espaços Educativos, Produção e Apropriação de Conhecimentos) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadoras: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Maria Manuela Martins Soares David. Banca examinadora: Roseli de Alvarenga Corrêa; Magda Becker Soares. Resumo: Este trabalho investiga possibilidades de relação entre a atividade matemática e as práticas de leitura em sala de aula. Os protagonistas do ato de ler e do fazer matemática são alunas e alunos da Educação de Jovens e Adultos que cursam o 1° segmento do Ensino Fundamental numa escola pública da Rede Municipal de Belo Horizonte. A análise das estratégias de leitura e dos modos de fazer matemática, que tais estudantes mobilizam ou aos quais se referem espontaneamente e/ou com a mediação de suas professoras, foi subsidiada pela interlocução com trabalhos sobre Leitura e sobre Educação Matemática. Essa análise procura reunir elementos e mesmo construir argumentos para alimentar a reflexão sobre contribuições do ensino da Matemática escolar na formação de leitores jovens e adultos. Palavras-chave: Práticas de Leitura; Sala de Aula; Ensino de Matemática. 7. MACIEL, Aníbal de Menezes. Ensino de Matemática: uma proposta metodológica para jovens e adultos do período noturno. 2002. 183f. (Mestrado em Educação: Educação de Jovens e Adultos) – Centro de Educação, Universidade Federal da Paraíba. Orientador: Wojciech Andrzej Kulesza. Banca examinadora: Verônica Gitirana Gomes Ferreira; Rogéria Gaudêncio do Rêgo. Resumo: O ensino de Matemática é cada vez mais imprescindível. Porém, o seu aspecto social costuma sendo negligenciado pela literatura especializada. Além do fato de se permanecer, ou parte dos estudantes, a visão da mesma como “bicho papão”, principalmente para uma clientela de jovens e adultos, defasados nos seus estudos. O presente trabalho busca redimensionar a importância da Matemática para essa clientela, através de uma proposta metodológica com base na etnomatemática, tendo como base os princípios pedagógicos de Paulo Freire, na qual tenta valorizar o aluno na sua autoestima, no gosto pela matemática, ensino com significado, visando a realidade do trabalho, o cotidiano, a cultura, a alegria e as questões sóciopolíticas, na ótica do período noturno. Palavras-chave: Ensino de Matemática; Metodologia; Educação de Adultos. 8. SILVA, Kézia Cortez da. A formação matemática do educador de adultos: um olhar a partir da Escola Zé Peão. 2002. 164f. (Mestrado em Educação: Educação de Jovens e Adultos) – Centro de Educação, Universidade Federal da Paraíba. Orientador: Wojciech Andrzej Kulesza. Banca examinadora: Tânia Maria de Melo Moura; Timothy Denis Ireland; Rogéria Gaudêncio do Rêgo. Resumo: O presente trabalho focaliza a Formação Matemática do Educador de Adultos, levando em consideração a experiência de quase 12 anos de prática educativa do Projeto Escola Zé Peão, projeto educacional de parceria entre a Universidade Federal da Paraíba - UFPB e o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e do Mobiliário de João Pessoa - SINTRICOM/JP. O texto que ora se apresenta, trata a partir desse contexto, de colocar a problemática da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, 270 bem como, da formação dos professores para essa modalidade do Ensino Fundamental, enfocando, com primazia, as questões ligadas à formação especificamente matemática. A referida pesquisa desenvolveu-se ao longo do ano de 2000, com intuito de acompanhar o curso de formação inicial e o processo formativo contínuo da Escola em tela; procurando analisar a formação nos seus dois principais eixos: a prática dos educadores em processo e as estratégias empregadas pela Escola. Não obstante, o estudo aqui sistematizado sob a égide de pesquisa participante, não aprisiona a totalidade das questões que se colocaram durante o percurso investigativo, mas suscita discussões e perspectivas de transformações significativas nos processos formativos matemáticos dos educadores de Jovens e Adultos. Educadores mais que necessários no século XXI. Palavras-chave: Formação Docente; Formação Matemática; Educação de Jovens. Ano de 2003 9. LEVY, Lênio Fernandes. Os professores, uma proposta visando à transdisciplinaridade e os atuais alunos de Matemática da educação pública municipal de jovens e adultos de Belém, Pará. 2003. 139f. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas: Formação Profissional de Professores) – Núcleo Pedagógico de Apoio ao Desenvolvimento Científico, Universidade Federal do Pará. Orientador: Adilson Oliveira do Espírito Santo. Banca examinadora: Elizabeth Teixeira; Francisco Hermes Santos da Silva. Disponível em: <http://repositorio.ufpa.br/jspui/bitstream/2011/1817/1/Dissertacao_ProfessoresPropostaTransdisciplinaridade.pdf>. Resumo: A teoria da complexidade, mormente o ideário do francês Edgar Morin, proclama a interligação das particularidades que se integram ao (ou “a um”) todo. “Distinção” e “união” são, assim, os pilares das manifestações naturais, acrescentando-se a esse binômio o fenômeno da “incerteza”, haja vista as associações implicarem desdobramentos indeterminados. A elevação quantitativa da cultura humana vem sendo acompanhada de uma progressiva especialização, e, não apregoando, em absoluto, a extinção das disciplinas/distinções/partes, o pensamento transdisciplinar moriniano defende a construção de ligações entre tais elementos, o que se mostra concordante com a díade natural união-distinção. Tomando por base a seguinte máxima transdisciplinar: “do todo em direção às partes e das partes rumo ao todo”, propõem-se nesta obra (em especial no que se refere ao segundo trecho da citação em foco) ações educacionais dirigidas pelas chamadas “duplas heterogêneas de professores” (DHP) - imaginadas pelo autor da dissertação -, que integram docentes com formação (cada um deles) em disciplinas (partes) diferentes, os quais, trabalhando em conjunto (inclusive com os alunos), no mesmo espaço-tempo pedagógico, buscam/buscariam construir ligações entre os conteúdos pertencentes aos (dois) campos de conhecimento em questão, efetivando-se um caminhar das partes e de suas mútuas (e múltiplas) conexões em direção ao todo. O público escolhido foi o da Educação de Jovens e Adultos - EJA (no ambiente da escola pública municipal), pois se acredita que as informações extra-escolares acumuladas pelo estudante jovem/adulto, apesar de sua educação formal deficitária, possam contribuir para que ele estabeleça, se corretamente orientado, relações/ligações intelectuais diversas. Ademais, a procura de soluções para a problemática da EJA, cuja clientela é formada por indivíduos marcados pela exclusão socioeconômica, constitui-se em dever moral extensivo a todos os “verdadeiros” cidadãos. Apesar (ou além) das pesquisas exploratórias, em campo, que culminaram com resultados constantes em 5 (cinco) tabelas, predominam, quanto à metodologia adotada nesta investigação, o exame bibliográfico (de um lado) e (de outro lado) a análise - que é o seu cerne - de uma proposição (a DHP engendrada pelo mestrando) à luz dos conceitos abordados. Trata-se/tratou-se de demonstrar, em nível teórico, que a ideia de DHP harmoniza-se com as aspirações/esperanças/necessidades do alunado da EJA, com a “incerteza prigoginiana”, com a transdisciplinaridade moriniana, com a Psicologia Vygotskyana e com a modelagem matemática. Palavras-chave: Complexidade; Transdisciplinaridade, Dupla Heterogênea de Professores; Escola Pública; EJA; Ensino de Matemática. 10. LOPES, Rosemary Calazans. Uma reflexão sobre o processo de ensino/aprendizagem da operação de multiplicação implementado numa classe de alunos jovens e adultos. 2003. 131f. (Mestrado em Educação: Educação Matemática) – Universidade Federal do Espírito Santo. Orientadora: Circe Mary Silva da Silva Dynnikov. Banca examinadora: Lígia Arantes Sad; Vânia Maria Pereira dos Santos-Wagner. Resumo: O objetivo do nosso trabalho foi investigar o processo de ensino-aprendizagem de alunos da educação de jovens e adultos da quarta série do ensino regular noturno no que se refere à aprendizagem da operação de multiplicação. Nossa investigação buscou perceber possíveis relações entre as concepções do aluno sobre a disciplina de matemática e as dificuldades na aprendizagem da operação de multiplicação. Objetivamos também avaliar a prática docente e fornecer subsídios para a reflexão dos professores da 271 educação de jovens e adultos. Nosso referencial teórico se orientou pelos trabalhos relativos às concepções, estudos sobre o processo de ensino-aprendizagem, educação de jovens e adultos e sobre a profissão docente. Optamos pela metodologia do estudo de caso etnográfico e para a análise dos dados trabalhamos com a análise de conteúdo. Nossa análise dos dados apontou para uma correlação entre a concepção da disciplina de matemática e a dificuldade no que se refere à aprendizagem da operação de multiplicação e para o papel fundamental do docente no processo de ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Operação de Multiplicação; Concepções. 11. PIMENTA, Meireluce Leite. “De mais ou de menos?”: a resolução de problemas por surdos adultos. 2003. 147f. (Mestrado em Psicologia: PED Processos Educativos) – Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília. Orientadora: Maria Helena Fávero. Banca examinadora: Maria Tereza Carneiro Soares; Cristiano Alberto Muniz; Ângela Maria Cristina Uchoa de Abreu Branco. Resumo: O presente trabalho investigou a resolução de problemas matemáticos de comparação realizados por jovens surdos, a construção das suas competências numéricas e a sua compreensão textual. Adotamos a intervenção psicopedagógica como procedimento de pesquisa, com o intuito de evidenciar as particularidades da construção desses sujeitos, dentro de uma perspectiva cognitivo-desenvolvimental. Nosso estudo se desenvolveu em quatro fases, relacionadas entre elas, de tal forma que os dados obtidos por meio da análise de uma fundamentou a seguinte. Na primeira, entrevistamos professores de surdos sobre o ensino da matemática. Na segunda, avaliamos as competências matemáticas de sujeitos adultos surdos quanto ao domínio da lógica do sistema de numeração. Na terceira fase, pesquisamos os termos em LIBRAS que melhor traduzissem a expressão “n a mais que” e “n a menos que” em situação de comparação de conjuntos. Na quarta fase, investigamos a resolução de problemas matemáticos de comparação em dois momentos: a resolução individual sem intervenção da experimentadora e o segundo, com a sua intervenção. Alunos de escola pública do DF, de séries iniciais da Educação de Jovens e Adultos na modalidade Supletivo, na faixa etária de 18 a 30 anos e com média de 8 anos de escolarização entre ensino especial e regular, participaram das últimas três fases. Os resultados obtidos por meio da análise dos dados indicam que a dificuldade dos sujeitos surdos frente a problemas de matemática advém não de uma suposta limitação em relação à compreensão textual, em si, mas do processo de escolarização ao qual foram submetidos que prima pela aquisição de regras de procedimentos de resolução, em detrimento da aquisição conceitual; no processo de escolarização do sujeito, se estabelecem dificuldades de compreensão das diferentes funções do número, de compreensão da lógica do sistema numérico e da lógica de sua notação; a falta de proficiência em LIBRAS dos professores compromete a organização de significados semióticos, e consequentemente, a aquisição de conhecimentos e as oportunidades sociais. Palavras-chave: Resolução de Problemas; Surdos; Competências Numéricas, LIBRAS. 12. RUBIN, Maria Helena. Educação de Jovens e Adultos com deficiência mental: análise evolutiva da aprendizagem da Língua Portuguesa e da Matemática. 2003. 183f. (Mestrado em Educação Especial: Educação do Indivíduo Especial) – Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos. Orientadora: Maria Amélia Almeida. Banca examinadora: Luci Pastor Manzoli; Maria da Piedade Resende da Costa. Resumo: Ainda que se observe ampliação gradual nos últimos anos da preocupação quanto ao acesso de jovens e adultos com deficiência aos processos de aquisição da leitura, escrita e da matemática, ou seja, aos conteúdos relacionados às séries iniciais do ensino fundamental, é notório que as ações são ainda incipientes. Considerando-se portanto, a urgência em se investigar como está acontecendo a escolarização de jovens e adultos com deficiência mental, o objetivo deste estudo consistiu em avaliar, analisar e acompanhar o desempenho escolar nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática de 7 jovens e adultos com deficiência mental moderada, com idade variando entre 16 e 23 anos, 6 do sexo masculino e 1 do sexo feminino. Os dados foram coletados através de avaliações iniciais e de acompanhamento, realizadas individualmente, durante um ano letivo e analisados quantitativamente através de figuras e tabelas e qualitativamente através da análise do desempenho de cada participante. Os resultados evidenciaram que os participantes do estudo obtiveram evolução significativa nos conteúdos de Língua Portuguesa e Matemática relacionados às séries iniciais do ensino fundamental, o que comprova que jovens e adultos com deficiência mental apresentam potencial para aquisição de conceitos relacionados à leitura, à escrita e à matemática, ou seja, à alfabetização, desde que lhes sejam oferecidos programas de intervenção que respeitem e considerem suas características individuais, principalmente a idade cronológica, seus interesses, potencialidades e necessidade de ajuda. As conclusões sinalizam para a escassez de pesquisas nesta área e para a necessidade de realizar estudos que contemplem a aprendizagem escolar de jovens e adultos com deficiência mental e que ofereçam "sugestões" de estratégias facilitadoras para a aprendizagem dessas pessoas. 272 Palavras-chave: Educação Especial; Deficiência Mental; Educação de Jovens e Adultos; Alfabetização. Ano de 2004 13. ALBUQUERQUE, Regina Lúcia Tarquínio de. A Matemática sob a ótica do tarô: uma experiência com a Educação de Jovens e Adultos. 2004. 148f. (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Naturais e Matemática) – Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientador: John Andrew Fossa. Banca examinadora: André Luís Mattedi Dias; Arlete de Jesus Brito. Disponível em: <http://bdtd.bczm.ufrn.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1312> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp045311.pdf>. Resumo: A busca da formação de cidadãos críticos e participativos, no trabalho educativo com jovens e adultos, enseja uma prática docente que vá além da postura tradicional de ensinar com métodos mecânicos e arbitrários, que, ao focarem excessivamente a figura do professor, priorizam o ensino, em detrimento da aprendizagem. Nessa direção, o presente estudo, ao procurar a possibilidade de realização de um trabalho alternativo para o ensino de Matemática, numa perspectiva transdisciplinar, no sentido de desenvolver aprendizagem significativa de alunos jovens e adultos do Projeto Acreditar, apresenta os resultados de uma pesquisa-intervenção que utilizou as cartas de tarô como recurso didático em sala de aula. Pretende-se, com isso, mostrar tal instrumento como facilitador da aprendizagem de conteúdos da Matemática como sistemas de numeração, números inteiros e geometria, tomando a Matemática numa perspectiva histórico-cultural e dando um tratamento holístico ao complexo ato de aprender. Nesse trabalho, o aluno jovem e adulto é tomado como indivíduo concreto, levando-se em consideração os aspectos cognitivos e atitudinais de seu aprender, o que é favorecido pela natureza das cartas do tarô e pela compreensão adotada, de matemática como sistema simbólico. Palavras-chave: Ensino de Matemática; Jovens e Adultos; Recurso Didático; Tarô; Sistema Simbólico. 14. ALVES, Osvando dos Santos. Saberes produzidos na ação de ensinar Matemática na EJA: contribuições para o debate sobre a formação inicial de educadores matemáticos na UFPA. 2004. 166f. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas: Formação Profissional de Professores) – Núcleo Pedagógico de Apoio ao Desenvolvimento Científico, Universidade Federal do Pará. Orientador: Tadeu Oliver Gonçalves. Banca examinadora: Dario Fiorentini; Renato Borges Guerra; Salomão Antonio Mufarrej Hage. Disponível em: <http://repositorio.ufpa.br/jspui/bitstream/2011/1761/1/Dissertacao_SaberesMatematicaEJA.pdf>. Resumo: Os professores, no exercício de sua ação docente, reelaboram, adaptam, retraduzem os conhecimentos diversos recebidos ao longo de sua formação inicial e ambiental por meio do pensar sobre suas próprias experiências. Esta gama de saberes gerados a partir da ação de ensinar, em nosso caso específico, matemática, são edificadores das bases de sua identidade profissional. Para o ensino de matemática na Educação de Jovens e Adultos - EJA - os saberes dos professores adquirem certa especificidade, devido às peculiaridades do público. Tais peculiaridades exigem que o mesmo passe por uma reeducação que se dá, em grande parte dos casos, na prática, mediante a reflexão. A pesquisa de tema Saberes produzidos na ação de ensinar matemática na EJA: contribuições para o debate sobre a formação inicial de professores de matemática na UFPA, objetivou de modo geral, a partir das falas dos professores e estagiários de matemática da EJA, evidenciar os saberes produzidos na dinâmica do ensinar matemática para este público, nas relações entre professores e alunos, professores e conteúdos de sua formação inicial e entre professores e professores. É o professor em ação e o estagiário concluinte lançando um olhar crítico sobre suas próprias formações e práticas, promovendo um diálogo entre ambas e apontando diretrizes para uma formação inicial que contemple estas especificidades. Para a coleta de dados, utilizamos como instrumento entrevistas semiestruturadas com professores e estagiários. Evidenciamos saberes práticos quanto ao currículo de matemática da EJA, quanto aos estudantes da EJA, quanto à especificidades da vida adulta, quanto à contextualização dos conteúdos matemáticos, entre outros. O caráter formativo das reflexões, expresso pelas falas elaboradas pelos professores e estagiários ao responderem as perguntas da entrevista, demonstra que estes saberes são latentes, potenciais, e que precisam ser evidenciados, trazidos à discussão e valorizados. Palavras-chave: Ensino de Matemática; Formação de Professores. 15. FRANCO, Izabel Cristina de Araújo. Procedimentos multiplicativos: do cálculo mental à representação escolar na educação matemática de jovens e adultos. 2004. 123f. (Mestrado em Educação: Educação Matemática, Científica e Tecnológica) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas. Orientadora: Dione Lucchesi de Carvalho. Banca examinadora: Carmen Lucia Brancaglion Passos; Rosana 273 Giaretta S. Miskulin. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000351658&fd=y>. Resumo: O objetivo central deste estudo refere-se a investigar os procedimentos matemáticos expressos oralmente pelos alunos na resolução de um problema de multiplicação, quando se busca o registro desses procedimentos pela escrita matemática aceita escolar e socialmente. Para abordar a questão investigativa: como acontece a passagem dos procedimentos de cálculo mental à escrita matemática, passando pela expressão oral, evidenciados na resolução de um problema referente a multiplicação na alfabetização de jovens e adultos? optamos por uma análise qualitativa dos dados produzidos. O trabalho de campo foi realizado com alunos de uma classe de alfabetização de jovens e adultos. O estudo apresenta a descrição dos encontros ocorridos no desenvolvimento das atividades do trabalho de campo, os diálogos em sala de aula e as produções dos alunos. O material alvo de análise consistiu dos registros do diário de campo da pesquisadora e dos registros produzidos pelos alunos, sendo analisado em três categorias: Procedimentos aditivos e procedimentos multiplicativos; A expressão oral de procedimentos e a produção de conhecimento matemático; A valorização do algoritmo escolar da multiplicação. Com as análises surgiram considerações que destacamos: a busca pela apropriação do algoritmo escolar da multiplicação por esses jovens e adultos como ato emancipador e conquista de autonomia; o papel da linguagem na apropriação desse conhecimento e o exercício da capacidade humana de ir além da experiência sensorial dando o salto rumo ao conhecimento racional. Palavras-chave: Educação Crítica; Sociocultural; Multiplicação. 16. MELO, Maria José Medeiros Dantas de. Do “contar de cabeça” à cabeça para o contar: histórias de vida, representações e saberes matemáticos na Educação de Jovens e Adultos. 2004. 235f. (Mestrado em Educação: Formação e Profissionalização Docente) – Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientadora: Maria da Conceição Ferrer Botelho Sgadari Passeggi. Banca examinadora: Pedro Franco de Sá; Maria Estela Costa Holanda Campelo. Resumo: Este trabalho se insere na Educação Matemática de Jovens e Adultos numa abordagem Etnomatemática. Busca investigar aspectos motivadores/facilitadores da aprendizagem matemática de um grupo de alunos trabalhadores numa empresa de fabricação de calçados, em Natal, e a sua professora. Tratase de uma pesquisa qualitativa numa perspectiva etnográfica. Ancora-se nas narrativas autobiográficas e na teoria das representações sociais, possibilitando clarificar as representações que os atores foram construindo e (re)construindo no seu percurso de vida ao relacionarem-se com a matemática. Os resultados das análises apontam que as narrativas das histórias de vida do grupo foram relevantes para o redirecionamento da prática docente em EJA, abrindo espaços para o desvelamento de como os jovens e adultos pensam, refletem e se posicionam acerca de sua escolarização, e para as transformações de suas representações e ressignificação de suas identidades, no reencontro com a escola e com a matemática. O estudo também evidenciou três grandes momentos motivadores/facilitadores da aprendizagem matemática em EJA: a exposição dialogada; a problematização cooperativa; o trabalho individual. outros aspectos significativos foram explicitados nesses momentos: a pesquisa; a valorização do ser; a afetividade; o respeito aos limites de cada aluno; o incentivo à criatividade; a reflexão do aluno sobre o seu próprio pensar. Palavras-chave: Jovens e Adultos; Etnomatemática; Histórias de Vida; Representações. 17. MIGLIORANÇA, Fernanda. A atuação do professor de Matemática na Educação de Jovens e Adultos: conhecendo a problemática. 2004. 182f. (Mestrado em Educação) – Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos. Orientadora: Regina Maria Simões Puccinelli Tancredi. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Aline Maria de Medeiros Rodrigues Reali; Carmen Lucia Brancaglion Passos. Disponível em: <http://www.bdtd.ufscar.br/htdocs/tedeSimplificado//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=281> e <http://www.portaldosprofessores.ufscar.br/bibliotecaDetalhe.jsp>. Resumo: A Educação de Jovens e Adultos vem ganhando espaço nas pesquisas realizadas na área educacional. Existe uma preocupação grande em entender o processo de ensino por que passam essas pessoas que permaneceram muitos anos sem escolaridade ou afastados do sistema educacional. Para que possamos entender melhor esse processo é relevante uma investigação sobre a prática dos professores que atuam na Educação de Jovens e Adultos, uma vez que são esses os principais responsáveis pelo processo de escolarização e pela aprendizagem dessa população e a sua reinserção no campo educativo. A particularidade deste trabalho está em investigar como o professor de Matemática atua na Educação de Jovens e Adultos, buscando conhecer melhor suas visões sobre a Matemática, o seu ensino e também sobre a aprendizagem da Matemática por essa população. Para isso, além de observar a atuação docente desses profissionais procurouse conhecê-los melhor através de entrevistas e da análise de um caso de ensino elaborado a partir de acontecimentos das salas de aula dos participantes da investigação. Os participantes da pesquisa foram três 274 professores de Matemática que atuam na Educação de Jovens e Adultos em uma escola pública estadual de uma cidade do interior paulista e os alunos de uma de suas classes. Dadas as características dos participantes, a pesquisa se constituiu em três estudos de caso, cada um referente a um professor e sua classe. Para fundamentar esse estudo lancei mão de referenciais sobre os apoios legais que sustentam essa modalidade de ensino, sobre o perfil dessa clientela, sobre a situação do ensino de Matemática para esses alunos e sobre a formação básica e permanente dos professores que atuam nessa área. Os resultados da pesquisa revelam em jovens e adultos que iniciam seus estudos ou retornam a escola, após muitos anos de afastamento, com intenções claras: buscam investir no estudo, já que não tiveram acesso ao ensino regular na idade considerada adequada (7 a 14 anos), tentando melhorar sua condição de vida. Além disso, trazem conhecimentos específicos e anteriores ao retorno à escola, que o auxiliam, ou não, no processo de aprendizagem. Todos esses aspectos devem ser reconhecidos e valorizados pelos professores, buscando atender, da maneira mais simples, os objetivos que fizeram esses jovens e adultos retornarem à escola. Quando me reporto aos professores pesquisados, constatei que a falta de formação específica para lecionar Matemática a Jovens e Adultos e as dificuldades encontradas no ambiente de trabalho - na escola e em seu contexto - têm influência relevante na prática pedagógica. Entretanto, quando os professores têm disponibilidade para analisar sua própria prática investem na superação das dificuldades e procuram novos caminhos, embora não encontrem apoio na instituição em que trabalham. Reforça-se, assim, para esses professores, a ideia de que a docência é um percurso solitário. Apesar de restrito, esse retrato educacional do ensino de Matemática para Jovens e Adultos consegue dar algumas sugestões para melhorar a formação e atuação dos profissionais que atuam nessa área. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Educação Matemática. 18. OLIVEIRA, Rosalba Lopes de. A modelagem matemática como alternativa de ensino e aprendizagem da geometria na Educação de Jovens e Adultos. 2004. 190f. (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Naturais e Matemática) – Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientadora: Cláudia Helena Dezotti. Banca examinadora: Rodney Carlos Bassanezi; Iran Abreu Mendes. Disponível em: <http://bdtd.bczm.ufrn.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1313> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp045254.pdf>. Resumo: Este trabalho se insere no campo da Educação Matemática da Educação de Jovens e Adultos e visa contribuir para a ação educativa dos profissionais da área de Matemática, que atuam com essa modalidade de ensino, tomando como parâmetro o enfoque da Modelagem Matemática. Constituiu objetivo da pesquisa a elaboração de uma proposta de utilização da Modelagem Matemática como alternativa de ensino e aprendizagem da Geometria na EJA. A pesquisa foi desenvolvida em três turmas do nível III (5ª e 6ª séries), da EJA, em uma escola municipal da periferia da cidade do Natal/RN. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, com enfoque na observação participante, tendo em vista a nossa atuação direta no ambiente da pesquisa, como professora de Matemática dessas turmas. Utilizamos como instrumentos de coleta de dados questionários, notas de aula e análise de documentos oficiais. Os resultados apontam que as atividades em que se utiliza a Modelagem Matemática valorizam o saber fazer do aluno no processo de construção do conhecimento, na medida em que procuram desenvolver métodos de aprendizagem significativa, auxiliando o aluno a construir relações da Matemática com outras áreas do conhecimento e dentro da própria Matemática. Amplia também a visão de mundo do aluno, ajudando sua participação em outros espaços sociais, além de propiciar mudanças na postura do aluno e do professor, em relação à dinâmica da sala de aula de Matemática. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Modelagem Matemática, Geometria. 19. PAVANELO, Elisangela. Resistência e contribuições em relação a uma proposta de trabalho para o ensino de álgebra elementar, junto a alunos da Educação de Jovens e Adultos. 2004. 121f. (Mestrado em Educação Matemática: Formação Pré-serviço e Continuada do Professor de Matemática) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Rio Claro. Orientadora: Laurizete Ferragut Passos. Banca examinadora: Dione Lucchesi de Carvalho; Idania Blanca Peña Grass. Disponível em: <http://www.athena.biblioteca.unesp.br/exlibris/bd/brc/33004137031P7/2004/pavanelo_e_me_rcla.pdf>. Resumo: Neste trabalho são investigadas as reações apresentadas pelos alunos adultos ao ser desenvolvida uma proposta de trabalho diferenciada, que incentive um maior comprometimento com o processo de construção do seu conhecimento em Matemática. Esta pesquisa caracteriza-se por seu desenvolvimento a partir de uma abordagem qualitativa de investigação, cujo trabalho de campo foi realizado em uma sala de aula de Matemática de um Curso para Jovens e Adultos da rede Estadual de Ensino, da Cidade de Rio Claro (SP). A investigação se deu a partir de uma dinâmica proposta aos alunos, pela professora da sala e pela pesquisadora, baseada na resolução de situações-problema. Durante, aproximadamente, um mês, os alunos divididos em pequenos grupos, investigaram, resolveram e discutiram as resoluções das situações-problema 275 propostas. A análise da dinâmica da sala de aula foi desenvolvida, considerando os aspectos culturais desse segmento de ensino e o conceito de atividade proposta por Leontiev. A investigação permitiu identificar e caracterizar importantes aspectos relacionados ao processo mencionado. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Construção do Conhecimento; Álgebra Elementar; Reações. 20. REFOSCO, Marideisa Ita. Um estudo sobre as atitudes em relação à matemática e o desempenho em álgebra na Educação de Jovens e Adultos. 2004. 180f. (Mestrado em Educação) – Faculdades Integradas de Palmas. Orientadora: Clayde Regina Mendes. Resumo: Palavras-chave: 21. SANTOS, Maria Elisabet da Costa. Posso fazer do meu jeito?: registros das estratégias de adultos desafiados a resolver problemas matemáticos aditivos. 2004. 142f. (Mestrado em Educação: Formação Docente e Identidades Profissionais) – Centro de Educação de Ciências Humanas e da Comunicação, Universidade do Vale do Itajaí. Orientador: José Erno Taglieber. Banca examinadora: Luciane Maria Schlindwein; Maria Lúcia Faria Moro. Disponível em: <http://www6.univali.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=72>. Resumo: O Brasil, atualmente com uma visão globalizada sobre a educação, sofreu, no decorrer de sua história, longos processos de reestruturação em seu sistema de educacional, principalmente com relação à educação de pessoas jovens e adultas. Este trabalho envolve pessoas que retornaram aos estudos após longo tempo e apresentaram, enquanto estudantes, algumas dificuldades relacionadas aos registros e à compreensão dos enunciados de problemas matemáticos com estruturas aditivas. Fazendo referências aos pressupostos piagetianos, à teoria dos campos conceituais de Gerard Vergnaud e trazendo uma visão andragógica sobre a arte de ensinar adultos, buscamos caracterizar e descrever as estratégias de registros utilizadas por essas pessoas quando desafiadas a resolver estes tipos de problemas. Numa pesquisa de caráter qualitativo, a interação entre pesquisador e pesquisados feita através de entrevistas e posterior filmagem, com análise das ações, das falas e dos registros através das quais pudemos observar que os sujeitos da pesquisa passavam por três fases distintas para chegarem às conclusões; a primeira era a visão global da situação, seguida de uma articulação das partes envolvidas para, finalmente, se chegar à estrutura da situação. Numa pré-análise, concordamos com Vergnaud ao afirmar que o conhecimento transparece quando se trabalha situaçõesproblema contextualizadas ao cotidiano. Assim, essas pessoas podem conceituar número, adição, subtração, pois já convivem e interagem com estes conceitos no seu dia-a-dia. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Andragogia; Estratégias; Notações; Campos Conceituais. Ano de 2005 22. GARAFFA, Jaquiline. A linguagem matemática manifestada por jovens e adultos. 2005. 197f. (Mestrado em Educação: Escola, Currículo e Processos Pedagógicos) – Universidade de Passo Fundo. Orientadora: Ocsana Sonia Danyluk. Banca examinadora: Nilce Fátima Scheffer; Neiva Ignês Grando. Resumo: O estudo investigativo desta dissertação persegue a indagação: qual a linguagem matemática manifestada por estudantes de Educação de Jovens e Adultos nas situações do cotidiano? Em busca da compreensão do fenômeno interrogado foram investigados oito estudantes que cursam a 5ª série do EJA (etapa III) de uma escola pública do município de Espumoso. Para fazer o levantamento de dados desta pesquisa e diagnosticar aquilo que se apresenta de matemática na linguagem cotidiana dos sujeitos, foram realizados dez encontros com a turma. Destes, dois encontros foram caracterizados pela observação das aulas da professora titular da classe e oito foram observações participativas entre pesquisadora e sujeitos e, para isso, foram utilizados alguns instrumentos que envolviam problemas matemáticos de medidas, sistema monetário, números decimais e números fracionários. Os procedimentos da pesquisa qualitativa com abordagem fenomenológico-hermenêutica exigiram um olhar atento sobre o fenômeno investigado, bem como a descrição rígida dos encontros observados. No decorrer da redução dos dados, por meio da análise ideográfica e nomotética, foi possível identificar a ocorrência de três categorias abertas que possibilitaram a compreensão do fenômeno, as quais são: linguagem matemática, importância do estudo e maneira de ser. Partindo da análise dessas categorias, é possível afirmar que os estudantes de EJA possuem uma linguagem matemática própria e informal, por meio da qual realizam e desenvolvem suas atividades diárias e seu pensamento, expressando suas experiências de vida. Por fim, são trazidas reflexões a fim de contribuir para que os educadores reflitam sobre suas práticas pedagógicas e, assim, construam suas propostas de ensino baseadas nas manifestações matemáticas expressas por seus alunos. 276 Palavras-chave: Linguagem; Linguagem Matemática; Educação de Jovens e Adultos. 23. JESUS, Humberto Luis de. Manifestações do conhecimento matemático de alunos jovens e adultos em atividades de ensino. 2005. 154f. (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo. Orientador: Manoel Oriosvaldo de Moura. Banca examinadora: Maria do Carmo de Sousa; Nídia Nacib Pontuschka. Resumo: O presente trabalho é o resultado de uma pesquisa realizada em uma escola pública do município de São Paulo no período de 2002 a 2003 com alunos do curso supletivo noturno, que frequentavam as séries finais do Ensino Fundamental. Seu objetivo é o de estabelecer elementos que podem evidenciar as manifestações do conhecimento matemático de alunos jovens e adultos. Para atingir esse objetivo, partimos dos pressupostos teóricos da abordagem histórico–cultural e da teoria da atividade. Levando em consideração as características do objeto da pesquisa e das pessoas que nela participam, optamos pelo enfoque interpretativo como o caminho metodológico para realização da mesma. Encontramos nas atividades orientadoras de ensino elementos que possibilitam uma organização do ensino cuja intencionalidade é a manifestação do conhecimento matemático dos alunos e, por meio de episódios de ensino, analisamos os momentos em que os alunos demonstram o estabelecimento de novas relações com o objeto de conhecimento. De acordo com os pressupostos da teoria da atividade, partimos dos motivos dos alunos, manifestados na vontade de aprender como resolver problemas da matemática escolar e de compreender uma técnica operatória da divisão. Como seres humanos que são, ao realizar as atividades propostas, esses alunos, jovens e adultos, também manifestam as concepções que possuem sobre as funções atribuídas à escola e as relações que estabelecem entre o saber escolar e o saber popular. Nesse sentido, as atividades orientadoras de ensino possibilitam a ascensão do conhecimento que os alunos possuem em relação à operação de divisão e de resolução de problemas do nível do pensamento empírico para o nível do pensamento teórico, contribuindo para a superação da dicotomia entre saber popular e saber escolar. Palavras-chave: Atividade Orientadora de Ensino; Episódios de Ensino; Teoria da Atividade; Educação Matemática; Educação de Jovens e Adultos. 24. LIMA, Maria José de. Modos de representar e pensar o espaço: um estudo com as agentes de saúde do assentamento rural Santa Maria – MT. 2005. 121f. (Mestrado em Educação: Matemática, Cultura e Práticas Pedagógicas) – Universidade São Francisco. Orientadora: Alexandrina Monteiro. Banca examinadora: Maria Inês Petrucci-Rosa; Jackeline Rodrigues Mendes. Resumo: A presente dissertação estuda as práticas sociais de um grupo de parceleiras que atuam como Agentes Comunitárias de Saúde e também representam e organizam o espaço em que se locomovem durante a prática de visitas às famílias por elas atendidas. O trabalho foi realizado no Assentamento Rural Santa Maria em Água Boa – MT. O objetivo dessa pesquisa é discutir o conceito de espaço numa perspectiva da Etnomatemática, visando contribuir para a discussão curricular de cursos voltados à Educação de Jovens e Adultos. A metodologia de pesquisa foi qualitativa e usou como recursos: observação, diário de campo, fotos e entrevistas semidirecionadas. Participaram como sujeitos dessa pesquisa quatro parceleiros, quatro Agentes Comunitárias de Saúde e equipe médica. Nossas análises tomaram como referência os campos da Etnomatemática, as teorias curriculares críticas e a Educação de Jovens e Adultos. Nossas análises nos indicam que as propostas curriculares de Educação de Jovens e Adultos discutem as questões relativas ao espaço no campo da geometria enfatizando uma perspectiva fortemente Euclidiana excluindo os elementos socioculturais que subsidiam o fazer e o pensar sobre o espaço. Defendemos, a partir disso, que o currículo de Matemática da EJA passe a considerar esses aspectos socioculturais para a discussão dos conceitos geométricos. Palavras-chave: Etnomatemática; Espaço; Educação de Jovens e Adultos; Currículo; Práticas Sociais. 25. SCHNEIDER, Sonia Maria. A consideração de dilemas práticos para a formação de professores de Matemática da Educação de Jovens e Adultos. 2005. 77f. (Mestrado em Educação: Formação de Professores de Ciências) – Universidade Federal Fluminense. Orientadora: Glória Regina Pessôa Campello Queiroz. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Sandra Lucia Escovedo Selles. Resumo: A pesquisa aqui desenvolvida teve como objetivo principal a problematização das práticas e dos saberes de professores de matemática do ensino fundamental da educação de jovens e adultos pela perspectiva dos dilemas práticos inspirada no modelo do prático reflexivo e artístico para a formação de professores. Os saberes dos professores foram investigados na emergência e análise dos dilemas práticos e explicitaram ideias e pressupostos que os professores declararam considerar para o ensino e aprendizagem de matemática na educação de jovens e adultos. Para investigar esses saberes foram feitas entrevistas individuais e coletivas com professores que ensinam matemática no ensino fundamental de EJA em duas escolas, sendo 277 uma pública e outra particular/confessional. A pesquisa procura contribuir para a formação de professores, ao voltar-se para as práticas que explicitam os saberes e problemáticas docentes relevantes para o ensino e aprendizagem de matemática na educação de jovens e adultos. Palavras-chave: Educação Matemática; Formação de Professores; Saberes Docentes. Ano de 2006 26. CASTRO, Luís Roberto Cezar de. Narrativas sobre a matemática escolar produzidas por alunos de um curso noturno de Educação de Jovens e Adultos. 2006. 113f. (Mestrado em Educação: Currículo, Cultura e Sociedade) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Orientadora: Gelsa Knijnik. Banca examinadora: Alexandrina Monteiro; Maura Corcini Lopes. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp028723.pdf>. Resumo: A presente Dissertação tem como propósito analisar narrativas sobre a Matemática escolar, com elementos da cultura de um grupo de alunos. A pesquisa foi desenvolvida com alunos do Ensino Fundamental de um curso noturno de um Programa de Educação de Jovens e Adultos, da Escola Carlos Antônio Wilkens, situada no bairro Veranópolis, no município de Cachoeirinha, estado do Rio Grande do Sul. Os aportes teóricos da pesquisa são as ideias presentes na área da Educação de Jovens e Adultos, da Etnomatemática e dos Estudos Culturais, examinados a partir de uma perspectiva alinhada com o pensamento pós-moderno. A dissertação está organizada em cinco capítulos. No primeiro, há uma apresentação geral da pesquisa, a explicitação do lugar teórico a partir do qual foi realizado o estudo, o relato problematizado de como foi construído o objeto de pesquisa, bem como os procedimentos metodológicos. O segundo capítulo apresenta a descrição do Programa de Educação de Jovens e Adultos na instituição escolar. No capítulo 3, está a análise das demandas e contribuições do ensino da Matemática na Educação de Jovens e Adultos. O quarto capítulo examina as narrativas sobre a matemática escolar produzidas durante as entrevistas realizadas com sete alunos da EJA. O resultado desse exame está expresso em duas unidades: 1) A Matemática como desafio: superando limitações; 2) A Matemática como possibilidade de competição no trabalho e na escola. A dissertação encerra-se com o capítulo 5, no qual estão algumas reflexões, que se configuram nas possíveis conclusões sobre a temática desta pesquisa, balizadas pelas experiências vivenciadas no Curso de Mestrado, durante a elaboração deste trabalho. Palavras-chave: Etnomatemática, Educação de Jovens e Adultos. 27. CORÔA, Renata Paixão. Saberes construídos pelos professores de Matemática em sua prática docente na Educação de Jovens e Adultos. 2006. 110f. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas: Formação Profissional de Professores na Área de Matemática) – Núcleo Pedagógico de Apoio ao Desenvolvimento Científico, Universidade Federal do Pará. Orientador: Tadeu Oliver Gonçalves. Banca examinadora: Ivanilde Apoluceno de Oliveira; Terezinha Valim Oliver Gonçalves. Disponível em: <http://repositorio.ufpa.br/jspui/bitstream/2011/1784/1/Dissertacao_SaberesProfessoresMatematica.pdf>. Resumo: Este trabalho é sobre a prática de professores de Matemática que atuam na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Trata-se de uma pesquisa qualitativa cujo objetivo é identificar, por meio das falas dos professores, os saberes por eles produzidos em sua prática docente na EJA. Para a construção dos dados, realizamos entrevistas semiestruturadas com seis professores de Matemática da EJA e a aplicação de questionários para 48 alunos de uma escola do município de Belém do Pará. Dos diálogos que mantivemos com os professores de Matemática da EJA emergiram os saberes experienciais que eles desenvolvem em sua prática na EJA. Os saberes experienciais dizem respeito ao uso de linguagem e metodologias adequadas aos alunos, à contextualização dos conteúdos matemáticos, ao resgate social dos alunos, entre outros. Por meio de suas experiências os professores reelaboram e adaptam seus saberes com base nas peculiaridades de seus alunos da EJA e na reflexão que fazem sobre suas próprias práticas. As falas dos professores de Matemática evidenciam sua insatisfação com os conhecimentos recebidos em sua formação inicial para ensinar na EJA, o que os faz manter em suas práticas, um constante processo de reflexão e auto formação para atuar nessa modalidade de ensino. Para tanto, é importante que os professores estabeleçam, entre si, relações de parceria tendo em vista a melhoria do ensino para os alunos da EJA, o que pode contribuir com a implementação do projeto político pedagógico nas escolas da EJA. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Formação de Professores de Matemática; Saberes Docentes. 28. HENAO, Edier Yorley Henao. Compreensão de textos com conteúdos matemáticos por parte de aprendizes jovens e adultos/as. 2006. 131f. (Mestrado em Educação: Políticas Públicas e Reformas Educacionais e Curriculares) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientadora: Circe Mary Silva da Silva 278 Dynnikov. Banca examinadora: Alipio Marcio Dias Casali; Silvia Dias Alcantara Machado. Disponível em: <http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3557> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp011176.pdf>. Resumo: Nesta pesquisa analisaram-se quais são as dificuldades e/ou fortalezas, no que se refere à compreensão de textos com conteúdos matemáticos por 27 jovens e adultos/as de setores populares. As pessoas pesquisadas fazem parte do projeto Educación Básica y Alfabetización entre Mujeres para la reconciliación, la convivencia y la paz, desenvolvido pela Corporación Educativa CLEBA no município de Itagüí, departamento de Antioquia na Colômbia. Para aprofundar em alguns aspectos teórico/práticos que consideramos importantes para o presente estudo, foram abordadas questões como a contribuição dos conteúdos matemáticos na compreensão de textos e algumas capacidades psicológicas que deveriam ser desenvolvidas no ensino e aprendizagem da matemática. Assim, conceitualmente, a pesquisa se baseou na concepção da matemática como linguagem; sobre a compreensão de textos e a compreensão matemática. Também se considerou a teoria sócio-interacionista como fundamento de algumas capacidades psicológicas próprias da atividade matemática. Os dados foram coletados através de uma entrevista grupal, da revisão bibliográfica e de outros quatro instrumentos, três deles, textos com conteúdos matemáticos. A partir destes textos obtivemos algumas produções dos pesquisados/as que incluem o conhecimento de conteúdos matemáticos e o seguimento de instruções a partir dos mesmos, inferências a partir dos dados explícitos e implícitos nos textos, operar com e a partir de conteúdos matemáticos e o trabalho com diferentes registros de representação semiótica, entre outros. Como parte dos resultados podemos explicitar a existência de dificuldades e também de fortalezas na compreensão dos textos com conteúdos matemáticos que se encerram basicamente desde as experiências prévias e a subjetividade dos pesquisados/as, o nível de escolaridade, a especialização do conhecimento matemático e as capacidades inerentes à compreensão de textos. Palavras-chave: Currículo; Colômbia; Textos; Conteúdos Matemáticos; Capacidades; Dificuldades. 29. KOORO, Méri Bello. Uma análise curricular da Matemática na Educação de Jovens e Adultos. 2006. 122f. (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática: Elementos e Metodologias de Ensino de Física e Matemática) – Universidade Cruzeiro do Sul. Orientadora: Celi Espasandin Lopes. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Iara Regina Bocchese Guazzelli. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp030455.pdf>. Resumo: Este estudo teve como objetivo investigar e analisar como são organizados os currículos para o ensino de Matemática na Educação de Jovens e Adultos, fazendo uso de informações contidas em documentos curriculares oficiais publicados pelo Ministério da Educação e por Secretarias Estaduais e Municipais de Educação de algumas regiões do Brasil. Duas questões foram orientadoras da investigação: Que estruturas e conteúdos são privilegiados em propostas de ensino de Matemática na Educação Escolar de Jovens e Adultos, no nível do chamado “Ensino Fundamental”? e Tais estruturas e conteúdos são adequados às especificidades do público da EJA? Para responder a estas questões optamos por uma abordagem qualitativa, realizando uma pesquisa bibliográfica e documental, tomando como parâmetro a reflexão sobre Educação Matemática em uma perspectiva cultural. Para nortear nossa análise, utilizamos categorias que foram definidas a priori e categorias que emergiram a partir do discurso e do conteúdo apresentados pelas propostas. A análise dos documentos mostrou-nos que, embora a maioria das propostas apresente considerações pertinentes e coerentes com os referenciais teóricos os quais consideramos relevantes para a Educação de pessoas jovens e adultas, a organização dos temas e as orientações didáticas não estão na mesma perspectiva, sendo ainda muito similares às que são feitas no ensino regular, sem considerar as especificidades da Educação de Jovens e Adultos. Nem todos os documentos contemplam a área de Matemática e os que a contemplam não orientam o professor sobre como fazer a abordagem na EJA. Acreditamos que a abordagem deva ser mais direcionada e coerente com os objetivos da EJA. Além disso, o discurso dos documentos apresenta um texto que dialoga pouco com o professor, que discute minimamente a abordagem dos eixos temáticos da Matemática, assim como os aspectos formativo e funcional. Mediante o processo de análise dos resultados da pesquisa, apresentam-se sugestões que podem auxiliar a (re)significar os currículos de Matemática para a Educação de Jovens e Adultos. Palavras-chave: Educação Matemática; Currículo; Educação de Jovens e Adultos. 30. MALLMANN, Maria Elene. A essência da Matemática na prática dos produtores rurais: um estudo Etnomatemático. 2006. 198f. (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática: Educação em Ciências e Matemática para o Desenvolvimento Sustentável) – Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, Universidade Luterana do Brasil. Orientador: Renato Pires dos Santos. Banca examinadora: Ubiratan D’Ambrosio; Carmen Teresa Kaiber; Marilaine de Fraga Sant’Ana. Disponível em: <https://memphis.ulbranet.com.br/BIBLIO/PPGECIMM048.pdf> e 279 <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp070414.pdf>. Resumo: A intenção desta pesquisa foi investigar como pessoas adultas pouco escolarizadas pensam e solucionam problemas matemáticos presentes em suas vidas e em seus diferentes contextos, a partir de seus conhecimentos não-formais. É preciso compreender as situações vividas também por essas pessoas para talvez auxiliar na instauração de novas propostas metodológicas para o ensino de Matemática na Educação de Jovens e Adultos. Os sujeitos da pesquisa são dezesseis produtores rurais com idades entre 23 e 75 anos. A coleta de dados foi realizada de março a setembro de 2005 nas propriedades dos produtores rurais em quatro municípios do Vale do Taquari – RS. A investigação, ancorada na perspectiva qualitativa com abordagem fenomenológico-hermenêutica, procurou articular ideias do pensamento etnomatemático de Ubiratan D’Ambrosio para perceber a essência da Matemática imbricada nas atividades produtivas do campo. Palavras-chave: Etnomatemática; Produtores Rurais; Ensino de Matemática. 31. MOTTA FILHO, Irineu. Atitudes e procedimentos de alunos da Educação de Jovens e Adultos frente à resolução de problemas. 2006. 116f. (Mestrado Profissional em Ensino de Matemática: A Matemática na Estrutura Curricular e Formação de Professores) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientadora: Célia Maria Carolino Pires. Banca examinadora: Adair Mendes Nacarato; Ana Paula Jahn. Disponível em: <http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3435>. Resumo: O presente trabalho tem como objetivo identificar as atitudes e procedimentos de alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) frente à resolução de problemas. Utiliza pesquisa bibliográfica e documental e baseia-se numa avaliação diagnóstica realizada com 32 alunos de uma mesma turma da 1ª série do Ensino Médio, localizada no município de Jundiaí. Por meio de propostas de atividades de resolução de problemas em que procuramos contemplar diferentes variáveis, como o número de soluções do problema, o domínio matemático envolvido, buscamos identificar e analisar as atitudes e estratégias dos alunos nessas situações. Nossa intenção com este trabalho é a de buscar alternativa para a aproximação dos alunos da EJA com a Matemática, utilizando suas experiências cotidianas e superando medos relacionados à própria capacidade de aprender Matemática. Esperamos ainda que nosso trabalho possa ser utilizado por professores que atuam na EJA, ensinando Matemática. Palavras-chave: Resolução de Problemas; Ensino de Jovens e Adultos; Educação Matemática; Inclusão Social. 32. PEGGION, Penélope Priscila. Educação Escolar de Jovens e Adultos e Educação Matemática: desafios para a formação de professores. 2006. 138f. (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo. Orientadora: Stela Conceição Bertholo Piconez. Banca examinadora: Maria Stela Santos Graciani; Maria do Carmo Santos Domite. Resumo: Este trabalho trata de uma pesquisa qualitativa (estudo de caso) que tem como ponto de partida a Educação Escolar de Jovens e Adultos e a Formação de Professores na organização do trabalho pedagógico com Educação Matemática. Investigou a presença de estudos sobre Educação Escolar de Jovens e Adultos na formação inicial e na formação continuada e suas contribuições ao desempenho da Educação Matemática na sala de aula. Os sujeitos da pesquisa são professores do Ciclo I do Ensino Fundamental de EJA pertencentes à Coordenadoria Penha do Município de São Paulo. Fizeram parte também professores do Programa de Educação de Jovens e Adultos do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos e Formação Permanente de Professores da Faculdade de Educação pertencente à Universidade de São Paulo. Com a finalidade de revisar a literatura sobre o tema abordado desenvolveu-se mapeamento de teses e dissertações sobre o tema onde foram pesquisados documentos oficiais (Diretrizes de EJA, Parâmetros Curriculares Nacionais) e documentos escolares (Projeto Político Pedagógico, Plano Escolar, Plano de Aula). Na dimensão da prática foram analisadas as informações obtidas por entrevistas semidirigidas e questionários de caracterização da organização do trabalho pedagógico com Educação Matemática. Forneceu subsídios para pensarmos sobre o processo de formação de professores alfabetizadores de jovens e adultos e sobre as propostas metodológicas a serem utilizadas durante o ensino da Matemática. Esta investigação concluiu que os professores não seguem um referencial metodológico para ensinar Matemática aos jovens e adultos, mesmo porque isso não existe de forma estruturada, mas esses professores criam uma forma própria de lidar com as questões do cotidiano da sala de aula. Concluiu, também, que as práxis desenvolvidas nas escolas refletem uma oscilação entre o discurso teórico da formação inicial geral e continuada e o espontaneísmo de suas práticas diante dos desafios impostos pela heterogeneidade característica dos alunos de EJA. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Educação Matemática; Formação de Professores. 33. RODRIGUES, Ana Maria Sgrott. ... A minha vida seria muito diferente se não fosse a Matemática... O 280 sentido e os significados do ensino de Matemática em processos de exclusão e de inclusão escolar e social na Educação de Jovens e Adultos. 2006. 213f. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas: Processos de Ensino e de Aprendizagem na Área de Educação Matemática) – Núcleo Pedagógico de Apoio ao Desenvolvimento Científico, Universidade Federal do Pará. Orientadora: Rosália Maria Ribeiro de Aragão. Banca examinadora: Salomão Antônio Mufarrej Hage; Tadeu Oliver Gonçalves. Disponível em: <http://repositorio.ufpa.br/jspui/bitstream/2011/1840/5/Dissertacao_VidaDiferenteMatematica.pdf>. Resumo: A presente investigação se configura em termos qualitativos de pesquisa como um estudo de caso dos alunos de uma escola estadual integrante do programa especial de Educação de Jovens e Adultos – EJA. Tais alunos estavam matriculados na 3ª e na 4ª etapas do programa, cujo formato curricular corresponde às quatro últimas séries do Ensino Fundamental de 5ª a 8ª séries, cuja operacionalização concentra conhecimento, espaço e tempo, uma vez que cada etapa é desenvolvida em um ano letivo. A escola escolhida se localiza em área geográfica de ‘ocupação’ cuja comunidade vive na condição de exclusão social, justamente no entorno de duas universidades públicas. Os jovens e adultos originados desse contexto, que estudam nessa escola, vivenciaram uma trajetória escolar marcada por impedimentos de estudar, reprovações e interrupções escolares que os impediram de concluir o Ensino Fundamental. Por essas razões, me propus investigar para conhecer, no âmbito do ensino da Matemática, elementos que contribuem para a (re)inclusão escolar com sucesso desses alunos, bem como elementos que acabam por incidir na sua (re)exclusão escolar, um fenômeno que retroalimenta o processo inevitável de exclusão social desses alunos. Para tanto, assumi a construção de uma trama narrativa relativa ao contexto dessa escola, envolvendo e interagindo dialogicamente os seus sujeitos nesta pesquisa, quais sejam, alunos, professores e funcionários da escola. Considerei suas historicidades e suas interpretações dos eventos pedagógicos vividos por eles em relação ao ensino de Matemática, objetivando produzir outros sentidos, relações e nexos que respondam ao ‘como’ e ao ‘por que’ os elementos de análise destacados contribuem e incidem no processo de inclusão ou exclusão escolar. As análises por mim procedidas possibilitam evidenciar os termos da indiferença escolar e do despreparo docente quer pela desconsideração da história do alunado quer pela visão distorcida de “currículo justo” e “igualdade de oportunidades” na comparação com os alunos legalmente ditos vinculados ao “ensino regular”. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Pesquisa Narrativa; Exclusão/Inclusão Escolar e Social; Educação Matemática de Jovens e Adultos. 34. SILVA, Alessandro Rosa. O livro didático e o discurso do professor no ensino das operações com números inteiros para alunos do ensino de jovens e adultos. 2006. 158f. (Mestrado Profissional em Ensino de Matemática: Tecnologias da Informação e Educação Matemática) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientadora: Janete Bolite Frant. Banca examinadora: Dione Lucchesi de Carvalho; Sandra Maria Pinto Magina. Disponível em: <http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2937> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp009390.pdf>. Resumo: Esta pesquisa teve a preocupação de discutir o papel da linguagem no ensino das operações de números inteiros na Educação de Jovens e Adultos, especificamente o aspecto da compreensão do diálogo instaurado a partir do discurso do professor e do livro didático. Adotamos como referencial teórico o pragmatismo, de acordo com Grice. Segundo este autor existe um conjunto de suposições, ou uma espécie de principio geral, que irá guiar a conduta dos falantes para um uso eficiente da linguagem com fins cooperativos. Estas Máximas Conversacionais especificam como os participantes devem agir em uma conversa cooperativa. As questões que nortearam o trabalho foram: Que ambiente o professor proporciona em sala de aula? Quais materiais o professor escolhe e usa? Como o professor e materiais, utilizados em aula, cooperam para que a interlocução entre ele e seus alunos a respeito das regras de sinais ocorra?. Para tanto, dois questionários foram elaborados e aplicados com doze professores. Estas discussões apontaram que os professores, que participaram deste trabalho, não são claros o suficiente quando tratam das operações com números inteiros, não promovendo um ambiente de diálogo entre eles e os alunos. Analisamos também seis coleções de livros didáticos mais usados pelos professores e observamos dificuldades em manter um diálogo claro entre o seu leitor. Tendo por base tais resultados, este trabalho procurou trazer para a discussão a questão do diálogo e a importância de sua clareza, que vai do discurso do professor em sala de aula, do ambiente que se pode criar em sala de aula que valorize o diálogo claro ou a comunicação clara dos conteúdos até ao livro texto que é apresentado direta ou indiretamente aos seus alunos quando esta tratando das operações de adição e multiplicação de números inteiros e a importância que esta clareza tem na aprendizagem de tal conteúdo matemático. Observando ainda que tal problema surge muitas vezes por falta de materiais alternativos, para o próprio professor, discutimos ainda uma abordagem para o ensino de operações com números inteiros. Palavras-chave: Números Inteiros; Linguagem; Educação de Jovens e Adultos; Pragmática. 281 35. SILVA, Jeane do Socorro Costa da. Matemática na EJA: uma proposta para trabalhadores da construção civil. 2006. 139f. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas: Processos de Ensino e de Aprendizagem na Área de Educação Matemática) – Núcleo Pedagógico de Apoio ao Desenvolvimento Científico, Universidade Federal do Pará. Orientador: Renato Borges Guerra. Banca examinadora: Juaci Picanço da Silva; Francisco Hermes Santos da Silva. Disponível em: <http://repositorio.ufpa.br/jspui/bitstream/2011/1853/1/Dissertacao_MatematicaEJAProposta.pdf>. Resumo: Neste trabalho apresentamos uma proposta de Aprendizagem Significativa em Matemática, na Educação de Jovens e Adultos, para trabalhadores da construção civil. O foco de estudo incide em explorar os saberes profissionais dos trabalhadores da construção civil na construção dos conceitos de medida de área e grandezas diretamente proporcionais. A pesquisa ancora-se em conversas realizadas com pedreiros no canteiro de obras onde identificamos os saberes profissionais que serviram de facilitadores para a passagem do concreto para o abstrato, partindo do cotidiano profissional dos pedreiros, das suas experiências de vida, dos conhecimentos práticos adquiridos em seu trabalho até chegarmos à construção de conceitos matemáticos abstratos. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Aprendizagem Significativa; Educação Matemática; Saber Profissional. 36. SILVA, José Vieira da. As dificuldades do uso do vídeo em aulas de Matemática na EJA no município de Goiana-PE. 2006. 146f. (Mestrado em Ensino das Ciências: Formação de Professores) – Departamento de Educação, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Orientadora: Josinalva Estacio Menezes. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Suely Alves da Silva; Zélia Maria Soares Jófili. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp089579.pdf> e <http://200.17.137.108/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1647>. Neste trabalho temos como objeto de investigação o uso do vídeo e as dificuldades apresentadas por professores e alunos da EJA em Goiana-PE no processo de ensino e aprendizagem da Matemática. Como orientação teórica sobre o uso do vídeo, escolhemos o professor José Manuel Moran e Antônio Ruas Bartolomé, que serviram como apoio ao indicarem suas propostas metodológicas para possíveis superações de uso do referido recurso na sala de aula, como também apontaram literaturas que poderão propiciar novas investigações para inserção dessas e de novas tecnologias, em particular o vídeo e a TV, como ferramenta do professor da EJA no Ensino da Matemática. Como metodologia, adotamos uma abordagem qualitativa contendo análise de dados quantitativos, tomando como campo duas escolas do Município de Goiana e 33 alunos da EJA distribuídos entre as duas escolas, com seus respectivos professores de matemática. A pesquisa em contexto enfoca também alguns entraves: por um lado, o despreparo dos professores que atuam com essa modalidade de ensino, despreparo esse evidenciado nos resultados da pesquisa e, por outro, a falta de acesso desses recursos para os próprios alunos, juntamente com as características inerentes à faixa etária que poderão ter acarretado o baixo nível de formação de conceitos matemáticos. Evidenciamos que houve relativa aceitação dos alunos em relação ao uso do vídeo nas duas salas de aula de matemática da EJA pesquisadas. Evidenciamos também uma pequena diferença de desempenho positivo nos testes dos alunos após o uso do vídeo nas duas salas de aulas de matemática da EJA. Concluímos pela constatação que, alunos com idades abaixo de 25 anos, apresentaram melhores resultados em relação à aceitação do vídeo nas aulas de matemática e também à compreensão do conteúdo matemático abordados nas sessões com o mesmo, do que alunos de 25 anos ou mais. Palavras-chave: Dificuldades de Aprendizagem; TIC; Recursos Didáticos; Educação Matemática; EJA. 37. SILVA, Valdenice Leitão da. Números decimais: no que os saberes de adultos diferem dos de crianças? 2006. 200f. (Mestrado em Educação: Didática de Conteúdos Específicos) – Centro de Educação, Universidade Federal de Pernambuco. Orientadora: Rute Elizabete de Souza Rosa Borba. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Ana Coêlho Vieira Selva. Disponível em: <http://www.bdtd.ufpe.br/bdtd/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5499>. Resumo: Nesta pesquisa foram investigados saberes de adultos e de crianças sobre números decimais. Objetivou-se verificar se, e como, os processos de aprendizagem de crianças e adultos neste campo numérico são distintos, diagnosticando, também, o quanto saberes da práxis social interferem no desempenho de alunos. Significativa quantidade de pesquisa já foi realizada sobre números decimais, dada a complexidade deste conteúdo para os aprendizes. Dentre estes estudos encontram-se os de Porto, 1995; Lerner, 1995; Irwin, 1995; Porto & Carvalho, 2000, sendo apenas neste último investigado o desempenho de alunos adultos. Participaram da investigação 64 estudantes, 32 adultos e 32 crianças, sendo metade destes portadores de escolaridade em números decimais e os demais detentores apenas de experiência extraescolar neste campo numérico. Os alunos participaram de uma entrevista inicial e, em seguida, responderam 16 questões 282 elaboradas com base na Teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud (1995), objetivando observar que significados, representações simbólicas, propriedades e contextos dos números decimais são mais facilmente compreendidos por adultos e por crianças. Os dados revelam muitas diferenças entre os conhecimentos de adultos e os de crianças quanto a números decimais. Observou-se que o desempenho dos adultos foi estatisticamente superior ao das crianças e que mesmo adultos não escolarizados em decimais desempenharam-se bem melhor que crianças que já haviam estudado decimais na escola. Observou-se, também, que tanto para adultos quanto para crianças não houve efeito significativo da escolaridade no uso de formas variadas de representação simbólica, na compreensão dos diferentes significados dados aos decimais, no entendimento de diferentes propriedades de decimais nem na aplicação do conhecimento de decimais a diferentes contextos. No que diz respeito às representações simbólicas utilizadas na resolução dos problemas verificou-se que não houve, nem entre as crianças nem entre os adultos, diferenças significativas de desempenho ao responder as questões oralmente ou por escrito. Quanto aos significados de número decimal, observou-se que crianças não compreendiam bem nenhum dos dois significados presentes nos problemas, e os adultos desempenharam-se melhor quando o significado era o de medida fracionária do que quando o significado era o de decimal enquanto resultante de uma divisão. Para as crianças, os problemas que envolviam propriedades de conversão de decimais foram mais facilmente respondidos que os que envolviam comparação. Os adultos – com ou sem escolarização em decimais – desempenharam-se bem tanto em problemas inseridos no contexto monetário quanto no métrico. Já as crianças apresentaram muito fraco desempenho no contexto métrico e nas entrevistas iniciais mencionaram quase que exclusivamente o contexto monetário como aquele no qual números decimais poderiam ser encontrados. O fato que adultos sem escolaridade no conteúdo conseguem resolver problemas com números decimais quase tão bem quanto os já escolarizados revela, por um lado, o quanto tem influenciado conhecimentos da prática social nesta conceitualização. Por outro lado, a falta de efeito da escolarização no desempenho dos participantes do estudo revela quanto o ensino deste conteúdo precisa ser revisto, de modo a proporcionar aprendizagens significativas aos alunos. Os resultados do estudo apontam para a necessidade de redirecionar, especificamente em números decimais, processos de ensino para as distintas modalidades de ensino. A comparação de desempenhos de adultos e crianças contribui, assim, para destacar a necessidade da escola refletir o tratamento diferenciado a ser dado a alunos de distintos níveis de ensino. Os resultados evidenciam, também, a necessidade de se levantar as compreensões dos alunos antes do ensino formal ao conceito de número decimal para verificar o desenvolvimento do entendimento deste campo numérico fora de espaços escolares. Palavras-chave: Saberes Escolares e da Práxis Social; Ensino Fundamental e EJA; Números Decimais. 38. VALVERDE, Regina Maria Seco de Miranda. Interações em aula de Matemática para jovens e adultos. 2006. 186f. (Mestrado em Linguística Aplicada: Letramento) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas. Orientadora: Angela Del Carmen Bustos R. de Kleiman. Banca examinadora: Anna Regina Lanner de Moura; Maria de Lourdes Meirelles Matencio. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000380061&fd=y>. Resumo: Este trabalho descreve a interação professor-aluno na aula de matemática para a educação de jovens e adultos. Com o intuito de compreender o contexto do ensino de matemática, partimos de uma perspectiva interdisciplinar, para investigar as relações entre a linguagem matemática e a linguagem natural e a importância da análise da interação para o ensino. Com base nas contribuições da sociolinguística interacional para os estudos da interação Gumperz (1972 & 1982), Goffman (1998) e Brown e Levinson (1995), analisamos pistas contextualizadoras diversas e suas funções na promoção de situações de aprendizagem. Verificamos a utilização de mecanismos verbais para a construção de conceitos matemáticos e apresentamos as relações entre o objetivo da aula e o tipo de interação estabelecida. A análise das situações observadas, em 2000, permitiu que se refletisse sobre o papel do professor na escolha de atividades significativas no processo de ensino e aprendizagem e a necessidade do estudo da interação em sala de aula na formação de professores de matemática. Palavras-chave: Interações; Linguagem Matemática; EJA; Linguagem Natural. 39. VIANNA, Sylvia Cristina Barbosa. Em busca de subsídios para o conhecimento da dislexia em alunos da EJA: uma abordagem sobre leitura e cálculo. 2006. 126f. (Mestrado em Linguística: Língua e Sociedade) – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Orientadoras: Maria Cecília de Magalhães Mollica; Marisa Beatriz Bezerra Leal. Banca examinadora: Deize Vieira dos Santos; Adilson Gonçalves; Lúcia Quental. Disponível em: <http://www.letras.ufrj.br/poslinguistica/wp-content/uploads/2012/04/silvia_vianna.pdf>. Resumo: Tendo em vista a realidade das dificuldades para o aprendizado de alunos adultos em processo de alfabetização, o objetivo principal deste trabalho consiste na investigação de dificuldades no que se refere à 283 leitura e à matemática, considerando as possíveis relações entre as duas áreas. Para isso, houve a aplicação de testagens em alunos inseridos no Programa de Alfabetização da UFRJ. Os experimentos abrangem algumas habilidades e conhecimentos prévios considerados fatores cruciais de influência para a aprendizagem. Para proceder à análise dos resultados dos testes tomamos como suporte teórico os autores Ferreiro (1999), Vygotsky (1998), Garcia (1998), Palacios (2004), Scliar-Cabral (2004) e Freire (1997). Constatamos, em linhas gerais, que as dificuldades de aprendizagem em leitura e também em matemática, peculiaridades referem-se à natureza da aprendizagem e influência de fatores extrínsecos. O tempo de afastamento da escola parece influenciar alguns diferenciais em resultados específicos para cada uma das áreas. Palavras-chave: Dificuldades de Aprendizagem; Leitura; Cálculo; Alfabetização de Jovens e Adultos. Ano de 2007 40. ARAÚJO, Nelma Sgarbosa Roman de. A Educação de Jovens e Adultos e a resolução de problemas matemáticos. 2007. 171f. (Mestrado em Educação para a Ciência e o Ensino de Matemática: Formação de Professores, Renovação Curricular e Avaliação Escolar) – Centro de Ciências Exatas, Universidade Estadual de Maringá. Orientadoras: Doherty Andrade; Regina Maria Pavanello. Banca examinadora: Dione Lucchesi de Carvalho; Luzia Marta Bellini. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp028302.pdf>. Resumo: Neste trabalho, foram estudados os fatos que colaboram ou dificultam a interpretação e a resolução de problemas matemáticos escolares por alunos do sistema de Educação de Jovens e Adultos, que estavam cursando a Fase II do Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Os sujeitos foram submetidos a uma entrevista clínica semiestruturada, com proposta de resolução de problemas que envolviam conceitos e conhecimentos matemáticos elementares, individualmente. Os resultados obtidos indicaram que a complexidade envolvida no ato de resolução de problemas extrapola a questão da fluência na leitura ou da utilização ou não de certas estratégias ou conhecimentos conceituais isolados. Percebemos que a compreensão dos enunciados dos problemas e as consequentes abordagens adequadas são dependentes de vários fatores, dentre os quais citamos a compreensão dos termos dos enunciados, os conhecimentos prévios daqueles que tentam resolvêlos e a coordenação das informações essenciais contidas no enunciado. Foi possível supor que, do ponto de vista matemático, o tempo de escolaridade a mais dos alunos do grupo II parece não proporcionar influência alguma, ou seja, não possibilitou ampliação dos conhecimentos que os sujeitos trouxeram da vida; enquanto que o fato de alguns alunos usarem determinados conhecimentos matemáticos na prática, demonstrou permitir maior facilidade na mobilização de procedimentos para a resolução e explicação dos problemas. Em decorrência dos resultados obtidos, surge uma indagação que poderá ser foco de um próximo trabalho, qual seja: Se repetíssemos essa pesquisa com um número maior de pessoas, e se os resultados se repetissem, o que isso nos indicaria? Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Interpretação e Resolução de Problemas Matemáticos; Linguagem. 41. BASTOS, Antonio Sergio Abrahão Monteiro. Noções de porcentagem, de desconto e de acréscimo na Educação de Jovens e Adultos. 2007. 141f. (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática: Elementos e Metodologias de Ensino de Física e Matemática) – Universidade Cruzeiro do Sul. Orientadora: Edda Curi. Banca examinadora: Armando Traldi Júnior; Rosemary Aparecida Santiago. Disponível em: <http://sites.cruzeirodosulvirtual.com.br/pos_graduacao/trabs_programas_pos/trabalhos/Mestrado_Ensino_de_Ciencias_ e_Matematica/MESTRADO-Antonio%20S%E9rgio%20Abrah%E3o%20Monteiro%20Bastos_56.PDF>. Resumo: O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo diagnóstico com os alunos da EJA sobre questões relacionadas à Matemática Financeira no sentido de fazer uma intervenção para que estes alunos apropriem-se dessas noções. Em termos de Matemática Financeira, optou-se por trabalhar as noções de porcentagem, de desconto e acréscimo. A pesquisa foi de caráter qualitativo, com análise dos documentos oficiais que discutem o ensino de Matemática para Jovens e Adultos e duas coleções de livros didáticos recomendados pelo Programa Nacional do Livro Didático. Seu propósito foi saber se esse material apresenta tópicos relacionados à Matemática Financeira, envolvendo noções básicas de porcentagem, desconto e acréscimo. Além disso, foram estudados textos de educadores matemáticos que discutem o papel da Matemática na formação do cidadão. A pesquisa com os alunos envolveu dois instrumentos diagnósticos e um processo de intervenção. Aproveitou-se para identificar o perfil desses alunos e suas relações com a Matemática. Entre os resultados, foi possível destacar, com base na análise da pesquisa, que os alunos da EJA, de modo geral, não têm conhecimentos suficientes dos tópicos da Matemática Financeira que lhes permitam enfrentar situações do cotidiano, mesmo as que envolvem conceitos ou procedimentos elementares. 284 No entanto, a intervenção realizada possibilita um trabalho de parceria com esses alunos, contemplando os conteúdos apontados no diagnóstico como problemáticos que atenderam de maneira adequada aos anseios dos jovens e adultos que retornaram à escola. Constatou-se ainda que a abordagem dos temas porcentagem, desconto e acréscimo é “tímida” nos documentos curriculares oficiais atuais. Assim, a apresentação desses temas deve ser contextualizada em situações vivenciadas pelo alunado, mas observou-se na pesquisa que os livros didáticos nem sempre abordam dessa maneira. Considera-se a importância de realizar ações mais efetivas no âmbito educacional para melhorar a formação do exercício de cidadania desses jovens e adultos. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Educação Matemática; Matemática Financeira; Cidadania. 42. CABRAL, Viviane Ribeiro de Souza. Relações entre conhecimentos matemáticos escolares e conhecimentos do cotidiano forjadas na constituição de práticas de numeramento na sala de aula da EJA. 2007. 169f. (Mestrado em Educação: Educação Matemática) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca. Banca examinadora: Alexandrina Monteiro; Maria Amélia Gomes de Castro Giovanetti; Maria Laura Magalhães Gomes. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/FAEC-854HK6/disserta__o.pdf?sequence=1>. Resumo: Neste estudo, analisamos relações estabelecidas pelos alunos e pelas alunas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) entre conhecimentos matemáticos veiculados pela escola e aqueles que se forjam em instâncias diversas da vida social. Tais relações são flagradas nas (e reconhecidas como constituintes das) práticas de numeramento mobilizadas em interações discursivas das situações de ensino-aprendizagem escolares. Inspirado na obra de Paulo Freire e buscando subsídios em reflexões produzidas em estudos que adotam uma Abordagem Etnomatemática, o desenvolvimento desta investigação obrigou-nos a abandonar a expressão “conhecimento prévio” e a adotar a perspectiva de conhecimento como construção social, fruto dos diálogos, por vezes conflituosos, por vezes conciliadores, entre modos de conhecer. Palavras-chave: Conhecimentos Matemáticos; Sala de Aula; EJA; Numeramento. 43. CAMARGO, Marco Antonio de. Telecurso 2000: uma análise da articulação da matemática escolar e do cotidiano nas tele-aulas. 2007. 150f. (Mestrado em Educação: Matemática, Cultura e Práticas Pedagógicas) – Universidade São Francisco. Orientadora: Alexandrina Monteiro. Banca examinadora: Corinta Maria Grisólia Geraldi; Jackeline Rodrigues Mendes. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp030308.pdf>. Resumo: Neste trabalho buscamos analisar a partir do material do Telecurso 2000, as concepções de matemática, bem como de “saber cotidiano” que fundamentam os discursos produzidos nas tele-aulas de matemática bem como procuramos problematizar as relações entre a matemática escolar e não escolar (cotidiano). No decorrer dessa empreitada nos apoiamos na história da política educacional brasileira destinada para a Educação de Jovens e Adultos – EJA, na análise de alguns dos principais projetos educacionais voltados a EJA e, em especial aquelas relacionadas com Ensino a Distância – EAD, no qual se inclui o Projeto Telecurso 2000. Criado em 1995, o Projeto Telecurso 2000, é fruto da parceria entre a Fundação Roberto Marinho – FRM, a Federação das Indústrias de São Paulo – FIESP, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI/SP, o Serviço Social da Indústria – SESI. Tomamos como referência teórica os estudos advindos dos campos da “Etnomatemática” e dos Estudos Curriculares. Esse trabalho enquadra-se numa abordagem “qualitativa” e, como recurso procedimental, terá a coleta dos vídeos/aulas de matemática que compõem o Telecurso 2000 e análise documental da produção do material didático que compõe os telecursos. Essa análise documental tem como objetivo contribuir para a análise e produção das propostas curriculares da EJA, em especial no campo Educação Matemática. Na finalização desse trabalho, concluímos que o projeto Telecurso 2000 se propõe a valorizar esse saber cotidiano, reconhecendo-o e, utilizando-o como proposta curricular para as tele-aulas. Entretanto, nessa análise, percebemos que esse propósito não ocorre, pois nas tele-aulas de matemática, os desenvolvimentos partem sempre de situações problemas típicos do que ocorrem no cotidiano, porém, para resolvê-las somente é utilizado o conhecimento institucionalizado, ou seja, o escolar. Desse modo, o que ocorre nas fitas do telecurso é uma escolarização do cotidiano. Palavras-chave: Telecurso 2000; Educação de Jovens e Adultos (EJA); Ensino a Distância (EaD); Etnomatemática; Educação Matemática. 44. CASTRO, Márcia Prado. O Projeto Minerva e o desafio de ensinar Matemática via rádio. 2007. 105f. (Mestrado Profissional em Ensino de Matemática: História, Epistemologia e Didática da Matemática) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientador: Ubiratan D’Ambrosio. Banca examinadora: Vera Lucia Xavier Figueiredo; Célia Maria Carolino Pires. Disponível em: <http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=4942>. 285 Resumo: O presente estudo teve como objetivo investigar a história do Projeto Minerva, resgatando a disciplina matemática. Para isto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, documental e entrevistas. Foi feito um relato a respeito da radiodifusão brasileira e mundial e, também, da Educação a Distância, destacando as figuras do padre Roberto Landell de Moura e Edgard Roquette Pinto. O estudo mostrou a importância do Projeto Minerva, que foi um Curso Supletivo de 1º e 2º graus, via rádio no início de 1970 e retratou suas principais características e a disciplina matemática que dele fazia parte. As questões que orientaram a pesquisa foram: Qual a importância da recuperação histórica de um projeto pioneiro via rádio (Projeto Minerva) de dimensão nacional? Quais os limites e problemas encontrados no curso de matemática no Projeto Minerva? Com a análise do conjunto de dados, foi possível resgatar a experiência de uma rádio educativa na disciplina de matemática e verificar que seu grande desafio foi transpor uma aula de matemática para a linguagem radiofônica; o redator com dificuldade para fazer um roteiro que o locutor pudesse entender e a complexidade deste para dar a entonação, a fim de que o texto pudesse ser entendido pelos alunos. Palavras-chave: Educação a Distância; Rádio; Matemática; Projeto Minerva. 45. CHERINI, Claudinéia Passarelli. A prática social da culinária: algumas reflexões na construção curricular da Matemática na Educação de Jovens e Adultos. 2007. 179f. (Mestrado em Educação: Matemática, Cultura e Práticas Pedagógicas) – Universidade São Francisco. Orientadora: Alexandrina Monteiro. Banca examinadora: Sonia Giubilei; Jackeline Rodrigues Mendes. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp083964.pdf>. Resumo: A presente dissertação discute a prática social da culinária de um grupo de alunos da EJA que estudam numa escola pública municipal na cidade de Mogi Guaçu, no interior de São Paulo. O objetivo é analisar a prática social da culinária na perspectiva da Etnomatemática, visando contribuir para uma discussão curricular da matemática na Educação de Jovens e Adultos. A abordagem metodológica utilizada foi qualitativa e usou procedimentos de questionários e entrevistas. Participaram como sujeitos de pesquisa quatro alunos. O arcabouço teórico está alicerçado no campo da Etnomatemática e das teorias curriculares críticas. Nossas análises apontam que o ensino da matemática na Educação de Jovens e Adultos, ao valorizar apenas a matemática escolar e excluir a matemática produzida em outras práticas, como a prática da culinária, limita o envolvimento e a participação de muitos alunos no processo de escolarização. Daí deriva a exclusão não apenas de saberes, mas também dos sujeitos que os produzem. Defendemos, a partir disso, que o currículo da Matemática escolar passe a considerar saberes produzidos em outras práticas sociais, a partir da discussão e da valorização dos procedimentos e das linguagens e que os constituem. Palavras-chave: Etnomatemática; Prática Social da Culinária; Educação de Jovens e Adultos; Currículo. 46. FARIA, Juliana Batista. Relações entre práticas de numeramento mobilizadas e em constituição nas interações entre os sujeitos da Educação e Jovens e Adultos. 2007. 335f. (Mestrado em Educação: Educação Matemática) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadoras: Maria Laura Magalhães Gomes; Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca. Banca examinadora: Jackeline Rodrigues Mendes; Aracy Alves Martins. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/FAEC-854NME>. Resumo: Neste trabalho, analisamos relações entre práticas de numeramento que se estabelecem nas, e estabelecem as, interações entre os sujeitos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), no intuito de compreender como se mobilizam e se constituem práticas de numeramento em eventos de numeramento ocorridos na sala de aula da EJA. Tais práticas foram flagradas nas interlocuções entre educandos e educadores, ocorridas em situações de ensino-aprendizagem de matemática, em uma escola pública municipal de Belo Horizonte, no nível de ensino correspondente ao segundo segmento da Educação Fundamental. Nessa escola, a Proposta Político-Pedagógica voltada para o Ensino Fundamental da EJA se organiza por meio de projetos de trabalho. Os conceitos de eventos e práticas de numeramento foram delineados tomando-se como referência estudos dos campos do Letramento e da Educação Matemática, sobretudo da Etnomatemática. A análise empreendida sobre a mobilização/constituição de práticas de numeramento, entendida como um fenômeno discursivo, considera a dimensão sociocultural do numeramento e busca identificar, por intermédio da análise de relações entre práticas de numeramento, as intenções pragmáticas, os discursos e os posicionamentos assumidos pelos sujeitos nas interações que acontecem na sala de aula da EJA. Buscamos evidenciar, particularmente, as intenções, motivações e expectativas dos educandos jovens e adultos que concorrem para o estabelecimento de tais relações, fundamentando-nos em estudos do campo da Educação de Jovens e Adultos, em especial, da Educação Matemática de Jovens e Adultos Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Educação; Matemática; Etnomatemática; Letramento; Numeramento. 286 47. GOMES, Adriana Aparecida Molina. Aulas investigativas na Educação de Jovens e Adultos (EJA): o movimento de mobilizar-se e apropriar-se de saber(es) matemático(s) e profissional(is). 2007. 189f. (Mestrado em Educação: Matemática, Cultura e Práticas Pedagógicas) – Universidade São Francisco. Orientadora: Adair Mendes Nacarato. Banca examinadora: Maria Teresa Menezes Freitas; Regina Célia Grando. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp030293.pdf>. Resumo: A presente pesquisa foi realizada na 5ª e na 6ª séries da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na rede pública do município de Itatiba. Centra-se num contexto de realização de tarefas exploratórioinvestigativas em aulas de matemática. Trata-se de tarefas que envolvem problemas do tipo “aberto”, nas quais os alunos lançam mão de conjecturas e buscam a validação destas. Sua riqueza reside na variedade de estratégias, nos processos de argumentação, na validação e na comunicação de ideias que emergem durante o trabalho. Este estudo visa analisar a mobilização e a produção dos conhecimentos matemáticos gerados em contexto de realização de tarefas exploratório-investigativas de conteúdos matemáticos, assim como verificar quais são as contribuições trazidas por essa metodologia para o processo de ensino da matemática e para a constituição profissional e pessoal da professora-pesquisadora, tendo como questão central: “Que saberes são gerados e mobilizados em contextos de aulas com tarefas exploratório-investigativas de conteúdos matemáticos para a professora-pesquisadora e para os alunos?”. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso, cujos instrumentos foram: produções e registros dos alunos em grupo; relatórios produzidos individualmente sobre as aulas; entrevistas semiestruturadas com alguns sujeitos; áudios-gravação de discussões em sala de aula; diário e notas de campo da professora-pesquisadora. Para a análise das informações realizou-se a triangulação de instrumentos, levantando indicações para a definição das categorias de análise. Este texto organiza-se da seguinte maneira: no primeiro capítulo apresentam-se a pesquisa e a sua metodologia; o segundo capítulo traz a trajetória profissional da professora-pesquisadora; o terceiro capítulo apresenta a EJA como um espaço comunicacional, relacional, temporal e cultural; o capitulo quarto traz o campo da resolução de problemas e as investigações matemáticas; o quinto capitulo apresenta as categorias de análise: mobilização dos jovens e adultos para o fazer matemático, a comunicação de ideias presentes na realização de tarefas exploratório-investigativas e a pesquisa da própria prática; o sexto traz alguns alinhavos e arremates. A análise, centrada na perspectiva histórico-cultural, possibilitou constatar que o contexto de tarefas exploratório-investigativas em salas de aula de EJA — que possibilitou a pesquisa da própria prática pela professora-pesquisadora — permite que os jovens e os adultos tenham voz, expressem suas ideias e seus pensamentos matematicamente, propiciando o desenvolvimento da autonomia intelectual e crítica e, consequentemente, sua inclusão social e educacional. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos (EJA); Investigações Matemáticas; Pesquisa da Própria Prática. 48. GOMES, Maria José. Profissionais fazendo matemática: o conhecimento de números decimais de alunos pedreiros e marceneiros da Educação de Jovens e Adultos. 2007. 204f. (Mestrado em Educação: Didática de Conteúdos Específicos) – Centro de Educação, Universidade Federal de Pernambuco. Orientadora: Rute Elizabete de Souza Rosa Borba. Banca examinadora: Gilda Lisbôa Guimarães; Mônica Maria Lins Lessa. Disponível em: <http://www.bdtd.ufpe.br/bdtd/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5674>. Resumo: No presente estudo, investigamos o conhecimento matemático de alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), com profissões de pedreiros e marceneiros, acerca de números decimais. Objetivamos identificar as estratégias pessoais utilizadas por estes alunos na resolução de problemas envolvendo números decimais, bem como observar a possibilidade de aplicação dos conhecimentos utilizados na resolução de uma situação de contexto familiar (construção civil ou marcenaria) para outras situações-problema que envolviam contextos pouco ou não familiares (construção civil ou marcenaria e agricultura) aos alunos. Significativa quantidade de pesquisa já foi realizada sobre números decimais. Dentre estes, encontram-se Porto (1995); Silva, Silva, Borba, Aguiar e Lima (2000); Rodrigues (2003); Cunha e Magina (2004); NEPEM (2004); Borba, Selva, Spinillo e Souza (2004); Selva e Borba (2005) e Silva (2006). Poucos estudos, porém , focaram o aluno da EJA e este estudo se propões a investigar o conhecimento de decimais nesta modalidade de ensino. Participaram da investigação oito estudantes, sendo quatro pedreiros e quatro marceneiros, alunos dos Módulos I e II da Educação de Jovens e Adultos. Os participantes realizaram uma atividade com 12 situações problemas envolvendo o conceito de números decimais relacionado aos conceitos de área e de perímetro. Os dados foram coletados por meio de entrevistas clínicas piagetianas, pois focamos as estratégias de cálculo utilizadas pelos alunos para chegar à solução do problema proposto. De forma geral, os resultados deste estudo revelaram que: De forma geral, os resultados deste estudo revelaram que: • os alunos pedreiros e marceneiros, participantes do estudo, sem instrução formal a respeito de números decimais, resolveram com sucesso os problemas propostos, buscando referências na sua experiência profissional, e evidenciaram uma excelente compreensão deste conceito, bem como dos conceitos de área e de perímetro, demonstrado pela compreensão implícita nos problemas, quando elaboraram corretamente estratégias de resoluções; • os 287 participantes, de forma geral, utilizaram os algoritmos convencionais e o cálculo escrito para realização das operações com números decimais, porém, em algumas situações, optaram em desenvolver algumas heurísticas pessoais para a realização das operações, especialmente em subtrações • participantes aplicaram os conhecimentos sobre números decimais também nas situações pouco ou não familiares a estes, evidenciando a possibilidade de transferência e de ampliação dos conhecimentos já construídos pelos alunos. Os resultados da pesquisa apontam para a necessidade de resgate e valorização do conhecimento do aluno da EJA em relação aos conceitos matemáticos, especificamente o de números decimais, dentro do contexto escolar; e para a possibilidade de um diálogo intercultural entre os saberes cientifico e o construído na prática profissional (considerado "popular") no âmbito da sala de aula, oportunizando, possivelmente, a troca de conhecimentos, a cooperação mútua entre alunos e entre alunos e professor (a) e principalmente, um avanço na aprendizagem do conceito de números decimais. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Prática Profissional; Educação Matemática; Números Decimais. 49. INCHEGLU, Joni Matos. Uma proposta de educação matemática crítica e o resgate da cidadania junto aos alunos da EJA. 2007. 91f. (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática) – Universidade Cruzeiro do Sul. Orientadora: Iara Regina Bocchese Guazzelli. Banca examinadora: Célia Maria Benedicto Giglio; Celi Espasandin Lopes. Disponível em: <http://sites.cruzeirodosulvirtual.com.br/pos_graduacao/trabs_programas_pos/trabalhos/Mestrado_Ensino_de_Ciencias_e_Matematica/ MESTRADO-Joni%20Matos%20Incheglu_75.PDF>. Resumo: A Educação matemática crítica é percebida, hoje, como uma mediação imprescindível para o resgate da dignidade, da autoestima humana e da cidadania, especialmente junto àqueles que foram privados ou excluídos da escola na infância e na juventude. A presente pesquisa se propôs investigar, junto a alunos da Educação de Jovens e Adultos – EJA, em uma escola municipal da periferia da Região Leste de São Paulo, as possibilidades, os desafios e os entraves para se desenvolver uma educação matemática crítica. Adotou como estratégia metodológica o diálogo, em pesquisa-intervenção que se desdobrou em duas etapas: a primeira, em sala de aula, através de um projeto coletivo de reforma da moradia com alunos da 5ª série do Ensino Fundamental; a segunda etapa, através de um grupo de estudos com 04 senhoras, três delas alunas da EJA, realizado na residência de uma delas. A iniciativa de propor, calcular e acompanhar reformas em suas moradias, no quadro de uma metodologia fundamentada no diálogo, trouxe aos alunos da EJA a valorização enquanto sujeitos autônomos, capazes de promover e implementar melhorias em suas condições de vida e de participar na construção da cidadania, em dimensões mais abrangentes. Durante o desenvolvimento do projeto coletivo e do grupo de estudos, foram resgatadas formas de resolução de problemas oriundas das experiências anteriores dos alunos em situações do cotidiano, o que representa, não só uma adaptação ao meio, mas também uma manifestação cultural específica. Ao valorizar o universo cultural dos alunos por meio do resgate de suas experiências e vivências anteriores, a pesquisa contribuiu para o desenvolvimento de um ambiente pedagógico favorável a uma educação matemática crítica que incorpora dimensões apontadas pelo programa de pesquisa em etnomatemática. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Educação Matemática; Cidadania; Ensino Fundamental – Aspectos Sociais; Matemática – Aspectos Sociais e Culturais. 50. LIMA, Priscila Coelho. Constituição de práticas de numeramento em eventos de tratamento da informação na Educação de Jovens e Adultos. 2007. 114f. (Mestrado em Educação: Educação Matemática) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca. Banca examinadora: Celi Espasandin Lopes; Maria Manuela Martins Soares David. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/FAEC-85JHGZ/1000000646.pdf?sequence=1>. Resumo: Esta pesquisa analisa a mobilização e a constituição de práticas de numeramento em eventos de Tratamento da Informação na Educação de Jovens e Adultos. Para tanto, acompanhamos a realização de uma pesquisa de opinião por alunos do Projeto de Ensino Fundamental de Jovens e Adultos da UFMG – Segundo segmento – (PROEF-2), atividade vinculada ao Projeto Nossa Escola Pesquisa sua Opinião – NEPSO. Observamos de maneira especial os encontros nos quais os alunos e as alunas dedicavam-se à contagem, ao tratamento e à organização dos dados produzidos a partir da pesquisa que propuseram, no sentido de identificar estratégias, questionamentos, inferências e conclusões elaboradas no e para o tratamento das informações produzidas. Nesse sentido, analisamos a mobilização e constituição de práticas de numeramento no confronto das expectativas, saberes e vivências dos alunos com as concepções e vivências dos demais colegas e com o conhecimento matemático escolar, na elaboração de relações com a quantificação, impregnadas de valores, de caráter político, social, econômico e cultural. Palavras-chave: Práticas de Numeramento; Tratamento da Informação; Educação de Jovens e Adultos. 288 51. MIGLIORINI, Patrícia Antonieta de Melo Moura. O fracasso escolar na disciplina de Matemática no curso de Educação de Jovens e Adultos – SESI/Sorocaba. 2007. 167f. (Mestrado em Educação: Trabalho Docente) – Universidade de Sorocaba. Orientador: Fernando Casadei Salles. Banca examinadora: Niura Aparecida de M. R. Padula; Wilson Sandano. Disponível em: <http://educacao.uniso.br/prod_cientifica/alunos/dissertacoes_2008_news/fracasso_matematica.pdf>. Resumo: O trabalho investiga o fracasso escolar na disciplina de Matemática no curso de EJA do SESI, na cidade de Sorocaba. A pesquisa desenvolveu-se segundo uma metodologia do tipo qualitativa, privilegiando a bibliografia e levantamentos de dados estatísticos já existentes na educação de jovens e adultos, especialmente em relação à aprendizagem matemática. A investigação apoia-se em dados obtidos em entrevistas e aplicação de questionários com alunos (as) e ex-alunos (as) do ensino médio da EJA – Metodologia Telecurso 2000, que não obtiveram o aproveitamento mínimo exigido na realização do exame de Matemática entre os anos de 2005 a 2007 . A conclusão principal é a de que não existe uma só explicação cabal para o fenômeno do fracasso escolar Ele é resultante da integração de várias forças que englobam problemas sociais, cognitivos, econômicos e culturais que cada aluno apresenta. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Matemática; Fracasso Escolar. 52. NOBRE, Alena Pimentel Mello Cabral. Realismo nominal e consciência metalinguística no processo de alfabetização de adultos e crianças. 2007. 132f. (Mestrado em Psicologia Cognitiva: Comunicação Oral e Escrita) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Pernambuco. Orientador: Antonio Roazzi. Banca examinadora: Gilda Lisboa Guimarães; Síntria Labres Lautert. Disponível em: <http://www.bdtd.ufpe.br/tedeSimplificado//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=7095> e <http://www.bdtd.ufpe.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=9398>. Resumo: Embora alguns estudos já tenham investigado a interferência do realismo nominal nas habilidades de leitura, são realizadas poucas pesquisas em busca de compreender outras possíveis correlações. Além disso, estas pesquisas são, em geral, realizadas com amostras de crianças. Visando analisar outras possibilidades, este estudo tem como objetivo medir a relação da consciência linguística e realismo nominal entre as atividades de leitura, escrita e matemática. Foram examinados no total, 54 sujeitos da rede estadual da cidade de Recife. Destes, 39 eram crianças da primeira, segunda e quarta série, e 15 eram adultos da primeira etapa do primeiro ciclo da educação de jovens e adultos. A amostra foi submetida à atividades de leitura e escrita de palavras e pseudopalavras, subteste de vocabulário WISC, tarefa de realismo nominal e uma tarefa de matemática. Os resultados foram analisados através de correlações, testes de homogeneidade, e regressões logísticas. Os dados evidenciaram que o realismo nominal apresenta correlação com as variáveis de leitura (r = 0,593 e p < 0.01) e escrita (r = 0,702 e p < 0.01) e matemática (r = 0,670 e p < 0.01). Confirmam-se, então, os resultados de estudos anteriores que afirmam que a compreensão da arbitrariedade entre significados e significantes, está associada a um melhor desempenho de leitura e a evolução das hipóteses de escrita. Um importante aspecto a ser ressaltado é que os dados trazem como descoberta a relação entre a matemática e o realismo nominal . No que se refere aos resultados das regressões, foi evidenciado que a consciência metalinguística prediz as variáveis relacionadas ao desempenho nos subtestes do WISC, matemática e ditado de não palavras. Conclui-se, portanto, a importante contribuição de habilidades linguísticas como também de habilidades lógico-matemáticas na superação do realismo nominal. Palavras-chave: Consciência Metalinguística; Escrita; Leitura; Matemática; Realismo Nominal. 53. OLIVEIRA, Edimilson Antonio de. Concepções de professores e alunos sobre resolução de problemas abertos como estratégia de ensino e aprendizagem da Matemática na Educação de Jovens e Adultos: um estudo de caso de uma escola de Ceilândia-DF. 2007. 201f. (Mestrado em Educação: Dinâmica Curricular e Ensino-Aprendizagem) – Universidade Católica de Brasília. Orientador: Robert Kenyon Walker. Banca examinadora: Cristiano Alberto Muniz; Afonso Celso Tanus Galvão. Disponível em: <http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=606>. Resumo: A presente pesquisa realiza um estudo sobre o Ensino da Matemática no curso de Educação de Jovens e Adultos, na perspectiva das didáticas da resolução de problemas. Neste sentido, analisa a partir da Metodologia de Resolução de Problemas Abertos, como esta pode contribuir para uma aprendizagem efetiva da matemática aos educandos e oferecer subsídios essenciais para uma compreensão e intervenção ativas junto aos problemas reais, na perspectiva de professores da Educação de Jovens e Adultos. Como base conceitual para análise escolheu-se as categorias resolução de problemas, problemas matemáticos e aprendizagem efetiva buscando sempre o diálogo e a interdependência entre elas. Os dados da pesquisa foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com os professores e um questionário aplicado aos educandos de uma turma da 5ª série do Ensino Fundamental da Educação de Jovens e Adultos. Constatou-se, por meio dos depoimentos dos docentes, que as práticas pedagógicas no Ensino da Matemática, 289 particularmente o objeto deste estudo (didática da resolução de problemas), desenvolvido por esses professores em sala de aula não se ajustam às necessidades, e tão pouco levam em conta os conhecimentos e habilidades dos alunos. Grande parte dos professores levanta boas expectativas em relação a seus alunos, querem que eles não só entendam a matéria, mas que também desenvolvam habilidades de pensamento de ordem superior, tais como análise, raciocínio e resolução de problemas. No entanto, o trabalho pedagógico cotidiano realizado pelos docentes em sala de aula induz os alunos a um processo de aprendizagem tão somente de ideias superficiais e habilidades de baixo nível de aproveitamento escolar (aprendizagem por repetição). Conclui-se, a partir dos resultados desta pesquisa, que a Metodologia de Resolução de Problemas Abertos é intrínseca ao processo ensino-aprendizagem. Neste contexto, o Ensino da Matemática por meio da Resolução de Problemas não é um fim em si mesmo, mas uma das muitas perspectivas e um meio de adquirir novos saberes em outras áreas do conhecimento bem como em contextos reais. Finalmente, esta pesquisa revela que a Metodologia de Resolução de Problemas Abertos é uma estratégia didática que pode auxiliar os educandos no seu processo de aprendizagem. Palavras-chave: Resolução de Problemas; Ensino da Matemática; Aprendizagem; Educação de Jovens e Adultos. 54. PANCIERA, Letícia Menezes. A etnomatemática e os saberes cotidianos dos alunos da Educação de Jovens e Adultos. 2007. 137f. (Mestrado Profissional em Ensino de Física e de Matemática: Trabalho Pedagógico e Ensino de Matemática) – Centro Universitário Franciscano. Orientadora: Maria Arleth Pereira. Banca examinadora: Marcio Violante Ferreira; Rosane Carneiro Sarturi. Disponível em: <http://tede.unifra.br/tde_arquivos/3/TDE-2008-02-01T121517Z-21/Publico/Leticia%20Menezes%20Panciera.pdf>. Resumo: Este trabalho é resultado de um estudo que envolveu um relato de experiência com o emprego da abordagem Etnomatemática. A temática centrou-se nos valores das práticas vivenciadas pelos alunos da etapa cinco da Educação de Jovens e Adultos (EJA), de uma escola estadual, da região central do Rio Grande do Sul. O objetivo neste foi desenvolver, analisar e interpretar a inter-relação dos conceitos matemáticos, trabalhados em sala de aula e aprendidos pelos alunos, a partir das diferentes situações vivenciadas por esses jovens adultos em seus ambientes de trabalho e de seus interesses. Neste estudo, trazemos as questões dos afazeres e da vivência cotidiana em geral para sala de aula, envolvendo os diferentes saberes matemáticos e valores profissionais construídos por esses alunos, enquanto trabalhadores, a fim de estabelecer a conexão com o conhecimento matemático construído e elaborado pela base científica. O processo metodológico caracterizou-se pela análise teórica, questionário, observação participante e pela entrevista semiestruturada com os alunos. Esses procedimentos foram significativos para a análise do desenvolvimento da experiência pedagógica desenvolvida neste contexto. As evidências registradas revelam que o conhecimento matemático do ponto de vista cognitivo, quando conectado com o saber fazer de um grupo profissional, valoriza o aluno como sujeito e acrescenta-lhe valores culturais. Os resultados confirmaram que é possível relacionar o conhecimento matemático, construído no contexto do saber da experiência de um grupo social, ao modo de compreender e explicar as relações quanti-qualitativas. A Etnomatemática, por meio de suas múltiplas possibilidades, pode contribuir para a construção de uma aprendizagem significativa e uma prática pedagógica transformadora. Para a nossa experiência, como professora e pesquisadora da EJA, foi possível fortalecer a nossa prática, a partir de várias situações vivenciadas durante as experiências realizadas nesse contexto. Palavras-chave: Etnomatemática; Saber Cotidiano; Ambientes de Trabalho; Aprendizagem Significativa; EJA. 55. RIBEIRO, Emerson da Silva. Concepções de professores em avaliação, educação matemática e Educação de Jovens e Adultos: buscando interfaces. 2007. 251f. (Mestrado em Educação: Educação em Ciências) – Instituto de Educação, Universidade Federal de Mato Grosso. Orientadora: Marta Maria Pontin Darsie. Banca examinadora: Anna Regina Lanner de Moura; Irene Cristina de Mello. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp046248.pdf>, <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp046248.pdf> e <http://www.ie.ufmt.br/ppge/dissertacoes/index.php?autor_nome=emerson+da+silva+ribeiro&ano_base=&palavra_chave=&orientador= >. Resumo: Este trabalho se insere no âmbito das pesquisas que buscam aprofundar a compreensão e desvelar a realidade da avaliação e da Educação Matemática no contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Incidi sobre a problemática investigativa: quais as interfaces possíveis de serem estabelecidas entre as concepções de avaliação, de Educação Matemática e de Educação de Jovens e Adultos de professores que atuam em uma escola pública de Cuiabá voltada exclusivamente ao atendimento dessa modalidade. Esta pesquisa alicerçouse nos pressupostos teóricos de autores que se dedicam aos estudos sobre a EJA, a Educação Matemática e a Avaliação Escolar, contribuindo para a construção de teorias sobre essas áreas. A metodologia fundamentouse na abordagem de investigação qualitativa, tendo em vista as suas potencialidades em possibilitar ao 290 investigador a busca da explicação aprofundada e da compreensão de fenômenos complexos, como os que fazem parte do contexto educacional. Tendo como sujeitos da pesquisa três professores de Matemática da EJA, este trabalho se utilizou de quatro questionários e uma entrevista semiestruturada como instrumentos de coleta de dados, que foram aplicados junto a cada um dos professores participantes da pesquisa. O primeiro questionário teve por objetivo caracterizar alguns dados pessoais, a formação acadêmica e a experiência profissional destes sujeitos. Os outros três questionários e a entrevista permitiram obter informações sobre as concepções dos sujeitos pesquisados a respeito da avaliação e do processo de ensino-aprendizagem da Matemática na EJA, e também acerca dessa modalidade. Para a análise das informações obtidas a pesquisa baseou-se na perspectiva da abordagem interpretativa. Os resultados desse estudo revelam que os significados atribuídos pelos sujeitos pesquisados para cada uma das áreas constituintes da tríade EJA, Educação Matemática e Avaliação se relacionam entre si, demonstrando haver interfaces entre as concepções dos professores participantes da pesquisa para cada um dos temas em discussão nessa investigação. Esses resultados evidenciam ainda a presença dos pressupostos teóricos do velho e do novo modelo de educação nas concepções dos sujeitos da pesquisa, mesmo que em alguns casos um modelo predomine sobre o outro. Palavras-chave: Concepções Docentes; Avaliação; Educação Matemática; EJA. 56. ROZAL, Edilene Farias. Modelagem Matemática e os temas transversais na Educação de Jovens e Adultos. 2007. 164f. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas: Processos de Ensino e de Aprendizagem na Área de Educação Matemática) – Núcleo Pedagógico de Apoio ao Desenvolvimento Científico, Universidade Federal do Pará. Orientador: Adilson Oliveira do Espírito Santo. Banca examinadora: Dionísio Burak; Ney Cristina Monteiro de Oliveira; Francisco Hermes Santos da Silva. Disponível em: <http://repositorio.ufpa.br/jspui/bitstream/2011/3111/1/Dissertacao_ModelagemMatematicaTemas.pdf>. Resumo: Este trabalho teve como objetivo investigar em que termos a Modelagem Matemática, associada aos temas transversais, pode contribuir para melhorar o ensino-aprendizagem dos alunos em Matemática, na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para tal, foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa através da observação participante, com dados coletados a partir de atividades contextualizadas e atividades de Modelagem, questionários, entrevistas semiestruturadas e diário de campo. O referido trabalho mostra os encaminhamentos metodológicos da pesquisa que foi realizada em uma escola pública, em uma turma de EJA (4ª etapa), no município de Castanhal (PA), onde foram aplicadas atividades envolvendo os temas transversais: saúde, trabalho e consumo e meio ambiente. Através de falas, comportamentos e atitudes dos sujeitos nas atividades, e trocas de experiências com a professora-pesquisadora, coletou-se os dados para posteriores análises com base em referenciais teóricos. Os resultados apontam que, apesar das dificuldades iniciais no processo, os alunos, sujeitos da pesquisa, evoluíram na aprendizagem de conteúdos matemáticos. Concluiu-se que estes resultados apontam para a importância da inserção da Modelagem como estratégia de ensino, e que apesar de alguns obstáculos para a sua implementação no ensino, ela pode proporcionar ao aluno da EJA, aquisição de conteúdos matemáticos e possibilidades de torná-lo um cidadão crítico e reflexivo. Palavras-chave: Modelagem Matemática; Educação de Jovens e Adultos; Temas Transversais e Matemática. 57. SILVA, Edgar Alves da. Introdução do pensamento algébrico para alunos do EJA: uma proposta de ensino. 2007. 175f. (Mestrado Profissional em Ensino de Matemática: A Matemática na Estrutura Curricular e Formação de Professores) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientadora: Sandra Maria Pinto Magina. Banca examinadora: Leila Zardo Puga; Barbara Lutaif Bianchini. Disponível em: <http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5443> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp039240.pdf>. Resumo: A presente dissertação teve por objetivo investigar uma abordagem de ensino dos conceitos de incógnita, variável e equação do 1º grau, pautada na modelagem matemática e nos estudos da Etnomatemática. Tivemos por hipótese o desenvolvimento de uma intervenção de ensino utilizando situações-problema, trabalhando os conceitos de incógnita, variável e equação do 1º grau, contextualizadas com o cotidiano dos alunos jovens e adultos. Desenvolvemos nosso trabalho com uma turma do módulo IV (referente às 7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental II – EJA), em quatro intervenções de ensino. Adotamos como pressupostos teóricos os estudos de FREIRE associados à educação libertária, DÁMBRÓSIO expondo as teorias da Etnomatemática associada à Modelagem Matemática e a Transdisciplinaridade. SKOVSMOSE destacando os conceitos da matemática crítica. Finalizamos nossas considerações teóricas com os fundamentos algébricos e as considerações de D’AMBRÓSIO sobre a resolução de problemas. Nosso grupo de estudo foi submetido a dois testes individuais: um antes (pré-teste) e outro posteriormente idêntico (pósteste) após contato com os instrumentos aplicados nas intervenções de ensino. Em síntese, quanto ao desempenho do grupo podemos dizer que após a intervenção de ensino e consequentemente o pós-teste os 291 alunos apresentaram um desempenho satisfatório e superior em relação ao pré-teste. Destacamos que o crescimento individual se apresentou de forma significativa em praticamente todos os alunos que participaram da pesquisa. Não tivemos a pretensão de extrapolar nossos resultados para além do universo de pesquisa, uma vez que nossa amostra foi pequena. Percebemos que o processo de ensino e aprendizagem dos conceitos algébricos ganha força quando se inicia a partir da resolução de situações problema concretas, pertencentes ao cotidiano do aluno. Palavras-chave: Etnomatemática; Modelagem; Incógnita, Variável e Equação do 1º Grau. Transdisciplinaridade; Álgebra; Situações-problema; 58. SILVA, Everaldo José da. Os significados dos números racionais desenvolvidos por professores e autores de livros didáticos na EJA. 2007. 198f. (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática) – Universidade Cruzeiro do Sul. Orientadora: Edda Curi. Banca examinadora: Maria Teresa Carneiro Soares; Rosemary Aparecida Santiago. Disponível em: <http://sites.cruzeirodosulvirtual.com.br/pos_graduacao/trabs_programas_pos/trabalhos/Mestrado_Ensino_de _Ciencias_e_Matematica/MESTRADO-Everaldo%20Jos%E9%20da%20Silva_65.PDF>. Resumo: O presente trabalho analisou o ensino de frações na Educação de Jovens e Adultos, junto a quatro professores de Matemática do ensino fundamental, mais especificamente da 5ª série de quatro diferentes escolas da região do alto Tietê. A pesquisa buscou mostrar os diferentes significados de frações abordados por esses professores e pelos autores de livros didáticos destinados a Educação de Jovens e Adultos. A coleta de dados deu-se por meio de observações em sala de aula, questionário e entrevistas com os respectivos professores. O estudo concluiu que os quatro professores pesquisados, abordaram a noção de fração com os significados parte-todo, e apenas um professor abordou o significado operador multiplicativo e nenhum dos professores abordaram a fração como quociente, medida e número. Os livros didáticos analisados enfatizam os significados parte-todo e operador multiplicativo. Palavras-chave: Matemática – Estudo e Ensino; Frações; Educação de Jovens e Adultos. 59. SILVA, Fernanda Maura Marciano da. Educação de Jovens e Adultos e inventividade do espaço escolar: caminhada por memórias, produções de subjetividades e representações espaciais. 2007. 110f. (Mestrado em Educação: Linguagem, Conhecimento e Formação de Professores) – Universidade Federal de Juiz de Fora. Orientadora: Sonia Maria Clareto. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis da Fonseca; Adlai Ralph Detoni; Maria Queiroga Amoroso Anastácio. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp063213.pdf>. Resumo: A presente pesquisa busca compreender as relações socioculturais que constituem a vivência do espaço escolar em um curso de Educação de Jovens e Adultos. O objetivo é refletir acerca de como o aluno, jovem ou adulto, vivencia, compreende e produz significados para o espaço escolar. Para tanto, utilizo uma metodologia de cunho qualitativo e o recurso de mapas narrativos, que constituem uma abordagem etnográfica de apreensão das experiências cotidianas dos sujeitos. A questão “espaço/espacialidade”, bem como a constituição da Educação de Jovens e Adultos, são abordados na discussão do espaço escolar vivenciado pelos sujeitos. A análise apresentada é de cunho fundamentalmente interpretativo e tecida através de três temáticas co-constitutivas, em uma reflexão acerca: 1) das memórias e de como estas são produzidas, ao mesmo tempo, que são produtos das interpretações, representações e vivências espaciais. 2) do espaço escolar como espaço de produção de subjetividades e de autoformação. 3) de como as representações espaciais contemplam as experiências e vivencialidades impressas na vivência cotidiana do espaço. Palavras-chave: Educação; Espaço escolar; EJA. 60. SILVA, Maria Aparecida Delfino da. A etnomatemática em uma sala da EJA: a experiência do pedreiro. 2007. 213f. (Mestrado Profissional em Ensino de Matemática: História, Epistemologia e Didática da Matemática) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientador: Ubiratan D’Ambrosio. Banca examinadora: Alexandrina Monteiro; Laurizete Ferragut Passos. Disponível em: <http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5366> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp038280.pdf>. Resumo: O tema deste estudo é a relação entre o mundo cultural dos conceitos, ideias e experiências das comunidades populares e o mundo do saber sistematizado desenvolvido no espaço escolar. Defendemos a ideia de que é possível integrar o conhecimento popular e o conhecimento sistematizado para possibilitar a construção do saber significativo na perspectiva etnomatemática. Quando pensamos a respeito dos problemas sociais de nosso país, há algo de importância essencial: a questão da habitação. As habitações populares, usualmente, são construídas pelo pedreiro, uma pessoa que tem competências para edificar as casas, mas que 292 recebeu pouca educação formal. Em nossa pesquisa, tentamos entender os conceitos matemáticos usados por estes mestres de ofício e juntamente de nossos estudantes procuramos fazer um estudo sobre os seus conhecimentos para integrar os conhecimentos escolares e populares. A partir das pesquisas realizadas por alunos do 3º termo A (2º semestre de 2006) de uma escola pública estadual, em São Paulo, junto a pedreiros, analisamos e identificamos a matemática apreendida por meio formal ou informal presente em seu ofício. Buscamos na abordagem qualitativa elementos para análise das atividades realizadas em sala de aula que envolveram aula expositiva sobre o tema Etnomatemática, organização e análise dos dados, identificação da matemática no ofício do pedreiro, confecção de plantas e maquetes. Tivemos como objetivo trabalhar o tema Geometria e Medidas, proposto por documentos oficiais que norteiam o trabalho pedagógico na rede pública, tais como o PCNEM: Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio e PCN+ Ensino Médio: Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciência da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. As contribuições de Vygotsky e de Ubiratan D’ Ambrosio deram o suporte teórico para as reflexões e elaboração desta pesquisa. Palavras-chave: Etnomatemática; Educação de Jovens e Adultos; Pedreiro; Saber Popular e Saber Escolar. 61. SILVA, Tácio Vitaliano da. A compreensão da ideia do número racional e suas operações na EJA: uma forma de inclusão em sala de aula. 2007. 131f. (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Naturais e Matemática) – Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientadora: Arlete de Jesus Brito. Banca examinadora: Cláudia Helena Dezotti; Bernadete Barbosa Morey; Claudianny Amorim Noronha. Disponível em: <http://bdtd.bczm.ufrn.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1386>. Resumo: A consciência da dificuldade que alunos, em geral, têm em compreender o conceito e operações com Números Racionais, nos fez desenvolver este estudo que busca colaborar para tal compreensão. Nosso intuito foi fazer com que os alunos da Educação de Jovens e Adultos, com dificuldade em compreender os Números Racionais, sintam-se inclusos no processo ensino-aprendizagem de matemática. Trata-se de uma pesquisa em sala de aula, numa abordagem qualitativa com análise das atividades resolvidas por um grupo de alunos, em sala de aula de uma escola municipal de Natal. Para elaborarmos tais atividades, realizamos o levantamento de dificuldades e obstáculos que os alunos têm, quando inseridos no processo de ensinoaprendizagem dos Números Racionais. Os resultados indicam que a sequencia de atividades aplicadas em sala de aula colaboraram para que os alunos superassem alguns entraves na aprendizagem destes números. Palavras-chave: Números Racionais; Educação Matemática; Conceito. 62. SILVEIRA, Karla Beatriz Vivian. O educando da EJA: dificuldades e superações na aprendizagem de Matemática Financeira. 2007. 134f. (Mestrado Profissional em Ensino de Física e de Matemática: Trabalho Pedagógico e Ensino de Matemática) – Centro Universitário Franciscano. Orientadores: Maria Arleth Pereira; Marcio Violante Ferreira. Banca examinadora: Nilce Fátima Scheffer. Disponível em: <http://tede.unifra.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=25> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp043544.pdf>. Resumo: Este estudo se refere a um relato de experiência de cunho qualitativo, que envolveu o desenvolvimento de uma proposta de Ensino de Matemática Financeira, junto aos alunos da EJA, centrada na análise das dificuldades e superações na Aprendizagem dos Jovens e Adultos do Ensino Médio da Escola Estadual de Educação Básica Francisco Brochado da Rocha - Centro Integrado de Educação Pública, em São Sepé, RS. O estudo teve por objetivo buscar compreender como as metodologias de Projetos de Kilpatrick, combinada com atividades contextualizadas no tema Cooperativa, pode contribuir com a motivação, criticidade, curiosidade, sociabilização e a aprendizagem de Matemática Financeira, integrada às Funções do 1º grau. Este método possibilitou realizar trabalhos em grupo e individual e a partir deles, identificar e analisar as dificuldades de aprendizagem, bem como realizar a retomada das explicações e situaçõesproblema que contribuíssem na superação das dificuldades apresentadas. Como resultado desse trabalho, pôde-se evidenciar uma experiência social, envolvendo a aprendizagem, competências múltiplas e saberes integrativos, oportunizados pelas trocas de experiências. O grande propulsor dessa experiência foi o tema Cooperativa. Nela, foi desenvolvido com os alunos um produto que os fizesse confiar nas suas capacidades de aprender Matemática, descobrir e criar soluções, desafiar, propor e assumir, através dos conhecimentos diversos, as consequências das suas escolhas, apoiadas por uma aprendizagem mediadora e pelos conhecimentos socioculturais, proporcionados pela pedagogia do trabalho da montagem da cooperativa. Um dos resultados desse trabalho é a contribuição para o desenvolvimento de práticas pedagógicas semelhantes, que auxiliem os alunos a aprender a conhecer e compreender suas dificuldades de aprendizagem, bem como suas causas, para trabalhá-las na busca das superações. Palavras-chave: EJA; Dificuldades; Superações; Aprendizagem; Matemática. 293 63. TOPÁZIO, Joseane de Almeida. Trabalhadoras domésticas em um condomínio de Salvador: saberes e fazeres matemáticos em suas histórias de vida. 2007. 118f. (Mestrado em Educação e Contemporaneidade: Processos Civilizatórios, Memória e Pluralidade Cultural) – Universidade do Estado da Bahia. Orientadora: Kátia Maria Santos Mota. Banca examinadora: Jonei Cerqueira Barbosa; Suzeli Mauro; Yara Dulce Bandeira Ataíde. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp080964.pdf>. Resumo: Nesta investigação, desenvolvo uma pesquisa em História Oral Temática com 5 mulheres analfabetas e semianalfabetas que estão fora da escola, trabalhadoras domésticas de um condomínio de classe média em Salvador. A pesquisa enfoca as suas práticas e eventos de letramento matemático, bem como seus desejos e intenções em relação a novos saberes (formais, informais e não formais). Desses desejos emerge o saber ler e escrever como condição para o exercício da cidadania plena, excluindo os conhecimentos matemáticos escolares, pois acreditam que estes são adquiridos através das atividades cotidianas. Os relatos foram analisados a partir das seguintes categorias identificadas na pesquisa: significados da matemática; usos funcionais dos seus saberes matemáticos, estratégias de cálculo oral e desejos e intenções por novos saberes. Trago na minha discussão a Etnomatemática na perspectiva contemporânea de uma educação multicultural, a qual promove a inclusão dos saberes populares como força propulsora para a construção de práticas curriculares. Nesse sentido, o presente estudo traz reflexões e posturas pedagógicas direcionadas para o ensino da matemática na educação de jovens e adultos. Palavras-chave: Educação Multicultural; Etnomatemática; Educação de Jovens e Adultos; Letramento Matemático. Ano de 2008 64. ALMEIDA, Maria Vani Magalhães. A linguagem matemática e os registros semióticos no quadro de escrever nas aulas da EJA. 2008. 116f. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas: Processos de Ensino e de Aprendizagem na Área de Educação Matemática) – Universidade Federal do Pará. Orientador: Francisco Hermes Santos da Silva. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Erasmo Borges de Souza Filho; Marisa Rosâni Abreu da Silveira. Resumo: Nessa dissertação apresentamos os resultados de uma investigação realizada num ambiente de aprendizagem com resolução de problemas, na Educação de Jovens e Adultos, utilizando o quadro de escrever como elemento facilitador das interações dialógicas que ocorrem nas aulas de matemática. O objetivo desta pesquisa foi verificar como os alunos da EJA transitam da linguagem natural à linguagem matemática e quais as contribuições dos registros semióticos no quadro de escrever para a construção de novos conhecimentos. O texto da dissertação é apresentado em três capítulos, com o primeiro relatando aspectos teóricos sobre o quadro descrever, resoluções de problemas, linguagem matemática e representações semióticas. Apresentamos também alguns aspectos da Educação de Jovens e Adultos, por tratar-se dos sujeitos desta pesquisa. Nos capítulos seguintes tratamos do caminho metodológico percorrido, da forma como os dados foram coletados e da análise dos resultados. Finalizamos discutindo as vantagens de se utilizar o quadro de escrever de forma diferenciada, especialmente considerando que pode servir de apoio para as práticas de sala de aula. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Resolução de Problemas; Linguagem Matemática; Registros Semióticos; Quadro de Escrever. 65. BARROS, Cláudio Pousa Moraes. Análise de atitudes de alunos na Educação de Jovens e Adultos em situação de resolução de problemas. 2008. 242f. (Mestrado Profissional em Ensino de Matemática: A Matemática na Estrutura Curricular e Formação de Professores) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientador: Saddo Ag Almouloud. Banca examinadora: Edda Curi; Sonia Barbosa Camargo Igliori. Disponível em: <http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=8275> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp079317.pdf>. Resumo: O objetivo deste trabalho é o de pesquisar o desempenho de alunos na Resolução de Problemas envolvendo Função do 1º Grau, estudando suas atitudes e procedimentos e visando a responder às seguintes questões: os alunos do primeiro ano do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos resolvem uma sequencia de problemas referenciados na vida cotidiana que envolve Função Polinomial do 1º Grau? Quais são os procedimentos adotados por esses alunos na resolução de problemas? Os problemas do cotidiano que foram escolhidos são citados em um livro preparatório ao Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA). A pesquisa apoiou-se na noção de Registros de Representação Semiótica e, também, baseou-se na Proposta Curricular de Matemática para a Educação de Jovens e Adultos para os primeiro e segundo segmentos do Ensino Fundamental e na Matriz de Matemática para o Exame Nacional 294 para Certificação de Competências de Jovens e Adultos do Ensino Médio. Nesta pesquisa, pôde-se evidenciar a dificuldade dos alunos na Resolução dos Problemas e a falta de conhecimentos básicos que deveriam ser adquiridos no Ensino Fundamental. Palavras-chave: Resolução de Problemas; Educação de Jovens e Adultos; Lei Matemática ou Modelo Matemático; Registros de Representação. 66. COAN, Lisani Gení Wachholz. A implementação do PROEJA no CEFET-SC: relações entre seus objetivos, os alunos e o currículo de Matemática. 2008. 167f. (Mestrado em Educação Cientifica e Tecnológica: Ensino e Aprendizagem da Ciência) – Universidade Federal de Santa Catarina. Orientador: Ademir Donizeti Caldeira. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Maria Angélica Bonadiman Marin. Disponível em: <http://www.tede.ufsc.br/teses/PECT0066-D.pdf>. Resumo: Esta pesquisa aborda as relações que se estabelecem entre os objetivos do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA, as expectativas, as necessidades e os desejos dos alunos e os conhecimentos específicos do Currículo de Matemática deste Programa. O estudo foi realizado no contexto do PROEJA do Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina – CEFET-SC, da Unidade de Florianópolis. Analisa-se o possível descompasso entre o Currículo de Matemática do PROEJA e os objetivos desse Programa em relação às expectativas, às necessidades e os desejos dos estudantes do referido Programa. Utiliza-se como referência metodológica a abordagem qualitativa, mediante os seguintes recursos: análise documental, estudo bibliográfico, aplicação de questionários e realização de entrevistas. O método de pesquisa delimita-se ao Estudo de Caso, tratando-se da questão do atual currículo de Matemática do referido programa. Busca-se, nos referenciais teóricos, o aprofundamento dos processos da Educação de Jovens e Adultos, o fracasso escolar e a relação com o saber; as orientações sobre elementos constitutivos de um currículo e; a compreensão das contribuições na Educação Matemática para EJA. Ao concluir, constata-se que o desejo dos alunos consiste no prosseguimento dos estudos depois de concluírem o PROEJA, na expectativa de buscar no CEFET-SC a chance “única” de conseguirem uma certificação profissional. No entanto, os educandos têm suas expectativas contrariadas ao perceberem que existe um descompasso entre os objetivos do PROEJA e o Currículo de Matemática, uma vez que ele está muito aquém daquilo que realmente desejam e necessitam. Assim, a partir da escuta e do diálogo estabelecido com os educandos neste trabalho, aponta-se na perspectiva de um currículo integrado para esse Programa, de modo que, de fato se concretize um novo paradigma no campo da EJA. Palavras-chave: Educação; PROEJA; Currículo de Matemática. 67. FONSECA, Maria do Socorro Alencar. As relações afetivas nas aulas de Matemática na EJA mediadas pelo quadro de escrever. 2008. 99f. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas: Processos de Ensino e de Aprendizagem na Área de Educação Matemática) – Universidade Federal do Pará. Orientador: Francisco Hermes Santos da Silva. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Marisa Rosâni Abreu da Silveira. Disponível em: <http://www.ppgecm.ufpa.br/media/dissertacao_Maria%20do%20Socorro%20Alencar%20Fonseca.pdf>. Resumo: Com este trabalho, objetivamos apresentar os resultados de uma investigação que envolve a resolução de problemas no ensino e aprendizagem de matemática na Educação de Jovens e Adultos (EJA). A pesquisa aborda as relações afetivas mediadas pelo uso interativo do quadro de escrever, analisando a qualidade das interações entre professor-aluno e aluno-aluno, que esse recurso pode possibilitar. Nessa perspectiva, consideramos que o quadro de escrever torna-se um recurso necessário às aulas de matemática por permitir a criação de possibilidades para fortalecer as relações afetivas positivas e favorecer a construção do conhecimento matemático. Assim, no primeiro capítulo, situamos a Educação de Jovens e Adultos, caracterizando esse público, pautando-nos nas bases teóricas e nos marcos legais que fundamentam esse segmento da educação buscando apoio nos princípios andragógicos. Tecemos, ainda, nesse capítulo, considerações sobre o pensamento matemático e a afetividade, os conceitos matemáticos na EJA, o papel e os significados que o uso interativo do quadro de escrever pode permitir sejam construídos na aprendizagem matemática. No segundo capítulo, definimos os caminhos desta investigação, narrando alguns percursos de minha constituição como professora, a motivação para a investigação, as orientações metodológicas e a coleta de dados, caracterizamos as turmas e as professoras selecionadas. No terceiro capítulo, apresentamos a análise dos dados, analisando a qualidade das interações afetivas professor-aluno e aluno-aluno que ocorreram nas salas de aula investigadas, analisamos, ainda, as relações afetivas observadas nas atividades de resolução de problemas no quadro de escrever como recurso que possibilita a mediação na construção do conhecimento matemático e que estão descritos em três gráficos. Finalmente, tecemos considerações sobre o trabalho realizado. 295 Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Quadro de Escrever; Afetividade; Resolução de Problemas; Aprendizagem Matemática. 68. JARA, Eduardo Janicsek. Matemática em rede a partir de projetos de pesquisa na Educação de Jovens e Adultos. 2008. 128f. (Mestrado Profissional em Ensino de Matemática: Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação Matemática) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Orientador: Marcus Vinicius de Azevedo Basso. Banca examinadora: Crediné Silva de Menezes; Alvino Alves Sant’Ana; Elisabete Zardo Búrigo. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/15962/000671208.pdf?sequence=1>. Resumo: A Educação de Jovens e Adultos (EJA) apresenta peculiaridades que devem ser levadas em consideração quando elaboramos uma proposta de ensino e aprendizagem para este grupo específico de estudantes. Neste contexto, este trabalho apresenta uma forma de desenvolvermos conceitos da disciplina de Matemática no nível de Ensino Fundamental para a formação de Jovens e Adultos. As observações foram realizadas em uma escola da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis/SC, com turmas de Jovens e Adultos onde se desenvolveu uma proposta de trabalho que tinha a pesquisa como princípio educativo. Neste trabalho apresentam-se caminhos percorridos durante a construção e aprimoramento de conceitos matemáticos pertinentes à formação dos educandos, conceitos estes inseridos no contexto de cada um dos temas pesquisados. Os estudantes escolheram diferentes problemáticas para investigação e a partir destes temas foram estabelecidas relações com as demais ciências presentes no currículo escolar e, mais especificamente, com a disciplina de Matemática. Este modelo de ensino e aprendizagem tem como referência a proposta pedagógica vigente no Município de Florianópolis e está de acordo com a proposta curricular do Ministério da Educação (MEC) para o ensino de Matemática na EJA. A partir das observações realizadas ficou evidenciado a não linearidade da construção dos saberes matemáticos e verificou-se a possibilidade de elaboração de um currículo em rede onde os conceitos trabalhados na referida disciplina relacionam-se tendo como elo de ligação o tema de pesquisa proposto pelo próprio educando. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Educação Matemática; Ensino; Pesquisa. 69. MAZZANTI, David Luiz. Educação de Jovens e Adultos: uma aplicação da regra de três e porcentagem em cálculos trabalhistas. 2008. 89f. (Mestrado Profissional em Ensino de Matemática: A Matemática na Estrutura Curricular e Formação de Professores) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientadora: Barbara Lutaif Bianchini. Banca examinadora: Cileda de Queiroz e Silva Coutinho; Leila Zardo Puga. Disponível em: <http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=8085> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp074969.pdf>. Resumo: Este estudo é uma pesquisa qualitativa que tem como objetivo analisar quatro duplas de alunos da 3ª série do Ensino Médio do segmento de ensino da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de uma escola pública e central do município de Franco da Rocha. Esses alunos resolveram quatro situações-problemas contextualizadas, que foram norteadas pela Etnomatemática de Ubiratan D’Ambrósio (1975), envolvendo os Cálculos Trabalhistas utilizando os conceitos matemáticos de Porcentagem e Regra de Três. Focamos nossa pesquisa buscando responder às seguintes questões: 1) Por que os alunos da EJA têm tanto interesse e curiosidade na aprendizagem dos cálculos trabalhistas? Quais são esses interesses? 2) Quais os conhecimentos prévios que os alunos da EJA necessitam para a resolução de situações-problema envolvendo os cálculos trabalhistas? 3) Quais as dificuldades apresentadas pelos alunos da EJA quando solucionam situações-problema que envolvam os cálculos trabalhistas? 4) Qual o impacto causado quando a matemática é apresentada de uma maneira contextualizada para a vida dos alunos da EJA? Utilizamos dois instrumentos de pesquisa, o Instrumento 1 que identificava os conceitos trabalhistas que os alunos pesquisados tinham o interesse em conhecer e aprender e o Instrumento 2 composto de quatro situações-problema e elaborado após o Instrumento 1. Utilizando-nos assim de alguns elementos da engenharia didática, buscamos construir situações que levassem os alunos a uma atitude autônoma com estratégias de resolução de problemas propostos, engajando-os e tornando-os atores do processo de aprendizagem. Os dois instrumentos de pesquisa foram suficientes para responder as quatro questões propostas acima e, em consequência os resultados obtidos foram satisfatórios, o que revela que contextualizando o ensino de regra de três e porcentagem utilizando os cálculos trabalhistas, o impacto na vida dos alunos é visto de maneira positiva, tornado o processo de aprendizagem mais significativo. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Álgebra; Porcentagem; Regra de Três; Etnomatemática; Cálculos Trabalhistas. 70. PEREIRA, Daniele Esteves. Globos e mapas ao alcance das mãos: ensino de Matemática numa perspectiva de alfabetização funcional na EJA. 2008. 172f. (Mestrado em Educação: Educação Matemática) – 296 Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientadora: Bernadete Barbosa Morey. Banca examinadora: Pedro Franco de Sá; Iran Abreu Mendes. Disponível em: <http://bdtd.bczm.ufrn.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2034>. Resumo: A dissertação que se apresenta tem como pressuposto principal a prerrogativa de visualizar os processos de alfabetização sob o ângulo da perspectiva funcional, fato que destitui o alfabetismo de ser uma prática unicamente vinculada à decodificação de códigos alfabéticos e permite a abertura de amplos espaços para a alocação de habilidades matemáticas nos domínios da alfabetização funcional. O objetivo principal deste estudo foi investigar quais as contribuições que uma sequencia de atividades e de metodologias elaboradas para o ensino de Geometria poderiam proporcionar a uma parcela do processo de alfabetização funcional em matemática de jovens e adultos da EJA, correspondente à aquisição ou ao aprimoramento de habilidades relativas à capacidade de orientação. O foco das análises consistiu na efetivação dessas atividades junto aos alunos jovens e adultos de uma classe de EJA pertencente a uma escola pública municipal de Natal/RN. Prevaleceram os legados de Paulo Freire sobre o redimensionamento do papel do educador, dos educandos, do conhecimento e de suas conexões dentro do processo de ensino-aprendizagem, nos encaminhamentos da metodologia utilizada na sala de aula e, principalmente, no estabelecimento de ligações dialógicas com os alunos, as quais direcionaram todas as observações e análises a respeito das informações obtidas. Os resultados indicaram que a composição de articulações entre o ensino de matemática e a exploração de mapas e do globo terrestre favoreceu a criação de ambientes e situações de aprendizagem multidisciplinares, onde verificamos, gradativamente, o desenvolvimento de procedimentos e atitudes indicativos da evolução de habilidades do tipo espaço-visual. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Educação Matemática; Ensino por Atividades; Alfabetização Funcional; Globo Terrestre. 71. RODRIGUES, Paulo Roberto. O ensino de Matemática na EJA em escolas municipais de Santa Maria. 2008. 268f. (Mestrado em Educação: Formação, Saberes e Desenvolvimento Profissional) – Universidade Federal de Santa Maria. Orientador: Eduardo Adolfo Terrazzan. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Décio Auler. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp057538.pdf>. Resumo: Este estudo, de natureza qualitativa, descreve uma pesquisa desenvolvida, entre março e dezembro de 2007, em escolas públicas com o objetivo de realizar a caracterização geral das propostas curriculares de Matemática no contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na sua etapa equivalente à quinta e à sexta série do Ensino Fundamental e busca também identificar qual o nível de compatibilidade apresentado pelas respectivas práticas pedagógicas utilizadas para o seu desenvolvimento em sala de aula. Desenvolvemos esta pesquisa com a principal motivação de contribuir com a rede pública de ensino para um (re)pensar e um (re)formular das práticas metodológicas de intervenção com os alunos da EJA, uma vez que neste contexto o ensino de Matemática tem se mostrado um trabalho difícil para o professor, pois este deve ensinar uma disciplina que a maioria dos alunos considera importante, necessita aplicá-la em situações do cotidiano mas possui extrema dificuldade de lhe atribuir significado. Procuramos também neste trabalho realizar uma breve abordagem sobre temas relacionados à formação do professor para atuar na EJA e as formas de aprendizagem do adulto. Como suporte metodológico utilizamos entrevistas com professores e coordenadores desta modalidade, observação em sala de aula, questionário aplicado a uma amostragem dos alunos e análise de documentos. Os dados obtidos possibilitaram elaborar algumas conclusões que nos permitem dizer com segurança primeiramente, que as propostas curriculares das escolas investigadas são coerentes com as sinalizações legais e teóricas para o ensino desta modalidade. Em segundo lugar que as aulas expositivas com o suporte do livro didático ainda são a principal estratégia para o desenvolvimento das práticas pedagógicas de Matemática, ou seja, a EJA continua sendo desenvolvida em um modelo dirigido a crianças e préadolescentes, e por fim que ainda não existe uma prática colaborativa no sentido a troca de experiências entre os professores de Matemática das escolas pesquisadas. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Bases Curriculares da EJA; Educação Matemática e EJA; Aprendizagem do Adulto. 72. RODRIGUES, Rochelande Felipe. Análise de resolução de problemas numa abordagem contextualizada e não-contextualizada para alunos do nono ano do Ensino Fundamental da EJA. 2008. 143f. (Mestrado em Ensino das Ciências: Construção, Ensino e Aprendizagem de Conceitos Científicos) – Universidade Federal Rural de Pernambuco. Orientadora: Josinalva Estácio Menezes. Banca examinadora: Rogéria Gaudêncio Rêgo; Marcelo Câmara dos Santos; Suely Alves da Silva. Disponível em: <http://200.17.137.108/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1208> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp090674.pdf>. 297 Resumo: A Educação de Jovens e Adultos vem ganhando espaço no sistema educacional brasileiro, apresentando como uma opção para muitas pessoas que pararam de estudar há muito tempo. Um sistema educacional diferenciado do adotado na maioria das escolas brasileiras, a EJA tem características próprias referentes ao tempo de cada série ou módulo, tendo um tempo menor no seu período letivo, e na abordagem metodológica, direcionada para jovens e adultos. Porém, uma das dificuldades no processo de ensino e aprendizagem da matemática na EJA, está na compreensão de problemas propostos pelo professor, por fatores como linguagem e relação com a sua realidade, causando entraves no processo de ensino da matemática. Este trabalho científico trata da utilização de uma abordagem contextualizada, tomando como base o cotidiano do aluno. No desenvolvimento da pesquisa, aplicamos duas atividades: contextualizada e não-contextualizada, podendo ambas ser resolvidas utilizando o mesmo procedimento de resolução ou algoritmo. Abordamos três conteúdos diferentes: as Quatro Operações Fundamentais (adição, subtração, multiplicação e divisão), Noção de Função e o Teorema de Pitágoras. A finalidade das aplicações das atividades é buscar nas falas dos alunos, as concepções de que atividades são mais relevantes para os alunos da EJA, no que se refere ao seu processo de ensino e aprendizagem da matemática. Os resultados encontrados nos mostram uma tendência para a questão contextualizada em certos momentos, e em outros momentos para a questão não-contextualizada, porém nas falas dos alunos ficou claro o aceite da utilização das duas abordagens, assim como, a aplicação de ambas as questões. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Resolução de Problemas. 73. RODRIGUES, Thiago Donda. A etnomatemática no contexto do ensino inclusivo: possibilidades e desafios. 2008. 138f. (Mestrado em Educação Matemática: Relações entre História e Educação Matemática) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Rio Claro. Orientador: Pedro Paulo Scandiuzzi. Banca examinadora: Maria Teresa Eglér Mantoan; Rosana Giaretta Sguerra Miskulin. Disponível em: <http://www.athena.biblioteca.unesp.br/exlibris/bd/brc/33004137031P7/2008/rodrigues_td_me_rcla.pdf> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp056457.pdf>. Resumo: O trabalho intitulado “A Etnomatemática no contexto do ensino inclusivo: possibilidades e desafios” é uma pesquisa, de caráter etnográfico, que tem como objetivo observar, descrever e analisar como os professores de uma escola inclusiva lidam com os alunos, na disciplina Matemática, de modo a corroborar com o processo de inclusão. A pesquisa foi realizada em uma escola do projeto CIEJA – Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos – da Secretaria de Educação da cidade de São Paulo, que oferece o ensino fundamental na modalidade supletivo para 1308 alunos. Foram observados quatro professores, sendo três formados em matemática e um formado em pedagogia. O trabalho aponta que o processo de inclusão, baseado na perspectiva etnomatemática, está ligado à postura ética em que se preza o respeito, a solidariedade e a cooperação, ambiente onde as diferenças são valorizadas e, portanto, propício à inclusão. Salienta também que, para o processo de inclusão, não há um modelo pronto; o que existe é a transição da integração para a inclusão e, por isso, podem ser detectadas práticas não inclusivas mesmo em um ambiente com proposta inclusiva. Palavras-chave: Educação Inclusiva; Ensino Inclusivo; Etnomatemática; Educação Matemática. 74. SANTOS, Cleuza Iara Campello dos. Inclusão-exclusão nas práticas pedagógicas dos professores que ensinam Matemática na Educação de Jovens e Adultos. 2008. 143f. (Mestrado em Educação: Políticas de Formação, Políticas e Gestão da Educação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Orientador: Samuel Edmundo Lopez Bello. Banca examinadora: Alexandrina Monteiro; Luciane Uberti; Naira Lisboa Franzoi. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/15517/000683243.pdf?sequence=1 >. Resumo: Esta dissertação propõe-se a discutir a inclusão-exclusão nas práticas pedagógicas dos professores que ensinam Matemática na Educação de Jovens e Adultos – EJA, que a partir das verdades, dos enunciados e discursos são subjetivados provocando dinâmicas de inclusão-exclusão cristalizando as relações de podersaber. Parra tanto farei o uso das ferramentas operatórias colocadas à disposição pelo pós-estruturalismo tomando como base a obra de Michel Foucault. A pesquisa constituiu-se em conversas formais em diferentes espaços escolares e observações realizadas em sala de aula na escola. Palavras-chave: Matemática – Ensino; Educação de Jovens e Adultos; Prática Pedagógica; Relações de Poder – Inclusão – Exclusão; Pós-estruturalismo; Michel Foucault. 75. SILVA, José Eduardo Neves. A mobilização de saberes matemáticos pelo aluno da EJA em um ambiente de aprendizagem no Ensino Médio. 2008. 181f. (Mestrado em Educação: Matemática, Cultura e Práticas Pedagógicas) – Universidade São Francisco. Orientadora: Adair Mendes Nacarato. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Regina Célia Grando. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp083194.pdf>. 298 Resumo: O presente trabalho foi realizado na 2ª e 3ª séries do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da rede pública do Estado de São Paulo, no ano de 2006. A pesquisa buscou identificar e analisar: Quais saberes matemáticos são mobilizados, produzidos e/ou (re)significados por alunos da EJA em contextos de resolução de problemas em um ambiente de aprendizagem que favoreça o dialogo? E teve como objetivos: conhecer melhor quem são os alunos/as da EJA e quais são as suas concepções sobre o estudo e a Matemática escolar; defender a importância de um ambiente de aprendizagem diferenciado para o aluno da EJA; e identificar e analisar quais foram os saberes matemáticos escolares mobilizados, produzidos e/ou (re)significados pelos alunos da EJA durante as atividades de resolução de problemas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujos documentos utilizados na análise foram: vídeo-gravação das atividades iniciais em sala de aula e das entrevistas finais; áudio-gravação das discussões em pequenos grupos e/ou no coletivo da sala de aula; produções e registros em grupo dos alunos; entrevistas semiestruturadas com os grupos constituídos; e diário e notas de campo do professor-pesquisador. Para análise dos documentos utilizamos a triangulação, identificando as categorias emergentes, que foram: “A gente tem sede de aprendizagem. Eu não quero mais parar de estudar: a volta do aluno da EJA a escola e sua relação com a Matemática escolar”; “A criação de um ambiente de aprendizagem em sala de aula”; e “Saberes matemáticos escolares mobilizados, produzidos e/ou (re)significados pelos alunos da EJA”. Utilizamos quatro atividades de resolução de problemas durante a nossa pesquisa: “Análise de público”; “Estatística na EJA”; “A casa de seu João” e “A inflação do jornal e a nossa”. Essas atividades fizeram com que os alunos, dentro de um ambiente que favorecesse o dialogo, mobilizassem saberes matemáticos escolarizados, tais como trigonometria, porcentagem, calculo de áreas, estatística, regra de três, etc.; ou não-escolarizados, provenientes das suas praticas sociais, tais como a utilização do milímetro, a utilização da régua para identificação do metro quadrado, o calculo pratico para obtenção da quantidade de tinta necessária para pintura de uma área, dentre outros, para a resolução das atividades propostas. A nossa analise permitiu identificar a importância de um ambiente de aprendizagem diferenciado nas aulas da EJA, obtido através da metodologia de resolução de problemas numa perspectiva critica, favorecendo o dialogo dos alunos e provocando um novo olhar destes sobre a educação e a Matemática escolar, o que levou a um questionamento dos paradigmas existentes na Matemática, tais como: paradigma do exercício, a existência de apenas uma resposta certa e a certeza da Matemática. Isso pode provocar uma mudança na concepção dos alunos e do professor sobre os seus papeis em sala de aula e contribuiu para ajudar na construção de uma nova concepção sobre o que e ensinar Matemática, principalmente na EJA, por tratar-se de um publico com características próprias e distintas do ensino regular. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos (EJA); Resolução de Problemas; Ambiente de Aprendizagem; Saberes Matemáticos. 76. SMITH, Silvia Danielle da Cunha. Modelagem Matemática gerando um ambiente de ensino e aprendizagem para a Educação de Jovens e Adultos. 2008. 106f. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas: Processos de Ensino e de Aprendizagem na área de Educação Matemática) – Universidade Federal do Pará. Orientador: Adilson Oliveira do Espírito Santo. Banca examinadora: Dionísio Burak; Francisco Hermes Santos da Silva; Ney Cristina Monteiro de Oliveira. Disponível em: <http://www.ppgecm.ufpa.br/media/dissertacao_Silvia%20Danielle%20da%20Cunha%20Smith.pdf>. Resumo: Este trabalho explicita o processo de Modelagem Matemática ocorrido em uma turma da Educação de Jovens e Adultos (EJA), quando a referida estratégia de ensino-aprendizagem é considerada geradora de um ambiente dinâmico que visa contribuir para uma aprendizagem mais significativa da matemática, valorizando as informações e recursos que o próprio jovem ou adulto traz para sala de aula de suas vivências. A investigação foi desenvolvida em uma turma da 2ª etapa do ensino fundamental (3ª e 4ª séries) da EJA, em uma Escola da Rede Federal de Ensino da cidade de Belém/PA. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, a qual utilizamos como instrumentos de coleta de dados, além da observação, entrevistas e análise de documentos, que incluem os registros escritos dos sujeitos das atividades realizadas. Destacamos que o ambiente gerado pela Modelagem Matemática contribuiu para o desenvolvimento da reflexão, do pensamento crítico e criativo dos alunos a partir das ações, interações e dos diálogos interativos na sala de aula, entre os alunos e a professora-pesquisadora, que possibilitaram a análise crítica de questões relevantes existentes nos contextos desses estudantes. Os resultados das atividades de Modelagem \matemática aplicadas foram favoráveis, facilitando para os alunos a percepção das relações entre o estudado na escola e o vivido fora da sala de aula, pois partiram de situações conhecidas pelos jovens e adultos e que conjectura realizar um novo olhar, uma nova leitura das diversas situações vivenciadas por eles em seu dia-a-dia. Palavras-chave: Modelagem Matemática; Educação de Jovens e Adultos; Processo de Ensino e Aprendizagem; Matemática. 77. STRAGLIOTTO, Marisa. O ensino de Matemática na Educação de Jovens e Adultos: desafios e 299 possibilidades. 2008. 101f. (Mestrado em Educação nas Ciências: Currículo e Formação de Professores) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Orientadoras: Cátia Maria Nehring; Elza Maria Fonseca Falkembach. Banca examinadora: Ocsana Sônia Danyluk; André Souza Lemos. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp067419.pdf>. Resumo: Considerando a necessidade de ressignificação das práticas pedagógicas, a presente pesquisa tem como propósito refletir sobre os desafios e as possibilidades do ensino de matemática para jovens e adultos, a partir da discussão de fundamentos teóricos para a elaboração de uma proposta curricular, para a matemática, nos programas da EJA. Diante deste propósito, a etnomatemática, que além de contemplar a integração e o diálogo entre os conhecimentos populares e os saberes escolares, também atende, em muitos aspectos, as especificidades e demandas da educação de jovens e adultos, é apresentada como possibilidade pedagógica para o ensino de matemática nesta modalidade educativa. Esta reflexão tem como suporte teórico as contribuições do multiculturalismo e da dialogicidade que partilham, entre si e com a etnomatemática, preocupações comuns e têm subjacente a vontade de alcançar uma vivência social mais humana e mais feliz. Por fim, são apresentadas algumas considerações a respeito das possibilidades de concretização e limitações na efetivação de propostas curriculares constituídas a partir dos estudos e reflexões realizadas. Palavras-chave: EJA; Proposta Curricular; Etnomatemática; Multiculturalismo; Dialogicidade. 78. ZANELATO, Eliéte. O motivo da aprendizagem da Matemática na Educação de Jovens e Adultos sob a ótica da teoria da atividade. 2008. 96f. (Mestrado em Educação: Educação e Produção do Conhecimento nos Processos Pedagógicos) – Universidade do Extremo Sul Catarinense. Orientador: Ademir Damazio. Banca examinadora: Cátia Maria Nehring; Vidalcir Ortigara. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp091732.pdf>. Resumo: No presente trabalho o propósito foi analisar, à luz da teoria da atividade, o contexto gerador do motivo dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos para estudar matemática. O pressuposto é de que não podemos compreender a EJA como fenômeno isolado, mas que se constitui a partir de situações sociais concretas entre indivíduos. Ou seja, é uma produção humana com uma lógica e história de indivíduos que vivem em conjunto com outros, construindo formas de organização e necessidades cada vez mais complexas. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada gravada e, posteriormente, transcritos com os estudantes do SESI e CEJA em todos os níveis e modalidades de EJA presentes na cidade de São Ludgero - SC. A ênfase foi para o modo dos alunos do EJA se apropriarem das generalizações socialmente produzidas. O diálogo entre os dados concretos obtidos nas entrevistas e a teoria da atividade foi estabelecido mediante três categorias: o abandono da atividade principal, o estudo como ação da atividade de trabalho e a aprendizagem da matemática como ação e operação do processo de se constituir trabalhador. Enfim, a realidade objetiva do fenômeno “ser estudante em concomitância com a atividade principal de trabalho” foi apresentada numa leitura com teor de cientificidade. O contexto de condições adversas pela duplicidade de tarefas - estudo durante à noite e aquelas relacionadas à vida particular, profissional e comunitária - faz com que as aquisições de conhecimentos matemáticos, por mais simples que pareçam, tornem-se uma grande conquista e não um direito próprio do ser humano. Para os estudantes da EJA, a matemática só tem seu valor como conhecimento utilitário voltado especificamente para as ações da atividade de trabalho. Percepção que é discordante dos pressupostos teóricos da Proposta Curricular de SC, por visar apenas o preparo dos indivíduos para o mercado de trabalho. Sendo assim, reafirma o discurso político ideológico das relações de produção e não cumpre uma proposta educacional de formação do pensamento teórico, caracterizador do desenvolvimento especificamente humano. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Teoria da Atividade; Educação Matemática. Ano de 2009 79. ADELINO, Paula Resende. Práticas de numeramento nos livros didáticos de Matemática voltados para a Educação Jovens e Adultos. 2009. 135f. (Mestrado em Educação: Educação Matemática) – Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca. Banca examinadora: Vera Masagão Ribeiro; Plínio Cavalcanti Moreira. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/FAEC-87BQCE>. Resumo: Esta pesquisa analisa como as práticas de numeramento podem ser constituídas e mobilizadas nos livros didáticos de matemática voltados para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Selecionamos a coleção Viver, Aprender – Educação de Jovens e Adultos – 2º segmento do Ensino Fundamental da Editora Global (especificamente os livros Matemática e Fatos do Cotidiano, volumes I e II) e focalizamos a abordagem dos números racionais, analisando os exercícios que buscam levar os alunos à compreensão desse conjunto 300 numérico. Para discutir as oportunidades de constituição de práticas de numeramento para além da identificação de estratégias para promover a aquisição de habilidades, procuramos estabelecer uma interlocução com autores que contemplam reflexões sobre letramento e numeramento, com os que discutem as especificidades da relação dos alunos e das alunas da Educação de Jovens e Adultos com o conhecimento matemático e com aqueles que contemplam as peculiaridades do ensino dos números racionais na educação básica. Na análise que nesta dissertação empreendemos focalizamos práticas de numeramento relacionadas à comunicação por meio da matemática. Palavras-chave: Educação Matemática de Jovens e Adultos; Práticas de Numeramento; Números Racionais; Livros Didáticos. 80. CONTI, Keli Cristina. O papel da Estatística na inclusão de alunos da Educação de Jovens e Adultos em atividades letradas. 2009. 227f. (Mestrado em Educação: Educação Matemática, Científica e Tecnológica) – Universidade Estadual de Campinas. Orientadora: Dione Lucchesi de Carvalho. Banca examinadora: Cláudia Borim da Silva; Dario Fiorentini. Disponível em: <http://cutter.unicamp.br/document/?code=000446550>. Resumo: O objetivo deste trabalho foi analisar e compreender o ensino e a aprendizagem de Estatística em aulas de Matemática de alunos da 7.ª série do Ensino Fundamental da Educação de Jovens e Adultos e o papel da produção desse conhecimento na inclusão desses alunos em atividades letradas. O trabalho de campo da pesquisa que denominarei participante foi realizado em uma escola pública do interior do Estado de São Paulo, onde desenvolvi um projeto chamado “Construindo Estatística”, que contou com o auxílio, de forma colaborativa, de dois estagiários, auxiliares de pesquisa. O material de análise foi constituído por transcrições das gravações em áudio e vídeo das atividades de sala de aula, portfólios das produções dos alunos, diários de campo meu e dos estagiários. Os três eixos de análise emergiram do processo de análise desse material: a) a relação dos alunos com a Matemática; b) a produção de conhecimentos dos alunos em Estatística nos encontros referentes ao projeto; c) a inclusão dos alunos em atividades letradas. Embora consciente das dificuldades dos alunos em “ler e escrever” e das situações pouco propícias para o desenvolvimento dessas competências na realidade da própria escola, não enfrentei esses fatos como obstáculos intransponíveis: fiz questão de caminhar para a inclusão desses alunos em atividades letradas, quer respondendo seus questionamentos, quer dando-lhes voz, quer, ainda, fazendo-os transformar suas “vozes” em escrita e, até mesmo, acreditando que seriam capazes de significar um texto acadêmico. É possível afirmar que essa produção de conhecimento foi além do conhecimento de Matemática e de Estatística e cumpriu o que se pretendia com relação à construção de conhecimento. Além disso, os alunos interagiram com a comunidade escolar, com a pesquisadora, com os estagiários e com os colegas, de forma a serem protagonistas da constituição de seu conhecimento, e isso foi muito importante para nós e provavelmente para eles. Palavras-chave: Educação Matemática; Educação Estatística; Letramento Estatístico; Educação de Jovens e Adultos. 81. COSME, Gerliane Martins. Da formação no curso de Licenciatura em Matemática de São Mateus/ES ao profissional da Educação de Jovens e Adultos. 2009. 199f. (Mestrado em Educação: Educação e Linguagens) – Universidade Federal do Espírito Santo. Orientadora: Lígia Arantes Sad. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Antonio Henrique Pinto; Circe Mary Silva da Silva Dynnikov. Disponível em: <http://www.ppge.ufes.br/dissertacoes/2009/GERLIANE%20MARTINS.pdf>. Resumo: Este trabalho constitui-se num estudo de caso cujo objetivo geral propõe analisar a integração entre formação inicial e continuada do professor de matemática da EJA, seu engajamento e atuação profissional, sendo este professor egresso do curso de Licenciatura em Matemática de São Mateus-ES. Para tanto definimos três objetivos específicos: i) verificar o contingente de escolas que oferecem educação para jovens e adultos no município de São Mateus-ES, bem como o de alunos atendidos pelas escolas nessa modalidade de ensino; ii) identificar o contingente de egressos do curso de Licenciatura em Matemática de São MateusES que atuam como professores de matemática na Educação de Jovens Adultos (EJA); iii) identificar e analisar percepções externadas de professores de matemática da EJA (egressos do curso de Licenciatura em Matemática de São Mateus-ES) sobre contribuições de sua formação inicial e continuada para sua prática profissional. Os referenciais teóricos em que nossa pesquisa se ancora foram agrupados em três eixos: o primeiro diz respeito à formação de professores, entendida como processo permanente em que a prática profissional é tomada como elemento formativo fundamental. Nesse eixo está Freire (1979, 2001, 2008), Fiorentini (2004) e Fiorentini e Castro (2003); o segundo trata de alguns modos de ver e conceber a Educação de Jovens e Adultos e a Matemática e seu ensino, de modo particular na EJA. Os representantes desse eixo são Fiorentini (1995), Paiva (2004, 2006) e Fonseca (1999, 2002); por último, o terceiro trata de questões ligadas à percepção humana. Tomamos como referência básica Bruner e Goodman (1947), Bruner e Postman 301 (1949) e Bruner (1997). A coleta do material de estudo ocorreu em diferentes momentos: no primeiro, por meio de um questionário estruturado aplicado a diretores de escolas; no segundo, mediante questionário semiestruturado aplicado a todos os professores de matemática da EJA do município de São Mateus. A partir dos dados obtidos por esse questionário, selecionamos três professoras que tomamos como “objeto” de estudo mais aprofundado, com as quais realizamos entrevistas semiestruturadas e observações de algumas aulas. O roteiro das entrevistas buscou explorar as percepções das professoras sobre sua formação inicial e continuada e sua prática docente na EJA. Os resultados mostram que, ao analisarem sua formação inicial, os professores indicam como maior contribuição para a prática docente na EJA a formação na especialidade matemática. Entretanto, apontam uma despreocupação dessa formação inicial no tratamento dado à formação do professor no que tange a questões didático-pedagógicas do processo de ensino e aprendizagem. Despreocupação que se acentua fortemente quando esse processo se acontece na EJA. Além disso, os dados revelam um descaso com a EJA nesse município que, aliado à deficiência da formação inicial sobre esse aspecto, leva os professores a desenvolver seu trabalho quase que totalmente sozinhos, sem ou com muito pouca orientação dos órgãos competentes, ou de cursos de formação continuada. Assim, esses sujeitos vão-se fazendo professores de Matemática da EJA na prática, no trabalho de cada noite com seus alunos, fundamentados em suas experiências como professores da EJA ou do “ensino regular” e em suas experiências como alunos. Palavras-chave: Formação de Professores de Matemática; Educação de Jovens e Adultos; Prática Profissional. 82. EUGÊNIO, Cláudio Luiz. Educação Matemática de Jovens e Adultos: certezas da Matemática e (in)certezas de uma matemática. 2009. 131f. (Mestrado em Educação: Linguagem, Conhecimento e Formação de Professores) – Universidade Federal de Juiz de Fora. Orientadora: Sonia Maria Clareto. Banca examinadora: Maria Queiroga Anastácio Amoroso; Adlai Ralph Detoni. Disponível em: <http://www.bdtd.ufjf.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=559> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp131350.pdf>. Resumo: Este trabalho ensaia um texto pelo qual se pretende tatear as bordas de uma matemática outra, potente em possibilidades. Busca-se, em meio às letras, narrar como alunos jovens e adultos falam sobre a matemática no espaço da sala de aula. A partir da narrativa de duas atividades, vividas por alunos da Educação de Jovens e Adultos em uma sala de aula de Matemática, grafo palavras que tentam ceder um rosto e, mais do que isso, experienciar, em sala de aula, uma outra matemática, distinta da Matemática dita escolar. Espaço de possibilidades experienciado por dezessete educandos da Educação de Jovens e Adultos, cursando nível médio. Surgem ali modos novos de compreender, distintos daqueles predominantes: os saberes científicos modernos. O conhecimento nasce como construção, um construir sempre inacabado. Na Matemática, aparecem muitas outras matemáticas. As vozes ecoam possibilidades. Dos desconhecidos vê-se o conhecimento. Nos abandonados, ouvem-se os ecos de verdades, de muitas possíveis verdades; encontramos diversos saberes. Ancorado e mergulhado nas vozes de Nietzsche e Deleuze, meu porto seguro fora invadido. Este texto aparece na cena em movimento, como invenção de tornar vivências e experiências num construto de letras, palavras que movimentam, andarilham pela cognição adulta. Como os alunos da EJA falam sobre a matemática no espaço da sala de aula? Para onde vão as folhas quando dançam uma leve dança com o vento? Em que direção aponta este texto? Provavelmente não aponta um horizonte, mas abre muitos caminhos, incertas estradas, tantas quantas forem possíveis inventar. Devires... Palavras-chave: Educação Matemática de Jovens e Adultos; Inventividades; Devir-criança; Matemática; Possibilidades. 83. FERREIRA, Ana Rafaela. Práticas de numeramento, conhecimentos escolares e cotidianos em uma turma de Ensino Médio da educação de pessoas jovens e adultas. 2009. 158f. (Mestrado em Educação: Educação Matemática) – Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca. Banca examinadora: Dione Lucchesi de Carvalho; Maria Clara Rezende Frota; Maria Laura Magalhães Gomes. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/FAEC85FHD3/disserta__o___ana_rafaela_ferreira.pdf?sequence=1 >. Resumo: Nesta dissertação, analisamos as relações estabelecidas e explicitadas por alunos e alunas da Educação de Pessoas Jovens e Adultas entre os conhecimentos matemáticos escolares e os conhecimentos cotidianos, bem como as posições que esses sujeitos assumem nas interações que acontecem na sala de aula de matemática de uma turma de Ensino Médio da EJA. Etapa final da Educação Básica, o Ensino Médio propõe uma abordagem mais formal do conhecimento matemático, o que tende a gerar certa tensão na convivência da preocupação em trazer para a dinâmica da sala de aula as vivências dos alunos, seus conhecimentos, seus modos de conhecer e da responsabilidade, que a escola se atribui, de viabilizar o acesso 302 a um conhecimento matemático mais identificado com o formato acadêmico. Essa tensão pode ser ainda mais evidente quando vivenciada no Ensino Médio da EJA. Enfatizando a dimensão sociocultural das práticas matemáticas e considerando as relações entre os saberes cotidianos e os escolares, esta pesquisa pretende analisar essa tensão valendo-se do aporte teórico dos estudos sobre numeramento. A partir da análise de eventos observados em uma sala de aula de Ensino Médio da EJA, identificamos práticas de numeramento mobilizadas pelos sujeitos, discutindo valores, crenças, estratégias, critérios de avaliação, padrões de comportamento e representações de alunos e alunas em relação à matemática e ao aprender matemática na escola. Com essa pesquisa, pretendemos contribuir para que os educadores da EJA, considerando os estudantes como sujeitos e respeitando suas concepções e suas demandas, suas crenças e suas desconfianças, seus objetivos e suas razões, suas expectativas e seus desejos, vislumbrem o potencial educativo da explicitação dessas tensões. Palavras-chave: Educação Matemática de Jovens e Adultos; Práticas de Numeramento; Conhecimentos Cotidianos e Escolares. Ensino Médio. 84. FRIEDRICH, Márcia. O Programa Nacional de Inclusão de Jovens – PROJOVEM: uma análise entre o proposto e o vivido em Goiânia. 2009. 104f. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática: Ensino e Aprendizagem de Ciências e Matemática) – Universidade Federal de Goiás. Orientadora: Anna Maria Canavarro Benite. Banca examinadora: Jane Paiva; Juan Bernardino Marques Barrio. Disponível em: <http://bdtd.ufg.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=607>. Resumo: A Educação de Jovens e Adultos permeia a história da educação, sendo que esta segue os ritmos da história da sociedade em seus modelos econômicos, políticos e sociais ditados por relações de poder de grupos ideologicamente dominantes. Na educação e especificamente na EJA, questões significativas emergem na busca de saberes docentes necessários direcionados a este segmento de ensino que segue a margem da história da educação. Assim este trabalho é fruto de uma pesquisa vinculada ao Programa de Mestrado em Educação em Ciências e Matemática que visa tecer reflexões sobre a trajetória histórica da EJA no Brasil, voltando o debate às questões relacionadas a políticas públicas, caracterização deste grupo social, contextualizando as propostas pedagógicas direcionadas a este. Algumas considerações gerais, referentes à estruturação do conhecimento científico, bem como ao ensino de ciências e matemática no contexto social do egresso do Programa Nacional de Inclusão de Jovens: Educação, Qualificação Profissional e Ação Comunitária – ProJovem concluem nossa apresentação dos resultados da investigação. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Público de EJA; Políticas Públicas; Propostas Pedagógicas. 85. LOPES, Lailson dos Reis Pereira. Formação do professor de matemática “para” e “na” EJA – Educação de Jovens e Adultos. 2009. 172f. (Mestrado em Educação: Formação de Professores e Processos Educativos) – Universidade de Uberaba. Orientadora: Marilene Ribeiro Resende. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Dirce Maria Falcone Garcia. Resumo: Esta pesquisa tem como objeto de estudo a formação inicial e continuada dos professores/as de Matemática que atuam na Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Montes Claros - MG. Orientou-se pela questão: Como ocorreu/ocorre o processo de formação inicial e continuada do professor de Matemática "para" e "na" EJA, em Montes Claros – MG, buscando atender as especificidades dessa modalidade de ensino? Assim, é objetivo desta pesquisa investigar como os professores de Matemática em Montes ClarosMG se formaram e se formam “para” e “na” EJA. Como objetivos específicos: investigar como a EJA vem sendo caracterizada na literatura e na legislação e como se faz presente em Montes Claros; apreender a visão do professor de Matemática sobre a EJA; investigar como o professor percebe a sua atuação na EJA e no ensino regular; analisar a formação inicial e continuada para atuar nesse segmento; investigar como o professor avalia os seus saberes para ensinar Matemática na EJA, diante das especificidades dessa modalidade de ensino, e como esses saberes se modificam na prática docente. Foi feita opção pela pesquisa qualitativa. Para a coleta de dados, lançamos mão da pesquisa documental e da pesquisa de campo, realizando entrevistas semiestruturadas com seis professoras selecionadas a partir dos resultados do estudo exploratório. A análise das entrevistas foi orientada pelos pressupostos de Bardin, considerando três grandes eixos de análise: a EJA no Brasil, em Montes Claros e na visão das professoras; a formação de professores sob o olhar dos teóricos e das professoras; a Educação Matemática de Jovens e Adultos e a formação do professor de matemática “para” e “na” EJA. Dialogamos e nos apoiamos em teóricos e pesquisadores desses três campos, dentre eles: Arroyo, Soares, Di Pierro, Dayrell, Fávero que discutem a EJA; Alvarado Prada, Giroux, Freire, Contreras Domingo, Shön, Tardif, Mizukami, que tratam a formação de professores e Fonseca, Fiorentini e Lorenzato que abordam questões relacionadas à Educação Matemática e EJA e à formação de professores. Foi-nos possível constatar que a EJA tem uma presença significativa em Montes Claros, especialmente no noturno; as professoras entrevistadas veem a EJA como oportunidade, numa 303 concepção ainda compensatória; atuam nessa modalidade não como uma escolha, mas como necessidade de ajustamento de situações profissionais; a maioria afirma que a formação inicial não as preparou para esse trabalho e que sua formação ocorre na prática, e poderíamos concluir de modo solitário; a formação continuada, quando há, não atende às suas necessidades e expectativas; mostram-se preocupadas e até mesmo impotentes diante do fenômeno de “juvenilização” da EJA; tem dificuldades em selecionar os conteúdos e não fazem referências aos documentos, pesquisas e materiais que vem sendo produzidos visando ao ensino de Matemática nessa modalidade, assim como não se referem a conteúdos e utilização de recursos que poderiam situar o aluno no mundo hoje; tem prazer em atuar na EJA, especialmente com os adultos. Palavras-chave: Formação de Professores; Formação de Professores de Matemática; Educação de Jovens e Adultos – EJA. 86. PACHECO, Mirela Stefânia. Geometria plana e inclusão digital: uma experiência a partir do cotidiano dos alunos EJA. 2009. 120f. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática: Informática na Educação em Ciências e Matemática) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Orientadora: Lucia Maria Martins Giraffa. Banca examinadora: André Luís Alice Raabe; Lorí Viali. Disponível em: <http://tede.pucrs.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2457> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp124835.pdf>. Resumo: Esta pesquisa teve por objetivo elaborar uma proposta metodológica de cunho transdisciplinar para auxiliar na compreensão de conteúdos de Geometria Plana, para alunos da modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos), a partir da utilização de softwares de apoio que funcionam como elementos articuladores do conteúdo e, também, auxiliam no seu processo de Inclusão Digital. Buscou-se proporcionar aos alunos de EJA, sujeitos participantes da pesquisa, uma oportunidade de trabalhar conceitos relacionados ao seu cotidiano (cidadania, espaço público, atividades cotidianas e autoestima) associados ao estudo de Geometria Plana (Matemática), utilizando como mote um conjunto de atividades onde os alunos utilizaram o Software de simulação para construção de plantas arquitetônicas denominado XHOME 3D e o programa Paint (integrante do ambiente Windows). O aporte teórico foi baseado nos pressupostos da Teoria de Paulo Freire e nas necessidades da Sociedade da Aprendizagem preconizada por Levy (1996, 1999). A investigação utilizou como instrumento de pesquisa um questionário inicial sobre os conhecimentos prévios dos alunos e um questionário final para verificar as competências desenvolvidas em relação aos conteúdos de Geometria Plana, após as atividades com o software simulador. A análise das respostas permitiu abordar o problema de modo quantitativo e qualitativo, em uma abordagem predominantemente naturalístico-construtiva. Os dados obtidos na Sondagem (pré-teste) foram comparados com os que foram colhidos e analisados na atividade final (pós-teste), permitindo perceber uma evolução significativa sobre a construção do conhecimento de Geometria Plana e sobre como os alunos da VI Fase da EJA de uma escola municipal da cidade de Novo Hamburgo (RS) o relacionam com o seu cotidiano. Por isso, a partir dos resultados da pesquisa, foi elaborado um conjunto de diretivas na forma de uma proposta de metodologia de ensino, usando elementos da realidade dos alunos e uso de softwares gráficos como elementos articuladores do seu trabalho. Observou-se que além dos aspectos cognitivos (aprendizagem dos conteúdos) uma melhoria na autoestima dos alunos Palavras-chave: Geometria Plana; Software Educacional; Inclusão Digital; Educação de Jovens e Adultos. 87. PORFÍRIO, Alexandre Guilarducci. O reconhecimento do contexto sociocultural do aluno em meio ao ensino e à aprendizagem da Matemática na educação de adolescentes jovens e adultos – Goiânia / GO. 2009. 169f. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática: Ensino e Aprendizagem de Ciências e Matemática) – Universidade Federal de Goiás. Orientador: Rogério Ferreira. Banca examinadora: Maria do Carmo Santos Domite; José Pedro Machado Ribeiro. Disponível em: <http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tde/582>. Resumo: Neste trabalho, salientamos a importância do desenvolvimento do conhecimento matemático a partir do contexto sociocultural do aluno que cursa a Educação de Adolescentes, Jovens e Adultos (EAJA). Destacamos a relevância de valorizar os conhecimentos previamente adquiridos por estes alunos na prática do professor de matemática em sala de aula. A pesquisa procurou abordar diferentes esferas da educação, tendo por foco compreender as necessidades acerca da EAJA. Em harmonia a uma fundamentação teórica atual e reconhecida pelos estudiosos que buscam melhoras para a educação escolar de jovens e adultos, buscamos expor algumas das relações que cercam o desenvolvimento do conhecimento matemático na escola a partir do contexto sociocultural do indivíduo. Para isso, realizamos uma pesquisa de campo junto aos alunos da escola Municipal Maria Helena Bretas em Goiânia-GO, local em que nossos resultados estão contextualizados. Palavras-chave: Educação de Adolescentes, Jovens e Adultos; Educação Matemática; Contexto Sociocultural. 304 88. ROLOFF, Micheli Cristina Starosky. Representações sociais de Matemática: um estudo com alunos da Educação de Jovens e Adultos. 2009. 145f. (Mestrado em Educação: Desenvolvimento Humano e Processos de Aprendizagem) – Universidade do Vale do Itajaí. Orientadora: Maria Helena Baptista Vilares Cordeiro; José Erno Taglieber. Banca examinadora: Ana Lúcia Manrique; Luciane Maria Schlindwein; Antonio Fernando Silveira Guerra. Disponível em: <http://www6.univali.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=647> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp099340.pdf>. Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo caracterizar o conteúdo, a estrutura e a dinâmica da representação social sobre a matemática. A partir dos referenciais teórico-metodológicos propostos por Moscovici (1961, 1978, 2003), empreendeu-se uma investigação para responder à seguinte pergunta de pesquisa: Quais são as representações sociais sobre Matemática dos alunos do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) do Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina (CEFET/SC) de Florianópolis? A coleta de dados foi iniciada utilizando-se a técnica de Associação Livre, tendo como palavra indutora “Matemática”, para levantamento do conteúdo das representações. Participaram desta etapa 120 alunos do PROEJA. Na análise das evocações foi utilizado o software EVOC 2000, visando conhecer a estrutura das representações. As palavras mais frequentemente evocadas foram utilizadas no Procedimento de Classificação Múltiplas (PCM), realizado em entrevistas individuais com 20 sujeitos selecionados do grupo que participou da primeira etapa. As categorizações produzidas nas entrevistas foram submetidas a uma Análise Multidimensional e as falas dos sujeitos foram analisadas para se conhecer a dinâmica das representações. A análise do espaço semântico produzido pela Multidimensional Scalogram Analysis (MSA) e a análise das justificativas dadas pelos sujeitos na organização das evocações revelaram três categorias: Simbolização – atividade mental, que traduz a ideia de uma Matemática simbólica, e expressa pela atividade mental e aproximada do conhecimento científico. Aprendizagem da matemática (escolar) revela os conteúdos da matemática escolar, dividida entre a sala de aula e a aprendizagem. Já a categoria Minha relação com a matemática (cotidiano), as evocações remontam a como cada um dos sujeitos se relaciona com a matemática e expressam as necessidades do curso ou daquilo que estão estudando. O estudo ainda apontou para outras direções, referentes a condição de ser sujeito EJA. Palavras-chave: Representações Sociais; Matemática; Educação de Jovens e Adultos. 89. SOUSA, Gideão Rodrigues de. Educação Matemática Crítica junto aos alunos da EJA. 2009. 112f. (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática: Formação de Professores, Ensino Aprendizagem e Construção do Conhecimento) – Universidade Cruzeiro do Sul. Orientadora: Iara Regina Bocchese Guazzelli. Banca examinadora: Celi Espasandin Lopes. Resumo: Palavras-chave: Educação Matemática Crítica; alunos da EJA. 90. TERRA, Lúcia Couto. Matemática em informações midiáticas. 2009. 148f. (Mestrado Profissional em Ensino de Matemática: Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação Matemática) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Orientador: Marcus Vinicius de Azevedo Basso. Banca examinadora: Francisco Egger Moellwald; Marilaine de Fraga Sant'Ana; Simone Dias Cruz. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/21929>. Resumo: O objetivo deste trabalho foi elaborar e aplicar um conjunto de atividades, na modalidade oficina, para uma turma de estudantes jovens e adultos do primeiro nível do ensino médio do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CAp – UFRGS). As atividades foram elaboradas com a intenção de fazer uso dados apresentados em mídias impressa e virtual no ensino da Matemática para contribuir na aprendizagem dos estudantes Jovens e Adultos. Essas mídias foram escolhidas por se constituírem em fontes de atualização acessíveis e possibilitarem a integração de várias áreas do conhecimento. Essas fontes de informações, além de se apresentarem como uma maneira de contextualizar os conteúdos específicos desta disciplina e a valorizar os saberes e experiências dos aprendizes foram o ponto de partida deste trabalho. A análise dos dados permite concluirmos que a proposta representou uma contribuição tanto na aprendizagem de matemática dos estudantes quanto para as discussões e consolidação de uma proposta de educação de jovens e adultos do CAp – UFRGS. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Aprendizagem Matemática; Mídias Impressa e Digital. 305 Ano de 2010 91. ALBUQUERQUE, Milka Rossana Guerra Cavalcanti de. Como adultos e crianças compreendem a escala representada em gráficos. 2010. 122f. (Mestrado em Educação Matemática e Tecnológica: Processos de Ensino-Aprendizagem em Educação Matemática e Científica) – Universidade Federal de Pernambuco. Orientadora: Gilda Lisbôa Guimarães. Banca examinadora: Sandra Maria Pinto Magina; Ana Coêlho Vieira Selva. Disponível em: <http://www.bdtd.ufpe.br/bdtd/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=52 >. Resumo: O desenvolvimento tecnológico deu origem a uma grande quantidade de informações e a representação gráfica passou a configurar-se como um instrumento imprescindível para a sua transmissão, devido a sua capacidade de transmitir de forma rápida e resumida um quantitativo grande de dados. Entretanto, a escala apresentada em um gráfico pode ser um instrumento utilizado para manipular dados, podendo gerar imagens distorcidas sobre as informações que são veiculadas. Dessa forma, tivemos como objetivo investigar como adultos e crianças dos anos iniciais de escolarização compreendem a escala representada em gráficos de barras e de linha. Participaram da pesquisa 152 alunos de escolas públicas da Região Metropolitana do Recife, sendo os mesmos do 3º e 5º ano do Ensino Fundamental e Módulos I-II e III da Educação de Jovens e Adultos. Foram realizados testes com os alunos, a fim de investigar quatro variáveis que estudos anteriores consideram importantes para a compreensão da escala apresentada nos gráficos, quais sejam: o tipo de gráfico; o valor da escala; a necessidade de o aluno localizar um valor implícito ou explícito na escala, ou de localizar uma frequência ou uma categoria a partir da escala. Percebemos que os alunos investigados não apresentaram um bom desempenho nessas questões. Na maioria das atividades, as crianças, principalmente do 5º ano, tiveram desempenho melhor do que os adultos, sendo o Módulo I-II o que apresentou o pior desempenho. Quanto às variáveis estruturais da representação, o gráfico de barras com escala unitária foi o que apresentou maior percentual de acertos. Em relação à natureza das questões, as de localização de categoria a partir de frequência e principalmente de valor explícito foram as que podemos considerar mais simples para os estudantes. Entretanto, quando não é preciso remeter à escala, devido aos valores que estão explícitos em cima de cada barra (como na maioria dos gráficos apresentados na mídia impressa), os alunos conseguem apresentar um bom desempenho. Assim, esse estudo evidencia a dificuldade dos alunos em compreender os valores em uma reta numérica, ou seja, compreender a proporcionalidade existente entre os valores expressos e suas subunidades. Acreditamos ser fundamental que a escola proponha um trabalho sistematizado com representações gráficas considerando os diferentes tipos de gráficos e as diferentes unidades escalares, aliando esse trabalho à compreensão de diferentes grandezas, principalmente a grandeza comprimento, discutindo as unidades de medidas e suas subunidades, para que de fato possamos construir cidadãos capazes de serem críticos frente às diversas estratégias utilizadas pela mídia para mascarar, omitir ou manipular as informações. Palavras-chave: Adultos; Crianças; Escala; Ensino-Aprendizagem. 92. ANDRADE, Lucianne Oliveira Monteiro. O ensino de Matemática no PROEJA: limites e possibilidades. 2010. 125f. (Mestrado em Educação Agrícola: Metodologia do Ensino e da Pesquisa para a Educação Agrícola) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Orientador: José Roberto Linhares de Mattos. Banca examinadora: Carlos Eduardo Mathias Motta; Eulina Coutinho do Nascimento. Disponível em: <http://www.ia.ufrrj.br/ppgea/dissertacao/Lucianne%20Oliveira%20Monteiro%20Andrade.pdf> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp136850.pdf>. Resumo: O presente trabalho foi realizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Ceres (IFGoiano-Campus Ceres) com alunos da primeira série do Curso Técnico em Administração Integrado ao Ensino Médio e Curso Técnico em Suporte e Manutenção de Computadores Integrado ao Ensino Médio, ambos na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos. A pesquisa teve como objetivo analisar aspectos da aprendizagem matemática dos alunos em situações mediadas pela utilização de ferramentas metodológicas como Aulas Contextualizadas e Projetos de Pesquisa utilizando o mundo do trabalho desses sujeitos da EJA, e em situações práticas de ensino-aprendizagem na sala de aula, que proporcionaram momentos de reflexão e contextualização, principalmente as experiências profissionais e os temas político-sociais. Nos Projetos buscamos utilizar as experiências de vida dos alunos do PROEJA. Palavras-chave: PROEJA; EJA; Alunos Trabalhadores; Projetos de Pesquisa; Ensino de Matemática. 93. BEZERRA, Elvis da Silva. Investigação da aprendizagem de conhecimentos matemáticos a partir de atividades contextualizadas na Educação de Jovens e Adultos. 2010. 11f. (Mestrado em Ensino das Ciências: Processos de Construção de Significados em Ciências e Matemática) – Universidade Federal Rural de Pernambuco. Orientadora: Mônica Maria Lins Lessa. Banca examinadora: Abraão Juvêncio de Araújo; Anna Paula de Avellar Brito Menezes; Josinalva Estácio Menezes. 306 Resumo: Palavras-chave: 94. BISPO, Jaíra de Souza Gomes. A participação de jovens e adultos em um ambiente de modelagem matemática. 2010. 108f. (Mestrado em Ensino, Filosofia e História das Ciências) – Universidade Federal da Bahia e Universidade Estadual de Feira de Santana. Orientador: Jonei Cerqueira Barbosa. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Maria Cristina Martins Penido. Disponível em: <https://twiki.ufba.br/twiki/pub/PPGEFHC/DissertacoesPpgefhc/Ja%edra_Souza_Gomes_Bispo_2010.pdf>. Resumo: A presente dissertação apresenta um estudo no qual se investigou e analisou como os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) participam das discussões em um ambiente de modelagem matemática, quando o professor proporciona esse ambiente de aprendizagem na sala de aula. Para atingir esse objetivo, foi necessário compreender como a transferência contribuiu na execução das tarefas de modelagem, e analisar como as experiências não-escolares foram mobilizadas na participação de alunos jovens e adultos em um ambiente de modelagem matemática. Para tal propósito, foi utilizada uma abordagem qualitativa, de modo que os dados foram coletados numa escola pública da cidade de Alagoinhas, interior do Estado da Bahia, numa turma de EJA do Ensino Fundamental II, na qual foi utilizada a observação para ver como os alunos participam das atividades de Modelagem Matemática. Essa turma é referente a sétima e oitava séries, atuais oitavo e nono anos. As observações foram registradas por meio de filmagens, catalogadas em DVDs e transcritas. Os resultados sugerem que a transferência é capaz de envolver o aluno na tarefa de modelagem, dando oportunidade para que o mesmo compartilhe suas experiências não-escolares, mobilizadas na participação dos alunos nesse ambiente de aprendizagem. Além disso, os resultados dessa pesquisa podem constituir importantes subsídios para a teorização deste ambiente de aprendizagem, no campo da Educação em Ciências e Matemática, e, consequentemente, para a utilização na prática de professores da EJA, do ponto de vista profissional. Palavras-chave: Modelagem Matemática; Educação de Jovens e Adultos; Participação. 95. DANTAS, Jesica Barbosa. A argumentação matemática na resolução de problemas de estrutura aditiva com alunos de EJA. 2010. 144f. (Mestrado em Educação: Didática de Conteúdos Específicos) – Universidade Federal de Pernambuco. Orientadora: Gilda Lisbôa Guimarães. Banca examinadora: Rute Elizabete de Souza Rosa Borba; Síntria Labres Lautert. Disponível em: <http://www.bdtd.ufpe.br/bdtd/tedeSimplificado/tde_busca/processaPesquisa.php?listaDetalhes[]=8497&processar=Processar >. Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo investigar a influência da argumentação matemática para a aprendizagem da resolução de problemas de estrutura aditiva com alunos de Educação de Jovens e Adultos nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Para tal, foram propostas três etapas: momento individual inicial, vivência de três sequências didáticas, momento individual final. Participaram deste estudo alunos da alfa, 1º e 2º ciclo. No primeiro momento os alunos resolveram 5 (cinco) problemas envolvendo diferentes lógicas de estrutura aditiva. Desta primeira etapa, foram escolhidos aleatoriamente 18 (dezoito) estudantes, sendo 6 (seis) de cada turma, para a vivência das três sequências didáticas no qual foi proposto a resolução de quatro problemas, sendo dois de equalização e dois de comparação para a resolução em duplas e posterior confronto em grupos de 6 estudantes (Sexteto). Após esse momento, os alunos participaram do segundo momento individual com a resolução de outros 5 (cinco) problemas de estrutura aditiva semelhantes aos da primeira etapa. Na análise dos resultados foram identificados os tipos de argumentos utilizados pelos alunos e as possíveis diferenças entre os argumentos dos estudantes em função do nível de escolaridade e do tipo de interação social. Além disso, foram identificados os tipos de argumentos dos estudantes relacionados ao cálculo relacional e ao cálculo numérico e identificado os tipos de argumentação que podem levar a aprendizagem da resolução de problemas de estrutura aditiva. A análise evidencia que o nível de escolaridade influencia no tipo de argumentação, mas não interfere nos tipos de interação. Também foi constatado que as relações interativas cooperativas são as que favorecem o ato de descrever e explicar as respostas e que as relações individualistas são as que favoreceram os atos de não ter interesse em explicar e não conseguir explicar. Os alunos estiveram envolvidos em atividades de argumentação matemática se interrogando, analisando resolução de desacordos e formulando conjecturas. A interação social possibilitou a argumentação o que levou os alunos jovens e adultos a explicitarem seus procedimentos de resolução utilizando diversos tipos de argumentos auxiliando na compreensão dos problemas de estrutura aditiva. Palavras-chave: Argumentação; Interação Social; Resolução de Problemas. Estruturas Aditivas. Educação de Jovens e Adultos. 96. GILS, André Luiz. Contribuições da etnomatemática para a Educação de Jovens e Adultos – EJA e para a formação de professores. 2010. 171f. (Mestrado em Educação: Formação de Professores de Ciências) – 307 Universidade Federal Fluminense. Orientadora: Maria Cecília de Castello Branco Fantinato. Banca examinadora: Sonia Maria de Vargas; Glória Regina Pessôa Campello Queiroz. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp145560.pdf>. Resumo: O presente trabalho está inserido na linha de pesquisa Ciências, Sociedade e Educação do curso de Mestrado em Educação, da Universidade Federal Fluminense. Este busca investigar as contribuições da perspectiva da Etnomatemática para a Educação de Jovens e Adultos e para a formação de professores. Foi realizado para isto um estudo de caso com um grupo de professores de Matemática, da zona oeste do Rio de Janeiro, integrantes do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA) da Secretaria Municipal de Educação deste estado. O trabalho tem por objetivo considerar a necessidade de reflexão sobre as práticas dos professores desse Programa, apontando para uma formação mais específica destes, tomando como referência as reflexões sobre os saberes docentes e discentes e a importância destes para os estudos em educação matemática. Utilizou-se entrevistas como instrumento metodológico principal de coleta de dados. A análise das mesmas apontou, principalmente, para seis temas de análise: As marcas da formação inicial para as práticas docentes na EJA; O descompasso da formação inicial para os professores da EJA; O papel do professor na permanência e interesse dos alunos da EJA; Legitimando saberes em via de “mão-dupla”; Falando a mesma língua; e, Contribuições da formação continuada para a prática docente na EJA. Os resultados da análise puderam indicar o quanto as contribuições culturais proporcionadas pela Etnomatemática, podem ajudar a Educação de Jovens e Adultos e a formação docente. A pesquisa aponta para convergências entre a Educação de Jovens e Adultos, a Educação Popular, os saberes docentes e a Etnomatemática apoiando-se nas entrevistas realizadas. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Formação de Professores; Etnomatemática. 97. LIMA, Izauriana Borges. Investigando o desempenho de jovens e adultos na construção e interpretação de gráficos. 2010. 146f. (Mestrado em Educação Matemática e Tecnológica: Processos de EnsinoAprendizagem em Educação Matemática e Científica) – Universidade Federal de Pernambuco. Orientadora: Ana Coêlho Vieira Selva. Banca examinadora: Sandra Maria Pinto Magina; Gilda Lisbôa Guimarães. Disponível em: <http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CCcQFjAA&url=http%3A%2F%2Fufpe.edumatec.net%2Findex.php%3Foption% 3Dcom_rokdownloads%26view%3Dfile%26task%3Ddownload%26id%3D23%3Ainvestigando-o-desempenho-de-jovens-e-adultos-na-construcao-e-interpretacao-degraficos&ei=gf6wUeLkB5XB4APjnoHQBw&usg=AFQjCNEB4-_87_0rz0jiNPGXI2xUS13UMg&bvm=bv.47534661,d.dmg>. Resumo: Diversos estudos vêm sendo realizados investigando a interpretação e/ou construção de gráficos (Selva, 2003; Guimarães, Gitirana e Roazzi, 2001; Gitirana, Guerra e Selva, 2005; Ainley, 2000; entre outras). Entretanto, poucas pesquisas analisaram o desempenho de estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O objetivo deste estudo foi analisar estudantes da EJA, em diferentes níveis de escolarização, resolvendo atividades de construção e interpretação de gráficos. Participaram da pesquisa 30 estudantes da EJA distribuídos em três grupos: 10 dos anos iniciais do Ensino Fundamental (G1), 10 dos anos finais do Ensino Fundamental (G2) e 10 do Ensino Médio (G3). Cada estudante resolveu cinco atividades, sendo três de interpretação e duas de construção. Foram analisados os desempenhos dos estudantes em questões de leitura pontual, comparação, combinação, igualização, extrapolação e análise geral para cada gráfico, sendo um gráfico de linhas e dois de barras (um de categorias e outro com série de tempo). Os resultados não mostraram diferenças significativas no desempenho dos estudantes nas atividades de interpretação em função da escolaridade. Questões de combinação e de comparação foram as que trouxeram maior dificuldade para todos os grupos. Considerando os tipos de gráficos, diferenças significativas foram constatadas apenas entre os gráficos de barras com categorias e o gráfico de barras com série de tempo. Este resultado sugere a importância de se considerar vários aspectos, como informações adicionais do gráfico, o tema abordado, conhecimentos prévios, no processo de interpretação de gráficos. Ao mesmo tempo, rompe com a pressuposição de que apenas o tipo do gráfico define seu grau de dificuldade. Na construção dos gráficos várias dificuldades foram observadas. A maioria dos gráficos construídos não apresentou informações necessárias para a compreensão do mesmo (título, nomeação dos eixos, descrição das variáveis). Dificuldade com a escala foi um dos aspectos mais evidentes entre os estudantes. Comparando os resultados obtidos nas atividades de interpretação e construção de gráficos, observamos que os desempenhos dos alunos que conseguiram realizar com sucesso as atividades de interpretação não garantiram a construção adequada de um gráfico. Este dado sugere que há pouca relação entre tais atividades e que interpretar parece ter sido mais fácil que construir. Os resultados desta pesquisa apontam para a necessidade de um olhar mais detalhado para os processos de ensino-aprendizagem de Matemática e, especialmente, sobre o trabalho com gráficos na EJA. A escola tem um papel a cumprir na ampliação e sistematização dos conhecimentos e deve dar conta deste papel. Gráficos devem ser trabalhados em sala de aula de forma articulada com os diferentes componentes curriculares, aproveitando-se as vantagens deste tipo de representação. Os dados sugerem que há necessidade de maior estímulo à construção de gráficos na EJA e que o professor articule as atividades de interpretação 308 com as de construção de gráficos. Por fim, é ainda necessário que o trabalho com gráficos sejam algo contínuo e sistemático em todo o percurso escolar, proporcionando reflexões e desenvolvimento crítico das informações veiculadas por este tipo de representação. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Interpretação e Construção de Gráficos; Escolarização. 98. LIMA, Rita de Cássia Gomes de. O raciocínio combinatório de alunos da Educação de Jovens e Adultos: do início da escolarização até o Ensino Médio. 2010. 151f. (Mestrado em Educação Matemática e Tecnológica: Processos de Ensino-Aprendizagem em Educação Matemática e Científica) – Universidade Federal de Pernambuco. Orientadora: Rute Elizabete de Souza Rosa Borba. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Anna Paula de Avelar Brito Lima; Gilda Lisbôa Guimarães. Disponível em: <http://www.bdtd.ufpe.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=51> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp135189.pdf>. Resumo: Neste estudo analisamos a compreensão de alunos da Educação de Jovens e Adultos em processo de escolarização sobre problemas de estrutura multiplicativa, mais especificamente os que envolvem o raciocínio combinatório. Participaram da pesquisa 150 alunos de cinco instituições (uma municipal, duas estaduais, uma federal e uma mantida pelo Serviço Social do comércio (SESC). Os alunos resolveram dezesseis questões envolvendo problemas de estrutura multiplicativa, incluindo os de raciocínio combinatório de naturezas distintas (arranjo, combinação, permutação e produto cartesiano). Na análise dos resultados verificamos o desempenho em relação às variáveis série e tipo de problema (variáveis controladas) e da faixa etária, atividades profissionais e estratégias apresentadas pelos alunos (variáveis não controladas experimentalmente). Das variáveis trabalhadas, a única que não exerceu influência no desempenho dos educandos foi a faixa etária, sendo as demais fatores interferentes. Observamos também que alunos desta modalidade de ensino resistem a usar representações não-formais para a resolução dos problemas combinatórios e os que o fazem utilizam-se mais da listagem de possibilidades. Percebemos que o trabalho do educador no auxílio aos alunos no processo de construção desses conceitos é fundamental para o desenvolvimento dos conhecimentos de Combinatória, sendo essencial que o professor reconheça como válidos os conceitos já adquiridos pelos alunos, antes mesmo da formalização dos mesmos, para que assim se possa ampliar e aprofundar o raciocínio combinatório dos estudantes. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Estruturas Multiplicativas; Raciocínio Combinatório. 99. MARTINS, Glauce Vilela. Livros didáticos de alfabetização de jovens e adultos: um estudo sobre as estruturas multiplicativas. 2010. 142f. (Mestrado em Educação: Didática de Conteúdos Específicos) – Universidade Federal de Pernambuco. Orientadora: Rute Elizabete de Souza Rosa Borba. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Cristiane Azevêdo dos Santos Pessoa; Carlos Eduardo Ferreira Monteiro. Disponível em: <http://www.bdtd.ufpe.br/bdtd/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=228>. Resumo: No presente estudo foram analisados, segundo pressupostos teóricos da Teoria dos Campos Conceituais (Vergnaud, 1982), os livros didáticos de alfabetização de jovens e adultos aprovados no Plano Nacional do Livro de Alfabetização (PNLA) 2008, no que se refere à abordagem nas situações-problema das estruturas multiplicativas. Para a pesquisa, foram examinados todos os 19 livros aprovados na primeira edição do PNLA. Na análise dos resultados foram verificados os significados trabalhados nos problemas, as representações simbólicas solicitadas e apresentadas, bem como os contextos que essas situações-problema estavam inseridas. Evidenciou-se que dentre os significados mais abordados de estrutura multiplicativa, segundo a classificação proposta por Nunes e Bryant (1997) destacam-se os problemas de multiplicação direta e divisão partitiva. Outros problemas multiplicativos – incluindo os significados de racionais apontados por Kieran (1976) e os de Combinatória apontados por Merayo (2001) foram muito pouco trabalhados nestes livros. A maioria dessas situações apresentam apenas enunciado e desenho como suporte aos problemas, bem como não solicitam formas de representação específicas para a resolução dos mesmos. Todos os livros aprovados apresentam contextos adequados ao público aos quais está direcionado, embora a variedade de contextos seja pequena e muitas situações matemáticas cotidianas de jovens e adultos não sejam levadas em consideração. Deve-se, portanto, atentar para especificidades do educando jovem e adulto, levando em consideração os saberes social e formalmente construídos, de forma a auxiliá-lo no desenvolvimento de conhecimentos da Matemática e outras áreas do saber, por meio de um trabalho com diversificados significados, variadas representações simbólicas e ampla variedade de contextos. Palavras-chave: Livro Didático; Educação de Jovens e Adultos; Estruturas Multiplicativas; Teoria dos Campos Conceituais. 100. MATTARA, Irmes Mary Moreno Roque. A investigação e produção de conhecimentos matemáticos com 309 significado na EJA: aprendizagem escolar e o cotidiano na formação de jovens e adultos. 2010. 87f. (Mestrado em Educação: Formação e Prática Pedagógica do Profissional Docente) – Universidade do Oeste Paulista. Orientador: Adriano Rodrigues Ruiz. Banca examinadora: Wanda Darin Miotto; Tereza de Jesus Ferreira Scheide. Disponível em: <http://tede.unoeste.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=227>. Resumo: Esta dissertação é resultado de pesquisa desenvolvida no Programa de Mestrado em Educação, linha de pesquisa 2 – Formação e Prática Pedagógica do Profissional Docente, da Universidade do Oeste Paulista. A presente pesquisa teve por objetivo investigar, na perspectiva da etnomatemática, formas de ensinar e aprender matemática na EJA, relacionando conhecimentos empíricos (do cotidiano) com conhecimentos escolares. Trata-se de pesquisa descritiva, com enfoque teórico-crítico de caráter qualitativo e o seu delineamento se caracteriza por uma pesquisa-ação. Com a finalidade de conhecer os sujeitos da pesquisa e seus estilos cognitivos na busca da aprendizagem significativa, houve uma entrevista-piloto com vinte e três alunos, matriculados no segundo segmento da Educação de Jovens e Adultos e desse grupo cinco participaram da resolução de situações-problema destinadas à coleta de dados. Os resultados indicaram que a aprendizagem escolar de matemática com significado é possível, desde que ocorra o processo de construção de conhecimento contextualizado, tomando-se como ponto de partida os conhecimentos prévios dos alunos, adquiridos nas experiências vividas nos diferentes ambientes de aprendizagem (intra e extraescolar), respeitando-se o contexto sócio-histórico-cultural dos aprendizes, dentro de um contexto educativo pautado no diálogo e na reflexão. Palavras-chave: Etnomatemática; Educação de Jovens e Adultos; Aprendizagem Significativa. 101. MEDEIROS, Robson André Barata de. Linguagens e aprendizagem da Matemática na EJA: desafios, preconceito linguístico e exclusão. 2010. 147f. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas: Etnomatemática, Linguagem, Cultura e Modelagem Matemática) – Universidade Federal do Pará. Orientadora: Marisa Rosâni Abreu da Silveira. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Emilia Pimenta Oliveira. Disponível em: <http://www.ppgecm.ufpa.br/media/disserta/2008/Robson%20Andr%C3%A9%20Barata%20de%20Medeiros.pdf>. Resumo: Esta dissertação teve o objetivo de verificar se os alunos da EJA consideram que o uso de uma variedade linguística pouco “adequada” ou “valorizada”, teria efeito sobre a aprendizagem da matemática e refletir sobre a importância do respeito à variedade linguística do aluno da EJA, que pode servir de meio para se chegar à variedade estabelecida no espaço escolar, assim como para a aquisição da linguagem matemática. A discriminação linguística que se tem dentro do contexto escolar pode distanciar ou até mesmo negar o acesso aos conhecimentos escolares pelo fato de se retirar as referências de mundo que o aluno possui. O aprendizado da matemática no meio escolar está distante das variedades existentes e principalmente daqueles oriundos dos meios mais carentes economicamente. Analisa-se a possibilidade de uma ponte entre os conhecimentos matemáticos populares e os escolares, a partir do respeito à variedade usada pelos educandos. A pesquisa foi realizada em uma escola pública com uma turma da terceira etapa da EJA. A análise permitiu constatar que muitos dos problemas no aprendizado da matemática estão relacionados com aspectos referentes à discriminação da variedade linguística e dos conhecimentos matemáticos das classes populares no meio escolar. Como se vive numa sociedade altamente tecnológica, que é formatada por modelos prescritos pela classe dominante, a partir da linguagem matemática, então esse conhecimento é imprescindível para a compreensão e por uma possível transformação social. Contudo a escola segue comportamentos determinados, com o objetivo de reproduzir e manter tal mentalidade dominante ao negar o acesso a linguagem matemática. A pesquisa aponta para um caminho que prevê um ensino/aprendizagem da matemática que se emancipe desse ideal de sociedade, pois assim poderá contribuir para uma melhor educação aos alunos da EJA e para uma possível transformação social. Palavras-chave: Variedade Linguística; Preconceito Linguístico; Linguagem Matemática; Classes Sociais; Exclusão. 102. MIRANDA, Paula Reis de. Uma proposta para o ensino de Matemática para o curso Técnico em Agente Comunitário de Saúde na Modalidade PROEJA. 2010. 197f. (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Orientadora: Eliane Scheid Gazire. Banca examinadora: Maria Aparecida da Silva; Dimas Felipe de Miranda. Disponível em: <http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/EnCiMat_MirandaPR_1.PDF>. Resumo: Diante da recente inserção da Educação de Jovens e Adultos na rede federal de Educação Profissional e Tecnológica (EPT), por meio da implantação PROEJA - Programa de Integração à Educação Básica na Modalidade Educação de Jovens e Adultos nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IF), vimos a necessidade de investigar as possibilidades da construção de um material didático para ensino de Matemática para um curso de Agente Comunitário de Saúde nesta modalidade. Em um 310 primeiro momento, pesquisamos os princípios da Educação Profissional e Tecnológica a partir da perspectiva do currículo integrado e da formação para o mundo do trabalho, nos baseando em Kuenzer (2005), Brasil (2007, 2008), Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005), Silva (2009). Em seguida, pesquisamos nos documentos oficiais (BRASIL, 2005, 2006 e 2007). Já em Machado (2006), Moura (2006) e Moura e Henrique (2008), estudamos a origem, os princípios e as concepções do PROEJA. As leituras iniciais nos levaram a buscar o conhecimento da EJA sob a visão de Santos (2006), Freire (1992 e 1996). A construção desse material deu-se com a perspectiva interdisciplinar apontada por Tomaz e David (2008), revendo as indicações da Educação Matemática crítica apontadas por Frankenstein (2005), Fonseca (2007) e Skovsmose (2001), buscando outras experiências de construção de material didático para essa modalidade de ensino, como a executada por Freitas (2008) e Freitas e Jordane (2009). A fim de aproximar a Matemática da formação na área de Saúde, analisamos as matrizes curriculares de dois cursos de Curso Técnico em Agente Comunitário de Saúde na modalidade PROEJA existentes em Minas Gerais e entrevistamos os professores responsáveis pela formação técnica dos estudantes destes cursos, os quais apontaram algumas orientações para os educadores matemáticos quanto ao seu papel na formação do educando, destacando a importância da Matemática nessa formação. Foram realizadas entrevistas, ainda, com estudantes do PROEJA que já atuam como Técnico em Agente Comunitário de Saúde. Posteriormente, foi aplicado um questionário aos professores de outras áreas que integraram a aplicação das atividades interdisciplinares. O produto final desta pesquisa é o Caderno Temático “Saúde e Números”, composto por 10 unidades e um Projeto interdisciplinar. Esse caderno proporciona ao estudante o desenvolvimento dos conhecimentos matemáticos de forma interdisciplinar, permitindo uma formação integral do cidadão. Além disso, o material é acompanhado por um CD com fichas metodológicas para o professor, sugestão de vídeos que podem enriquecer as aulas, dois softwares livres para o ensino de Matemática aliado à tecnologia. Este material visa flexibilizar a aplicação das atividades, facilitar a reprodução das atividades para um grande número de estudantes e incentivar a criação de outros cadernos temáticos. Algumas delas foram aplicadas com caráter exploratório-investigativo e, posteriormente, analisadas nessa pesquisa com o objetivo de verificar a sua potencialidade e instrumentalizar o professor quanto às possibilidades diferenciadas de trabalho no cotidiano escolar. Palavras-chave: PROEJA; Matemática; Saúde; Interdisciplinaridade; Material Didático. 103. MONTEIRO, Eliziê Frans de Castro. Práticas avaliativas em Matemática na Educação de Jovens e Adultos: estudo de caso de uma escola da rede municipal de Belo Horizonte. 2010. 202f. (Mestrado Profissional em Educação Matemática: Formação de Professores de Matemática, Cultura e EnsinoAprendizagem de Matemática) – Universidade Federal de Ouro Preto. Orientadoras: Celia Maria Fernandes Nunes; Ana Cristina Ferreira. Banca examinadora: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Roseli de Alvarenga Corrêa. Disponível em: <http://www.tede.ufop.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=558> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp153624.pdf>. Resumo: A Educação de Jovens e Adultos no Brasil tem-se desenvolvido bastante nos últimos anos. Contudo, diversos aspectos do processo ainda merecem atenção. As práticas avaliativas são um exemplo. Ainda que diversas escolas tenham avançado na proposição de um currículo específico e de uma prática pedagógica distinta do ensino regular, as práticas avaliativas não avançaram na mesma medida. Nesse sentido, este estudo se dedicou a investigar práticas avaliativas – e mais especificamente, práticas avaliativas em Matemática – embasadas nos pressupostos atuais de avaliação para essa modalidade de ensino. Após identificar uma escola pública em Belo Horizonte, que atendia às condições, e de obter permissão da direção, professores e alunos, realizamos um trabalho de acompanhamento das práticas avaliativas da escola – com ênfase nas práticas avaliativas em Matemática – durante cerca de oito meses. Nesse estudo de caso, de caráter eminentemente qualitativo, utilizaram-se as seguintes técnicas de coleta de dados: entrevista semiestruturada com alguns professores, observação (diário de campo), questionários aplicados aos alunos e análise de documento, como cadernos de Matemática, provas de Matemática e ficha de avaliação de alunos.. As práticas avaliativas, em especial as de Matemática, foram descritas cuidadosamente. O material coletado foi então analisado de modo a evidenciar os aspectos marcantes do trabalho realizado na escola. As categorias identificadas permitem afirmar que as práticas avaliativas da escola possuem alguns valores centrais que se relacionam diretamente ao sucesso da proposta. São eles: a dialogicidade, a autonomia, a coletividade, a flexibilidade e a inovação. Tais valores contribuem para consolidação de uma prática avaliativa geral (e em Matemática) na EJA que se aproxima das perspectivas atuais do campo da Avaliação e das peculiaridades dessa modalidade de ensino. Além de representar adequadamente a proposta pedagógica da rede de ensino (Escola Plural), as práticas avaliativas se aproximam das perspectivas atuais defendidas para a avaliação na Educação de Jovens e Adultos. Essa pesquisa gerou um produto educacional: um caderno de orientações, no qual as práticas avaliativas são descritas e comentadas, e sugestões de aplicação são oferecidas. Tal produto tem o propósito de disseminar 311 experiências bem sucedidas. Palavras-chave: Práticas Avaliativas; Matemática; Educação de Jovens e Adultos; Rede Municipal de Belo Horizonte; Avaliação da Aprendizagem. 104. NOGUEIRA, Afonso Henrique Souza. O tratamento dado aos conhecimentos prévios dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos na resolução de problemas de Matemática: concepções e práticas dos professores. 2010. 192f. (Mestrado em Educação: Educação em Ciências e Matemática) – Universidade Federal de Mato Grosso. Orientadora: Marta Maria Pontin Darsie. Banca examinadora: Nelson Antonio Pirola; Andréia Dalcin. Disponível em: <http://www.ie.ufmt.br/ppge/dissertacoes/index.php?op=download&id=286> e <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp135833.pdf>. Resumo: O presente trabalho trata de uma pesquisa, que tem por objetivo verificar qual é o tratamento dado pelos professores aos conhecimentos prévios dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos no processo de ensino-aprendizagem da matemática através da resolução de problemas. Para tanto foi estabelecida a seguinte questão norteadora da coleta de dados, que converge na direção do objetivo proposto: Os professores consideram e utilizam os conhecimentos prévios dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos no processo de ensino-aprendizagem da matemática através da resolução de problemas? A investigação foi desenvolvida a partir de uma abordagem qualitativa de caráter interpretativo, fundamentada em BOGDAN e BIKLEN, (1994), LUDKE e ANDRÉ (1986) e TRIVIÑOS (1987). Primeiramente, realizou-se um estudo bibliográfico para indicar aspectos teóricos, relacionados à Resolução de Problemas, ao contexto da Educação de Jovens e Adultos e a Abordagem dos Conhecimentos Prévios dos estudantes, buscando uma relação de interdependência entre esses três fatores. A base teórica desse trabalho é constituída por AUSUBEL (1980), CARRAHER (1995), COLL (1990), D’AMBRÓSIO (2005), DANTE (1994), DARSIE (1993,1998), FREIRE (2005), HOFFMANN (1991), MOREIRA (2002), PINTO (1987), POLYA (1995) e SANTORUM (2007). Outra parte do estudo constituiu-se em uma pesquisa empírica, sendo que os dados foram coletados através de questionários, análise de documentos da escola, observação direta e realização de entrevista semiestruturada. Os sujeitos da investigação são quatro professores da rede pública de ensino de Várzea Grande – MT, licenciados em matemática, que lecionam para a primeira fase do segundo segmento da Educação de Jovens e Adultos. No intento de contribuir com a produção de conhecimento existente, a relevância dessa pesquisa se revela, sobretudo, pela busca de caminhos que informem de maneira mais esclarecedora como se dá o processo de organização do ensino e aprendizagem de matemática na Educação de Jovens e Adultos, em especial na possibilidade pedagógica de aprendizagem significativa, em que conhecimentos prévios dos estudantes são considerados e utilizados na resolução de problemas de matemática. Em resposta a problemática da presente investigação, concluiu-se que, os professores consideram e utilizam os conhecimentos prévios formais dos estudantes, mas no diz respeito aos conhecimentos prévios informais, esses professores, em sua maioria, consideram apenas parcialmente e não os utilizam em suas práticas de sala de aula. Palavras-chave: Educação Matemática; Resolução de Problemas Matemáticos; Conhecimentos Prévios dos Estudantes; EJA. 105. PEREIRA, Reginaldo de Lima. Interpretação de textos matemáticos: dificuldades na resolução de problemas de Geometria Plana. 2010. 152f. (Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas: Etnomatemática, Linguagem, Cultura e Modelagem Matemática) – Universidade Federal do Pará. Orientadora: Marisa Rosâni Abreu da Silveira. Banca examinadora: Flávio Leonel Abreu da Silveira; Erasmo Borges de Souza Filho. Disponível em: <http://www.ppgecm.ufpa.br/media/disserta/2008/Reginaldo_de_Lima_Pereira.pdf>. Resumo: A presente dissertação é o resultado de uma investigação qualitativa que tem como objeto de estudo analisar a interpretação de textos matemáticos e as dificuldades na resolução de problemas de Geometria Plana, a partir de registros produzidos pelos sujeitos pesquisados pertencentes a duas turmas do Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio na modalidade de Jovens e Adultos do Instituto Federal de Roraima do ano de 2008; uma turma de Enfermagem e outra de Laboratório. Esta análise foi realizada à luz de teóricos como: Gilles-Gaston Granger e Ludwig Wittgenstein, os quais me fizeram perceber que as “dificuldades” encontradas na aprendizagem da Geometria Plana, segundo os preceitos dos PCNs e observadas nos registros analisados, se dão por meio da complexidade das linguagens apresentadas em sala de aula, tais como: a linguagem natural e a linguagem matemática. Os sujeitos pesquisados apontam “dificuldades” na aprendizagem, quando se deparam com a necessidade de traduzir da linguagem natural para a linguagem matemática, a fim de objetivar por meio da escrita as soluções dos problemas propostos. Essas “dificuldades” podem levá-los ao desestímulo pelo estudo, à desistência e/ou a evasão escolar. Por 312 estes motivos, pretendo com esta pesquisa, encontrar subsídios que possam apontar caminhos para minimizar esta problemática, incentivando-os ao estudo por meio da pesquisa, da leitura diária, de modo que, consigam aprender os conteúdos matemáticos com mais vontade e prazer. Palavras-chave: Leitura; Escrita; Interpretação; Geometria. 106. QUEIROZ, Simone Moura. A aprendizagem de Matemática por alunos adolescentes na modalidade Educação de Jovens e Adultos: analisando as dificuldades na resolução de problemas de estrutura aditiva. 2010. 164f. (Mestrado em Ensino das Ciências: Processos de Construção de Significados em Ciências e Matemática) – Universidade Federal Rural de Pernambuco. Orientadora: Mônica Maria Lins Lessa. Banca examinadora: Rute Elizabete Rosa Borba; Lúcia de Fátima Araújo; Cláudia Roberta de Araújo Gomes. Resumo: Esta dissertação realiza um estudo com a finalidade de analisar as principais dificuldades relacionadas à resolução de problemas aritméticos inseridos no campo conceitual das estruturas aditivas, enfrentadas pelos alunos que compõe a modalidade de ensino “Educação de Jovens e Adultos” (EJA), que em nosso estudo é composto por adolescentes. A EJA, a princípio, tinha o objetivo principal de alfabetizar e era composta apenas por adultos ou jovens que nunca foram à escola ou por aqueles que precisaram abandonar seus estudos devido a diversos fatores. Agora, forma-se por pessoas que, após anos de afastamento, tendo neste intervalo, conquistado um espaço na sociedade com seu trabalho. Nestes últimos anos, ocorreu o acréscimo de estudantes cada vez mais jovens a estes programas. Ou, segundo os sujeitos de nossa pesquisa, adolescentes inseridos nesta modalidade por estarem fora de faixa etária. Para investigarmos o conhecimento, aplicamos duas fichas coletivas em uma turma de EJA do turno diurno formada por alunos adolescentes, de uma Escola pública Estadual. A primeira ficha é composta por dez problemas aritméticos de estrutura aditiva, seguindo a classificação de Carpenter e Moser (1982), que o fizeram de acordo com suas características, considerando os conhecimentos conceituais relativos aos acréscimos e decréscimos, combinações e comparações propostas nos enunciados. A segunda ficha contém dez algoritmos de estrutura aditiva prontas para eles resolverem, sendo estes algoritmos os mesmos da ficha um. Este tipo de fichas nos permitiu analisar, segundo Vergnaud (1982), o cálculo relacional (a escolha da operação) e o cálculo numérico (realização da operação). O total de alunos que participaram das duas etapas foram nove e com esta pesquisa pudemos observar, o quanto estes alunos, que estão finalizando o Ensino Fundamental, mesmo conseguindo compreender os problemas (cálculo relacional), não conseguem algumas vezes executar o cálculo numérico. Constatamos que eles apresentaram dificuldades básicas, relacionadas às operações de subtração, apresentando os seguintes erros: erro de inversão, supremacia do zero, decomposição e composição e zero neutro. Estes erros, ignorados ou não por seus professores, podem dificultar a aprendizagem nos anos vindouros. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Campos Conceituais das Estruturas Aditivas; Problemas Aritméticos. 107. RIBACIONKA, Márcia Cristina dos Santos. Uma proposta de webquest para a introdução ao letramento estatístico dos alunos da EJA. 2010. 218f. (Mestrado Profissional em Ensino de Matemática: Tecnologias da Informação e Educação Matemática) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientadora: Celina Aparecida Almeida Pereira Abar. Banca examinadora: Ubirajara Carnevale de Moraes; Cileda de Queiroz e Silva Coutinho. Disponível em: <http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=11883>. Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo verificar se a utilização da metodologia de ensino WebQuest, permite a introdução ao letramento estatístico dos alunos da Educação de Jovens e Adultos da Terceira série do Ensino Médio, numa escola pública da rede estadual paulista. A metodologia de pesquisa adotada foi o Design experiments, pois permite ao professor atuar como professor e pesquisador e, ainda, ao realizar um experimento, refletir sobre o ensinar e o aprender propondo seu aprimoramento. Para isso, foi elaborada uma sequência de atividades, propostas pelo ENCCEJA, para abordagem de conteúdos estatísticos. Na verificação do aprendizado, os alunos, por meio da WebQuest "Conhecendo a Região Onde Você Vive", utilizaram uma planilha eletrônica para a construção das representações gráficas; no estudo dos problemas encontrados na região, um editor de texto para a produção de um documento com as soluções propostas. Na socialização do conhecimento realizaram um seminário utilizando um editor de apresentações. Este estudo aponta que é possível utilizar uma WebQuest na introdução ao letramento estatístico com os alunos da EJA. Palavras-chave: WebQuest; Educação de Jovens e Adultos; Letramento Estatístico. 108. ROSA, Roseli Scuinsani da. Matemática, evasão escolar e Educação de Jovens e Adultos: que relação é essa? 2010. 121f. (Mestrado em Educação: Processos Educativos e Linguagem) – Universidade de Passo Fundo. Orientadora: Neiva Ignês Grando. Banca examinadora: Nilce Fátima Scheffer; Adriano Canabarro 313 Teixeira; Ocsana Sonia Danyluk. <https://secure.upf.br/pdf/2010RoseliScuinsaniDaRosa.pdf> <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp145491.pdf>. Disponível em: e Resumo: Esta pesquisa teve como principal objetivo investigar a relação entre o ensino da disciplina de matemática e a evasão escolar de alunos da Educação de Jovens e Adultos. Os fatos relacionados à evasão escolar motivaram a pesquisa, conduzida pela seguinte questão: Por que os alunos que estão na Educação de Jovens e Adultos hoje não concluíram seus estudos no tempo normal de ensino? A disciplina matemática influenciou nessa decisão? Partindo dessas indagações, pesquisa com abordagem qualitativa foi realizada em três instituições de ensino da cidade de Passo Fundo que ofereciam a modalidade de Educação de Jovens e Adultos, das quais duas são escolas da rede municipal e uma da rede estadual, denominada Núcleo de Educação de Jovens e Adultos. Participaram da pesquisa 71 alunos, dos quais apenas 14 foram selecionados porque tiveram em comum o fato de terem desistido dos estudos por causa da matemática. O estudo valeu-se de um instrumento de coleta inicial de informações e duas entrevistas semiestruturadas, gravadas em áudio. A análise desenvolveu-se por meio das seguintes categorias descritivas: motivos da desistência escolar; consequências dessa desistência escolar; motivos do retorno aos estudos; necessidade da matemática e sua relação com a atividade profissional; lembranças das aulas e dos conteúdos de matemática e falta desses conteúdos na vida em geral; desenvolvimento dos alunos em matemática na Educação de Jovens e Adultos e comparação entre a disciplina de matemática da escola regular e a da Educação de Jovens e Adultos. Os resultados evidenciaram que vários foram os motivos da evasão escolar desses alunos, mas que a matemática teve sua parcela de contribuição, sugerindo que algumas atitudes podem favorecer a permanência desses alunos em sala de aula, tornando-os sujeitos do processo ensinoaprendizagem. Além disso, pode-se inferir que é necessário repensar a maneira como a matemática é desenvolvida em sala de aula, e um novo olhar deve ser constituído para com esses alunos, que trazem consigo experiências e vontades próprias de aprendizagem, para que o fracasso escolar não tenha repercussões e, consequentemente, não acarrete a evasão escolar ou mesmo a exclusão do processo ensinoaprendizagem. Palavras-chave: Matemática; Evasão Escolar; Educação de Jovens e Adultos. 109. SANTANA, Ivanilde da Conceição. Professores de Matemática na Educação de Jovens e Adultos: o pensamento geométrico no centro das atenções. 2010. 237f. (Mestrado em Educação: Ensino de Ciências e Matemática) – Universidade de São Paulo. Orientadora: Maria do Carmo Santos Domite. Banca examinadora: Benerval Pinheiro Santos; Maria Clara Di Pierro. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-11062010-135442/publico/IVANILDE_DA_CONCEICAO_SANTANA.pdf>. Resumo: A presente pesquisa de cunho qualitativo tem como propósito responder à seguinte questão: quais as tensões e re-ações dos professores de matemática que atuam na Educação de Jovens e Adultos, frente a situações de ensino-aprendizagem da geometria que ocorrem a partir do conhecimento construído pelo aluno ao longo de sua vida/trabalho? Desse modo, nos aproximamos dos professores que atuam na Educação de Jovens e Adultos de escolas públicas de São Paulo, tanto pela via de questionários como pelo diálogo sobre suas expectativas e postura pedagógica – a partir de questões reflexivas sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e o ensino da geometria. Os resultados da pesquisa indicaram, entre outros aspectos que, embora o ensino da geometria seja pouco delineado nos planos de trabalho da EJA, ainda assim, os professores participantes do estudo mostraram-se conscientes de sua importância e das possíveis contribuições do seu ensino. Nessa perspectiva, a pouca experiência com a prática pedagógica da geometria aliada à dominância da matemática escolar parecem levar a obstáculo quando os professores procuram elaborar atividades relacionando a geometria com a vida cotidiana do educando. A análise das manifestações aponta que os esforços empreendidos pelos professores na busca de reconhecer/respeitar os conhecimentos prévios dos alunos estão repletos de tensão e ansiedade dada a expectativa da necessidade de contextualizar/problematizar o ensino da geometria a partir da realidade do educando adulto. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Educação Matemática; Ensino da Geometria; Conhecimento Prévio. 110. SANTOS, Cristiano Silva dos. Jogos de linguagem no estudo do tratamento da informação em uma classe de EJA. 2010. 107f. (Mestrado Profissional em Ensino de Matemática: Formação de Professores de Matemática e Novas Tendências) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Orientador: Samuel Edmundo Lopez Bello. Banca examinadora: Alexandrina Monteiro; Elisabete Zardo Búrigo; Vilmar Trevisan. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/32469/000787324.pdf?sequence=1>. Resumo: Esta dissertação de mestrado parte das inquietações, dúvidas, certezas e questionamentos de um 314 professor de matemática que admite a reflexão sobre a prática de ensinar matemática, como o ponto de partida para ação do professor. Percorrendo diferentes caminhos até chegar à Educação Matemática de Jovens e Adultos, esta dissertação tem por objetivo: apontar especificidades desta modalidade de educação; qualificar minha formação profissional; e apresentar uma proposta de trabalho para o estudo do tratamento da informação em uma classe de jovens e adultos. Através do desenvolvimento de uma proposta didática, em uma turma de anos finais do ensino fundamental de EJA, e fundamentando-se nos jogos de linguagem, nas semelhanças de família e na matemática normativa do II Wittgenstein, aponto para a existência de diferentes práticas sociais de mobilização de cultura matemática que, por se tratarem de práticas distintas, com jogos de linguagem e regras de significação próprias, só podem ser significadas em seu contexto de origem. Palavras-chave: Matemática; Educação Matemática; Educação de Jovens e Adultos; Prática Social; Jogos de Linguagem; Tratamento da Informação. 111. SIMÕES, Fernanda Maurício. Apropriação de práticas de letramento (e de numeramento) escolares por estudantes da EJA. 2010. 190f. (Mestrado em Educação: Educação Matemática) – Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadoras: Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca; Vera Maria Masagão Ribeiro. Banca examinadora: Maria Zélia Versiani Machado; Míria Gomes de Oliveira. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/BUOS-8CKN3Q>. Resumo: Neste trabalho, analisamos os modos como pessoas jovens e adultas, estudantes da Educação Básica, apropriam-se das práticas de letramento (e de numeramento) escolares. Tais práticas foram flagradas nas interlocuções entre alunos, alunas e professora de uma turma correspondente a uma etapa intermediária do Ensino Fundamental, em uma escola pública municipal de Belo Horizonte que oferece a modalidade EJA em seu período noturno. A análise foi operacionalizada tomando como referência os conceitos de letramento, de numeramento, de alfabetismo e de apropriação. A reflexão sobre as posições assumidas pelos estudantes em relação às práticas de leitura e de escrita, bem como em relação às práticas matemáticas forjadas no contexto escolar, considerou a dimensão sociocultural de tais práticas. Buscamos identificar, particularmente, os valores, as estratégias e os conhecimentos mobilizados pelos estudantes a fim de se apropriarem dessas práticas e se incluírem como sujeitos de conhecimento e de cultura nesse espaço de comunicação humana. A análise realizada indica que os alunos e as alunas se alternam na mobilização de argumentos que ora se solidarizam com o modo de conhecer proposto pela escola, colocando-se como sujeitos que desejam dominar esse modo de usar a língua e os valores a ele associados, ora questionam a abordagem escolar colocando-se como sujeitos que construíram outro modo de usar a língua, constituído por outros valores, outras concepções e outra relação com o mundo. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Letramento; Numeramento. ANEXO II - RELAÇÃO DE TESES E DISSERTAÇÕES SOBRE ESTADO DA ARTE RELATIVAS ÀS ÁREAS DE EDUCAÇÃO E ENSINO DEFENDIDAS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2000 A 201046 46 A tese e as dissertações de estado da arte relativas à área de Educação Matemática estão em destaque com os nomes de seus autores sublinhados e em negrito. Um quadro síntese dessas pesquisas encontra-se no Anexo III. 316 RELAÇÃO DAS TESES (por ordem cronológica e alfabética de sobrenomes) Ano de 2000 Não se encontrou teses sobre estado da arte relativas ao ensino/educação nesse ano. Ano de 2001 1. ANDRADE, Maria da Conceição Lima de. Saber educacional: um mapa da produção acadêmica discente (PUC/SP – USP: 1990-1997). 2001. 244f. (Doutorado em Ciências Sociais: Produção Simbólica e Reprodução Cultural). Orientadora: Lúcia Helena Vitalli Rangel. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=200138633005010006P0>. 2. GARCIA, Tânia Maria Figueiredo Braga. Origens e questões da etnografia educacional no Brasil: um balanço de teses e dissertações (1981-1998). 2001. 308f. (Doutorado em Educação: Didática, Teorias de Ensino e Práticas Escolares) – Universidade de São Paulo. Orientadora: Belmira Amélia de Barros Oliveira Bueno. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=200168933002010001P6>. Ano de 2002 3. CARELLI, Ana Esmeralda. Produção científica em leitura: dissertações e teses (1990 a 1999). 2002. 186f. (Doutorado em Psicologia: Formação, Ensino e Pesquisa) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Orientadora: Geraldina Porto Witter. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=200265433006016002P8>. 4. ROMANOWSKI, Joana Paulin. As licenciaturas no Brasil: um balanço das teses e dissertações dos anos 90. 2002. 132f. (Doutorado em Educação: Didática, Teorias de Ensino e Práticas Escolares) – Universidade de São Paulo. Orientadora: Marli Eliza Dalmazo Afonso de André. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=200276433002010001P6>. 5. TÁVORA, Maria Josefa de Souza. Projeto político-pedagógico no Brasil: o estado da arte. 2002. 183f. (Doutorado em Educação: Política Educacional, Administração de Sistemas Educativos e Unidades Escolares) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Marília. Orientador: Celestino Alves da Silva Junior. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=200237933004110040P5>. Ano de 2003 6. GONÇALVES, Nadia Gaiofatto. A relação estado e educação na produção acadêmica brasileira. 2003. (Doutorado em Educação: Estado, Sociedade e Educação) - Universidade de São Paulo. Orientadora: Sandra Maria Zakia Lian Sousa. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=200381133002010001P6>. 7. PINHEIRO, Antônio Carlos. Trajetória da pesquisa acadêmica sobre o ensino de geografia no Brasil – 1972–2000. 2003. 370f. (Doutorado em Geociências: Metodologia do Ensino em Geociências) – Universidade Estadual de Campinas. Orientador: Archimedes Perez Filho. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=20032141333003017038P3>. Ano de 2004 8. HASSE, Simone Hedwing. Formação docente e educação da criança de zero a seis anos: análise dos trabalhos apresentados na ANPEd (1996 a 2001). 2004. 234f. (Doutorado em Educação: Filosofia) – Universidade Metodista de Piracicaba. Orientador: Bruno Pucci. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=200443733007012001P8>. 317 9. SAMESHIMA, Dumara Coutinho Tokunaga. Avaliação institucional: uma análise da produção do conhecimento (1990-2002). 2004. 376f. (Doutorado em Educação: Currículo e Avaliação Educacional) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientadora: Isabel Franchi Cappelletti. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=200443733005010003P1>. 10. SLONGO, Ione Inês Pinsson. A produção acadêmica em ensino de biologia: um estudo a partir de teses e dissertações. 2004. 397f. (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina. Orientador: Demétrio Delizoicov. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=200475841001010015P7>. Ano de 2005 11. RIBEIRO, Cristiane Maria. Pesquisas sobre o negro e a educação no Brasil: uma análise de suas concepções e propostas. 2005. 247f. (Doutorado em Educação: Educação Brasileira) – Universidade Federal de São Carlos. Orientador: Joaquim Gonçalves Barbosa. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=200562433001014001P0>. 12. VENTORIM, Silvana. A formação do professor pesquisador na produção científica dos Encontros Nacionais de Didática e Prática de Ensino: (1994-2000). 2005. 270f. (Doutorado em Educação: Políticas Públicas e Educação: Formulação, Implementação e Avaliação) – Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadora: Maria de Lourdes Rocha de Lima. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=200543632001010001P7>. Ano de 2006 13. MINDAL, Clara Brener. A graduação nos trabalhos da ANPEd (1996-2003). 2006. 115f. (Doutorado em Educação: Psicologia da Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientadora: Marli Eliza Dalmazo Afonso de André. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=20061133005010002P5>. 14. SARMENTO, Dirléia Fanfa. A teoria histórico-cultural de L. S. Vygotsky: uma análise da produção acadêmica e científica no período de 1986 a 2001. 2006. 211f. (Doutorado em Educação: Políticas de Formação, Políticas e Gestão da Educação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Orientadores: Beatriz Vargas Dorneles e Hugo Otto Beyer. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=20069242001013001P5>. 15. TEIXEIRA, Célia Regina. A concepção de avaliação educacional veiculada na produção acadêmica do programa de pós-graduação em educação: currículo (1975-2000). 2006. 227f. (Doutorado em Educação: Currículo e Avaliação Educacional) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientadora: Mere Abramowicz. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=20063733005010003P1>. Ano de 2007 16. MAUÁ JÚNIOR, Reynaldo. Planejamento escolar: um estudo a partir de produções acadêmicas (1961– 2005). 2007. 159f. (Doutorado em Educação: Política Educacional, Administração de Sistemas Educativos e Unidades Escolares) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Marília. Orientadora: Hélia Sonia Raphael. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=20073433004110040P5>. 17. MEDEIROS, Cristina Carta Cardoso de. A teoria sociológica de Pierre Bourdieu na produção discente dos programas de pós-graduação em educação no Brasil (1965-2004). 2007. 378f. (Doutorado em Educação: Cultura, Escola e Ensino) – Universidade Federal do Paraná. Orientadora: Tânia Maria Figueiredo Braga Garcia. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=20078540001016001P0>. 18. VIEIRA, Almir Martins. Cultura organizacional em instituições de ensino: mapeamento e análise 318 descritivo-interpretativa da produção acadêmica (1990-2005). 2007. 237f. (Doutorado em Educação: Política Educacional, Administração de Sistemas Educativos e Unidades Escolares) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Marília. Orientadora: Hélia Sonia Raphael. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=20073733004110040P5>. Ano de 2008 19. LORENZETTI, Leonir. Estilos de pensamento em educação ambiental: uma análise a partir das dissertações e teses. 2008. 406f. (Doutorado em Educação Cientifica e Tecnológica: Epistemologia e História da Ciência e Matemática) – Universidade Federal de Santa Catarina. Orientador: Demetrio Delizoicov Neto. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=2008541001010050P7>. 20. RAUPP, Marilene Dandolini. Concepções de formação das educadoras de infância em Portugal e das professoras de educação infantil no Brasil: o discurso dos intelectuais (1995-2006). 2008. 231f. (Doutorado em Educação: Educação, História e Política) – Universidade Federal de Santa Catarina. Orientadora: Alessandra Arce. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=2008441001010015P7>. 21. SILVA, Márcia Regina da. Configuração do campo da educação no Brasil: estudo bibliométrico da Revista Brasileira de Educação e da Revista Brasileira de História da Educação. 2008. 204f. (Doutorado em Educação: História, Filosofia e Sociologia da Educação) – Universidade Federal de São Carlos. Orientadora: Marisa Bittar. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=20083033001014001P0>. 22. TEIXEIRA, Paulo Marcelo Marini. Pesquisa em ensino de biologia no Brasil (1972-2004): um estudo baseado em dissertações e teses. 2008. 400f. (Doutorado em Educação: Formação do Professor, Currículo e Ensino Superior) – Universidade Estadual de Campinas. Orientador: Jorge Megid Neto. Resumo disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=20083241933003017001P2>. Ano de 2009 23. DIAS, Andréa Theodoro Toci. Pesquisando a relação família-escola: o que revelam as teses e dissertações dos programas de pós-graduação brasileiros. 2009. 213f. (Doutorado em Educação Escolar: Trabalho Educativo – Fundamentos Psicológicos e Educação Especial) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Araraquara. Orientadora: Silvia Regina Ricco Lucato Sigolo. 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ANEXO III - QUADRO SÍNTESE DE TESE E DISSERTAÇÕES DE ESTADO DA ARTE RELATIVAS À ÁREA DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DEFENDIDAS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2000 A 2010 329 Quadro 15 – Tese e Dissertações de Estado da Arte em Educação Matemática (2000-2010) Tese Autor(a) Instituição Ano O professor de matemática e sua formação: análise de três décadas da produção bibliográfica em periódicos na área de educação matemática no Brasil Marinez Meneghello Passos UNESP/Bauru 2009 Dissertações Autor(a) Instituição Ano Marco Antonio Di Pinto PUC/SP Marcos Roberto Celestino PUC/SP Maria Regina de Oliveira Pereira PUC/SP Benedito Afonso Pinto Junho PUC/SP Eliane Alcântara de Oliveira PUC/SP Luciane Maciel X. de O. Pereira PUC/SP José Antonio Araújo Andrade USF 2004 Andreia Lunkes Conrado USP 2005 Marisol Vieira Melo UNICAMP 2006 Adriano de Morais Martins PUC/SP Daniela Alves Soares PUC/SP Eduardo Monteiro Souza Junior PUC/Campinas Elenira Oliveira Vilela UFSC Marcos José Ardenghi PUC/SP Silvério Domingos Ribeiro PUC/SP Amália Maria Zamarrenho Bruno USF Delma Pillão Nogueira USP Glaucia Pinto PUC/SP Kelly Cristina Rosa PUC/SP Ensino e aprendizagem da geometria analítica: as pesquisas brasileiras na década de 90 Ensino-aprendizagem da álgebra linear: as pesquisas brasileiras na década de 90 A geometria escolar: uma análise dos estudos sobre o abandono de seu ensino Panorama das dissertações de educação matemática sobre o ensino superior da PUC/SP de 1994 a 2000 A educação matemática & ensino médio: um panorama das pesquisas produzidas na PUC/SP A educação matemática & ensino fundamental: um panorama das pesquisas produzidas na PUC/SP nos anos 1994 a 1997 O ensino de geometria: uma análise das atuais tendências, tomando como referência as publicações nos anais dos ENEM’s A pesquisa brasileira perspectivas, desafios em etnomatemática: desenvolvimento, Três décadas de pesquisa em educação matemática na Unicamp: um estudo histórico a partir de teses e dissertações Uma metanálise qualitativa das dissertações sobre equações algébricas no ensino fundamental Educação matemática crítica: contribuições para o debate teórico e seus reflexos nos trabalhos acadêmicos Uma análise de pesquisas acadêmicas em educação matemática sobre o enfoque histórico do conceito de função Eu pesquiso, tu pesquisas, eles... E quem aprende e quem ensina matemática? Um estudo sobre a produção acadêmica do GT Educação Matemática – Anped (2000-2007) Ensino-aprendizagem do conceito de função: pesquisas realizadas no período de 1970 a 2005 no Brasil As pesquisas sobre o ensino da estatística e da probabilidade no período de 2000 a 2008 As contribuições do estágio supervisionado em matemática para a constituição de saberes docentes: uma análise das produções acadêmicas no período de 2002 – 2007 A pesquisa no âmbito das relações didáticas entre matemática e música: estado da arte Tecnologias no ensino e aprendizagem da álgebra: análise das dissertações produzidas no programa de estudos de pós-graduados em educação matemática da PUC/SP de 1994 até 2007 Ambientes computacionais no contexto da geometria: panorama das teses e dissertações do programa de educação matemática da PUC/SP de 1994 a 2007 Pensamento proporcional: uma metanálise qualitativa de dissertações Equações no ensino médio: uma metanálise qualitativa das dissertações e teses produzidas no Brasil de 1998 a 2006 Equações algébricas no ensino fundamental: um panorama de dissertações da PUC/SP As pesquisas sobre ensino e aprendizagem de álgebra nos anos finais do ensino fundamental: panorama de 10 anos da pesquisa brasileira pós PCN Movimento das pesquisas que relacionam as tecnologias de informação e de comunicação e a formação, a prática e os modos de pensar de professores que ensinam matemática Um estado do conhecimento de dissertações e teses brasileiras sobre equações: o uso de tecnologias no ensino médio (1998-2008) Séries iniciais: um panorama das pesquisas produzidas no programa de estudos pós-graduados em Educação Matemática da PUC/SP no período de 1994 a 2008 2000 2001 2003 2008 Márcia Regiane Miranda PUC/SP Marcos Toshio Nagamachi PUC/SP Armando Pereira PUC/SP Graziela Baldessar Polla UFMS Juliana França Viol UNESP/Rio Claro Lucimar de Andrade Hessel PUC/SP Sandra Dourado de Oliveira PUC/SP 2009 2010 SÍNTESE BIOGRÁFICA DO AUTOR DA TESE Natural de São Paulo, nascido em 04 de outubro de 1980. Licenciado em Matemática pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Campus de Ji-Paraná (2002); e Mestre em Educação pela UFMT, Campus de Cuiabá (2007), tendo defendido a dissertação “Concepções de professores em avaliação, Educação Matemática e Educação de Jovens e Adultos: buscando interfaces”47, sob a orientação da Profa. Dra. Marta Maria Pontin Darsie48. Atualmente é professor do Departamento de Matemática e Estatística da UNIR, Campus de Ji-Paraná, atuando como pesquisador e professor na área de Educação Matemática, principalmente em educação matemática de jovens e adultos, e na formação de professores de Matemática através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. Link de acesso para o Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7843325557282249 Contato: [email protected] / [email protected] Endereço profissional: Universidade Federal de Rondônia Departamento de Matemática e Estatística Rua Rio Amazonas, 351 – Bairro Jardim dos Migrantes Ji-Paraná – Rondônia – CEP: 76900-726 Telefone: (69) 3421-3595 47 Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp046248.pdf> e <www.ie.ufmt.br/ppge/dissertacoes/index.php?autor_nome=Emerson+da+Silva+Ribeiro&ano_base=&palavra_chave=&orientador= >. 48 Link de acesso para o Currículo Lattes: <http://lattes.cnpq.br/8469435827236724>.