Universidade Severino Sombra Pós-Graduação Strictu Sensu em Educação Matemática LÍCIA GIESTA FERREIRA DE MEDEIROS DANDO MOVIMENTO À FORMA: AS TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS NO PLANO NA FORMAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA Vassouras 2012 LÍCIA GIESTA FERREIRA DE MEDEIROS DANDO MOVIMENTO À FORMA: AS TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS NO PLANO NA FORMAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA Dissertação de Mestrado apresentada PósGraduação Strictu Sensu em Educação Matemática da Universidade Severino Sombra, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação Matemática. Orientador: Profª Drª Estela Kaufman Fainguelernt Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Mathias Motta Vassouras 2012 GIESTA, Lícia Ferreira de Medeiros. Dando movimento à forma: as transformações geométricas no plano na formação continuada a distância de professores de Matemática / Lícia Giesta Ferreira de Medeiros. Vassouras, 2012. 123 f. Orientadores: Estela Kaufman Fainguelernt e Carlos Eduardo Mathias Motta Dissertação de Mestrado – Universidade Severino Sombra, Mestrado em Educação Matemática. VERSO DA FOLHA DE ROS Bibliografia. LÍCIA GIESTA FERREIRA DE MEDEIROS DANDO MOVIMENTO À FORMA: AS TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS NO PLANO NA FORMAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA A Dissertação de Mestrado apresentada a PósGraduação Strictu Sensu em Educação Matemática da Universidade Severino Sombra, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação Matemática. _________________________________________________________________ Profª Drª Estela Kaufman Fainguelernt (Orientador) Universidade Severino Sombra (USS) ________________________________________________________________ Prof. Dr. Carlos Eduardo Mathias Motta (Orientador) Universidade Federal Fluminense (UFF) ________________________________________________________________ Prof. Dr. Wanderley Moura Rezende Universidade Federal Fluminense (UFF) _________________________________________________________________ Profª Drª Lúcia Maria Aversa Villela Universidade Severino Sombra (USS) _________________________________________________________________ Prof. Dr. Carlos Eduardo Costa Vieira Universidade Severino Sombra (USS) Vassouras, 13 de abril de 2012 Dedico este trabalho à minha mãe, Lied, que sempre foi um farol para todas as noites escuras de todos que a cercaram. Ao meu pai, Aloysio, um espetáculo! Ao Antonio, meu e cúmplice em tudo, à Fernandinha, pela paciência infinita que têm tido conosco e ao amigo Rafael Vassallo por ter nos guiado e ajudado em todo este percurso. AGRADECIMENTOS À amiga, mentora, coordenadora de disciplina e professora doutora Estela Kaufman Fainguelernt, pela paciência, dedicação, empenho e competência com que orientou esta pesquisa. Por suas palavras amigas de incentivo e apoio, pelos puxões de orelha na hora certa, por me mostrar as tranformações geométricas sob um outro olhar, por ser um verdadeiro exemplo a ser seguido. Obrigada! Devo muitíssimo ao amigo e professor doutor Carlos Eduardo Mathias Motta, pela orientação neste trabalho, pela inspiração, pela instigação em buscar no velho um novo olhar, por colocar a "pulga" atrás da minha e de muitas orelhas com relação à educação "pela" Matemática, por ter me apresentado à Educação a Distância de excelência, por ter permitido que eu participasse dessa experiência com ele. À professora doutora Lúcia Maria Aversa Villela, que foi minha orientadora e coordenadora da disciplina de Tópicos em Geometria, por ter me ajudado muitíssimo e inspirado ainda mais. Valeu! Rafael Vassallo, meu amigo-irmão, por ter me obrigado a cursar a Especialização em Educação Matemática e depois esse mestrado, por todas as vezes que me ajudou durante o curso, por todas as manhãs ou tarde discutindo e corrigindo este trabalho. Muito, muito obrigada! Obrigada professor doutor Wanderley Moura Rezende, amigo querido e uma das pessoas que mais me instigou a fazer esse curso. Ao professor doutor Carlos Eduardo Costa Vieira, que com seus olhos de lince e uma leitura rigorosa do texto deste trabalho me ajudou muitíssimo na correção. Aos demais professores do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado Profissional em Educação Matemática da Universidade Severino Sombra - Ana Maria Severiano de Paiva, Carlos Vitor de Alencar Carvalho, Chang Kuo Rodrigues, Gabriela dos Santos Barbosa, Ilydio Pereira de Sá, Janaína Veiga, Júlio César da Silva, Maddi Damião Júnior, Patrícia Nunes da Silva e Regene Brito Westphal, muitíssimo obrigada por terem partilhado comigo seu tempo e seus conhecimento. Estou profundamente grata a todos da minha família, Fernandinha, Cocão e Adriana, pela paciência com as minhas descrições do trabalho que vocês não entendiam, os jantares, feitos pelo Cocão, para só falar do mestrado e com os pedidos para ler "só aquele parágrafo". A tia Lucy, a Mari, a Claudia, ao Francisco, a Fernanda e ao Toninho por aguentarem as minhas ausências e desculpas. Aos amigos da ABCMUSS, Douglas, Raphael, Leo, Bruno, Ricardo, Jonas, Marcus Vinícius, Viviane, Sandra, Rodrigo e Rodolfo, por todas as noites divertidíssimas, pelas trocas, pelo companheirismo, enfim, pela amizade. Muito obrigada! Muitas saudades! Agradeço também aos demais colegas do Programa - Ramon, Wendel, Talles, Ivy, Monique, Anísio, Rubens, Odiléia, Rivelino, Marcelo, Heloisa, Karina, Sonia, Marlucia - por sempre estarem dispostos a ajudar e a trocar. Ao pessoal do LANTE e da disciplina de Tópicos em Geometria, em especial ao amigo Agnaldo Esquincalha por estar sempre on-line e com as soluções para os problemas que apareciam na ponta da língua. À Luciana Marins, da área de suporte do LANTE, que esteve sempre pronta a ajudar. Aos tutores da disciplina - Bruno, Carmem, Denise, Fabiano, Felipe, Geísa, Ítalo, Kléber, Leandro, Teresa Raquel e Welton - pelo apoio na realização do trabalho que foi desenvolvido junto aos alunos. Vocês tem todo o meu reconhecimento! Obrigada a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para que eu curssasse esse mestrado e realizasse este trabalho. Fazer da vida um hino de alegria Quando já desmorona o mundo interior, Brincar e rir, quando em verdade, lágrimas querem rolar em despudor. Olhar o céu azul, o sol radioso, e sentir que já tudo escureceu. Vibrar de enlevo olhando a paisagem, Quando no peito o coração morreu. Tendo a angústia e a solidão por guias, vontade de parar, enfim vencida. E ouvir baixinho uma voz que ordena: “Tens que voltar ao ponto de partida.” Voltar pelo caminho percorrido. Lutar, se a vontade está perdida. Ter que buscar no espírito a coragem Para perder, mas de cabeça erguida. . (Lied Giesta P. Ferreira, 1950). RESUMO GIESTA, L. F M. Dando movimento à forma: as transformações geométricas no plano na formação continuada a distância de professores de Matemática. 2012. 123 f. Dissertação (Pós-Graduação Strictu Sensu Mestrado em Educação Matemática) – Universidade Severino Sombra, Vassouras, 2012. Este trabalho pretende analisar a validade da inserção do estudo das Transformações Geométricas no Plano nos cursos de formação continuada a distância de professores de Matemática. Tem como base a análise, sob a óptica histórica, do uso dessas transformações pelo homem e do desenvolvimento deste conceito pelos matemáticos. Pretende mostrar que tal assunto pode ser utilizado como conteúdo integrador entre os ramos da matemática na educação básica. Intenta, ainda, verificar os resultados da inserção desse tema na disciplina de Tópicos em Geometria do curso de Novas Tecnologias no Ensino da Matemática da Universidade Aberta do Brasil, e gerar, como produto final, um proposta de material didático sobre essas transformações adequada à formação continuada do professor de Matemática na modalidade a distância, através de um ambiente virtual de aprendizagem localizado em um sítio da Internet. Palavras-chave: Transformações Geométricas no Plano. Formação Continuada de Professores. Educação a Distância. ABSTRACT GIESTA, L. F M. Adding movement to form: geometric transformation applied in mathematics teachers graduate formation through distance education. 2012. 123 f. Dissertation (Strictu Sensu Post-graduate program in Mathematical Education) – Universidade Severino Sombra, Vassouras, 2012. This paper intends to investigate whether the teaching of plane geometric transformations will benefit distance education graduate courses for mathematics teachers. It describes how geometric transformations evolved throughout history, and how mathematicians applied these concepts inside Mathematics. It also shows how mankind applied it to arts and objects. This research main goal is to show how geometric transformations might be used in basic education to integrate all the branches of Mathematics. The work also analyses the results obtained by using geometric transformations in a graduate course's discipline for mathematics teachers ministered through distance education at Brazilian Open University. Finally, this research will generate a set of educational activities and material to help introduce plane geometric transformations in basic education. These resources will be available in a Virtual Learning Environment in the Internet. Key-word: Plane Geometric Transformations, Mathematics Teachers Graduate Course, Distance Education. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Estrutura acadêmica e administrativa do LANTE ......................................... 34 Figura 2 - Imagem da tela da semana 6 da disciplina TG-2.2010 e detalhe do texto .... 38 Figura 3 - Pintura rupestre do sítio de El Buey na Bolívia ............................................. 42 Figura 4 - Travessa de terracota pintada (3.000a.C. - 1500a.C.) .................................... 43 Figura 5 - Prato de cerâmica Marajoara ......................................................................... 44 Figura 6 - Tapete Pazyryk (Século V a.C.) ..................................................................... 45 Figura 7 - Exemplo de carteira sipatsi ............................................................................. 45 Figura 8 - Exemplo de carteira oaxaca ........................................................................... 45 Figura 9 - Exemplo de carteira do Ceará ........................................................................ 45 Figura 10 - Roseta do período formativo da Cultura Arica ............................................ 46 Figura 11 - Barra do período Tiwanaku.da Cultura Arica .............................................. 46 Figura 12 - Mosaico do período de desenvolvimento regional da Cultura Arica ........... 46 Figura 13 - Mosaico do período inca da Cultura Arica .................................................. 46 Figura 14 - Maiólicas de Allambra ................................................................................. 47 Figura 15 - Estudo para Divisão regular do plano nº 70 ................................................. 48 Figura 16 - Detalhe da Divisão regular do plano nº 70 .................................................. 48 Figura 17 - Estudo para Divisão regular do plano nº 79 ................................................. 48 Figura 18 - Detalhe da Divisão regular do plano nº 79 .................................................. 48 Figura 19 - Padrões com quatro, cinco e seis eixos de simetria de quasicristais ........... 49 Figura 20 - Imagem observada por Shechtman em seu microscópio eletrônico ............ 49 Figura 21 - Modelo atômico de um quasicristal de prata e alumínio ............................. 50 Figura 22 - Representação da translação no plano ......................................................... 57 Figura 23 - Representação da simetria central no plano ................................................. 58 Figura 24 - Representação da simetria axial no plano .................................................... 59 Figura 25 - Representação da rotação com centro em C de um ponto e de um quadrilátero ..................................................................................................................... 60 Figura 26 - Transladando o centro a rotação P para a origem ........................................ 61 Figura 27 - Rotacionando o ∆ABC em 90º .................................................................... 61 Figura 28 - Transladando o centro da rotação P' de volta para seu lugar ....................... 62 Figura 29 - Resultado final da rotação ............................................................................ 62 Figura 30 - Rotação do ∆ABC de 90º no sentido horário .............................................. 63 Figura 31 - Representação da homotetia de um segmento orientado OP ....................... 64 Figura 32 - Representação da homotetia de centro C e razão k de um quadrilátero ABDE ............................................................................................................................. 64 Figura 33 - Hometetia de razão k = -2 do ∆ABC .......................................................... 65 Figura 34 - Triângulos semelhantes e homotéticos ........................................................ 66 Figura 35 - Triângulos semelhantes e não homotéticos ................................................. 66 Figura 36 - Resposta da questão 2a do Aluno-5.29 ........................................................ 79 Figura 37 - Resposta da questão 2a do Aluno-5.02 ........................................................ 88 Figura 38 - Resposta da questão 2a do Aluno-5.01 ........................................................ 88 Figura 39 - Questão 5 da Tarefa da Semana 6 ................................................................ 89 Figura 40 - Construção em R.e.C. feita pelo Tutor-4 sobre homotetia .......................... 94 Figura 41 - Explicação sobre homotetia dada pelo Aluno-4.23 ..................................... 95 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Cargas Horárias das disciplinas do NTEM / LANTE / UFF ........................ 36 Quadro 2 - Cronograma da disciplina TG-2.2010 ........................................................... 37 Quadro 3 - Referências bibliográficas das semanas 6 e 7 da disciplina TG-2.2011 ....... 39 Quadro 4 - Leituras complementares das semanas 6 e 7 da disciplina TG-2.2011 ......... 40 Quadro 5 - Vídeos e software para as semanas 6 e 7 da disciplina TG-2.2011 ............ 41 Quadro 6 - Classificação dos grupos de transformações ................................................. 55 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Número de alunos inscritos e concluintes da disciplina TG-2.2010 ............. 69 Tabela 2 - Número de alunos aprovados e não aprovados da disciplina TG-2.2010 ...... 70 Tabela 3 - Número de alunos que cursaram a EB em escolas públicas ou particulares de TG-2.2010 ....................................................................................................................... 70 Tabela 4 - Número de alunos que cursaram a graduação em cursos públicas ou particulares de TG-2.2010 ............................................................................................... 70 Tabela 5 - Respostas à pergunta "Você estudou geometria na educação básica?".......... 71 Tabela 6 - Respostas à pergunta "Que geometria você estudou na educação básica?" ... 72 Tabela 7 - Respostas à pergunta "Que geometria(s) você conhece?" pesquisa inicial ... 72 Tabela 8 - Respostas à pergunta "Que geometria(s) você conhece?" pesquisa final ...... 74 Tabela 9 - Respostas à pergunta "Na sua prática você relaciona a geometria a outras áreas?" ............................................................................................................................. 75 Tabela 10 - Respostas à pergunta "Você relaciona a geometria a que assuntos?" ......... 76 LISTA DE SIGLAS ABED - Associação Brasileira de Educação a Distância ANDIFES - Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior APM - Associação de Professores de Matemática de Portugal AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem CCCM - Centro Científico e Cultural de Macau Cead - Centro Nacional de Educação a Distância CEAD/UnB - Centro de Educação a Distância da Universidade de Brasília CEDERJ - Consórcio Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro CGT - Coordenador Geral de Tutoria CIER - Centro Internacional de Estudos Regulares COOP - Coordenação Operacional DRP - Divisão Regular do Plano EaD – Educação a Distância EF - Ensino Fundamental EM - Ensino Médio FAA - Fundação Educacional D. André Arcoverde IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal ICDE - International Council For Open and Distance Education IF-CE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará IF-PA - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará IFPE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco IFRN - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte IME - Instituto de Matemática e Estatística IUB - Instituto Universal Brasileiro JC - Jornal da Ciência LANTE - Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino MEC - Ministério da Educação MMM - Movimento da Matemática Moderna NTEM – Novas Tecnologias no Ensino da Matemática PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática SBM - Sociedade Brasileira de Matemática SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência SEED - Secretaria de Educação a Distância SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SESC - Serviço Social do Comércio SIARB - Sociedade de Investigação da Arte Rupestre da Bolívia TD - Tutor a Distância TFC - Trabalho Final do Curso TG - Tópicos em Geometria TGP - Transformações Geométricas no Plano TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação TP - Tutor Presencial UAB – Universidade Aberta do Brasil UECE - Universidade Estadual do Ceará UENF - Universidade Estadual do Norte Fluminense UEPA - Universidade do Estado do Pará UEPG - Universidade Estadual Ponta Grossa UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro UFAL - Universidade Federal de Alagoas UFBA - Universidade Federal da Bahia UFC - Universidade Federal do Ceará UFF - Universidade Federal Fluminense UFJF - Universidade Federal Juiz de Fora UFMA - Universidade Federal do Maranhão UFMG - Universidade Federal Minas Gerais UFMS - Universidade Federal do Mato Grosso do Sul UFOP - Universidade Federal Ouro Preto UFPA - Universidade Federal do Pará UFPB - Universidade Federal da Paraíba UFPE - Universidade Federal de Pernambuco UFPEL - Universidade Federal de Pelotas UFPI - Universidade Federal do Piauí UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro UFS - Universidade Federal do Sergipe UFSJ - Universidade Federal de São João del Rei UnB - Universidade de Brasília UNEB - Universidade do Estado da Bahia UNESA - Universidade Estácio de Sá UNIFAP - Universidade Federal do Amapá UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro USS - Universidade Severino Sombra SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 18 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EaD) ............................................................... 23 2.1 DISCUSSÃO DE CONCEITOS ......................................................................... 23 2.2 A HISTÓRIA DA EaD ........................................................................................ 25 2.3 A EaD NO BRASIL ............................................................................................ 26 2.4 O SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL - UAB........................ 30 2.5 O CURSO DE NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA - NTEM ............................................................................................................... 32 2.6 A DISCIPLINA DE TÓPICOS EM GEOMETRIA (TG) ................................. 36 3 AS TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS NO PLANO ......................... 42 3.1 HISTÓRIA ........................................................................................................ 42 3.2 ANÁLISE MATEMÁTICA DAS TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS NO PLANO ........................................................................................................ 56 3.2.1 Translação ........................................................................................................... 56 3.2.2 Simetria .............................................................................................................. 57 3.2.2.1 Simetria Central ................................................................................................. 57 3.2.2.2 Simetria Axial .................................................................................................... 58 3.2.3 Rotação .............................................................................................................. 59 3.2.4 Homotetia .......................................................................................................... 63 3.3 APLICAÇÕES DAS TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS NO PLANO NA EDUCAÇÃO BÁSICA ................................................................. 67 4 A EXPERIÊNCIA DE ABORDAGEM DE TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS NO PLANO EM UM CURSO A DISTÂNCIA ............. 69 4.1 PALAVRA DOS TUTORES ............................................................................. 77 4.2 PALAVRA DOS ALUNOS ............................................................................... 84 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 98 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 100 APÊNDICES ............................................................................................................... 105 ANEXOS ..................................................................................................................... 114 18 1 Introdução Desde que ingressei no curso de Matemática na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 1981, tinha vontade de trabalhar com Educação. Por pressões do mercado de trabalho, acabei me formando como Bacharel em Matemática na Modalidade Informática, pela UERJ em 1985, mas a paixão pelo magistério estava lá. Então, em 1988, comecei a ministrar aulas de Processamento de Dados I e II na Universidade Cândido Mendes nos cursos de Administração, Economia e Ciências Contábeis. Dois anos depois, voltei para Valença, minha terra natal de onde havia partido para cursar a universidade, para lecionar Matemática no Curso Superior de Tecnologia em Processamento de Dados, onde trabalhei até 2003. Uma das minhas grandes paixões é estudar, e em 2003 fiz o Curso de Especialização em Tecnologia e Projetos de Sistemas para Internet pela Universidade Estácio de Sá (UNESA). Em 2004 concluí o Curso de Licenciatura em Matemática na Fundação Educacional D. André Arcoverde (FAA) em Valença-RJ, prestei o concurso para professor do Estado do Rio de Janeiro, e desde então sou professora no Colégio Estadual José Fonseca. Em 2007, durante o Curso de Especialização em Educação Matemática da FAA, tive contato com professores que me apresentaram uma visão inovadora das aplicações das transformações geométricas e da história de seu desenvolvimento. Este contato me levou, também, a conhecer e me encantar com a Educação a Distância (EaD), tanto que fiz minha monografia (trabalho de conclusão de curso) sobre este assunto. Em virtude da produção do trabalho citado anteriormente e das habilidades desenvolvidas nos cursos que participei, desde 2008 atuo no curso de Novas Tecnologias de Ensino da Matemática (NTEM) da Universidade Federal Fluminense (UFF), na modalidade a distância, onde exerci as funções de tutora em diversas disciplinas e de coordenadora em outras tantas, dentre as quais, a disciplina de Tópicos em Geometria (TG), oferecida entre abril e junho de 2011. Atualmente atuo como professora do curso de Pós Graduação Latu Sensu em Educação Matemática na FAA em Valença. Foi com base nas experiências vividas nessas áreas de atuação que escolhi o tema deste trabalho. A partir daí me interessei em pesquisar junto ao professor de Matemática, seja ele aluno do NTEM ou tutor de TG, o que ele conhece das transformações geométricas no 19 plano (TGP)? Em investigar como ele as vê desenvolvidas na educação básica (EB)? E se nesta disciplina, consegui-se construir com eles esses conceitos? Para tanto, seria necessário que se descortinasse quais os conhecimentos geométricos os envolvidos na pesquisa possuíam, pois sabemos, que tal como em vários outras oportunidades ao longo da história, o ensino da geometria passa por momentos de crise. Acreditamos que muitos dos atuais alunos tiveram pouco ou nenhum contato com conceitos geométricos na EB. Além disso, o pouco ensinado é transmitido de maneira descontextualizada, como se a geometria não fizesse parte da Matemática. Alguns colégios chegam ao extremo de ter professores diferentes para geometria e Matemática, e em outros casos simplesmente abandonaram o ensino desta área do conhecimento matemático. Percebemos que os professores de Matemática em atividade foram formados em um sistema fragmentado de ensino e, em consequência, os alunos de licenciatura acabam por se formarem da mesma maneira. Veloso nos fala, em relação a tal impasse "[...] gerações de alunos - muitos deles atuais professores de Matemática - atravessaram o ensino de Matemática tendo como únicos contatos com a geometria elementar o teorema de Pitágoras e algumas fórmulas para o cálculo de áreas e volumes" (VELOSO, 2000, p. 23). Notamos, pelo comentário deste pesquisador português, que o problema transcende as fronteiras do Brasil e do momento atual. Uma análise da história do ensino de geometria revela que, ainda às vésperas da eclosão do Movimento da Matemática Moderna (MMM), a geometria escolar era dividida em dois componentes: as construções geométricas e o estudo da geometria clássica, exatamente como Euclides a tinha deixado (VELOSO, 2000). Esse estudo da geometria euclidiana era feito através da enunciação e demonstração de inúmeros teoremas com a seguinte finalidade: [...] levar os alunos (dos 12 aos 14 anos) a adquirir hábitos de raciocínio rigoroso e sistemático, próprios da Matemática, dentro da tradição de considerar que a geometria seria o campo ideal para os alunos aprenderem a demonstrar e também apreciar a Matemática como uma construção lógica, perfeita. (VELOSO, 2000, p. 19). De acordo com as ideias descritas anteriormente, notei que aprender geometria não é simples, o que leva a maioria dos estudantes a não gostar deste conteúdo. Consequentemente, há a necessidade de criação de uma alternativa para alteração desta realidade. Retomando o contexto histórico do ensino da Matemática, no Brasil, os primeiros ares de mudança chegam em 1928, com a reforma curricular proposta pela congregação do Colégio Pedro II. 20 Entre nós, até 1929, o ensino da aritmética, da álgebra e da geometria eram feitos separadamente. O estudante prestava, pelo regime de preparatório que vigorou até 1925, um exame distinto para cada uma daquelas disciplinas [...]. Em 1928, propusemos à congregação do Colégio Pedro II a modificação dos programas de Matemática, de acordo com a orientação do moderno movimento de reforma e a consequente unificação do curso [...] sob a denominação de Matemática [...] (ROXO1, 1940 apud CARVALHO, 2004). É somente nos anos 1960 que o ensino de Matemática no Brasil passa por uma modificação mais profunda com a inserção das ideias propostas pelo Movimento da Matemática Moderna (MMM). O MMM buscava aproximar a Matemática praticada na EB daquela produzida pela academia. Suas propostas enfatizavam as estruturas algébricas, a teoria dos conjuntos, a topologia, as transformações geométricas, os espaços vetoriais, entre outros. Pesquisas como as de D'Ambrosio (1987), Búrigo (1989) e Soares (2001), defendem que a geometria não foi uma área que recebeu a devida atenção nesse movimento, mas ocorreu um esforço em dar a ela um tratamento axiomático, com recursos das estruturas algébricas e da teoria dos conjuntos. D'Ambrosio (1987) aponta, que comparando-se os cursos de geometria oferecidos no período de implantação do MMM sobre as demais áreas, nota-se que foram disponibilizados um número bem reduzido de cursos com enfoque geométrico. Soares (2001) afirma que o ensino da geometria por meio do estudo das transformações e dos espaços vetoriais não aconteceu e que, na prática, continuou-se ensinando a geometria euclidiana tradicional empregando-se, apenas, a linguagem dos conjuntos. A partir de 1996, no Brasil, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96) e com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), passamos novamente a defender o que preconizava Klein2, desde o primeiro grande movimento internacional sobre o ensino da Matemática, ainda na virada dos séculos XIX para o XX, que segundo Roxo (2004, p.153) seria I. II. 1 Predominância do ponto de vista psicológico; Subordinação da escolha da matéria a ensinar às aplicações da matemática ao conjunto das outras disciplinas ROXO, Euclides. A matemática e o curso secundário. PEIXOTO, Afrânio et al. Um grande problema nacional (estudos sobre ensino secundário). Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940, p.56-85. 2 Felix Christian Klein (Düsseldorf, 25 de Abril de 1849 — Göttingen, 22 de Junho de 1925) matemático alemão que apresentou o Programa Erlanger, que viria a determinar o desenvolvimento da matemática no século XX. 21 III. Subordinação da finalidade do ensino às diretrizes culturais da nossa época. Por tudo isso, neste trabalho, defendo que a geometria é a ciência que estuda a forma e o movimento e, para que seu estudo seja um momento agregador dos diversos ramos da Matemática e de outras áreas do saber e que seja, ainda, contextualizado em nosso tempo, minha intenção foi estudar o que dá esse movimento à forma: as transformações geométricas no plano (TGP). Para desenvolver este trabalho, utilizamos as semanas seis e sete da disciplina de Tópicos em Geometria (TG) do curso de especialização em Novas Tecnologias no Ensino da Matemática (NTEM), do Laboratório de Novas Tecnologias (LANTE) da Universidade Federal Fluminense (UFF) que foram dedicadas ao estudo das TGP. É nos resultados destas semanas que está alicerçada a pesquisa descrita aqui. A discussão sobre se conseguimos construir com nossos alunos da disciplina de TG os conceitos relativos às TGP, perpassa também pela preocupação com as crenças ligadas a EaD. Dentre estas, destaco: a de que os cursos em EaD não possuem infra estrutura tecnológica e administrativa para dar suporte ao aluno; a de que não são planejados e estruturados com o cuidado de um curso presencial; a de que não têm a mesma credibilidade de cursos presencias, pois os alunos têm facilidade de "colar" uns dos outros e não precisam participar das aulas; e por fim, a de que há a falta do 'olho no olho' da sala de aula, da companhia e do compartilhamento de ideias. Este estudo está inserido em ambas as linhas de pesquisa do Programa de PósGraduação Strictu Sensu do Mestrado Profissional em Educação Matemática da Universidade Severino Sombra (USS). Na linha "Organização Curricular em Matemática e Formação de Professores", pois trata de formação continuada de professores de Matemática, e da linha "Metodologias e Tecnologias de Informação Aplicadas ao Ensino de Matemática" por tratar da formação a distância com uso o de metodologias próprias a esta modalidade de ensino e de diversas tecnologias de informação e de comunicação. Nesta pesquisa foram utilizados, além de um questionário inicial e um final na disciplina de Tópicos em Geometria, os fóruns de debates com alunos e tutores. No que se refere à apresentação desse trabalho, optei por estruturá-lo em quatro capítulos além dessa Introdução, para melhor discorrer sobre os assuntos relacionados à pesquisa. No Capítulo 2, discuti os conceitos de EaD, seu desenvolvimento histórico no mundo e no Brasil. Apresentei a Universidade Aberta do Brasil (UAB), bem como o Laboratório de 22 Novas Tecnologias de Ensino (LANTE) da UFF, seu Curso NTEM e a disciplina de TG que foi oferecida em 2011. Foram utilizadas como referências a legislação brasileira relativa à educação (LDB, Decreto 5.622 e PCN), a as pesquisas de Maia e Mattar (2007), Neto (2008), Mathias (2008 e 2009), Moran (2002), Esquincalha et al (2009), os sítios da Universidade Aberta do Brasil e do LANTE. O Capítulo 3 é dedicado às transformações geométricas no plano. Tratei, inicialmente, da história de sua utilização pelo homem e da história do desenvolvimento matemático desse conteúdo, utilizando, para tanto as pesquisas de: Gerdes (2003), Bassanezi e Faria (1988), Piaget e Garcia (2011), Eves (1992 e 2004) e Klein (1908 e 1984). Fiz, em seguida, uma análise matemática das TGP embasada por Fainguelernt (1999 e 2007), Bastos (2006 e 2007) e Veloso (2000, 2003 e 2005), e das possíveis aplicações destas na EB. O Capítulo 4 é dedicado à análise da experiência de abordagem das TGP em um curso a distância na disciplina de TG do NTEM no ano de 2011. Finalmente, apresentei, no Capítulo 5, algumas reflexões pessoais sobre as possibilidades que se descortinaram através das experiências vivenciadas nessa pesquisa. 23 2 Educação a Distância (EaD) Educação a Distância, Ensino a Distância, Instrução a Distância, Educação On-line, Educação no Ciberespaço são alguns dos termos utilizados para descrever o processo educacional em que a relação professor-aluno, aluno-professor e aluno-aluno é mediada pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), o que permite prescindir dos encontros presenciais para a construção do conhecimento. 2.1 Discussão de Conceitos O Decreto nº 5.622 de 19/12/2005, que regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394 de 20/12/1996 (que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e parcialmente alterado pelo Decreto nº 6.303 de 12/12/2007, em seu parágrafo primeiro caracteriza a Educação a Distância [...] como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (BRASIL, 2007, p.1). Segundo este Decreto de 2007, em EaD ocorre uma separação geográfica e espacial entre alunos e professores e entre os próprios alunos, ou seja, ela prescinde da presença física em um local (sala de aula) para que ocorra a formação. Moran (2002) define Educação a Distância como “o processo ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente”. Maia e Mattar (2007, p.6) julgam que: “A EaD é uma modalidade de educação em que professores e alunos estão separados, planejada por instituições e que utiliza diversas tecnologias de comunicação”. Em vista dos conceitos mostrados para EaD, nota-se que o diferencial dessa modalidade educacional é a distância entre seus atores e a utilização das tecnologias disponíveis para reduzir tal distância, pois educadores, tais como Dreyfus e Borgmann (MAIA e MATTAR, 2007, p.10-13), defendem que educação é fruto do diálogo, da colaboração, da troca ampla e contínua de ideias e experiências. 24 No Brasil, de acordo com o Decreto nº 5.622, citado anteriormente, há a obrigatoriedade de momentos presenciais para avaliação de estudantes, estágios obrigatórios, defesa de trabalho de conclusão de curso (os dois últimos quando previstos em legislação pertinente) e atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso. A maioria das atividades em EaD é assíncrona, o que significa que alunos e professores estão separados no tempo. De acordo com Maia e Mattar (2007, p.15) “a manipulação das mídias permite ampliar o diálogo entre alunos e professores e, em consequência, diminuir a distância transacional e a sensação psicológica de separação, gerando um senso de comunidade”. O uso das TIC reduz essas distâncias, permitindo que; além do uso de atividades assíncronas como leitura de textos, vídeos, áudios, CD e televisão; existam a interações professor-aluno e aluno-aluno. Estas interações podem ocorrer tanto de forma assíncrona, como é o caso das listas de discussão, fóruns de debates, e-mails, wikis etc., quanto de forma síncrona, com todos os participantes “plugados” ao mesmo tempo como chats, videoconferências etc. Sob os aspectos descritos nessa modalidade de educação, o professor assume um papel que o desvincula do modelo tradicional. Ele passa a atuar como o potencializador, o facilitador, o incentivador da participação coletiva e da independência para possibilitar a plena ação dos alunos no processo de aprendizagem. Esses tutores, como são chamados os professores em EaD, devem ser, segundo Moran (2002), “maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar”. Muda, também, o perfil do aluno. Esse aprendiz, precisa ter autodeterminação, capacidade de selecionar, de tomar decisões e de organização. Ele precisa tornar-se autônomo, desenvolver estratégias de estudo adequadas e explorar os novos recursos de comunicação, ou seja, ele deve se tornar capaz de “aprender a aprender”. Essa modalidade educacional é especialmente indicada à formação continuada de professores, uma vez que estes profissionais que estão desejosos de melhor investir em sua formação e possuem maturidade, curiosidade e motivação, vem sendo excluídos do processo educacional público tradicional por questões de localização ou por indisponibilidade de tempo. Estes colegas são potencialmente esses novos aprendizes. É relevante destacar que os termos instrução, ensino e educação são utilizados como equivalentes em diversos textos sobre EaD. Pretende-se, aqui, diferenciá-los para explicar o porquê de ser importante utilizar Educação a Distância, e não Instrução ou Ensino. 25 O termo educação se refere à formação integral do ser humano, não se restringe ao procedimental/operacional ou somente o cognitivo. Essa palavra também abrange aspectos atitudinais, comportamentais, éticos, valorativos. Encerra além do "saber fazer", e do "saber conhecer", o "saber conviver" e o "saber ser" (NETO, 2008, p.13). Instrução é treinamento. Está ligada à capacitação operacional, ao ensinar a fazer. Ensino é direcionado à atuação do professor, aos processos de seleção, de organização e de construção de conteúdos: ele enfoca a transmissão de verdades estabelecidas, de conhecimentos prontos e acabados, e está ligado ao aprender a conhecer. 2.2 A História da EaD Será adotada a divisão da história da EaD em três gerações, de acordo com Maia e Mattar (2007, p.21). Defende-se que a EaD existe desde as cartas de Platão e as Epístolas de São Pedro, mas ela surge efetivamente no século XIX, por causa do desenvolvimento dos meios de transporte (trens) e comunicação (correio). O ensino por correspondência foi a primeira geração da EaD e caracterizava-se pelo uso de material impresso enviado pelo correio. A segunda geração é acompanhada do acréscimo de mídias como o rádio, a televisão, as fitas de áudio e vídeo e do telefone. A Open University britânica, fundada em 1969, é um modelo que veio a ser seguido por diversas outras universidades no mundo. Lá se utilizavam intensamente rádio, TV, vídeos, fitas cassete e centros de estudos e se realizavam diversas experiências pedagógicas. O uso do videotexto, do microcomputador, das tecnologias multimídia, do hipertexto e de redes de computadores (Internet), caracterizam a EaD on-line, que representa a terceira e mais recente geração da EaD. Nela as mídias se integram e convergem para as tecnologias de multimídia e para o computador. A terceira geração da evolução da EaD seria marcada pelo desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação. Por volta de 1995, com o desenvolvimento explosivo da Internet, ocorre um ponto de ruptura na história da educação a distância. Surge então um novo território para a educação, o espaço virtual da aprendizagem, digital e baseado na rede. Surgem também várias associações de instituições de ensino a distância. Pode-se portanto pensar em um novo formato do processo de ensinoaprendizagem, "aberto, centrado no aluno, baseado no resultado, interativo, participativo, flexível quanto ao currículo, às estratégias de aprendizado e envio e não muito preso a instituições de aprendizado superior, porque pode também se dar nos lares e nos locais de trabalho". A EaD, assim, nos 26 ajudaria a romper com a tradição e planejar o novo. (MAIA e MATTAR, 2007, p.22) Entretanto, devemos ter em mente que uma geração não suplanta a outra em razão das novas tecnologias ali empregadas. A história evidencia que uma geração é, antes, o alicerce para o surgimento da próxima. Pode-se ver que quando a fotografia surgiu (séc. XIX), muitos pensaram que seria o fim da pintura, que o cinema seria o fim do teatro e que a televisão, o do cinema. Da mesma forma, o rádio representaria o fim da música ao vivo, o disco de vinil, o do rádio e assim sucessivamente. Nada substitui um bom livro. Hoje usa-se a mídia impressa como nos anos quarenta do século passado. Temos que avaliar as tecnologias em cada contexto educacional. Não existem tecnologias superiores ou mais atuais. Existem tecnologias apropriadas e não apropriadas. Muitos fatores devem ser levados em consideração para que possamos adequar as tecnologias às necessidades reais dos alunos, das comunidades e das organizações. (NETO, 2008, p.21) Pode-se ter uma proposta brilhante em EaD alicerçada principalmente em transmissões pela televisão e mídias impressas para lugares onde o acesso à Internet ou à disponibilidade de luz elétrica é precário, o que acontece em várias localidades no Brasil, por exemplo. A experiência do Brasil com a EaD, como será mostrado no próximo item, serve como comprovação da tese apresentada por Neto. 2.3 A EaD no Brasil A EaD no Brasil seguiu os passos da educação a distância no mundo, porém, o rádio e a televisão foram explorados com sucesso e criatividade antes da introdução da Internet como mídia principal. Em um primeiro momento, a EaD brasileira segue o movimento internacional, com a oferta de cursos por correspondência. Entretanto, mídias como o rádio e a televisão serão exploradas com bastante sucesso em nosso país, por meio de soluções específicas e muitas vezes criativas, antes da introdução da Internet. (MAIA e MATTAR, 2007, p.23) Em 1904, era oferecido, por correspondência, o curso de datilografia das Escolas Internacionais, organizações norte-americanas privadas que ofereciam cursos pagos. 27 Em 1923 uma equipe liderada por Henrique Morize e Roquete Pinto criou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que oferecia vários cursos, dentre os quais português, francês e esperanto3. Em 1932, professores lançaram o Manifesto da Escola Nova, onde defendiam a universalização da escola pública, laica e gratuita. Neste documento também foi proposto o uso do rádio, cinema e imprensa para a modernização e a democratização da educação brasileira. A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro passa, em 1936, ao Ministério da Educação e Saúde. No ano seguinte, foi criado o Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação. O Instituto Monitor e o Instituto Universal Brasileiro (IUB), criados, respectivamente, em 1939 e 1941, são pioneiros em oferecer cursos profissionalizantes por correspondência. Eles foram responsáveis pelo atendimento de milhões de alunos em seus cursos abertos. Hoje oferecem, além de cursos profissionalizantes, cursos supletivos e cursos técnicos. O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Serviço Social do Comércio (Sesc) e emissoras associadas criam, em 1947, a Universidade do Ar, com o objetivo de oferecer cursos através de rádio. É grande a experiência do Senac com EaD. Em 2000 foi criada a Rede Nacional de Teleconferência que transmitia aulas, via satélite, pela Rede Sesc-Senac de Televisão. A interação com os alunos se dava através de e-mail, fax e telefone em todas as unidades do Sistema Senac, incluindo as escolas-sobre-rodas e as balsas-escolas, que são oficinas volantes onde são realizados cursos de formação inicial e continuada de curta duração que levam o ensino aonde não existem unidades físicas deste sistema. Atualmente este trabalho continua através de seu Centro Nacional de Educação a Distância (Cead). O Instituto Brasileiro de Administração Municipal - IBAM - começa, em 1967, a oferecer cursos por correspondência de Administração Municipal, tais como de legislação de licitação e preparação de folha de pagamento, para funcionários de prefeituras do interior. O Projeto Minerva teve início em 1970 (mantido até o início dos anos 80) e tinha como objetivo a educação e a inclusão social de adultos. Para tanto, o Ministério da Educação fez uma parceria com a Fundação Padre Landell de Moura, que possuía experiência em EaD desde 1967 e com a Fundação Padre Anchieta. 3 Idioma planejado por Ludwik Lejzer Zamenhof, em 1887, com o intuito de que se tornasse uma língua franca. 28 Nesta mesma época, a Fundação Roberto Marinho dá início ao chamado hoje Telecurso2000. São utilizados como recursos os livros, os vídeos e a televisão (Rede Globo de Televisão). "Calcula-se que mais de 4 milhões de pessoas já foram beneficiadas pelo Telecurso" (MAIA e MATTAR, 2007, p. 27). Em 1981, o Colégio Anglo-Americano, através de seu Centro Internacional de Estudos Regulares (CIER), oferece os Ensinos Fundamental e Médio para crianças que mudaram temporariamente para o exterior, de forma que possam continuar a estudar pelo sistema educacional brasileiro. Em 1995, o programa Salto para o Futuro foi incorporado à TV Escola e é um marco na EaD nacional. Chamado, originalmente, de Jornal da Educação - Edição do Professor, era produzido, desde 1991, pela Fundação Roquete-Pinto. É um programa para formação continuada de professores e utiliza diversas mídias como material impresso, televisão, fax, telefone, Internet e telessalas. Os programas do Salto para o Futuro são ao vivo e permitem a interação entre os professores presentes nas telessalas, contando com a mediação de orientadores de aprendizagem. O ensino superior brasileiro começa a se virtualizar através do pioneiro Programa de Ensino a Distância da Universidade de Brasília (UnB), que oferece cursos de extensão universitária nesta modalidade. Essa Universidade cria, em 1989, o seu Centro de Educação a Distância CEAD/UnB - que tem por finalidade "desenvolver e viabilizar ações de educação a distância que contribuam para o fortalecimento da publicização da UnB e a emancipação do cidadão na sociedade brasileira, na perspectiva da aprendizagem ao longo da vida" (CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - UnB, 2011). Na década de 1990, a EaD é oficializada como modalidade educacional no Brasil, através do Artigo 80 da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. § 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância. § 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos 29 respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. (BRASIL, 1996) Essa legislação e a disponibilidade cada vez maior de acesso à Internet e às novas mídias indicam a necessidade de novas reflexões sobre as práticas e metodologias pedagógicas que permitam o uso dessas facilidades para a democratização e a melhoria da qualidade da educação brasileira. Em 1995, foi criada a Associação Brasileira de Educação a Distância - ABED - que é uma sociedade científica, sem fins lucrativos, que tem como missão contribuir para o desenvolvimento do conceito, métodos e técnicas que promovam a educação aberta flexível e a distância, visando o acesso de todos os brasileiros a educação. O Decreto nº 1.917, de 27 de maio de 1996 criou a Secretaria de Educação a Distância – SEED, para atuar como um agente de inovação tecnológica nos processos de ensino e aprendizagem, fomentando a incorporação das TIC e das técnicas de educação a distância aos métodos didático-pedagógicos. Ela deve, também, promover a pesquisa e o desenvolvimento voltados para a introdução de novos conceitos e práticas nas escolas públicas brasileiras. Como comprovação da importância dada pelo poder público à implantação da EaD no Brasil, tem-se o Ministério da Educação (MEC), que em 2001, publicou a Portaria 2.253, que regulamenta, no ensino superior, a oferta de disciplinas a distância para atender até 20% da carga horária dos cursos reconhecidos. O MEC cria, em 2002, uma comissão assessora de especialistas em educação a distância, que produziu um relatório sobre as diretrizes para o desenvolvimento da EaD no Brasil com a utilização de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). Em 2005, ocorre a criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB), pelo MEC, com a finalidade de ampliar e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior, por meio da educação a distância. Este sistema será discutido no próximo item deste trabalho. No ano de 2006, a ABED, juntamente com o International Council For Open and Distance Education (ICDE), tornam a cidade do Rio de Janeiro a sede da 22ª Conferência Mundial de Educação a Distância. 30 Atualmente a SEED-MEC possui programas e ações abrangentes, tais como Domínio Público – biblioteca virtual, DVD Escola, E-ProInfo, E-Tec Brasil, Programa Banda Larga nas Escolas, Proinfantil, ProInfo, ProInfo Integrado, TV Escola, Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), Banco Internacional de Objetos Educacionais, Portal do Professor, Programa Um Computador por Aluno – Prouca. No Estado do Rio, em 2000, foi criado o Consórcio Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ). Ele é formado pela parceria entre a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Este Centro oferece onze cursos de graduação a distância que são de Administração, Administração Pública, Tecnologia em Sistemas de Computação e Licenciaturas em Ciências Biológicas, Física, História, Matemática, Pedagogia, Pedagogia para Séries Iniciais do Ensino Fundamental, Química, e Turismo. Atualmente, cerca de 26 mil alunos estão matriculados em seus cursos. É relevante destacar o pioneirismo do Curso de Licenciatura em Matemática do CEDERJ. Esta foi a primeira graduação oferecida pelo consórcio, através da UFF, e teve em seu primeiro vestibular cento e sessenta (160) vagas preenchidas. De 2001 até o final de 2011 este curso formou quatrocentos e dezoito (418) professores de Matemática. No segundo semestre de 2011 havia quatro mil novecentos e trinta e sete (4.937) alunos matriculados na Licenciatura em Matemática do consórcio que, desde 2006, conta também com a parceria da UNIRIO (CEDERJ, 2012). Na busca de dados mais recentes, é tomado o último CensoEAD.br. Ele informa que temos cento e oitenta e seis instituições credenciadas pelo MEC, vinte e cinco empresas que praticam educação corporativa a distância e 51 (cinquenta e uma) entidades que ministram cursos livres. No âmbito federal é a UAB, com seus cursos de graduação e pós-graduação, que se destaca no cenário brasileiro. 2.4 O Sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB Em 2005, o MEC, em parceria com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) e empresas estatais, no âmbito do 31 Fórum das Estatais pela Educação com foco nas Políticas e a Gestão da Educação Superior, decide criar a Universidade Aberta do Brasil - UAB. O Decreto 5.800, de 8 de julho de 2006, instituiu o Sistema Universidade Aberta do Brasil, que tem como prioridade a formação inicial e continuada de professores em efetivo exercício na Educação Básica Pública. O Sistema UAB visa expandir e interiorizar a oferta de ensino superior público de qualidade aos municípios que não possuam tais cursos. A Universidade Aberta do Brasil é um sistema integrado por universidades públicas que oferece cursos de nível superior para camadas da população que têm dificuldade de acesso à formação universitária, por meio do uso da metodologia da educação a distância. O público em geral é atendido, mas os professores que atuam na educação básica têm prioridade de formação, seguidos dos dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos estados, municípios e do Distrito Federal. (UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL, 2011) Esse Sistema não propõe a criação de uma nova instituição de ensino, mas antes, a articulação das já existentes. Neste, a elaboração dos cursos é de responsabilidade das instituições públicas de ensino superior, tanto federais como estaduais, que desenvolvem material didático e pedagógico. Na expansão desta modalidade de ensino, cada município que deseja ofertar esses cursos como polo presencial, deve contar com infra-estrutura que inclua o apoio de tutores, laboratórios de informática, biologia, química e física e biblioteca. Vê-se, com isso, que o Sistema UAB funciona baseado em forte parceria entre as esferas federal, estadual e municipal do governo, enquanto viabiliza mecanismos alternativos para o fomento, a implantação e a execução de cursos de graduação e pós-graduação de forma consorciada. O sistema UAB é sustentado em cinco eixos fundamentais: 1. Expansão pública da educação superior, considerando os processos de democratização e acesso; 2. Aperfeiçoamento dos processos de gestão das instituições de ensino superior, possibilitando sua expansão em consonância com as propostas educacionais dos estados e municípios; 3. Avaliação da educação superior a distância tendo por base os processos de flexibilização e regulação implantados pelo MEC; 4. Estímulo à investigação em educação superior a distância no País; 5. Financiamento dos processos de implantação, execução e formação de recursos humanos em educação superior a distância. (UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL, 2011) São, atualmente, 88 (oitenta e oito) instituições a integrarem o Sistema UAB. Dentre elas, há Universidades Federais, Estaduais e Institutos Federais de Educação, Ciências e 32 Tecnologia. A UAB conta com, aproximadamente, mil polos estrategicamente distribuídos em todo território nacional. O Curso de Licenciatura em Matemática, por exemplo, é oferecido na modalidade a distância, através da UAB, pelas seguintes instituições: Universidade Federal Juiz de Fora (UFJF), Universidade Federal Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal Ouro Preto (UFOP), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Federal do Sergipe (UFS), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Universidade do Estado do Pará (UEPA), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IF-PA), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IF-CE), Universidade Estadual Ponta Grossa (UEPG), Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e Universidade Estadual do Ceará (UECE). São também oferecido Cursos de Pós-Graduação Latu Sensu, tais como: o de Novas Tecnologias no Ensino de Matemática (NTEM) através da UFF, o de Matemática, através da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ); o de Educação Matemática: Dimensões Teórico – Metodológicas, pela UEPG; e o de Ensino de Língua Portuguesa e Matemática numa Abordagem Transdisciplinar pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). Recentemente a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), em parceria com a UAB, criou o primeiro curso de Pós-Graduação Strictu Sensu semipresencial na área de Matemática, o Mestrado Profissional em Matemática (PROFMAT), cuja primeira turma ingressou no primeiro semestre de 2011. 2.5 O Curso de Novas Tecnologias no Ensino de Matemática - NTEM Para apoiar estrategicamente a gestão do curso de Licenciatura em Matemática a Distância, oferecido através de colaboração com o CEDERJ, a UAB e a UFF, foi inaugurado, 33 em abril de 2007 o Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino (LANTE), vinculado ao Instituto de Matemática e Estatística da UFF. Já no segundo semestre do ano de sua inauguração, o LANTE passou a oferecer o Curso de Pós-Graduação Lato Sensu de Novas Tecnologias no Ensino da Matemática (NTEM) na modalidade a distância. A criação desse curso objetivou o aumento da oferta e do acesso a programas de especialização em Matemática para estudantes que se encontrem em áreas distantes de universidades públicas ou que não possam cursar uma especialização em horário tradicional, contribuindo, portanto, para o alargamento e a interiorização das oportunidades de aperfeiçoamento de professores de Matemática em diversas regiões do Brasil. Além de revelar, aos professores de Matemática em exercício, que a prática docente é um permanente estado de pesquisa, o NTEM tem como objetivos discutir recursos e técnicas para o ensino de Matemática; introduzir tecnologias, como ferramentas pedagógicas, para o ensino da Matemática na Educação Básica e fazer com que o ensino de Matemática seja norteado pela contextualização de conhecimentos e pelo trabalho colaborativo. Segundo o Projeto Didático-Pedagógico do NTEM, o curso pretende formar um professor de Matemática que: • enquanto docente, discuta situações do cotidiano escolar, sem se escravizar a modelos pré-estabelecidos, identificando práticas e representações da escola, da sala de aula e do papel do professor, no sentido da construção de sua identidade profissional e da sua autonomia docente; • desenhe projetos pedagógicos que contemplem a pluralidade de demandas de uma sociedade complexa, a multidimensionalidade dos processos de ensino e de aprendizagem e a diversidade da sua história de vida e a de seus alunos; • construa a sua prática pedagógica com uma postura de pesquisador, buscando encontrar formas de agir adequadas ao contexto do seu trabalho docente. A estrutura do Curso NTEM é bem representada na Figura 1 a seguir. Figura 1: Estrutura acadêmica e administrativa do LANTE 34 Fonte: MATHIAS (2010, p. 39) A coordenação operacional (COOP) é responsável pela gestão acadêmica e administrativa do curso. Ela é apoiado estreitamente pelo Coordenador Geral de Tutoria (CGT), que tem como funções o acompanhamento de todo o processo de tutoria, que passa pela seleção, capacitação e avaliação contínua da atuação dos tutores, bem como do controle administrativo e financeiro do corpo docente do LANTE. Os coordenadores de disciplina, ou professores-coordenadores, são professores doutores, com atividades presenciais nas universidades participantes do Sistema UAB ou de cursos de mestrado de outras universidades. Eles são responsáveis pela produção do material didático, pela indicação das referências da disciplina, por orientar os coordenadores de tutoria e acompanhar o desenvolvimento da disciplina. O coordenador de tutoria é [...] responsável pela sincronização de ações individuais de todos os indivíduos envolvidos no curso e deve fazer com que cada elemento da equipe trabalhe na direção dos objetivos estipulados no início de cada disciplina. O profissional que ocupa este cargo deve possuir muitas habilidades e, principalmente, amplo e sólido conhecimento sobre os conteúdos que serão abordados no curso. Ainda, deve ter conhecimento e experiência em políticas de tratamento e controle de recursos humanos, bem como, experiência no magistério para que, junto aos professores desenvolvedores da disciplina e tutores, consiga obter êxito no trato com os alunos. [...] este deverá [..] adequar e disponibilizar, para o professor responsável pela disciplina, o material didático nas diversas mídias, que no caso deste relato refere-se a plataforma MOODLE. O Coordenador de Tutoria, no LANTE, deve ter amplo conhecimento da plataforma MOODLE, suas funcionalidades e falhas para que consiga transformar as ideias do 35 professor da disciplina em uma disciplina na modalidade EAD (ESQUINCALHA et al,2009, p.4). No LANTE, existe a figura do Tutor Presencial (TP) e do Tutor a Distância (TD). O primeiro exerce suas funções nos polos presenciais. Lá trabalham, também, o Coordenador do Polo e o staff técnico-administrativo. O TP é a ligação física do curso com o aluno, ele é uma referência administrativa, pois o educando deverá remeter suas dúvidas sobre a estrutura do curso e sobre o apoio a este tutor. Essas dúvidas podem ser sobre a utilização do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), provas, entrega de trabalhos, recebimento de material didático entre outras. Se o TP é a referência administrativa do aluno, o TD é sua referência acadêmica. O papel do TD no LANTE remete-se a: • Conhecer o Projeto Pedagógico do Curso, sua organização, estrutura e funcionamento, o material didático das disciplinas em que atuar e o sistema de tutoria do LANTE; • Prestar serviços de tutoria aos alunos no Ambiente Virtual de Aprendizagem, sob responsabilidade do professor-coordenador da disciplina em que estiver atuando; • Propor, em consonância com o professor-coordenador da disciplina em que estiver atuando, as atividades de avaliação da aprendizagem, bem como os critérios de correção; • Corrigir as avaliações e discutir os resultados com o coordenador de tutoria e com o professor-coordenador da disciplina; • Assessorar os tutores presenciais no que diz respeito ao estudo e à discussão dos conteúdos abordados nos materiais didáticos do Curso e ao atendimento aos alunos; • Subsidiar a avaliação do material didático e do ambiente de aprendizagem do curso, sugerindo eventuais mudanças; • Elaborar e encaminhar relatórios solicitados pela Coordenação de Tutoria. Participar das atividades de capacitação/avaliação de tutores propostas pela Coordenação (ESQUINCALHA et al,2009, p.13-14). O aluno, no momento da inscrição, escolhe a que polo pertencerá, de acordo com a proximidade de sua residência. Em todas as disciplinas, os alunos são distribuídos em grupos com cerca de 30 indivíduos, onde cada grupo é orientado por um TD. Dá-se preferência que desses grupos façam parte alunos do mesmo polo ou de polos próximos. Esse sistema administrativo, que funciona como um conjunto de engrenagens bem azeitado, coloca por terra a crença de que um curso na modalidade EaD não possui estrutura funcional definida e organizada para atender plenamente ao aluno. O NTEM é constituído por dois núcleos de disciplinas, o núcleo de disciplinas obrigatórias, em negrito no Quadro 1, é composto de Informática Educativa I, História da 36 Matemática Através de Problemas, Informática no Ensino da Matemática I e Metodologia do Trabalho Científico, além do Trabalho Final do Curso. O núcleo de disciplinas optativas é formado por dez disciplinas das quais o aluno é obrigado a cumprir pelo menos quatro. Quadro 1: Cargas Horárias das disciplinas do NTEM / LANTE / UFF Disciplinas Carga horária Informática Educativa I 60 horas História da Matemática Através de Problemas 60 horas Tópicos em Geometria 45 horas Tópicos em Cálculo Diferencial e Integral 45 horas Informática no Ensino da Matemática I 60 horas Tópicos em Ensino de Geometria 45 horas Informática Educativa II 45 horas Tópicos em Álgebra 45 horas Informática no Ensino da Matemática II 45 horas Argumentação e Conceito de Prova em Matemática 45 horas Tópicos em Educação Matemática 45 horas Tópicos em Aritmética, Álgebra e Geometria para o Ensino Médio 45 horas Sistema de Tutoria 30 horas Metodologia do Trabalho Científico 30 horas Trabalho Final de Curso 60 horas Fonte: http://www.lante.uff.br/index.php?page=estrutura-do-curso-2 O Quadro 1 mostra a relação de todas as disciplinas ofertadas no NTEM com suas cargas horárias. O Trabalho Final do Curso (TFC) é um relatório de pesquisa elaborado em grupos de 3 a 5 alunos. A pesquisa é aplicada e analisada individualmente. Com o objetivo de estimular a criação de Grupos de Pesquisa em torno dos Polos UAB, reforçando o seu papel na divulgação e produção de conhecimento, esses trabalhos são defendidos presencialmente em Jornadas Itinerantes de TFC, realizadas em Polos UAB estratégicos, como encerramento do curso (MATHIAS, 2010, p.37). 2.6 A Disciplina de Tópicos em Geometria (TG) A experiência que será relatada neste trabalho (Capítulo 4) foi realizada na disciplina de Tópicos em Geometria (TG), do curso NTEM, oferecida de 27 de abril a 21 de junho 37 (segundo trimestre) de 2011. Seu código dentro do curso foi TG-2.2011. A disciplina TG-2.2011 teve trezentos e vinte (320) alunos inscritos, dos quais vinte e sete (27) nunca participaram de nenhuma avaliação, 16 abandonaram e cento e sete (107) trancaram a disciplina. Foram cento e cinquenta e sete (157) alunos aprovados. Em TG-2.2011 trabalharam três (3) coordenadores de disciplina, dois (2) coordenadores de tutoria, onze (11) tutores a distância, além do staff dos polos e administrativo do LANTE. Ela teve seu conteúdo distribuído através de 8 (oito) semanas, como mostra o Quadro 2 a seguir. Quadro 2: Cronograma da disciplina TG-2.2011 SEMANA DATAS 27/abr 1 2 3 4 5 a CONTEÚDO TEMA: O que é Geometria ou o que são Geometrias? Como concebê-la nas aulas da Educação Básica? Fórum Temático 1: Que Geometria (ou Geometrias) deve(m) ser levada(s) às nossas salas de aula da Educação Básica? 03/mai Tarefa da Semana 1: Lista de exercícios da semana 1 04/mai TEMA: Construções geométricas - Poliedros a Fórum Temático 2: Como, quando e por que explorar estes conhecimentos e recursos em uma sala de aula? 10/mai Tarefa da Semana 2: Lista de exercícios da semana 2 11/mai TEMA: Construções geométricas com régua e compasso e com o R.e.C. a Fórum Temático 3: Debate sobre o uso de recursos de informática e materiais manipuláveis. 17/mai Tarefa da Semana 3: Lista de exercícios da semana 3 18/mai TEMA: Áreas e Volumes. a Fórum Temático 4: O que fazer para que o aluno construa o conhecimento geométrico? 24/mai Tarefa da Semana 4: Lista de exercícios da semana 4 25/mai TEMA: Conceitos de semelhança. a Fórum Temático 5: Discussão sobre as diferenças teórico-metodológicas em relação à construção do conceito de semelhança de figuras geométricas. 31/mai Tarefa da Semana 5: Lista de exercícios da semana 5 01/jun TEMA: Transformações Geométricas. 6 a Fórum Temático 6: O que caracteriza a Geometria das Transformações? Como e quando ela pode ser explorada na Educação Básica? 38 7 8 07/jun Tarefa da Semana 6: Lista de exercícios da semana 6 08/jun TEMA: Transformações Geométricas. Fórum Temático 7: Maneiras de se trabalhar com a geometria das transformações em sala de aula. a 14/jun Tarefa da Semana 7: Lista de exercícios da semana 7 15/jun TEMA: Geometrias Não Euclidianas. Fórum Temático 8: Como incluir noções de Geometrias Não Euclidianas em sala de aula na Educação Básica? a 21/jun Tarefa da Semana 8: Lista de exercícios da semana 8 Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/file.php/336/Cronograma_da_Disciplina_Topicos_em_Geometria.pdf Pode-se observar que em cada uma das oito semanas existe um texto introdutório, um fórum temático de discussões e uma tarefa (Figura 2). Esta última deveria ser enviada ao tutor, até a data elencada, através da plataforma. Em todas as oito semanas, foram disponibilizados as Referências, as Leituras Complementares e os Vídeos e Sites Recomendados, como é mostrado na Figura 2. Figura 2: Imagem da tela da semana 6 da disciplina TG-2.2011 e detalhe do texto. Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/course/view.php?id=336 Nas referências, são relacionados e disponibilizados os links dos textos cuja leitura é obrigatória, pois garantem a construção dos conceitos iniciais de que trata aquela semana para possibilitar as discussões nos fóruns temáticos. 39 Além dos fóruns temáticos, há na disciplina um fórum de pedido de revisão de notas, onde os alunos podem questionar as notas aferidas a eles. São abertos tópicos para cada fórum de discussão pontuado e para cada uma das tarefas. O objetivo deste é a transparência na avaliação do aluno. As leituras complementares e os vídeos e sites recomendados oferecem suporte para a ampliação desses conceitos e para sua aplicação. As discussões dos fóruns de tutores e de aluno, bem como as tarefas das semanas seis e sete, serão o objeto de interesse para o desenvolvimento deste trabalho, pois são as que tratam das transformações geométricas no plano. Nessas semanas discutiu-se, entre outras coisas, a forma que tomou o ensino da geometria a partir do Movimento da Matemática Moderna (MMM), que abandonou a estrutura axiomática de Euclides e baseou-se na proposta de Félix Klein (1849 - 1925). Klein, que apresentou essa proposta em 1872 através do Programa Erlangen, defendia o uso das transformações geométricas como a melhor via de ensino das geometrias, visto que, sendo funções matemáticas, evidenciam os conceitos e características dos entes geométricos como forma e movimento e as relações existentes entre as estruturas algébricas e as estruturas geométricas (TG-2.2011). Em seu livro, Klein introduz o capítulo sobre as transformações geométricas com as palavras As transformações que vamos estudar, apresentam também um grande interesse pedagógico, porque, definitivamente, não são outra coisa do que uma generalização do conceito de função, o que constitui segundo as tendências modernas, o eixo do ensino da matemática. (KLEIN, 1908, p.91) O Quadro 3 mostra as referências bibliográficas disponibilizadas para essas duas semanas. Quadro 3: Referências bibliográficas das semanas 6 e 7 da disciplina TG-2.2011 BASTOS, R. Transformações Geométricas. Notas sobre o Ensino de Geometria – Grupo de Trabalho de Geometria da APM. In Revista Educação e Matemática. APM. Nº 97, set./ out. 2007, p. 23-27. Disponível em http://www.apm.pt/files/_23-27_lq_473c3886b161d.pdf. Acesso em 14/3/2010. ESE/ IPL. Transformações Geométricas. Escola Superior de Educação/ Instituto Politécnico de Leiria (ESE/IPC). Programa de Formação Contínua em Matemática – 1º Ciclo 2006-2007. Disponível em http://blogs.esecs.ipleiria.pt/eb1mat/files/2007/03/texto2.pdf. Acesso em 14/3/2011. FAINGUELERNT, E. K. Aprender Geometria é Conquistar o Espaço. Palestra de encerramento do 9º Simpósio de Educación Matemática. Universidad Nacional de Luján, em 11/5/2007, Chivilcoy; Argentina. FAINGUELERNT, E. K; BORDINHÃO, N. de C. Transformações no Plano. Versão digital. Rio de Janeiro: Universidade Severino Sombra, s/ data. 40 Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/course/view.php?id=336 Já o Quadro 4 traz as sugestões de leituras complementares dessas semanas. Quadro 4: Leituras complementares das semanas 6 e 7 da disciplina TG-2.2011 ASSUMPÇÃO, S. D. et al. Transformações no Plano e Sistemas Articulados. Revista do Professor de Matemática, nº 47. SBM. Disponível em http://www.sbm.org.br/periodicos/rpm/47/TransformacoesPlano.doc. Acesso em 28/12/2010. BASSANEZI, R.; FARIA, M. S. B. A Matemática dos Ornamentos e a Cultura Arica. In Revista do Ensino de Ciências. Nº 21, 1988. Disponível em http://www.cienciamao.usp.br/dados/rec/_amatematicadosornamentos.arquivo.pdf. Acesso em 09/01/2011. BASTOS, R. Simetrias. Notas sobre o Ensino de Geometria – Grupo de Trabalho de Geometria da APM. In Revista Educação e Matemática. APM. Nº 88, maio/ junho de 2006, p. 9-11. Disponível em http://www.apm.pt/files/_pp09-11_lq_44f4563b788a8.pdf. Acesso em 14/03/2011. FIGUEIRA, C. et al. Visualização e Geometria nos primeiros anos. Programa de Formação Continua em Matemática. Escola Superior de Educação de Lisboa. Junho de 2007. Disponível em http://pt.scribd.com/doc/5639043/ensinar-geometria. Acesso em 14/03/2011. PROJETO ATRACTOR. Tipos de simetria no plano. Universidade Júnior, 2005. Disponível em http://www.atractor.pt/ujr/materiais-2005/simetria.pdf. Acesso em 20/02/2011. ROSA, O. da S. et al. Explorando as transformações lineares no plano, através do software WINPLOT. Revista TECCEN. Vol. 2, nº 2, set/ 2009. Disponível em http://www.uss.br/revistateccen/revista_informativo4/ArtigoWinplotROSA.pdf. Acesso em 20/02/2011. SELLIN, W. D. Grupos e Simetria. IV Semana da Matemática: Caminhos para a Geometria. Centro Universitário de Sete Lagoas. 2006. Disponível em http://www.unisete.br/net/Simetrias.pdf. Acesso em 06/03/2011. SOUZA, F. C. A. G; DUTRA, K. M. P. Estudando semelhança e geometria das transformações através da geometria dinâmica. VIII Encontro Nacional de Educação Matemática (VIII ENEM). Recife, 2004. Disponível em http://www.sbem.com.br/files/viii/pdf/02/MC32689993791.pdf. Acesso em 10/3/2011. VELOSO, E. Há vida na geometria para além dos prismas, paralelepípedos, cubos, esferas, cilindros e cones .... In Revista Educação e Matemática. Nº 96, jan./ fev. 2008; p. 18-19. Disponível em http://www.apm.pt/files/_18-19_lq_47cbddeee4f8b.pdf. Acesso em 14/3/2011. VELOSO, E.; BASTOS, R.; FIGUEIRINHAS, S. Isometrias e Simetrias com Materiais Manipuláveis. Notas sobre o Ensino de Geometria – Grupo de Trabalho de Geometria da APM. In Revista Educação e Matemática. APM. Nº 101, jan./ fev. 2009; p. 23-28. Disponível em http://www.apm.pt/files/_EM101_pp23-28_lq_49cd7874b0e4a.pdf. Acesso em 14/3/2011. Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/course/view.php?id=336 Além disso foram apresentadas sugestões de vídeos e de um programa para pesquisa e aprofundamento, como mostrado no Quadro 5. 41 Quadro 5: Vídeos e software para as semanas 6 e 7 da disciplina TG-2.2011 GESSINGER, H. Perfeita Simetria – Engenheiros do Havaii. 2min51s. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=PleKzmBMGW4&feature=related. Acesso em 12/01/2011. PÉREZ, A. Geometría dinámica: Movimientos en el plano. Serie Más por Menos. 12min24s. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=TF28X3izAM0. Acesso em 24/01/2011. Tributo a M.C. Escher. 4min11s. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=eltOhzcts_g&feature=related. Acesso em 25/01/2011. Software Kaleido Tile, produzido pelo Projeto Atractor. Disponível em http://www.geometrygames.org/KaleidoTile/index.html.pt. Acesso em 12/02/2011. Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/course/view.php?id=336 Os vídeos podem ser usados como introdução às aulas em que se abordará assuntos ligados às simetrias, translações e rotações. Já o programa Kaleido Tile tem seu uso junto aos alunos da segunda etapa do Ensino Fundamental, para o estudo de simetrias e pavimentações. Pode-se, perfeitamente, levar a disciplina de Tópicos em Geometria, da maneira que foi planejada e estruturada, para um curso de pós-graduação presencial, derrubando mais uma crença sobre a qualidade dos cursos em EaD. Neste capítulo foram discutidos desde os conceitos de EaD até as duas semanas que trataram de transformações geométricas no plano (TGP) na disciplina TG-2.2011. É, portanto, necessário uma abordagem mais aprofundada das TGP, o que será feito no Capítulo 3, para embasar as análises da experiência realizada com os alunos através de leituras e atividades sobre essas transformações que serão relatadas detalhadamente no Capítulo 4. 42 3 3.1 As Transformações Geométricas no Plano História As transformações geométricas estão presentes na constituição da maioria dos seres vivos. Por isso, usar simetrias, rotações, translações e homotetias (ampliações e reduções), copiando o que é apresentado pela natureza, para enfeitar cerâmicas, tecidos e cestas é uma prática humana ancestral. Mesmo sendo impossível para a arqueologia datar o momento exato do surgimento dos tecidos e da cerâmica, pode-se pressupor validamente que eles são tão antigos quanto o próprio ser humano, afinal, O homem não nasceu equipado com órgãos para assegurar a sua alimentação, para evitar o perigo, para manter a temperatura do corpo, nem com nenhum instinto especial para remediar estas deficiências. O êxito biológico do homem na luta pela sobrevivência foi conseguido pela sua capacidade de fazer instrumentos, vestuários, casas, abreviando todo o conteúdo do registro arqueológico. Esta capacidade foi aprendida através da experiência e do erro, mas em quase todos os casos atuais derivou da sociedade através da tradição social acumulada (CHILDE, 1969, p. 34). No sítio arqueológico de El Buey, que fica na fronteira entre Cochabamba e Santa Cruz, na Bolívia, encontra-se a pintura rupestre reproduzida abaixo (Figura 3). Figura 3: Pintura rupestre do sítio de El Buey na Bolívia Fonte: http://www.siarb-bolivia.org/esp/principal.htm 43 Sobre ela é dito no site da Sociedade de Investigação da Arte Rupestre da Bolívia (SIARB) que A iconografia geométrica destas pinturas mostra motivos de um alto desenvolvimento que possivelmente tiveram sua inspiração em desenhos de tecidos e cerâmica. O pesquisador Roy Querejazu Lewis concluiu que as pinturas de El Buey correspondem a diferentes períodos das culturas agrooleiras da área (SIARB, 2011, tradução nossa). Os padrões apresentados no canto superior esquerdo da Figura 3, mostram translações e simetrias bastante elaboradas e a serpente desenhada mais ao centro da imagem é um exemplo de aplicação e redução. No Japão, o povo Jomon criou algumas das mais antigas peças de cerâmica do mundo, datadas de 14 mil a.C., sendo que no período entre 4000a.C. e 2000a.C. essas cerâmicas aparecem com decorações complexas e muito elaboradas. A cerâmica chinesa, que remonta ao período Neolítico (3000 a.C.), era utilizada como recipiente para guardar alimentos ou para rituais funerários ou religiosos. De acordo com o Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), houve um grande aperfeiçoamento no fabrico das cerâmicas na China a partir da invenção da roda de moleiro (2000 a.C.), que os chineses reivindicam para si. A Figura 4 mostra a reprodução de uma tigela de cerâmica deste período, onde pode-se constatar a presença do uso das transformações geométricas na sua decoração. Figura 4: Travessa de terracota pintada (3.000a.C. - 1500a.C.) Fonte: http://www.cccm.pt/page.php?conteudo=&tarefa=ver&id=15&item=Primeiras%20cer%E2micas No Egito, no mesmo período que na China, a cerâmica seria usada também para a confecção de colares, estatuetas e amuletos. 44 Além desses povos, pode-se citar os babilônios e os assírios, que utilizaram a cerâmica em ladrilhos decorados (século VI a.C.) e os persas. No Brasil, a cerâmica marajoara, que representa a produção artística dos habitantes da Ilha de Marajó, no Pará, é considerada uma das mais antigas artes cerâmicas das Américas. Ela é caracterizada pela ampla e sofisticada quantidade de objetos rituais, utilitários e decorativos. Sua ornamentação era mais usualmente feita através de símbolos geométricos e padrões simétricos. A Figura 5 mostra a fotografia de um prato decorativo marajoara onde se podem observar essas características. Figura 5: Prato de cerâmica Marajoara. Fonte: Acervo Particular. Este prato foi adquirido em Belém, em 1976, o que mostra que "os traços simétricos e cores da decoração marajoara podem ser encontrados até hoje no artesanato local em Belém e da Ilha de Marajó" (Instituto Itaú Cultural, 2011). Na tecelagem, as simetrias aparecem nos tecidos, nos tapetes e na cestaria. A localização de suas origens é muito difícil, mas sabe-se que ela surgiu em vários lugares, aproximadamente na mesma época. Povos que habitavam a Mesopotâmia, Egito, Grécia, Roma, Pérsia, Índia, China e África desenvolveram suas próprias técnicas utilizando algodão, lã, linho, seda ou outras fibras. A seguir é mostrada a imagem do tapete Pazyryk (Figura 6), encontrado no vale com este nome na Sibéria. Segunda datação com carbono-14, ele foi tecido no século V a.C. e é considerado o tapete mais antigo do mundo. Suas dimensões são 2,83m por 2m e pode-se observar os padrões geométricos e as simetrias em sua ornamentação apesar do desgaste. 45 Figura 6: Tapete Pazyryk (Século V a.C.) Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tapete_persa Turquia, Irã e outros países do Oriente Médio mantêm até hoje a tradição da fabricação de tapetes com elaborados motivos geométricos. São os conhecidos tapetes persas. Gerdes (2003) traz, de Moçambique, como exemplo a cestaria das carteiras de mão entrecruzadas, chamadas sipatsi (singular: gipatsi) na língua falada na província de sua origem (Inhambane). Em seu livro, Gerdes (2003, p.9) apresenta diversos motivos decorativos diferentes e diz que "[...] a coleção até aqui organizada mostra a existência de mais de uma centena de motivos, revelando a força de imaginação e a criatividade artística e geométrica das cesteiras e dos cesteiros fabricantes de sipatsi". Gerdes ainda relaciona a descobertas de cestarias com padrões parecidos no México carteiras oaxacas (Figura 8), que mantém a tradição pré-hispânica de fabricação, e no Brasil, nas bolsas feitas pelos índios de Aracati no Ceará (Figura 9). Figura 7: carteira sipatsi Figura 8: carteira oaxaca Figura 9: bolsa do Ceará Fonte: Gerdes (2003, p.148) Fonte: Gerdes (2003, p.161) Fonte: Gerdes (2003, p.164) Um exemplo que ilustra muito bem o uso das transformações geométricas no 46 desenvolvimento da arte na tecelagem vem da cultura Arica, localizada na região norte do Chile. Bassanezi e Faria (1988) mostram a relação entre o grau de complexidade dos ornamentos e o da organização das estruturas sociais dessa cultura. Eles analisam a sua evolução histórica e os classifica a partir do estudo matemático de seus desenhos. Figura 10: Roseta do período formativo. Figura 11: Barra do período Tiwanaku. Figura 12: Mosaico do período de desenvolvimento regional. Figura 13: Mosaico do período inca. Fonte: BASSANEZI e FARIA (1988, p.43) Fonte: BASSANEZI e FARIA(1988,p.43) Fonte: BASSANEZI e FARIA (1988, p.44) Fonte: BASSANEZI e FARIA (1988, p.44) É no Período Formativo (1000 a.C. - 300 d.C.) dessa cultura que aparecem os primeiros tecidos enfeitados com rosetas e barrados nos gorros e mantas (Figura 10). Estes "eram produzidos, nas barras, por translações e reflexões perpendiculares à direção da translação e, nas rosetas, por reflexão" (BASSANEZI e FARIA, 1988, p.43). No Período Tiwanaku (300a.C. - 1100a.C.) seus ornamentos ganham cores vivas, motivos mais elaborados e simetrias produzidas por rotações, nas rosetas, e translações e reflexões perpendiculares à direção da translação, como no período anterior, além de reflexões com eixo na direção das translações, nas barras. Neste período, aparecem os primeiros mosaicos (Figura 11). No Período de Desenvolvimento Regional (1100a.C. - 1470a.C.), esse povo começa a utilizar, além de mosaicos coloridos e elaborados, figuras estilizadas de animais e simetrias produzidas por translações refletidas (Figura 12). No Período Inca (1470a.C. - 1535a.C.), apesar do avanço das técnicas de tecelagem trazidas pelo povo Inca, não houve desenvolvimento em termos de ornamentações dos tecidos (Figura 13). Bassanezi e Faria (1988, p.45) afirmam que "do ponto de vista artístico (e matemático) o período inca parece representar uma involução". Vindo, agora, para os tempos modernos, pode-se observar o uso das transformações geométricas pelo artista holandês Maurits Cornelis Escher. Apesar de sua obra estar apoiada em conceitos matemáticos e todos os seus trabalhos terem um forte conteúdo desta ciência, 47 ele era absolutamente leigo neste assunto. Conta-se até que H.M.S. Coxeter, um dos papas da geometria moderna, entusiasmado com os desenhos do artista, convidou-o a participar de uma de suas aulas. Vexame total. Para decepção do catedrático, Escher não sabia do que ele estava falando, mesmo quando discorria sobre teorias que o artista aplicava intuitivamente em suas gravuras (LOPES, 2011). Escher dedicou-se a trabalhos com isometrias decorativas a partir de suas visitas ao palácio mourisco de Allambra, em Granada - Espanha. Este foi construído pelos árabes no século XIII. Mesmo que ele não detivesse os conhecimentos de geometria necessários, o mesmo não pode ser dito sobre este povo, seus construtores e artistas. Escher, nessas visitas, copiou obsessivamente os ornamentos das paredes desse palácio e, através dessas cópias acabou por descobrir os movimentos utilizados naqueles ornamentos: as isometrias, ou seja, a translação, a rotação, a reflexão, a translação refletida e suas combinações. A Figura 14 mostra algumas das cópias feitas por Escher em Allambra. Figura 14: Maiólicas de Allambra. Fonte: Landshoff (2003. p.57) Escher conseguiu, através da experimentação, chegar aos dezessete grupos existentes das combinações isométricas que deixam determinada figura invariante. De acordo com Sérgio Alves, professor de geometria do Instituto de Matemática e Estatística (IME), da Universidade de São Paulo (USP), É notável que Escher, sem qualquer conhecimento prévio de Matemática, tenha descoberto todas essas possibilidades. Quanto aos quatro movimentos, são os únicos possíveis de serem aplicados sobre um padrão plano de modo que o resultado obtido seja exatamente a figura original. Em termos matemáticos, são as únicas isometrias do plano. O estudo desses movimentos é chamado de Geometria das Transformações e suas leis governam a construção dos desenhos periódicos (ALVES, apud LOPES, 2011). Escher chamou a esses trabalhos de Divisão Regular do Plano (DRP). Algumas são 48 mostradas a seguir (Figuras 15 a 18). Figura 15: Estudo para DRP nº 70. Figura 16: Detalhe DRP nº 70. Fonte: Landshoff (2003, p.60) Fonte: Landshoff (2003, p.61) Figura 17: Estudo para DRP nº 79. Figura 18: Detalhe DRP nº 79. Fonte: Landshoff (2003. p.76) Fonte: Landshoff (2003. p.77) Na natureza, além de aparecerem na constituição de diversos seres vivos, as transformações geométricas podem ser observadas na composição dos cristais. Um cristal é formado por milhões de moléculas iguais que, ao serem ordenadas lado a lado, geram formas simétricas quase perfeitas. É possível atribuir a cada composto cristalino um grupo de simetrias, a fim de poder diferenciá-los bem. Existem milhares deles na natureza. A forma de fazer isso consiste de partir de uma figura básica, a célula, formada por uma certa combinação de moléculas e ir copiando esta célula no espaço, como uma imagem refletida, rotacionada ou transladada da original. (MENDOZA, 1999, p.150, tradução nossa). 49 Recentemente muito se tem falado dos quasicristais, pois seu descobridor, o físico israelense Daniel Shechtman, ganhou o Prêmio Nobel de Química de 2011. Até a sua descoberta, acreditava-se que os átomos de qualquer matéria sólida ficavam agrupados em cristais com padrões de simetria rotacional de quatro ou seis eixos. Outros padrões, como o de cinco, sete, dez ou doze eixos eram considerados impossíveis. Figura 19: Padrões com quatro (à esquerda), cinco (centro) e seis (à direita) eixos de simetria. Fonte: YANO (2011) Na Figura 19, são mostrados os padrões com quatro e seis eixos de simetria que geram repetições periódicas da estrutura de cristais, além do de cinco (centro) que é de um quasicristal. Em abril de 1982, Shechtman, através de um microscópio eletrônico, vislumbrou átomos arranjados em padrões com simetria de dez eixos. "O material sólido, sintético e composto por alumínio e magnésio, se assemelhava, em nível molecular, a mosaicos árabes, que obedecem a regras matemáticas, mas não repetem padrões em nenhum momento." (YANO, 2011). Figura 20: Imagem observada por Shechtman em seu microscópio eletrônico. Fonte: YANO (2011) Figura 21: Modelo atômico de um quasicristal de prata e alumínio. 50 Fonte: YANO (2011) As imagens mostradas nas Figuras 20 e 21 constam da reportagem do jornal O Globo, que leva o título, bastante sugestivo, de "Ciência que parece arte leva Nobel de Química" e nela é dito que Uma descoberta que aproximou ainda mais ciência e arte e revelou a existência de uma estrutura considerada impossível deu ao cientista Daniel Shechtmnan, 70 anos, do Instituto de Tecnologia de Israel-Technion, o Prêmio Nobel de Química de 2011, anunciado ontem. (BAIMA, 2011). Os quasicristais estão presente em algumas das mais fortes ligas metálicas utilizadas atualmente no fabrico de lâminas, material cirúrgico, revestimento de panelas, como substituto do Teflon, materiais resistentes a altas temperaturas, motores, entre outros. Em 2009, foi encontrado na Rússia, um mineral composto de alumínio, cobre e ferro, com padrões de simetria de dez eixos. Esta foi a primeira vez que cientistas reportaram a existência de quasicristais na natureza. Até agora, neste capítulo, mostrou-se que, independente da matematização, as transformações geométricas existem na natureza e foram utilizadas pelo homem desde os primórdios da evolução das culturas. Este seria um exemplo do que Eves (1992, p.2) chama de "geometria subconsciente", que segundo ele, "era empregada pelo homem primitivo para fazer ornamentos decorativos e desenhos, e provavelmente é correto dizer-se que a arte primitiva preparou em grande escala o caminho para o desenvolvimento geométrico posterior". A história do desenvolvimento das transformações geométricas como conteúdo da Matemática está, portanto, extremamente vinculada à história do desenvolvimento da geometria como área desta ciência. Segundo Eves (1992, p.1) "ninguém ignora que a geometria deve ter se iniciado provavelmente em tempos muito remotos na antiguidade, a partir de origens muito modestas, 51 depois cresceu gradualmente até alcançar a dimensão enorme que tem hoje." Acredita-se que a origem da geometria está ligada à capacidade humana de reconhecer e comparar formas e tamanhos e pelas exigências práticas da utilização desta capacidade. Por exemplo, a necessidade de delimitação de terras levou o homem a desenvolver, primeiramente, o conceito geométrico de distância e, em seguida, passou a conhecer figuras geométricas simples como o retângulo e o triângulo. Conceitos sobre posição (paralelismo, perpendicularismo etc.) foram construídos a partir da edificação de muros e moradias. Mais tarde, o homem, através do uso de sua inteligência, torna-se capaz de perceber certas propriedades gerais das formas, tamanhos e relações espaciais entre objetos. Novamente Eves (1992, p.3) esclarece que [...] Isto acarretou a vantagem de se ordenar problemas geométricos práticos em conjuntos tais que os problemas de um conjunto podiam ser resolvidos pelo mesmo procedimento geral. Chegou-se assim à noção de lei ou regra geométrica. [...] Esse nível mais elevado do desenvolvimento da natureza da geometria pode ser chamado de "geometria científica". Heródoto, no século V a.C., defendeu a tese de que a geometria como ciência teria nascido no Egito. Eves (1992, p.3) transcreve as palavras deste famoso historiador: Eles diziam que este rei [Sesóstris] dividia a terra entre os egípcios de modo a dar a cada um deles um lote quadrado de igual tamanho e impondo-lhes o pagamento de um tributo anual. Mas qualquer despojado pelo rio de uma parte de sua terra teria de ir a Sesóstris e notificar-lhe o ocorrido. Ele então mandava homens seus observarem e medirem quanto a terra se tornara menor, para que o proprietário pudesse pagar sobre o que restaram, proporcionalmente ao tributo total. Dessa maneira, parece-me que a geometria teve origem, sendo mais tarde levada até a Hélade. Vê-se, portanto, que é na agrimensura que se localizam os primórdios da visão científica da geometria. Daí vem o nome: geo = terra, metria = medida, então geometria = medida da terra. Vários indícios históricos contam que a geometria desenvolveu-se também em outra culturas do antigo oriente. Além do povo egípcio, que vivia na bacia do rio Nilo, há os que se instalaram nas bacias dos rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia, do Indo e do Ganges, da Ásia Central, e do Hwang Ho e do Yangtzé, da Ásia Oriental. Todos esses povos são conhecidos por terem sociedades avançadas e culturas ricas com conhecimentos sobre irrigação e drenagem de terras, construção de edifícios e estruturas, além de ferramentas e obras para defesa. Os avanços do estudo da geometria, gerados pelos egípcios, babilônios, hindus e chineses, chegam, então, à Grécia (Hélade), onde será desenvolvida a geometria 52 demonstrativa. É com Os Elementos de Euclides que as ciências, em particular a geometria, ganham um método de pesquisa: o modelo axiomático. Para explicar o modelo axiomático, serão usadas as palavras de Bicudo que em sua palestra sobre a geometria grega, proferida em setembro de 2010 diz que O matemático quando está fazendo Matemática tem duas preocupações em mente: a preocupação com as definições de seus objetos matemáticos e a preocupação de demonstrar as propriedades referentes a esses objetos. Então há duas operações do espírito essenciais na feitura de qualquer teoria Matemática, a operação de definir os conceitos e a operação de demonstrar as propriedades desses conceitos. Definir é, delimitar ou explicar um conceito em termos de outros definidos anteriormente. Demonstrar uma proposição significa argumentar pela validade dessa proposição usando as regras válidas de dedução da lógica, a partir de proposições já anteriormente demonstradas (BICUDO, 2010). Para isso, o matemático aceita alguns conceitos sem definição (conceitos primitivos) e, a partir desses, define todos os demais conceitos, os chamados conceitos derivados. Acontece o mesmo com as proposições: ele aceita algumas como verdadeiras e sem demonstração (os axiomas e noções comuns) e demonstra, a partir dessas, todas as outras proposições, os teoremas. O Livro I de Os Elementos, parte de vinte e três definições, cinco postulados e nove noções comuns para demonstrar toda a geometria que conhecemos como geometria euclidiana ou geometria clássica. Os cinco postulados são: 1º De todo ponto até todo ponto é possível traçar uma reta. É possível conduzir uma reta de todo ponto a todo ponto. 2º Quando temos uma reta limitada dada é possível prolongá-la indefinidamente para qualquer um dos lados. 3º Por um ponto dado e passando por outro ponto dado é possível traçar um círculo. 4º Todos os ângulos retos são iguais. 5º Se tiver duas retas e sobre elas cair uma reta, fazendo ângulos internos do mesmo lado menores do que dois retos, essas duas retas se encontrarão do lado em que esses ângulos são menores do que dois retos (EUCLIDES, 2009, p.98). A grosso modo, o que diferencia os postulados das noções comuns é que os postulados dizem respeito exclusivamente à geometria, ao passo que as noções comuns são afirmações de validade geral. Por exemplo, a primeira das noções comuns de Euclides (2009, p.99) diz que "As coisas iguais à mesma coisa são também iguais entre si." De acordo com Piaget e Garcia (2011, p. 129) A importância da contribuição de Euclides que, na formulação de seus Elementos, apresenta a primeira axiomatização da história da Matemática, só 53 foi apreciada (à exceção de Arquimedes) muito mais tarde. Ela só iria ser compreendida em toda a sua essência no momento da transição do século XIX ao XX, e a partir dos trabalhos de Hilbert e de Peano. Além dos Elementos, Euclides escreveu três livros sobre porismos, que, segundo Proclus e Pappus, eram mais profundos que o primeiro. Foi através de Pappus, na sua Coleção Matemática, que chegaram aos dias atuais trinta proposições desta obra. Nela já era utilizada a noção de transformações por projeção. Considera-se que Apolônio (século III a.C.), no seu Elementos das Cônicas, foi o precursor da ideia de uso de um sistema de coordenadas para suas demonstrações, mas concebe-se que foram Fermat e Descartes que, vinte séculos depois, criam a geometria analítica. Piaget e Garcia mostram que é essa geometria criada por Fermat e Descartes que vem relegar a geometria clássica à segundo plano. Eles apontam que, Depois dos gregos, a primeira mudança espetacular foi produzida pela geometria analítica. Ainda que precedido cronologicamente por Fermat (1601 - 1665), é René Descartes que, com seu célebre Discurso do método para bem conduzir a sua razão e procurar a verdade das ciências (1637), será o motor mais importante desse processo. O terceiro apêndice do Discurso, intitulado "A geometria", constitui o marco que define o início da idade moderna em Matemática (PIAGET e GARCIA, 2011, p.130). Com a geometria analítica, o estudo das figuras e curvas se viu reduzido à análise das equações correspondentes a estas. A geometria foi, então, algebrizada. Descartes não tinha como prever que, cinquenta anos depois de publicar seu Discurso, seria publicado o Principia de Newton, que "apoiado em ombros de gigantes", dentre os quais pode-se citar Arquimedes, foi responsável pela criação do cálculo diferencial, o que deu à geometria analítica um destaque imenso e ajudou a reduzir ainda mais o interesse pela geometria euclidiana. Em fins do século XVIII, Euler traduziu as transformações no plano analiticamente e demonstrou que um deslocamento no plano era uma rotação, ou uma translação, ou, ainda, uma translação seguida de uma simetria. De acordo com Eves (1992), foi seguindo as teorias de Desargues, que no século XVII publicou um tratado sobre secções cônicas, explorando a ideia de projeção, e de Monge (século XVIII), que criou a geometria descritiva, que Poncelet e, paralelamente, Chasles, já no século XIX, chegam à geometria projetiva, onde incorporam, pela primeira vez, [...] os sistemas de transformações como método fundamental da geometria, procurando dar a essa ciência, independentemente da álgebra, a mesma generalidade, a mesma leveza, a mesma fecundidade que a geometria 54 analítica tinha demonstrado no curso de seu desenvolvimento no século XVIII (PIAGET e GARCIA, 2011, p.136). Mas o conceito de transformação utilizado até este momento era intuitivo e, por isso, limitado. Piaget e Garcia informam que Para cada caso era aplicado um tipo de transformação que permitia estudar as propriedades das figuras num grau de generalidade bastante elevado, mas faltavam meios para identificar e exprimir a estrutura do conjunto dessas transformações (PIAGET E GARCIA, 2011, p.149). Foram Sophus Lie (1842 - 1899) e Félix Klein (1849 - 1925) que, baseados na teoria de grupos, criaram a noção de grupos de transformações e invariantes correspondentes e, assim, resolvem o problema de identificação da estrutura do conjunto de transformações. De acordo com Fainguelernt (1999, p.72), "Klein, em 1870, revolucionou o enfoque da geometria, ao afirmar que devemos entender o seu contexto como o estudo das propriedades invariantes das figuras face às transformações de um grupo". Ele expôs suas ideias no programa Erlangen em 1872, "onde se revelam de um lado seu interesse profundo por questões pedagógicas e de outro seu envolvimento sério com a pesquisa Matemática" (EVES, 2004, p.605). Félix Klein foi professor na Universidade de Erlangen (1872 - 1875), antes de sê-lo em Leipzig (1880 - 1886) e em Gottingen (1886 - 1913). Nesta última foi chefe de departamento, e em seu período esta universidade se transformou na meca dos estudantes de Matemática de todo o mundo. Ele foi, ainda, editor de Mathematische Annalen e fundador da Encyklopädie Mathematik. A relação entre um grupo de transformações e uma geometria é que a define e, de acordo com Klein, deve-se chamar a este grupo de transformações de grupo principal para esta geometria. Assim, as "propriedades geométricas não se alteram pelas transformações do grupo principal. Podemos também afirmar de modo inverso : as propriedades geométricas são caracterizadas pela sua invariância com respeito às transformações do grupo principal" (KLEIN, 1984, p.7). Klein, com isso, estabeleceu relações entre diversos grupos de transformações que caracterizam as diversas geometrias. O Quadro 5 contém algumas dessas relações. 55 Quadro 5: Classificação dos grupos de transformações. Fonte: Fainguelernt (2007, p. 4) Este trabalho se deterá no estudo da geometria euclidiana plana com os seus grupos de transformações (semelhanças e isometrias), representadas pela homotetia, pela rotação, pela translação, pelas simetrias (axial e central), bem como, pelas transformações compostas dessas. 56 3.2 Análise Matemática das Transformações Geométricas no Plano Dá-se o nome de Geometria das Transformações a uma teoria pedagógica usada para ensinar Geometria, baseada no Programa Erlangen. As transformações geométricas no plano fazem parte dessa teoria. Para mostrar a importância do estudo das TGP na Educação Básica é necessário conhecer suas representações geométricas, matriciais e algébricas. Para tanto, com base nos textos de Fainguelernt e Veloso, serão discutidas a translação, a simetria central, a simetria axial, a rotação, a homotetia, bem como algumas composições dessas. Uma transformação geométrica no plano (ou em ℝ 2 ) é uma função (ou aplicação) biunívoca de ℝ 2 sobre ℝ 2 , em que para qualquer ponto P de ℝ 2 , T(P) é um ponto de ℝ 2 nas seguintes condições: • Se P ≠ Q, então T(P) ≠ T(Q); isto é, T é biunívoca (também se costuma dizer injetiva). • Para todo o ponto Q de ℝ 2 , existe um ponto P de ℝ 2 tal que T(P) = Q; isto é, T é uma aplicação “sobre” (também se costuma dizer sobrejetiva). Ou seja, uma transformação T no plano π é uma função bijetora T : π → π, que associa a cada ponto P do plano outro ponto do mesmo plano Q = T(P). O ponto Q é chamado de imagem de P pela transformação T. As transformações geométricas em que uma figura apenas muda de lugar, mas conserva todas as suas características geométricas intrínsecas, mantém distâncias, ângulos e áreas, são chamadas de isometrias. Arthur Cayley (1821-1895) desenvolveu a álgebra das matrizes em 1857 e a associou às transformações lineares do tipo: x’ = ax + by e y’ = cx + dy, onde a, b, c e d são números reais, e que podem ser imaginados como aplicações que levam o ponto (x,y) ao ponto (x’,y’). Algumas transformações geométricas são também transformações lineares e por isso a b pode ser simbolizadas pela matriz . c d 3.2.1 Translação A translação é uma função ou transformação de pontos no plano, T : ℝ 2 → ℝ 2 , definida por T ( x,y ) = ( x + a,y + b ) , onde a e b são constantes dadas. (FAINGUELERNT, 57 1999, p.75). Ela é uma isometria, pois conserva distâncias, ângulos e áreas. Se a ≠ 0 ou b ≠ 0 (isto é, se a translação é não nula), então a transformação geométrica translação não é uma transformação linear, uma vez que T ( 0,0 ) = ( a,b ) ≠ ( 0,0 ) . Figura 22: Representação da translação no plano Fonte: Fainguelernt (1999, p.75) 3.2.2 Simetria A simetria é, geometricamente, a semelhança exata da forma em relação a uma determinada reta, ponto ou plano. Se a figura, ou parte dela, ao ser refletida, girada ou movida sobre a transformada, a ela se sobrepor, ponto por ponto, então ela é simétrica. A simetria no plano pode ser central ou axial. 3.2.2.1 Simetria Central A simetria central no plano é uma função ou transformação de pontos do plano que associa a um dado par ordenado (x,y) o seu simétrico (-x,-y) (FAINGUELERNT, 1999, p. 74). A simetria central aplicada a um ponto P do plano gerará um ponto P´, tal que O (origem) seja o ponto médio do segmento PP’. 58 Figura 23: Representação da simetria central no plano Fonte: Fainguelernt (1999, p.74) Representação Matricial x ' − 1 0 y ' = 0 − 1 . x − x − 1 0 y = − y a matriz da transformação é então 0 − 1 . Observações: • Observa-se que a simetria é uma isometria, ou seja, mantém distâncias, ângulos e áreas, e por isso o determinante da matriz de transformação dela é unitário. • Para realizar simetria em relação a pontos fora da origem, basta combinar a simetria com translações: transladar o centro da simetria para a origem, realizar a simetria proposta e transladar de volta o centro da simetria à sua posição inicial. 3.2.2.2 Simetria Axial A simetria axial em relação ao eixo y no plano é uma função ou transformação de pontos do plano que associa a cada par (x,y) o par (-x,y) (FAINGUELERNT, 1999, p.74). 59 Figura 24: Representação da simetria axial no plano Fonte: Faiguelernt (1999, p.74) Representação Matricial x ' − 1 0 x − x − 1 0 y ' = 0 1 . y = y a matriz da transformação é então 0 1 . Observações: • A simetria axial é uma isometria, ou seja, mantém distâncias, ângulos e áreas. • O exemplo anterior considera uma simetria axial em relação ao eixo Oy. Pode-se considerar em relação ao eixo Ox, onde, se P = (x,y) então P’ = (x,-y). E sua matriz de 1 0 transformação será . 0 −1 • A simetria em relação a uma reta qualquer é dada pela composição de uma simetria em relação a Ox e uma rotação. 3.2.3 Rotação É a transformação geométrica que realiza um giro, ou rotação, de um ou mais pontos pertencentes a um plano π. Para ser definida, é necessário indicar um ângulo α, que definirá o tamanho da rotação, e um ponto central, chamado de C, em torno do qual se realizará o movimento. 60 Figura 25: Representação da rotação com centro em C de um ponto e de um quadrilátero Representação Matricial x ' cos α y ' = senα cos α senα − senα x . cos α y x cos α − ysenα = xsenα + y cos α a matriz da transformação é então − senα . cos α Observações • Observa-se que o determinante da matriz de transformação da rotação é unitário, o que significa que ela é uma isometria, ou seja, mantém distâncias, ângulos e áreas. cos α senα − senα = cosα . cosα- (senα . -senα)= cos2α + sen2α = 1 cos α • O exemplo anterior considera uma rotação centrada na origem do sistema de coordenadas. Para realizar rotações fora desta origem, basta combinar a rotação com translações: transladar o centro da rotação para a origem, realizar a rotação proposta e transladar de volta o centro da rotação à sua posição inicial. Por exemplo, imaginando-se o centro de rotação da Figura 26 o ponto P(3,2), como ficaria o triângulo ABC se ele fosse rotacionado em 90º ou π 2 rad? • A simetria em relação a origem é exatamente igual à uma rotação de 180°, com centro em O. 61 Figura 26: Transladando o centro da rotação P para a origem. Transladando o centro da rotação P para a origem: T(P) = P' = (x - 3 , y - 2) A(5,4) ⇒ T(A) = A' (2,2) B(7,4) ⇒ T(B) = B' (4,2) C(7,7) ⇒ T(C) = C' (4,5) Figura 27: Rotacionando o ∆ABC em 90º. Rotacionando o triângulo ABC em 90º: 0 − 1 x − y R(x,y) = . = 1 0 y x 62 R(x,y) = (-y, x) A'(2,2) ⇒ R(A') = A'' (-2,2) B'(4,2) ⇒ R(B') = B'' (-2,4) C'(4,5) ⇒ R(C') = C'' (-5,4) Figura 28: Transladando o centro da rotação P' de volta para seu lugar. Transladando o centro da rotação P' de volta para o seu lugar: T-1(P') = P = (x + 3 , y + 2) A''(-2,2) ⇒ T-1 (A'') = A''' (1,4) B''(-2,4) ⇒ T-1 (B'') = B''' (1,6) C''(-5,4) ⇒ T-1 (C'') = ''C' (-2,6) Figura 29: Resultado final da rotação. 63 Acima (Figura 29), o resultado final da rotação de um triângulo ABC em 90º em torno de um ponto P fora da origem. • O exemplo também considera uma rotação no sentido anti-horário. Para realizar uma rotação de um ângulo α no sentido horário, realiza-se uma rotação de um ângulo 2π - α no sentido anti-horário. Por exemplo, rotacionar em 90º um triângulo ABC no sentido horário é o mesmo que rotacioná-lo 270º no sentido anti-horário. Seja o triângulo ABC na Figura 30: Figura 30: Rotação do ∆ABC de 90º no sentido horário. 0 1 x y R(x,y) = . = − 1 0 y − x R(x,y) = (y,- x) A(2,1) ⇒ R(A) = A' (1,-2) B(4,1) ⇒ R(B) = B' (1,-4) C(2,3) ⇒ R(C) = C' (3,-2) 3.2.4 Homotetia É uma transformação T : π → π, com centro na origem O e razão k > 0, que associa a cada ponto P no plano π o ponto P’ = T(P) tal que OP’ = k. OP. Com a definição acima, e considerando P = (x,y), as coordenadas (x’,y’) do ponto P’ são dadas pelo sistema: 64 x´= k . x y´= k . y Figura 31: Representação da homotetia de um segmento orientado OP OP’= 1 OP 2 OP’ = 3 OP P’ P P P’ O O Uma homotetia produz ampliações e reduções no tamanho de figuras no plano (Figura 31). Ou seja, gera figuras semelhantes de razão k. Ao considerar duas figuras poligonais semelhantes ABEDF e A’B’D’E’F’ (Figura 32), verifica-se que os lados correspondentes dos polígonos são proporcionais a uma razão e que seus ângulos correspondentes são congruentes. Figura 32: Representação da homotetia de centro C e razão k de um quadrilátero ABDE k= A' B ' B' D' D' E ' ' E ' A' = = = AB BD DE EA No exemplo anterior, A’B’D’E’ é uma ampliação de ABDE, com razão k > 1, e A”B”D”E” é uma redução obtida a partir de uma homotetia com razão 0 < k < 1. Portanto, para se definir uma homotetia, são necessários dois elementos: o centro C e a razão k. 65 Representação Matricial x ' k 0 x k .x y ' = 0 k . y = k . y a matriz da transformação é então k 0 0 k . Observa-se que o determinante da matriz de transformação da homotetia é diferente da unidade, o que significa que ela não é uma isometria. Como já visto, essa transformação mantém os ângulos das figuras e a proporcionalidade de suas distâncias na razão k, além da proporcionalidade de suas áreas na razão do determinante da matriz de transformação. Observações: • Apesar da definição considerar k > 0, ela é válida para qualquer k < 0. Isto porque uma homotetia com razão negativa pode ser obtida através de uma composição de transformações geométricas, ou seja, uma rotação de 180° com uma homotetia de razão positiva. Figura 33: Hometetia de razão k = -2 do ∆ABC. Uma homotetia de razão k = -2 aplicada ao triângulo ABC da Figura 33 geraria o triângulo A'B'C' representado na mesma figura, isso porque H-2(x,y) = (-2x, -2y), que é o mesmo que − 1 0 R180º (x,y) = . 0 − 1 x y = − x − y 66 R180º (x,y) = (-x,-y), mas H2(x,y) = (2x, 2y), logo H2[R180º (x,y)] = H2 (-x,-y) = (-2x,-2y) que é o mesmo que H-2(x,y). • Da mesma forma que foi feito com a rotação com centro fora da origem, homotetias com centro fora da origem podem ser obtidas através da composição de uma translação e uma homotetia. • Duas figuras homotéticas são sempre semelhantes, mas duas figuras semelhantes nem sempre são homotéticas. Ou seja, a semelhança é uma condição necessária, mas não suficiente para garantirmos que uma figura é homotética de outra. Para verificar se existe homotetia, traçam-se os segmentos de retas AA’, BB’ e CC’. Caso elas se encontrem em um ponto O, a homotetia existe, sendo o referido ponto seu centro ou foco (Figura 34). Figura 34: Triângulos semelhantes e homotéticos. Ou seja, para existir homotetia não basta as figuras envolvidas serem semelhantes, mas seus lados correspondentes devem ser paralelos, e seus vértices correspondentes devem pertencer a um mesmo segmento de reta. Se os segmentos de reta forem traçados sobre os triângulos da Figura 35, é possível verificar que não existe um ponto central, e, portanto, não existe homotetia. Figura 35: Triângulos semelhantes e não homotéticos. 67 3.3 Aplicações das Transformações Geométricas no Plano na Educação Básica O ensino das transformações geométricas no plano (TGP) é estimulado pelos PCN desde a primeira etapa do ensino fundamental (EF). Neste documento, é defendido que atividades envolvendo as TGP "permitem o desenvolvimento de conceitos geométricos de forma significativa" (BRASIL, 1998, p.124), desenvolvem a capacidade de visualização na criança e dão uma perspectiva mais dinâmica à geometria como um todo. Na segunda etapa do EF "o estudo das transformações isométricas é um excelente ponto de partida para a construção das noções de congruência" (BRASIL, 1998, p.124), como o estudo da homotetia o é para o conceito de semelhança. Uma abordagem contextualizadora para o trabalho com as TGP é através da observação de objetos do cotidiano como tapetes, cerâmicas, tecidos, azulejos, logotipos de empresas, grades de janela, frisos decorativos, imagens refletidas em espelhos etc. Os PCN trazem como um dos objetivos da Matemática para o 2º ciclo (atuais quarto e quinto anos do EF) "Identificar características das figuras geométricas, percebendo semelhanças e diferenças entre elas, por meio de composição e decomposição, simetrias, ampliações e reduções" (BRASIL, 2000, p.81). Van de Walle (2009, p.462) defende que nesta etapa sejam utilizados termos mais simples para introduzir os conceitos básicos de TGP. Por exemplo, chamar a translação de deslizamento, a reflexão de espelhamento ou virada e a rotação de giro. Os PCN para 3º e 4º Ciclos (6º ao 9º ano do Ensino Fundamental), referem-se às TGP em conceitos e procedimentos de espaço e forma. Defende-se neste documento que devem ser trabalhados Transformações de uma figura no plano por meio de reflexões, translações e rotações e identificação de medidas que permanecem invariantes nessas transformações (medidas dos lados, dos ângulos, da superfície). Ampliação e redução de figuras planas segundo uma razão e identificação dos elementos que não se alteram (medida de ângulos) e dos que se modificam (medidas dos lados, do perímetro e da área) (BRASIL, 1998, p.73). É interessante mostrar, por exemplo, a regra de sinais das operações de adição e multiplicação com números inteiros, conteúdo do sétimo ano do EF, como transformações geométricas na reta numerada (translações, homotetias e reflexões). Essa visão de conjunto numérico munido dessas operações como "representação de ações geométricas" é defendida por Mathias (2012) também para o trabalho sobre o conjunto real e, "por meio da extensão de tais ações, construir o conceito de número complexo". 68 No ensino médio (EM), as TGP podem ser utilizadas na análise gráfica do significado dos coeficientes de funções, na exemplificação de função, bijetividade e composta de funções, na aplicação das operações com matrizes, além da construção do conceito de números complexos. As transformações geométricas podem privilegiar a conexão interna entre o ramos da Matemática (geometria, álgebra e aritmética) e entre esta Ciência e outros domínios do saber. Através de análise de cristais, cerâmicas ou outras expressões artísticas pode-se estabelecer essas ligações, "podendo ser o ponto de partida para projetos interdisciplinares onde a matemática, em geral, e a geometria, em particular, assumam papéis importantes" (BASTOS, 2006, p.9). Bastos defende, ainda, o uso das TGP na educação básica pelo seu valor no desenvolvimento da história da Matemática [...] justificar-se-ia que se desse muito maior importância às transformações geométricas, em primeiro lugar pela relevância que elas têm na história da Matemática recente — veja-se o Programa de Erlangen, de Félix Klein, que influenciou o desenvolvimento da Matemática no século XX — mas também porque constituem um campo rico de conexões, uma ferramenta muito útil para demonstrações, para resolver problemas e, de uma maneira geral, para raciocinar sobre o plano e o espaço (BASTOS, 2007, p.23). Percebe-se, então, que as TGP perpassam todos os níveis da educação básica, apresentando-se como um conteúdo integrador de elementos matemáticos e como um assunto de fácil e importante contextualização. É importante lembrar que a sexta e a sétima semanas da disciplina de Tópicos em Geometria (TG) do curso de Novas Tecnologias no Ensino da Matemática foram dedicadas a atividades para desenvolver este tema na educação básica. Isso foi feito através das tarefas, nas discussões em fóruns temáticos e na leitura dos textos indicados, como os de Veloso, Bastos, Fainguelernt, entre outros. É esta experiência que será mostrada no próximo capítulo. 69 4 A EXPERIÊNCIA DE ABORDAGEM DE TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS EM UM CURSO A DISTÂNCIA Esta pesquisa de campo foi realizada com professores cursistas da Pós Graduação Latu Sensu em Novas Tecnologias no Ensino da Matemática oferecida pela UAB/UFF. Ela abrange aspectos quantitativos, quando da análise dos percentuais oferecidos nas tabelas, e qualitativos, quando da investigação das respostas abertas dos alunos e tutores. Os pressupostos adotados são a multiplicidade de olhares, os conhecimentos prévios e a modalidade dessa formação acadêmica. No encalço de respostas ao problema dessa pesquisa buscou-se analisar, do grupo envolvido, suas experiências anteriores, suas vivências e seus conhecimentos em geometria, para isso foi realizado um diagnóstico (Anexo D) sobre os conceitos básicos que fundamentam a disciplina de Tópicos em Geometria (TG-2.2011). A Tabela 1 mostra quantos alunos se inscreveram em TG-2.2011, bem como, quantos a concluíram e quantos não o fizeram. Ressalta, ainda, que participaram dessa pesquisa cento e oitenta (180) alunos sendo, então, esta a amostra em um universo de trezentos e vinte (320) alunos. Tabela 1: Número de alunos inscritos e concluintes da disciplina TG-2.2011 NÚMERO DE ALUNOS EM TG-2.2011 Total de alunos inscritos Alunos que concluíram Alunos que não concluíram Alunos que trancaram Alunos que nunca participaram Alunos que abandonaram Alunos que responderam a pesquisa FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA ABSOLUTA RELATIVA 320 170 150 107 27 16 180 100,0% 53,1% 46,9% 33,4% 18,0% 10,7% 56,3% Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/feedback/analysis.php?id=13665&courseid=&do_show=analysis É importante frisar que o aluno desse curso - NTEM - era o professor de Matemática com formação específica em licenciatura nessa área. A Tabela 2 traz o índice de aproveitamento dos alunos que concluíram a disciplina. 70 Tabela 2: Número de alunos aprovados e não aprovados em TG-2.2011 NÚMERO DE ALUNOS APROVADO E NÃO APROVADOS EM TG-2.2011 FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA ABSOLUTA RELATIVA Alunos aprovados Alunos reprovados 157 13 92,4% 7,6% TOTAL 170 100,0% Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/feedback/analysis.php?id=13665&courseid=&do_show=analysis Foi perguntado onde o público alvo dessa pesquisa cursou a formação básica, se em escolas públicas ou em particulares. A Tabela 3 mostra o que foi apurado como resposta. Tabela 3: Número de alunos que cursaram a EB em escolas públicas ou particulares de TG-2.2011 ONDE CURSOU A EDUCAÇÃO BÁSICA Rede pública Rede particular Ambas TOTAL FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA ABSOLUTA RELATIVA 128 34 18 180 71,1% 18,9% 10,0% 100,0% Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/feedback/analysis.php?id=13665&courseid=&do_show=analysis Nota-se que a incidência de ex-alunos da rede pública é muito maior do que o da privada. O que se inverte no ensino superior como mostra a Tabela 4. Tabela 4: Número de alunos que cursaram a graduação em cursos públicos ou particulares de TG2.2011 ONDE CURSOU A GRADUAÇÃO Universidade pública Universidade particular Ambas TOTAL FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA ABSOLUTA RELATIVA 55 119 6 180 30,6% 66,1% 3,3% 100,0% Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/feedback/analysis.php?id=13665&courseid=&do_show=analysis Define-se, então, nosso aluno como um professor de Matemática que, em sua maioria, estudou a educação básica em escolas públicas e na superior em escolas particulares. Com relação à pergunta "Você estudou geometria na educação básica?" observa-se que somente 62,8% respondem que sim, ou seja, quase 40% não estudaram ou não estudaram 71 o suficiente. A Tabela 5 mostra esta distribuição. Tabela 5: Respostas à pergunta "Você estudou Geometria na Educação Básica?" VOCÊ ESTUDOU GEOMETRIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA? Sim Não Pouco Não sabe / Não lembra Total FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA ABSOLUTA RELATIVA 113 20 44 3 180 62,8% 11,1% 24,4% 1,7% 100,0% Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/feedback/analysis.php?id=13665&courseid=&do_show=analysis É importante ressaltar que em "pouco" foram computadas respostas como: praticamente nenhuma, pouquíssimo, muito pouco, quase nada, bem pouco, muito vagamente, pouco, muito deficitária e pouco, bem pouco. Os computados em "não sabe / não se lembra" são pessoas ou que cursaram há muito tempo o EB como o Cursista-63 que disse “Fazem 42 anos, não me lembro com clareza” ou que realmente não sabem se estudaram ou não como o Cursista-68 que respondeu “Que eu me lembre não.”. Foram computadas como SIM respostas desde "[...] apenas formas, classificação de triângulos, apenas o básico do básico." (Cursista-16) ou “Sim, Desenho geométrico.” (Cursista-6), ou ainda, “Ponto, linha, reta, superfície, plano e figuras geométricas.” (Cursista52) até “Sim, estudei a geometria básica ensinada no ensino fundamental desde a 5ª série ao ensino médio e também a geometria voltada para a mecânica industrial (desenho geométrico durante o Curso de Aprendizagem Industrial no SENAI-SP.” (Cursista-48) ou "Sim, geometria euclidiana - plana, espacial e analítica." (Cursista-156). Junto à pergunta anterior, foi questionado que, se a resposta fosse afirmativa, que geometrias os alunos estudaram. A Tabela 6 mostra os resultados. 72 Tabela 6: Respostas à pergunta "Que geometria você estudou na educação básica?" SE RESPONDEU SIM A PERGUNTA FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA ANTERIOR, QUE GEOMETRIA(S) VOCÊ ABSOLUTA RELATIVA ESTUDOU? Plana Espacial Analítica Trigonometria Desenho Sem resposta 104 62 27 4 8 3 92,0% 54,9% 23,9% 3,5% 7,1% 2,7% Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/feedback/analysis.php?id=13665&courseid=&do_show=analysis A questão Que geometrias você conhece? ajudou a trazer luz sobre a profundidade dos conhecimentos dos alunos de TG-2.2011 traziam de geometria. A Tabela 7 mostra um resumo da quantificação dessas respostas. Tabela 7: Respostas à pergunta "Que geometria(s) você conhece?" pesquisa inicial QUE GEOMETRIA(S) VOCÊ CONHECE? FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA ABSOLUTA RELATIVA Plana Espacial Analítica Descritiva Elíptica Hiperbólica Fractal Do taxi Projetiva Não euclidianas (sem especificar) Não especificou Não sabe 177 166 69 18 40 42 16 4 5 38 2 1 98,3% 92,2% 38,3% 10,0% 22,2% 23,3% 8,9% 2,2% 2,8% 21,1% 1,1% 0,6% Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/feedback/analysis.php?id=13665&courseid=&do_show=analysis Observou-se nessa questão que muitos não conhecem o que caracteriza cada geometria. Há respostas como "Plana, espacial, analítica, euclidiana e não-euclidiana." (Cursista-8), "Espacial, euclidiana, analítica." (Cursista-30), "Euclidiana, espacial, esférica e fractal." (Cursista-49), "Analítica, dinâmica, espacial e euclidiana" (Cursista-54), "Plana, espacial, analítica e euclidiana." (Cursista-91) entre outras. Nota-se que há pessoas que acham que geometria plana é o mesmo que geometria euclidiana e que a espacial é a não euclidiana. Percebe-se que há um problema no que se 73 refere às definições sobre as geometrias euclidianas e as não euclidianas. Em nove respostas foi mencionado o que foi estudado em outras disciplinas do NTEM, principalmente no que se refere às geometrias não euclidianas, como Tópicos em Álgebra, Aritmética e Geometria para o Ensino Médio (TAAGEM) e Tópicos em Ensino de Geometria (TEG). Ambas foram oferecidas ao mesmo grupo de alunos em momentos anteriores ao curso de TG. É importante observar que nenhuma dessas disciplinas é obrigatória. Sobre isso há falas como: “Eu só conhecia a geometria euclidiana, porém na disciplina TAAGEM, descobri que há outras geometrias a qual não conheço detalhes.” (Cursista-2) ou “Euclidiana. Aqui na pós é que passei a conhecer outras...” (Cursista-10) ou “Geometrias euclidiana, fractal e estudamos na disciplina TAAGEM um pouco das geometrias hiperbólica e elíptica” (Cursista-22) ou, ainda, “Sinceramente até iniciar esse curso conhecia praticamente a geometria euclidiana, mas agora já tivemos contato com as geometrias não euclidianas: hiperbólica e elíptica.” (Cursista-64). Uma informação importante extraída do que foi relatado na primeira reunião do Conselho Técnico e Científico da Educação Básica, em 2008, é que de acordo com Jussara Vieira4, “a idade dos professores que estão nas salas de aula está na faixa de 40 a 50 anos [...]” (LORENZONI, 2008). Ou seja, o professor que está em exercício cursou sua graduação há, aproximadamente, vinte anos. Os alunos e a sociedade mudaram nesse período, logo, a esse professor foram atribuídas novas e diferentes funções. Esse fato torna ainda maior a importância e a premência de que sejam oferecidos cursos de formação continuada a esses professores de maneira que eles possam conciliar seus horários de trabalho aos estudos. Vemos na fala de Maia e Mattar que a EaD é a modalidade indicada para esta formação, pois [...] a EaD traz novas (e diversas) possibilidades e oportunidades de aprendizagem para os alunos, independente de sua localização geográfica ou dos horários em que possam estar disponíveis para frequentar o curso. Os que antes não podiam freqüentar uma instituição de ensino, como os que residem longe dos grandes centros ou que não podem abandonar fisicamente seu local de trabalho, podem agora se educar a distância. [...] Além disso, seu aprendizado é também contínuo e permanente: o estudo não é mais encarado, em nossa sociedade, como algo que deva ocorrer somente em um determinado momento da vida, mas sim algo que deve nos acompanhar por toda a vida, isto é, tempo e espaço não são mais limites para as ambições de conhecimento do aprendiz virtual (MAIA e MATTAR, 2007, p.83). Na pesquisa ao final da disciplina de TG (Anexo E) foi feita a mesma pergunta (Que geometrias você conhece?), a quantificação das respostas é mostrada na Tabela 8. Essa 4 Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação 74 pesquisa foi respondida por noventa e um (91) alunos dos cento e setenta (170) que concluíram a disciplina, ou seja, a amostra nessa pesquisa perfazia um total de 53,5% do universo dos alunos. Tabela 8: Respostas à pergunta "Que geometria(s) você conhece?" pesquisa final QUE GEOMETRIA(S) VOCÊ CONHECE? Plana Espacial Analítica Descritiva Elíptica Hiperbólica Fractal Do taxi Projetiva Das transformações Não euclidianas (sem especificar) Não especificou FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA ABSOLUTA RELATIVA 90 88 74 9 43 40 41 9 5 4 36 1 98,9% 96,7% 81,3% 9,9% 47,3% 44,0% 45,1% 9,9% 5,5% 4,4% 39,6% 1,1% Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/feedback/analysis.php?id=14633&courseid=&do_show=analysis Observou-se que aumentou bastante a compreensão sobre o que caracteriza cada geometria e aparece a geometria das transformações nas respostas. Dez (10) dos alunos observaram que, devido a disciplina, passaram a conhecer mais as geometrias e suas particularidades. Vemos isso nas falas do Cursista-7 “Antes deste curso conhecia a geometria Básica, a Espacial e a Analítica, com este curso e em especial com esta disciplina pude constatar que a geometria é muito mais abrangente do que pensava e como sei que ainda tenho muito que aprender vou citar aqui a geometria não euclidiana.”, do Cursista-21 “Geometria euclidiana, mas agora que fiz esse curso também aprendi sobre a não euclidiana, que até então desconhecia. Trabalhar com retas e descobrir que curvas também são partes dela, foi sensacional.”, ou do Cursista-25 “Para dizer bem a verdade, antes e durante toda minha formação, baseamos nossos estudos praticamente na geometria euclidiana, agora com essa disciplina, alargou meus conhecimentos também em outras geometrias como a elíptica e a hiperbólica.”. A partir do conhecimento de que a maioria dos professores atuantes está na faixa entre 40 e 50 anos de idade, deduziu-se que eles foram formados em cursos de graduação presenciais, e a pesquisa em pauta mostra que esta modalidade de curso pode ser falha tanto 75 quanto qualquer outra modalidade de curso. Apesar do último número do Jornal da Ciência (JC) da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) trazer uma reportagem que mostra que na última avaliação do MEC, "os cursos a distância de administração, matemática e pedagogia tiveram um desempenho 2,09 pontos acima dos cursos presenciais" (2012), Maia e Mattar, defendem que Inúmeros estudos concluem que não há diferença significativa nos resultados da aprendizagem dos alunos quando comparamos a EaD com a educação presencial. Isso quer dizer não apenas que a EaD não é inferior ao ensino presencial, mas também que apenas ensinar a distância não servirá para gerar melhores resultados (MAIA e MATTAR, 2007, p.13). Mais importante que a modalidade de um curso é o desafio que seu aluno tem que enfrentar nos dias atuais, que é [...] desenvolver diferentes abordagens para seu aprendizado - de maneira que ele se torne capaz de 'aprender a aprender' com diferentes situações que enfrentará na vida, não apenas em uma instituição de ensino formal. O essencial, hoje, não é se encher de conhecimentos, mas sim, a capacidade de pesquisar e avaliar fontes de informação, transformando-as em conhecimento (MAIA e MATTAR, 2007, p.84). Nessa pesquisa, perguntou-se aos alunos se eles, em sua prática em sala de aula, relacionavam a geometria a outras áreas. Essa discussão foi sempre uma constante na disciplina. As respostas a esta questão foram divididas em duas tabelas. A Tabela 9, que traz a tabulação das repostas sim ou não, e a Tabela 10, onde é revelado se o aluno acredita na possibilidade de relacionar a geometria somente a outro assunto da Matemática ou a outras áreas do saber. Tabela 9: Respostas à pergunta "Na sua prática você relaciona a geometria a outras áreas?" NA SUA PRÁTICA VOCÊ RELACIONA A GEOMETRIA A OUTRAS ÁREAS Sim Não Às vezes Não leciono geometria FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA ABSOLUTA RELATIVA 85 0 4 2 93,4% 0,0% 4,4% 2,2% Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/feedback/analysis.php?id=14633&courseid=&do_show=analysis Nota-se que as discussões mantidas sobre esse assunto na disciplina frutificaram, pois a intensa maioria respondeu "sim". Obtivemos respostas como "Sim. Gostei muito de saber que podemos estabelecer relações das geometrias não-euclidianas com as artes, física, geografia,sem comentar sobre o processo histórico de construção destas geometrias." 76 (Cursista-8), "Acredito que agora posso relacionar muito mais, como geometrias de transformações,como geometrias dos fractais com as áreas de computação gráfica, artes, área de informática, científica." (Cursista-34), "Sim, hoje mesmo falei em aula sobre a razão áurea e o número de ouro, relacionado a proporcionalidade." (Cursista-78) e "Eu procuro relacionar as ideias da geometria com a álgebra a aritmética, creio que ela é matemática, costumava dizer para os alunos que dia tal teríamos geometria, não faço mais isso, simplesmente vou estudando com os alunos a matemática." (Cursista-83). Tabela 10: Respostas à pergunta "Você relaciona a geometria a que assuntos?" VOCÊ RELACIONA A GEOMETRIA A QUE ASSUNTOS? FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA ABSOLUTA RELATIVA Internos à Matemática Externos à Matemática Não especificou 12 34 39 14,1% 40,0% 45,9% Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/feedback/analysis.php?id=14633&courseid=&do_show=analysis Ainda há professores nesse grupo que acreditam que só se possa relacionar a geometria às outras áreas da Matemática. Respostas como "sim principalmente com a álgebra." (Cursista-43), "Agora, sim. Com o ensino de funções por exemplo." (Cursista-74) e "Sim, podemos relacionar o estudo geométrico com a trigonometria, com as funções, equações, matrizes, etc." (Cursista-80) demonstram isso. À luz das pesquisas, inicial e final, feitas em TG-2.2011 pode-se afirmar que esta disciplina pôde dar conta de superar as falhas oriundas da formação inicial dos alunos relacionadas aos conceitos e definições das diversas geometrias. As pesquisas revelaram que o ensino de qualidade não depende da modalidade do curso. O importante é que a metodologia pedagógica deste, em vez de ser discursiva e baseada na exposição oral do professor, proponha recursos de interatividade, colaboração, troca e cooperação e seja focada no aluno. Maia e Mattar lembram que Trabalhar coletivamente é importante porque proporciona oportunidades para que o aluno exponha ao grupo suas posições e interpretações, contribuindo portanto para o desenvolvimento das atividades. Além disso, a atividade colaborativa permite que ele caminhe lado a lado com seus colegas, em uma forma de co-criação do conhecimento, desenvolvendo um pensamento crítico mais amplo, diversificado e complexo, e mais bem elaborado do que em processos individuais, já que no trabalho colaborativo são levadas em consideração todos os pontos de vista do grupo. 'Co-laborar' significa justamente isto: trabalhar com (MAIA e MATTAR, 2007, p.88). Ficou evidente a necessidade de que existam cursos de formação continuada de 77 qualidade, como o NTEM, para que esse professor que fez sua formação há algum tempo atrás possa se colocar em sintonia com as práticas educacionais mais atuais. Fica claro, também, o grande envolvimento, a boa formação e qualificação, os valorosos conhecimentos e experiências que os tutores colocaram à disposição desse curso, fazendo do NTEM um curso de altíssima qualidade. 4.1 Palavras dos Tutores A disciplina TG-2.2011 contou com onze (11) tutores até a sua quinta semana, quando o Tutor-5 foi substituído pelos Coordenadores de Tutoria. Como o foco desta pesquisa está nas semanas seis e sete, participaram dela dez (10) tutores. Oito (8) desses tutores responderam às perguntas sobre a sua formação acadêmica, que resultou nas seguintes observações: 85,7% estudaram na rede pública na educação básica e 75% tiveram sua formação superior também em escolas públicas. Nove (9) dos dez tutores são formados em Licenciatura em Matemática e um é Bacharel. Este tutor possui título de mestre em Modelagem Computacional e estava cursando o doutorado na mesma área. Sabe-se, também, que sete deles são especialistas em Educação Matemática e um em Planejamento Educacional. O tópico do fórum de discussão com os tutores para as semanas seis e sete (Anexo A) foi aberto com o texto Oi gente, De acordo com Klein (1908, p.91) o capítulo sobre as transformações geométricas é um dos mais importantes da ciência geométrica. Ele nos fala, ainda, As transformações que vamos estudar, apresentam também um grande interesse pedagógico, porque, definitivamente, não são outra coisa do que uma generalização do conceito de função, o que constitui segundo as tendências modernas, o eixo do ensino da matemática. (KLEIN, Félix. Matemática Elemental desde um punto de vista superior, volume II. Geometria. Madrid: Nuevas Gráficas, 1908). Trataremos aqui em nossa disciplina das Isometrias (Simetrias, Translação e Rotação) e Homotetias (Ampliações e Reduções). Vamos às discussões! (TG-2.2011) Logo em seguida foi feita a pergunta "Vocês estudaram essas transformações geométricas na educação básica? E na faculdade?" Sete (7) tutores responderam que não estudaram na EB, um não respondeu e dois disseram que estudaram superficialmente. 78 Já no curso superior seis (6) responderam que sim e quatro disseram que estudaram pouco. Seguem algumas de suas falas: Eu acho que na educação básica não as estudei. Na universidade, "passei" por algumas translações e rotações, sem ampliar muito minha limitada visão do tema. Lendo o artigo transformações geométricas, disponível para esta semana em nosso Moodle, vi que nunca havia percebido as simetrias de rotação no quadrado e no pentágono, por exemplo, mas apenas as de reflexão! Há realmente muito a aprender! Um abraço, (Tutor-9) Na Educação Básica estudei desenhos geométricos, assim como o Tutor-10 descreveu: desenhos num caderno de desenho com folhas brancas alternadas com papel de seda. Já na graduação, vi muito pouco. Aqui, com certeza será um momento de aprendizagem. Abraços (Tutor-6) Boa Noite colegas, no ensino básico tive apenas o contato com o conceito de semelhança focado na proporcionalidade. Na pós-graduação começamos a ter uma idéia das transformações geométricas focando o movimento , porém acredito que a carga horária tenha sido reduzida demais. É muito interessante e proveitoso que tenhamos essa oportunidade de revê-las e discuti-las juntamente com os alunos a fim de potencializar o ensino de geometria. Um grande abraço (Tutor-1) Oi colegas, Minha Educação básica foi composta pelo antigo ginasial e o cientifico (Ary Quintella e Jairo Bezerra), não me recordo (pode ser DNA) de ter estudado as transformações geométricas neste segmento. Porém na graduação, tanto em Engenharia (que não conclui) quanto em matemática, lembro que nas disciplinas de desenho projetivo, bem como nas de geometria descritiva e analítica, estes tópicos faziam parte do currículo. Inclusive na primeira, de forma bem acentuada que envolvia alguns desenhos bem trabalhosos. Contudo e de forma lastimável, nunca trabalhei as mesmas em minha prática docente. Portanto, compartilho da mesma opinião do Bruno, poder rever e discutir este tópico será muito enriquecedor para todos nós! Um abraço, (Tutor-4) Todos esses tutores são, no mínimo especialistas, mas nota-se até um tom de surpresa na fala do Tutor-9 no que se refere ao estudo das transformações geométricas no plano "[...] vi que nunca havia percebido as simetrias de rotação no quadrado e no pentágono, por exemplo, mas apenas as de reflexão!". Percebe-se, também, em todas essas postagens a disposição e a certeza que esse estudo será enriquecedor para todos. 79 O Tutor-10 ofereceu ao seu grupo o link http://www.atractor.pt/ujr/materiais2005/simetria.pdf, que contém uma lista de atividades sobre transformações geométricas elaboradas pelo Projeto Atractor para a Universidade Junior (Universidade do Porto), sugerindo que seus alunos apreciassem as atividades e escolhessem uma para comentar. Outros tutores seguiram a sua sugestão levando também aos alunos de seus grupos. A segunda questão de discussão nesse fórum foi relativa a viabilidade da inserção do estudo de transformações geométricas na educação básica e sua importância. Oito tutores responderam afirmativamente e dois não responderam a questão proposta. A fala do Tutor-1 respondendo a essa questão demonstra seu perfeito entendimento quanto ao que as TGP podem trazer para a EB. Ele fala Olá caros colegas, acredito que seja essencial que se faça a introdução dessas transformações desde as séries iniciais da Educação Básica, respeitando o nível de cada série e a realidade de cada turma. Seria extremamente importante para romper com a forma tradicional e estática com que os conceitos geométricos são apresentados e fazer com que o aluno tenha uma melhor percepção do mundo que o cerca. Um grande abraço (Tutor-1) Outros tutores citaram o que é preconizado nos PCN. Este foi o caso dos Tutores-2 e do Tutor-10. Nestas postagens, eles relacionam o ensino das TGP à possibilidade de associação com outras áreas do conhecimento. Oi pessoal, O estudo de transformações geométricas pode e deve ser iniciado na educação básica. Primeiramente pode-se recorrer à história da humanidade para verificar e justificar a importância de tal estudo, visto que nas pinturas rupestres há indícios de desenhos com o uso de padrões de simetria e regularidades, além de ser encontrada na natureza em diversas formas e nas artes de diferentes civilizações, como grega entre outras... Além disso, encontramos recomendações dos PCN para trabalhar tais conceitos desde o segundo ciclo, conforme podemos observar abaixo: “Objetivos de Matemática para o segundo ciclo: Neste ciclo, o ensino de Matemática deve levar o aluno a: Identificar características das figuras geométricas, percebendo semelhanças e diferenças entre elas, por meio de composição e decomposição, simetrias, ampliações e reduções.” (PCN 1997, p. 56). Desta forma, acredito que trabalhar a matemática (e em especial a geometria) associada a outros conhecimentos como a artes na educação básica pode contribuir para a formação de um aluno com uma melhor visualização das representações de figuras planas e espaciais, ainda mais nos dias de hoje, com o auxilio do computador, através do uso dos softwares de geometria dinâmica. Abraços (Tutor-2) Olá, é viável sim, inclusive segundo o PCN: 80 [...] É fundamental que os estudos do espaço e forma sejam explorados a partir de objetos do mundo físico, de obras de arte, pinturas, desenhos, esculturas e artesanato, de modo que permita ao aluno estabelecer conexões entre a Matemática e outras áreas de conhecimento[...] (PCN, 1998, p. 31) Associar o estudo da geometria à arte desde as séries iniciais do ensino fundamental, promove o desenvolvimento da habilidade de percepção e da visualização das transformações geométricas e isso aliado ao computador pode contribuir para a aquisição de conceitos geométricos e aumento da capacidade de visualizações, pois as representações de figuras planas e espaciais na tela da máquina podem ser manipuladas e transformadas de diferentes maneiras. Abraços, (Tutor-10) Este ponto do fórum foi o momento de preparar a finalização das atividades da sexta semana da disciplina e foi discutido a solução da tarefa da semana (Anexo F). O Tutor-9 disponibilizou uma sugestão de gabarito que foi sendo comentada por todos, até que se chegou a um gabarito mais completo. Outra questão discutida nesse fórum foi em que conteúdos as TGP podem ser exploradas na educação básica. Estudo de matrizes, de funções, de sistemas de equações lineares e de números complexos são exemplos do que apareceu nas respostas. Houve, novamente, a sugestão de uso de material disponibilizado na Internet, desta vez pelo Tutor-6. O texto sugerido pelo Tutor-6 discorre sobre a construção de gráficos de funções reais a partir de transformações isométricas. Olá! Este assunto (TG) para mim tem sido um aprendizado, confesso que tenho pesquisado bastante para poder acompanhar as postagens de meus alunos. Respondendo ao seu questionamento: Todos concordamos que podemos usar as TG na Educação Básica, mas em que conteúdos? Acredito que o conteúdo mais "fácil" para que possamos apresentar as transformações geométricas seja funções, pois elas aprecem constantemente nos gráficos. Achei um material muito legal e vou compartilhar. http://magiadamatematica.com/diversos/apostilas/GRaFICOSDEFUNcoES.p df Espero que gostem. Abraços (Tutor-6) O Tutor-1 trouxe uma experiência que teve com o uso das TGP em uma aula sobre matrizes. Boa Noite colegas, creio que podemos utilizar perfeitamente as transformações geométricas ao introduzir o estudo de Matrizes. Falo por experiência própria, pois ano passado trabalhei com a 2ª série do E.M. e apliquei as transformações de rotação, translação e escala em minha turma. É obvio que o assunto exige um pouco mais de cuidado por parte do professor, mas contextualizá-lo e 81 associar conceitos algébricos e geométricos aumenta consideravelmente sua potencialidade. Indico aos colegas o livro do Dante, pois aborda o conteúdo de uma forma compatível com o nível de nossos alunos. Um grande abraço (Tutor-1) Discutiu-se, então, no fórum a possibilidade desse assunto representar um conteúdo integrador entre os ramos da Matemática (álgebra, aritmética e geometria). Mais uma vez, as respostas foram positivas. O Tutor-1, por exemplo, considerou que [...] as transformações geométricas são permeadas e possibilitadas por uma série de relações algébricas e aritméticas, logo, poder explorar essa relação de causa e consequência seria de grande valia para a aprendizagem de nossos alunos. O Tutor-3 descobriu um tema para uma artigo. Ele diz Nos dois textos trabalhados nesta semana, há conceitos que podem ser explorados nessa ligação, nesse elo integrador. A grande vantagem é que podemos ver o saber humano matemático em sua totalidade ou quase. Transformações geométricas ≡ Matemática em sua perfeita harmonia. Será? (Eis aqui a temática para um bom artigo) O Tutor-4 disponibilizou uma construção no Geogebra5 relacionando, através de TGP, a aritmética e a geometria. Nessa construção pode-se movimentar uma das parcelas, aumentando-a ou diminuindo-a, e a soma aumenta ou diminui ao mesmo tempo. Ou seja, apresenta a adição de números Reais como uma translação. As discussões desse fórum foram finalizadas com a resolução da tarefa da sétima semana (Anexo G) e, como da outra vez, todos ajudaram na construção de um gabarito completo. É importante elencar aqui a fala de alguns tutores no fórum de pedido de revisão de notas, quando respondem a alunos que participaram pouco das discussões e que estão reclamando das notas aferidas a ele. Oi, Aluna. Revi sua participação no fórum da semana 1, foi realmente muito boa, mas faltou interação com o grupo, pois você só participou no último dia do fórum. Defendemos, como os estudiosos desta modalidade de ensino, que a cooperação, a interação e a relação com o grupo é que leva à construção do conhecimento almejado. É o que se chama “aprendizagem colaborativa”. Em nosso curso, o ambiente onde ocorre a construção do conhecimento colaborativo é o fórum de discussão. Na verdade, o fórum é a "sala de aula virtual", onde alunos e tutores interagem democraticamente, visando atingir a construção do conhecimento. 5 Software livre de geometria dinâmica disponível em http://www.geogebra.org/cms/pt_BR 82 Em consequência, a participação do aluno no fórum não se restringe apenas a responder aos questionamentos do tutor, mas também engloba comentar os posts dos colegas e colocar para o grupo suas experiências profissionais, dúvidas e opiniões. Quando um aluno deixa de participar ativamente de uma discussão ou participa somente no último dia, ele está privando o grupo de informações valiosas a respeito do tema em debate. Além disso, o fato do curso ser a distância não significa que o aluno pode dedicar-se menos, significa, antes, que o aluno pode dedicar-se em vários momentos diferentes, o que um curso presencial não possibilitaria. Mas a dedicação deve ser até maior. Por tudo isso, temos como norma reduzir em 50% a nota dos alunos que participam pouco ou deixam para fazê-lo no último dia. Conto com sua compreensão e com a participação ativa que teve no fórum da semana 3! Um abraço, (Tutor-9) Bom Dia Aluno, [...] Mantenho as justificativas referentes à sua ausência no fórum. Você tem participado apenas nos últimos dias, e isso faz com que perca grande parte das discussões e interações e dificulta a criação de novos questionamentos acerca de suas postagens. Tente participar com maior frequência. (Tutor-1) Olá Aluna, [...] Quanto a maior interação solicitada, o ideal é que participe mais dias do fórum (se possível não deixe apenas para o final) para dinamizar a interação com o grupo, permitindo assim que seus colegas possam também replicar suas postagens. Obs: Reitero que a quantidade não é mais importante que a qualidade, mas neste espaço de troca de informações e exposições de ideias é fundamental a sua "presença". (Tutor-6) Observa-se nessas falas que nesta disciplina é dada grande importância à presença, à colaboração e à aplicação nos fóruns temáticos, pois são eles as salas de aulas da EaD. Caem, portanto, por terra mais duas crenças sobre esta modalidade, a de que nela o aluno pode dedicar-se menos e de que não há interação e colaboração entre seus atores. Alguns tutores deixaram suas opiniões sobre as semanas seis e sete de TG-2.2011 depois de terminada a disciplina. Seguem algumas transcrições de suas falas. As duas semanas abordaram de uma maneira muito interessante e prática as transformações geométricas. Acredito que se fosse possível disponibilizá-las por um período maior , seria de grande valia. (Tutor-1) O conteúdo trabalhado nas semanas 6 e 7 foi muito relevante principalmente por tratar de um assunto que ainda apresenta certa dificuldade entre os professores. Trabalhar com textos que apresentam duas abordagens distintas sobre como tratar as transformações geométricas no plano também foi enriquecedor e esta estratégia acabou mostrando que os alunos-professores, na sua maioria, desconheciam a abordagem matricial (e em alguns casos o conteúdo como um todo). Mas como os textos apresentados eram objetivos e com linguagem bem clara, os objetivos propostos para estas semanas foram atingidos. (Tutor-2) 83 As atividades propostas foram muito significativas para o aluno, pois privilegiavam a visualização, o que facilitava a compreensão. (Tutor-6) Aprendi bastante junto com os alunos e achei bem didática a maneira como as atividades foram desenvolvidas. (Tutor-9) Os textos da semana 6 e 7, são pertinentes aos conteúdos das respectivas semanas, pois nos conduzem à reflexão sobre a abordagem da geometria das transformações na educação básica que quando trabalhada deve ser dosada de acordo com a clientela e ainda faz uma ponte entre as TG usadas como conteúdo integrador entre os campos da matemática, tendo em vista que quando usamos conceitos distintos nossa intenção é complementar um conteúdo com esclarecimentos ou representações já associadas ao senso comum dos alunos. É fato que ao resgatarmos um conteúdo há sempre a possibilidade de reabrir “feridas”, mas também é fato que fazemos resgates diários com frações, potências e outros mais. Dessa forma as TG poderão ser bastante úteis em alguns conteúdos desde funções até matrizes. Um bom planejamento sempre será a chave para evitarmos surpresas. (Tutor-10) Aprecia-se um nível bem alto de satisfação por parte do tutores. Foi perguntado a eles, nesta ocasião, se eles achavam que as atividades propostas nessa duas semanas motivaram os alunos a utilizar ou pesquisar mais sobre as TGP. Sobre isso há falas como Acredito que sim. Por mais simples que possam ser, acredito que muitos não tiveram acesso a esse conteúdo em sua formação. E sua grande área de aplicação motiva e fomenta a pesquisa. (Tutor-1) Sim, as atividades propostas motivaram o grupo a pesquisar mais, principalmente por verificarem que, apesar de desconhecerem uma das abordagens (ou as TGP como um todo), conseguiam entender o conteúdo apresentado através dos textos indicados, das pesquisas realizadas e das atividades propostas, instigando assim a irem à busca das soluções das atividades, de novas informações para os debates nos fóruns e de novas aplicações. (Tutor-2) Sim, pois as questões eram baseadas em imagens e a parte teórica para resolução das mesmas, o aluno precisava “buscar”, o que o incentivava a realizar pesquisas constantes. As questões realizadas nos softwares de GD eram motivadoras, o que levava os alunos a realizá-las. Eu mesma, como tutora, fui motivada a refazer algumas das construções, como por exemplo, a construção do barquinho. (Tutor-6) Sim, muitos demonstraram interesse em usar as atividades sugeridas com seus alunos e aprofundar seu conhecimento sobre as TGP.(Tutor-9) Sim, pois as questões levantadas, obrigavam o aluno a pesquisar, mais como uma forma de se pautar nas afirmações feitas, bem como de elaborar argumentos para os questionamentos. (Tutor-10) Sim, a abordagem do conteúdo foi feita de maneira diferenciada, propondo uma integração entre a álgebra e a geometria, o que instigou o aluno a pesquisar para descobrir novas soluções. . (Tutor-11) 84 Nota-se aqui, também, um alto grau de satisfação dos tutores com os resultados da disciplina TG-2.2011. 4.2 Palavras dos Alunos Como foi informado anteriormente neste trabalho, na disciplina de TG-2.2011 os alunos foram divididos em onze grupos e, com a finalidade de salvaguardar suas identidades, a referência a cada um deles foi representada por Aluno-x.y, onde x é o número do grupo e y é o seu número dentro do grupo, que pode variar de 01 a 30. No fórum temático da semana seis (Anexo B) foi indicada, aos alunos, a leitura de dois textos para que eles obtivessem uma visão inicial do que são as TGP e uma panorâmica sobre os tipos de transformações existentes. Foi interessante verificar que diversos alunos elogiaram os conteúdos disponibilizados e os textos da semana. Percebemos isso em falas tais como: "Gostei muito dos textos da semana, são ricos em informações [...]" (Aluno-4.09) ou " Muito interessante o material desta semana." (Aluno-4.28) ou, ainda, "[...] gostei do material disponibilizado, muito enriquecedor!" (Aluno-4.10). O Aluno-5.20 apresentou a sugestão de um vídeo sobre rotação e simetrias6, disponível no YouTube7, que foi muito bem recebida. Os coordenadores informaram aos tutores dos outros grupos e o endereço foi disponibilizado a todos os alunos. Este tipo de ação revela o caráter colaborativo na construção do conhecimento, bem como a flexibilidade de planejamento. Este aluno (Aluno-5.20) compartilhou, ainda, durante esta semana de TG-2.2011, o endereço de um vídeo contendo a o Depoimento do Prof. Alberto Perotti, dado em maio de 2010 ao Prof. Wagner Valente do Grupo de Pesquisa de História da Educação Matemática no Brasil, descrevendo suas experiências como aluno do Curso de Matemática da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP no período 1961-19688, e uma apresentação em PowerPoint sobre as TGP, retirada do site do Prof. Ilydio de Sá Pereira9. 6 Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=sLToIH7-UKk&feature=player_embedded Sítio de compartilhamento de vídeo da Google Inc. 8 Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=_cefGVQ4c5g&feature=player_embedded 9 Disponível em www.magiadamatematica.com/unifeso/transform.pps 7 85 O Aluno-5.02 e o Aluno-4.17 sugeriram, cada um em seu grupo, uma visita ao site do capítulo 26 da aula de pré-cálculo da UFRJ10. Nele são exibidas as TGP e sugeridas experiências para os alunos. O Aluno-5.07 trouxe para a discussão um vídeo, também disponível no YouTube, sobre o uso das TGP no Geogebra11. A discussão inicial do fórum temático da semana seis tratou sobre o que caracteriza a geometria das transformações. Na atividade, muitos alunos apenas citaram as autoras dos textos base desta semana, Bastos e Fainguelernt. Outros foram além e pesquisaram opiniões diferenciadas. Apareceram falas como: "As transformações estão presentes na natureza desde sempre, e se caracterizam pela mudança/deslocamento de seus pontos. A transformação geométrica transporta um ponto do plano para outro lugar do mesmo plano." (Aluno-4.09) ou "[...] é caracterizada pelo estudo e pela descrição dos tipos de 'movimento' que podem ser realizados por uma figura num plano." (Aluno-4.15), ou, ainda, "[...] podemos : manipular, refletir, rotacionar, transladar e ampliar figuras no espaço a partir da figura original." (Aluno5.23). Estas falas revelam a idéia de movimento, mas apareceram, ainda, postagens como as do Aluno-4.10 A Geometria das Transformações se caracteriza por uma aplicação bijetiva entre duas figuras geométricas no mesmo plano ou em planos diferentes, de forma que, a partir de uma figura geométrica original se forma outra geometricamente igual ou semelhante. Essas transformações desenvolvem percepções geométricas como simetria (reflexão, rotação e translação) e homotetia. A segunda questão levantada no fórum da semana seis tratava de quando e como as TGP deveriam ser exploradas na educação básica. Todos os alunos concordaram que a geometria das transformações devem ser trabalhadas utilizando materiais manipuláveis e recursos tecnológicos. Quanto a inserção do conteúdo, concluíram que desde os anos iniciais do ensino fundamental até a universidade. O Aluno-4.28 resume bem o que foi defendido no fórum de seu grupo Trata-se de um assunto que colabora com o desenvolvimento da percepção espacial, assim como com a capacidade de elaboração de uma linguagem própria da área e a aprendizagem das formas de fazer a representação gráfica de imagens. O tema é rico para fazer conexões entre a Matemática, as artes e a engenharia e seu aprendizado pode ocorrer por meio de inúmeras aplicações. [...] Assim como as autoras, eu também acredito que desde as séries iniciais é preciso estar apresentando estes conhecimentos para as crianças a nível de cada faixa etária e série. Como? Através de experiências em que observem, representem e descrevam movimentos, ampliações e reduções.(Aluno-4.28) 10 11 Disponível em http://www.dmm.im.ufrj.br/projeto/precalculo1/sala/conteudo/capitulos/cap26.html#roda Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=YNnthJTQvCI&feature=player_embedded 86 Em relação ao "como" da questão lançada no fórum, mais uma vez os alunos apresentaram diversas sugestões de sites, como o da Biblioteca Nacional de Manipuladores Virtuales12 da Utah State University (Aluno-4.06), ou da Revista Nova Escola13, que traz sugestões e até planos de aula de como trabalhar as TGP em sala de aula (Aluno-4.28 e Aluno-5.07), ou da Associação de Professores de Matemática de Portugal (APM)14, para busca de mais textos (Aluno-4.10 e Aluno-5,02), ou da Universidade Regional de Ijuí, que trabalha as TGP através da análise dos frisos e ladrilhos presentes nas Igrejas do Rio Grande do Sul15, (Aluno-4.10), ou uma apresentação sobre a simetria em nosso cotidiano16, disponibilizada no SlideShare17 (Aluno-5.07) ou um vídeo, disponível no YouTube, de como abordar translações na análise de gráficos da função quadrática18 (Aluno-5.20). Neste fórum, além dessas propostas para pesquisa, apareceram opiniões de que as TGP podem ser utilizadas na melhoria da capacidade de visualização e de representação na criança (Aluno-5.20), para facilitar a compreensão dos conceitos de semelhança, de proporcionalidade, de função matemática e, no secundário no estudo das cônicas e dos números complexos. Concordando diretamente com Fainguelernt (2007), considero que podem ser trabalhados: - as isometrias e as simetrias progressivamente, simultaneamente e em conjunto com outros conceitos mediante comparações, composições e relações de suas propriedades; - as semelhanças, no terceiro ciclo, integrado com o conceito de funções, proporcionalidades diretas e razão; - geometria projetiva, no ensino secundário, como no estudo das cônicas e a geometria analítica em geral; - a algebrização, no ensino secundário, integrado aos números complexos. Um programa de geometria dinâmica, como o Régua e Compasso, é um ótimo recurso de integração entre a geometria e os números complexos. (Aluno-5.29) O Aluno-5.29 trouxe falas interessantíssimas sobre como interpretou os textos sugeridos para os debates da semana, tais como "Acredito que uma palavra representa bem a idéia transmitida pelos autores: INTEGRAÇÃO, integração dos conceitos matemáticos mediante a geometria de transformações.". Isso instigou o debate sobre as TGP como 12 Disponível em http://nlvm.usu.edu/es/nav/topic_t_3.html Disponível em http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica-pedagogica/geometria-transformacoesreflexao-translacao-621936.shtml?page=0 14 Disponível em http://www.apm.pt/portal/index.php 15 Disponivel em http://www.projetos.unijui.edu.br/matematica/cd_egem/fscommand/CC/CC_3.pdf 16 Disponível em http://www.slideshare.net/Joeanechegatti/simetria-em-nosso-cotidiano 17 Sítio de compartilhamento de apresentações, vídeos e documentos profissionais. 18 Disponivel em http://www.youtube.com/watch?v=zOUrposfTr4&feature=player_embedded 13 87 conteúdo integrador entre os ramos internos da Matemática e estimulou respostas como a do Aluno-5.11 "Realmente, podemos observar a importância da palavra integração, pois o ensino da Geometria deve estar integrado aos conteúdos de Aritmética e Álgebra, principalmente no Ensino Fundamental". Outra colocação do Aluno5.29, que levanta hipóteses interessantes, é de que ele acredita que as autoras acreditam que o ensino dessas transformações deve objetivar o aprofundamento da perspectiva da existência de uma estrutura matemática comum a vários outros conceitos por trás de tanta diversidade. Esses últimos debates evidenciam que os alunos não apenas construíram muito bem os conceitos mais importantes sobre as transformações geométricas no plano, como souberam identificar essas TGP como um conteúdo integrador dos ramos da Matemática. Estas conclusões revelam a eficiência da proposta do curso, bem como, a importância do desenvolvimento de atividades ligadas às TGP. Outra conclusão é a de que esses alunos não tiveram contato com as TGP na forma didático/metodológica como foi abordado nessa disciplina, ou seja, através das diversas representações da importância deste conteúdo. Vemos na fala do Aluno-5.02 a confirmação dessa conclusão: "Após ler os textos e consultar outros materiais, observei que as transformações geométricas possuem uma abrangência e relevância muito grande no estudo da geometria. No meu ponto de vista, pouco explorado". Na análise das tarefas da semana seis, foram examinadas vinte e sete tarefas de um total de cento e quarenta e seis entregues, ou seja, a amostra analisada representou 18,5% do total. Por sua relevância, a tarefa completa consta do Anexo F deste trabalho. Na questão inicial, dez das tarefas analisadas apresentaram alguma falha, quase todas relacionadas à falta ou precariedade da justificativa dada. A questão dois apresentava uma lista de figuras e solicitava ao aluno que identificasse seus eixos de simetria, caso existissem. Dos vinte e sete trabalhos, treze continham erros, alguns deles estão exemplificados nas figuras 36, 37 e 38 a seguir. Figura 36: Resposta da questão 2a do Aluno-5.29. Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/assignment/submissions.php?id=13751 88 Na resposta acima, o aluno considerou dois eixos de simetria do losango que inexistem. Figura 37: Resposta da questão 2a do Aluno-5.02. Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/assignment/submissions.php?id=13751 Nesta resposta, o aluno não identificou o eixo de simetria horizontal do losango. Figura 38: Resposta da questão 2a do Aluno-5.01. Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/assignment/submissions.php?id=13751 Observa-se que, na resposta acima, o aluno não identificou os eixos de simetria das figuras II e IV. As questões três e quatro, que tratavam, respectivamente, de uma simetria central (ou rotação de 180º) e de uma translação, foram detectados pouquíssimos erros. Vale ressaltar que na última, o problema que se apresentou nada teve a ver com as TGP, mas com a interpretação do que foi pedido na questão. A questão cinco trazia a figura abaixo (Figura 39), uma bandeirinha sobre um plano quadriculado, que deveria ser transladada para outra posição determinada daquele plano, no item a. O item b perguntava qual o quadrilátero que caracterizava aquela translação. Do total analisado, dezoito alunos não responderam a este item. 89 Figura 39: Questão 5 da Tarefa da Semana 6. Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/file.php/336/Tarefas/Tarefa_6.pdf Por fim, a questão seis dessa tarefa demonstrou ser de fácil solução. Os poucos erros relatados foram motivados por problemas de escala no momento da impressão. O fórum temático 7 (Anexo C) foi uma extensão das discussões sobre as TGP. Nele foram discutidos dois textos sobre o assunto que já haviam sido utilizados em outros cursos de formação continuada. O primeiro, Transformações Geométricas, foi elaborado pela equipe da Escola Superior de Educação/ Instituto Superior de Leiria (ESE/ IPL) de Portugal. Já o segundo, Transformações no Plano, das autoras Fainguelernt e Bordinhão, foi utilizado, em versão digital, em cursos de Especialização Lato Sensu da Universidade Severino Sombra/RJ, nele vemos as transformações geométricas no plano numa visão matricial de ℝ 2 em ℝ 2 . O que se pretendeu com esses textos foi estimular a percepção da existência de diferentes representações que caracterizam uma transformação geométrica. Buscou-se a compreensão de que elas podem ser apresentadas por meio da linguagem gráfica, coloquial ou matemática, através de funções e, no caso particular das transformações lineares, utilizando a linguagem matricial. 90 Para que se alcançasse esse objetivo foram formuladas três questões para discussão: O que diferencia os dois textos trazidos para esse fórum?, Em que se complementam? e Em que contexto utilizar cada uma dessas maneiras de se trabalhar com a geometria das transformações? É unânime, entre os alunos, a opinião de que o que diferencia os dois textos é o enfoque dados às transformações geométricas no plano. No primeiro o enfoque é geométrico, mais visual e mais coloquial. Já o segundo apresenta uma abordagem algébrica, mais matemática e mais formal. Seguem algumas colocações dos alunos: A diferença entre os dois textos, é a seguinte: o Transformações Geométricas trata da visão geométrica das transformações; e Transformações no Plano traz uma visão geométrica e algébrica, com ênfase ao uso das matrizes (Aluno-4.09). A diferença entre os dois textos está na maneira de abordar/representar o mesmo assunto, ou seja, os textos usam demonstrações diferentes, mas ambos tem o mesmo objetivo. O texto ESE/IPL aborda de maneira muito esclarecedora, com muitos exemplos, as transformações geométricas, tais como: simetrias e isometrias no plano e o texto Fainguelernt e Bordinhão aborda a parte geométrica e também de maneira muito teórica a parte algébrica, tendo como "foco" no seu desenvolvimento funções e matrizes (Aluno-4.10). O primeiro texto, de ESE/ IPL (2007), apresenta uma abordagem da Geometria das transformações (Isometria, simetria e ampliações ou reduções) sob uma perspectiva coloquial, de suas definições e de alguns gráficos correspondentes. Como colocado no enunciado, o segundo texto, de Faiguenlert (2003), apresenta uma abordagem da Geometria da transformação sob uma perspectiva matemática, apresentando as transformações geométricas como função, principalmente utilizando uma linguagem matricial para as transformações lineares (Aluno-5.29). Os textos se diferenciam basicamente pela forma como é apresentado. Em um o texto é escrito de uma forma mais fácil e o outro faz utilização de uma linguagem Matemática não tão simples (Aluno-5.01). O que diferencia os dois textos trazidos para esse fórum é o destaque geométrico focado no texto do ESE/ IPL. Transformações Geométricas e o destaque algébrico focado no texto de FAINGUELERNT, E. K; BORDINHÃO, N. de C. Transformações no Plano. Este tipo de comparação nos remete a reflexões sobre a nossa prática, pois quase nunca permitimos que nossos alunos possam conhecer a parte geométrica de um conceito para fazer uso dela na álgebra e facilitar a compreensão do todo (Aluno-5.18). Não houve discordância sobre o fato de que os textos se complementam, pois a apresentação do mesmo assunto através de diferentes estratégias e representações matemáticas facilita a compreensão e a assimilação dos conceitos referentes às TGP. Verificase isto nas falas a seguir: "O complemento de um para outro está exatamente no fato de que a parte 91 geométrica ajuda no entendimento da parte matricial e vice versa." (Aluno-4.09), ou "Ambas abordagens estão corretas e se complementam porque são dependentes. A visão geométrica é muito necessária para o entendimento da parte algébrica." (Aluno-4.21), ou ainda, A complementação se dá pelo fato de que tanto a representação algébrica quanto a geométrica são fundamentais para melhor entendimento do assunto. Trabalhar o conceito de transformações geométricas utilizando-se apenas a representação algébrica ou apenas a representação geométrica, com certeza tornará a aprendizagem bem mais complicada (Aluno-4.28). Ambos tratam de um mesmo assunto, sendo que os gráficos, definições e textos coloquiais presentes no primeiro texto, de ESE/ IPL (2007), são formalizados matematicamente no segundo texto, de Faiguenlert (2003). Ou seja, o primeiro texto propõe um desenvolvimento intuitivo do aluno e o segundo um desenvolvimento formal da matemática, ambos necessários a uma aprendizagem significativa (Aluno-5.25). Para generalizar uma hipótese precisamos do formalismo da demonstração e para agradar os alunos precisamos de figuras e uma linguagem mais fácil. O que faz com que esses dois textos se completem é justamente o fato de que um faz bastante uso das imagens, porém sem muito formalismo e o outro focar mais nas demonstrações (Aluno-5.01). Eles se completam, pois exibem uma ponte que une os conteúdos, ricos em elementos facilitadores à aprendizagem da álgebra e da geometria. Um favorece a percepção espacial e a visualização, sendo conhecimento relevante para as diferentes áreas, permitindo que o aluno desenvolva sua percepção,sua linguagem e raciocínio geométrico de forma a construir conceitos algébricos. O outro organiza as informações geométricas através da álgebra e completa a construção do conhecimento. Tomando por base as experiências da nossa prática pedagógica,verificamos a dificuldade dos alunos de Ensino Médio quando se trata da Geometria Espacial, com relação à visualização, conhecimentos básicos da geometria plana e nas relações existentes entre as formas. Quando o aluno se depara com cálculos de área e volume, por exemplo, o entendimento torna-se ainda mais complicado, realizando-os por mecanização, não entendendo a aplicação em novas situações. Acredito que esse fato ocorra devido à defasagem existente no Ensino Fundamental, em que a geometria nem sempre é apresentada ao aluno interrelacionada com os demais conteúdos estruturantes, como a álgebra e números, tornando-se mera ilustração e exemplificação, sem entendimento de conceitos e propriedades (Aluno-5.01). Os alunos, em sua totalidade, também concordaram que o texto ESE/IPL deve ser utilizado no ensino fundamental, enquanto o de Fainguelernt e Bordinhão são mais indicados ao ensino médio e superior. Acerca disso há falas como: Também concordo com os colegas Aluno-4.09 e Aluno-4.06, que o texto TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS - ESE/IPL deve ser trabalhado desde das séries iniciais de maneira progressiva para que seja bem assimilado pelos alunos e o texto TRANSFORMAÇÕES- de Fainguelernt Bordinhão deve ser trabalhado no Ensino Médio e em cursos de graduações e especializações. Abraços (Aluno-4.10). 92 Conforme a frase de Eduardo Veloso: “É essencial retomar a intenção de dar às transformações geométricas o seu papel importante no ensino da geometria, num tratamento que tenha por ponto de partida e desenvolva as intuições que os alunos já possuem e prossiga numa via lenta de formalização ao longo de toda a escolaridade.” (ESE/IPL, 2007, p.1). Assim, o primeiro texto, de ESE/IPL (2007), pode ser utilizado como introdução aos conteúdos relativos à geometria das transformações e o segundo texto, de Fainguelernt e Bordinhão (2003), paralelamente ao conteúdo curricular que envolva os conceitos de funções e de álgebra linear (matrizes). Abraços, (aluno-5.29). O texto do ESE/ IPL. Transformações Geométricas, traz uma visão bem clara e simples - de certo modo- de se apresentar as transformações geométricas, fato que me leva a creditar que é possível trabalhar essas transformações desde os primeiros ciclos da educação básica. ( uma criança de 1 ano de idade já está tendo contato com essas transformações uma vez que constata, sem saber, que há uma simetria de reflexão quando ela se põe em frente ao espelho para observar seu corpo). Como bem já dissemos e discutimos, há um trabalho concreto e de exploração geométrica que precisa ser desenvolvido desde bem cedo no indivíduo. Nas séries iniciais não há a necessidade de nomear tais transformações, mas é possível brincar com a geometria, desenvolver habilidades que futuramente serão facilitadoras da interrelação entre a álgebra e a geometria. Já o segundo texto nos remete a formalização de conceitos geométricos desenvolvidos, para tal se faz necessário um conhecimento prévio e uma habilidade de manipulação algébrica que não pode ser utilizada nas séries iniciais, portanto, acredito que neste contexto a apresentação deva ocorrer no Ensino Médio.[...] Apesar de criar um desconforto, pela sua carregada linguagem álgebrica, quando observo no texto 2 a maneira que foi demonstrado o assunto "Alongamento ou Dilatação", percebo como perdemos a oportunidade de associarmos a álgebra com a geometria, afinal de contas, a matemática é um fruto de interdependências entre ambas. Apesar de utilizar uma linguagem algébrica, a multiplicação de matrizes pode desenvolver as percepções geométricas de alongamento ou dilatação e simetria, nos despertando para práticas que conduzam a uma completa e relacionada matemática que certamente produzirá uma esclarecedora compreensão de um assunto matemático (Aluno-5.18). Como no fórum temático seis, os alunos trouxeram diversas sugestões de filmes, textos e sites para seus grupos. O Aluno-4.09 indicou um filme sobre as isometrias19, disponível no YouTube, e citou novamente o site do capítulo 26 da aula de pré-cálculo da UFRJ20. Os alunos Aluno-4.28 e Aluno-4.17 trouxeram o endereço do Departamento de Educação da Universidade de Lisboa, onde há um trabalho sobre homotetia21, suas 19 Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=EyGxo0Fc-Es&feature=player_embedded 20 Disponível em http://www.dmm.im.ufrj.br/projeto/precalculo1/sala/conteudo/capitulos/cap26.html#roda Disponível em http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm12/1homot.htm 21 93 propriedades, classificação e atividades. O Aluno-5.18 falou dos applets22 disponibilizados no site do CAP-UFRGS23 que trazem as TGP desenvolvidas no Cabri-Géométre II24. Em relação aos textos para aprofundamento dos estudos nessa área, apareceram sugestões como da dissertação de mestrado defendida por Setsuko Takara Mabushi na PUCSP "Tranformações Geométricas a trajetória de um conteúdo ainda não incorporado às práticas escolares nem à formação de professores"25 (Aluno-5.20), ou "Geometria das Transformações"26, de José Carlos Pinto Leiva, disponível na Associação de Professores de Matemática de Portugal (APM), onde o autor utiliza o estudo das transformações para desenvolver a percepção geométrica de seus alunos (Aluno-5.25), ou uma monografia de conclusão de curso, em que os autores trazem uma definição de função que foge dos termos de domínio, dontradomínio e imagem, cujo nome é " O ensino de funções e de transformações geométricas com o auxílio do software Geogebra"27 (Aluno-5.25). Foi sugerida também, pelo Aluno-5.02, a leitura do texto "Geometria: Texto de Apoio para Educadores de Infância"28, de Maria de Fátima Mendes e Catarina Coutinho Delgado. Houve, ainda, um debate sobre se toda ampliação/redução era uma homotetia ou se toda figura semelhante é homotética? Os alunos pesquisaram e trouxeram contribuições excelentes às discussões. Explicações completas como a do Aluno-4.10 A Homotetia é a ampliação ou a redução de distâncias de pontos de qualquer um espaço em relação a um ponto fixo. Uma homotetia é definida pelo seu centro O e pela razão k de homotetia e é a aplicação afim, tal que a cada ponto P faz corresponder o ponto P' tal que: Uma homotetia preserva: • ângulos • razões entre segmentos de reta • segmentos e linhas são transformados em segmentos e linhas paralelos aos originais 22 Applet é um aplicativo que é executado no contexto de outro programa, como por exemplo um navegador da Internet 23 Disponível em http://www.tem.mat.br/algebra-e-geometria/matrizes-e-transformacoes-geometricas 24 Programa de Geometria Dinâmica fabricado e comercializado por Chartwell-Yorke 25 Disponível em www.pucsp.br/pos/edmat/ma/dissertacao/setsuko_mabuchi.pdf 26 Disponível em http://www.apm.pt/files/_Co_Leivas_486fe4f620fb3.pdf 27 Disponível em http://www.mat.ufrgs.br/~vclotilde/publicacoes/minhapagina/Microsoft%20Word%20%20transforma%E7%F5es%20geogebra.pdf 28 Disponível em http://area.dgidc.mindu.pt/materiais_NPMEB/006_Brochura_geometria_pre_escolar.pdf 94 A homotetias mantêm um ponto fixo e "esticam" ("contraem") os segmentos de reta que passam por este ponto por um fator constante a. Quando a ≠ 1, as homotetias mudam o tamanho do desenho original, mas não a sua forma. Se a > 1, esta transformação aumenta o tamanho da figura original sendo, então, chamada de dilatação. No caso em que a < 1 o tamanho da figura original será diminuído e a transformação é dita uma contração. A figura original e a obtida após esta transformação são ditas semelhantes. Portanto, concordo com os colegas de que nem sempre toda ampliação e/ou redução é uma homotetia. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Homotetia http://www.im.ufrj.br/dmm/projeto/projetoc/precalculo/sala/conteudo/capitul os/cap26s5.html Acesso em 13 de Junho de 2011. Abraços, (Aluno-4.10) Ou feita através de imagens, tais como a construção do Tutor-4 e a explicação do Aluno-4.23. Figura 40: Construção em R.e.C. feita pelo Tutor-4 sobre homotetia Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/forum/discuss.php?d=21192 95 Figura 41: Explicação sobre homotetia dada pelo Aluno-4.23 Fonte: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/forum/discuss.php?d=21192 Alguns alunos reclamaram que os livros didáticos se aprofundam muito em alguns assuntos e deixam outros de lado, como é o caso das TGP. Isso pode ser visto em Olá Aluno-5.20 e Aluno-5.18, o conteúdo dos livros didáticos realmente deixam a desejar em vários aspectos. Em um certo momento focam alguns conteúdos demasiadamente, em outros deixam alguns conteúdos de fora, e por vezes a organização dos conteúdos é feita de forma que dificulta um ensino qualificado. Por isso é muito difícil seguir o livro adotado nas salas de aula. Como exemplo podemos ver a falta que este conteúdo de Transformações faz no ensino. Um abraço. (Aluno5.25) Boa tarde, Aluno-5.25! Concordo com você! Acredito que não exista um livro didático matemático completo, o professor é obrigado a sempre estar "buscando" outros materiais para estar enriquecendo ou até mesmo completando o conteúdo estudado. 96 abraço (Aluno5.10) Outros, como o do Aluno-5.29, o do Aluno-5.13 e do Aluno-5.23, lembraram que o livro do Dante29 traz exemplos interessantes do uso de matrizes com a geometria das transformações. Este fórum temático foi muito produtivo e mostrou que os alunos construíram com bastante segurança os conceitos relativos às transformações geométricas no plano. Ele foi encerrado por uma postagem das coordenadoras da disciplina TG-2.2011 que resume bem seus resultados, Como prevíamos ao planejar este módulo, o tema Transformações Geométricas deveria ser explorado em mais de uma semana, dado a sua importância e quase total desconhecimento de como explorá-lo na Educação Básica. Acompanhando os debates vemos o quanto as equipes melhoraram seus níveis de conhecimento sobre os tópicos trabalhados. No fórum desta sétima semana partimos de textos que nos levaram a dois olhares: o texto da ESE/IPL (2006/2007) trouxe-nos uma forma de enfocar o tema, via linguagem geométrica, em turmas mais novas (como o nosso Ensino Fundamental). No segundo, Fainguelernt e Bordinhão (s/data) trataram o tema de forma mais acadêmica e matematicamente mais elegante: alguns colegas viram a viabilidade de, com alguma adequação, utilizar o encaminhamento dessas autoras em algumas turmas de Ensino Médio, embora todos tenham concordado em levá-lo às graduações de Matemática. Praticamente todos os grupos trouxeram grandes contribuições, sugerindo recursos e metodologias, justificando a necessidade de incluirmos as Transformações Geométricas ao longo da Educação Básica, até mesmo vendo-a como uma forma de integrar conteúdos que usualmente aparecem desconectados em Matemática. Vimos o debate encaminhar-se para questões como “figuras homotéticas são sempre semelhantes (ampliadas ou reduzidas), mas duas figuras semelhantes nem sempre são homotéticas” ou "que a rotação de 180º em relação ao um centro é o mesmo que sua reflexão". Vimos, também, sugestões de novas leituras, novos filmes etc. Concluímos juntos, por fim, que o ensino das Transformações Geométricas é uma interessante opção para a construção do conhecimento matemático de alunos em qualquer nível de escolaridade. Abraços Na tarefa da semana sete (Anexo G), em que o percentual da amostra analisada se manteve o mesmo que o da tarefa da semana seis, havia quatro questões. As três primeiras questões, que tratavam das TGP de maneira teórica (questão 2) e geométrica (questões 1 e 3), foram facilmente resolvidas por todos os alunos. Já a quarta, que apresentava a transformação com representação algébrica: T: ℝ 2 → ℝ 2 , definida por T(x,y) = (x+5, y+7), e requeria que os alunos fizessem a transformada de uma reta (y = 2x), a de uma circunferência (x2 + y2 = 4) e as representassem graficamente, os alunos tiveram grande 29 DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e aplicações. São Paulo: Ática, 2010. v.2. p. 113-115. 97 dificuldade. Nesta atividade, alguns alunos erraram a questão e outros deixaram-na em branco. Isso mostra que a percepção geométrica das TGP foi alcançada, mas demonstra, também, que os alunos encontraram dificuldades na sua representação algébrica. Esta pesquisa revelou, portanto, que os alunos construíram os conceitos sobre as transformações geométricas no plano, necessários para a aplicação desses conteúdos em sua prática docente, valorizando as múltiplas representações da cada assunto abordado em sala de aula e mostrando o potencial integrador que as TGP representam para a Matemática. 98 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao analisar os questionários respondidos pelos alunos no início da disciplina de TG do NTEM, confirmou-se a necessidade da presença do estudo da geometria em cursos de formação continuada para professores de Matemática. Notou-se aí que quase 40% desses alunos não havia estudado esse conteúdo na educação básica e, mesmo depois de cursar a licenciatura em Matemática, não detinham, de forma clara, os conceitos sobre o que caracteriza as diversas geometrias. O questionário respondido ao final da disciplina mostrou o sucesso alcançado por ela em relação ao esclarecimento desses conceitos. É de se destacar que foi quase unânime a opinião de que é importante relacionar as geometrias com outros campos do conhecimento como Artes, Geografia e Física em sala de aula. A pesquisa revelou que os conhecimentos prévios dos tutores e alunos sobre as transformações geométricas no plano era muito pouco, mas que foi bem desenvolvido nas semanas seis e sete de TG-2.2011. Nessas semanas, tutores e alunos, através da leitura de textos, de discussões em fóruns temáticos e de tarefas, não só construíram esses conceitos como discutiram as possibilidades de uso das TGP em suas aulas na EB. Concordaram que as TGP podem e devem ser utilizadas como um conteúdo integrador entre os ramos da Matemática (aritmética, álgebra e geometria) e da Matemática com outras áreas do saber. Esta pesquisa constatou que a Educação a Distância é um excelente meio para possibilitar aos professores a formação continuada de que eles tanto necessitam, permitindo que eles estudem no tempo e no lugar que lhes for possível. Foi comprovado que um curso em EaD não é nem melhor nem pior que um curso presencial, jogando por terra as crenças dos que têm preconceito com esta modalidade de ensino, que foram destacadas na introdução deste trabalho. Esta pesquisa revelou duas vertentes de investigação, uma seria o aprofundamento da averiguação sobre os resultados da utilização das TGP na educação básica como conteúdo contextualizante e agregador dos ramos da Matemática e outra sobre o uso das tecnologias da EaD na facilitação da formação continuada de professores de Matemática. Essa dissertação tem como produto um ambiente virtual de aprendizagem (AVA), disponível em http://www.antoniomedeiros.pro.br/USS/moodle, que pode ser visitado por qualquer pessoa interessada, onde foram disponibilizados textos, filmes, construções 99 geométricas dinâmicas, fóruns de discussão e um caderno de sugestões de atividades para desenvolver os conceitos de TGP. Pretende-se que este produto seja como um ser vivo que se desenvolva, prospere e dê bons frutos. O Apêndice A deste trabalho traz uma descrição minuciosa de suas funcionalidades. Por fim, este trabalho teve a intenção de semear, junto aos professores em formação continuada a distância do NTEM, a ideia de refletir sobre as possibilidades de aperfeiçoar o ensino da Matemática através das transformações geométricas no plano, um conteúdo, que como foi demonstrado neste trabalho, é atual, contextualizado e agregador. 100 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Associação Brasileira de Educação A <http://www2.abed.org.br/>. 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Nele são apresentados um caderno com uma coletânea de atividades para a inserção do estudo das Transformações Geométricas no Plano (TGP) na Educação Básica, o conteúdo dessa dissertação, recursos disponíveis na Internet sobre TGP, Educação a Distância (EaD) e Geometria, além de construções geométricas feitas com o software Régua e Compasso (ReC). Este AVA é um ambiente aberto ao público. Os visitantes que se interessem no uso das TGP nos Ensinos Fundamental e Médio poderão acessar esse AVA no endereço http://www.antoniomedeiros.pro.br/USS/moodle. Figura 1 - Tela inicial do produto Fonte: http://www.antoniomedeiros.pro.br/USS/moodle/ Após selecionar a opção Dando Movimento à Forma, é necessário clicar no botão que permite o acesso como visitante na tela de login, distinguido na Figura 2 com uma seta vermelha. 106 Figura 2 - Tela de login Fonte: http://www.antoniomedeiros.pro.br/USS/moodle/course/view.php?id=3 A seguir, o visitante entrará no espaço específico do produto, terá acesso a uma descrição do que é pretendido com ele, a um fórum de bate-papo (Nosso café) e a um fórum de notícias, que traz informações sobre eventos relacionados à educação Matemática e a EaD, conforme mostrado na Figura 3. Figura 3 - Descrição do AVA Fonte: http://www.antoniomedeiros.pro.br/USS/moodle/course/view.php?id=3 107 Nesse ambiente foram incluídos todos os capítulos da dissertação Dando Movimento á Forma: as Transformações Geométricas no Plano na Formação Continuada a Distância de Professores de Matemática, incluindo suas páginas pré-textuais, como pode ser visto na Figura 4. Figura 4 - Capítulos da dissertação Fonte: http://www.antoniomedeiros.pro.br/USS/moodle/course/view.php?id=3 No tópico dois do produto, foi disponibilizado um caderno com uma coletânea de atividades que possibilitam a inserção das TGP na Educação Básica além de um Fórum de Sugestões (Figura 5). Neste fórum foram abertos três tópicos. Em todos o intuito é levar o usuário a dar sugestões sobre o Caderno de Atividades, o primeiro, sobre o texto da dissertação, o segundo, e sobre a inserção de novos links na página. 108 Figura 5 - Apresentação da dissertação. Fonte: http://www.antoniomedeiros.pro.br/USS/moodle/course/view.php?id=3 A seguir o produto elenca vários vídeos, sites e programas, relacionados com o tema da dissertação, que se encontram disponíveis na Internet. Figura 6 - Relação de vídeos, sites e programas 109 Fonte: http://www.antoniomedeiros.pro.br/USS/moodle/course/view.php?id=3 Foram também disponibilizados vários textos, que serviram de referência para o trabalho ou que se relacionam com seu tema, conforme descrito na Figura 7. 110 Figura 7 - Relação de textos Fonte: http://www.antoniomedeiros.pro.br/USS/moodle/course/view.php?id=3 111 Finalmente, são apresentadas quatro construções geométricas relativas às TGP. Essas construções podem ser trabalhadas em qualquer computador, não sendo necessário a instalação do programa utilizado para criá-las (Régua e Compasso). As Figuras 8, 9, 10 e 11 apresentam uma imagem estática de cada uma delas. Figura 8 - Simetria facial. Fonte: http://www.antoniomedeiros.pro.br/USS/moodle/course/view.php?id=3 Figura 9 - Quadrado com o Sistema TR Fonte: http://www.antoniomedeiros.pro.br/USS/moodle/course/view.php?id=3 112 Figura 10 - Sistema TR. Fonte: http://www.antoniomedeiros.pro.br/USS/moodle/course/view.php?id=3 Figura 11 - Hometetia Fonte: http://www.antoniomedeiros.pro.br/USS/moodle/course/view.php?id=3 Este AVA representa um proposta de material didático sobre as Transformações Geométricas no Plano (TGP) adequada à formação continuada do professor de Matemática na modalidade a distância. Aqui foram disponibilizados textos, filmes, construções geométricas dinâmicas, fóruns de discussão e um caderno de sugestões de atividades para desenvolver os conceitos de TGP e o conteúdo completo da dissertação. Espera-se que, com a ajuda dos usuários que acessarem este AVA, este produto seja como um ser vivo que se desenvolva, prospere e dê bons frutos. 113 Por fim, este produto tem a intenção de semear, junto aos professores que o acessarem, a ideia de refletir sobre as possibilidades de aperfeiçoar o ensino da Matemática através das transformações geométricas no plano. 114 ANEXO A - IMPRESSÃO DA TELA INICIAL DO FÓRUM TEMÁTICO DOS TUTORES 115 ANEXO B - IMPRESSÃO DA TELA INICIAL DO FÓRUM TEMÁTICO DOS ALUNOS NA SEMANA SEIS 116 ANEXO C - IMPRESSÃO DA TELA INICIAL DO FÓRUM TEMÁTICO DOS ALUNOS NA SEMANA SETE 117 ANEXO D - IMPRESSÃO DA TELA INICIAL DA ANÁLISE DA PESQUISA INICIAL 118 ANEXO E - IMPRESSÃO DA TELA INICIAL DA ANÁLISE DA PESQUISA FINAL 119 ANEXO F - TAREFA DA SEMANA 6 DE TG-2.2011 Tarefa da semana 6. 1) Considere o hexágono ABCDEFA e a reta r: 1.a) Trace retas perpendiculares à reta r por A, B, C, D, E e F. Ao traçar essas perpendiculares, o que você observou quanto ao hexágono A’B’C’D’E’F’A’? 1.b) Dobrando a figura pela reta r, que resultado obtemos? 1.c) Que transformação geométrica do hexágono ABCDEFA, o hexágono A’B’C’D’E’F’A’ representa? 2) Observe as figuras abaixo: II I III IV V VI VII 2.a) Selecione a(s) que possu(em) eixo de simetria. Reproduza-as na lista a ser enviada a seu tutor, indicando o eixo de simetria. 2.b) Justifique a não inclusão das figuras que sobraram. 120 3) Observe as figuras abaixo: 3.a) Trace os segmentos AA ' , BB ' , CC ' , DD ' , EE ' , FF ' , GG ' . O que representa o ponto 0 para cada um dos segmentos AA ' , BB ' , CC ' , DD ' , EE ' , FF ' , GG ' ? 3.b) Identifique a transformação geométrica realizada descrevendo suas características. 4) No applet (ou construção em R.e.C.) cujos links estão logo abaixo deste, clique sobre o ponto vermelho embaixo do barquinho da figura I, deslizando-o para a direita sobre a reta u, até que o ponto B encontre a reta s. Chamemos a essa nova figura de figura II. 4.a) Compare as figuras I e II e responda: 4.a.1) Conservam as mesmas medidas? 4.a.2) Coincidem por superposição? 4.a.3) Ocupam a mesma posição no plano? 4.b) Como a figura II foi obtida? 4.c) Quais as características desta transformação geométrica? 121 5) Observe a figura representada a seguir: 5.a) Sabendo que A’ é o transformado do ponto A, determine o transformado da figura por esta translação. (Obs.: Copie esse desenho na lista a ser enviada a seu tutor e lá represente sua resposta). 5.b) Qual é o quadrilátero que caracteriza a translação? 122 6) Observe a figura abaixo: 6.a) Determine a razão entre as medidas dos segmentos: 6.a.1) AB e A' B ' . 6.a.2) BC e B 'C ' . 6.a.3) AC e A'C ' 6.b) Qual foi a transformação geométrica realizada? 6.c) Descreva essa transformação. 123 ANEXO G - TAREFA DA SEMANA 7 DE TG-2.2011 Tarefa 7 1) Na página 6 do texto da ESE/ IPL, ao explorar simetrias em polígonos regulares, os autores analisaram o quadrado (que é um caso particular de losango), mas deixaram a pergunta em relação à quantidade de simetrias em um losango qualquer: quantas são essas simetrias? 2) Retome o texto de Fainguelernt e Bordinhão: 2.a) Cite as transformações lineares encontradas nesse texto, explicitando o que as caracteriza. 2.b) Quais as isometrias encontradas? 3) Sendo A (0,0); B(4,0); C(4,4) e D(0,4) vértices de um quadrado no plano cartesiano ortogonal, qual é o transformado deste quadrado aplicando a transformação T(x, y) = (x, 3y). 4) Dada T : IR² em IR², definida por T(x,y) = (x+5, y+7), qual a imagem: 4.a) da reta de equação y = 2x; 4.b) da circunferência de equação x2 + y2 = 4 ; 4.c) faça graficamente cada uma das representações dos itens a e b