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Carta do Oriente-Médio
n. 2/2014
A Carta visa transmitir notícias e comentários sobre o Oriente-Médio - e
Israel em particular - que usualmente não chegam ao seu conhecimento.
Observações dos leitores são bem-vindas e sua privacidade será preservada.
Reunião de Doadores para a Reconstrução de Gaza
(IRIN Humanitarian News-UN, 08.10. AP 12.10, Y Net 23.09)
Em 12 de outubro realizou-se no Cairo a prevista “Reunião de Doadores”,
cujo objetivo é obter contribuições da comunidade internacional para a
reconstrução de Gaza. Foi anunciada a doação de US$ 5.4 bilhões ao longo
de 3 anos, dos quais a metade para a reconstrução e a outra para objetivos
não especificados. Os maiores doadores foram Catar, com US$ 1 bilhão, e
a UE com US$ 568 milhões.
A reunião para a reconstrução de Gaza foi antecedida de um acordo
negociado em 22 de setembro entre Israel, a Autoridade Palestina, a ONU e
representantes dos países doadores que estabeleceu um mecanismo para
evitar que materiais de “uso dual” (civil e militar), como cimento e aço,
fossem utilizados pelo Hamas para novas agressões. Assim, todos os
materiais de construção enviados a Gaza ficariam inventariados em
depósitos equipados com câmeras e haveria inspeções nos locais das obras.
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A Autoridade Palestina (que formou um governo de coalizão com o
Hamas) está encarregada de gerir a reconstrução de Gaza.
O encontro do Cairo realizou-se no âmbito da Conferência Anual de
Doadores para a Palestina, organizada pela Noruega, e que se reúne desde
1993, em sequência aos Acordos de Oslo, para canalizar fundos para
projetos nos territórios palestinos e subsidiar o funcionamento da
Autoridade Palestina.
Nota da Redação - O único incentivo para desestimular o Hamas a iniciar
uma quarta agressão a Israel e sofrer as consequências foram as
advertências de fontes de países ocidentais de que o fluxo de doações seria
interrompido em caso de novo conflito. Embora se tenha tomado algumas
precauções quanto ao desvio de material importado, até prova em
contrário Gaza continua sob controle absoluto do Hamas e não da
Autoridade Palestina. Além disso, o Hamas continua tentando
contrabandear armas e driblar o controle de sua fronteira por parte do
Egito e de Israel.
O que os governos dos países ocidentais, ONGs e quase todos os
comentaristas omitem é que movimentos como o Hamas não respondem a
uma lógica de desenvolvimento econômico e bem-estar da população e
nem sequer de preservação da vida dos civis inocentes sob seu controle.
Assim, as doações podem cumprir um papel de ajuda humanitária à
população de Gaza mas não inibir o Hamas de lançar-se a novas
aventuras bélicas.
Centenas de moradores de Gaza visitam Jerusalém (Haaretz, 08.10)
500 residentes de Gaza com idade superior a 60 anos receberam
autorização de Israel para viajar a Jerusalém e rezar na mesquita de Al-
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Aqsa em honra aos três dias muçulmanos de jejum e sacrifício, conhecidos
como Id al-Adha.
N. da R. – O limite de idade visa obviamente compatibilizar uma iniciativa
humanitária com a redução do risco de atividades terroristas.
Hospitais israelenses atendem a todos. Durante o conflito com o Hamas
não foi interrompida a assistência médica regularmente oferecida aos
palestinos de Gaza e da Margem Ocidental, sobretudo nos hospitais
Rambam, Wolfson, Herzog e Hadassa, onde o pessoal médico e de apoio é
composto por judeus e árabes israelenses e os quartos são compartilhados
por pacientes israelenses, sejam judeus ou árabes, além de palestinos e
sírios vitimados pela guerra civil no seu país. Além disso, durante o
conflito Israel montou 3 hospitais de campanha para tratar dos feridos
palestinos de Gaza.
Ex-ativista do Mavi Marmara vira Ministro na Suécia (Fars-Iran,
08.10)
A Suécia nomeou Mehmet Kaplan, sueco nascido na Turquia, Ministro da
Habitação e Desenvolvimento Urbano. Ex-deputado pelo Partido Verde,
Kaplan foi um dos ativistas pró-palestinos que viajou na flotilha liderada
pelo navio turco Mavi Marmara tentando romper o bloqueio naval de Gaza
em 2010.
N. da R. - Mehmet Kaplan foi denunciado em julho deste ano por haver,
durante um seminário na cidade sueca de Visby, comparado os jovens
suecos que vão ao lado do Estado Islâmico aos jovens voluntários que
foram lutar na Finlândia em 1942 contra a invasão da URSS. Depois êle
declarou que “escolhera mal as suas palavras” e que as atividades
terroristas eram uma “loucura”.
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Kaplan se juntou à flotilha turca de maio de 2010, com a cobertura da TV4
da Suécia, sob o pretexto de levar víveres aos palestinos de Gaza
“rompendo o bloqueio israelense”. Alegação falsa, porque Israel sempre
permitiu a entrega de víveres e outros produtos, desde que os navios
passem pelo porto israelense de Ashdod para inspeção de modo a tentar
evitar o contrabando de armas. Da mesma forma, o encaminhamento de
produtos pode fazer-se por via terrestre.
Estado Islâmico ameaça também o Líbano (David Schenker, Wall Street
Journal, 06.10)
O Estado Islâmico está sequestrando e decapitando libaneses. Dois
soldados no Líbano foram mortos nas últimas semanas. Há atualmente
cerca de 24 libaneses sequestrados pelo E.I. e correndo o risco de execução.
Em 12 de setembro a imprensa libanesa reportou que mais de 40 células do
EI estão operando no Líbano e planejando ataques terroristas.
N. da R. – Como parte do território e dos dirigentes do Líbano são
controlados pelo Hizbolá, movimento shiita ligado ao Irã e que está
combatendo na Síria em favor de Assad, é de se esperar que o país esteja
na “alça de mira” do Estado Islâmico.
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Estados Unidos: Reconhecimento do Estado Palestino é prematuro
(Departamento de Estado, 30.09)
Em resposta à indagação da imprensa sobre o anúncio do PrimeiroMinistro sueco Stefan Lofven de que reconheceria o Estado da Palestina, o
porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, declarou: “Acreditamos
que o reconhecimento internacional de um Estado palestino é prematuro.
Certamente apoiamos um Estado palestino, mas ele somente poderá ocorrer
como resultado de uma negociação com Israel, da solução definitiva de
questões centrais e do mútuo reconhecimento por ambas as partes”. Sobre
a iniciativa de Lofven sustentou o Ministro do Exterior de Israel, Avigdor
Liberman, que (Reuters) “O Primeiro Ministro Lofven precisa entender que
nenhuma declaração ou iniciativa por parte de um ator externo subsituirá as
negociações diretas entre aqueles que serão parte de um acordo abrangente
entre Israel e todo o mundo árabe”.
Periodicamente, a Autoridade Palestina apresenta propostas na ONU. Desta
vez trata-se de um Projeto de Resolução que seria submetido ao Conselho
de Segurança se a AP conseguir garantir o voto favorável de 9 dos 15
membros, mesmo tendo sido avisado de que será vetado pelos Estados
Unidos.
N. da R. – A parte final da declaração de Lieberman faz alusão ao fato de
que talvez alguns Estados árabes, para tentar conter a expansão do
fundamentalismo islâmico, poderiam ter interesse em pressionar a
Autoridade Palestina a buscar um acordo com Israel e, desse modo,
afastar um dos fatores de mobilização dos extremistas - a luta contra Israel
- que agora, com o E.I. e seus similares, ameaçam a estabilidade de todos
os governos árabes.
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