HELDER MIGUEL GRAÇA FERNANDES MOTIVAÇÃO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESTUDO CENTRADO NO VALOR PREDITIVO DAS INTENÇÕES DE PRÁTICA DESPORTIVA, EM FUNÇÃO DA MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA Monografia Licenciatura em Educação Física e Desporto Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Vila Real, Maio de 2003 Monografia de licenciatura realizada no âmbito da disciplina Seminário, no ano lectivo 2002/2003, sob a orientação e coordenação do Prof. Dr. José Vasconcelos Raposo. Agradecimentos O percurso de uma caminhada, é sempre muito mais apreciado na companhia de pessoas, que directa ou indirectamente, contribuem para que consigamos atingir o nosso objectivo. Esta foi sem dúvida, uma longa e árdua caminhada entre “vales e montanhas”, que atinge nesta forma a sua expressão máxima. Como tal, consideramos ser importante salientar todos aqueles que contribuíram para que “ir mais alto e mais além”, fosse para mim uma realidade. Ao Prof. Dr. José Vasconcelos Raposo, o meu mais reconhecido apreço, consideração e agradecimento. Somente a sua disponibilidade e constantes sugestões, permitiram que este trabalho atingisse as minhas expectativas. Por isto e pelo seu constante auxílio nos últimos 3 anos, o meu Muito Obrigado! Ao Mestre João Paulo Lázaro, pelas longas conversas, sempre tão frutuosas para mim, assim como, pelos constantes incentivos que fizeram com que me “apaixonasse” pelo estudo da Psicologia do Desporto. Por outro lado, um sincero agradecimento pela ajuda na distribuição e recolha de inúmeros questionários, que permitiram a composição da amostra verificada neste trabalho. Ao Prof. Dr. Jaime Sampaio, pela disponibilidade e paciência com que sempre me presenteou, bem como, pelo seu auxílio na obtenção do software que possibilitou a consecução do presente estudo. Aos professores Nikos Ntoumanis (Universidade de Birmingham), Stuart Biddle e Nikos Chatzisarantis (Universidade de Loughborough), Kenneth Fox (Universidade de Exeter), Marios Goudas (Universidade de Thessaly), Christina Frederick (Universidade de Southern Utah), Athanasios Papaioannou (Universidade de Thrace), Robert Vallerand (Universidade do Québec – Montreal), Edward Deci e Richard Ryan (Universidade de Rochester), pela imediata resposta aos nossos contactos e pelo envio de inúmeros artigos científicos, que se afiguraram como fulcrais para a elaboração deste trabalho. Ao Henrique Costa e ao Miguel Moreira, pela vossa inquestionável companhia e amizade, sendo nosso desejo, que estejamos juntos em futuros desafios. Igualmente, o apreço, por me terem “aturado” de uma forma mais constante, neste último ano de vida académica. Não poderia esquecer de salientar, os professores Luís Dias e página i Vitorino Cardoso, pela vossa amizade demonstrada e por serem um verdadeiro exemplo de como “abraçar” esta vocação de ensinar. Aos meus pais, António Fernandes e Benilde Graça, por me terem possibilitado algo a que vocês nunca tiveram oportunidade, bem como, pelo constante carinho e ternura demonstrada. Tudo o que sou, somente a vocês o devo! À mana Cristina Fernandes e ao António Torres, pela paciência e apoio com que sempre me presentearam. Espero sinceramente, que a sobrinha que aí vem a caminho, seja o reflexo da vossa união e saia ao tio-padrinho! Por fim e mais importante, à mana Jô, que com o seu olhar, realmente cativa o meu coração e alegra o meu ser. Um xi muito especial! página ii Resumo A Educação Física para as crianças e jovens, consiste num período crítico do percurso educacional, dado que pode promover o seu futuro envolvimento desportivo e decisões acerca da sua participação em actividades físicas futuras. Deste modo, o estudo de modelos ou a identificação de determinantes psicológicas, assume-se como uma necessidade para o desenvolvimento de intervenções adequadas para o aumento dos níveis de actividade física. Os propósitos deste estudo foram: (i) verificar possíveis diferenças existentes nas determinantes avaliadas (factores sociais, mediadores psicológicos, tipos motivacionais e consequências), quanto às variáveis independentes em estudo (sexo, idade e envolvimento desportivo); (ii) averiguar a importância da percepção de competência e motivação intrínseca, considerando o facto de que a Educação Física é uma disciplina curricular obrigatória; e, (iii) com base numa sequência de processos motivacionais, conhecer os factores que determinam as intenções de praticar actividades desportivas, no período extra-curricular, em situações futuras. A amostra foi constituída por 1099 alunos de Educação Física (544 raparigas e 555 rapazes), com idades compreendidas entre os 14 e 16 anos de idade (M = 14.66, SD = .75), de 11 escolas da região norte e centro de Portugal. Os questionários utilizados foram os mesmos do estudo de Ntoumanis (2001a), após uma tradução e adaptação para a língua portuguesa. Consideraram a avaliação dos seguintes construtos: (i) aprendizagem cooperativa, melhoria auto-referenciada e percepção de escolha (factores sociais); (ii) percepção de competência, autonomia e relacionamento (mediadores psicológicos); (iii) motivação intrínseca, regulação identificada, regulação-introjecção, regulação externa e amotivação (tipos motivacionais); e, (iv) aborrecimento, empenho e intenção de prática desportiva (consequências). Os procedimentos estatísticos utilizados consistiram em análise descritiva, análise comparativa, análise de relação linear e modelação por equações estruturais. Os principais resultados, evidenciaram o papel central e fulcral das percepções de competência no contexto da Educação Física, verificando-se igualmente relações com os restantes mediadores psicológicos. As formas motivacionais auto-determinadas permitiram predizer as consequências positivas, enquanto a regulação externa e a amotivação, foram variáveis preditivas das consequências negativas (aborrecimento). Em suma, salientou-se o desenvolvimento das percepções de competência e de autonomia neste contexto, como forma de maximizar os níveis de motivação intrínseca, que por sua vez, definem os níveis de intenção de prática desportiva em situações futuras e consequente adopção de um estilo de vida activo e saudável. página iii Abstract Physical Education for children and young people is a critical period of the educational process, as this setting may promote individual’s future involvement in physical activity and sports, and may influence young persons’ decisions about future sport and activity participation. Therefore, the study of models and identification of psychology variables, underscores the need of developing interventions to increase physical activity. The purposes of the present study were: (i) verify possible differences in the measured variables (social factors, psychological mediators, types of motivation and consequences), considering the independent variables studied (gender, age and sport involvement); (ii) establish the importance of perceived competence and intrinsic motivation, considering that Physical Education is a imposed curricular issue; and, (iii) determine the factors that determine future intention to exercise, taking into account a sequence of motivational sequences. A sample of 1099 physical education students (544 girls and 555 boys) was recruited from 11 northern and center Portuguese schools. Participants ranged in age from 14 to 16 years (M = 14.66, SD = .75). The questionnaires used, were the same as Ntoumanis (2001a) study, after a translation and adaptation to Portuguese, measuring the following determinants: (i) cooperative learning, self-referenced improvement and choice of tasks (social factors); (ii) perceived competence, autonomy and relatedness (psychological mediators); (iii) intrinsic motivation, identification, introjection, external regulation and amotivation (types of motivation); and, (iv) boredom, effort and future intention to exercise (consequences). Statistical procedures consisted in descriptive, comparative and linear association analyses, and structural equation modeling. The main results revealed the central and important role of perceived competence, in Physical Education context, while occurred associations with the others psychological mediators. Selfdetermined motivation predicted positive consequences, while external regulation and amotivation predicted negative consequences (boredom). In summary, the present findings suggest the development of perceived competence and autonomy in Physical Education, as ways of promote intrinsic motivation levels, while this motivational type predicts future intention to exercise and influence the adoption of physically active lifestyle, which can improve public health. página iv Índice Geral Agradecimentos...........................................................................................................................................i Resumo.......................................................................................................................................................iii Abstract ...................................................................................................................................................... iv Índice Geral ................................................................................................................................................. v Índice de Quadros..................................................................................................................................... vii Índice de Figuras ...................................................................................................................................... vii Lista de abreviaturas ............................................................................................................................... viii I. Introdução ................................................................................................................................................1 1.1. Objectivos do estudo .........................................................................................................................3 1.2. Hipóteses formuladas ........................................................................................................................5 1.3. Estrutura do trabalho .........................................................................................................................6 II. Revisão da Literatura .............................................................................................................................7 2.1. Delimitação conceptual dos termos motivacionais ............................................................................9 2.2. A importância dos motivos intrínsecos e extrínsecos na definição da participação desportiva .......15 2.3. A influência da Educação Física na definição de hábitos de prática desportiva..............................17 2.4. Teorias da Motivação ......................................................................................................................20 2.4.1. Teoria da Auto-Determinação ..................................................................................................21 2.4.1.1. Teoria da Avaliação Cognitiva ..........................................................................................22 2.4.1.1.1. Percepção do Lócus de Causalidade ........................................................................22 2.4.1.1.2. Percepção de Competência ......................................................................................26 2.4.1.1.3. Funções dos Eventos ................................................................................................30 2.4.1.1.4. Competição ...............................................................................................................31 2.4.1.1.5. Envolvimento para o ego ...........................................................................................33 2.4.1.1.6. Relação treinador/professor - atleta/aluno.................................................................34 2.4.1.1.7. Modelo motivacional hierárquico proposto por Vallerand (1997, 2000, 2001) ...........37 2.4.2. Teoria dos Objectivos de Realização .......................................................................................40 2.4.2.1. Relação entre a Teoria dos Objectivos de Realização e a Teoria da AutoDeterminação.....................................................................................................................42 2.5. A intenção de prática desportiva .....................................................................................................44 III. Metodologia..........................................................................................................................................47 3.1. Amostra ...........................................................................................................................................47 3.2. Instrumentos....................................................................................................................................48 3.3. Modelo de estudo ............................................................................................................................50 3.3.1. Variáveis dependentes.............................................................................................................50 3.3.2. Variáveis independentes ..........................................................................................................51 3.3.2.1. Sexo..................................................................................................................................51 3.3.2.2. Idade.................................................................................................................................51 3.3.2.3. Envolvimento desportivo...................................................................................................51 3.3.3. Representação gráfica do estudo ............................................................................................52 3.4. Procedimentos.................................................................................................................................52 3.4.1. Funcionais................................................................................................................................52 3.4.1.1. Método de pesquisa..........................................................................................................52 3.4.1.2. Aplicação do questionário.................................................................................................53 3.4.1.3. Dificuldades ......................................................................................................................53 página v 3.4.2. Operacionais ............................................................................................................................53 3.4.2.1. Análise univariada.............................................................................................................54 3.4.2.2. Análise multivariada..........................................................................................................54 IV. Apresentação dos Resultados ...........................................................................................................58 4.1. Análise univariada ...........................................................................................................................58 4.2. Análise multivariada ........................................................................................................................59 4.2.1. Análise comparativa por sexo ..................................................................................................59 4.2.2. Análise comparativa por idade .................................................................................................61 4.2.3. Análise comparativa por envolvimento desportivo ...................................................................62 4.2.4. Análise da relação linear entre variáveis dependentes ............................................................63 4.2.5. Análise factorial confirmatória ..................................................................................................65 4.2.6. Path analysis............................................................................................................................67 V. Discussão dos Resultados ..................................................................................................................71 5.1. Análise comparativa por sexo..........................................................................................................71 5.2. Análise comparativa por idade ........................................................................................................74 5.3. Análise comparativa por envolvimento desportivo...........................................................................76 5.4. Modelo estrutural resultante da SEM ..............................................................................................78 VI. Conclusões ..........................................................................................................................................86 6.1. Limitações do estudo.......................................................................................................................88 6.2. Novas propostas de trabalho...........................................................................................................89 VII. Bibliografia..........................................................................................................................................90 Anexos........................................................................................................................................................ix Anexo 1 – Requisito de autorização ao Conselho Executivo .................................................................. ix Anexo 2 – Considerações para a entrega do questionário ....................................................................... x Anexo 3 – Questionário ........................................................................................................................... xi Anexo 4 – Análise Descritiva ..................................................................................................................xiii Anexo 5 – Análise comparativa por sexo .............................................................................................. xiv Anexo 6 – Análise comparativa por idade ............................................................................................. xvi Anexo 7 – Análise comparativa por envolvimento desportivo............................................................... xviii Anexo 8 – Análise correlacional ............................................................................................................. xx Anexo 9 – Modelo de medição: Inicial ................................................................................................... xxi Anexo 10 – Modelo de medição: Revisão 1 ..........................................................................................xxii Anexo 11 – Modelo de medição: Revisão 2 ......................................................................................... xxiii Anexo 12 – Modelo estrutural: Inicial....................................................................................................xxiv Anexo 13 – Modelo estrutural: Revisão 1 ............................................................................................. xxv Anexo 14 – Modelo estrutural: Revisão 2 .............................................................................................xxvi Anexo 15 – Modelo estrutural: Revisão 3 ............................................................................................ xxvii página vi Índice de Quadros Quadro 1 - Caracterização sistémica da amostra .......................................................................................47 Quadro 2 - Análise descritiva das variáveis dependentes ..........................................................................58 Quadro 3 - Análise comparativa das variáveis dependentes, por sexo ......................................................60 Quadro 4 - Análise comparativa das variáveis dependentes, por idade .....................................................61 Quadro 5 - Análise comparativa das variáveis dependentes, por envolvimento desportivo .......................62 Quadro 6 - Matriz de correlação das variáveis dependentes e respectivo α de Cronbach .........................63 Quadro 7 - Índices de adequação obtidos a partir da AFC .........................................................................66 Quadro 8 - Índices de adequação obtidos a partir da SEM ........................................................................69 Índice de Figuras Figura 1 – Definição dos níveis e correspondentes limiares motivacionais (adaptado de Kilpatrick, Hebert & Jacobsen, 2002).....................................................................................14 Figura 2 – Continuum de auto-determinação proposto por Deci e Ryan (1985) (adaptado de Standage & Treasure, 2002) .................................................................................................26 Figura 3 – Modelo de motivação intrínseca, baseado na relação treinador-atleta (adaptado de Vallerand & Pelletier, 1985) ...................................................................................................34 Figura 4 – Modelo hierárquico motivacional testado no estudo de Ntoumanis (2001a)..........................38 Figura 5 – Modelo hierárquico motivacional proposto por Vallerand (1997, 2000, 2001) .......................40 Figura 6 – Teoria do Comportamento Planeado (Azjen, 1985, 1991).....................................................45 Figura 7 – Definição do desenho do estudo ...........................................................................................52 Figura 8 – Definição do continuum de auto-determinação, com base nos resultados do presente estudo....................................................................................................................................64 Figura 9 – Modelo de medida testado inicialmente, através da AFC ......................................................65 Figura 10 – Modelo motivacional testado no presente estudo (adaptado de Ntoumanis, 2001a)...........67 Figura 11 – Modelo de medição obtido a partir da AFC, apresentando os loadings dos itens nos factores e respectivos termos residuais.................................................................................68 Figura 12 – Modelo estrutural resultante da SEM...................................................................................70 página vii Lista de abreviaturas ABOR........................................................................................................................................Aborrecimento AFC.................................................................................................................Análise Factorial Confirmatória AMOT............................................................................................................................................Amotivação ANOVA…………….........................……………………….................………………………Análise de variância AUT.................................................................................................................................................Autonomia CFI…………………………………………………………………………..……………...….Comparative Fit Index CIT................................................................................................Comportamento inter-pessoal do treinador COMP...................................................................................................................Percepção de competência COOP....................................................................................................................Aprendizagem cooperativa df…………………………………….......……………………………………….................……Graus de liberdade EF..........................................................................................................................................Educação Física EMP..................................................................................................................................................Empenho ESC……………………………………………………………………………………………..…………..….Escolha GFI...........................................………….....................................……………................Goodness of Fit Index IMI…………………………………….………………………………………...………Intrinsic Motivation Inventory INT....................................................................................................................Intenção de prática desportiva M…………………………………………………………………….................…………………………...……Média MEL.......................................................................................................................Melhoria auto-referenciada MERE.............................................................................................Motivação Extrínseca Regulação Externa MERID......................................................................................Motivação Extrínseca Regulação Identificada MERIN.......................................................................................Motivação Extrínseca Regulação-Introjecção MI.................................................................................…………….................................Motivação Intrínseca NNFI………………………………………………...……………………...…………………..Non-normed Fit Index PE.......................................................................................…………….............................Physical Education REL.....................................................................................................……………..................Relacionamento RMSEA………………………………………………………......…….Root Mean Square Error of Approximation SD..........................................................................................................…………….................Desvio padrão SEM.........................................………...................................……………..........Structural Equation Modelling SPSS……………………………………………………………...…….Statistical Products and Service Solutions TAC...................................................................................................................Teoria da Avaliação Cognitiva TAD...................................................................................................................Teoria da Auto-Determinação TCP........................................................................................................Teoria do Comportamento Planeado TEOSQ..............…............................…………….....….......Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire TIO...................................................................................................................Teoria da Integração Orgânica TOC...............................................................................................................Teoria das Orientações Causais TOR.......................................................................................................Teoria dos Objectivos de Realização página viii Capítulo 1 - Introdução I. Introdução A compreensão dos efeitos da participação desportiva dos jovens, no seu desenvolvimento físico, social, emocional e cognitivo, é uma necessidade emergente das Ciências da Educação Física e Desporto (Wong & Bridges, 1995). Contudo e apesar das relações entre a actividade física e a saúde estarem perfeitamente documentadas (Georgiadis, Biddle & Chatzisarantis, 2001; Vlachopoulos, Biddle & Fox, 1997), existem muitos jovens e adultos que ora são sedentários, ora não realizam actividades físicas a níveis de intensidade que induzam os benefícios desejados (Biddle & Goudas, 1996; Dubbert, 2002). Assim, o estudo de modelos ou a identificação de determinantes psicológicas, assume-se como uma necessidade para o desenvolvimento de intervenções adequadas para o aumento dos níveis de actividade física (Dishman et al., 2002; Georgiadis et al., 2001). Desta forma, a Educação Física para o caso das crianças e jovens, consiste num período crítico do percurso educacional, dado que pode promover o seu futuro envolvimento desportivo e decisões acerca da sua participação em actividades físicas futuras (Biddle & Chatzisarantis, 1999; Ferrer-Caja & Weiss, 2000). É lógico assumir que os programas de actividade física na escola, terão consequências positivas quando as crianças estão motivadas para participar na Educação Física e estas obtêm efeitos positivos a nível físico, social, cognitivo e afectivo, como resultado dessa participação. Sallis e McKenzie (1991), referem que experiências positivas na Educação Física, podem influenciar as crianças a adoptar estilos de vida saudáveis, enquanto adultos, o que promove uma melhoria da saúde pública. Assim, assume-se que um estilo de vida adulto activo, terá origem num estilo de vida activo em idades mais jovens (Shepard & Trudeau, 2000), pelo que cada vez mais sugere-se considerar a adopção de um leque mais alargado de modalidades desportivas, que permitam a escolha de actividades que reduzam o desinteresse verificado com o aumento da idade (Fox, 1991). A investigação em crianças e jovens, assume-se desta forma como uma prioridade, com vista à determinação dos níveis de actividade física adequados para a obtenção de benefícios, a nível psicológico, biológico e social (Biddle, Soos & Chatzisarantis, 1999b; Lintunen, Valkonen, Leskinen & Biddle, 1999). Contudo, verifica-se que à medida que os indivíduos envelhecem, o seu interesse e participação na Educação Física diminui (Standage & Treasure, 2002; Van Wersch, página 1 Capítulo 1 - Introdução Trew & Turner, 1992), antevendo-se aquele que será a adopção de um estilo de vida sedentário, distante dos benefícios de qualidade de vida que a actividade física proporciona. Para esta situação, Brustad (1992) salienta o facto dos perfis motivacionais auto-determinados serem mais evidentes na infância, enquanto os perfis mais controladores/amotivação, são mais difundidos na adolescência, quando a influência dos companheiros aumenta (Ntoumanis, 2001a). Desta forma, uma preocupação fundamental dos investigadores interessados em optimizar a motivação dos jovens no contexto da Educação Física e o impacto do bem-estar físico na população em geral, é a compreensão dos diversos processos motivacionais que determinam os níveis de envolvimento na Educação Física e num outro contexto desportivo qualquer (Standage, Duda & Ntoumanis, 2003). Uma vasta revisão efectuada por Sallis, Prochaska e Taylor (2000), englobou a associação de diversas variáveis de ordem demográfica, biológica, psicológica, comportamental, social e contextual. Esta pesquisa efectuada, baseou-se na análise de 102 estudos relacionados com os níveis de actividade física em crianças e jovens. Das determinantes psicológicas em análise, emergiram como relacionadas positivamente com a actividade física, a percepção de competência, a intenção da prática desportiva e o gosto/prazer obtido na realização das aulas de Educação Física, salientando-se assim, a relevância do estudo destas determinantes (Trost, Saunders & Ward, 2002). Este estudo, na medida em que se afirma como uma replicação da investigação de Ntoumanis (2001a) no contexto nacional, engloba estas e outras determinantes, tendo como suporte teórico a Teoria da Auto-Determinação (Deci & Ryan, 1985). Considerando este facto, o reconhecimento da importância da motivação intrínseca na Psicologia do Desporto, originou um interesse nos factores que podem aumentar ou diminuir a motivação intrínseca e correspondentes níveis de envolvimento desportivo, dos indivíduos (Frederick & Ryan, 1995). Fox (1988) afirma que a compreensão da motivação na Educação Física, pode permitir aos professores melhorarem a qualidade das interacções e promover experiências positivas aos alunos. Contudo, a pesquisa efectuada com base na Teoria da Auto-Determinação no contexto da Educação Física, tem sido escassa até ao momento (Standage & Treasure, 2002). Para tal, a investigação efectuada (Deci & Ryan, 1985; Markland & Hardy, 1997; Nicholls, 1984; Ntoumanis, 2001a; Steinberg & Maurer, 1999; Weigand, 2000; Wong & Bridges, 1995; Xiang & Lee, 2002), tem revelado que uma orientação para a tarefa e a página 2 Capítulo 1 - Introdução existência de determinantes motivacionais intrínsecas, promovem os padrões comportamentais mais efectivos para uma maior persistência na actividade desportiva e concomitantemente, uma menor taxa de abandono das práticas físicas. De acordo com Deci e Ryan (1985), a motivação intrínseca numa dada actividade, varia em função do controlo pessoal, escolha (auto-determinação) e capacidades (competência), que os indivíduos sentem nessa actividade. Além de que é sugerido, que qualquer evento ou factor que possa influenciar a percepção de competência ou de auto-determinação de um indivíduo, irá originar modificações dos níveis de motivação intrínseca do indivíduo (Amorose & Horn, 2001). Contudo, o que se verifica é que a Educação Física é uma disciplina do programa curricular obrigatório, o que para Coakley e White (1992), não permite o desenvolvimento da motivação intrínseca, dado que os alunos não possuem possibilidades de escolha. Estes autores sugerem que os benefícios a longo prazo desta forma motivacional, podem ser promovidos quando aos alunos são apresentadas diversas actividades desportivas e é permitida a oportunidade de escolha. Outro facto importante, é que no contexto da Educação Física alguns alunos não possuem nenhuma experiência anterior em relação a muitas modalidades (Papaioannou, 1994), pelo que a inexistência de competências motoras é uma das experiências negativas mais referenciadas (Coakley & White, 1992). Assim, é normal que as crianças que se sentem e são competentes fisicamente, percepcionem a Educação Física de uma forma mais interessante e divertida, assim como, pretendem participar em actividades desportivas extra-curriculares para desenvolver essas habilidades motoras. 1.1. Objectivos do estudo Neste quadro conceptual, com este estudo pretende-se compreender os processos motivacionais que ocorrem no contexto da Educação Física, de forma a permitir optimizar os níveis motivacionais intrínsecos e promover estilos de vida saudáveis. Para tal, será testado neste contexto o modelo motivacional hierárquico de Vallerand (1997, 2000, 2001), considerando o facto de que até à data são escassos os estudos que suportam este modelo. Mais especificamente, pretendemos centrar o presente estudo no conhecimento dos factores que determinam as intenções de praticar actividades desportivas, no período extra-curricular, numa situação futura. A literatura sugere que a intenção de participar página 3 Capítulo 1 - Introdução em actividades físicas neste período, é uma variável relevante para delimitar a probabilidade de uma futura participação desportiva (Greenlockle, Lee & Lomax, 1990; Lintunen et al., 1999; Ntoumanis, 2001a; Theodorakis, 1992, 1994; Valois, Desharnais & Godin, 1988), pelo que também é sugerido que as formas motivacionais autodeterminadas irão predizer positivamente a intenção de um futuro envolvimento desportivo (Deci & Ryan, 1985). A partir desta análise efectuada emergem duas questões, cujas respostas se afiguram como essenciais para a pertinência deste estudo: (i) Se a Educação Física é uma disciplina curricular obrigatória, até que ponto se verificam os níveis desejados de motivação intrínseca, dado que este tipo consiste em actividades escolhidas livremente pelo indivíduo e essa escolha implica auto-determinação/autonomia (Deci & Ryan, 1985, p. 317)? e; (ii) Se a Educação Física é uma disciplina curricular obrigatória, significa que neste contexto existem indivíduos, que quando comparados, possuem uma maior discrepância de habilidades motoras, ao contrário do contexto desportivo competitivo extra-escolar (Papaioannou, 1994). Assim e sabendo que os jovens que apresentam opiniões mais concretas acerca da sua competência física, possuem maiores probabilidades de manterem o envolvimento desportivo (Weiss, 2000), qual a importância da percepção de competência, na definição dos níveis de motivação intrínseca que predizem um futuro envolvimento desportivo? Por outro lado, devido ao facto que a partir do estudo de Ntoumanis (2001a) se conhecerem um conjunto de determinantes da actividade física, pretendemos verificar possíveis diferenças existentes quanto às variáveis independentes em estudo (sexo, idade e envolvimento desportivo). Por fim, quanto ao modelo testado, foram mantidas as mesma hipóteses orientadoras das relações causais entre as diferentes variáveis do estudo de Ntoumanis (2001a). Estas mesmas, sugerem que a percepção de competência possui um papel central e fulcral na mediação dos tipos motivacionais com os factores sociais (Amorose & Horn, 2001; Goudas, Biddle & Fox, 1994; Papaioannou, 1994), e que os tipos motivacionais auto-determinados (motivação intrínseca e regulação identificada) predizem as consequências mais positivas (intenção de prática desportiva e empenho), tal como salientam Deci e Ryan (1985), Markland e Hardy (1997) Ntoumanis (2001a) e Vallerand (1997, 2000, 2001). página 4 Capítulo 1 - Introdução 1.2. Hipóteses formuladas Considerando que as variáveis dependentes para o presente estudo, foram os construtos delimitados na definição do modelo de Vallerand (1997, 2000, 2001), a hipótese para a variável independente sexo foi: H01: Não existem diferenças significativas entre os rapazes e raparigas, na valorização média das variáveis do modelo. Para a variável independente idade, foram definidas as seguintes hipóteses: H02: Não existem diferenças significativas entre alunos com 14 e 15 anos, na valorização média das variáveis do modelo; H03: Não existem diferenças significativas entre alunos com 14 e 16 anos, na valorização média das variáveis do modelo; H04: Não existem diferenças significativas entre alunos com 15 e 16 anos na, valorização média das variáveis do modelo. Quanto à variável independente envolvimento desportivo, foi definida a seguinte hipótese: H05: Não existem diferenças significativas entre alunos não praticantes e praticantes, na valorização média das variáveis do modelo. Por fim e relativamente ao modelo testado, as hipóteses testadas foram: H06: Existe uma relação preditiva do relacionamento, em função da cooperação. H07: Existe uma relação preditiva da competência, em função da melhoria. H08: Existe uma relação preditiva da autonomia, em função da escolha. H09: Existe uma relação preditiva da motivação intrínseca, em função do relacionamento, competência e autonomia. H010: Existe uma relação preditiva da regulação identificada, em função do relacionamento e competência. H011: Existe uma relação preditiva da regulação-introjecção, em função da competência. H012: Existe uma relação preditiva da regulação externa, em função da competência e autonomia. H013: Existe uma relação preditiva da amotivação, em função da competência e autonomia. página 5 Capítulo 1 - Introdução H014: Existe uma relação preditiva do empenho, em função da motivação intrínseca e regulação identificada. H015: Existe uma relação preditiva da intenção, em função da motivação intrínseca. H016: Existe uma relação preditiva do aborrecimento, em função da motivação intrínseca, regulação externa e amotivação. 1.3. Estrutura do trabalho Após a delimitação da pertinência, objectivos e hipóteses a testar no presente estudo, apresenta-se a revisão da literatura que contempla a definição do enquadramento teórico e dos trabalhos anteriormente publicados acerca desta temática. Seguidamente, descreve-se a metodologia utilizada, onde se caracteriza a amostra e os procedimentos efectuados no decorrer da elaboração do trabalho. No capítulo seguinte, apresenta-se os resultados obtidos na pesquisa, sendo posteriormente discutidos à luz do modelo teórico apresentado na revisão da literatura. Por fim, realiza-se uma recapitulação sucinta dos principais resultados, apontando os limites encontrados no estudo e culminando na apresentação de considerações finais, que poderão orientar futuras investigações, acerca da presente temática em estudo. página 6 Capítulo 2 – Revisão da Literatura II. Revisão da Literatura Uma das principais características das sociedades actuais, particularmente das mais industrializadas, é o modo como os adultos, na sua generalidade, procuram que os jovens se envolvam de uma forma regular e sistemática em actividades de natureza desportiva, tanto no âmbito do seu processo educativo mais formal (isto é, na escola: em actividades curriculares e/ou de complemento curricular), como fora dele (Fonseca, 2000). Tal como salienta Carvalho (2001), motivar as crianças não é um mero processo de aplicação de teorias, com técnicas mais ou menos lúdicas. Trata-se de conhecer os porquês e os factores mais importantes que influenciam os níveis de motivação dos jovens, para que o professor/treinador recorra a técnicas susceptíveis de influenciar a persistência dos indivíduos nas actividades e a intensidade com que se lhes dedicam, já que na maior parte dos casos, o comportamento inicial de escolha das actividades, escapa por completo ao controlo técnico (Frias & Serpa, 1991). Este facto é concordante com a pretensão de aquisição dos já conhecidos benefícios psicológicos e fisiológicos da actividade física regular. Contudo, o que ainda se verifica é um elevado número de população sedentária ou com baixos níveis de actividade motora na população adulta (Ryan, Frederick, Lepes, Rubio & Sheldon, 1997). Mais recentemente, também se tem observado um aumento do número de crianças e adolescentes que adoptam um estilo de vida sedentário, sendo este um dos indicadores que contribui para a obesidade infantil e consequentes repercussões para os níveis de saúde desses indivíduos, em idades mais avançadas (Duda, 1996; Standage et al., 2003). Assim, os motivos que determinam a prática desportiva, têm constituído um dos temas principais de investigação na área da Psicologia do Desporto, desde o início da década de 1980 (Frederick & Ryan, 1993, 1995; Harwood & Biddle, 2002). Vasconcelos Raposo (1996), refere mesmo que o estudo da motivação tem sido um dos temas dominantes ao longo da história da investigação em Psicologia do Desporto. Contudo, este entusiasmo deriva do trabalho dos psicólogos da área da Educação, que propuseram entender a motivação em termos de percepções e pensamentos, em vez de uma qualidade inata (Harwood & Biddle, 2002). Desta forma, ao longo da história do Homem, as razões do comportamento humano têm provocado muita especulação filosófica e científica, em que se salienta a posição dos indivíduos da Antiga Grécia, que sugeriam que as acções podiam ser página 7 Capítulo 2 – Revisão da Literatura simplesmente atribuídas à procura do prazer e/ou evitar determinadas punições, que originariam dor. Posteriormente, os termos drive, necessidades1 e motivos2, têm sido construtos utilizados para explicar as oscilações em curvas de aprendizagem, em diferenças de desempenho e percepções de contexto (Cratty, 1973). Assim, a motivação tem sido entendida como um factor fulcral na influência dos resultados da aprendizagem (Chen, 2001), pelo que ao mesmo tempo, não é possível ignorar o seu carácter multidimensional ao nível da sua estrutura, definição e complexidade subjacente (Cratty, 1973; Perreault & Vallerand, 1998; Rêgo, 1998). Para Cratty (1973) e Pintrich e Schunk (1996), o termo motivação tem origem na palavra movere (do latim), que é algo que nos faz mexer, ir a algum sítio (mover) ou incentiva-nos a realizar uma tarefa. Uma das dificuldades na definição da motivação, é que este conceito não é directamente observável, sendo apenas verificado através de determinantes comportamentais que o indivíduo demonstra, possuindo assim um elevado grau de subjectividade (Perreault & Vallerand, 1998). Em suma, a motivação pode ser descrita como um processo interno que regula e orienta um dado comportamento. Este processo é frequentemente afectado por factores pessoais e contextuais que estão associados com a adesão a uma actividade e as recompensas/punições provenientes desse envolvimento. Pelletier, Fortier, Vallerand, Tuson, Brière e Blais (1995), referem mesmo que a motivação está no centro dos problemas mais interessantes e estudados na área das Ciências da Actividade Física e Desporto, quer seja no resultado de contextos sociais (competição, comportamentos do atleta, treinador,...), quer seja, como influência de variáveis comportamentais (persistência, aprendizagem, performance,...). Entende-se, assim, o estudo da motivação como um dos aspectos importantes para a compreensão das diferenças individuais na prática desportiva, dado que alguns indivíduos exibem padrões motivacionais adaptacionais à medida que aplicam um determinado esforço para o sucesso, persistindo na prática desportiva, enquanto outros, às primeiras ocasiões de insucesso, abandonam a prática desportiva em questão (Steinberg & Maurer, 1999). Desta forma, as primeiras fases deste processo de investigação eram orientadas pela procura das recompensas que determinavam o 1 Como refere Kalliopuska (1993), o ser Humano tende a satisfazer as suas necessidades e a actualizar-se, pelo que estas necessidades são baseadas numa biologia individual, criada e desenvolvida numa sociedade e numa cultura, com uma dada interacção social. 2 O motivo é um factor dinâmico (consciente, inconsciente, fisiológico, afectivo, intelectual ou social) em interacção por vezes, que age influenciando o comportamento ou conduta de um indivíduo na direcção de um objectivo, fim ou meta, consciente ou inconscientemente apreendidos. O motivo oscila entre um impulso (processo interno que incita à acção) e um objectivo (meta que ao ser atingida, reduz ou anula temporariamente o impulso). Este ciclo através de um conjunto de satisfações ou gratificações, provoca uma apetência e predisposição mais intensa para a prática motora, atingindo mesmo as esferas da necessidade e do prazer-satisfação (Brito, 2001). página 8 Capítulo 2 – Revisão da Literatura comportamento em contexto desportivo, pelo que à medida que as pesquisas se desenrolaram, tornou-se claro que os motivos mais importantes para a participação desportiva em jovens, eram de natureza intrínseca, como a procura de experiências espontâneas de divertimento, prazer e desafio (Frederick & Ryan, 1995). Gerou-se um reconhecimento da significância da motivação intrínseca, no contexto da Psicologia do Desporto, originando um interesse crescente nos factores que podem elevar ou diminuir os níveis motivacionais intrínsecos dos participantes, bem como, os correspondentes níveis de envolvimento desportivo. 2.1. Delimitação conceptual dos termos motivacionais O estudo da motivação consiste, muito sucintamente, na exploração e determinação da intensidade3 e direcção4 de um dado comportamento, tornado objecto de estudo (Chen, 2001; Deci & Ryan, 1985; Ryan & Deci, 2000). A motivação intrínseca e extrínseca, são dois construtos sobejamente conhecidos e importantes para qualquer relação com o comportamento motivado. Os indivíduos responsáveis pela promoção da actividade física e do desporto, crêem que a motivação intrínseca é o aspecto chave para a manutenção de boas performances e do envolvimento desportivo (Biddle, Chatzisarantis & Hagger, 2001). Contudo, Biddle, Soos e Chatzisarantis (1999a) e Deci e Ryan (1985), consideram que esta dicotomia intrínseca-extrínseca é muito simplista para a compreensão da motivação, pelo que segundo uma perspectiva auto-determinista, afirmam que a motivação pode ser categorizada de uma forma global e considerando um continuum da forma mais autodeterminada para a menos auto-determinada, em motivação intrínseca, motivação extrínseca5 e amotivação. Assim, a motivação intrínseca define-se operacionalmente em duas formas: (i) participação voluntária numa actividade, em “aparente” ausência de recompensas ou pressões externas; ou, (ii) participação numa actividade, pelo interesse, satisfação e prazer que obtêm desse envolvimento (Vallerand, Deci & Ryan, 1987). Este tipo de comportamentos motivados, tem por base o divertimento, prazer e satisfação, como 3 Este conceito refere-se principalmente a uma questão de necessidades, em que torna-se importante considerar aquelas que são inatas ao organismo, bem como, aquelas que surgem das interacções do indivíduo, com o contexto em que se insere (Deci & Ryan, 1985). 4 A direcção engloba os processos e estruturas do organismo, que tendo em conta os estímulos internos e externos, orientam o comportamento de forma a satisfazer as necessidades (Deci & Ryan, 1985). 5 Na definição da motivação extrínseca, Deci e Ryan (1985) dividem este construto em 4 tipos: regulação externa, regulação-introjecção, regulação identificada e regulação integrada. página 9 Capítulo 2 – Revisão da Literatura acontece em actividades recreativas ou de tempos livres, usualmente correspondendo a actividades desafiantes (Ntoumanis, 2001a). O prazer advém unicamente da actividade, em vez de recompensas extrínsecas como o dinheiro, prémios ou reconhecimento, ocorrendo esta participação livre de pressões e restrições (Biddle et al., 2001a). Assim, os indivíduos que praticam uma qualquer modalidade desportiva, porque a consideram interessante e gostam de conhecer algo mais acerca dela ou os indivíduos que treinam/praticam um desporto, pelo prazer de se tentarem superar a eles próprios, consideram-se como motivados intrinsecamente (Pelletier et al., 1995). Deci e Ryan (1985) acrescentam, ainda, que a motivação intrínseca tem origem em necessidades psicológicas de competência, auto-determinação e relacionamento. Assim, este construto possui um papel importante no desenvolvimento, aprendizagem e socialização, em quase todos os domínios da vida. Enquanto a pesquisa anterior tem estudado as determinantes e consequências da motivação intrínseca, a partir de uma perspectiva unidimensional, a investigação mais recente neste domínio, tem adoptado uma perspectiva multidimensional (Vallerand & Bissonnette, 1992). Especificamente, os 3 tipos de motivação intrínseca definem-se em: (i) motivação intrínseca para o conhecimento, (ii) motivação intrínseca para o aperfeiçoamento e (iii) motivação intrínseca para a vivência de situações estimulantes. Quanto ao primeiro tipo, relaciona-se com diversos construtos, como a exploração, curiosidade, objectivos de aprendizagem e a necessidade de conhecer e compreender. Por exemplo, este tipo verifica-se em atletas/alunos que sejam motivados intrinsecamente para descobrirem novas técnicas de execução motora, somente pelo prazer de aprenderem algo novo (Deci & Ryan, 1985). O segundo tipo, tem sido mais investigado na área da Psicologia do Desenvolvimento e da Educação, pelo nome de motivação para a mestria ou orientação para a tarefa. Um dos exemplos, é quando os alunos realizam acções motoras difíceis, de forma a maximizarem a sua execução técnica, de modo a sentirem satisfação pessoal de mestria (Pelletier et al., 1995). Por fim, a motivação intrínseca para a vivência de experiências estimulantes, ocorre quando os indivíduos participam numa actividade para sentirem sensações estimulantes, como por exemplo no contexto desportivo, a vivência de situações de flow, prazer e divertimento (Kowal & Fortier, 2000; Standage et al., 2003). página 10 Capítulo 2 – Revisão da Literatura Tem-se verificado em estudos anteriores, um número de benefícios educacionais e desportivos, relacionados com a motivação intrínseca, como: a melhoria da aprendizagem, empenho, esforço e persistência em actividades de aprendizagem (Goudas, Dermitzaki & Bagiatis, 2000) e intenção de realizarem as aulas de Educação Física, bem como, participarem em actividades desportivas, no futuro (Goudas, Dermitzaki & Bagiatis, 2001). Neste aspecto, considera-se que os indivíduos são motivados intrinsecamente, quando sentem que as suas capacidades são suficientes para as exigências da situação/contexto e quando sentem que as suas acções tem origem e são reguladas por eles mesmos. As actividades motivadas intrinsecamente, são definidas como sendo “autotélicas”, significando auto-controlo, auto-determinação e autonomia (Biddle et al., 2001a). Deci e Ryan (1985, p. 34) afirmam que quando considerado o interesse, como um estado psicológico intrínseco ao indivíduo, existe uma similaridade conceptual com a motivação intrínseca: “... the emotion of interest plays an important directive role in intrinsically motivated behaviour in that people naturally approach activities that interest them”. Quanto à definição de motivação extrínseca, Ntoumanis (2001a) afirma que este construto verifica-se em situações nas quais os indivíduos realizam uma actividade, como forma de obter certos benefícios pretendidos, pelo que a diversidade desses benefícios, reflectem a natureza multidimensional da motivação extrínseca. Como referem Deci e Ryan (1985, p.137): “... extrinsic motivation pertains to a wide variety of behaviors that are engaged in as means to an end and not for their own sake”. Desta forma, a motivação extrínseca consiste num conjunto variado de comportamentos, que são realizados com vista a um fim, que não o próprio prazer e divertimento na actividade (Pelletier et al., 1995). Este facto sugere, que quando estas recompensas ou pressões externas fossem retiradas, a motivação iria diminuir em função da ausência de um qualquer interesse intrínseco (Biddle et al., 2001a). É proposto existirem diferentes tipos de motivação extrínseca ao longo de um continuum de auto-determinação. A sua apresentação é feita da forma motivacional mais auto-determinada, para a amotivação. Isto reflecte que receber recompensas ou ser pressionado por prazos, é referido como sendo uma forma controladora de autonomia, pelo que este comportamento não é uma expressão do indivíduo, dado que este está subjugado à variável controladora. Assim, a sensação de autonomia ou página 11 Capítulo 2 – Revisão da Literatura controlo, reflecte os extremos do continuum6 apresentado anteriormente, pelo que existem tipos motivacionais extrínsecos diferentes, de acordo com a variação do lócus de percepção de causalidade7 (Deci & Ryan, 1985). O tipo regulação integrada, é a forma mais auto-determinada ou autónoma da regulação externa de um comportamento. Este, considera-se ser “volitivo”, dada a sua utilidade e importância para os objectivos pessoais de um indivíduo (Biddle et al., 2001a). Estas actividades, são desenvolvidas existindo possibilidade de escolha. Contudo, nesta situação o ênfase não se limita à própria actividade, dado que a decisão de realizar o comportamento, é entendida como um esforço mais global, que permite “harmonizar” e fornecer coerência ao todo que constitui a percepção que um indivíduo tem de si (Ntoumanis, 2001a). Um exemplo, são os alunos que decidem participar em aulas de Educação Física, dado que reconhecem a sua importância na adopção de um estilo de vida saudável. Contudo, Pelletier et al. (1995), salientam que este tipo de motivos, usualmente não são mencionados por crianças e adolescentes, pelo que esta forma de motivação extrínseca raramente é considerada em estudos nestas faixas etárias. Neste mesmo âmbito, Standage et al. (2003) acrescentam que em estudos anteriores, este tipo de regulação não emergiu como uma razão percepcionada para a participação numa actividade desportiva. Deci e Ryan (1985), referem que apesar deste tipo de motivação extrínseca representar uma forma integrada e auto-determinada, considera-se ser um comportamento motivado extrinsecamente, na medida em que é realizado com vista à concretização de objectivos pessoais e não, pelo próprio prazer advindo do envolvimento nessa actividade. O tipo motivacional extrínseco regulação identificada, existe quando uma acção ou comportamento é motivado pela apreciação dos resultados e benefícios da participação numa actividade, tal como acontece na actividade física, o caso da prevenção de doenças ou melhoria da condição física (Biddle et al., 2001a). Este tipo é menos auto-determinado que o anterior e mesmo tendo em conta que o comportamento seja regulado internamente, por vezes é realizado sem que o indivíduo o considere agradável ou mesmo interessante (Ntoumanis, 2001a, no prelo). Assim, a importância é colocada no benefício da actividade (melhoria do aspecto, perda de 6 “... the degree to which the regulation of a non intrinsically motivated behaviour has been internalized…” (Deci & Ryan, 1985, p. 136). Este continuum representa um índice de autonomia relativa, percepcionada pelo indivíduo (Goudas et al., 2000). 7 Consiste nos “estilos regulatórios”, que promovem ou diminuem a internalização e integração de um dado comportamento, permitindo ao indivíduo definir qual o seu controlo sobre o comportamento em questão (Biddle et al., 2001a). página 12 Capítulo 2 – Revisão da Literatura peso,...), e mesmo considerando que o comportamento é realizado sem pressões externas, este somente representa um meio para um fim (Standage et al., 2003). Um dos exemplos, são os atletas que praticam desporto, percepcionando que este envolvimento é importante para o seu desenvolvimento como indivíduo (Pelletier et al., 1995). Deci e Ryan (1985) referem que a identificação consiste na aceitação da regulação de um comportamento por parte deste, permitindo percepcionar algum controlo e possibilidade de escolha da actividade, mesmo que por razões extrínsecas. Em suma, a intenção do comportamento verifica-se da seguinte forma (Biddle et al., 1999a, p. 84): “... it is best reflected in feelings of ‘want’ rather than ‘ought’ or ‘should’”. Quanto ao tipo regulação-introjecção, Deci e Ryan (1985) afirmam que neste caso os “estilos regulatórios” não são tão explícitos e a regulação é mais afectiva, do que cognitiva. Assim, este tipo de regulação envolve a resolução de impulsos conflituosos (fazer ou não fazer,...) e os comportamentos resultantes desta forma motivacional, provêm de reforços resultantes de pressões internas, como a culpa e a ansiedade (Pelletier et al., 1995) ou do desejo de obter reconhecimento social (Ntoumanis, 2001a). Desta forma, não se verifica auto-determinação nestes comportamentos, pelo que os processos regulatórios baseiam-se em fontes de controlo externo (Standage et al., 2003). Assim (Ntoumanis, no prelo): “... the prevailing feeling is that one ‘ought’ to carry out the activity (in contrast to external regulation where one ‘must’ do it) to avoid feelings of guilty and anxiety, or to please significant others”. Como referem Biddle et al. (2001a), o termo introjecção tem sido utilizado em muitas áreas da Psicologia ao longo dos anos e refere-se ao facto de um indivíduo aceitar um princípio, mas sem se identificar com ele ou sem o interiorizar como sendo dele. Estando num dos extremos do continuum de auto-regulação e sendo reconhecida como a forma motivacional extrínseca não autónoma, encontra-se a regulação externa, que de acordo com Deci e Ryan (1985) é a forma mais básica de motivação extrínseca. Este tipo, consiste na imposição de contingências externas por parte de outra pessoa. Assim, o comportamento é controlado por recompensas e ameaças, sendo que esta forma externa de auto-regulação, verifica-se primordialmente durante os primeiros anos de vida de um indivíduo. Este termo reflecte o que tradicionalmente foi denominado de motivação extrínseca, aquando da sua suposição enquanto conceito unidimensional (Ntoumanis, 2001a; Standage et al., 2003). Exemplos do contexto desportivo para este tipo, são aqueles indivíduos que praticam uma modalidade desportiva, com vista ao reconhecimento por parte do treinador ou para página 13 Capítulo 2 – Revisão da Literatura obterem recompensas monetárias. A prática desportiva assume-se, assim, não como uma forma de divertimento e prazer, mas como um modo de obter recompensas ou evitar consequências negativas (Pelletier et al., 1995). Por fim, os comportamentos amotivados (amotivação8) são iniciados e regulados por “forças” para além do controlo intencional do indivíduo, pelo que nem se consideram intrinsecamente ou extrinsecamente motivados, tendo em conta a ausência de intenção (Deci & Ryan, 1985). Isto refere-se à relativa ausência de motivação, dado que o indivíduo percepciona uma inexistência de contingências entre as acções e os resultados, não existindo assim motivos para a continuação da prática da actividade em questão (Biddle et al., 2001a). Desta forma, Pelletier et al. (1995, p. 49) afirmam que: “... the study of motivation may prove helpful in predicting lack of persistence in sport and physical activity”. Concomitantemente, o que se tem verificado é que muitos alunos de Educação Física, não possuem níveis motivacionais suficientes para participar nas actividades propostas, pelo que sentem-se aborrecidos e incompetentes e afirmam que não obtêm nada de útil a partir desse envolvimento, pelo que percepcionam esse tempo dispendido como mal utilizado (Ntoumanis, no prelo). Em suma a todas as definições apresentadas, Kilpatrick, Hebert e Jacobsen (2002), apresentam um diagrama que revela o continuum de motivação com base na teoria de Deci e Ryan (1985). Ní ve i s m oti va c i ona is M oti vo s p a ra o c o m porta m e nto M otiva çã o In trín se ca D ive rtim e n to M e s tria P ra ze r M o tiva çã o E xtrín se ca A u to -d e te rm in a d a A s p e c to s d e s a ú d e F itn e ss A s p e c to s s o cia is L i m i a re s m oti va c i ona i s L im iar d a m o tiva çã o in trín se ca L im iar d a au to n om ia M o tiva çã o E xtrín se ca N ã o A u to -d e te rm in a d a R e c o mp e n sa s P re ss ã o M e d o /re ce io L im iar d a m o tivaç ã o A m otiva çã o In c e rte za A ba n d on o Figura 1 – Definição dos níveis e correspondentes limiares motivacionais (adaptado de Kilpatrick, Hebert & Jacobsen, 2002) 8 Este termo, assume-se como similar ao “learned helplessness” (Standage et al., 2003). página 14 Capítulo 2 – Revisão da Literatura 2.2. A importância dos motivos intrínsecos e extrínsecos na definição da participação desportiva O desporto contêm um conjunto de actividades, que a maioria das pessoas praticam por prazer e divertimento, podendo escolher por um vasto leque de modalidades. Para muitos desses indivíduos, a única recompensa é a possibilidade de jogar e desfrutar dessa oportunidade. Contudo, à medida que a estrutura organizativa do desporto se envereda e torna-se mais “densa”, um conjunto de componentes e motivos extrínsecos emergem desse envolvimento desportivo, salientando-se as recompensas monetárias, prémios, reconhecimento social, bem como, a demonstração de capacidades (Vallerand et al., 1987). Frederick e Ryan (1993) referem mesmo que quer os motivos extrínsecos, quer os intrínsecos, podem definir a adesão desportiva, estando contudo, associados a diferentes níveis de participação e satisfação. Em suma, os estudos centrados nos motivos para a prática desportiva, indicaram que a distinção entre os motivos intrínsecos e extrínsecos é “ecologicamente” válida para o contexto desportivo e que os motivos intrínsecos são mais importantes para os participantes de actividades desportivas amadoras e recreativas. Estes resultados têm-se demonstrado consistentes para diferentes sexos, idades e modalidades desportivas, salientando-se o facto dos indivíduos do sexo feminino salientarem mais motivos intrínsecos, enquanto os elementos masculinos indicam por sua vez, mais motivos extrínsecos para o seu envolvimento desportivo (Vallerand et al., 1987). Desta forma, pretendemos com este sub-capítulo apresentar diversos estudos que sustentam (ou não) as afirmações anteriores, de acordo com diferentes variáveis de estudo. Muitos dos estudos centrados na adesão desportiva, reportaram-se a populações de idades mais baixas, tendo os resultados sugerido que estes indivíduos praticavam desporto por um elevado número de motivos, como o divertimento, prazer, desenvolvimento de habilidades motoras, desafio e fitness (Frederick & Ryan, 1993). Weiss e Petlichkoff (1989), verificaram que os motivos normalmente indicados pelos jovens como mais importantes se relacionavam fundamentalmente com 4 grandes categorias de motivos: competência, saúde, afiliação e divertimento. Para Portugal, os resultados dos estudos desenvolvidos até ao momento, são bastante semelhantes ao da literatura internacional (Fonseca, 2000). página 15 Capítulo 2 – Revisão da Literatura Um dos estudos mais conhecidos neste âmbito, é o que foi desenvolvido por Buonamano, Cei e Mussino (1995), que estudou 2589 jovens de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 9 e os 18 anos de idade. A partir dos resultados obtidos neste estudo, emergiram 5 tipologias de motivos perante o desporto: (i) entusiastas: que acreditam que o desporto conduz ao sucesso e fama; (ii) necessidade de socialização: em que os desportos colectivos são os preferidos; (iii) competição e vitória: como meios de auto-realização e reconhecimento social; (iv) individualistas: principalmente em faixas etárias mais baixas, os atletas pretendem é desenvolver habilidades físicas; e, (v) não competidores: salientando contudo a necessidade de receber reforços extrínsecos directos (na situação das raparigas), ou através da equipa a que pertencem (na situação dos rapazes). Em contraste, a área de estudo acerca do envolvimento desportivo por parte dos adultos, é mais recente, tendo os resultados sugerido diferenças importantes nos motivos que definem a adesão desportiva (Ryan et al., 1997). Assim, Frederick e Ryan (1993), realizaram um estudo com 376 adultos que praticavam desportos individuais e actividades de academia. Os primeiros indicaram o divertimento e a competência como motivos mais importantes, tendo os praticantes de actividades de academia, salientado motivos relacionados com a imagem corporal e melhoria da condição física. Contudo, verificou-se que para ambos grupos, os motivos de divertimento e competência estavam positivamente relacionados com o número de horas de prática semanal, a percepção de competência e a satisfação com a actividade. Gill, Williams, Dowd, Beaudoin e Martin (1996), também adoptaram a separação da amostra em grupos, de acordo com diferentes modalidades desportivas: clube de atletismo (n = 43), actividades de academia (n = 35), programa de exercícios para reabilitação cardíaca (n = 44) e clube da actividades desportivas para idosos (n = 87). No geral, os principais resultados indicaram que os participantes de diferentes actividades desportivas, possuem múltiplos motivos e orientações cognitivas, salientando-se o facto dos praticantes de modalidades individuais (atletismo), possuírem menores orientações para a competição, assim como em todos os grupos, os elementos do sexo feminino, indicaram motivos mais relacionados com a saúde, afiliação e aparência física. Este facto, pode relacionar-se com as preocupações devido ao grande ênfase da sociedade, no que respeita à aparência física da mulher. Grosso modo, Ryan et al. (1997) sugerem que independentemente dos tipos iniciais de motivos para uma qualquer prática desportiva, a motivação intrínseca é crítica para página 16 Capítulo 2 – Revisão da Literatura a adesão desportiva. Para tal, apresentam as conclusões dos estudos de Boothby, Tungatt e Townsend (1981), Brawley e Vallerand (1984), Perrin (1979) e Wankel (1993), que afirmam o seguinte: (i) muitos indivíduos participam em programas de actividades de academia, por motivos extrínsecos como a perda de peso ou sentiremse mais atraentes, pelo que tal se relaciona com a baixa taxa de adesão, na medida em os indivíduos motivados extrinsecamente, não obtêm muito divertimento da própria actividade; (ii) as situações espontâneas de divertimento, conduzem a um aumento da persistência e de benefícios psicológicos (redução do stress, ...); (iii) os motivos sociais, apesar de extrínsecos à actividade, podem contribuir para a adesão desportiva, na medida em que a interacção social pode elevar os níveis de prazer e divertimento na própria actividade; e, (iv) apesar de participantes em programas de actividade física, inicialmente apresentarem os benefícios de saúde como motivo principal, a longo prazo, consideravam o divertimento como principal razão para a continuação do seu envolvimento desportivo. Em suma, os motivos iniciais e processos cognitivos mais relacionados com a motivação intrínseca, nomeadamente no que se refere ao divertimento e competência, assumem-se como os factores associados com uma maior adesão desportiva, considerando quer diferentes idades, como diferentes sexos (Frederick & Ryan, 1993). 2.3. A influência da Educação Física na definição de hábitos de prática desportiva Relativamente pouca pesquisa, tem definido os aspectos psicológicos da participação em aulas de Educação Física, apesar destas serem frequentadas por quase todas as crianças e jovens. Além do que, reconhece-se que a Educação Física tem uma influência muito significativa nos níveis de saúde pública (Goudas et al., 2001; Goudas, Biddle, Fox & Underwood, 1995; Haywood, 1991; Sallis & McKenzie, 1991). De tal forma, que Sallis e McKenzie (1991, p. 131) referem: “... the setting with most promise for having a public health impact is the schools, because virtually all children can be reached in school, and an existing infrastructure is devoted to physical education and health education”. Consequentemente, torna-se importante verificar os níveis de motivação para a participação em aulas de Educação Física, especialmente após alguns relatórios referirem que os jovens não participam em actividades físicas suficientes, para benefício dos seus níveis de saúde (Armstrong & Biddle, 1992). Uma das situações verifica-se na Grécia, em que cerca de 30% dos estudantes do Ensino Secundário, página 17 Capítulo 2 – Revisão da Literatura não realizam a aula de Educação Física, por um variado número de razões (Papaioannou & Theodorakis, 1996). Contudo, o que se tem verificado no nosso país, nos últimos anos, em muito assemelha-se ao constatado no panorama internacional, em que cada vez mais, são frequentes os casos de alunos que desde muito cedo evitam a aula de Educação Física, quer seja por motivos de doença, incompetência física ou quaisquer outros. O ênfase da EF é colocado frequentemente no ensino de habilidades motoras. Contudo, alguns jovens têm oportunidades de participarem em actividades desportivas que decorrem em contextos extra-curriculares, enquanto para outros, a aprendizagem de habilidades motoras representa um desafio para os níveis de competência e empenho dos alunos. Estas diferenças, podem-se reflectir na motivação em aulas de EF (Goudas et al., 2001). No entanto, existe uma reduzida evidência acerca do efeito da participação desportiva, nos níveis motivacionais em EF. Anderssen (1993), sugere que os alunos com experiência desportiva possam revelar atitudes mais favoráveis perante a EF, do que os alunos sem experiência desportiva. Também salienta que os alunos com níveis mais elevados de percepção de competência física, gostam mais deste tipo de aulas, do que os alunos com menores níveis de percepção de competência física. Assim, assume-se uma necessidade de definir o papel da participação desportiva e a sua relação com as aulas de EF. Esta relação deverá ser estabelecida com o estudo dos construtos motivacionais, como a motivação intrínseca e a percepção de utilidade/benefícios da EF, na medida em que estes são mencionados como importantes, na diferenciação da motivação na EF, bem como nas possíveis escolhas de participação em actividades desportivas (Goudas et al., 1995, 2001; Papaioannou & Theodorakis, 1996). É lógico assumir que os programas de actividade física no contexto escolar, terão uma influência positiva, quando os alunos sentirem-se motivados para participar na EF e quando estes percepcionarem benefícios positivos, ao nível cognitivo, afectivo e psicomotor, como resultado dessa participação. Coakley e White (1992) referem que a motivação dos alunos pode ser elevada através do desenvolvimento e aplicação de programas de EF que privilegiem a possibilidade de escolha e diversidade, pelo que se verificam benefícios mais prolongados, quando são oferecidas aos alunos página 18 Capítulo 2 – Revisão da Literatura diferentes actividades físicas e estes têm a possibilidade de escolha9 da actividade que pretendem realizar (Condon & Collier, 2002). Por outro lado e dado que neste contexto existem indivíduos que quando comparados, possuem uma maior discrepância de habilidades motoras, ao contrário do contexto desportivo competitivo extra-escolar (Papaioannou, 1994), verifica-se que a ausência de percepções de competência é uma das experiências negativas mais referenciadas na EF. Consequentemente, torna-se evidente que somente os alunos que se percepcionarem e forem fisicamente competentes, irão considerar as aulas de EF interessantes e divertidas e pretenderão participar nestas, como forma de desenvolver as suas habilidades motoras (Ntoumanis, no prelo). Outro aspecto a considerar na investigação em EF, é a forma como o interesse define a participação neste tipo de actividades desportivas. Van Wersch et al. (1992) relacionaram a influência da idade e sexo, na definição do interesse em aulas de EF, em alunos do ensino preparatório e secundário. Verificaram um efeito interactivo entre a idade, sexo e interesse dos alunos. Em idades mais baixas, as raparigas demonstraram maior interesse em aulas de EF do que os rapazes. Em idades mais avançadas, o interesse dos rapazes foi maior do que o das raparigas. Contudo, quando consideraram a totalidade da amostra, para ambos os sexos, verificaram um declínio do interesse na EF. Os resultados foram justificados pelo facto dos alunos percepcionarem que a EF não foi uma disciplina importante, apesar de para a maioria da amostra, ser a sua disciplina preferida. Por fim, Chen (2001) refere que os níveis motivacionais em EF, variam de acordo com os conteúdos leccionados e a percepção que os alunos têm, de poderem escolher a actividade que desejam, revelando uma interacção com o processo de ensinoaprendizagem. Num estudo longitudinal desenvolvido nos Estados Unidos da América, entre 1982 e 1994, o envolvimento nas aulas de EF diminuiu drasticamente, verificando-se maiores níveis de abandono ao nível do ensino secundário. Assim, os dados demonstram um declínio no envolvimento de 60,5%, 37,4% e 29,2% em 1982 (10º, 11º e 12º ano, respectivamente), para 34,6%, 16,5% e 8,6%, no ano de 1994 (considerando a mesma ordem do ano de escolaridade). Contudo, um dado interessante foi que quando considerando as aulas de EF, claramente orientadas para modalidades colectivas e actividades de academia (ao contrário do conjunto de 9 O estudo da importância da escolha assume-se como fulcral na linha desta investigação e dado que este estudo tem por base uma perspectiva teórica que considera a possibilidade de escolha e autonomia, parece-nos bastante útil a aplicação da Teoria da Auto-Determinação (Deci & Ryan, 1985), como forma de compreender os processos motivacionais que ocorrem na EF e permitem predizer futuras actividades físico-desportivas. página 19 Capítulo 2 – Revisão da Literatura múltiplos desportos e actividades desportivas – concepção tradicional), verificaram-se aumentos de 9,5% (1982) para 14,7% (1994) nas modalidades colectivas e aumentos de 5,6% (1982) para 14,6% (1994), nas actividades de academia. Assim, os resultados revelam que os alunos preferem actividades desportivas específicas, ao contrário da multiplicidade existente no programa de EF, pelo que assume-se que os níveis motivacionais dos alunos e as suas intenções de envolvimento desportivo, são consistentes com o seu interesse pessoal. Desta forma, verifica-se que o conhecimento dos processos psicológicos no contexto da EF (nomeadamente a definição dos seus níveis motivacionais e relação com a intenção de prática desportiva) e a definição das determinantes da actividade física em jovens, é uma prioridade neste âmbito de investigações (Biddle et al., 1999a; Goudas et al., 1995). 2.4. Teorias da Motivação De acordo com Weiss e Chaumeton (1992), para que se verifique uma evolução no conhecimento científico, existe uma necessidade dos estudos centrarem-se em testar e se necessário modificar as teorias existentes, de forma a compreender melhor os processos que permitem compreender o envolvimento desportivo. Roberts (1992), afirma que as teorias motivacionais situam as pessoas entre elementos passivos numa natureza mecanística e orientadas por condutas psicológicas, e teorias cognitivas que situam as pessoas como elementos activos e que interpretam o seu contexto de realização e a acção que desencadearam. Numa perspectiva de motivação e adesão à prática desportiva, têm sido utilizadas 3 perspectivas teóricas: Teoria da Competência Motivacional, originalmente conceptualizada por White (1959) e posteriormente refinada e operacionalizada por Harter (1978, 1981), que afirma que os indivíduos são motivados para demonstrar competência num dado domínio de realização, envolvendo-se assim no desenvolvimento de habilidades, com vista à mestria; a Teoria dos Objectivos de Realização (Nicholls, 1984) e a Teoria das Permutas Sociais (Thibaut & Kelley, 1959), que posteriormente foi reformulada num modelo afecto-cognitivo de abandono desportivo, por Smith (1986), em que a premissa básica é que um comportamento social é motivado pelo desejo de maximizar as experiências positivas e consequentemente, minimizar as experiências negativas. página 20 Capítulo 2 – Revisão da Literatura Contudo e quando considerando uma perspectiva de estudo das orientações motivacionais intrínsecas e extrínsecas, foram utilizadas 2 perspectivas teóricas: a Teoria da Auto-Determinação (mais concretamente, uma “porção”, denominada Teoria da Avaliação Cognitiva) de Deci e Ryan (1985); e, a Teoria da Competência Motivacional (Harter, 1978, 1981; White, 1959). Assim e considerando os propósitos do nosso estudo, somente iremos apresentar definições, implicações, resultados de estudos e considerações da perspectiva teórica de Deci e Ryan (1985), em qual é baseado o nosso estudo e a perspectiva teórica de Nicholls (1984, 1989), dado estar perfeitamente documentada a relação e integração de ambas as teorias (Biddle et al., 1999a; Duda, Chi, Newton, Walling & Catley, 1995; Ntoumanis, 2001b; Standage & Treasure, 2002; Standage et al., 2003)10. 2.4.1. Teoria da Auto-Determinação Biddle et al. (1999a), afirmaram que esta teoria não considera a forma como é definido o sucesso, mas sim, o modo como um dado comportamento é regulado qualitativamente, através de diferentes razões para tal (perspectiva centrada na autonomia). Esta teoria, tem sido o paradigma teórico primordialmente utilizado no contexto desportivo, no que se refere à investigação acerca da motivação intrínseca (Duda et al., 1995). A sua aplicação no contexto educativo e desportivo, tem sido feita de forma bem sucedida, demonstrando a importância das diferentes formas motivacionais na indução de diversos benefícios cognitivos, comportamentais e afectivos (Ntoumanis, 2001a) e tem sido bastante útil, na medida em que centra-se na importância da escolha e autonomia do comportamento humano. Assim, a aplicação desta teoria pode permitir a definição da intensidade e direcção do comportamento em contextos desportivos, como é o caso da Educação Física, dado que a escolha de tarefas e habilidades motoras é bastante limitada, o que pode diminuir os níveis de auto-determinação dos alunos, não descurando a importância da competência na definição dos níveis motivacionais (Ntoumanis, no prelo). Biddle et al. (2001a), referem que esta teoria surgiu a partir de outras teorias mais definidas e específicas. Contudo, a própria Teoria da Auto-Determinação, é composta por outras “mini-teorias”, como a Teoria da Avaliação Cognitiva que relaciona os efeitos de eventos externos (ex: recompensas), na definição da motivação intrínseca. As outras componentes são a Teoria de Integração Orgânica e a Teoria das 10 Contudo e tendo em conta que neste estudo, estará implicado a determinação das intenções de prática desportiva, também será considerada e sumariamente apresentada a Teoria do Comportamento Planeado (Ajzen, 1985, 1991). página 21 Capítulo 2 – Revisão da Literatura Orientações Causais, que contudo não tem sido usualmente utilizadas no contexto desportivo (Biddle et al., 2001a; Deci & Ryan, 1985), pelo que não serão referidas neste corpo teórico. 2.4.1.1. Teoria da Avaliação Cognitiva Deci e Ryan (1985) afirmam que o contexto desportivo e da actividade física, providencia muitas oportunidades para os indivíduos compararem as suas habilidades e competências com as suas prestações anteriores, aumentando assim a probabilidade da ocorrência de um feedback significativo e mudanças positivas na motivação intrínseca. Da mesma forma, estes tipos de contextos permitem percepcionar sensações de controlo interno, o que também eleva a probabilidade citada anteriormente. Contudo, da mesma forma que o desporto pode criar oportunidades para este tipo de mudanças na percepção de competência, autodeterminação e motivação intrínseca, pode também ser organizado de tal modo que proporcione feedbacks negativos e exerça pressões nos indivíduos, resultando em decrementos da motivação intrínseca e uma internalização de orientações motivacionais extrínsecas (Weiss & Chaumeton, 1992). A Teoria da Avaliação Cognitiva, foi inicialmente formulada por Deci (1975), pelo que à medida da realização de diversos estudos e definição de certas constatações, nomeadamente respeitantes à relação entre a auto-determinação e competência, evoluiu para a forma aqui descrita e apresentada em Deci e Ryan (1985). Esta, descreve os efeitos que iniciam e regulam o comportamento, respeitante a processos motivacionais relevantes. Inicialmente foi definida através de três proposições, sendo adicionada uma quarta respeitante aos eventos intrapessoais (Mandigo & Holt, 2000). 2.4.1.1.1. Percepção do Lócus de Causalidade A primeira está relacionada com as necessidades intrínsecas dos seres humanos de se percepcionarem auto-determinados (Deci & Ryan, 1985, p. 62): “... external events relevant to the initiation or regulation of behavior will affect a person’s intrinsic motivation to the extent that they influence the perceived locus of causality for that behavior. Events that promote a more external perceived locus of causality will undermine intrinsic motivation, whereas those that promote a more internal perceived locus of causality will enhance intrinsic motivation…” página 22 Capítulo 2 – Revisão da Literatura Assim, os eventos que originam um lócus de causalidade externa, diminuem os níveis motivacionais intrínsecos dado que reduzem os níveis de auto-determinação dos indivíduos, isto é, o controlo do seu comportamento, enquanto um lócus de causalidade interna, pode aumentar os níveis de motivação intrínseca, na medida em que facilita as percepções de auto-determinação e aumenta a autonomia (Biddle et al., 2001a; Mandigo & Holt, 2000). Assim, os eventos podem ser percepcionados como controladores ou não controladores, influindo nos níveis de auto-determinação. Diversos estudos revelaram que em diversas idades, sexos e tarefas, as diferentes recompensas externas (prémios, dinheiro, troféu de melhor jogador,...) tendem a diminuir a motivação intrínseca (Vallerand et al., 1987), dado que estes incentivos são entendidos como formas controladoras e assim, limitadoras da auto-determinação. Um estudo que explica o citado anteriormente, é o de Ryan (1977), que utilizou um questionário em atletas de duas instituições diferentes, de forma a determinar a motivação intrínseca. Comparou atletas masculinos que eram detentores de uma bolsa de estudo e outro grupo masculino que não possuía este tipo de incentivo, hipotetizando que aqueles que recebiam dinheiro para praticar desporto, demonstrariam menores níveis de motivação intrínseca. O mesmo se verificou, dado que os resultados permitiram perceber que os atletas detentores de bolsa, apresentaram mais motivos extrínsecos para a participação desportiva e revelaram menos divertimento, do que os atletas que não recebiam nenhuma bolsa de estudo. Contudo, uma das limitações deste estudo, foi não considerar diferentes modalidades e diferentes sexos. Ryan (1980) replicou e aprofundou o estudo anterior, com uma amostra de ambos os sexos e de praticantes de futebol americano e wrestling. Os resultados indicaram que para as raparigas e para os wrestlers, a atribuição de uma bolsa de estudo não diminuiu a sua motivação intrínseca, dado que não era uma situação usual, pelo que foi percebida como uma fonte informacional da sua competência. Os praticantes masculinos de futebol, por sua vez, reagiram como no estudo anterior. Desta forma, sugeriu-se que as bolsas de estudo podem ser percebidas como controladoras para os jogadores de futebol, na medida em que estas são usuais neste contexto, para motivar os praticantes. Contudo, para os wrestlers e para as raparigas, a atribuição de uma bolsa foi percebida como uma afirmação e valorização da sua competência, não diminuindo assim os seus níveis motivacionais intrínsecos11. 11 Considerar o continuum de autonomia, referido anteriormente na definição da motivação extrínseca. página 23 Capítulo 2 – Revisão da Literatura Mais recentemente, Goudas et al. (1994) verificaram que a percepção de autonomia dos alunos, em duas diferentes actividades (futebol/netball e ginástica), influenciava positivamente os níveis de motivação intrínseca, bem como, a intenção de continuar a praticar essas actividades no futuro. Neste contexto, Goudas et al. (2000), realizaram um estudo em 516 alunos de Educação Física, de forma a determinar os construtos que prediziam a motivação intrínseca. Assim, o lócus de percepção de causalidade, foi aquele que teve um maior efeito na motivação intrínseca, pelo que os resultados deste estudo suportam a noção de que o aumento da autonomia dos alunos, resulta na promoção da motivação intrínseca em aulas de EF. O mesmo já tinha sido sugerido por Ferrer-Caja e Weiss (2000) e Vallerand et al. (1987), ao afirmarem que o professor é o factor mais importante na determinação do contexto das aulas, pelo que a facilitação de um lócus de causalidade interno nos alunos, originaria maior motivação intrínseca, percepção de competência, divertimento e auto-estima. Por outro lado, o estudo de Wong e Bridges (1995), com 108 atletas masculinos de futebol, revelou que as sensações de auto-determinação (lócus de controlo interno), influenciavam positiva e significativamente a motivação intrínseca, bem como a percepção de competência, pelo que à medida que os atletas percepcionavam que o evento em que participavam era determinado por factores externos, menores eram os seus níveis de percepção de competência, bem como de interesse pela actividade praticada. Ntoumanis (no prelo), através de uma análise de clusters12, pretendeu verificar de que forma se agrupavam os perfis de motivação, em 428 estudantes ingleses de EF. Assim, obtiveram-se 3 perfis (motivação auto-determinada, motivação controlada e amotivação), pelo que 44% da amostra foi classificada no perfil motivacional autodeterminado. Estes alunos, revelaram benefícios positivos da participação em aulas de EF, como empenho, divertimento e baixos níveis de desinteresse. Também afirmaram que os seus professores, promoviam uma aprendizagem cooperativa, em que os alunos podem-se auxiliar de forma a aprender e melhorar as suas habilidades motoras. Assim, um contexto de aula que não promova a comparação normativa e não saliente somente os alunos mais competentes, maximiza o interesse na disciplina, bem como, os níveis de auto-determinação dos alunos. 12 A análise de clusters é um procedimento multivariado para detectar grupos homogéneos nos dados, assemelhandose à análise factorial, dado que em ambos os procedimentos são identificados grupos de variáveis relacionadas entre si (Pestana & Gageiro, 2000). página 24 Capítulo 2 – Revisão da Literatura Um dos aspectos salientados por Amorose e Horn (2001), é o tipo de estilo de liderança que o professor/treinador evidencia, dado que neste estudo, verificou-se que a adopção de um estilo autocrático, em que o professor/treinador efectua todas as decisões sem consultar os alunos/atletas, diminuiu os níveis de auto-determinação e consequentemente da motivação intrínseca, dos 72 participantes deste estudo. Biddle et al. (2001a) realizaram um levantamento dos estudos realizados no contexto desportivo, utilizando instrumentos relativos ao lócus de percepção de causalidade13. Desta forma, referem que a investigação tem sido primordialmente desenvolvida em alunos do ensino secundário e universitário, como também, em adultos. Assim, o estudo de Vallerand e Losier (1994), denotou que os níveis iniciais de motivação autodeterminada, predisseram os níveis de atitudes desportivas, verificando-se também o inverso. Os autores concluíram existir uma relação bidireccional, em que a motivação auto-determinada exerce maior influência nas atitudes concordantes com o espírito desportivo. Por sua vez, Chantal, Guay, Dobreva-Martinova e Vallerand (1996), ao estudarem 98 atletas búlgaros de alta competição, verificaram que os atletas detentores de medalhas, eram menos auto-determinados do que aqueles que não obtiveram títulos, sendo salientado o facto das atletas de elite serem mais motivadas intrinsecamente, do que os atletas masculinos. Ao estudarem a intenção de prática desportiva, Biddle et al. (1999a) e Chatzisarantis, Biddle e Meek (1997), verificaram que as formas auto-determinadas de regulação do comportamento, possuíam maior valor preditivo da intenção de prática desportiva. Por sua vez, Chatzisarantis, Hagger, Biddle e Karageorghis (2002), verificaram ainda que o empenho duma criança em praticar actividades desportivas variava em função da percepção de lócus de causalidade, pelo que estas revelavam maiores intenções, quando o comportamento era percebido como intrinsecamente motivado. Por outro lado, também determinaram que os processos cognitivos através dos quais a percepção de lócus de causalidade influenciava a actividade física, eram deliberativos14 e independentes do comportamento anterior. Standage e Treasure (2002), ainda discriminaram mais os estudos anteriores, ao pretenderem conhecer a relação entre motivos citados nesta teoria e as intenções de crianças participarem em actividades físicas, bem como, apresentaram um diagrama do continuum da auto-determinação e consequentes relações. 13 Para conhecer os instrumentos existentes e o seu âmbito de aplicação, ver Biddle et al. (2001a). Os processos deliberativos envolvem processos cognitivos para analisar e compreender mensagens e argumentos, assim como, avaliar a validade desses argumentos em relação aos seus resultados (Chatzisarantis et al., 2002). 14 página 25 Capítulo 2 – Revisão da Literatura Forma motivacional Amotivação Estilos Não regulatórios regulatório Externo Introjecção Lócus de percepção de Impessoal Externo causalidade Comportamento Processos regulatórios relevantes Motivação Motivação Extrínseca Identificação Externo/ Interno/ Interno Externo Não auto-determinado Intrínseca Integração Intrínseco Interno Interno Auto-determinado Ausência de: Presença de: - aprovação - valorização - síntese de - competência - recompensas social da actividade regulações - contingência externas - envolvimento - importância identificadas/ - intenção - punições para o ego pessoal conscientes - divertimento - prazer - satisfação Figura 2 – Continuum de auto-determinação proposto por Deci e Ryan (1985) (adaptado de Standage & Treasure, 2002) Assim e ao considerarem a Teoria do Comportamento Planeado (Azjen, 1985, 1991), verificaram que somente os motivos que evidenciavam auto-determinação, permitiram predizer a intenção das crianças praticarem actividades desportivas, no seu tempo livre. Concomitantemente, verificaram que as crianças com maior controlo sobre a possibilidade de praticar actividades físicas, possuíam maiores níveis de percepção de competência, o que está de acordo com Deci e Ryan (1985), em que sugerem que o controlo é uma função da autonomia e que este só aumenta os níveis de competência e motivação, quando uma tarefa é realizada em condições de elevados níveis de autonomia15. 2.4.1.1.2. Percepção de Competência Quanto à segunda proposição, esta relaciona as necessidades intrínsecas dos indivíduos sentirem-se competentes e realizarem actividades desafiantes e que visem a mestria pessoal (Deci & Ryan, 1985, p. 63): “... external events will affect a person’s intrinsic motivation for an optimally challenging activity to the extent that they influence the person’s perceived competence, within the context of some self-determination. Events that promote greater perceived competence will enhance intrinsic motivation, whereas those that diminish perceived competence will decrease intrinsic motivation…” 15 É necessário considerar que os motivos que delimitam a regulação do comportamento podem não ser muito bem explícitos, na medida em que por exemplo, a realização de prática desportiva devido a questões de aparência, tanto se pode dever a motivos de fitness e saúde, bem como, de culpa ou vergonha da sua aparência física (Biddle et al., 2001a). página 26 Capítulo 2 – Revisão da Literatura Esta proposição, revela que quando os indivíduos escolhem livremente ou percepcionam autonomia na realização de uma actividade, a sua competência assume-se como particularmente importante, pelo que nesta situação, o aspecto informacional dos eventos será mais saliente nesta situação, variando a motivação intrínseca de acordo com as percepções e sentimentos de competência (Vallerand et al., 1987). Aumentos nas percepções e sentimentos de competência origina um aumento da motivação intrínseca, enquanto diminuições na competência percebida, levará a menores níveis de motivação intrínseca. Assim, a motivação intrínseca não está somente relacionada com percepções de controlo, mas também depende da percepção de competência (Biddle et al., 2001a). Goudas et al. (1994) afirmaram que a percepção de competência física, é crucial no contexto da EF, dado que esta influencia positivamente quer a motivação intrínseca, quer a intenção de participar em actividades físicas, no futuro. Um dos construtos que parece influenciar, claramente, a percepção de competência, é a experiência desportiva extra-curricular (sendo esta situação facilmente observável em aulas de EF, dada a diversidade existente), pelo que quantos mais anos de prática desportiva, mais elevados serão os níveis de competência (Goudas et al., 2001). Papaioannou e Theodorakis (1996), salientam que os alunos que se sentirem incompetentes fisicamente para uma dada tarefa/actividade, irão evitar esse contexto que evidencia tal situação e percepcionar que não exercem controlo sobre a actividade em questão (comportamento não auto-determinado). Um estudo realizado por Vallerand e Reid (1984) determinou os efeitos do feedback verbal positivo e negativo, durante uma tarefa num estabilómetro. Os resultados demonstraram que o feedback positivo aumentava a motivação intrínseca e que o feedback negativo a diminuía. Amorose e Horn (2001), salientam que os professores/ treinadores que fornecem maior frequência de feedbacks informacionais positivos, revelando um estilo de liderança democrático, ensinavam alunos com maiores níveis de percepção de competência e, consequentemente, níveis mais elevados de motivação intrínseca. No entanto, Losier e Vallerand (1994) pretenderam estudar a relação temporal entre a percepção de competência e as formas auto-determinadas de motivação. Assim, 64 jovens jogadores de hóquei no gelo, completaram os respectivos questionários, em dois momentos diferentes: (i) o primeiro momento, duas semanas antes do início da época desportiva; e, (ii) o segundo momento, no final da época desportiva, que se página 27 Capítulo 2 – Revisão da Literatura verificou 5 meses depois do primeiro momento. Os resultados revelaram que os níveis iniciais de percepção de competência contribuíram somente para explicar as formas auto-determinadas no final da época desportiva, não se verificando contudo o inverso. No contexto educativo, Guay, Boggiano e Vallerand (2001) visaram testar modelos com base nas relações entre a autonomia, motivação intrínseca e percepção de competência. Contudo, somente o primeiro correspondia às premissas da Teoria da Avaliação Cognitiva, pelo que os resultados sugeriram que a percepção de competência actuava como variável mediadora, entre a autonomia proporcionada pelos professores e a motivação intrínseca dos alunos. Uma das grandes questões colocadas no domínio da percepção da competência, era determinar se existiriam diferenças entre o sexo masculino e feminino. Como tal, Lee, Fredenburg, Belcher e Cleveland (1999), referem que numa perspectiva generalista, os rapazes tendem consistentemente a demonstrar níveis mais elevados de percepção de competência do que as raparigas. Contudo, é necessário considerar que este facto não se verifica em todas as actividades desportivas, sendo sugerido existirem “actividades desportivas para os rapazes”, que requerem força muscular e competitividade, assim como, “actividades desportivas para as raparigas”, a que por sua vez, estão associadas capacidades físicas mais “graciosas”. Assim, os desportos colectivos enquadrar-se-ão no primeiro tipo, enquanto a dança e a ginástica, estarão relacionadas com o segundo tipo. Sugere-se, desta forma, que este tipo de estereótipos influencia a opinião dos indivíduos acerca da sua competência, podendo limitar o empenho e persistência em actividades que não são consideradas “apropriadas socialmente” para o seu sexo. Neste mesmo parâmetro, Vallerand et al., (1987) verificaram que o sexo masculino denotou aumentos da motivação intrínseca, após o fornecimento de feedback positivo, enquanto o sexo feminino diminuiu os níveis motivacionais intrínsecos. Parece assim, que as raparigas interpretam o feedback positivo como uma função controladora, enquanto os rapazes interpretam-no como uma função informacional. Desta forma, dever-se-à considerar no contexto desportivo estas considerações, na medida em que o estilo comunicativo dos professores e treinadores poderá influenciar a motivação intrínseca das atletas femininas, devendo este, revelar uma função informacional e não controladora. O mesmo estudo referenciado anteriormente de Vallerand e Reid (1984), também pretendeu verificar entre o feedback positivo e a percepção de competência, qual era a variável psicológica que mediava mais concretamente a motivação intrínseca. Através página 28 Capítulo 2 – Revisão da Literatura de uma “path analysis”, os resultados demonstraram que o feedback positivo, somente aumentava a motivação intrínseca, através da mediação da percepção de competência, pelo que esta conseguia explicar 40% da variância da motivação intrínseca, enquanto o feedback positivo somente explicava uma variância de 8%. Ntoumanis (2001a), no seu estudo em 424 alunos de EF, também verificou que estes só se percepcionavam competentes, quando os seus professores enfatizavam uma melhoria de capacidades, através de parâmetros auto-referenciados, menosprezando as comparações normativas com outros alunos. Concomitantemente, Goudas e Biddle (1994) verificaram que a percepção de competência conseguia explicar uma variância de 68% da motivação intrínseca, em alunos ingleses de EF. Outros dois estudos (Ferrer-Caja & Weiss, 2000; Standage et al., 2003), também delimitaram a importância da percepção de competência como um construto crucial na predição da motivação auto-determinada. Por outro lado, os resultados também permitiram definir uma relação negativa entre a percepção de competência e a amotivação, pelo que quando os indivíduos percepcionam numa perspectiva social, uma ausência de competência num dado domínio, poderão aumentar os seus níveis de amotivação, originando o abandono da prática desportiva, como forma de minimizar essa exposição social e insatisfação com a sua prestação motora. Esse facto já tinha sido considerado por Vallerand et al. (1987), em que tinham salientado que as percepções de incompetência seria uma das razões para o abandono desportivo, dadas as consequências negativas desse tipo de percepções. Assim, é pertinente considerar primordialmente o contexto da EF, na medida em que existe um elevado número de alunos que não possuem qualquer experiência desportiva, o que a realização de tarefas motoras com ênfase na comparação normativa com os restantes colegas, poderá elevar os níveis amotivacionais dos alunos, que se percepcionarem como incompetentes na realização dessa tarefa (Papaioannou, 1994). Considera-se assim, que somente as crianças e jovens que se percepcionarem competentes, irão considerar a EF interessante e divertida, e pretenderão participar nestas aulas para desenvolver as suas habilidades motoras (Ntoumanis, no prelo). Outro aspecto a salientar, é o citado por Weiss e Duncan (1992), em que é sugerido que as crianças e jovens que são fisicamente competentes, tendem a ser mais facilmente aceites pelos companheiros. Considerando estes factos anteriores, assume-se que a investigação futura, dever-se-ia centrar na importância e estrutura do contexto envolvente, de forma a permitir relações sociais com todas crianças que evidenciem níveis diferenciados de capacidades físicas. página 29 Capítulo 2 – Revisão da Literatura 2.4.1.1.3. Funções dos Eventos A terceira proposição refere que os eventos relevantes para a iniciação e regulação do comportamento, podem possuir três funções diferenciadas: informacional, controladora e amotivacional. Os eventos podem assim, ser entendidos diversificadamente por diferentes indivíduos ou ser entendidos de forma diferente pelo mesmo indivíduo, em ocasiões distintas. Deci e Ryan (1985, p. 64) afirmam que: “... events relevant to the initiation and regulation of behavior have three potential aspects, each with a functional significance. The informational aspect facilitates an internal perceived locus of causality and perceived competence, thus enhancing intrinsic motivation. The controlling aspect facilitates an external locus of perceived locus of causality, thus undermining intrinsic motivation and promoting extrinsic compliance or defiance. The amotivating aspect facilitates perceived incompetence, thus undermining intrinsic motivation and promoting amotivation. The relative salience of these three aspects to a person determines the functional significance of the event…” Desta forma, é salientado por Deci e Ryan (1985), que não é a recompensa16 em si, que diminui a motivação intrínseca, mas sim, o modo como actua no indivíduo de uma forma controladora, informacional ou amotivacional. Biddle et al. (2001a), atribuem a esta situação a denominação de “functional significance given to rewards by the recipient”, pelo que entende-se assim, que as recompensas podem ter três funções: (i) função informacional, em que a recompensa providencia informação acerca da competência do indivíduo, pelo que através de incentivos adequados, existe um aumento da motivação intrínseca; (ii) função controladora, em que as recompensas são percepcionadas como controladoras (o objectivo da participação é a obtenção da recompensa, em detrimento da participação por motivos intrínsecos), pelo que a ausência da recompensa, origina uma diminuição subsequente da motivação intrínseca; e (iii) função amotivacional, em que as recompensas não induzem quaisquer tipo de efeitos na percepção de competência, o que origina diminuição dos níveis de motivação intrínseca. Torna-se necessário considerar que os eventos com função informacional, são aqueles em que existe um feedback acerca da competência de um indivíduo, num contexto de autonomia, pelo que caso ocorra em contextos de pressão, pode não 16 A recompensa é considerada como um evento externo ao indivíduo, como pode bem ser, o feedback fornecido pelo professor no contexto da EF (Deci & Ryan, 1985). página 30 Capítulo 2 – Revisão da Literatura aumentar os níveis de motivação intrínseca. Assim, a escolha e o feedback positivo são percepcionados recompensas, prazos como finais tendo uma e vigilância, a função são informacional, percebidos enquanto como as eventos controladores. O feedback negativo, por sua vez, diminui a motivação intrínseca, pelo que é denominado de “amotivating” (Biddle, 1999). O estudo de Ryan (1980) citado anteriormente, delimitou claramente esta situação na medida em que para a mesma recompensa (bolsa de estudo) e de acordo com diferentes contextos interpessoais, ocorreram diferenciadas percepções da função, relativa à mesma recompensa. Assim, os atletas masculinos de futebol americano que receberam bolsa, percepcionaram-na como controladora, diminuindo assim a sua motivação intrínseca. Contudo, os praticantes masculinos de “wrestling” e as atletas femininas, quando receberam as bolsas de estudo, percepcionaram-nas como exercendo uma função informacional acerca do nível de competências, o que por sua vez, elevou os níveis motivacionais intrínsecos. Assim, os resultados de diversos estudos (Vallerand et al., 1987) indicam que as recompensas e o feedback, podem originar diferentes efeitos na motivação intrínseca, de acordo com a função percepcionada no contexto em causa (informacional, controladora ou amotivacional). 2.4.1.1.4. Competição Outro aspecto presente no contexto desportivo e extremamente relacionado com o tipo de função percepcionado a partir de uma recompensa, é a competição. Tem uma ligação muito forte com o desporto, na medida em que as modalidades e jogos desportivos que não envolvem competição, são considerados por muitos indivíduos, como treino. Esta, usualmente, gera elevados níveis de prazer e divertimento, pelo que a partir desta concepção, tem sido entendida como um motivo intrínseco. Contudo, Deci e Ryan (1985), salientam que esta também pode ser entendida como um motivo extrínseco, diminuindo assim a motivação intrínseca. Este aspecto bilateral já foi salientado por diversos autores (Deci, Betley, Kahle, Abrams & Porac, 1981; Reeve & Deci, 1996; Tauer & Harackiewiez, 1999; Vansteenkiste & Deci, 2002). Considerando as diferentes formas que a competição pode adquirir, uma das distinções conceptuais mais aceites, foi a de Ross e Haag (1957), que classificou a competição em indirecta e directa. Assim, o primeiro termo refere-se à situação em que um ou mais indivíduos tentam superar uma marca estabelecida (melhor marca página 31 Capítulo 2 – Revisão da Literatura dele ou uma referência normativa), enquanto a competição directa diz respeito ao confronto verificado entre dois indivíduos ou duas equipas, em que o sucesso (vitória) de uma parte, traduz-se em derrota da outra. Quanto à competição indirecta, um estudo de Weinberg e Ragan (1979) denotou que este tipo de competição pode originar quer aumentos, quer diminuições da motivação intrínseca, dependendo da forma como as pessoas percepcionam a competição, isto é, se consiste num modo de obter um feedback acerca da sua competência (função informacional), ou numa forma de ultrapassar um nível a todo o custo (função controladora). Deci et al. (1981) foi o primeiro estudo a determinar os efeitos da competição directa, na motivação intrínseca. Estes autores afirmaram que este tipo de competição é um factor motivacional extrínseco, na medida em que tentar vencer um adversário, é extrínseco à participação numa actividade desportiva, pelo prazer advindo desta. Como predito, os resultados obtidos indicaram que a competição directa diminuiu os níveis motivacionais intrínsecos, sendo este facto primordialmente notório nas atletas femininas. O mesmo se denotou nos estudos de Vallerand, Gauvin e Halliwell (1986a, 1986b), em que os atletas inseridos num contexto competitivo, tenderam a percepcionar a competição como um evento controlador, mesmo considerando a satisfação obtida a partir da vitória. Consequentemente, outro aspecto salientado foi de que, usualmente, a vitória numa competição é seguida de recompensas ou troféus, o que pode diminuir mais ainda os níveis motivacionais intrínsecos. Um dos aspectos salientados por Tauer e Harackiewiez (1999), é que a competição é um fenómeno cada vez mais presente na nossa sociedade, quer seja na competição pelas melhores notas na escola, quer seja pela conquista de troféus no contexto desportivo, como pela obtenção de prémios monetários na actividade laboral. O mesmo se verifica no contexto desportivo juvenil, em que cada vez mais, os pais exercem um pressão enorme sobre os filhos para vencerem as competições em que estão envolvidos, a qualquer custo, chegando mesmo a desprezar e minorar as oportunidades de divertimento e prazer, que a competição pode proporcionar. Assim, parece que jogar bem não é suficiente, sendo a vitória, a única coisa importante. Desta forma, Vansteenkiste e Deci (2002) referem quatro descobertas importantes, a partir da importância dada à competição, por parte da sociedade actual e correspondente relação com a motivação intrínseca: (i) os praticantes a quem foi página 32 Capítulo 2 – Revisão da Literatura referido para vencerem o adversário, demonstraram menores níveis de motivação intrínseca, do que os praticantes a quem foi dito para tentarem fazer o seu melhor; (ii) quando os participantes venceram uma competição inseridos num contexto interpessoal controlador, revelaram níveis motivacionais intrínsecos mais baixos, do que os participantes que venceram uma competição, sem pressão para vencer o adversário; (iii) os praticantes que perderam uma competição, demonstraram menores níveis de motivação intrínseca, quando comparados com os vencedores, pelo que a informação acerca da sua competência numa situação de vitória, tende a aumentar a motivação intrínseca; e (iv), quando os indivíduos participaram numa competição em que era oferecida uma recompensa monetária, a média do nível da motivação intrínseca dos participantes era menor, contrastando com aqueles que não competiram por uma recompensa monetária17. Em suma, como referem Reeve e Deci (1996), a vitória numa competição pode ser percepcionada como um evento controlador (se o contexto interpessoal enfatizar a importância de vencer um adversário) ou como um evento de carácter informacional (se o contexto interpessoal estiver orientado para a melhoria de capacidades ou ultrapassar uma marca). 2.4.1.1.5. Envolvimento para o ego Um dos conceitos muito similares ao de competição, é o envolvimento para o ego (Deci & Ryan, 1985). Este conceito, representa um estado controlador interno em que a auto-estima de um indivíduo é contingente a certos resultados. Assim, esta situação é considerada como extrinsecamente motivadora, na medida em que em vez dos indivíduos estarem orientados para a tarefa/mestria, a sua auto-estima está dependente do resultado da competição. Assim, a vitória é o único modo de manter a auto-estima, pelo que quando vencem, eles atingem o seu objectivo e estão novamente prontos para competir. Contudo, na ausência de competição, estes indivíduos não persistirão na actividade que praticavam (Vallerand et al., 1987). Assim, se perderem, não pretenderão competir outra vez, mas poderão persistir na actividade como forma de melhorar as suas habilidades e provar a eles próprios, que são capazes de realizar correctamente a tarefa pretendida (recuperar novamente os níveis de auto-estima). 17 Para um conhecimento mais abrangente do efeito das recompensas na motivação intrínseca, consultar as metaanálises realizadas por Cameron (2001), Cameron e Pierce (1994), Cameron, Banko e Pierce (2001), Deci, Koestner e Ryan (2001) e Deci, Ryan e Koestner (2001). página 33 Capítulo 2 – Revisão da Literatura Esta consiste na quarta proposição referida anteriormente (Mandigo & Holt, 2000) e que sugere, que as orientações cognitivas de um indivíduo respeitantes a uma dada actividade, influenciam os seus níveis motivacionais intrínsecos, pelo que os indivíduos orientadas para a tarefa estarão mais motivados intrinsecamente devido ao facto de realizarem uma actividade pelo seu divertimento, enquanto os orientadas para o ego irão demonstrar menor motivação intrínseca, dado sentirem-se controlados por uma pressão interna para satisfazer a sua auto-estima. Assim, torna-se fulcral considerar o modo como os treinadores/professores utilizam contextos competitivos, como forma de proporcionar feedback e um envolvimento para a tarefa, ou por sua vez, realçar a vitória e um envolvimento para o ego. Concomitantemente, os treinadores e professores que incutem nos praticantes a noção de que só interessa a vitória, estarão a induzir um envolvimento para o ego e a diminuir as suas pretensões de envolvimentos desportivos futuros (Frederick & Ryan, 1995). 2.4.1.1.6. Relação treinador/professor - atleta/aluno A relação treinador-atleta e professor-aluno, são extremamente importantes no contexto desportivo, pelo que a última assume uma relação determinante na Educação Física. De acordo com a pesquisa efectuada até ao momento, Vallerand e Pelletier (1985) propuseram um modelo que considera a motivação intrínseca dos atletas, de acordo com um contexto onde a relação treinador-atleta é central. A figura seguinte expressa todas as variáveis e relações existentes. Situação/Contexto Estilo de liderança do treinador Percepções do treinador acerca da motivação do atleta Comportamento interpessoal do treinador Percepções do atleta acerca do CIT Percepção de competência e auto-estima do atleta Processos atribucionais e de auto-conhecimento Motivação intrínseca do atleta Figura 3 – Modelo de motivação intrínseca, baseado na relação treinador-atleta (adaptado de Vallerand & Pelletier, 1985) Quanto ao estilo de liderança adoptado pelo treinador, Amorose e Horn (2001) salientam que os treinadores que exibiram maiores níveis de feedback positivo, página 34 Capítulo 2 – Revisão da Literatura encorajador e informacional, maiores níveis de comportamentos democráticos, bem como, menores níveis de comportamentos autocráticos e menores níveis de desprezo pelas tentativas dos atletas, tinham nas suas equipas praticantes desportivos que revelavam maiores níveis de motivação intrínseca (maior divertimento e interesse), maiores níveis de percepção de competência, empenho, importância e escolha, assim como, menores níveis de tensão/pressão. Assim, os treinadores e professores que fornecem elevados níveis de instrução e feedback, aumentam os níveis de percepção de competência dos atletas, elevando consequentemente, os seus níveis motivacionais intrínsecos. Contudo, os treinadores que consistentemente ignoram as tentativas de realização das tarefas, não providenciam nenhuma informação acerca das competências dos atletas, o que indicia um efeito negativo na motivação intrínseca. Goudas et al. (1995), pretenderam conhecer as diferenças ao nível da motivação intrínseca, quando confrontando um grupo de atletas com dois estilos de ensino diferentes. Para tal, foram ensinadas disciplinas de atletismo a 24 alunas, durante 10 aulas, pelo que cada aula era ensinada, ora através de um estilo de ensino directo (comando), ora através de um estilo de ensino diferenciado (autonomia). No final, verificaram-se níveis motivacionais intrínsecos mais elevados, nas aulas que proporcionavam opções de escolha (estilo diferenciado). Relativamente aos comportamentos interpessoais do treinador, Vallerand e Pelletier (1985), verificaram que as percepções dos atletas quanto a este aspecto estavam relacionadas com a sua motivação intrínseca e auto-estima, de tal forma que, os atletas que percepcionavam que o seu treinador exercia uma função informacional, tinham níveis mais elevados de motivação intrínseca e auto-estima, comparativamente com os atletas que percepcionavam que o seu treinador exercia uma função controladora. Considerando este facto e a situação/contexto verificado, diversos estudos surgem relativamente à importância do contexto motivacional existente na situação desportiva em causa. Neste sentido, Papaioannou (1994, 1995) salienta que o modo como os alunos (no contexto da Educação Física) percepcionam o contexto motivacional, está relacionado com os comportamentos diferenciados do professor. Assim, os resultados denotam que os alunos referem que os seus professores favorecem os alunos mais página 35 Capítulo 2 – Revisão da Literatura competentes18, quando existe um contexto orientado para o resultado/performance. Contudo, quando o professor realça a existência de um contexto orientado para a aprendizagem/mestria, os alunos já percepcionam comportamentos positivos, quer para os alunos com mais dificuldades, quer para os alunos mais competentes. Goudas (1998) acrescenta ao citado anteriormente, que um contexto motivacional orientado para a mestria, origina níveis mais elevados de motivação intrínseca em atletas, bem como de divertimento e empenho. Adiciona ainda o facto, de que os professores/treinadores ao promoverem um contexto motivacional orientado para a mestria, diminui as discrepâncias existentes em alunos com competências diferenciadas. Para tal, devem-se definir objectivos de melhoria pessoal, assim como, atribuir as habilidades desenvolvidas ao empenho/persistência, em detrimento dos resultados advindos dessa melhoria (ex: comparação normativa), como salientado por Roberts e Treasure (1995). O estudo de Kavussanu e Roberts (1996), refere ainda que as percepções de um contexto motivacional orientado para a mestria, estavam positivamente associadas a elevados níveis de divertimento, empenho e percepção de competência, assim como, menores níveis de tensão/pressão, verificados durante a participação numa actividade desportiva. Assim, os alunos que percepcionaram um contexto de aula que promovia a melhoria pessoal e a mestria das habilidades motoras, centraram-se mais no prazer que obtinham da prática desportiva aumentando, deste modo, os seus níveis motivacionais intrínsecos. Idênticos resultados foram obtidos por Seifriz, Duda e Chi (1992). Um aspecto que Xiang e Lee (2002) pretenderam determinar, foi de que forma as percepções do contexto motivacional, se diferenciavam através da idade. Para tal, aplicaram um conjunto de questionários a 308 alunos de 3 diferentes anos de escolaridade (4º, 8º e 11º ano). Numa perspectiva generalista, os indivíduos evidenciaram maiores níveis de percepção de contexto motivacional orientado para a mestria, sendo contudo, salientado que à medida que a idade aumenta, a percepção de um contexto orientado para a mestria diminui, em detrimento da percepção de um contexto orientado para o resultado. Tal facto, foi consistente com a investigação feita anteriormente (Chaumeton & Duda, 1988). Outro facto reforçado, foi de que as aulas 18 De acordo com Papaioannou (1994, 1995), os termos exactos que diferenciam os alunos com mais dificuldades, dos alunos com mais capacidades, são “low achievers” e “high achievers”, respectivamente. página 36 Capítulo 2 – Revisão da Literatura em anos mais avançados, tendem a promover atitudes mais impessoais, formais, competitivas e caracterizadas por comparações normativas. Por fim, um aspecto que influencia a motivação intrínseca dos atletas definido por Vallerand e Pelletier (1985), é a percepção do treinador acerca da motivação do atleta. Assim, as percepções das orientações motivacionais dos atletas, por parte dos treinadores, têm um efeito importante nos seus comportamentos. Se os treinadores percepcionam os atletas como estando motivados intrinsecamente e de uma forma auto-determinada, estes tenderão a criar eventos com uma função informacional. Contudo, caso percepcionem os atletas como estando extrinsecamente motivados, estes irão proporcionar eventos de carácter mais controlador, de forma a que as expectativas dos treinadores quanto às prestações dos atletas, sejam atingidas. Assim, esta última situação irá consideravelmente diminuir a percepção de competência dos atletas, originando diminuições na motivação intrínseca. 2.4.1.1.7. Modelo motivacional hierárquico proposto por Vallerand (1997, 2000, 2001) Considerando os princípios fundamentais da Teoria da Auto-Determinação (Deci & Ryan, 1985), Vallerand (1997, 2000, 2001) propôs recentemente um modelo hierárquico de motivação intrínseca e extrínseca. Este modelo considera que a motivação, as suas determinantes, os mediadores e as respectivas consequências definem-se em três níveis, nomeadamente o nível global (personalidade), contextual (vida quotidiana) e situacional (estado), indo do mais geral para o mais específico (Vlachopoulos, Karageorghis & Terry, 2000). Como explicam Standage et al. (2003) e Standage e Treasure (2002), o nível global é semelhante ao traço de personalidade e engloba o modo como o indivíduo interage com o meio envolvente, isto é, de uma forma intrínseca, extrínseca ou amotivada. A motivação contextual, representa uma disposição motivacional estável que um indivíduo adopta perante um contexto específico (desporto, trabalho, escola,...). Um exemplo são os alunos que evidenciam elevados níveis de motivação contextual perante a Educação Física, mas que por sua vez, possam ser amotivados perante a Matemática. O último nível, denominado situacional, diz respeito à motivação que um indivíduo sente quando realiza uma actividade específica19 (ex: a motivação numa tarefa realizada na aula de Educação Física). A cada nível referido, foi também proposto uma sequência motivacional de factores sociais → mediadores psicológicos → tipos motivacionais → consequências. 19 Tal como afirma Vallerand (1997, 2000, 2001), “the here and now of motivation”. página 37 Capítulo 2 – Revisão da Literatura Em suma, este modelo define que os diferentes tipos motivacionais (motivação intrínseca, regulação identificada, regulação-introjecção, regulação externa e amotivação), são influenciados por factores sociais (ex: cooperação, competição, estilo de ensino diferenciado–autonomia e estilo de ensino directo–controlador). Contudo, a influência desses factores sociais, é exercida através da satisfação de certas necessidades psicológicas (autonomia, competência e relacionamento). Finalmente, o modelo prediz que os diferentes tipos motivacionais, originarão consequências de carácter cognitivo, afectivo e comportamental. Será apresentado o modelo testado a um nível contextual no estudo de Ntoumanis (2001a), evidenciando as relações entre os diferentes factores. F ac t o re s S o c i a is M e d ia d o re s Ps i c o l ó g i co s Tipos M o t i va c io n ai s C o n s eq u ê n ci a s A p re n d iz a g e m C o o p e ra t iv a R e la c io n am e n t o M o t iv a ç ã o I n t rí n s e c a Em penho R e g u la ç ã o I d e n t if ic a d a Ê n fa s e n a m el h o r ia C om p e tê n c i a R eg u la ç ã o I n t r oje c ç ã o In te n ç ã o R e g u la ç ã o E x t e rn a P e rc e p ç ã o d e e s c o lh a A u t o n om i a A m ot i v aç ã o A b or re c im e n t o Figura 4 – Modelo hierárquico motivacional testado no estudo de Ntoumanis (2001a) Dada a complexidade da compreensão da motivação humana, Vallerand (1997) afirma ser inútil estudar a motivação de uma forma generalizada. Igualmente, refere que um conhecimento mais concreto, deve compreender a análise das diversas formas motivacionais que diferem no tipo e nível, enquanto incorporados no modelo proposto. Assim, de acordo com esta estrutura hierárquica, é sugerido que a alterações num nível, corresponderão mudanças no nível adjacente (alterações na motivação a nível situacional serão primordialmente influenciadas pela motivação contextual e em menor dimensão, pela motivação a nível global), tal como referem Guay et al. (2001) e Hauw, Brunel e Chantal (2001). Desta forma, a motivação existente a um nível menor, poderá incutir mudanças num nível superior (ex: situações de sucesso vivenciadas nas aulas de Educação Física, poderão originar um desenvolvimento da motivação intrínseca, a página 38 Capítulo 2 – Revisão da Literatura um nível contextual, relativo à disciplina de Educação Física) (Aymeric & Olivier, 2001; Brunel, Chantal, Guay & Vallerand, 2000). De acordo com Vallerand e Losier (1999), a sequência motivacional proposta, pode ser aplicada ao contexto do Desporto e da Educação Física. Discriminando estas relações, inicialmente surgem os factores sociais. A cooperação, a melhoria autoreferenciada e a percepção de escolha, são alguns dos factores que aumentam os níveis das formas motivacionais auto-determinadas (Condon & Collier, 2002; Ntoumanis, 2001a). Por outro lado, considerando contextos que delimitam ou não estes conceitos, podemos igualmente relevar outros factores sociais, como o contexto orientado para a mestria e o contexto orientado para o resultado, sendo que somente se verifica uma relação positiva com a motivação intrínseca, no primeiro factor apresentado (Standage et al., 2003). Como referido anteriormente, a influência dos factores sociais somente é exercida através da satisfação de três necessidades psicológicas, definidas por Deci e Ryan (1985). Assim, a necessidade de autonomia associa-se à oportunidade do indivíduo percepcionar-se como “sendo a origem” dos seus comportamentos, revelando um lócus de causalidade interno. A competência refere-se à necessidade de desenvolver e realizar actividades de uma forma eficaz, originando sensações de mestria. Quanto ao relacionamento, este define a necessidade de um indivíduo ser aceite por outros, de modo a pertencer a um grupo (inclusão social), bem como, a necessidade de criar amizades, assim como conviver com os amigos (Ntoumanis, 2001a). Para além dos tipos motivacionais (referidos no ponto 2.1.), o último nível da sequência do modelo proposto por Vallerand (1997, 2000, 2001) considera as consequências a nível cognitivo (ex: concentração), afectivo (ex: divertimento) e comportamental (ex: empenho e persistência numa actividade desportiva). De acordo com estas considerações, a motivação intrínseca, usualmente prediz as consequências positivas, enquanto por sua vez, a amotivação prediz os resultados mais negativos (Biddle et al., 1999a; Hagger et al., 2002; Ntoumanis, 2001a; Vallerand, 1997, 2000, 2001). Este modelo hierárquico traduz-se pela seguinte figura. página 39 Capítulo 2 – Revisão da Literatura F a c t o re s S o c ia is M e d ia d o r e s T ip o s M o t iva c io n a is A u t o n o m ia F a c t o re s G l o b a is F a c t o re s C o n t e x t u a is F a c t o re s S it u a c io n a i s C o n s e q u ê n c ia s A fec ti v o C o m p e t ê n c ia M oti v aç ã o G l ob a l C o g n it iv o R e la c io n a m e n t o C o m p o rt a m e n t a l A u t o n o m ia A fec ti v o M o t iv a ç ã o C on te x tu al C o m p e t ê n c ia C o g n it iv o R e la c io n a m e n t o C o m p o rt a m e n t a l A u t o n o m ia A fec ti v o M o t iv a ç ã o S it u a c io n a l C o m p e t ê n c ia R e la c io n a m e n t o C o g n it iv o C o m p o rt a m e n t a l Figura 5 – Modelo hierárquico motivacional proposto por Vallerand (2001) 2.4.2. Teoria dos Objectivos de Realização Tal como refere Givvin (2001), as primeiras teorias motivacionais entendiam este construto com base num sentido quantitativo, pelo que os indivíduos eram referidos como pouco ou muito motivados. Estas concepções, assumiam que a motivação era uma característica pessoal que um indivíduo podia possuir em maiores ou menores quantidades. Contudo, as concepções recentes de motivação focam-se na natureza qualitativa da motivação, pelo que os indivíduos são entendidos como motivados diferenciadamente. A Teoria dos Objectivos de Realização, é caracterizada como uma perspectiva sócio-cognitiva da motivação, centrando-se nos processos cognitivos e sociais presentes em decisões e acções comportamentais. Esta teoria distingue-se das restantes, na medida em que foi desenvolvida especificamente para explicar os comportamentos relacionados com a realização de uma habilidade/actividade (Duda, 1996), pelo que considera que o objectivo primário de um indivíduo num determinando contexto de realização, é demonstrar elevados níveis de competência, evitando assim, demonstrar incompetência (Nicholls, 1984). Um dos factos que emergiu da investigação acerca da motivação, foi a importância de como os indivíduos definem o sucesso (Wang, Chatzisarantis, Spray & Biddle, 2002). Tal foi salientado por Maehr e Nicholls (1980, p. 228): “...success and failure are not concrete events. They are psychological states consequent on perception of reaching or not reaching goals. It follows that, if there is cultural variation in the personal página 40 Capítulo 2 – Revisão da Literatura qualities that are seen to be desirable, success and failure will be viewed differently in different cultures”. Torna-se necessário considerar que ao definir a motivação, Nicholls (1984) determinou três tipos: (i) motivação orientada para o resultado; (ii) motivação orientada para a tarefa; e, (iii) motivação orientada para a aprovação social. O primeiro conceito foi redefinido para o termo orientação para o ego, enquanto o segundo, foi alterado para orientação para a mestria (Biddle, 1993; Duda, 1996). Contudo, o terceiro conceito não tem sido muito estudado no contexto desportivo20. Assim, uma orientação para o ego, traduz-se na demonstração de capacidades superiores a outros indivíduos, considerando assim, referências normativas. Quando um indivíduo está orientado para a tarefa, a realização de uma actividade está associada à mestria, desenvolvimento de capacidades e melhorias auto-referenciadas (Boyd, Weinmann & Yin, 2002; Harwood, 2002). O sucesso em situações de orientação para a tarefa, traduz-se no desenvolvimento pessoal, na aprendizagem ou na mestria percepcionada na realização de habilidades, enquanto relativamente à orientação para o ego, o sucesso está relacionado com a vitória e com a demonstração de superioridade, preferencialmente, empenhando-se pouco na realização da tarefa (Chi & Duda, 1995; Li, Harmer, Duncan, T. & Duncan, S., 1998). Um aspecto salientado por Harwood e Biddle (2002), é de que os indivíduos estarão predispostos para orientação para a tarefa e/ou ego, como consequência de experiências socializadoras (ex: contexto desportivo) e do contexto motivacional percepcionado. Desta forma, uma orientação para objectivos de mestria, promove os padrões motivacionais mais efectivos que conduzem a (Steinberg & Maurer, 1999): (i) maior divertimento nas tarefas e níveis de percepção de competência; (ii) elevados níveis de valores morais e crenças apropriadas para a obtenção de sucesso desportivo; (iii) maior persistência na tarefa; e, (iv) menores níveis de ansiedade. Contudo, um aspecto que emerge em inúmeros estudos (Boyd et al., 2002; Carr & Weigand, 2002; Chi & Duda, 1995; Duda et al., 1995; Givvin, 2001; Goudas & Biddle, 1993; Li et al., 1998; Standage & Treasure, 2002; Steinberg & Maurer, 1999; Wang et al., 2002), é que se verificou uma ortogonalidade entre os dois factores do TEOSQ21 (orientação para a tarefa e para o ego). Isto indica que é possível a um indivíduo, ter níveis elevados e/ou baixos em ambas as orientações, em qualquer momento. Desta 20 21 Esta dimensão motivacional chegou mesmo a originar a Teoria de Investimento Pessoal (Maehr & Braskamp, 1986). Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire (Duda, 1989). página 41 Capítulo 2 – Revisão da Literatura forma, salienta-se que indivíduos com níveis elevados de orientação para a tarefa e para o ego, percepcionam-se como mais competentes do que os restantes, na medida em que, possuem maior número de fontes de informação acerca da competência e sucesso, ou porque, a percepção de situações de sucesso origina ambas formas motivacionais (Givvin, 2001; Standage & Treasure, 2002). Neste sentido, Fox, Goudas, Biddle, Duda e Armstrong (1994) sugeriram uma maior delimitação dos objectivos de realização, em 4 perfis (elevado ego e tarefa; elevada tarefa e baixo ego; elevado ego e baixa tarefa; e, baixo ego e tarefa). Diversos estudos (Duda, 1988; Hom, Duda & Miller, 1993; Fox et al., 1994; Roberts, Treasure & Kavussanu, 1996; Standage & Treasure, 2002; Steinberg & Maurer, 1999; Steinberg, Singer & Murphey, 2000) revelaram assim, que a adopção de ambas as orientações cognitivas, traduz-se em maiores níveis de divertimento, prazer, persistência na tarefa e consequentemente, melhores níveis de performance. 2.4.2.1. Relação entre a Teoria dos Objectivos de Realização e a Teoria da AutoDeterminação De acordo com Ntoumanis (2001b), a Teoria dos Objectivos de Realização e a Teoria da Auto-Determinação, são teorias motivacionais sócio-cognitivas que se centram no modo como os indivíduos atribuem um significado a uma dada actividade e a forma como essa percepção, influencia o seu consequente envolvimento. Primordialmente, a TOR centra-se nos efeitos da orientação para a tarefa ou para o ego, no desempenho de uma tarefa, enquanto a TAD, examina a influência de diferentes necessidades psicológicas, na determinação da motivação intrínseca. A Teoria dos Objectivos de Realização abrange duas concepções de capacidades distintas. A mais indiferenciada, é evidente na maioria dos indivíduos com menos de 12 anos, em que o empenho, a sorte e a dificuldade da tarefa não são distinguidas das capacidades, como causas dos resultados obtidos22 (Nicholls, 1989). A segunda concepção de capacidades (diferenciada), verifica-se em indivíduos com cerca de 12 anos, em que através de diversos estádios cognitivos, o empenho, a sorte e a dificuldade de uma tarefa, são diferenciadas como causas dos resultados verificados. Assim, após a idade dos 12 anos, os indivíduos podem adoptar qualquer uma das concepções de capacidades, dependendo do contexto em que estão inseridos. Se este enfatiza a competição, avaliação normativa e demonstração pública de habilidades, verifica-se a adopção de uma concepção diferenciada (orientação para o 22 Um exemplo desta situação, é o de que um maior empenho na realização de uma actividade, resulta numa consequente aprendizagem, que por sua vez, é interpretada como um indicador de maiores capacidades. página 42 Capítulo 2 – Revisão da Literatura ego). Caso o contexto privilegie avaliações auto-referenciadas, melhoria pessoal e aprendizagem, então verificar-se-á a adopção de uma concepção indiferenciada (orientação para a tarefa). Quanto à Teoria da Auto-Determinação, esta refere que os indivíduos ao longo das suas vidas, tenderão a integrar novas ideias e interesses, através de processos de relacionamento, em que o contexto social determina esses processos de internalização. Desta forma, factores sociais como a cooperação e percepção de escolha, irão promover a auto-determinação, caso satisfaçam as necessidades básicas de autonomia, competência e relacionamento. Caso tal não se verifique, aumentarão os níveis motivacionais não auto-determinados, podendo mesmo os indivíduos abandonar as actividades em questão, na medida em que não percepcionam nenhumas contingências entre as suas acções e os resultados obtidos. Um dos aspectos mais referenciados quanto à relação entre estas teorias, é de que a adopção de uma orientação cognitiva para a tarefa, está positivamente relacionada com a motivação intrínseca ou com os seus indicadores, como o empenho, interesse e divertimento, bem como, negativamente relacionada ou não relacionada com formas motivacionais não auto-determinadas (Biddle et al., 1999a; Boyd et al., 2002; Duda, 1996; Duda et al., 1995; Ferrer-Caja & Weiss, 2000; Goudas & Biddle, 1993; Goudas et al., 1994; Harwood & Biddle, 2002; Ntoumanis, 2001b; Standage & Treasure, 2002). Assim, existe uma tendência para os indivíduos com uma orientação para a tarefa, em percepcionarem-se auto-determinados, dado que sentem divertimento e prazer na situação de aprendizagem de novas habilidades e melhoria de capacidades. Além do que, os motivos que orientam a participação destes indivíduos, não estão relacionados com o evitar do sentimento de culpa (regulação-introjecção) ou a obtenção de recompensas externas (regulação externa). Uma relação positiva, verificou-se entre a orientação para o ego e a regulaçãointrojecção e a regulação externa, revelando assim uma associação com níveis mais baixos de auto-determinação, dado que estes indivíduos participam em actividades desportivas devido a motivos extrínsecos, como a demonstração de superioridade e obtenção de recompensas ou troféus (Ntoumanis, 2001b; Standage & Treasure, 2002). Um dos factos evidenciados por Ferrer-Caja e Weiss (2000), é de que a orientação para a tarefa, além de influenciar directamente a motivação intrínseca, também página 43 Capítulo 2 – Revisão da Literatura influenciou, mas de uma forma indirecta, esta forma motivacional através de uma acção mediadora da percepção de competência. Assim, a adopção de uma orientação para a tarefa e a utilização de parâmetros avaliativos auto-referenciados, influencia as percepções de competência numa dada actividade, originando assim, um envolvimento sustentado por motivos intrínsecos. Por outro lado, nos estudos de Biddle et al. (1999a) e Goudas et al. (1994), a percepção de competência mediou os efeitos da orientação para o ego, na motivação intrínseca. Tal facto está de acordo com as premissas de Nicholls (1989), em que os indivíduos orientados para o ego, mas que se percepcionem bastante competentes, demonstrarão padrões motivacionais semelhantes aqueles com uma orientação para a tarefa. 2.5. A intenção de prática desportiva A importância do estudo da intenção na predição de um dado comportamento, está perfeitamente documentada (Azjen, 1985; Azjen & Fishbein, 1980), existindo diversos estudos que referem que a intenção é uma das mais importantes determinantes da participação de jovens e adultos, no contexto da actividade física (Biddle & Goudas, 1996; Chatzisarantis et al., 1997; Ntoumanis, 2001a; Papaioannou & Theodorakis, 1996; Standage et al., 2003). Algumas das teorias sócio-cognitivas contemporâneas, consideram a intenção como a determinante mais imediata da acção, dado que esta reflecte a motivação de um indivíduo e num certo momento, prediz com precisão um dado comportamento social (Azjen, 1991, 2002; Chatzisarantis et al., 1997; Hagger, Chatzisarantis, Biddle & Orbell, 2001). Um destes casos é a Teoria do Comportamento Planeado23 (Azjen, 1985, 1991), que pretende explicar os comportamentos que não estão sobre o completo controlo do indivíduo. Assim, este modelo teórico assume que os indivíduos baseiam as suas acções, considerando as suas atitudes perante o comportamento em questão, as pressões sociais ou normas subjectivas definidas para a realização do comportamento e a percepção de controlo sobre este mesmo (Chatzisarantis et al., 2002; Hagger et al., 2001). Um aspecto central desta teoria, é a intenção, que pretende demonstrar o empenho e a vontade de realizar um dado comportamento, pelo que foi sugerido que quanto maior for a intenção, maiores possibilidades existirão de ocorrer o dado 23 Esta teoria é uma extensão da Teoria da Acção Fundamentada (Azjen & Fishbein, 1980), na medida em que este modelo teórico revelou algumas limitações, em explicar acções em que os indivíduos não possuem um controlo completo sobre o seu comportamento. página 44 Capítulo 2 – Revisão da Literatura comportamento. Prevê-se assim que a intenção, medeie a influência das atitudes, normas subjectivas e percepção de controlo, no comportamento a realizar (Azjen, 1991). Diversos estudos já demonstraram a importância deste modelo teórico, para a compreensão das intenções de actividade física, no contexto desportivo (Chatzisarantis et al., 2002; Hagger et al., 2001, 2002; Papaioannou & Theodorakis, 1996). Atitudes perante o comportamento Normas subjectivas Intenção Comportamento Percepção de controlo Figura 6 – Teoria do Comportamento Planeado (Azjen, 1985, 1991) Assim, Chatzisarantis et al. (2002) pretenderam estudar os processos cognitivos pelos quais a percepção de lócus de causalidade, influenciava a participação desportiva nos tempos livres. Os principais resultados permitiram verificar que a motivação intrínseca exercia relações indirectas com as intenções de prática desportiva, através das atitudes e percepções de controlo. Desta forma, a percepção de um lócus de causalidade interno, conjugado com atitudes positivas e percepções de controlo, originaram intenções de participação desportiva. Outro aspecto salientado, é de que estas tomadas de decisão, irão influenciar o empenho a ser aplicado na realização de actividades físicas. Estes resultados são consistentes com os de Hagger et al. (2002), que verificaram que a motivação intrínseca exercia uma forte influência sobre as intenções, além de que, a percepção de controlo mediava a relação entre os motivos autónomos (intrínsecos) e as intenções de actividade física, demonstrando uma das premissas de Deci e Ryan (1985), que refere que o controlo apenas irá desenvolver a competência e motivar um dado comportamento, em condições de percepção de autonomia. Da mesma forma, Chatzisarantis, Biddle e Frederick (no prelo) e Chatzisarantis et al. (1997), salientam que as intenções autónomas, predizem mais correctamente os níveis de actividade física, do que as intenções controladas. A motivação intrínseca só está associada com a intenção de prática desportiva, quando percepcionada num página 45 Capítulo 2 – Revisão da Literatura contexto que promova a auto-determinação. Por fim, é referido que os efeitos de um lócus de causalidade interno, num dado comportamento, são mediados pela percepção de escolha, o que reforça a importância da promoção de um contexto de autonomia, durante a planificação das intenções de prática desportiva. Tal facto já tinha sido salientado por Goudas et al. (1994), quando verificaram que as variações de autonomia percepcionadas durante as aulas de Educação Física, estavam associadas com a intenção de praticar actividades desportivas, durante os tempos livres. Considerando os factos apresentados, torna-se fulcral afirmar que diversos estudos já verificaram que a intenção de realização de actividades físicas, quer seja nos tempos livres, como depois do envolvimento escolar, é positivamente predita pelas formas motivacionais auto-determinadas, tendo a motivação intrínseca o maior efeito (Biddle et al., 1999a; Ntoumanis, 2001a; Pelletier et al., 1995; Standage et al., 2003). Tal situação, não só suporta o facto de que as formas motivacionais auto-determinadas originam as consequências mais positivas, bem como, sustenta a importância da Educação Física, na definição de intenções positivas de prática desportiva em situações futuras (Standage et al., 2003). Por fim, pretendemos salientar a importância do interesse, utilidade e percepção de capacidades nas aulas de Educação Física, na predição das intenções de realização deste tipo de aulas (Papaioannou & Theodorakis, 1996), bem como, a relevância do encorajamento fornecido por indivíduos adultos (pais e professores), na definição da intenção de envolvimento desportivo e consequente adopção de um estilo de vida activo e saudável (Biddle & Goudas, 1996). página 46 Capítulo 3 – Metodologia III. Metodologia Este estudo insere-se no paradigma quasi-experimental, uma vez que o investigador não exerceu qualquer tipo de influência sobre os níveis das variáveis independentes. É ainda um estudo do tipo cross-sectional, na medida em que as variáveis foram medidas num único espaço temporal. 3.1. Amostra Para a constituição da amostra deste estudo, recorreu-se a várias técnicas de amostragem. Num primeiro momento, seleccionámos de entre os estudantes do 3º Ciclo de Ensino Básico, aqueles que frequentavam as aulas de EF (técnica de amostragem probabilística de clusters). De forma a assegurar um número adequado para a realização do estudo em causa, recorremos a uma adaptação da técnica de amostragem não probabilística bola de neve, tendo como elemento referenciador os professores de EF das escolas que participaram no presente estudo. Na sua essência, poderíamos assumir o conjunto destes procedimentos, como requisitos para definir a técnica de amostragem por conveniência. Inicialmente, foi recolhido um total de 1127 questionários, tendo contudo sido eliminados 28 destes mesmos, dado não cumprirem os requisitos necessários para aceitação neste estudo (preenchimento incompleto ou incorrecto e idade dos indivíduos fora da faixa etária definida). Deste modo, a amostra final foi constituída por 1099 alunos de Educação Física (544 raparigas e 555 rapazes), com idades compreendidas entre os 14 e 16 anos de idade (M = 14.66, SD = .75), de 11 escolas da região norte e centro de Portugal. O seguinte quadro, pretende caracterizar extensivamente os participantes, de acordo com as variáveis independentes em estudo (sexo, idade e envolvimento desportivo). Quadro 1 - Caracterização sistémica da amostra Número de sujeitos n = 1099 Sexo Masculino n = 555 (50.5%) Feminino n = 544 (49.5%) Idade 14 anos n = 561 (51.0%) 15 anos n = 348 (31.7%) 16 anos n = 190 (17.3%) Envolvimento desportivo Não praticantes n = 568 (51.7%) Modalidade colectiva n = 405 (36.8%) Modalidade individual n = 126 (11.5%) Da totalidade da amostra, 555 (50.5%) dos indivíduos eram do sexo masculino e 544 (49.5%) eram do sexo feminino. Quanto à idade, 561 (51.0%) tinham 14 anos, 348 página 47 Capítulo 3 – Metodologia (31.7%) tinham 15 anos, enquanto os restantes 190 (17.3%) indivíduos tinham 16 anos. Relativamente ao envolvimento desportivo extra-curricular, da totalidade da amostra 568 (51.7%) indivíduos não praticavam qualquer tipo de modalidade desportiva, 405 (36.8%) eram praticantes de modalidades colectivas e 126 (11.5%) praticavam um tipo de modalidade individual. Quando agrupados, os praticantes de diversos tipos de modalidades, perfizeram um total de 531 (48.3%) indivíduos. 3.2. Instrumentos Na medida em que este estudo, assume-se como uma replicação do realizado por Ntoumanis (2001a), foram utilizados os mesmos questionários, após uma tradução e adaptação efectuada para a língua portuguesa. Numa primeira fase, realizámos uma tradução dos questionários. Seguidamente, solicitámos a uma professora de inglês especializada em tradução, que nos confirmasse a tradução feita. Foi-lhe ainda solicitado, que em função da sua experiência a trabalhar com jovens cujas idades eram abrangidas no presente estudo, que procedesse a um ajustamento terminológico. Do processo de administração dos instrumentos aos jovens da amostra pelas várias pessoas envolvidas, não recebemos qualquer tipo de feedback que levantasse suspeitas sobre a interpretação dos itens em causa. Quanto aos factores sociais, as percepções dos alunos respeitantes à possibilidade de escolha de tarefas e actividades nas aulas de Educação Física, foram avaliadas recorrendo a 3 itens da subescala de percepção de escolha, do PE Class Climate Scale desenvolvido por Biddle, Cury, Goudas, Sarrazin, Famose e Durand (1995). Um exemplo de item é “Na aula de Educação Física, os alunos podem frequentemente planear as suas próprias actividades”. A cooperação e o ênfase do professor de EF na melhoria auto-referenciada dos alunos, foram avaliadas através das respectivas subescalas do Perceived Motivation Climate in Sport Questionnaire-2 (Newton, Duda & Yin, 2000). Exemplos de itens, apresentados de uma forma respectiva para estas escalas, são “Na aula de Educação Física , os alunos ajudam-se mutuamente nas tarefas de aprendizagem” e “Na aula de Educação Física, o professor ajuda os alunos a melhorarem as capacidades nas quais não são bons”. Os itens destas subescalas, foram respondidos numa escala tipo Likert de 5 pontos (variando entre 1=discordo e 5=concordo plenamente). página 48 Capítulo 3 – Metodologia Relativamente aos mediadores psicológicos, as percepções de competência24 dos alunos, foram avaliadas a partir da subescala do Intrinsic Motivation Inventory de McAuley, Duncan e Tammen (1989), que consiste em 5 itens, em que um exemplo é “Eu penso que sou muito bom na aula de Educação Física”. Dado não existirem escalas publicadas que permitem a mensuração do relacionamento e autonomia, Ntoumanis (2001a) desenvolveu 2 conjuntos de itens que permitem avaliar estes mediadores psicológicos. Exemplos de itens são “As diferentes actividades na aula de Educação Física, fazem com que me relacione mais com os outros alunos” e “Eu posso decidir quais as actividades que quero praticar na aula de Educação Física”, respectivamente. Os diferentes tipos motivacionais foram avaliados a partir dos questionários25 utilizados por Goudas et al. (1994), que compreende 4 itens para cada uma das diferentes 5 subescalas26. Exemplos de itens para cada uma das subescalas, são “Eu realizo a aula de Educação Física, porque é divertida” (motivação intrínseca), “Eu realizo a aula de Educação Física, porque é importante para mim realizar correctamente as actividades” (regulação identificada), “Eu realizo a aula de Educação Física, porque quero que o professor ache que eu sou um bom aluno” (regulação-introjecção), “Eu realizo a aula de Educação Física, porque arranjo problemas se não a realizar” (regulação externa) e “Eu realizo a aula de Educação Física, mas sinto que estou a desperdiçar o meu tempo” (amotivação). Considerando as premissas de Vallerand (1997), no último nível e com base nos diferentes tipos motivacionais, verificam-se consequências de carácter cognitivo, afectivo e comportamental. Assim, uma das consequências mensuradas foi o aborrecimento, que foi avaliado a partir de 3 itens desenvolvidos por Duda, Fox, Biddle e Armstrong (1992), englobados num questionário mais extensivo que pretende mensurar as respostas afectivas de crianças e jovens, perante a actividade física. Um exemplo de item é “Quando jogo na aula de Educação Física, eu frequentemente desejo que o jogo acabe rapidamente”. Outra das consequências motivacionais avaliada, foi o empenho, pelo que foi utilizada a respectiva subescala do Intrinsic Motivation Inventory de McAuley et al. (1989), que engloba 4 itens, sendo um exemplo 24 É necessário denotar que o valor do item “Eu não consigo realizar muito bem as actividades na aula de Educação Física”, é introduzido no sentido inverso (ou seja, o valor 1=7, 2=6, 3=5, 5=3, 6=2 e 7=1). 25 Self-Regulation Questionnaire (Ryan & Connell, 1989) e Academic Motivation Scale (Vallerand & Bissonnette, 1992). 26 Apesar das considerações de Deci e Ryan (1985), incluírem a regulação integrada como um tipo de motivação extrínseca, este questionário não abrange esta forma motivacional, dado que estas subescalas foram primordialmente desenvolvidas em adolescentes, pelo que a regulação integrada tende a surgir principalmente em adultos (Goudas et al., 1994; Pelletier et al., 1995; Vallerand, 1997). página 49 Capítulo 3 – Metodologia “Eu empenho-me quando jogo na aula de Educação Física”27. Por fim, a intenção de prática desportiva em situações futuras, foi avaliada recorrendo a um único item desenvolvido por Ntoumanis (2001a), tendo em conta alguns exemplos já apresentados em estudos anteriores (Biddle & Goudas, 1996; Biddle et al., 1999a; Goudas et al., 1995). O item correspondente é “Eu tenho intenção de praticar desporto, no futuro”. Convêm desde já salientar, que os itens destas últimas subescalas, foram respondidos numa escala tipo Likert de 7 pontos (variando entre 1=discordo plenamente e 7=concordo plenamente). Quanto à consistência interna para cada subescala (α de Cronbach), serão somente enunciados os valores apresentados por Ntoumanis (2001a), dado o presente estudo ser uma replicação do mesmo: escolha ( .63); aprendizagem cooperativa ( .73); melhoria auto-referenciada ( .64); percepções de competência ( .85); motivação intrínseca ( .87); regulação identificada ( .84); regulação-introjecção ( .67); regulação externa ( .82); amotivação ( .81); aborrecimento ( .72) e, empenho ( .81). Dado as subescalas relacionamento e autonomia, serem somente constituídas por 2 itens, é apresentado um coeficiente de correlação ( .65 para o relacionamento e .43 para a autonomia). 3.3. Modelo de estudo 3.3.1. Variáveis dependentes Dado que este estudo pretendeu conhecer as opiniões dos indivíduos da amostra em relação a um conjunto de construtos definidos a partir do modelo hierárquico de Vallerand (1997, 2000, 2001), estes constituíram-se como as nossas variáveis dependentes. Assim, ao nível dos factores sociais, estudou-se a importância da aprendizagem cooperativa, ênfase na melhoria e percepção de escolha, na definição das necessidades psicológicas apresentadas por Deci e Ryan (1985): relacionamento, percepção de competência e autonomia. Por sua vez e dado que foi estudado um modelo hierárquico, o terceiro nível de avaliação foram os tipos motivacionais que delimitam o continuum de auto-regulação (motivação intrínseca, regulação identificada, regulação-introjecção, regulação externa e amotivação), culminando na respectiva influência em 3 construtos que se afiguram como consequências das variáveis anteriores (empenho, intenção de prática desportiva e aborrecimento). 27 É necessário denotar que o valor do item “Eu não me empenho muito na aula de Educação Física”, é introduzido no sentido inverso (ou seja, o valor 1=7, 2=6, 3=5, 5=3, 6=2 e 7=1). página 50 Capítulo 3 – Metodologia 3.3.2. Variáveis independentes De acordo com este tipo de variáveis, que sumariamente divide a amostra em subgrupos, é possível estudar o efeito diferencial sobre as opiniões registadas, permitindo a definição de opiniões diferenciadas quanto às variáveis dependentes em estudo. Assim, as variáveis independentes para este estudo serão: sexo, idade e envolvimento desportivo extra-curricular (para além das aulas de Educação Física). 3.3.2.1. Sexo A comparação dos construtos em questão relativamente ao sexo, pretende delimitar algumas diferenciações apresentadas na literatura, nomeadamente com as necessidades psicológicas, abrangendo também a análise dos restantes níveis do modelo em estudo, dado que existe pouca utilização desta análise comparativa, quanto às restantes variáveis dependentes. 3.3.2.2. Idade Este estudo está delimitado entre os 14 e os 16 anos de idade, respeitando uma das premissas do estudo de Ntoumanis (2001a), dado que o presente se afirma como uma replicação no contexto nacional, do anterior. Considerando que a presente investigação incidiu na análise de alunos que frequentam as aulas de Educação Física, esta limitação da idade, pretende por um lado obter opiniões de jovens que consigam conceber um raciocínio abstracto e concretizá-lo numa opinião pessoal, bem como, avaliar um conjunto de indivíduos que se centra num nível de ensino obrigatório, quanto à disciplina de Educação Física (3º Ciclo de Ensino Básico). Igualmente, permite-nos analisar a evolução das opiniões relativas aos construtos em estudo, ao longo destas idades. 3.3.2.3. Envolvimento desportivo Quanto a este parâmetro, pretendemos conhecer se existem diferenças entre as opiniões dos indivíduos que não praticavam nenhuma actividade desportiva e aqueles que de alguma forma, estavam envolvidos numa modalidade desportiva, a um nível extra-curricular. Inicialmente, este último subgrupo foi dividido em praticantes de modalidades colectivas e individuais. Contudo e dado o reduzido número de praticantes de modalidades individuais em relação ao total da amostra (n = 126, 11.5%), estes 2 subgrupos mantiveram-se agrupados, tendo sido efectuada a análise comparativa, entre os não praticantes e os praticantes. página 51 Capítulo 3 – Metodologia 3.3.3. Representação gráfica do estudo Considerando a definição das variáveis e dos instrumentos, será apresentada a representação gráfica deste estudo, de forma a permitir uma compreensão da sua concepção e estruturação. Esta visão global, por outro lado, proporciona de forma esquematizada, o conhecimento do “modo de análise” dos objectivos e consequente relação com as variáveis definidas. O BJE CT IVO C omp reens ão da m otivaç ão n o c ontexto da E F , em jovens d os 14 aos 16 anos M O D E LO D O E S T UD O - e xp lo ra çã o - d e scr içã o - c om p a ra çã o - te sta g em d e u m m o d el o te ó rico V A R IÁ V E IS IN D E P E N D E N TE S - se xo - id a d e - e n vol vi m en to d es p or tivo IN S T R U M E N T O S - P E C la s s C li m a te S c a le - P e r c e i v e d M o ti v a ti o n C li m a t e i n S p o rt Q u e s ti o n n a ir e -2 - I n tr in s i c M o ti v a ti o n In v e n to ry - r e l a c io n a m e n to e a u to n o m i a , d e s e n v o lv i d a s p o r N to u m a n i s ( 2 0 0 1 a ) - q u e s ti o n á r i o s u ti l i za d o s p o r G o u d a s e t a l . ( 1 9 9 4 ) e D u d a , F o x , B i d d l e e A r m s tr o n g (1 9 9 2 ) - ú n ic o i te m a c e r c a d a i n te n ç ã o ( N to u m a n is , 2 0 0 1 a ) D E P E ND E N TE S - a p re n d i za g e m c o o p e r a ti v a p e rc e p ç ã o d e e s c o lh a ê n fa s e n a m e lh o ri a p e rc e p ç ã o d e c o m p e tê n c ia a u to n o m i a r e l a c i o n a m e n to m o t i v a ç ã o i n tr ín s e c a r e g u l a ç ã o i d e n t i fi c a d a r e g u l a ç ã o - i n tr o je c ç ã o r e g u l a ç ã o e x te rn a a m o ti v a ç ã o em p enho a b o r re c i m e n to i n te n ç ã o d e p r á t i c a d e s p o rt i v a Figura 7 - Definição do desenho do estudo 3.4. Procedimentos 3.4.1. Funcionais 3.4.1.1. Método de pesquisa Para obtenção de estudos do mesmo âmbito, bem como familiarização com as teorias e correspondentes limitações apontadas na vasta literatura existente, foi realizada uma pesquisa de biblioteca e on line (Internet). Para tal, foram consultadas as bibliotecas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física (Universidade do Porto). Paralelamente, foram realizados alguns contactos com autores de estudos relacionados com esta temática (via e-mail), tendo sido recebidos alguns artigos pedidos nessas comunicações. página 52 Capítulo 3 – Metodologia 3.4.1.2. Aplicação do questionário Inicialmente, foi enviado um requisito de autorização para o Conselho Executivo, visando a permissão da aplicação do questionário aos alunos, para cada uma das escolas em estudo (ver anexo 1). Após o consentimento obtido, os questionários foram distribuídos aos alunos pelo autor deste trabalho. Contudo e dada a imensidão da amostra, existiram questionários que foram distribuídos aos alunos de uma forma indirecta, por outros professores, pelo que sempre que tal se verificou, os questionários para os alunos foram acompanhados de considerações para os respectivos professores, aquando da entrega dos questionários (ver anexo 2). Durante a distribuição dos questionários, os alunos foram informados que estes pretendiam conhecer algumas das suas opiniões acerca das aulas de Educação Física, bem como, de que o seu preenchimento era realizado de uma forma anónima, devendo os alunos certificarem-se que responderam a todos os itens. Assim e após a explicação do objectivo do questionário, foi apresentada a sua forma de preenchimento (nomeadamente no que se refere ao esclarecimento de dúvidas, para que se verificasse uma maior coerência possível na sua resolução). O preenchimento dos questionários decorreu, sempre que possível, num ambiente calmo e sereno, demorando entre dez a quinze minutos. 3.4.1.3. Dificuldades Durante a realização deste trabalho, deparámo-nos com diversas dificuldades, destacando as seguintes. Inicialmente, uma das grandes limitações foi a dificuldade na obtenção de estudos respeitantes à temática em causa, tendo a pesquisa on-line e o envio de artigos por parte de autores estrangeiros, mostrado-se fulcral para a superação de tal situação. Dado o elevado número da amostra em estudo, denotámos algumas dificuldades na obtenção de tão vasta amostra, tendo somente a ajuda de um outro professor, permitido superar essa dificuldade. Por fim e tendo em conta o tipo de estatísticas utilizadas, sentimos algumas dificuldades na obtenção do software que nos permitisse realizar os procedimentos estatísticos pretendidos. 3.4.2. Operacionais Após a recolha de dados e eliminação de questionários que não correspondiam aos requisitos necessários para aceitação neste estudo, os dados obtidos foram introduzidos numa folha de cálculo (Microsoft Excel©, 2000), sendo posteriormente exportados para aplicativos específicos de estatística, como o SPSS 10.0 (Statistical página 53 Capítulo 3 – Metodologia Products and Service Solutions©, 1999) e o SAS 6.12 (SAS System©, 1996), com vista ao seu tratamento e apresentação ordenada. A análise descritiva, comparativa e correlacional foi efectuada utilizando o SPSS 10.0, enquanto que recorremos ao SAS 6.12, para testar o modelo teórico, utilizando os procedimentos SEM. De seguida, serão apresentados os diferentes tipos de análises efectuadas, de acordo com a distinção presente em Pestana e Gageiro (2000), relativamente ao número de variáveis tratadas em simultâneo. 3.4.2.1. Análise univariada Esta deve consistir na primeira etapa da exploração dos dados, consistindo num estudo exploratório e descritivo de cada variável isoladamente, não descurando a análise da normalidade das variáveis em questão. Assim, num primeiro passo foi realizada a maioria das estatísticas descritivas referentes a variáveis avaliadas com o uso de escalas Likert, como a média (M) e desvio padrão (SD). Quanto ao segundo ponto, a análise da simetria da distribuição das frequências (normalidade) foi efectuada através da utilização do skewness (assimetria) e kurtosis (achatamento), pelo que considera-se que quando estes valores não estão compreendidos no intervalo de -1 a 1, violam a distribuição normal da variável em questão, tal como definido pelas premissas do software estatístico SPSS 10.0. 3.4.2.2. Análise multivariada Neste tipo de análise, estabelecem-se relações entre 2 ou mais variáveis, permitindo determinar níveis diferenciados e de associação linear entre as mesmas. Inicialmente e para conhecer possíveis diferenças existentes entre as variáveis dependentes, de acordo com os diferentes subgrupos definidos pelas variáveis independentes, foi utilizado o teste t de Student para amostras independentes (comparação de 2 subgrupos) e a ANOVA one-way (comparação de 3 ou mais subgrupos). O respectivo teste post-hoc (comparação múltipla) utilizado para determinar as diferenças entre os subgrupos, foi o Scheffé. Por outro lado, de forma a permitir conhecer a associação linear (relação) entre diferentes variáveis, foi calculado o coeficiente de correlação de Pearson. Este valor varia entre -1 e 1, determinando se a relação é negativa (aumento de uma variável está associado à diminuição da outra) ou positiva (variação de ambas as variáveis no mesmo sentido). página 54 Capítulo 3 – Metodologia Por fim, de acordo com o objectivo de testar um modelo hipotetizado à priori (Vallerand, 1997, 2000, 2001), foram respeitados os 2 procedimentos recomendados por Anderson e Gerbing (1988) e Biddle et al. (2001b): análise factorial confirmatória (AFC) e path analysis (análise de relações causais). Estes procedimentos estatísticos são conhecidos de uma forma abrangente, por modelação por equações estruturais (SEM) e proporcionam um método que permite estimar relações entre variáveis latentes (variáveis que não podem ser mensuradas directamente e que são também denominadas de construtos hipotéticos, dado que este tipo de variável é definido a partir de itens/afirmações que podem ser mensurados directamente) e/ou variáveis manifestas (variáveis passíveis de serem mensuradas directamente e que permitem definir as variáveis latentes). O tipo de modelo que será testado no presente estudo, engloba ambos tipos de variáveis, o que de acordo com Hatcher (1994), é denominado de modelo não estandardizado. De referir, que os modelos podem ser testados quanto à sua adequação aos dados através de diversos índices e testes de significância, que serão apresentados posteriormente. A AFC permite desenvolver um modelo de medição aceitável que, por sua vez, está definido à priori pelas estruturas factoriais dos instrumentos utilizados e permite determinar a consistência das relações entre os itens que definem o respectivo factor (Biddle et al., 2001b). Este procedimento possibilita especificar um conjunto de requisitos nos loadings (correlação) dos itens nos respectivos factores, bem como, também possibilita que cada variável latente se relacione com outra. Diversas condições foram respeitadas para a realização da AFC (Hatcher, 1994), sendo apresentadas somente as mais relevantes: número mínimo de 5 observações por item do questionário (Bentler & Chou, 1987; Hatcher, 1994), tendo este estudo respeitado o número de 10 observações por item, proposta por Biddle et al. (2001b); e, 3 indicadores (itens) por variável latente, podendo no entanto os construtos serem mensurados somente por 2 itens (Hatcher, 1994), o que se verificou no presente estudo, para as subescalas da autonomia e relacionamento. Após a obtenção da estrutura factorial, foi calculado o α de Cronbach (Cronbach, 1951) para cada um dos factores emergidos. Este coeficiente de consistência interna, permite determinar a forma como os diferentes itens que constituem uma subescala, página 55 Capítulo 3 – Metodologia se correlacionam uns com os outros. Este valor varia entre 0 e 1, aceitando-se como aceitável o valor mínimo de .70 (Nunnally, 1978). A path analyis igualmente permite testar modelos teóricos, através da determinação de relações causais entre um número diverso de variáveis. Caso estas permitam relações bidireccionais, denominam-se de exógenas, sendo a relação entre estas conhecida por covariância; enquanto se as variáveis do modelo, unicamente permitirem relações unidireccionais, são denominadas de endógenas tendo assim a respectiva relação o termo de coeficientes de path analysis. Foi utilizado o método de estimação Maximuum likelihood, como forma de definição da normalidade multivariada, o que mesmo que tal não se verifique em amostras grandes (como o presente estudo), permite analisar correctamente os dados obtidos (Hu, Bentler & Kano, 1992). Após a especificação e estimação do modelo, a sua adequação foi avaliada por um conjunto de índices de ajustamento: χ 2 (Qui-quadrado), pelo que um índice adequado é indicado por um valor não significativo, não descurando o facto de que este valor varia em função inversa do tamanho da amostra (quanto maior a amostra, menor o valor de significância), tal como afirmam Bentler e Bonnet (1980); contudo e tendo em conta este facto, Jöreskog e Sörbom (1989) sugeriram um rácio definido pelo Qui-quadrado e os graus de liberdade (df), que se representa por χ 2 /df , pelo que no entanto, não existe um valor claramente aceite [< 3, por Ntoumanis (2001a) e < 2, por Hatcher (1994)]. Outros índices usualmente utilizados são o GFI: Goodness of Fit Index (Jöreskog & Sörbom, 1984), NNFI: Non-normed Fit Index (Bentler & Bonnet, 1980) e o CFI: Comparative Fit Index (Bentler, 1990), pelo que os seus valores variam entre 0 e 1. Valores acima de .90 revelam um modelo adequado (Bentler & Bonnet, 1980; Biddle et al., 2001b; Hatcher, 1994). Por fim, foi utilizado o índice RMSEA: Root Mean Square Error of Approximation, em que valores menores que .05 indicam uma adequação aceitável (Browne & Cudeck, 1993). Um dos factos a reter, é que os procedimentos do SEM, usualmente providenciam um conjunto de alterações que permitem elevar os níveis de ajustamento do modelo (Lagrange Multiplier e Wald), Contudo, tais sugestões só foram aceites, quando justificadas e fundamentadas teoricamente, de forma a manter uma coerência nas relações existentes no modelo teórico testado. página 56 Capítulo 3 – Metodologia Convêm ainda salientar, que a ocorrência de eliminação de itens multifactoriais (loadings elevados em mais que um factor) durante a AFC, não compromete a integridade do modelo, dado que este mantém-se o mesmo (Markland & Ingledew, 1997), só passando a possuir menos indicadores por factor (Hofmann, 1995). O nível de significância foi mantido em 5%, para todos os procedimentos estatísticos efectuados (*p < .05, **p < .01 e ***p < .001). página 57 Capítulo 4 – Apresentação dos Resultados IV. Apresentação dos Resultados De forma a manter alguma coerência e fluidez na apresentação dos resultados, esta será feita de acordo com os tipos de análises efectuadas, respeitando a distinção proposta por Pestana e Gageiro (2000). Assim, inicialmente será apresentada a análise descritiva respeitante às variáveis em estudo. Posteriormente, serão referidas as análises comparativas28 efectuadas de acordo com as variáveis independentes, culminando na SEM realizada para a definição do modelo teórico de Vallerand (1997, 2000, 2001) no contexto da EF. 4.1. Análise univariada No quadro 2, estão presentes os valores da média, desvio padrão, skewness e kurtosis das variáveis dependentes utilizadas neste estudo. Quadro 2 - Análise descritiva das variáveis dependentes Média Desvio padrão Skewness Kurtosis Escolha 3.16 .95 -.10 -.60 Cooperação 3.31 .84 -.17 -.44 Melhoria 4.18 .68 -1.01 1.20 Competência 4.41 1.44 -.13 -.65 Autonomia 3.49 1.50 .31 -.51 Relacionamento 4.85 1.56 -.38 -.59 MI 5.28 1.28 -.74 .33 MERID 5.78 1.22 -1.29 1.67 MERIN 4.26 1.53 -.16 -.80 MERE 3.80 1.56 .10 -.77 AMOT 2.63 1.58 .88 -.04 Empenho 5.38 1.32 -.79 .36 Aborrecimento 2.60 1.55 .95 .06 Intenção 4.67 2.14 -.40 -1.21 Legenda: MI - motivação intrínseca; MERID - motivação extrínseca regulação identificada; MERIN - motivação extrínseca regulação-introjecção; MERE - motivação extrínseca regulação externa e AMOT - amotivação. Entre os factores sociais, aquele que os indivíduos da amostra referenciaram como mais importante, foi o ênfase na melhoria definido pelo professor (4.18±.68), enquanto o menos salientado e apesar de ter um valor superior à média da escala em que foi respondido (1 a 5), foi a possibilidade de escolha percepcionada pelos alunos 28 Os construtos que foram tidos em conta na análise comparativa, já contemplaram a respectiva estrutura factorial efectuada e validada na AFC. A sua apresentação surge anteriormente, unicamente com o propósito de respeitar a ordem de análises definida no capítulo da metodologia. página 58 Capítulo 4 – Apresentação dos Resultados (3.16±.95). Dos mediadores psicológicos, o relacionamento foi aquele que teve média mais elevada (4.85±1.56), seguido da percepção de competência (4.41±1.44), salientando a importância das aulas de EF, quanto ao domínio sócio-afectivo e à possibilidade de demonstração de capacidades. Os valores de autonomia foram mais baixos, salientando igualmente a pouca possibilidade de escolha de actividades e tarefas descrita anteriormente (3.49±1.50). Os alunos no geral, exibiram um perfil de motivação auto-determinado, verificando-se contudo uma média mais elevada para a regulação identificada (5.78±1.22) que é um tipo de motivação extrínseca, em comparação com a motivação intrínseca (5.28±1.28). Um perfil de motivação não auto-determinado seguiu-se de forma decrescente na média dos valores (regulação-introjecção com 4.26±1.53 e regulação externa com 3.80±1.56). Por fim, o tipo motivacional menos referenciado e abaixo da média da escala (1 a 7), foi a amotivação, com um valor médio de 2.63±1.58. Por fim, quanto às consequências derivadas da influência das variáveis anteriores, denotou-se que os alunos afirmaram empenharem-se bastante na realização das aulas de EF (5.38±1.32), denotando um baixo nível de aborrecimento neste mesmo envolvimento (2.60±1.55). Igualmente, referiram uma opinião bastante favorável à realização de actividades desportivas no contexto extra-curricular, numa situação futura, através da intenção de prática desportiva (4.67±2.14). Contudo, convém desde já salientar os valores elevados de dispersão (SD e VAR) da variável intenção, que sugerem existir inúmeras discrepâncias na totalidade da amostra, o que será analisado mais à frente. Quanto à distribuição da normalidade, verifica-se que as variáveis mais problemáticas são a melhoria, regulação identificada e intenção de prática desportiva. Contudo, os indicadores problemáticos de cada variável, não foram expurgados na medida em que não alteravam os parâmetros da tendência central e dado que na SEM foi utilizado o método Maximuum likelihood na definição da normalidade multivariada (Hu et al., 1992). 4.2. Análise multivariada 4.2.1. Análise comparativa por sexo O quadro 3 apresenta a valorização média dos construtos em estudo, diferenciando as opiniões dos rapazes e das raparigas. Igualmente, indica-se o valor do teste t e o respectivo valor de significância (p). página 59 Capítulo 4 – Apresentação dos Resultados Quadro 3 - Análise comparativa das variáveis dependentes, por sexo Sexo masculino M ± SD Sexo feminino M ± SD Escolha 3.18±.96 3.14±.93 .59 Cooperação 3.39±.84 3.23±.84 3.31 .001*** Melhoria 4.17±.70 4.20±.66 -.85 .395 Competência 4.79±.70 4.03±1.33 9.11 .000*** Autonomia 3.67±1.57 3.31±1.40 4.04 .000*** Relacionamento 4.84±1.57 4.86±1.56 -.29 .774 MI 5.49±1.30 5.07±1.24 5.50 .000*** MERID 5.85±1.26 5.70±1.18 2.03 .042* MERIN 4.48±1.59 4.04±1.44 4.83 .000*** MERE 3.89±1.65 3.71±1.46 1.89 .060 AMOT 2.79±1.74 2.47±1.38 3.35 .001*** Empenho 5.39±1.36 5.36±1.28 .42 .673 Aborrecimento 2.66±1.69 2.53±1.40 1.42 .157 Intenção 5.13±1.99 4.20±2.19 7.40 .000*** t p .554 Nota: *p < .05, **p < .01 e ***p < .001 Legenda: MI - motivação intrínseca; MERID - motivação extrínseca regulação identificada; MERIN - motivação extrínseca regulação-introjecção; MERE - motivação extrínseca regulação externa e AMOT - amotivação. Como se pode verificar, existiram diferenças estatisticamente significativas em 8 do total de 14 variáveis em estudo. Os rapazes valorizaram mais todos os construtos do que as raparigas, à excepção do ênfase na melhoria, não se verificando, contudo, qualquer tipo de diferença estatisticamente significativa para essa variável em questão. Desta forma, denotaram-se diferenças estatisticamente significativas, quanto à variável aprendizagem cooperativa (t = 3.31, p < .001), percepção de competência (t(1092.71) = 9.11, p < .000), percepções de autonomia (t(1086.76) = 4.04, p < .000), motivação intrínseca (t = 5.50, p < .000), regulação identificada (t = 2.03, p < .042), regulação-introjecção (t(1090.93) = 4.83, p < .000), amotivação (t(1049.46) = 3.35, p < .001) e intenção de prática desportiva (t(1082.06) = 7.40, p < .000), tendo os rapazes referido uma valorização média superior para todas os construtos, quando comparados com as raparigas. página 60 Capítulo 4 – Apresentação dos Resultados 4.2.2. Análise comparativa por idade No quadro 4 é apresentada a valorização média dos construtos em estudo, diferenciando as opiniões dos indivíduos com 14, 15 e 16 anos de idade. Igualmente, indica-se o valor do teste F de Scheffé e o respectivo valor de significância (p). Quadro 4 - Análise comparativa das variáveis dependentes, por idade 14 anos M ± SD 15 anos M ± SD 16 anos M ± SD F p Escolha 3.18±.94 3.10±.96 3.22±.95 1.30 .274 Cooperação 3.37±.85 3.30±.81 3.16±.86 4.30 .014* Melhoria 4.24±.68 4.09±.70 4.19±.65 5.08 .006** Competência 4.39±1.48 4.43±1.39 4.43±1.40 .12 .888 Autonomia 3.50±1.51 3.52±1.48 3.41±1.51 .37 .689 Relacionamento 4.84±1.58 4.80±1.58 4.96±1.48 .61 .541 MI 5.28±1.25 5.25±1.35 5.35±1.27 .40 .670 MERID 5.82±1.17 5.69±1.35 5.81±1.15 1.36 .258 MERIN 4.25±1.54 4.30±1.53 4.19±1.52 .34 .711 MERE 3.80±1.52 3.89±1.62 3.64±1.54 1.53 .218 AMOT 2.55±1.62 2.73±1.54 2.68±1.52 1.52 .220 Empenho 5.43±1.31 5.31±1.34 5.36±1.32 .85 .430 Aborrecimento 2.57±1.55 2.65±1.59 2.59±1.51 .33 .719 Intenção 4.50±2.15 4.78±2.18 4.96±2.02 4.00 .019* Nota: *p < .05, **p < .01 e ***p < .001 Legenda: MI - motivação intrínseca; MERID - motivação extrínseca regulação identificada; MERIN - motivação extrínseca regulação-introjecção; MERE - motivação extrínseca regulação externa e AMOT - amotivação. Relativamente à análise comparativa por idades, existiram diferenças estatisticamente significativas nas variáveis cooperação, melhoria e intenção de prática desportiva. A primeira verificou-se entre os 14 e os 16 anos de idade (F(2, 1096) = 4.30, p < .015), tendo os indivíduos com 14 anos apresentado uma valorização média mais elevada do que os com 16 anos (3.37±.85 e 3.16±.86, respectivamente). Quanto à melhoria, as diferenças verificaram-se entre os 14 e os 15 anos de idade (F(2, 1096) = 5.08, p < .006), tendo os indivíduos com 14 anos apresentado uma valorização média mais elevada do que os com 15 anos (4.24±.68 e 4.09±.70, respectivamente). Por fim, a intenção de prática desportiva numa situação futura, foi mais valorizada pelos indivíduos com 16 anos, quando comparados com os de 14 anos de idade (4.96±2.02 e 4.50±2.15, respectivamente), verificando-se diferenças estatisticamente significativas (F(2, 4.00, p < .019). página 61 1096) = Capítulo 4 – Apresentação dos Resultados 4.2.3. Análise comparativa por envolvimento desportivo O quadro 5 apresenta a valorização média dos construtos em estudo, diferenciando as opiniões dos não praticantes e dos praticantes (modalidade colectiva ou individual). Igualmente, indica-se o valor do teste t e o respectivo valor de significância (p). Quadro 5 - Análise comparativa das variáveis dependentes, por envolvimento desportivo Não praticantes M ± SD Praticantes M ± SD Escolha 3.15±.95 3.18±.94 -.52 .604 Cooperação 3.25±.85 3.37±.82 -2.47 .014* Melhoria 4.15±.66 4.22±.71 -1.51 .132 Competência 4.07±1.37 4.78±1.42 -8.39 .000*** Autonomia 3.39±1.47 3.59±1.52 -2.19 .029* Relacionamento 4.67±1.59 5.04±1.52 -3.93 .000*** MI 4.97±1.33 5.62±1.14 -8.76 .000*** MERID 5.58±1.33 5.98±1.06 -5.53 .000*** MERIN 4.08±1.50 4.45±1.54 -3.96 .000*** MERE 3.82±1.54 3.78±1.59 .43 .665 AMOT 2.68±1.49 2.58±1.67 .99 .320 Empenho 5.22±1.36 5.54±1.26 -4.02 Aborrecimento 2.69±1.55 2.50±1.56 2.11 Intenção 4.08±2.19 5.30±1.90 -9.82 t p .000*** .035* .000*** Nota: *p < .05, **p < .01 e ***p < .001 Legenda: MI - motivação intrínseca; MERID - motivação extrínseca regulação identificada; MERIN - motivação extrínseca regulação-introjecção; MERE - motivação extrínseca regulação externa e AMOT - amotivação. Como se pode verificar, existiram diferenças estatisticamente significativas em 9 do total de 14 variáveis em estudo. Os praticantes desportivos valorizaram mais os construtos do que os não praticantes, à excepção da regulação externa, amotivação e aborrecimento. Desta forma, denotaram-se diferenças estatisticamente significativas, quanto à variável aprendizagem cooperativa (t = -2.47, p < .014), percepção de competência (t = -8.39, p < .000), autonomia (t = -2.19, p < .029), percepções de relacionamento (t = -3.93, p < .000), motivação intrínseca (t(1089.52) = -8.76, p < .000), regulação identificada (t(1070.26) = -5.53, p < .000), regulação-introjecção (t = -3.96, p < .000), empenho (t = -4.02, p < .000), aborrecimento (t = 2.11, p < .035) e intenção de prática desportiva (t(1091.13) = -9.82, p < .000). página 62 Capítulo 4 – Apresentação dos Resultados 4.2.4. Análise da relação linear entre variáveis dependentes O quadro 6 apresenta a matriz de correlação (coeficiente de Pearson), para as variáveis dependentes em estudo. Na intersecção da linha com a coluna do mesmo número, será apresentado o coeficiente de consistência interna (α de Cronbach) para o factor em questão. Quadro 6 – Matriz de correlação das variáveis dependentes e respectivo α de Cronbach 1 1. ESC 2. COOP 3. MEL 4. COMP 5. AUT 6. REL 7. MI 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 (.67) .34*** .26*** .20*** .39*** .23*** .23*** .16*** .17*** .13*** .06 (.71) .33*** .26*** .26*** .23*** .20*** .17*** .15*** .00 (.74) .22*** .07* .30*** .32*** .32*** .14*** .08* .01 (.86) .36*** .36*** .54*** .39*** .44*** .25*** 12 13 14 .11*** .08** .11*** .08* .08** .13*** -.21*** .30*** -.15*** .10*** .03 (.38) .26*** .25*** .12*** .30*** .30*** .28*** .41*** .06 (.58) .39*** .35*** .29*** .22*** -.08** .31*** .04 .43*** .35*** .20*** -.02 .21*** (.82) .58*** .43*** .15*** -.12*** .42*** -.11*** .36*** 8. MERID (.83) .34*** .08** -.17*** .44*** -.12*** .33*** 9. MERIN (.80) .55*** .20*** .30*** .17*** .20*** 10. MERE (.69) .40*** .14*** .30*** .06* 11. AMOT (.82) -.19*** .54*** .02 12. EMP (.73) -.24*** .21*** 13. ABOR (.77) 14. INT .08** — Nota: *p < .05, **p < .01 e ***p < .001. Legenda: ESC – escolha; COOP – cooperação; MEL – melhoria; COMP – competência; AUT – autonomia; REL – relacionamento; MI - motivação intrínseca; MERID - motivação extrínseca regulação identificada; MERIN - motivação extrínseca regulação-introjecção; MERE - motivação extrínseca regulação externa; AMOT – amotivação; EMP – empenho; ABOR – aborrecimento e INT – intenção. Considerando os valores de consistência interna dos construtos em estudo, verifica-se que estes oscilaram entre o valor mínimo de .67 (escolha) e o valor máximo de .86 (percepção de competência). Apesar de 2 subescalas (escolha e regulação externa) revelarem valores abaixo do mínimo sugerido por Nunnally (1978), estas mesmas foram aceites como válidas, dado a tangência ao valor anteriormente sugerido e por respeitarem o valor mínimo de .60 para aceitação da subescala definido por Hatcher (1994). Para as subescalas autonomia e relacionamento, por serem constituídas por 2 itens, é apresentado um valor de coeficiente de correlação, enquanto para a intenção não é apresentado nenhum valor devido a este construto ser constituído somente por um item. página 63 Capítulo 4 – Apresentação dos Resultados Serão apresentados de forma extensiva, somente as variáveis que evidenciaram valores de relação acima de .4029 dado que abaixo deste limite, considera-se existir uma associação baixa (Pestana & Gageiro, 2000). Assim, salienta-se desde já que todas as relações a apresentar são positivas, isto é, ocorre variação de ambas as variáveis no mesmo sentido: (i) relação entre a escolha e a autonomia (r = .39, p < .000); (ii) relação entre a competência e a motivação intrínseca (r = .54, p < .000); (iii) relação entre a competência e a regulação identificada (r = .39, p < .000); (iv) relação entre a competência e a regulaçãointrojecção (r = .44, p < .000); (v) relação entre a competência e o empenho (r = .41, p < .000); (vi) relação entre o relacionamento e a motivação intrínseca (r = .39, p < .000); (vii) relação entre a motivação intrínseca e a regulação identificada (r = .58, p < .000); (viii) relação entre a motivação intrínseca e a regulação-introjecção (r = .43, p < .000); (ix) relação entre a motivação intrínseca e o empenho (r = .42, p < .000); (x) relação entre a regulação identificada e o empenho (r = .44, p < .000); (xi) relação entre a regulação-introjecção e a regulação externa (r = .55, p < .000); (xii) relação entre a regulação externa e a amotivação (r = .40, p < .000); e, (xiii) por fim, a relação entre a amotivação e o aborrecimento (r = .54, p < .000). Neste ponto, serão esquematizadas as relações existentes entre os diferentes tipos motivacionais de forma a definir um continuum de auto-determinação, em que as variáveis mais próximas possuam valores mais elevados, no mesmo modo, em que prevê-se que os extremos (motivação intrínseca e amotivação) estejam relacionados de forma inversa. -.17*** -.12*** MI MERID .58*** MERIN .54*** MERE .55*** AMOT .40*** Figura 8 – Definição do continuum de auto-determinação, com base nos resultados do presente estudo Nota: *p < .05, **p < .01 e ***p < .001 Legenda: MI - motivação intrínseca; MERID - motivação extrínseca regulação identificada; MERIN - motivação extrínseca regulação-introjecção; MERE - motivação extrínseca regulação externa e AMOT - amotivação. 29 Dado existirem diversos valores de r = .39 e serem bastante tangentes ao valor definido como limite, estes mesmos serão apresentados como valores de associação moderada. página 64 Capítulo 4 – Apresentação dos Resultados 4.2.5. Análise factorial confirmatória A figura 9 apresenta as relações existentes e permitidas entre as variáveis em estudo. A identificação dos itens em cada factor está de acordo com a delimitação apresentada no anexo 3, sendo o parâmetro denominado por e1, e2, e3, considerado o termo residual definido para cada variável endógena. ESC COOP MEL COMP AUT REL MI MERID MERIN MERE AMOT EMP ABOR esc1 e1 esc2 e2 esc3 e3 coop1 e1 coop2 e2 coop3 e3 coop4 e4 mel1 e1 mel2 e2 mel3 e3 mel4 e4 comp1 e1 comp2 e2 comp3 e3 comp4 e4 comp5 e5 aut1 e1 aut2 e2 rel1 e1 rel2 e2 mi1 e1 mi2 e2 mi3 e3 mi4 e4 merid1 e1 merid2 e2 merid3 e3 merid4 e4 merin1 e1 merin2 e2 merin3 e3 merin4 e4 mere1 e1 mere2 e2 mere3 e3 mere4 e4 amot1 e1 amot2 e2 amot3 amot4 e3 e4 emp1 e1 emp2 e2 emp3 e3 emp4 e4 abor1 e1 abor2 e2 abor3 e3 Figura 9 - Modelo de medida testado inicialmente, através da AFC Legenda: ESC – escolha; COOP – cooperação; MEL – melhoria; COMP – competência; AUT – autonomia; REL – relacionamento; MI - motivação intrínseca; MERID - motivação extrínseca regulação identificada; MERIN - motivação extrínseca regulação-introjecção; MERE - motivação extrínseca regulação externa; AMOT – amotivação; EMP – empenho e ABOR – aborrecimento. página 65 Capítulo 4 – Apresentação dos Resultados Neste ponto, são explicados todos os momentos que delimitaram a estimação do modelo previsto inicialmente, até aquele que revelou melhores índices de adequação, frisando todas as alterações efectuadas em cada momento. Convém relembrar, que nesta fase inicial, é permitido que cada variável latente se relacione com outra (a figura apresenta um total de 13 construtos), especificando quais as variáveis manifestas que constituem cada uma das anteriores, delimitando igualmente os termos residuais para cada variável observável (igualmente conhecida por item, neste caso). São apresentados no quadro seguinte, os índices de adequação obtidos para cada momento, culminando no modelo que foi aceite. Quadro 7 - Índices de adequação obtidos a partir da AFC χ2 df χ 2 /df GFI NNFI CFI RMSEA Modelo inicial 2945.90*** 956 3.08 .89 .89 .91 .044 Revisão 1 2358.78*** 833 2.83 .91 .91 .92 .041 Revisão 2 1961.55*** 751 2.61 .92 .93 .94 .038 Nota: *p < .05, **p < .01 e ***p < .001 Legenda: χ 2 - Qui-quadrado; df – graus de liberdade; GFI – Goodness of Fit Index; NNFI – Non-normed Fit Index; CFI – Comparative Fit Index e RMSEA – Root Mean Square Error of Approximation. Como se pode observar, o modelo inicialmente definido revelou alguns problemas ( χ 2 (956) =2945.90, p < .000; GFI = .89; NNFI = .89; CFI = .91; RMSEA = .044), nomeadamente revelando um rácio superior a 3. Contudo e dado que este índice varia em função do tamanho da amostra, foram considerados outros índices, pelo que o GFI e o NNFI revelaram existir possibilidade de melhoria do ajustamento do modelo. Dessa forma e considerando as sugestões dos testes Lagrange Multiplier e Wald, foram eliminadas as relações entre o item coop4, comp5, mere4 e os respectivos factores. Igualmente e devido a não revelarem covariâncias significativas, foram eliminadas as relações entre os seguintes factores: (i) cooperação – amotivação; (ii) melhoria – autonomia; (iii) melhoria – regulação externa; (iv) relacionamento – aborrecimento; (v) competência – amotivação; (vi) competência – aborrecimento; (vii) autonomia – regulação identificada; (viii) autonomia – empenho; e, (ix) regulação identificada – regulação externa. Assim, o seguinte modelo já revelou índices bastante mais aceitáveis, mantendo à mesma valores elevados de Qui-quadrado e respectivo rácio ( χ 2 (833) =2358.78, p < .000; GFI = .91; NNFI = .91; CFI = .92; RMSEA = .041). Contudo e apesar deste modelo já apresentar uma boa adequação do modelo aos dados obtidos, foram página 66 Capítulo 4 – Apresentação dos Resultados consideradas as sugestões dos testes Lagrange Multiplier e Wald, na medida em que estes revelaram que os itens merid2 e emp3 possuíam elevados valores residuais, sugerindo que estes eram itens multifactoriais (Markland & Ingledew, 1997) e também denotaram a existência de uma covariância não significativa, entre os factores escolha e autonomia. Desta forma, chegou-se ao modelo final que revelou uma óptima adequação, demonstrando que as alterações efectuadas surtiram efeitos relevantes nos índices de ajustamento ( χ 2 (751) =1961.55, p < .000; GFI = .92; NNFI = .93; CFI = .94; RMSEA = .038). A figura 11 apresenta o modelo final, indicando os loadings dos itens nos respectivos factores, assim como, os termos residuais obtidos para cada variável. Os valores dos coeficientes de consistência interna (α de Cronbach) já foram apresentados previamente na página 63, sustentando a validade das subescalas obtidas a partir da AFC. 4.2.6. Path analysis Como referido anteriormente, este procedimento além de permitir conhecer as relações existentes entre as diferentes variáveis, igualmente possibilita verificar qual o poder preditivo, de uma variável na definição de outra. Assim, na AFC é permitido que as variáveis possuam uma relação bidireccional (covariância), não determinando contudo qualquer tipo de relação causal. Por outro lado, através da path analysis é possível determinar relações unidireccionais entre diferentes variáveis, conhecendo a forma como uma (causa) prediz a outra (efeito). Seguidamente, é apresentado o modelo testado por Ntoumanis (2001a) que será replicado, no presente estudo. Motivação Intrínseca Cooperação Relacionamento Empenho Regulação Identificada Melhoria Competência Regulação Introjecção Intenção Regulação Externa Escolha Autonomia Aborrecimento Amotivação Figura 10 - Modelo motivacional testado no presente estudo (adaptado de Ntoumanis, 2001a) página 67 Capítulo 4 – Apresentação dos Resultados ESC .67 .63 .62 esc1 esc2 esc3 COOP MEL .75 .70 .59 .61 .71 .65 .60 coop1 coop2 coop3 mel1 mel2 mel3 mel4 COMP .77 .83 .71 .79 AUT .54 .70 REL .75 .77 comp1 comp2 comp3 comp4 MI .68 .77 .73 .75 aut1 aut2 rel1 rel2 mi1 mi2 mi3 mi4 MERID .92 .97 .56 merid1 merid3 merid4 MERIN .67 .70 .75 .69 merin1 merin2 merin3 merin4 MERE AMOT .64 .60 .70 mere1 mere2 mere3 .67 .76 .80 .71 amot1 amot2 amot3 amot4 EMP ABOR .74 .49 .90 .75 .79 .67 emp1 emp2 emp4 abor1 abor2 abor3 .75 .78 .80 .66 .72 .81 .79 .70 .76 .80 .64 .56 .71 .62 .85 .71 .66 .64 .73 .63 .68 .66 .40 .25 .84 .74 .71 .66 .73 .77 .80 .71 .75 .65 .60 .70 .67 .87 .45 .66 .62 .74 e1 e2 e3 e1 e2 e3 e1 e2 e3 e4 e1 e2 e3 e4 e1 e2 e1 e2 e1 e2 e3 e4 e1 e3 e4 e1 e2 e3 e4 e1 e2 e3 e1 e2 e3 e4 e1 e2 e4 e1 e2 e3 Figura 11 - Modelo de medição obtido a partir da AFC, apresentando os loadings dos itens nos factores e respectivos termos residuais Legenda: ESC – escolha; COOP – cooperação; MEL – melhoria; COMP – competência; AUT – autonomia; REL – relacionamento; MI - motivação intrínseca; MERID - motivação extrínseca regulação identificada; MERIN - motivação extrínseca regulação-introjecção; MERE - motivação extrínseca regulação externa; AMOT – amotivação; EMP – empenho e ABOR – aborrecimento. página 68 Capítulo 4 – Apresentação dos Resultados Concomitantemente, são apresentados no quadro 8, os índices de adequação obtidos em cada momento, culminando no modelo estrutural que foi aceite como ajustado para os dados obtidos. Quadro 8 - Índices de adequação obtidos a partir da SEM χ2 df χ 2 /df GFI NNFI CFI RMSEA Modelo inicial 3535.51*** 840 4.21 .86 .85 .86 .054 Revisão 1 2496.76*** 716 3.49 .89 .88 .89 .048 Revisão 2 2241.80*** 713 3.14 .90 .89 .90 .044 Revisão 3 2134.92*** 715 2.99 .91 .90 .91 .043 Nota: *p < .05, **p < .01 e ***p < .001 Legenda: χ 2 - Qui-quadrado; df – graus de liberdade; GFI – Goodness of Fit Index; NNFI – Non-normed Fit Index; CFI – Comparative Fit Index e RMSEA – Root Mean Square Error of Approximation. O modelo estrutural inicialmente definido revelou diversos problemas ( χ 2 (840) =3535.51, p < .000; GFI = .86; NNFI = .85; CFI = .86; RMSEA = .054), nomeadamente revelando um rácio bastante superior a 3. Contudo e dado que este índice varia em função do tamanho da amostra, foram considerados outros índices, pelo que o GFI, o NNFI, CFI e o RMSEA revelaram existir necessidades de melhoria do ajustamento do modelo. Dessa forma e considerando as sugestões dos testes Lagrange Multiplier e Wald, foram eliminadas as relações entre os factores autonomia e motivação intrínseca30. Igualmente, foram eliminados os itens mi3, merid1 e merin4, por apresentarem elevados valores residuais com outros factores (itens multifactoriais). Considerando outras relações entre itens de diferentes factores, foram adicionadas as seguintes relações: (i) regulação identificada – motivação intrínseca; (ii) regulação-introjecção – regulação identificada; (iii) autonomia – regulação-introjecção; (iv) regulação externa – regulação-introjecção; e, (v) amotivação – regulação externa. Apesar destas alterações terem melhorado os índices de adequação, estes ainda não revelaram valores aceitáveis ( χ 2 (716) =2496.76, p < .000; GFI = .89; NNFI = .88; CFI = .89; RMSEA = .048). Desta forma, outras relações foram acrescentadas, salientando a importância da percepção de competência e das formas motivacionais autodeterminadas: (i) melhoria – relacionamento; (ii) competência – relacionamento; (iii) regulação identificada – intenção; (iv) cooperação – competência; (v) competência – autonomia; e, (vi) motivação intrínseca – aborrecimento. A relação autonomia – 30 Ao apresentar as relações (paths) entre factores, inicialmente será referido o factor que permite predizer o seguinte factor apresentado. página 69 Capítulo 4 – Apresentação dos Resultados regulação-introjecção foi eliminada, considerando as sugestões dos testes Lagrange Multiplier e Wald. Assim e após as últimas modificações, os índices GFI, CFI e RMSEA já demonstraram valores bastantes adequados, pelo que os restantes revelaram a possibilidade de ainda algumas alterações ( χ 2 (713) =2241.80, p < .000; GFI = .90; NNFI = .89; CFI = .90; RMSEA = .044). De acordo com as sugestões dos testes de alterações mencionados anteriormente, foram eliminadas as paths entre regulação identificada – intenção, cooperação – relacionamento, relacionamento – motivação intrínseca, sendo adicionada entre a motivação intrínseca – amotivação, dado os elevados valores residuais existentes entre ambos factores. Desta forma, optimizou-se o modelo estrutural final, demonstrando-se que as alterações efectuadas surtiram efeitos relevantes nos índices de ajustamento, tal como tinha acontecido na AFC ( χ 2 (715) =2134.92, p < .000; GFI = .91; NNFI = .90; CFI = .91; RMSEA = .043). A figura 12 apresenta o modelo final obtido, indicando os coeficientes de path entre factores (as elipses representam variáveis latentes, enquanto o rectângulo representa a variável manifesta). Motivação Intrínseca Relacionamento Cooperação Empenho .68 .35 .39 .34 .36 .25 .44 Regulação Identificada .37 .17 Melhoria .17 .37 Competência .23 .39 .36 -.16 .17 Escolha .48 .45 .28 -.56 .47 .27 Regulação Introjecção Intenção .59 Regulação Externa .09 .47 Autonomia .50 .65 Aborrecimento Amotivação Figura 12 - Modelo estrutural resultante da SEM Nota: Por uma questão de simplicidade, os termos residuais para cada variável não foram apresentados. Todos os coeficientes de path são significativos (t > 1.96; p < .05). página 70 Capítulo 5 – Discussão dos Resultados V. Discussão dos Resultados Este estudo centrou-se na definição de relações entre diversas determinantes motivacionais, com base na Teoria da Auto-Determinação (Deci & Ryan, 1985) e no modelo motivacional hierárquico de Vallerand (1997, 2000, 2001), considerando somente uma análise contextual ao nível das aulas de Educação Física e possíveis influências, na definição da intenção de prática desportiva numa situação futura e consequente adopção de um estilo de vida saudável. Assim e tendo em conta os diversos procedimentos estatísticos realizados, a análise dos resultados e comparação com estudos previamente realizados no âmbito desta temática, irá respeitar a ordem anteriormente definida na apresentação dos resultados. 5.1. Análise comparativa por sexo De acordo com os dados obtidos, verificou-se que a comparação entre rapazes e raparigas, revelou um elevado poder discriminatório quanto às variáveis em análise. Deste modo, os resultados demonstram que os rapazes percepcionam níveis mais elevados (e significativos) de aprendizagem cooperativa, competência, autonomia, motivação intrínseca, regulação identificada, regulação-introjecção, amotivação e intenção de prática desportiva. Uma das linhas orientadoras emergentes que se pode sugerir com base nestes resultados, é que situações nas aulas de EF em que os rapazes podem trabalhar em grupo, de forma a aprenderem uns com os outros, permitem que estes se percepcionem mais competentes, o que origina níveis mais elevados de motivação intrínseca e consequente intenção de prática desportiva, em situações futuras. Algumas destas proposições estão de acordo com a literatura disponível, sendo contudo, analisadas separadamente. Dos factores sociais estudados, a única diferença significativa verificou-se ao nível da aprendizagem através da cooperação com os restantes colegas. Ames (1992) sugere que contextos que fomentem a aprendizagem cooperativa, permitem que os alunos interajam e ajudem-se mutuamente na aprendizagem e melhoria. A cooperação torna uma actividade desportiva, inerentemente mais interessante e divertida, enquanto a competição entre alunos pode diminuir a motivação intrínseca referente a essa mesma actividade. Assim, os rapazes deram mais importância às relações interpessoais entre colegas, como forma de promover a aprendizagem e a melhoria. Um dos factos que pode sustentar estes resultados, considera o aspecto da função do feedback do professor em situação de exercício em grupo e as práticas tradicionais de socialização página 71 Capítulo 5 – Discussão dos Resultados em diferentes sexos (Deci & Ryan, 1985). Assim e conhecendo que a ocorrência de situações de oposição de grupos revela mais pormenorizadamente a discrepância de competências e habilidades motoras (Papaioannou, 1994), tal facto pode originar que as raparigas percepcionam os feedbacks dos seus professores como mais controladores e assim diminuírem os seus níveis motivacionais intrínsecos. Deci (1975) centrou-se neste aspecto, revelando evidência para o facto do feedback nestas situações actuar como fonte de controlo para as raparigas. Por outro lado, um aspecto inerente à aprendizagem cooperativa é que esta decorre usualmente em situações de modalidades colectivas. Como referem Lee et al. (1999), os desportos colectivos são usualmente “rotulados” de “modalidades masculinas”, enquanto actividades como a dança e ginástica, recebem o “rótulo” de “modalidades femininas”. Assim, tal facto origina que estes estereótipos sexuais influenciem as percepções e pensamentos acerca de algumas modalidades existentes e praticadas no contexto da Educação Física, limitando deste modo o empenho e persistência com que as raparigas realizam actividades “rotuladas” de masculinas (Clifton & Gill, 1994; Csizma, Witting & Schurr, 1988). Relativamente aos mediadores psicológicos, a existência de diferenças relativamente às percepções de competência é algo que está perfeitamente documentado na literatura existente (Papaioannou, 1994), pelo que os rapazes revelam quase sempre níveis mais elevados. Um aspecto a salientar e concordante com o citado anteriormente, é o referido por Weiss e Duncan (1992), em que é sugerido que as crianças e jovens que são fisicamente competentes, tendem a ser mais facilmente aceites pelos companheiros. Tal facto, pode-se não só verificar na aceitação pelos companheiros, como também pode explicar que os rapazes ao percepcionarem-se mais competentes, revelem maiores facilidades na prática de situações desportivas, que apelem à aprendizagem cooperativa, ao contrário das raparigas que podem evitar essas situações, como forma de não demonstrarem incompetência ou incapacidade na realização de certas habilidades motoras. Contudo, referente a este aspecto tornase importante frisar que as raparigas podem revelar níveis mais elevados de competência em comparação com os rapazes (Lenney, 1977), em situações de prática de modalidades denominadas de femininas. Tal facto, sugere desde já, o repensar das formas de implementação do programa de Educação Física, devendo este permitir maiores possibilidades de escolha e adequação às preferências dos alunos (Wang et al., 2002), dado a importância crucial da percepção de competência na definição de estilos de vida saudáveis (Ferrer-Caja & Weiss, 2000; Goudas et al., 1994, 2001; Papaioannou & Theodorakis, 1996; Standage et al., 2003). página 72 Capítulo 5 – Discussão dos Resultados Quanto à autonomia, a denotação de níveis mais elevados dos rapazes em relação às raparigas está de acordo com as premissas de Deci e Ryan (1985), tendo em conta que como afirmam Ferrer-Caja e Weiss (2000) e Vallerand et al. (1987), o professor é o factor mais importante na determinação do contexto das aulas, pelo que a facilitação de um lócus de causalidade interno nos alunos (maiores níveis de autonomia), originaria níveis mais elevados de percepção de competência. Igualmente e como salienta Ntoumanis (no prelo), um contexto de aula que não promova a comparação normativa (ex: aprendizagem cooperativa), maximiza os níveis de auto-determinação dos alunos, permitindo assim maiores percepções de autonomia. Assim, denota-se que os rapazes percepcionam que são a “origem” das suas acções e podem desta forma, ter uma opinião acerca dos seus comportamentos (deCharms, 1968). Desde já se justificam algumas relações existentes entre a aprendizagem cooperativa, percepções de competência e autonomia, verificadas na presente amostra. Relativamente à motivação intrínseca e considerando o que foi referenciado anteriormente, facilmente se compreende que os rapazes ao sentirem-se mais competentes e autónomos, revelarão níveis mais elevados de motivação intrínseca, na medida em que actividades motivadas intrinsecamente são livremente escolhidas pelos praticantes e essa escolha implica auto-determinação (Deci & Ryan, 1985). Da mesma forma, os alunos que se percepcionarem como mais competentes, irão considerar a EF interessante e divertida, e pretenderão participar nestas aulas para desenvolver as suas habilidades motoras (Ntoumanis, no prelo). Quanto às restantes formas motivacionais, a posição da literatura não é consensual, existindo divergências quanto aos construtos em causa (regulação identificada, regulação-introjecção e amotivação). Deci e Ryan (1985), referem que a identificação, consiste na aceitação da regulação de um comportamento por parte deste, permitindo percepcionar algum controlo e possibilidade de escolha da actividade, mesmo que por razões extrínsecas. Assim, explica-se que sendo a regulação identificada, uma forma motivacional auto-determinada (embora extrínseca), seja influenciada da mesma forma pela autonomia e percepções de competência, como aconteceu para a motivação intrínseca. Os níveis mais elevados por parte dos rapazes, estão concordantes com o estudo de Wang et al. (2002), tendo contudo Pelletier et al. (1995) apresentado níveis mais elevados para as raparigas. página 73 Capítulo 5 – Discussão dos Resultados Respeitante à regulação-introjecção e amotivação, tais valores são controversos e não estão de acordo com a Teoria da Auto-Determinação (Deci & Ryan, 1985), na medida em que esta afirma que indivíduos que se percepcionem mais competentes e autónomos, irão revelar níveis mais elevados de motivação intrínseca e menores níveis de motivação extrínseca e amotivação. Contudo, na presente amostra os rapazes demonstraram níveis mais elevados que as raparigas, quanto a estes construtos. Para a regulação introjecção, mantém-se a afinidade de resultados quanto aos estudos citados para a regulação identificada, enquanto para a amotivação, Wang et al. (2002) revelaram níveis mais elevados por parte das raparigas, tendo neste caso, Pelletier et al. (1995) apresentado valores idênticos ao do presente estudo. Por fim e ao nível das consequências, verificaram-se diferenças significativas quanto à intenção de prática desportiva. Deci e Ryan (1985) postulam que as consequências mais positivas estão relacionadas com a prevalência da motivação intrínseca e da percepção de competência. Assim, os rapazes ao percepcionarem-se mais capazes e ao revelarem níveis mais elevados de motivação intrínseca, revelam maior intenção de demonstrar as suas capacidades num contexto extra-curricular, praticando uma qualquer modalidade desportiva, tal como referem Markland e Hardy (1997), Ntoumanis (2001a) e Vallerand (1997, 2000, 2001). Tal facto explica de uma forma mais concreta ainda, o facto dos rapazes tenderem a ser fisicamente mais activos do que as raparigas (Biddle & Chatzisarantis, 1999). Em suma, e de acordo com as hipóteses testadas para esta variável, aceitou-se como válida a hipótese H01 para as variáveis escolha, melhoria, relacionamento, regulação externa, empenho e aborrecimento, tendo-se rejeitado a hipótese H01 para as variáveis cooperação, competência, autonomia, motivação intrínseca, regulação identificada, regulação-introjecção, amotivação e intenção de prática desportiva, tendo os rapazes valorizado mais estas últimas variáveis, quando comparados com as raparigas. 5.2. Análise comparativa por idade A partir dos resultados obtidos, verificou-se que não emergiram muitas diferenças significativas, quando comparando os indivíduos da amostra, de acordo com as diferentes idades. Assim, foram comparados os alunos de 14, 15 e 16 anos, tendo-se somente verificado diferenças ao nível dos factores sociais e consequências, considerando o modelo motivacional testado (Vallerand, 1997, 2000, 2001). página 74 Capítulo 5 – Discussão dos Resultados Uma das diferenças ocorreu entre os 14 e 16 anos de idade, tendo os indivíduos com idades mais baixas evidenciado níveis mais elevados de cooperação, o que está de acordo com Chaumeton e Duda (1988) e Xiang e Lee (2002). Tal como citado anteriormente, Ames (1992) sugere que contextos que fomentem a aprendizagem cooperativa, permitem que os alunos interajam e ajudem-se mutuamente na aprendizagem e melhoria, enquanto a competição entre alunos pode diminuir a motivação intrínseca referente a essa mesma actividade. Apesar de não existir uma evidência acerca da diferenciação da preferência pela competição de acordo com a idade, prevê-se que indivíduos com idades mais avançadas prefiram actividades mais competitivas, na medida em que se percepcionam como mais competentes. Desta forma e considerando que igualmente os indivíduos de 14 anos valorizaram mais o ênfase na melhoria auto-referenciada (comparados com os de 15 anos), sugere-se que os alunos com idades mais baixas prefiram situações desportivas que ocorram de acordo com critérios auto-referenciados, permitindo assim reduzir o carácter controlador de possíveis feedbacks fornecidos pelo professor (Deci & Ryan, 1985). Tal facto, suporta a existência de uma preferência dos alunos com 14 anos por actividades desportivas que fomentem a aprendizagem cooperativa, na medida em que estas são percepcionadas como situações em que não ocorrem comparações normativas e é possível existir uma interacção com os restantes colegas. A definição do sucesso é feita assim de acordo com critérios auto-referenciados, pelo que a aprendizagem/melhoria só ocorre através do empenho/esforço destes alunos (FerrerCaja & Weiss, 2002). Convém ainda salientar, que apesar de não se terem verificado diferenças significativas, entre as diferentes idades quanto à amotivação e aborrecimento, denota-se que com o aumentar da idade ocorre maior valorização destes construtos, o que suporta a noção de que à medida que os jovens envelhecem, o seu interesse e participação na Educação Física diminui (Fox, 1991; Standage & Treasure, 2002; Van Wersch et al., 1992). Por fim, a intenção de prática desportiva num contexto extra-curricular, foi mais valorizada pelos indivíduos com 16 anos, quando comparados com os de 14 anos de idade. Apesar de tal facto não estar de acordo com o citado anteriormente, convém salientar que esta intenção ocorre num contexto extra-curricular (para além das aulas de Educação Física) e em que os indivíduos possuem possibilidades de escolha e autonomia. Mais ainda se justifica, pelo facto dos alunos com idades mais avançadas, evidenciarem níveis mais elevados de percepção de competência e motivação página 75 Capítulo 5 – Discussão dos Resultados intrínseca, o que são variáveis preditivas da intenção de prática desportiva (Biddle et al., 1999a; Ntoumanis, 2001a; Pelletier et al., 1995; Standage et al., 2003). De acordo com as hipóteses testadas para esta variável, aceitou-se como válida a hipótese H02 para todas as variáveis, à excepção da variável melhoria. A hipótese H03 foi rejeitada para as variáveis cooperação e intenção de prática desportiva, tendo sido aceite para as restantes variáveis. Por fim, a hipótese H04 foi rejeitada para todas as variáveis dependentes em estudo. 5.3. Análise comparativa por envolvimento desportivo Tendo em conta os resultados obtidos a partir da análise comparativa, denota-se que a variável independente envolvimento desportivo foi aquela que revelou maior poder discriminatório. Do total de 14 variáveis dependentes em estudo, obtiveram-se diferenças significativas em 9 destas variáveis, tendo os praticantes (modalidades colectivas e individuais) valorizado mais todos estes construtos, à excepção do aborrecimento. Desta forma, os praticantes desportivos revelaram maiores percepções de possibilidades de escolha, aprendizagem cooperativa e ênfase do professor na melhoria auto-referenciada. Tais resultados, por sua vez, suportam a reduzida evidência acerca do efeito da participação desportiva referenciada por Anderssen (1993), nos níveis motivacionais em Educação Física, em que os alunos com mais experiência desportiva revelam atitudes mais favoráveis perante esta disciplina, do que os alunos sem experiência desportiva. Assim, e conhecendo os benefícios destes factores sociais, verifica-se que os praticantes desportivos revelam níveis mais elevados de percepção de competência, autonomia e relacionamento. Por um lado, a prática desportiva extra-curricular permite-lhes desenvolver as suas habilidades motoras, sendo contudo salientada a importância por parte destes alunos, de tal comparação de capacidades ser feita de uma forma auto-referenciada, permitindo que ocorra uma aprendizagem com base na interacção com os restantes colegas (Ames, 1992). Por outro lado, a percepção de escolha explica os níveis mais elevados de autonomia, por parte dos praticantes, na medida em que o construto anterior tem sido anteriormente referido como um aspecto crítico na definição da autonomia/auto-determinação (Ferrer-Caja & Weiss, 2000, 2002). Quanto ao relacionamento e considerando de que entre os praticantes desportivos, 405 estão envolvidos em modalidades colectivas, percebe-se a importância dada por estes página 76 Capítulo 5 – Discussão dos Resultados quanto às interacções pessoais e grupais existentes nas aulas de Educação Física, dado que o seu contexto de prática desportiva, maioritariamente ocorre em situações de grupo. Igualmente se considera, que as crianças e jovens que são fisicamente mais competentes, tendem a ser mais facilmente aceites pelos companheiros (Weiss & Duncan, 1992). De acordo com as situações de análise comparativa anterior, os alunos que possuem níveis mais elevados de percepção de competência são aqueles que igualmente revelam um padrão motivacional auto-determinado (motivação intrínseca e regulação identificada). Isto é, estes alunos consideram as aulas de EF mais interessantes e divertidas e pretendem participar nestas, como forma de desenvolver as suas habilidades motoras (Ntoumanis, no prelo), percepcionando assim maiores benefícios/utilidades e demonstrando atitudes mais correctas perante esta disciplina (Goudas et al., 1995, 2001; Papaioannou & Theodorakis, 1996). Mais uma vez, as consequências positivas são salientadas pelos alunos com níveis mais elevados de motivação intrínseca e percepção de competência (Deci & Ryan, 1985; Vallerand, 1997, 2000, 2001), demonstrando assim um maior empenho e menor aborrecimento nas actividades desportivas realizadas em Educação Física e níveis mais elevados de intenção de prática desportiva numa situação futura, bem como, maiores probabilidades de manterem o envolvimento desportivo (Weiss, 2000). Dado o seu actual envolvimento desportivo, este resultado vai de encontro a diversos estudos que salientam que a intenção é uma das mais importantes determinantes da participação de jovens e adultos, no contexto da actividade física (Biddle & Goudas, 1996; Chatzisarantis et al., 1997; Ntoumanis, 2001a; Papaioannou & Theodorakis, 1996; Standage et al., 2003), proporcionando assim, a adopção de um estilo de vida saudável. Os presentes resultados estão concordantes com o estudo de Goudas et al. (2001) que se centrou na análise de diversas determinantes motivacionais entre praticantes de actividades desportivas federadas e não praticantes, de 2 escolas gregas, indicando que a motivação dos alunos nas aulas de Educação Física, difere de acordo com o seu envolvimento desportivo extra-curricular. Considerando tais resultados, a H05 é rejeitada para as variáveis dependentes cooperação, competência, autonomia, relacionamento, página 77 motivação intrínseca, Capítulo 5 – Discussão dos Resultados regulação identificada, regulação-introjecção, empenho, aborrecimento e intenção de prática desportiva, sendo contudo aceite para as restantes variáveis. 5.4. Modelo estrutural resultante da SEM Um dos propósitos orientadores deste estudo, foi testar o conjunto de sequências motivacionais propostas por Vallerand (1997, 2000, 2001), no contexto da Educação Física. Os principais resultados suportam claramente este modelo teórico, verificandose algumas afinidades entre as relações existentes no estudo de Ntoumanis (2001a) e no presente estudo. A um primeiro nível da sequência entre os factores sociais31 e os mediadores psicológicos, denota-se que o ênfase do professor na melhoria/aprendizagem com base em critérios auto-referenciados, assim como as situações em que é permitido que os alunos aprendam habilidades motoras em conjunto com outros colegas, permitem que os alunos se percepcionem como mais competentes, não existindo, contudo, a necessidade dessa definição de capacidades ocorrer com base em parâmetros normativos. Amorose e Horn (2001), já tinham denotado que os alunos das turmas de professores que forneciam maior frequência de feedbacks informacionais positivos, revelando um estilo de liderança democrático, possuíam níveis mais elevados de percepção de competência. Por outro lado, mais uma vez se salienta o facto referido por Weiss e Duncan (1992), em que as crianças e jovens que são fisicamente mais competentes, tendem a ser mais facilmente aceites pelos companheiros. Desta forma, não existem receios por parte dos alunos em realizar actividades em grupo, dado que percepcionam que tal situação ocorre através da entreajuda e auxílio com os colegas, não existindo quaisquer tipo de comparações de capacidades com esses mesmos. Assim, estes tipos de contextos que promovem a aprendizagem e participação, centrando-se numa definição de sucesso autoreferenciado, reduzem os receios dos processos avaliativos, aumentando assim os níveis de competência (Ames, 1992; Ferrer-Caja & Weiss, 2000, 2002; Ntoumanis & Biddle, 1999). Tal facto, salienta o verificado no modelo do presente estudo, quanto à relação entre a melhoria auto-referenciada e o relacionamento. Em contraste, quando os alunos percepcionam que as aulas de EF promovem a competição entre alunos, estes preocupam-se somente nos resultados das actividades, avaliando assim o seu sucesso através de informações interpessoais, como a sua vitória e a derrota dos 31 Torna-se importante salientar desde já, que no estudo de Ntoumanis (2001a) tal como neste, somente dimensões de contextos orientados para a mestria foram utilizados, de acordo com a Teoria dos Objectivos de Realização (Nicholls, 1984, 1989). Desta forma, explica-se o facto de todas as relações entre factores sociais e mediadores psicológicos, serem positivas. página 78 Capítulo 5 – Discussão dos Resultados colegas. Tais situações de comparação social, parecem assim, não favorecer as relações grupais entre alunos da mesma turma, em aulas de EF, na medida em que caso estes não se percepcionem como competentes, evitarão tais contextos (Papaioannou & Theodorakis, 1996), não se sentindo inseridos nesse grupo (Deci & Ryan, 1985). Assim, o ênfase colocado pelo professor na melhoria auto-referenciada, permitirá maiores interacções sociais, dado não existirem receios de comparações de capacidades com base em parâmetros normativos e o sucesso ser avaliado de acordo com critérios auto-referenciados (Ferrer-Caja & Weiss, 2002; Ntoumanis & Biddle, 1999). Tal como sucedera no estudo de Ntoumanis (2001a), a percepção da possibilidade de escolha de actividades ou modalidades desportivas nas aulas de EF, esteve positivamente relacionada com a autonomia. Assim, a percepção de processos de tomada de decisão e de liderança, aumenta o envolvimento dos alunos com as tarefas propostas, permitindo a percepção de controlo sobre os seus comportamentos, evidenciando, assim, um lócus de causalidade interna (Biddle et al., 1999a). Considerando o continuum de auto-determinação definido por Deci e Ryan (1985), verifica-se que para estes alunos, quanto mais oportunidades tiverem de escolher as actividades que querem desenvolver ou as modalidades desportivas que querem praticar, mais intrínseco será o seu lócus de causalidade, revelando assim um maior controlo sobre a tarefa propriamente dita. Contudo, convêm salientar que a presente amostra evidenciou valores bastante baixos de autonomia (média de 3.49 para uma escala respondida de 1 a 7). Tal facto parece ocorrer em contextos sócio-culturais diversificados (Ferrer-Caja & Weiss, 2000, 2002; Ntoumanis, 2001a; Standage et al., 2003) e de acordo com a obrigação de cumprir os programas nacionais da disciplina em questão. Outra questão levantada a partir destes resultados, é a de que possivelmente os professores não estejam preparados para utilizar estilos de ensino menos controladores e mais individualizados, possibilitando uma maior transferência de responsabilidade e autonomia para os alunos, nunca deixando de considerar os objectivos programáticos da disciplina. Outra possível situação é a denotada por Standage et al. (2003), em que salientam que as percepções de autonomia dos alunos podem estar estritamente relacionadas com épocas específicas do ano escolar (aulas “normais” ou de avaliação), o ênfase do professor na natureza da tarefa (escolha por parte do aluno ou definida pelo professor) ou com variações no contexto das aulas (orientação para a mestria ou resultado). Uma sugestão possível para a situação dos jogos desportivos colectivos, seria aplicar situações de aquecimento com os conteúdos das aulas, recorrendo às modalidades preferidas/escolhidas pelos alunos, página 79 Capítulo 5 – Discussão dos Resultados realizando posteriormente um transfer para a modalidade a abordar especificamente. Tal sugestão permitiria ir de encontro às preferências e escolhas dos alunos (aumentando as suas percepções de possibilidade de escolha), não descurando os conteúdos respeitantes aos objectivos específicos da aula em questão. Considerando o facto das percepções de competência, possuírem uma função central e fulcral em todas as formas de actividade física (Goudas et al.,1994; Lee et al., 1999; Vallerand et al., 1987), foi permitido que este construto se relacionasse com as restantes necessidades psicológicas, verificando-se relações moderadas e significativas, suportando assim a afirmação anterior. Tal modificação ao modelo definido por Ntoumanis (2001a), só foi realizada tendo em conta que as necessidades psicológicas são determinantes centrais da Teoria da Auto-Determinação e em que muitas formas são construtos complementares (Deci & Ryan, 1985; Deci et al., 1991; Ryan & Deci, 2000). Assim, uma relação interessante foi a entre a percepção de competência e o relacionamento, o que sugere que os alunos de EF que se percepcionem como fisicamente competentes, tendem a ser mais facilmente aceites pelos colegas e integrados num grupo (Weiss & Duncan, 1992). Desde já, se salienta o facto de que ao considerar que no contexto da EF existem alunos que possuem uma maior discrepância de habilidades motoras (Papaioannou, 1994), as investigações futuras deveriam preocupar-se em definir possíveis contextos sociais nesta disciplina, que contemplem a inclusão de alunos com níveis diferenciados de competência, diminuindo assim possíveis situações em que certos alunos evitam o relacionamento com outros, devido a essas diferenças interpessoais. Por outro lado, foi adicionada um relação entre as percepções de competência e de autonomia, indo de encontro a uma das proposições da Teoria da Auto-Determinação, que refere que “external events will affect a person’s intrinsic motivation for an optimally challenging activity to the extent that they influence the person’s perceived competence, within the context of some self-determination” (Deci & Ryan, 1985, p. 63). Este resultado é consistente com outros verificados em estudos anteriores, como o caso de Goudas et al. (1994) e de Guay, Boggiano e Vallerand (2001), que descobriram uma relação positiva entre estes construtos, numa amostra de alunos de EF e num conjunto de alunos de outras disciplinas, respectivamente. Da mesma forma, Markland (1999) reforça o facto da auto-determinação mediar os efeitos da percepção de competência na motivação intrínseca. Nesse mesmo estudo, é página 80 Capítulo 5 – Discussão dos Resultados salientado o facto da importância da percepção de competência na motivação intrínseca ser maior, em situações de níveis baixos de auto-determinação. Assim, é sugerido que quando os indivíduos com níveis baixos de autonomia, praticam uma qualquer modalidade, fazem-no de forma a aumentar os níveis de competência e assim, sentirem prazer e satisfação nesse envolvimento desportivo. Tal sugestão afigura-se como importante, quando considerando os baixos valores obtidos para a autonomia, na presente amostra. Estas últimas considerações salientam o facto do desenvolvimento de elevados níveis de percepção de competência, ser essencial para a promoção da actividade física em crianças e jovens (Biddle et al., 1999b; Lintunen et al., 1999). A motivação intrínseca no presente estudo, somente foi predita pela percepção de competência, não se verificando qualquer relação significativa entre este tipo motivacional e a autonomia. Tal facto, parece ser contraditório à Teoria da AutoDeterminação, na medida em que esta postula que a percepção de competência influencia a motivação intrínseca, num contexto auto-determinado. Contudo e considerando o baixo valor de percepções de autonomia em aulas de EF, tal facto pode explicar a inexistência de relações entre esta variável e a motivação intrínseca, tal como se verificou no estudo de Ntoumanis (2001a). No entanto, nos estudos realizados por Ferrer-Caja e Weiss (2000) e Standage et al. (2003), a autonomia emergiu como uma variável preditiva da motivação intrínseca, verificando-se contudo uma relação baixa. Desta forma, consistente com as recomendações deste último estudo, sugere-se reconsiderar e determinar mais especificamente as relações entre a autonomia e as formas motivacionais auto-determinadas, dado se verificarem disparidades quanto às implicações das percepções de autonomia e de escolha, no contexto da Educação Física. Assim e quanto à importância da percepção de competência na definição da motivação intrínseca, tal está perfeitamente documentado (Biddle et al., 2001; Deci & Ryan, 1985; Deci et al., 1991; Ferrer-Caja & Weiss, 2000, 2002; Goudas et al., 1995; Goudas & Biddle, 1994; Kowal & Fortier, 2000; Losier & Vallerand, 1994; Markland, 1999; Martens & Webber, 2002; Ntoumanis, 2001a; Pelletier et al., 1995; Ryan & Deci, 2000; Vallerand, 1997; Vallerand et al., 1987; Wang et al., 2002), denotando-se que os indivíduos que se percepcionam como fisicamente competentes, consideram as aulas de EF mais divertidas e interessantes, podendo também desenvolver, ainda mais, as suas capacidades motoras (relação com a regulação identificada). Essa constatação explica igualmente as relações verificadas com a outra forma motivacional autopágina 81 Capítulo 5 – Discussão dos Resultados determinada (apesar de extrínseca). Assim, os alunos no contexto da EF que se percepcionem competentes, também se centram nos benefícios desse envolvimento (melhoria do aspecto, perda de peso, melhoria de capacidades) e mesmo considerando que o comportamento é realizado sem pressões externas, este somente representa um meio para um fim (Standage et al., 2003). Por outro lado, tal como nos resultados de Ntoumanis (2001a), verificou-se uma relação entre este último tipo motivacional e o relacionamento, demonstrando que os alunos que se percepcionam como competentes, podem participar nas aulas desta disciplina como forma de obterem um resultado dessa prática, como é o reconhecimento e aceitação social. Convém, ainda, salientar que a amostra do presente estudo, valorizou mais o tipo motivacional extrínseco regulação identificada de entre as restantes, denotando o facto de percepcionarem que a prática de Educação Física, não é um comportamento preferencialmente motivado intrinsecamente (Deci & Ryan, 1985). De acordo com o modelo estrutural, os seguintes resultados foram um pouco surpreendentes na medida em que os restantes tipos motivacionais extrínsecos foram preditos positivamente pelas percepções de competência, apesar de idênticos resultados terem sido apresentados por Ntoumanis (2001b) e Pelletier et al. (1995). Os comportamentos resultantes da forma motivacional regulação-introjecção, provêm de reforços resultantes de pressões internas, como a culpa e a ansiedade (Deci et al., 1991; Pelletier et al., 1995). Por outro lado, os comportamentos regulados extrinsecamente são aqueles realizados com vista ao reconhecimento por parte do professor ou para obter recompensas/prémios. A prática desportiva assume-se assim, não como uma forma de divertimento e prazer, mas como um modo de obter recompensas ou evitar consequências negativas (Deci & Ryan, 1985; Pelletier et al., 1995). Uma das razões que pode explicar estes resultados, é o facto dos alunos que se percepcionam como competentes, realizarem as aulas de EF devido a pressões internas (preocupação caso não a realize), obrigações (disciplina curricular obrigatória), evitar consequências negativas (problemas com pais, professores,...) ou devido a possuírem um envolvimento para o ego, em que necessitam de se percepcionarem como competentes para manterem a sua auto-estima (deCharms, 1968; Deci & Ryan, 1985; Ryan & Deci, 2000; Vallerand et al., 1987). Outro aspecto verificado no modelo teórico testado e que não corresponde propriamente às premissas de Deci e Ryan (1985) e Vallerand (1997, 2000, 2001), é a relação positiva entre a autonomia e a regulação externa e amotivação. De acordo com a Teoria da Auto-Determinação, era esperado que se verificasse uma relação página 82 Capítulo 5 – Discussão dos Resultados negativa entre estes construtos, dado que estes tipos motivacionais verificam-se em contextos não auto-determinados ou com níveis baixos de percepção de autonomia. Contudo e como referido anteriormente, será possível explicar estes resultados dado os baixos níveis de autonomia percepcionados pelos alunos desta amostra, no contexto da Educação Física. Esta ausência de autonomia permitiu predizer positivamente maiores níveis de regulação externa e amotivação, o que são comportamentos realizados somente em presença de recompensas/punições ou em que os indivíduos não percepcionam quaisquer expectativas de sucesso ou importância da realização da actividade em causa, respectivamente. A relação negativa verificada entre as percepções de competência e a amotivação, sugere que quanto mais competente um indivíduo se percepcionar, menores serão os seus níveis amotivacionais, isto é, maior será a vontade de praticar a referida actividade desportiva. Outros estudos (Ferrer-Caja & Weiss, 2000; Ntoumanis, 2001b; Standage et al., 2003), também definiram uma relação negativa entre a percepção de competência e a amotivação, pelo que quando os indivíduos percepcionam uma ausência de competência num dado domínio, poderão aumentar os seus níveis de amotivação, originando o abandono da prática desportiva, como forma de minimizar essa exposição social e insatisfação com a sua prestação motora. Esse facto já tinha sido salientado por Vallerand et al. (1987), em que tinham referido que as percepções de incompetência seriam uma das razões para o abandono desportivo, dadas as consequências negativas desse tipo de percepções. Considerando estes últimos resultados, afigura-se como fulcral o desenvolvimento das percepções de competência e de autonomia no contexto da aula de EF, como forma de maximizar os níveis de motivação intrínseca e consequentes benefícios, nestes alunos. Um outro aspecto que corrobora este facto, é a relação negativa existente entre a motivação intrínseca e a amotivação, pelo que quanto maiores forem os níveis de motivação intrínseca dos alunos, consecutivamente menores, serão os seus níveis amotivacionais. Tal facto, está de acordo com as sensações de autonomia ou controlo, reflectindo os extremos do continuum de auto-determinação proposto por Deci e Ryan (1985). Um dos resultados emergentes da SEM e justificado pela perspectiva teórica considerada neste estudo, foi a relação preditiva entre os diversos tipos motivacionais culminando na motivação intrínseca. Este conjunto de relações é denominado de internalização (Biddle et al., 2001a; Chatzisarantis et al., no prelo; Deci & Ryan, 1985; Deci et al., 1991; Ryan & Deci, 2000) e consiste em compreender a forma como os indivíduos estão motivados para a continuidade da realização de actividades página 83 Capítulo 5 – Discussão dos Resultados inicialmente desinteressantes e aborrecidas, e consequentemente, como essa motivação influencia a persistência e bem-estar do indivíduo. Assim, a internalização refere-se aos processos pelos quais um indivíduo adquire uma atitude, crença ou regulação de um comportamento e progressivamente transforma-o num valor/objectivo pessoal. É um processo de desenvolvimento, pelo qual os indivíduos integram/interiorizam as exigências e valores do contexto social em que estão inseridos (Deci & Ryan, 1985). Este é um processo activo que ocorre primordialmente em crianças e jovens (Ryan & Deci, 2000) e que varia em função dos contextos interpessoais, que permitem satisfazer as necessidades psicológicas e que definem a Teoria da Auto-Determinação. Deci et al. (1991), afirmam que os indivíduos estão inerentemente motivados para interiorizar e integrar neles próprios, a regulação de actividades desinteressantes, mas fulcrais para uma adequada integração social e que a importância destes processos variam em função do contexto social. Tais pressupostos são explicados na Teoria da Integração Orgânica, que é outra das “porções” da TAD (Deci & Ryan, 1985). Dado que a internalização verifica-se em todos os comportamentos que não ocorrem espontaneamente, mas que estão presentes nos diversos contextos sociais, este processo envolve o desenvolvimento de capacidades de corresponder às exigências externas e em condições apropriadas, integrá-las como pertencentes aos indivíduos. Isto, permite maiores níveis de autonomia, tendo as percepções de competência e relacionamento, uma função fulcral na regulação e internalização dos comportamentos, em questão, na medida em que os indivíduos tenderão a praticar actividades que certos grupos salientam, somente quando se percepcionarem como competentes para tal, facilitando o processo de inclusão social (Ryan & Deci, 2000). Tal processo, auxilia os professores a compreenderem o modo como podem orientar os alunos com níveis mais elevados de motivação extrínseca e aborrecimento, para as formas motivacionais mais auto-determinadas. Relativamente ao último nível do modelo testado, o empenho foi unicamente predito pelos tipos motivacionais auto-determinados (motivação intrínseca e regulação identificada). Tal pressupõe que quanto mais os alunos percepcionarem autodeterminação e prazer na realização de actividades no contexto da EF, maiores serão os níveis de empenho destes mesmos. Ryan e Connell (1989), assim como Vallerand e Bissonnette (1992), obtiveram os mesmos resultados no contexto educativo, demonstrando a importância da auto-determinação, na definição dos benefícios mais positivos. No contexto desportivo, idênticos resultados foram obtidos em diversos estudos (Ntoumanis, 2001a; Papaioannou & Theodorakis, 1996; Pelletier et al., 1995; Vlachopoulos et al., 2000). página 84 Capítulo 5 – Discussão dos Resultados Um dos aspectos centrais no presente estudo, foi conhecer os factores que determinam as intenções de praticar actividades desportivas, no período extracurricular, numa situação futura. Consistente com a literatura, a motivação intrínseca foi o único tipo motivacional que emergiu como variável preditiva da intenção de prática desportiva (Biddle et al., 1999a; Deci & Ryan, 1985; Ntoumanis, 2001a; Pelletier et al., 1995; Standage et al., 2003; Vallerand, 1997, 2000, 2001), salientando o facto da intenção ser uma das mais importantes determinantes da participação de jovens e adultos, no contexto da actividade física (Biddle & Goudas, 1996; Chatzisarantis et al., 1997; Ntoumanis, 2001a; Papaioannou & Theodorakis, 1996; Standage et al., 2003). Tal facto, justifica a importância do papel da EF na promoção de estilos de vida saudáveis, o que permite melhorar a saúde pública (Sallis & McKenzie, 1991). Considerando o facto de que a motivação intrínseca é a forma motivacional mais autodeterminada, outros estudos salientam o facto de intenções definidas num contexto de percepções de autonomia, predizerem mais correctamente os níveis de actividade física (Chatzisarantis et al., 1997, 2002, no prelo; Goudas et al., 1994; Hagger et al., 2001). Por fim, o aborrecimento para esta amostra mostra-se evidente quando os alunos sentem-se pressionados para participar nas aulas de EF (regulação externa) ou quando não percepcionam quaisquer contingências entre as suas acções e consequentes resultados (amotivação). Assim, as formas motivacionais menos autodeterminadas predisseram as consequências/benefícios mais negativos (Biddle et al., 1999a; Hagger et al., 2002; Ntoumanis, 2001a; Vallerand, 1997, 2000, 2001). De acordo com os resultados verificados para o modelo testado no presente estudo, foram aceites as hipóteses H07, H08, H010, H011, H012, H013, H014 e H015. Contudo, e dado não se verificarem relações significativas, foram rejeitadas as hipóteses H06, H09 e H016. página 85 Capítulo 6 – Conclusões VI. Conclusões Os principais objectivos desta pesquisa foram compreender os processos motivacionais que ocorrem no contexto da Educação Física, de forma a permitir optimizar os níveis de actividade física e promover estilos de vida saudáveis. Para tal, centramo-nos no conhecimento dos factores que determinam as intenções de praticar actividades desportivas, no período extra-curricular, numa situação futura. A partir das análises comparativas, emergiram os seguintes resultados: (i) os rapazes percepcionaram níveis mais elevados de aprendizagem cooperativa, competência, autonomia, motivação intrínseca, regulação identificada, regulação-introjecção, amotivação e intenção de prática desportiva, em comparação às raparigas, sendo os resultados explicados de forma concordante com o facto dos rapazes tenderem a ser fisicamente mais activos do que as raparigas; (ii) alunos com idades mais baixas preferem actividades desportivas que fomentem a aprendizagem cooperativa, na medida em que estas são percepcionadas como situações em que não ocorrem comparações normativas e é possível existir uma interacção com os restantes colegas, enquanto os alunos com idades mais avançadas, evidenciaram níveis mais elevados de percepção de competência e motivação intrínseca, bem como, de intenção de prática desportiva, numa situação futura; e, (iii) os praticantes desportivos revelaram níveis mais elevados de percepção de competência, autonomia e relacionamento, assim como, de motivação intrínseca e intenção de prática desportiva, do que os não praticantes, indicando que a motivação dos alunos nas aulas de Educação Física, difere de acordo com o seu envolvimento desportivo extra-curricular. Quanto ao modelo hierárquico motivacional testado, os resultados obtidos evidenciaram suporte para esta perspectiva teórica. As percepções dos alunos acerca do ênfase do professor na melhoria/aprendizagem com base em critérios autoreferenciados, como as situações em que é permitido que os alunos aprendam habilidades motoras em conjunto com outros colegas, permitem que os alunos se percepcionem como mais competentes. Igualmente, as percepções de autonomia foram unicamente preditas pelas percepções de escolha, sendo contudo salientados os valores bastante baixos de autonomia evidenciados pela amostra, denotando que possivelmente os professores não estejam preparados para utilizar estilos de ensino menos controladores e mais individualizados, possibilitando uma maior transferência de responsabilidades e autonomia para os alunos. página 86 Capítulo 6 – Conclusões Quanto às necessidades psicológicas, as percepções de competência evidenciaram um papel central e fulcral no contexto da Educação Física, verificando-se igualmente relações com os restantes mediadores psicológicos, justificando o facto de se constituírem como construtos complementares. Foi salientado, o desenvolvimento das percepções de competência e de autonomia no contexto da aula de EF, como forma de maximizar os níveis de motivação intrínseca. Os resultados obtidos suportaram a noção de continuum de auto-determinação proposto por Deci e Ryan (1985), tendo-se mesmo denotado uma relação negativa entre os extremos desse mesmo lócus de causalidade (motivação intrínseca e amotivação). Igualmente, denotou-se suporte para o processo de internalização neste contexto, auxiliando à compreensão do modo como os alunos interiorizam comportamentos inicialmente desinteressantes e aborrecidos. Por fim, as formas motivacionais auto-determinadas permitiram predizer o empenho demonstrado nas aulas de Educação Física, enquanto o aborrecimento foi predito pela regulação externa e amotivação. Considerando o facto de que a determinação dos factores que influenciavam a intenção da prática desportiva, afigurou-se como o objectivo central do presente estudo, o conhecimento da relação deste construto com a motivação intrínseca, providenciou suporte para o argumento de que este tipo motivacional no contexto da EF, tem um enorme potencial no desenvolvimento de intenções de participação desportiva, em situações futuras e consequente adopção de um estilo de vida activo e saudável. Assim, torna-se evidente que as futuras preocupações dos professores devem-se centrar na promoção da aprendizagem cooperativa, ênfase na melhoria autoreferenciada e possibilidades de escolha. Este último construto, sem minorar a importância das percepções de competência, foi aquele que quando relacionado com as percepções de autonomia, demonstrou inexistência de certas relações esperadas, nomeadamente com as formas motivacionais auto-determinadas. Tais factos, sugerem que possivelmente seria adequado permitir mais opções de escolha de actividades aos alunos ou promover estratégias que visem a transferência de responsabilidades para os alunos. Tal facto vai de encontro ao sugerido por Coakley e White (1992) ao referirem que a motivação intrínseca dos alunos pode ser elevada através do desenvolvimento e aplicação de programas de EF, que privilegiem a possibilidade de escolha e diversidade, verificando-se benefícios mais prolongados, quando são página 87 Capítulo 6 – Conclusões oferecidos aos alunos diferentes actividades físicas e estes têm a possibilidade de escolha da actividade que pretendem realizar (Condon & Collier, 2002). Por fim, torna-se importante nas intervenções durante as aulas de EF, fomentar as percepções de competência e a motivação intrínseca, na medida em que estas variáveis originam benefícios positivos, tal como a intenção de prática desportiva. Denota-se desta forma, que esta disciplina tem uma influência muito significativa nos níveis de saúde pública (Goudas et al., 1995, 2001; Haywood, 1991; Sallis & McKenzie, 1991). 6.1. Limitações do estudo Uma das primeiras limitações do presente estudo, centra-se na natureza temporal da investigação desenvolvida, o que não permite testar relações recíprocas que surgem com o tempo (Vallerand & Losier, 1994). Desta forma, seria interessante analisar as relações causais entre dois ou mais momentos temporais, considerando o modelo testado (Vallerand, 1997, 2000, 2001). Convém, igualmente, notar que inerente às proposições de Deci e Ryan (1985) e Vallerand (1997, 2000, 2001), a sequência e natureza das relações existentes no modelo motivacional hierárquico, é robusta e universal. Assim, é proposto teoricamente que o modo como o contexto social determina os mediadores psicológicos e estes determinam os tipos motivacionais que originam certas consequências, não varia de acordo com o contexto, cultura, sexo ou idade. Contudo, o tamanho e composição da presente amostra não possibilitou testar as possíveis invariâncias deste modelo de acordo com essas variáveis, aceitando ou rejeitando as premissas previstas teoricamente. Por fim, uma limitação deste estudo denotou-se na mensuração unidimensional da motivação intrínseca. De acordo com a investigação mais recente neste domínio, deverá ser adoptada uma perspectiva multidimensional (Deci & Ryan, 1985; Pelletier et al., 1995; Standage et al., 2003; Vallerand & Bissonnette, 1992). Considerando que esta investigação foi uma replicação do estudo de Ntoumanis (2001a), tal facto não pôde ter sido alterado, dado terem sido utilizados os mesmos instrumentos e estes não contemplarem uma mensuração multidimensional (motivação intrínseca para o conhecimento, motivação intrínseca para o aperfeiçoamento e motivação intrínseca para a vivência de situações estimulantes) da motivação intrínseca. página 88 Capítulo 6 – Conclusões 6.2. Novas propostas de trabalho A futura investigação neste domínio deveria centrar-se no estudo das invariâncias propostas por Vallerand (1997, 2000, 2001), considerando diferentes tipos de envolvimento social. Para tal, seria adequado alargar a composição da amostra, para que se verifique um tamanho adequado para cada grupo definido. Por outro lado, considerando que diversos itens demonstraram um carácter multifactorial, seria apropriado numa situação futura, realizar uma inspecção mais detalhada a estes itens, para determinar se realmente estão integrados na subescala correcta e teoricamente definida (Deci & Ryan, 1985), de modo a não se verificarem discrepâncias entre os itens e a subescala em que estão inseridos. Tendo em conta, que no presente estudo não se verificou qualquer relação entre a autonomia e a motivação intrínseca (possivelmente à baixa valorização do primeiro construto), seria apropriado em estudos futuros, inicialmente recorrer à análise de clusters para definir o grupo com percepções mais elevadas de autonomia e consecutivamente, testar o modelo hierárquico em causa, para realmente determinar a natureza da relação entre a autonomia e as formas motivacionais auto-determinadas. Por fim, sugere-se adicionar ao presente modelo, outros factores sociais e possíveis consequências, de forma a conhecer outras possíveis relações contempladas no modelo hierárquico motivacional (Vallerand, 1997, 2000, 2001) e permitir aos professores de EF, utilizar estratégias mais adequadas e centradas nas escolhas dos alunos, de forma a promover os níveis motivacionais intrínsecos e assim, difundir as consequências mais positivas e adequadas para um futuro envolvimento desportivo e adopção de um estilo de vida saudável. página 89 Capítulo 7 – Bibliografia VII. Bibliografia Alexandris, K., Tsorbatzoudis, C. & Grouios, G. (2002). Perceived constraints on recreational sport participation: Investigating their relationships with intrinsic motivation, extrinsic motivation and amotivation. Journal of Leisure Research, 34 (3), 233-252. Ames, C. (1992). Classrooms: Goals, structures and student motivation. Journal of Educational Psychology, 84, 261-271. Amorose, A. & Horn, T. (2001). 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Data: ... de Janeiro de 2003 Assunto: Permissão de aplicação de um questionário aos alunos Inserido no 5º ano da Licenciatura em Educação Física e Desporto, da Universidade de Trásos-Montes e Alto Douro, existe uma disciplina denominada “Seminário”, que consiste na realização de um trabalho de investigação, acerca das diversas áreas temáticas existentes no âmbito das Ciências do Desporto e da Educação Física. Pretende-se com isto, aplicar um conjunto de conhecimentos adquiridos ao longo dos anos anteriores da Licenciatura, de forma a dar resposta a um problema definido anteriormente e cuja resolução surge como importante para futuras intervenções no contexto da Educação Física e Desporto. Assim, conhecendo os inúmeros benefícios existentes na prática de actividades físicas, emergiu um problema relacionado com as formas motivacionais que possam ou não determinar a participação desportiva. Desta forma, sabendo que o contexto da Educação Física abrange um elevado número de indivíduos, pareceu-nos pertinente definir de que modo as determinantes motivacionais, podem ou não predizer um futuro envolvimento desportivo, acarretando os benefícios salientados anteriormente. Em suma, pretendemos com este documento, obter a sua permissão em possibilitar que os alunos desta escola, preencham um questionário relacionado com esta temática, durante as aulas de Educação Física, pelo que para tal, iremos contar com a colaboração dos restantes professores do Departamento de Educação Física e Desporto, desta escola. página ix Anexos Anexo 2 – Considerações para a entrega do questionário Antes de mais agradecemos a sua colaboração prestada, na medida em que se afigura como fulcral, para a obtenção de dados necessários para a realização do nosso estudo. De uma forma generalizada, esta investigação consiste na definição das relações existentes entre diversas determinantes motivacionais, no contexto da Educação Física, atribuindo assim a esta disciplina, uma importância relevante na melhoria da saúde pública. Após apresentar o objectivo do nosso estudo, gostaríamos que tivesse em conta as seguintes considerações, para que a aplicação do questionário decorra da forma desejada: • Este questionário é somente dirigido a alunos com idades compreendidas entre os 14 e 16 anos de idade; • No momento da aplicação do questionário, deve ser comunicado aos alunos, que o objectivo deste é somente conhecer as suas opiniões acerca das aulas de Educação Física; • Deve também ser referido para os alunos certificarem-se que responderam a todos os itens, não existindo respostas certas ou erradas, sendo salientado que o questionário é anónimo; • Relembrar os participantes que a primeira página do questionário é respondida numa escala de 1 a 5, enquanto a segunda página já considera uma escala de 1 a 7 (rever legenda, se necessário); • A resolução do questionário deve decorrer, se possível, num ambiente calmo e sereno; • Por fim, caso se verifiquem algumas dúvidas quanto às afirmações, estas devem ser elucidas pelo professor, devendo este somente explicar o significado da afirmação em causa. página x Anexos Anexo 3 – Questionário Nos questionários que a seguir apresentamos, não existem respostas certas ou erradas, por isso responde o mais honesto e correcto que puderes. Todas as respostas são confidenciais, por isso tenta ser o mais rigoroso possível. A validade dos resultados obtidos depende da tua honestidade. Idade: ____; Sexo: Masculino F Feminino F ; Ano: _____; Turma: ____ Praticas alguma actividade desportiva, para além da aula de Educação Física: Sim F Não F Se respondeste sim, que tipo: Modalidade Colectiva F Modalidade Individual F Considera cada frase expressa e indica com um círculo em redor do número, que melhor reflectir o que sentes acerca dela. Utiliza para o efeito uma escala de 1 a 5, em que 1 significa que discordas; 2, que concordas pouco; 3, que concordas no geral; 4, que concordas bastante e 5, que concordas plenamente. Na aula de Educação Física: coop1 coop2 coop3 coop4 mel1 mel2 mel3 mel4 esc1 esc2 esc3 - os alunos ajudam-se mutuamente nas tarefas de aprendizagem - os alunos ajudam-se mutuamente para melhorarem e sobressaírem - os alunos trabalham em equipa - o professor encoraja os alunos para aprenderem uns com os outros - os alunos são incentivados a ultrapassarem as suas dificuldades - o professor ajuda os alunos a melhorarem as capacidades nas quais não são bons - o professor reforça que os alunos necessitam de melhorar em cada aula - o professor salienta sempre que os alunos devem tentar fazer o melhor que conseguem - os alunos podem frequentemente planear as suas próprias actividades - os alunos podem dar a sua opinião acerca de uma determinada actividade - os alunos tem a oportunidade de escolher as actividades em que pretendem participar Î Ï Ð Ñ Ò 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Vira a folha se faz favor! página xi Anexos Considera cada frase expressa e indica com um círculo em redor do número, que melhor reflectir o que sentes acerca dela. Nestes questionários, utiliza para o efeito uma escala de 1 a 7, em que 1 significa que discordas plenamente; 2, que discordas; 3, que nem discordas, nem concordas; 4, que concordas pouco, 5, que concordas no geral, 6, que concordas bastante, e 7, que concordas plenamente. mi1 mi2 mi3 mi4 merid1 merid2 merid3 merid4 merin1 merin2 merin3 merin4 mere1 mere2 mere3 mere4 amot1 amot2 amot3 amot4 comp1 comp2 comp3 comp4 comp5 aut1 aut2 rel1 rel2 emp1 emp2 emp3 emp4 abor1 abor2 abor3 int Eu realizo a aula de Educação Física: - porque a Educação Física é divertida - porque eu gosto de aprender novas habilidades - porque a Educação Física é emocionante - devido ao prazer que sinto quando aprendo novas habilidades/técnicas - porque quero aprender novas habilidades - porque é importante para mim realizar correctamente as actividades - porque quero melhorar o meu nível desportivo - porque posso aprender habilidades ou técnicas que poderei utilizar noutras áreas da minha vida - porque quero que o professor ache que eu sou um bom aluno - porque iria sentir-me mal, caso não a realizasse - porque quero que os outros alunos pensem que eu sou competente em todas as actividades - porque fico preocupado se não a realizar - porque arranjo problemas se não a realizar - porque é suposto eu realizar - para que o professor não se zangue comigo - porque é obrigatório - mas realmente, não sei porquê - mas não compreendo porque existem este tipo de aulas - mas sinto que estou a desperdiçar o meu tempo - mas não obtenho resultados desse tipo de aulas Î 1 1 1 Ï 2 2 2 Ð 3 3 3 Ñ 4 4 4 Ò 5 5 5 Ó 6 6 6 Ô 7 7 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 6 6 6 6 6 6 7 7 7 7 7 7 1 2 3 4 5 6 7 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 - Eu penso que sou muito bom na aula de EF - Eu estou muito satisfeito com a minha prestação nas aulas de Educação Física - Após realizar a aula de Educação Física, sinto-me com grandes capacidades durante algum tempo - Eu sou muito hábil nas actividades de EF - Eu não consigo realizar muito bem as actividades na aula de Educação Física - Eu tenho a minha opinião acerca das técnicas que quero desenvolver na aula de Educação Física - Eu posso decidir quais as actividades que quero praticar na aula de Educação Física - Realizar a aula de Educação Física, permite-me interagir com os outros alunos - As diferentes actividades na aula de EF, fazem com que me relacione mais com os outros alunos - Eu não me empenho muito na aula de EF - Eu empenho-me quando jogo na aula de EF - Eu esforço-me muito na aula de Educação Física - É importante para mim realizar correctamente a aula de Educação Física - Quando jogo na aula de Educação Física, eu frequentemente desejo que o jogo acabe rapidamente - Quando jogo na aula de EF, eu fico aborrecido - Na aula de Educação Física eu normalmente estou distraído, em vez de pensar no que estou a fazer - Eu tenho intenção de praticar desporto, no futuro 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 5 6 6 6 7 7 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 página xii Anexos Anexo 4 – Análise Descritiva Idade Valid Cumulative Percent 51,0 14 Frequency 561 15 348 31,7 31,7 82,7 16 190 17,3 17,3 100,0 1099 100,0 100,0 Total Percent Valid Percent 51,0 51,0 Sexo Frequency Valid Percent Valid Percent Cumulative Percent Masculino 555 50,5 50,5 50,5 Feminino 544 49,5 49,5 100,0 1099 100,0 100,0 Total Envolvimento Desportivo Frequency Valid Percent Cumulative Percent Valid Percent Nenhum 568 51,7 51,7 51,7 Modalidade Colectiva 405 36,9 36,9 88,5 Modalidade Individua 126 11,5 11,5 100,0 1099 100,0 100,0 Total Statistics Statistics COOP MEL ESC N Mean Std. Deviation Skewness Std. Error of Sk Kurtosis Std. Error of i REL COMP AUT MINT MEID MEIN MEXT AMOT EMP ABOR INT 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3,31 4,18 3,16 4,85 4,41 3,49 5,28 5,78 4,26 3,80 2,63 5,38 2,60 4,67 ,84 ,68 ,95 1,56 1,44 1,50 1,28 1,22 1,53 1,56 1,58 1,32 1,55 2,14 -,167 -1,007 -,103 -,380 -,132 ,309 -,740 -1,293 -,161 ,102 ,875 -,786 ,950 -,395 ,074 ,074 ,074 ,074 ,074 ,074 ,074 ,074 ,074 ,074 ,074 ,074 ,074 ,074 -,443 1,119 -,595 -,586 -,650 -,505 ,329 1,668 -,795 -,767 -,040 ,361 ,055 -1,209 ,147 ,147 ,147 ,147 ,147 ,147 ,147 ,147 ,147 ,147 ,147 ,147 ,147 página xiii ,147 Anexos Anexo 5 – Análise comparativa por sexo Group Statistics ESCOLH COOP MELH PCOMP AUTON RELAC MINT MEID MEIN MEXT AMOT EMP ABOR INTENÇÃO Sexo Masculino N 555 Mean 3,18 Std. Deviation ,96 Std. Error Mean 4,09E-02 Feminino 544 3,14 ,93 3,97E-02 Masculino 555 3,39 ,84 3,54E-02 Feminino 544 3,23 ,84 3,58E-02 Masculino 555 4,17 ,70 2,98E-02 Feminino 544 4,20 ,66 2,85E-02 Masculino 555 4,79 1,44 6,12E-02 Feminino 544 4,03 1,33 5,69E-02 Masculino 555 3,67 1,57 6,67E-02 Feminino 544 3,31 1,40 5,99E-02 Masculino 555 4,84 1,57 6,64E-02 Feminino 544 4,86 1,56 6,70E-02 Masculino 555 5,49 1,30 5,50E-02 Feminino 544 5,07 1,24 5,30E-02 Masculino 555 5,85 1,26 5,37E-02 Feminino 544 5,70 1,18 5,05E-02 Masculino 555 4,48 1,59 6,73E-02 Feminino 544 4,04 1,44 6,18E-02 Masculino 555 3,89 1,65 7,00E-02 Feminino 544 3,71 1,46 6,26E-02 Masculino 555 2,79 1,74 7,40E-02 Feminino 544 2,47 1,38 5,90E-02 Masculino 555 5,39 1,36 5,76E-02 Feminino 544 5,36 1,28 5,51E-02 Masculino 555 2,66 1,69 7,18E-02 Feminino 544 2,53 1,40 6,00E-02 Masculino 555 5,13 1,99 8,44E-02 Feminino 544 4,20 2,19 9,40E-02 página xiv Anexos Independent Samples Test Levene's Test for Equality of Variances F ESC COOP MELH COMP AUT RELAC MINT MEID MEIN MEXT AMOT EMP ABOR INT ,961 ,183 ,470 6,737 10,631 ,051 ,409 1,534 4,029 10,762 40,309 1,502 23,311 16,663 Sig. ,327 ,669 ,493 ,010 ,001 ,821 ,523 ,216 ,045 ,001 ,000 ,221 ,000 ,000 t-test for Equality of Means 95% Confidence Interval of the Difference Sig. (2-tailed) Mean Difference Std. Error Difference 1097 ,554 3,38E-02 5,71E-02 -7,82E-02 ,15 ,592 1096,587 ,554 3,38E-02 5,71E-02 -7,81E-02 ,15 3,307 1097 ,001 ,17 5,04E-02 6,78E-02 ,27 3,307 1096,518 ,001 ,17 5,04E-02 6,78E-02 ,27 -,851 1097 ,395 -3,51E-02 4,12E-02 -,12 4,58E-02 -,852 1095,820 ,395 -3,51E-02 4,12E-02 -,12 4,58E-02 9,100 1097 ,000 ,76 8,36E-02 ,60 ,93 9,108 1092,709 ,000 ,76 8,36E-02 ,60 ,93 4,036 1097 ,000 ,36 8,98E-02 ,19 ,54 4,041 1086,762 ,000 ,36 8,97E-02 ,19 ,54 -,287 1097 ,774 -2,70E-02 9,43E-02 -,21 ,16 -,287 1096,640 ,774 -2,70E-02 9,43E-02 -,21 ,16 5,449 1097 ,000 ,42 7,64E-02 ,27 ,57 5,452 1096,239 ,000 ,42 7,64E-02 ,27 ,57 2,034 1097 ,042 ,15 7,38E-02 5,32E-03 ,29 2,036 1094,170 ,042 ,15 7,37E-02 5,42E-03 ,29 4,828 1097 ,000 ,44 9,15E-02 ,26 ,62 4,833 1090,925 ,000 ,44 9,14E-02 ,26 ,62 1,883 1097 ,060 ,18 9,40E-02 -7,48E-03 ,36 1,885 1085,756 ,060 ,18 9,39E-02 -7,26E-03 ,36 3,341 1097 ,001 ,32 9,48E-02 ,13 ,50 3,348 1049,463 ,001 ,32 9,46E-02 ,13 ,50 ,422 1097 ,673 3,37E-02 7,97E-02 -,12 ,19 ,423 1095,681 ,673 3,37E-02 7,97E-02 -,12 ,19 1,413 1097 ,158 ,13 9,37E-02 -5,15E-02 ,32 1,416 1067,261 ,157 ,13 9,35E-02 -5,11E-02 ,32 7,408 1097 ,000 ,93 ,13 ,69 1,18 7,401 1082,059 ,000 ,93 ,13 ,69 1,18 t df ,592 página xv Lower Upper Anexos Anexo 6 – Análise comparativa por idade Descriptives ESCOLH 14 N 561 Mean 3,18 15 348 16 190 ,94 Std. Error 3,95E-02 Lower Bound 3,10 Upper Bound 3,26 3,10 ,96 5,13E-02 2,99 3,20 3,22 ,95 6,91E-02 3,08 3,35 1099 3,16 ,95 2,85E-02 3,10 3,22 14 561 3,37 ,85 3,57E-02 3,30 3,44 15 348 3,30 ,81 4,34E-02 3,21 3,38 16 190 3,16 ,86 6,23E-02 3,04 3,29 1099 3,31 ,84 2,53E-02 3,26 3,36 14 561 4,24 ,68 2,85E-02 4,18 4,30 15 348 4,09 ,70 3,78E-02 4,02 4,17 16 190 4,19 ,65 4,73E-02 4,09 4,28 1099 4,18 ,68 2,06E-02 4,14 4,22 14 561 4,39 1,48 6,24E-02 4,27 4,51 15 348 4,43 1,39 7,46E-02 4,29 4,58 16 190 4,43 1,40 ,10 4,23 4,64 1099 4,41 1,44 4,33E-02 4,33 4,50 14 561 3,50 1,51 6,37E-02 3,37 3,62 15 348 3,52 1,48 7,93E-02 3,37 3,68 16 190 3,41 1,51 ,11 3,19 3,62 1099 3,49 1,50 4,52E-02 3,40 3,58 14 561 4,84 1,58 6,68E-02 4,71 4,97 15 348 4,80 1,58 8,45E-02 4,64 4,97 16 190 4,96 1,48 ,11 4,75 5,17 1099 4,85 1,56 4,71E-02 4,76 4,94 14 561 5,28 1,25 5,27E-02 5,18 5,39 15 348 5,25 1,35 7,24E-02 5,10 5,39 16 190 5,35 1,27 9,18E-02 5,17 5,53 1099 5,28 1,28 3,87E-02 5,21 5,36 14 561 5,82 1,17 4,93E-02 5,72 5,92 15 348 5,69 1,35 7,22E-02 5,55 5,83 16 190 5,81 1,15 8,34E-02 5,64 5,97 1099 5,78 1,22 3,69E-02 5,70 5,85 14 561 4,25 1,54 6,49E-02 4,12 4,38 15 348 4,30 1,53 8,22E-02 4,14 4,47 16 190 4,19 1,52 ,11 3,98 4,41 1099 4,26 1,53 4,62E-02 4,17 4,35 14 561 3,80 1,52 6,44E-02 3,67 3,93 15 348 3,89 1,62 8,71E-02 3,71 4,06 16 190 3,64 1,54 ,11 3,42 3,86 1099 3,80 1,56 4,70E-02 3,71 3,89 14 561 2,55 1,62 6,85E-02 2,42 2,68 15 348 2,73 1,54 8,25E-02 2,57 2,89 16 190 2,68 1,52 ,11 2,47 2,90 1099 2,63 1,58 4,76E-02 2,54 2,72 14 561 5,43 1,31 5,53E-02 5,32 5,53 15 348 5,31 1,34 7,17E-02 5,17 5,45 16 190 5,36 1,32 9,60E-02 5,17 5,55 1099 5,38 1,32 3,99E-02 5,30 5,46 14 561 2,57 1,55 6,53E-02 2,44 2,70 15 348 2,65 1,59 8,53E-02 2,49 2,82 16 190 2,59 1,51 ,11 2,37 2,81 1099 2,60 1,55 4,69E-02 2,51 2,69 14 561 4,50 2,15 9,07E-02 4,32 4,68 15 348 4,78 2,18 ,12 4,55 5,01 16 190 4,96 2,02 ,15 4,67 5,25 1099 4,67 2,14 6,46E-02 4,54 4,80 Total COOP Total MELH Total PCOMP Total AUTON Total RELAC Total MINT Total MEID Total MEIN Total MEXT Total AMOT Total EMP Total ABOR Total INT 95% Confidence Interval for Mean Std. Deviation Total página xvi Anexos ANOVA Sum of Squares ESCOLH COOP MELH PCOMP AUTON RELAC MINT MEID MEIN MEXT AMOT EMP ABOR INT Between Groups df Mean Square 2,317 2 1,158 Within Groups 979,724 1096 ,894 Total 982,041 1098 6,022 2 3,011 Within Groups 767,394 1096 ,700 Total 773,416 1098 4,704 2 2,352 Within Groups 507,829 1096 ,463 Total 512,533 1098 ,491 2 ,246 Within Groups 2267,054 1096 2,068 Total 2267,545 1098 1,676 2 ,838 Within Groups 2464,193 1096 2,248 Total 2465,869 1098 Between Groups Between Groups Between Groups Between Groups Between Groups 3,002 2 1,501 Within Groups 2679,126 1096 2,444 Total 2682,127 1098 1,320 2 ,660 Within Groups 1807,480 1096 1,649 Total 1808,800 1098 4,067 2 2,034 Within Groups 1642,277 1096 1,498 Total 1646,345 1098 1,599 2 ,800 Within Groups 2573,511 1096 2,348 Total 2575,110 1098 7,417 2 3,709 Within Groups 2662,743 1096 2,430 Total 2670,160 1098 Between Groups Between Groups Between Groups Between Groups Between Groups 7,552 2 3,776 Within Groups 2730,721 1096 2,492 Total 2738,273 1098 Between Groups 2,951 2 1,475 Within Groups 1914,087 1096 1,746 Total 1917,038 1098 1,595 2 ,797 Within Groups 2649,555 1096 2,417 Total 2651,149 1098 36,485 2 18,243 Within Groups 5002,954 1096 4,565 Total 5039,439 1098 Between Groups Between Groups página xvii F Sig. 1,296 ,274 4,300 ,014 5,076 ,006 ,119 ,888 ,373 ,689 ,614 ,541 ,400 ,670 1,357 ,258 ,341 ,711 1,526 ,218 1,516 ,220 ,845 ,430 ,330 ,719 3,996 ,019 Anexos Anexo 7 – Análise comparativa por envolvimento desportivo Group Statistics N ESCOLH COOP MELH PCOMP AUTON RELAC MINT MEID MEIN MEXT AMOT EMP ABOR INTENÇÃO Mean Std. Deviation Std. Error Mean Não praticantes 568 3,15 ,95 3,98E-02 Praticantes 531 3,18 ,94 4,09E-02 Não praticantes 568 3,25 ,85 3,57E-02 Praticantes 531 3,37 ,82 3,57E-02 Não praticantes 568 4,15 ,66 2,76E-02 Praticantes 531 4,22 ,71 3,07E-02 Não praticantes 568 4,07 1,37 5,73E-02 Praticantes 531 4,78 1,42 6,18E-02 Não praticantes 568 3,39 1,47 6,17E-02 Praticantes 531 3,59 1,52 6,61E-02 Não praticantes 568 4,67 1,59 6,66E-02 Praticantes 531 5,04 1,52 6,58E-02 Não praticantes 568 4,97 1,33 5,57E-02 Praticantes 531 5,62 1,14 4,96E-02 Não praticantes 568 5,58 1,33 5,59E-02 Praticantes 531 5,98 1,06 4,60E-02 Não praticantes 568 4,08 1,50 6,31E-02 Praticantes 531 4,45 1,54 6,69E-02 Não praticantes 568 3,82 1,54 6,45E-02 Praticantes 531 3,78 1,59 6,88E-02 Não praticantes 568 2,68 1,49 6,25E-02 Praticantes 531 2,58 1,67 7,24E-02 Não praticantes 568 5,22 1,36 5,71E-02 Praticantes 531 5,54 1,26 5,46E-02 Não praticantes 568 2,69 1,55 6,49E-02 Praticantes 531 2,50 1,56 6,76E-02 Não praticantes 568 4,08 2,19 9,19E-02 Praticantes 531 5,30 1,90 8,25E-02 página xviii Anexos Independent Samples Test Levene's Test for Equality of Variances F ESCOLH COOP MELH PCOMP AUTON RELAC MINT MEID MEIN MEXT AMOT EMP ABOR INT ,031 ,620 ,058 2,591 ,542 1,171 10,054 26,594 ,053 1,128 6,549 2,336 ,329 24,449 Sig. ,860 ,431 ,810 ,108 ,462 ,279 ,002 ,000 ,817 ,288 ,011 ,127 ,566 ,000 t-test for Equality of Means t df 95% Confidence Interval of the Difference Sig. (2-tailed) Mean Difference Std. Error Difference Lower Upper -,519 1097 ,604 -2,96E-02 5,71E-02 -,14 8,24E-02 -,519 1092,822 ,604 -2,96E-02 5,71E-02 -,14 8,24E-02 -2,468 1097 ,014 -,12 5,05E-02 -,22 -2,6E-02 -2,471 1095,844 ,014 -,12 5,05E-02 -,22 -2,6E-02 -1,506 1097 ,132 -6,21E-02 4,12E-02 -,14 1,88E-02 -1,503 1075,805 ,133 -6,21E-02 4,13E-02 -,14 1,90E-02 -8,392 1097 ,000 -,71 8,41E-02 -,87 -,54 -8,380 1084,125 ,000 -,71 8,42E-02 -,87 -,54 -2,191 1097 ,029 -,20 9,03E-02 -,38 -2,1E-02 -2,188 1085,588 ,029 -,20 9,04E-02 -,38 -2,0E-02 -3,926 1097 ,000 -,37 9,37E-02 -,55 -,18 -3,932 1096,510 ,000 -,37 9,36E-02 -,55 -,18 -8,713 1097 ,000 -,65 7,50E-02 -,80 -,51 -8,757 1089,517 ,000 -,65 7,46E-02 -,80 -,51 -5,488 1097 ,000 -,40 7,30E-02 -,54 -,26 -5,529 1070,261 ,000 -,40 7,24E-02 -,54 -,26 -3,959 1097 ,000 -,36 9,18E-02 -,54 -,18 -3,956 1087,711 ,000 -,36 9,19E-02 -,54 -,18 ,434 1097 ,665 4,08E-02 9,42E-02 -,14 ,23 ,433 1086,387 ,665 4,08E-02 9,43E-02 -,14 ,23 ,998 1097 ,319 9,51E-02 9,53E-02 -,09 ,28 ,994 1062,861 ,320 9,51E-02 9,57E-02 -,09 ,28 -4,017 1097 ,000 -,32 7,92E-02 -,47 -,16 -4,027 1096,885 ,000 -,32 7,90E-02 -,47 -,16 2,111 1097 ,035 ,20 9,37E-02 1,E-02 ,38 2,111 1090,923 ,035 ,20 9,37E-02 1,E-02 ,38 -9,775 1097 ,000 -1,21 ,12 -1,46 -,97 -9,821 1091,128 ,000 -1,21 ,12 -1,46 -,97 página xix Anexos Anexo 8 – Análise correlacional Correlations ESC COOP MEL COMP AUT ESC Pearson Correlati 1,000 Sig. (2-tailed) N , ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,068 ,000 ,005 ,000 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 ,078** ,126** ,329** ,259** ,259** ,228** ,197** ,173** ,149** ,076* -,003 ,075* Sig. (2-tailed) ,000 , ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,012 ,921 ,012 ,010 ,000 N 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 MELH Pearson Correlati ,262** ,329**1,000 ,216** ,066* ,302** ,324** ,324** ,138** ,013 -,213** ,297** -,151** ,096** Sig. (2-tailed) ,000 ,000 , ,000 ,028 ,000 ,000 ,000 ,000 ,678 ,000 ,000 ,000 ,001 N 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 COMP Pearson Correlati ,195** ,259** ,216** 1,000 REL INT ,107** ,084** ,108** 1099 COOP Pearson Correlati ,335**1,000 AUT REL MINT MEID MEIN MEXT AMOT EMP ABOR ,335** ,262** ,195** ,392** ,227** ,234** ,157** ,166** ,134** ,055 ,359** ,360** ,542** ,386** ,438** ,247** ,030 ,411** ,037 ,428** Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 , ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,324 ,000 ,219 ,000 N 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 Pearson Correlati ,392** ,259** ,066* ,359**1,000 ,267** ,254** ,119** ,305** ,303** ,275** ,056 ,350** ,202** Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,028 ,000 , ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,065 ,000 ,000 N 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 Pearson Correlati ,227** ,228** ,302** ,360** ,267**1,000 ,388** ,345** ,293** ,216** -,077* ,313** -,015 ,206** Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 , ,000 ,000 ,000 ,000 ,011 ,000 ,627 ,000 N 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 MINT Pearson Correlati ,234** ,197** ,324** ,542** ,254** ,388**1,000 ,579** ,426** ,152** -,121** ,421** -,112** ,364** Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 , ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 N 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 MEID Pearson Correlati ,157** ,173** ,324** ,386** ,119** ,345** ,579**1,000 ,343** ,080** -,169** ,438** -,121** ,328** Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 , ,000 ,008 ,000 ,000 ,000 ,000 N 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 MEIN Pearson Correlati ,166** ,149** ,138** ,438** ,305** ,293** ,426** ,343**1,000 ,553** ,200** ,292** ,172** ,203** Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 , ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 N 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 MEXT Pearson Correlati ,134** ,076* ,013 ,247** ,303** ,216** ,152** ,080** ,553** 1,000 ,396** ,136** ,300** ,060* Sig. (2-tailed) ,000 ,012 ,678 ,000 ,000 ,000 ,000 ,008 ,000 , ,000 ,000 ,000 ,045 N 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 AMOT Pearson Correlati ,055 -,003 -,213** ,030 Sig. (2-tailed) ,068 ,921 ,000 ,324 ,000 ,011 ,000 ,000 ,000 ,000 , ,000 N 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 EMP -,188** ,540** ,019 Pearson Correlati ,107** ,075* ,297** ,411** ,056 ,313** ,421** ,438** ,292** ,136** -,188**1,000 Sig. (2-tailed) ,000 ,012 ,000 ,000 ,065 ,000 N 1099 1099 1099 1099 1099 1099 ABOR Pearson Correlati ,084** ,078** -,151** ,037 INT ,275**-,077* -,121** -,169** ,200** ,396** 1,000 ,350**-,015 ,000 ,536 1099 1099 -,235** ,213** ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 , ,000 ,000 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 -,112** -,121** ,172** ,300** ,540**-,235**1,000 ,081** Sig. (2-tailed) ,005 ,010 ,000 ,219 ,000 ,627 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 , ,007 N 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 Pearson Correlati ,108** ,126** ,096** ,428** ,202** ,206** ,364** ,328** ,203** ,060* ,019 ,213** ,081**1,000 Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,045 ,536 ,000 ,007 , N 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 1099 **.Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed). *. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed). página xx Anexos Anexo 9 – Modelo de medição: Inicial The SAS System Covariance Structure Analysis: Maximum Likelihood Estimation Fit criterion . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.6830 Goodness of Fit Index (GFI) . . . . . . . . . . . 0.8938 GFI Adjusted for Degrees of Freedom (AGFI). . . . 0.8747 Root Mean Square Residual (RMR) . . . . . . . . . 0.1465 Parsimonious GFI (Mulaik, 1989) . . . . . . . . . 0.7904 Chi-square = 2945.8968 df = 956 Prob>chi**2 = 0.0001 Null Model Chi-square: df = 1081 22163.2729 RMSEA Estimate . . . . . . 0.0435 90%C.I.[0.0418, 0.0453] Probability of Close Fit . . . . . . . . . . . . 1.0000 ECVI Estimate . . . . . . . 3.0106 90%C.I.[2.8627, 3.1658] Bentler's Comparative Fit Index . . . . . . . . . 0.9056 Normal Theory Reweighted LS Chi-square . . . . . 3066.6556 Akaike's Information Criterion. . . . . . . . . . 1033.8968 Bozdogan's (1987) CAIC. . . . . . . . . . . . . . -4704.1643 Schwarz's Bayesian Criterion. . . . . . . . . . . -3748.1643 McDonald's (1989) Centrality. . . . . . . . . . . 0.4044 Bentler & Bonett's (1980) Non-normed Index. . . . 0.8933 Bentler & Bonett's (1980) NFI . . . . . . . . . . 0.8671 James, Mulaik, & Brett (1982) Parsimonious NFI. . 0.7668 Z-Test of Wilson & Hilferty (1931). . . . . . . . 29.8710 Bollen (1986) Normed Index Rho1 . . . . . . . . . 0.8497 Bollen (1988) Non-normed Index Delta2 . . . . . . 0.9062 Hoelter's (1983) Critical N . . . . . . . . . . . 385 página xxi Anexos Anexo 10 – Modelo de medição: Revisão 1 The SAS System Covariance Structure Analysis: Maximum Likelihood Estimation Fit criterion . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.1482 Goodness of Fit Index (GFI) . . . . . . . . . . . 0.9080 GFI Adjusted for Degrees of Freedom (AGFI). . . . 0.8906 Root Mean Square Residual (RMR) . . . . . . . . . 0.1413 Parsimonious GFI (Mulaik, 1989) . . . . . . . . . 0.7995 Chi-square = 2358.7772 df = 833 Prob>chi**2 = 0.0001 Null Model Chi-square: df = 946 20821.2865 RMSEA Estimate . . . . . . 0.0408 90%C.I.[0.0389, 0.0428] Probability of Close Fit . . . . . . . . . . . . 1.0000 ECVI Estimate . . . . . . . 2.4464 90%C.I.[2.3159, 2.5843] Bentler's Comparative Fit Index . . . . . . . . . 0.9232 Normal Theory Reweighted LS Chi-square . . . . . 2448.0966 Akaike's Information Criterion. . . . . . . . . . 692.7772 Bozdogan's (1987) CAIC. . . . . . . . . . . . . . -4307.0187 Schwarz's Bayesian Criterion. . . . . . . . . . . -3474.0187 McDonald's (1989) Centrality. . . . . . . . . . . 0.4995 Bentler & Bonett's (1980) Non-normed Index. . . . 0.9128 Bentler & Bonett's (1980) NFI . . . . . . . . . . 0.8867 James, Mulaik, & Brett (1982) Parsimonious NFI. . 0.7808 Z-Test of Wilson & Hilferty (1931). . . . . . . . 25.4096 Bollen (1986) Normed Index Rho1 . . . . . . . . . 0.8713 Bollen (1988) Non-normed Index Delta2 . . . . . . 0.9237 Hoelter's (1983) Critical N . . . . . . . . . . . 421 página xxii Anexos Anexo 11 – Modelo de medição: Revisão 2 The SAS System Covariance Structure Analysis: Maximum Likelihood Estimation Fit criterion . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.7865 Goodness of Fit Index (GFI) . . . . . . . . . . . 0.9206 GFI Adjusted for Degrees of Freedom (AGFI). . . . 0.9045 Root Mean Square Residual (RMR) . . . . . . . . . 0.1337 Parsimonious GFI (Mulaik, 1989) . . . . . . . . . 0.8030 Chi-square = 1961.5469 df = 751 Prob>chi**2 = 0.0001 Null Model Chi-square: df = 861 19370.3138 RMSEA Estimate . . . . . . 0.0383 90%C.I.[0.0362, 0.0404] Probability of Close Fit . . . . . . . . . . . . 1.0000 ECVI Estimate . . . . . . . 2.0746 90%C.I.[1.9571, 2.1994] Bentler's Comparative Fit Index . . . . . . . . . 0.9346 Normal Theory Reweighted LS Chi-square . . . . . 1989.0986 Akaike's Information Criterion. . . . . . . . . . 459.5469 Bozdogan's (1987) CAIC. . . . . . . . . . . . . . -4048.0722 Schwarz's Bayesian Criterion. . . . . . . . . . . -3297.0722 McDonald's (1989) Centrality. . . . . . . . . . . 0.5765 Bentler & Bonett's (1980) Non-normed Index. . . . 0.9250 Bentler & Bonett's (1980) NFI . . . . . . . . . . 0.8987 James, Mulaik, & Brett (1982) Parsimonious NFI. . 0.7839 Z-Test of Wilson & Hilferty (1931). . . . . . . . 21.9432 Bollen (1986) Normed Index Rho1 . . . . . . . . . 0.8839 Bollen (1988) Non-normed Index Delta2 . . . . . . 0.9350 Hoelter's (1983) Critical N . . . . . . . . . . . 458 página xxiii Anexos Anexo 12 – Modelo estrutural: Inicial The SAS System Covariance Structure Analysis: Maximum Likelihood Estimation Fit criterion . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2200 Goodness of Fit Index (GFI) . . . . . . . . . . . 0.8607 GFI Adjusted for Degrees of Freedom (AGFI). . . . 0.8431 Root Mean Square Residual (RMR) . . . . . . . . . 0.2983 Parsimonious GFI (Mulaik, 1989) . . . . . . . . . 0.8006 Chi-square = 3535.5098 df = 840 Prob>chi**2 = 0.0001 Null Model Chi-square: df = 903 19717.4207 RMSEA Estimate . . . . . . 0.0541 90%C.I.[0.0522, 0.0559] Probability of Close Fit . . . . . . . . . . . . 0.0001 ECVI Estimate . . . . . . . 3.4211 90%C.I.[3.2545, 3.5949] Bentler's Comparative Fit Index . . . . . . . . . 0.8567 Normal Theory Reweighted LS Chi-square . . . . . 3821.1596 Akaike's Information Criterion. . . . . . . . . . 1855.5098 Bozdogan's (1987) CAIC. . . . . . . . . . . . . . -3186.3012 Schwarz's Bayesian Criterion. . . . . . . . . . . -2346.3012 McDonald's (1989) Centrality. . . . . . . . . . . 0.2934 Bentler & Bonett's (1980) Non-normed Index. . . . 0.8460 Bentler & Bonett's (1980) NFI . . . . . . . . . . 0.8207 James, Mulaik, & Brett (1982) Parsimonious NFI. . 0.7634 Z-Test of Wilson & Hilferty (1931). . . . . . . . 37.8012 Bollen (1986) Normed Index Rho1 . . . . . . . . . 0.8072 Bollen (1988) Non-normed Index Delta2 . . . . . . 0.8572 Hoelter's (1983) Critical N . . . . . . . . . . . 284 página xxiv Anexos Anexo 13 – Modelo estrutural: Revisão 1 The SAS System Covariance Structure Analysis: Maximum Likelihood Estimation Fit criterion . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2739 Goodness of Fit Index (GFI) . . . . . . . . . . . 0.8888 GFI Adjusted for Degrees of Freedom (AGFI). . . . 0.8726 Root Mean Square Residual (RMR) . . . . . . . . . 0.2307 Parsimonious GFI (Mulaik, 1989) . . . . . . . . . 0.8159 Chi-square = 2496.7618 df = 716 Prob>chi**2 = 0.0001 Null Model Chi-square: df = 780 16474.8785 RMSEA Estimate . . . . . . 0.0476 90%C.I.[0.0456, 0.0496] Probability of Close Fit . . . . . . . . . . . . 0.9740 ECVI Estimate . . . . . . . 2.4707 90%C.I.[2.3335, 2.6151] Bentler's Comparative Fit Index . . . . . . . . . 0.8865 Normal Theory Reweighted LS Chi-square . . . . . 2747.7102 Akaike's Information Criterion. . . . . . . . . . 1064.7618 Bozdogan's (1987) CAIC. . . . . . . . . . . . . . -3232.7819 Schwarz's Bayesian Criterion. . . . . . . . . . . -2516.7819 McDonald's (1989) Centrality. . . . . . . . . . . 0.4448 Bentler & Bonett's (1980) Non-normed Index. . . . 0.8764 Bentler & Bonett's (1980) NFI . . . . . . . . . . 0.8485 James, Mulaik, & Brett (1982) Parsimonious NFI. . 0.7788 Z-Test of Wilson & Hilferty (1931). . . . . . . . 29.3314 Bollen (1986) Normed Index Rho1 . . . . . . . . . 0.8349 Bollen (1988) Non-normed Index Delta2 . . . . . . 0.8870 Hoelter's (1983) Critical N . . . . . . . . . . . 344 página xxv Anexos Anexo 14 – Modelo estrutural: Revisão 2 The SAS System Covariance Structure Analysis: Maximum Likelihood Estimation Fit criterion . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.0417 Goodness of Fit Index (GFI) . . . . . . . . . . . 0.9004 GFI Adjusted for Degrees of Freedom (AGFI). . . . 0.8855 Root Mean Square Residual (RMR) . . . . . . . . . 0.1804 Parsimonious GFI (Mulaik, 1989) . . . . . . . . . 0.8231 Chi-square = 2241.8009 df = 713 Prob>chi**2 = 0.0001 Null Model Chi-square: df = 780 16474.8785 RMSEA Estimate . . . . . . 0.0442 90%C.I.[0.0421, 0.0463] Probability of Close Fit . . . . . . . . . . . . 1.0000 ECVI Estimate . . . . . . . 2.2442 90%C.I.[2.1157, 2.3799] Bentler's Comparative Fit Index . . . . . . . . . 0.9026 Normal Theory Reweighted LS Chi-square . . . . . 2428.4326 Akaike's Information Criterion. . . . . . . . . . 815.8009 Bozdogan's (1987) CAIC. . . . . . . . . . . . . . -3463.7363 Schwarz's Bayesian Criterion. . . . . . . . . . . -2750.7363 McDonald's (1989) Centrality. . . . . . . . . . . 0.4988 Bentler & Bonett's (1980) Non-normed Index. . . . 0.8934 Bentler & Bonett's (1980) NFI . . . . . . . . . . 0.8639 James, Mulaik, & Brett (1982) Parsimonious NFI. . 0.7897 Z-Test of Wilson & Hilferty (1931). . . . . . . . 26.3566 Bollen (1986) Normed Index Rho1 . . . . . . . . . 0.8511 Bollen (1988) Non-normed Index Delta2 . . . . . . 0.9030 Hoelter's (1983) Critical N . . . . . . . . . . . 382 página xxvi Anexos Anexo 15 – Modelo estrutural: Revisão 3 The SAS System Covariance Structure Analysis: Maximum Likelihood Estimation Fit criterion . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.9535 Goodness of Fit Index (GFI) . . . . . . . . . . . 0.9052 GFI Adjusted for Degrees of Freedom (AGFI). . . . 0.8913 Root Mean Square Residual (RMR) . . . . . . . . . 0.1625 Parsimonious GFI (Mulaik, 1989) . . . . . . . . . 0.8298 Chi-square = 2134.9203 df = 715 Prob>chi**2 = 0.0001 Null Model Chi-square: df = 780 16474.8785 RMSEA Estimate . . . . . . 0.0427 90%C.I.[0.0406, 0.0448] Probability of Close Fit . . . . . . . . . . . . 1.0000 ECVI Estimate . . . . . . . 2.1522 90%C.I.[2.0272, 2.2844] Bentler's Comparative Fit Index . . . . . . . . . 0.9089 Normal Theory Reweighted LS Chi-square . . . . . 2299.3868 Akaike's Information Criterion. . . . . . . . . . 714.9203 Bozdogan's (1987) CAIC. . . . . . . . . . . . . . -3576.6212 Schwarz's Bayesian Criterion. . . . . . . . . . . -2861.6212 McDonald's (1989) Centrality. . . . . . . . . . . 0.5218 Bentler & Bonett's (1980) Non-normed Index. . . . 0.9006 Bentler & Bonett's (1980) NFI . . . . . . . . . . 0.8698 James, Mulaik, & Brett (1982) Parsimonious NFI. . 0.7973 Z-Test of Wilson & Hilferty (1931). . . . . . . . 25.1023 Bollen (1986) Normed Index Rho1 . . . . . . . . . 0.8580 Bollen (1988) Non-normed Index Delta2 . . . . . . 0.9093 Hoelter's (1983) Critical N . . . . . . . . . . . 400 página xxvii