1 PERFIL DOS MEDICAMENTOS ANSIOLÍTICOS ATENDIDOS NA FARMÁCIA MUNICIPAL DO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ NO ANO DE 2008 VERÔNICA DE FÁTIMA FERREIRA MONTEIRO1 1 Farmacêutica, aluna do Curso de Pós-Graduação em Saúde da FamíliaFaculdade de Medicina de Campos-RJ RESUMO O consumo de medicamentos psicotrópicos pela população em geral, segundo levantamentos feitos em várias cidades brasileiras, demonstra um crescente aumento. A utilização de psicofármacos tem sua importância terapêutica e a indicação médica para seu emprego é necessária muitas das vezes. Porém essas drogas quando utilizadas por um período prolongado causam dependência química e o uso indiscriminado e sem orientação de profissionais de saúde são fatos preocupantes. O presente trabalho tem por objetivo verificar o perfil de consumo de medicamentos ansiolíticos, atendidos na Farmácia Municipal de Campos dos Goytacazes-RJ, no ano de 2008. Foram analisados os benzodiazepínicos de referência: diazepam comprimidos de 5 e 10 mg, e clonazepam comprimido 2 mg. Trata-se de um estudo descritivo. Neste levantamento, foram coletados os dados da Farmácia Municipal, onde são armazenadas as informações transcritas por meio das notificações de receita dos pacientes. Utilizou-se dados de 15.887 pacientes e foram analisadas variáveis como sexo, idade e quantidade de comprimidos. As análises foram feitas através do programa estatístico Epidata. O resultado do estudo demonstrou que 54,2% das notificações de receita eram de diazepam. O predomínio do sexo feminino, revelado em levantamentos feitos em outras cidades brasileiras, também é confirmado no presente trabalho. Encontrou-se uma porcentagem de ocorrência do sexo feminino em torno de 66% para diazepam e 70% para clonazepam. Dentre as faixas etárias em geral, a que mais se acentua é a de 51 a 60 anos de idade. Porém, observou-se que o consumo de diazepam na população idosa (acima de 60 anos) é maior quando comparada a outras faixas de idade. Palavras-Chave: ansiolíticos, farmácia municipal Campos-RJ, consumo de medicamentos. 2 ABSTRACT The consumption of psychotropic medications by the general population, according to surveys conducted in several Brazilian cities show a growing increase. The use of drugs is important and therapeutic medical indication for its use is required many times. But these drugs when used for a prolonged period cause addiction and indiscriminate use without guidance from health care professionals are worrying facts. This study aims to determine the profile of consumption of psychotropic medications seen in Pharmacy Hall of the Municipality of Campos Goytacazes-RJ of the year 2008. This is a descriptive study. To conduct this survey were been used the database of the Registry where they are stored the information transferred through the reports of revenue, especially of anxiolytic references: diazepam 5 and 10mg , clonazepam 2mg. This is a descriptive study. In this survey, data were collected from the City Pharmacy, where are stored the information transferred through the reports of revenue from patients. We used data from 15,887 patients, through which the variables were analyzed as sex, age and frequency of occurrence. The tests were made using the statistical program Epidata. The result of the study showed that 54.2% of notifications were for prescription of diazepam. The predominance of females, revealed in surveys conducted in other Brazilian cities, is also confirmed in this work. We found a percentage of occurrence of females around 66% to diazepam and 70% for clonazepam. Among the age groups in general, that most stresses is the 51 to 60 years of age. However, it was observed that the use of diazepam in the elderly (over 60) is higher when compared to other age groups. Keywords: benzodiazepines, municipal pharmacy Campos-RJ, consumption of medicines. 3 INTRODUÇÃO Os medicamentos psicotrópicos, especialmente os da classe dos ansiolíticos, estão entre os mais consumidos pela população adulta de um modo geral. Vários fatores estão envolvidos no uso e tratamento com essas drogas, entre os quais podemos citar estresse, depressão, ansiedade, insônia, problemas sociais e outros. O uso indiscriminado desses medicamentos é uma realidade na nossa sociedade e é motivo de preocupação das autoridades de saúde. O uso prolongado dessas drogas, além de efeitos colaterais indesejáveis, provocam dependência química, levando a dificuldades quando se deseja a interrupção do tratamento. Sabe-se que a utilização de fármacos psicoativos, em determinadas situações, é necessária e são eficazes em muitos casos; no entanto, o abuso e a automedicação pela população são questionados (SIMÕES e FARACHE-FILHO, 1988). Embora existam poucos estudos sobre os mecanismos relacionados ao consumo de drogas psicotrópicas no Brasil, sabe-se que os medicamentos psicotrópicos, especialmente os ansiolíticos e anfetaminas, estão entre as drogas mais consumidas, perdendo apenas para o álcool e o tabaco (GALDUROZ et al, 2005). Vários estudos em municípios brasileiros (ALMEIDA et al, 1994; GALDUROZ et al, 2005; ORLANDI e NOTO, 2005) apontam para os riscos da utilização indiscriminada de medicamentos psicotrópicos pela população. Muitos destes relatam irregularidades como: utilização desses fármacos sem prescrição médica, falsificação de notificações de receita, falta de orientação e preparo dos profissionais de saúde, problemas com estabelecimentos que vendem tais medicações sem exigência de receita médica, desconhecimento dos usuários sobre os efeitos adversos e riscos referentes a sua utilização. A cidade de Campos-RJ situa-se no norte do estado do Rio de Janeiro, possui uma área territorial de 4.027 km2 e conta com uma população de aproximadamente 500 mil habitantes. A farmácia básica do município, na ocasião do levantamento dos dados, disponibilizava apenas como medicamentos ansiolíticos o diazepam de 5 e 10 mg e clonazepam de 2 mg, todos na forma de comprimidos. Outros medicamentos ansiolíticos também são fornecidos, porém mediante processo de requerimento para aquisição. 4 Os benzodiazepínicos (BDZ) são drogas com atividade ansiolítica que começaram a ser utilizados na década de 60. O clordiazepóxido, o primeiro BDZ lançado no mercado em 1960, foi um marco devido às suas propriedades ansiolíticas, hipnóticas e miorelaxantes. Nos anos seguintes, foram observados os primeiros casos de uso abusivo, além do desenvolvimento de tolerância, síndrome de abstinência e dependência pelos usuários crônicos dos BDZ. A década de 70 é consagrada como auge do uso dessas drogas e na década seguinte se inicia a restrição de venda desses medicamentos com legislação sanitária e exigência de receita pelas farmácias e drogarias (Portaria 344/1996). Sabe-se que o uso prolongado de BDZ por 4 a 6 semanas pode levar ao desenvolvimento de tolerância, abstinência e dependência (ORLANDI e NOTO, 2005). Daí a importância do controle sobre a venda e os cuidados com a utilização pela população. Em estudo realizado em 2001 no I levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas nas 107 maiores cidades do país (com população > ou = 200.000 habit.) envolvendo 8.589 pessoas entre 12 e 65 anos, foi demonstrado que dentre as drogas ilícitas (maconha, cocaína, heroína), a maconha obteve o maior índice. Entre as que utilizavam benzodiazepínicos (BDZ) e anfetaminas, a porcentagem de mulheres usuárias era cerca de três vezes maior que os homens (GALDUROZ et al, 2005). O padrão de consumo entre homens e mulheres também é relatada em comparação às drogas ilícitas (maconha e cocaína) que são mais consumidas por homens em comparação aos medicamentos psicotrópicos (ansiolíticos, anfetaminas e outros), que são preferidos pelas mulheres (NOTO e GALDUROZ, 1999). Entre os estudos do uso indevido de BDZ, destacam-se dois principais perfis de usuários crônicos: - idosos: onde a principal queixa é a insônia; - pessoas de meia-idade (principalmente do sexo feminino): pela busca do efeito ansiolítico (ORLANDI e NOTO, 2005). Em estudo feito sobre o consumo de psicofármacos na região da Ilha do Governador, no Município do Rio de Janeiro em 1988, relatou-se que os ansiolíticos foram os mais consumidos (85,23 %) seguidos pelos antiepilépticos (5,68%). Dentre os 5 ansiolíticos benzodiazepínicos, o diazepam foi o mais citado (65,4%), como medicação única ou em associação (ALMEIDA et al, 1994). O consumo de diferentes classes terapêuticas pela população brasileira não é uniforme. No Município de São Paulo, por exemplo, aproximadamente 10% dos consumidores de psicotrópicos (principalmente ansiolíticos) têm acima de 65 anos de idade. A prevalência por 1000 habitantes cresce de 162,5 (pessoas entre 65 e 75 anos) para 177,4 (pessoas acima de 75 anos). Sendo a prevalência de 98,9 para homens e para mulheres 227,8 (ROZENFELD, S., 2003). Em 1985, em pesquisa sobre o consumo de medicamentos na população de Araraquara-SP, foram analisados fatores como automedicação e venda sem receita médica. Os resultados demonstraram que a automedicação em mulheres foi o dobro em relação aos homens, e a venda de medicamentos sem receita médica chegou a 42,1% (SIMÕES e FARACHE- FILHO, 1985). A tabela 1 evidencia a comparação de consumo no I e II levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil. O II Levantamento foi realizado em 2005 nas 108 maiores cidades do Brasil, pela Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (SENAD) em parceria com Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (CEBRID) /UNIFESP, envolvendo 7939 pessoas entre 12 e 65 anos. TABELA 1- Comparação das freqüências em % de uso na vida de psicotrópicos em 2001 e 2005 Drogas 2001 2005 Qualquer droga Álcool Tabaco Alucinógenos Solventes Maconha Benzodiazepínico 19,4 68,7 41,1 0,6 5,8 6,9 3,3 22,8 74,4 44,0 1,1 6,1 8,8 5,6 Estimulantes Opiáceos Cocaína Barbitúricos Crack Heroína 1,5 1,4 2,3 0,5 0,4 0,1 3,2 1,3 2,9 0,7 0,7 0,09 s Fonte: Senad e Cebrid 6 Para se implantar um programa de prevenção adequada sobre o uso de drogas psicotrópicas numa determinada população é necessário primeiro conhecer a realidade desse consumo. As medidas preventivas no que diz respeito ao consumo de drogas psicotrópicas podem ser efetuadas através de ações primárias, secundárias e terciárias. Segundo definições da OMS em 1992 (NOTO e GALDUROZ, 1999). Prevenção primária: ações que procuram evitar a ocorrência de novos casos de uso abusivo ou até mesmo um primeiro uso. Podem ser feitas ações de prevenção voltadas para campanhas educativas, incentivo à prática de esportes e atitudes saudáveis. Prevenção secundária: ações que procuram evitar a ocorrência de complicações para quem faz uso ocasional de drogas e que apresentam nível relativamente baixo de problemas. Prevenção terciária: ações que procuram evitar prejuízos adicionais e/ou reintegrar na sociedade, indivíduos com problemas sérios. Tenta melhorar a qualidade de vida dos usuários frente a família, ao trabalho, à comunidade de forma geral . O objetivo desse trabalho é a análise do perfil de consumo dos medicamentos, ansiolíticos, especialmente os benzodiazepínicos, atendidos no ano de 2008 pela Farmácia Municipal de Campos dos Goytacazes – RJ. A importância dos fatores que levam a utilização desses medicamentos, bem como as medidas que minimizam o uso indiscriminado devem ser considerados. São necessárias medidas de conscientização da população com relação aos problemas causados pelo uso abusivo e desordenado de certos medicamentos, especialmente os que causam dependência. MATERIAL E MÉTODO O tipo de estudo é descritivo e documental. O atendimento dos medicamentos psicotrópicos pela Farmácia Municipal é informatizado. A dispensação destes medicamentos é feita mediante apresentação de notificação de receita B, de cor azul. As informações contidas nas notificações de receita, como nome do usuário, nome do medicamento, dosagem, apresentação e a 7 quantidade fornecida são transcritas para um banco de dados do setor de atendimento da Farmácia. Ao todo foram contabilizados 15.887 pacientes atendidos para os medicamentos estudados no ano de 2008. As informações referentes aos medicamentos estudados quanto às variáveis quantidade de comprimidos, sexo e idade, foram então introduzidas uma a uma no programa estatístico Epidata, onde foram feitas as análises estatísticas de cada medicamento individualmente. RESULTADOS A quantidade de medicamento (em comprimidos) dispensada durante o ano de 2008 foi de 519.130 para diazepam 5mg, 436.410 para diazepam 10mg e 891.660 para clonazepam 2mg, sendo totalizados 15.887 pacientes atendidos. Os dados foram analisados por frequência de cada variável a ser expressa em números absolutos e percentuais. Utilizou-se tabelas de distribuição de freqüência comparando-se as variáveis sexo e número de pacientes do diazepam 5 e 10mg separadamente (TAB. 2, 3 e 4). Também correlacionou-se os resultados somados do diazepam com o clonazepam 2mg (TAB. 5). TABELA 2- Distribuição de frequência da variável sexo - diazepam 5 mg Sexo Número de Feminino pacientes 2570 (66,10%) Masculino 1318 (33,90%) Total 3888 8 TABELA 3- Distribuição de frequência da variável sexo - diazepam 10 mg Sexo Número de Feminino pacientes 3166 (66,30%) Masculino 1609 (33,70%) Total 4775 TABELA 4- Distribuição de frequência da variável sexo - clonazepam 2 mg Sexo Número de Feminino pacientes 5113 (70,77%) Masculino 2111 (29,23%) Total 7224 TABELA 5- Comparação da distribuição de frequência da variável sexo, entre diazepam 5mg + 10mg e clonazepam 2mg Sexo No Pacientes Diazepam No Pacientes Clonazepam Feminino Masculino Total (2570+3166)= 5736 5113 (1318+1609)= 2927 2111 8663 (54,52%) 7224 As tabelas a seguir referem-se à distribuição de frequência do sexo, intervalo de idade e número de pacientes do diazepam 5 e 10mg e clonazepam 2mg. 9 TABELA 6- Distribuição de frequência dos pacientes segundo idade e sexo Diazepam 5mg Idade No de Pacientes Sexo [0-10] Feminino 4 Masculino 9 13 [11-20] 35 42 77 [21-30] 123 94 217 [31-40] 310 184 494 [41-50] 594 316 910 [51-60] 721 288 1009 [61-70] 520 234 754 [71-80] 200 115 315 80 em diante 63 36 99 Total 2570 1318 3888 TABELA 7- Distribuição de frequência dos pacientes segundo idade e sexo Diazepam 10mg Idade No de Pacientes Sexo Feminino Masculino [0-10] 8 8 16 [11-20] 48 40 88 [21-30] 147 111 258 [31-40] 375 238 613 [41-50] 759 400 1159 [51-60] 905 383 1288 [61-70] 586 249 835 [71-80] 249 131 380 80 em diante 89 49 138 Total 3166 1609 4775 TABELA 8- Distribuição de frequência dos pacientes segundo idade, sexo Clonazepam 2mg 10 Idade No de Pacientes Sexo Feminino Masculino [0-10] 21 12 33 [11-20] 59 79 138 [21-30] 254 165 419 [31-40] 628 289 917 [41-50] 1350 516 1866 [51-60] 1568 527 2095 [61-70] 804 306 1110 [71-80] 320 158 478 80 em diante 110 58 168 Total 5114 2110 7224 TABELA 9- Distribuição de frequência comparando-se diazepam (5 e 10 mg) com clonazepam 2mg Idade Diazepam 5 e 10mg Sexo Clonazepam 2mg Sexo Fem. Masc. F+M Fem. Masc. F+M [0-10] 12 17 29 21 12 33 [11-20] 83 82 165 59 79 138 [21-30] 270 205 475 254 165 419 [31-40] 685 422 1107 628 289 917 [41-50] 1353 716 2069 1350 516 1866 [51-60] 1626 671 2297 1568 527 2095 acima de 60 1707 814 2521 1234 522 1756 Total 5736 2927 8663 5114 2110 7224 11 TABELA10- Distribuição de frequência entre 51 a 60 anos e idosos (acima de 60 anos) no uso de diazepam (5 e 10 mg) e clonazepam 2mg Diazepam 5 e 10mg Sexo Clonazepam 2mg Sexo Idade [51-60] Fem. 1626 Masc. 671 F+M 2297 Fem. Masc. 1568 527 F+M 2095 acima de 60 1707 814 2521 1234 1756 522 (52,32%) Total 3333 1485 4818 (45,60%) 2802 1049 3851 12 Os dados obtidos também foram analisados por gráficos de histograma de freqüência, correlacionando sexo x número de pacientes e idade x quantidade de comprimidos para cada medicamento (Gráficos 1, 2, 3, 4, 5 e 6). Gráfico 1- Histograma de frequência- sexo e no de pacientes Diazepam 5mg 13 Gráfico 2- Histograma de frequência- idade e no de comprimidos dispensados Diazepam 5mg 1 Gráfico 3- Histograma de frequência- sexo e no de pacientes Diazepam 10mg 2 3 4 5 6 7 8 9 Legenda 1[0-10] 2[11-20] 3[21-30] 4[31-40] 5[41-50] 6[51-60] 7[61-70] 8[71-80] 9[Mais de 80] 14 Gráfico 4- Histograma de frequência- idade e no de comprimidos dispensados Diazepam 10mg 1 2 3 Legenda 1[0-10] 2[11-20] 3[21-30] 4[31-40] 45[41-50] 5 6 7 6[51-60] 7[61-70] 8[71-80] 9[Mais de 80] Gráfico 5- Histograma de frequência- sexo e no de pacientes Clonazepam 2mg 8 9 15 Gráfico 6- Histograma de frequência- idade e no de comprimidos dispensados Clonazepam 2mg 1 RESULTADOS 2 3 Legenda 1[0-10] 2[11-20] 3[21-30] 4[31-40] 5[41-50] 6[51-60] 4 5 6 7 7[61-70] 8[71-80] 9[Mais de 80] 8 9 16 Através dos dados de distribuição de frequência do intervalo de idade e sexo dos pacientes nos medicamentos analisados e dos gráficos de histograma de freqüência, verificou-se que há maior incidência para indivíduos do sexo feminino em todas as faixas de idade (exceção apenas para faixa entre 11-20 anos do diazepam 5mg e clonazepam 2mg). O percentual de mulheres usuárias foi em torno de 66% para diazepam e 70% para o clonazepam. O forte predomínio para usuários do sexo feminino nos medicamentos estudados, é confirmado também em pesquisas realizadas em diversas cidades brasileiras. Este estudo também demonstra que as mulheres do grupo etário entre 51 a 60 anos aparecem com maior ocorrência em todos os três medicamentos. Observou-se que das 15.887 notificações de receita analisadas, 54,52% eram de diazepam (TAB. 5). Nota-se que o consumo de diazepam na população idosa (acima de 60 anos) é mais acentuado comparando-se com as outras faixas de idade isoladamente, inclusive a de 51-60 anos (TAB. 10). O predomínio para as mulheres no grupo de idosos chega a 67,71% (TAB. 9). De maneira geral, o diazepam aparece como o mais consumido, chegando a 54,52 % das prescrições. O Rivotril (marca registrada do genérico clonazepam), segundo reportagem divulgada na Revista Época em 23 de fevereiro de 2009, foi considerado o segundo medicamento mais vendido nas farmácias comerciais do Brasil em 2008. Sem dúvida, o seu consumo no nosso estudo foi bastante significativo, principalmente na faixa etária entre 51-60 anos, onde supera inclusive a de idosos. CONCLUSÃO 17 Este estudo demonstrou que, das 15.887 notificações de receita B analisadas, referentes aos ansiolíticos padronizados pela farmácia municipal de Campos-RJ no ano de 2008, 54,52% eram de diazepam. O maior consumo é do sexo feminino, sendo 66% para diazepam e 70% para clonazepam. O predomínio dos ansiolíticos no sexo feminino é igualmente evidenciada em diversos levantamentos feitos no Brasil, sendo que a faixa de idade de maior ocorrência nos medicamentos estudados está entre 51 a 60 anos. Observou-se também que, entre a população idosa (acima de 60 anos), o diazepam é o que tem maior prevalência. É interessante ressaltar que, de fato, as mulheres estão entre os principais usuários de benzodiazepínicos, e embora não tenha sido objetivo do presente trabalho, esta constatação merece uma melhor investigação e requer estudos posteriores . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, L.M.; COUTINHO, E.S.F. & PEPPE, V.L.E. Consumo de Psicofármacos em uma Região Administrativa do Rio de Janeiro - A Ilha do Governador. Caderno de Saúde Pública. RJ. V. 10, n. 1. Jan/Março, 1994. Disponível em: http://www.scielo.br/ Acesso em 11/11/2008. CHAIMOWICZ F.; FERREIRA, T.J.X.M. & MIGUEL, D.F.A.. Uso de Medicamentos Psicoativos e seu relacionamento com quedas entre idosos. Revista Saúde Pública, Dezembro, V. 34, n.6, p. 631-635, 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/ Acesso em 09/11/2008. NOTO, A.R. et al. Análise de prescrição e dispensação de medicamentos psicotrópicos em duas cidades do estado de São Paulo. Rev. Bras. Psiquiatria, June, v. 24, n. 2, p. 6873, 2002. 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