Jornal Valor --- Página 1 da edição "04/03/2015 1a CAD B" ---- Impressa por cgbarbosa às 03/03/2015@21:19:10 Jornal Valor Econômico - CAD B - EMPRESAS - 4/3/2015 (21:19) - Página 1- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW Enxerto Quarta-feira, 4 de março de 2015 Empresas | B1 Dassault planeja novos investimentos no Brasil, conta o diretor Rodrigo Pesoa B2 Inclui Legislação & Tributos Consumo Volume médio adquirido pelas classes A e B cai 3% e na classe C recua 1,3% em 2014 0800.757.1000 [email protected] www.graber.com.br Mais pobre, classe média sente retrocesso no perfil de compra Adriana Mattos De São Paulo Destaques Setor aéreo cresce 9,1% A demanda do transporte aéreo doméstico cresceu 9,1% em janeiro ante o mesmo mês de 2014, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Nessa base de comparação, a oferta subiu 4%. O setor completou 16 meses consecutivos de crescimento e atingiu o maior nível para um mês em dez anos. A oferta teve alta pelo quinto mês seguido. A taxa de aproveitamento das aeronaves em voos domésticos foi recorde, chegando a 84,5%, ou 4,9 pontos percentuais mais que um ano antes. Gol e TAM lideraram o mercado doméstico em janeiro, com participação de 38,2% e de 36,8%, respectivamente. A TAM perdeu 3,6% de participação de mercado, enquanto a Gol cresceu 2,6%. Preço de imóveis Os preços de imóveis anunciados tiveram, em fevereiro, mais um mês de queda real, conforme o Índice FipeZap, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com o portal Zap Imóveis. O índice abrange o preço de venda dos imóveis em 20 cidades e teve alta de 0,17% em fevereiro ante janeiro, para R$ 7.482 por metro quadrado e aumento de 5,87% em relação ao segundo mês do ano passado. A variação esperada para o IPCA em fevereiro é de 1,07% e, na comparação anual, de 7,54%. Em fevereiro, houve queda nominal de preços em Brasília, Salvador, Fortaleza, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Niterói e Goiânia. No acumulado dos dois primeiros meses do ano, o Índice FipeZap teve elevação de 0,55%, enquanto o aumento projetado para o IPCA é de 2,32%. O Rio de Janeiro continua com o maior valor por metro quadrado (R$ 10.650), seguido por São Paulo (R$ 8.493). Liminar contra MEC A Sociedade Maria Coelho Aguiar, dona das Faculdades Integradas Aparício Carvalho (Fimca), de Rondônia, obteve tutela antecipada (espécie de liminar) derrubando o reajuste de 6,41% para os contratos antigos de Fies, financiamento estudantil do governo. O MEC estabeleceu esse limite para renovação e novos pedidos de Fies. A tutela foi concedida pelo juiz Herculano Martins Nacif, de Rondônia. A ação foi contra a União e FNDE, autarquia do MEC. Whirlpool e Ambev O Cade aprovou a joint venture entre a Whirlpool e Ambev em um negócio para produção e venda de máquinas de bebidas produzidas com cápsulas. Cada uma das empresas terá 50% de participação e o objetivo é vender máquinas de bebidas, cápsulas e outros produtos ligados ao negócio para países da América do Sul, América Central e Caribe. A parceria vai ampliar a variedade de cápsulas disponíveis para a produção de refrigerantes, isotônicos, bebidas energéticas, sucos, cervejas e bebidas maltadas. Índice Indústria B2, B3 e B4 Serviços&Tecnologia B5, B6 e B7 Movimento falimentar B6 Tendências&Consumo B8 e B9 Agenda tributária B8 The Wall Street Journal Americas B11 Commodities B12 Agronegócios B13 e B14 A nova classe média brasileira, símbolo da política econômica do atual governo, está mais pobre e para se proteger da perda do poder de compra, passou a cancelar temporariamente a aquisição de produtos que expressavam suas conquistas de consumo dos últimos anos. Com isso, o consumidor deu “um passo para trás” e foram interrompidos os avanços no perfil de compra da classe média, segundo pesquisas de especialistas do setor. Esse cenário de corte nas compras deve se manter em 2015. “Tivemos um aumento no número de novos itens na cesta de consumo até 2013. Havia expectativa de que esses produtos ‘entrantes’ permanecessem nos lares e sua frequência no carrinho de compras aumentasse. Mas com a piora do quadro econômico, interrompemos esse processo e demos um passo para trás”, disse Christine Pereira, diretora comercial da consultoria Kantar Worldpanel. “Para 2015 esperamos uma tendência muito parecida com 2014. Os consumidores terão de fazer mais escolhas na hora da compra” Segundo a executiva, o volume médio de produtos comprados no varejo pelas classes A e B caiu 3,1% em 2014 e na classe C, recuou 1,3%. Na classe D, houve alta de 3,4%, resultando num número geral de leve queda de 0,2% no volume médio em 2014, segundo pesquisa da Kantar obtida pelo Valor. Depois de medidas tomadas, co- Carrinho de compras Dados sobre o consumo do brasileiro Variação das compras - em % 18,0 20 5 1,0 9 1,0 0,0 0 4º tri./12 1º tri./13 2º tri. 3º tri. 4º tri. Canais de venda 1º tri./14 2º tri. 3º tri. 4º tri. Contribuição para o crescimento do volume de vendas em 2014 Atacarejo Redes de varejo alimentar (todas as redes, com exceção das 5 maiores) Varejo tradicional (padarias, quitandas, mercearias, empórios) 5 maiores redes de varejo alimentar (Carrefour, Pão de Açúcar, Walmart etc) Outros canais (farmácias, pequenas galerias e estandes) Porta a porta 0,2% 7,0 8,0 6,0 Em valor foi a queda de consumo médio, em volume, por família em 2014 12,0 15 10 Em volume visitas a menos em 2014 – o consumidor diminuiu a frequência às lojas Variação das vendas em volume em 2014 (%) Tíquete médio (em R$) 1,1 ponto 1,1 ponto 24 2 80,22 44,24 0,6 ponto 2 28,88 0,2 ponto 3 42,08 0,1 ponto Estável 14,04 0,0 ponto Estável 34,10 Fonte: Kantar Worldpanel mo a troca de marcas mais caras pelas mais baratas e substituição de produtos, há diminuição da frequência de compra de alguns produtos, sem necessariamente substituição por itens equivalentes. É o caso de produtos com preços elevados e que são “novos entrantes” como alvejantes sem cloro, que custam de R$ 10 a R$ 18. Doces e biscoitos, considerados supérfluos, também caíram em frequência na lista, assim como o pós-xampu para os cabelos. Esses dados fazem parte de pesquisas de consultorias como Kantar, Data Popular e Nielsen no último ano. Entre os itens que deixaram a lista de compra, mas têm substitutos, estão os iogurtes petit suisse, trocado pelo iogurte comum, mais barato e com rendimento maior. O antisséptico bucal, com potencial de crescimento na classe C, diz a Kantar, manteve frequência de compra em duas vezes por ano. As mudanças de comportamento de compra refletem a menor renda disponível nas classes C e D, reflexo de maiores pressões inflacionárias, especialmente em alimentos e bebidas (IPCA dos setores foi de 8% em 2014), crédito mais caro e elevação nas tarifas pú- blicas. “O consumidor tenta preservar, ao máximo, o status adquirido. Ele já fez trocas de marcas para não abrir mão do produto. Também já passou a comprar em novos canais, como o ‘atacarejo’. Ajustes mais drásticos podem acontecer se o mercado de trabalho se deteriorar, porque o varejo de bens não duráveis depende de renda”, disse Alberto Serrentino, sócio-diretor da Varese Retail. O levantamento da Kantar mostra também que o brasileiro foi nove vezes menos ao varejo, em média, em 2014. É uma redução de 10% no número de visitas ao ano. Para efeito de comparação, em 2013, o volume médio subiu pouco, mas não declinou (0,8%) e o números de visitas também caiu menos (diminuiu em três vezes ao ano). Os dados mostram que há um descolamento entre valor pago e volume vendido desde o fim de 2012, após piora do quadro econômico. Até então, as duas curvas andavam mais próximas, mas desde 2013, a curva de preço sobe mais rápido que a de volume (veja tabela ao lado). Em termos de valor desembolsado, o gasto médio do brasileiro subiu 9,4%, alta muito mais relacionada à escalada nos preços dos produtos nas lojas do que com o aumento de compra de lançamentos com preço mais alto — a chamada sofisticação do processo de compra, verificada especialmente entre 2008 e 2010. A pesquisa é realizada semanalmente em 11.300 lares brasileiros, que representam o comportamento de consumo de 50 milhões de domicílios. Pelos dados, o varejo de alimentos e bebidas sentiu mais a queda na frequência (menos 7 e 3 visitas no ano, respectivamente), enquanto no varejo de farmácias (higiene e beleza) houve estabilidade na frequência. Em relação aos canais, o aumento no volume de vendas do “atacarejo” foi de 24% no ano passado, com tíquete médio de R$ 80,22. As cinco maiores varejistas alimentares do país — Carrefour, Grupo Pão de Açúcar, Walmart, Cencosud e Zaffari — tiveram alta de só 3%. Paquetá vai ampliar operação no varejo NECO VARELLA/VALOR Calçados Sérgio Ruck Bueno De Sapiranga (RS) A ampliação das operações de varejo e o reforço do portfólio de marcas próprias são os caminhos da calçadista Paquetá para crescer neste ano. Com sede em Sapiranga (RS) e sete fábricas no Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará, Argentina e República Dominicana, o grupo decidiu segurar projetos de expansão industrial e tem como meta aumentar o faturamento “no mínimo” um ponto percentual acima da inflação, diz o diretor-presidente Adalberto Leist. Dona das marcas de sapatos femininos Dumond, Capodarte e Lilly’s e dos tênis infantis Ortopé, a empresa também fabrica calçados para terceiros como Adidas, Puma, Asics, Dillard’s e Dansko e prevê faturar entre R$ 2,5 bilhões e R$ 2,6 bilhões neste ano. Em 2014, foram quase R$ 2,4 bilhões. Para Leist, o quadro econômico adverso, com inflação alta, aumento do desemprego e possibilidade de escassez de energia, não é a maior ameaça para os negócios em 2015. “Já vimos muitas crises e planos de ajuste e o Brasil não vai desaparecer”, diz. O que mais o preocupa é o clima político polarizado e “raivoso” no país, que pode levar a uma crise institucional se as propostas de impeachment da presidente Dilma Rousseff começarem a ganhar corpo. “Não acredito que vá acontecer, mas é um risco”. O aumento dos custos, provocado em boa parte pelo impacto da desvalorização do real sobre insumos como plásticos e borrachas, terá de ser repassado aos preços nas trocas de coleção, inclusive nas exportações. “Lançamos quatro a cinco coleções por ano”, diz Leist. “Infelizmente os reajustes vão chegar aos consu- Adalberto Leist, presidente do grupo Paquetá:“Já vimos muitas crises e planos de ajuste e o Brasil não vai desaparecer” midores. Não tem como evitar”. No divisão de varejo, a Paquetá tem 194 lojas próprias das redes Paquetá, Paquetá Esportes, Gaston e Esposende no Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do país — vendem produtos do grupo e de outras marcas também. No ano passado elas ganharam 16 novos pontos e em 2015 serão abertos mais 15. Só a Paquetá Esportes, com 32 filiais, terá mais seis. O grupo conta ainda com 216 franquias das marcas Dumond e Capodarte, 19 das quais abertas em 2014 e 38 fora do Brasil, a maior parte na América Latina, África e Oriente Médio. Somados os dois modelos, de lojas próprias e franquias, a meta é aumentar o número de pontos dos atuais 410 para 500 até 2020 a fim de manter a participação do varejo num patamar não inferior a 55% do faturamento do grupo. O portfólio de marcas próprias será ampliado com os tênis Burnett, que começam a ser vendidos neste mês na rede Paquetá Esportes. “Acreditamos muito na nova linha, mas ela é um projeto para o futuro”, diz Leist. A marca foi lançada em 2014 com produtos de vestuário, segmento que no grupo inclui as roupas esportivas Walk Run (femininas) e Polar (masculinas), produzidas por terceiros. Na indústria, a empresa prevê produzir 17 milhões de pares em 2015, ante 16 milhões em 2014. Na Argentina, onde fabrica principalmente tênis Adidas, e na República Dominicana, que produz calçados femininos para terceiros destinados aos Estados Unidos, o volume somou 4,3 milhões de pares. As exportações a partir do Brasil foram de 2,1 milhões de pares, sendo 20% de marcas próprias — que alcançaram uma produção total de 5 milhões de pares no ano. Embora seja a maior credora da calçadista gaúcha Via Uno, em recuperação judicial desde 2013, a Paquetá não tem “nenhum interesse” em participar do leilão da marca previsto para os próximos meses. “O mercado brasileiro está saturado de marcas femininas”. O grupo tem quase R$ 58 milhões a receber. Em 2011 chegou a negociar a aquisição da empresa, mas o negócio não evoluiu. A expectativa de um ano duro para o setor calçadista levou a Ortopé, linha de tênis infantis do grupo, a acelerar o lançamento de produtos, diz o gerente de comunicação da marca, Fabio Schmitz. A estratégia já havia sido posta em prática em 2014, com um modelo que pode ser personali- zado com figurinhas pelas crianças. O projeto mais robusto, porém, chegou em fevereiro às lojas para aproveitar o período de retorno às aulas e a Ortopé já desenvolve outro modelo para colocar no mercado no segundo semestre, também a tempo das compras após o recesso escolar, adianta o gerente. Os tênis lançados em fevereiro têm sistema de fechamento com borrachas coloridas e palmilha de alta absorção de impacto e foram desenvolvidos em quatro meses, dois a menos do que a média normal, com investimentos de quase R$ 1 milhão, incluindo verbas de propaganda. Conforme Schmitz, a expectativa é que o modelo venda 100 mil pares só no primeiro semestre, pelo menos cinco vezes mais do que o desempenho das linhas convencionais no mesmo intervalo de tempo. O novo produto também deve gerar uma receita de R$ 6,5 milhões até junho e puxar a expansão do faturamento da marca no acumulado de 2015, previsto entre R$ 90 milhões e R$ 100 milhões, ante R$ 80 milhões no ano passado, sendo 20% com exportações, diz o gerente. A produção total da Ortopé deve passar de 1,76 milhão para 2,1 milhões de pares neste ano. “Nosso plano é a 2020 com uma receita bruta de R$ 180 milhões”, afirma Schmitz.