%HermesFileInfo:F-9:20060311: SÁBADO/DOMINGO, 11/12 DE MARÇO DE 2006 O ESTADO DE S. PAULO FEMININO F9 FEMININO F9 DINHEIRO Finanças no feminino As mulheres estão investindo mais no mercado financeiro, atraídas por programas especiais FOTOS MARCELO BARABANI/AE ÂNGELA BARROS E INÊS BOZZINNI – Elas coordenam o “Mulheres em Ação”, da Bovespa Fernando Cassaro ESPECIAL PARA O SF Aquela história de que investir em ações é coisa de homens e milionários está indo por água abaixo.Hoje,com programasde popularizaçãodomercadodecapitais, muitas pessoas que antes não investiam estão perdendo o medodoramo.Desde2002,aBovespa adota essa política, com um programa chamado “Bovespa Vai Até Você” e, desde 2003, também o “Mulheres em Ação”, que é um braço do primeiro. “O ponto positivo desse programa é que ele abre espaço para qualquer um fazer investimentos”, avisa uma das coordenadoras do “Mulheres em Ação”, Ângela Barros. Segundo ela, não é tão complicado investir em ações quanto parece. “Você tem de ter paciência, não ter pressa para conseguir lucros e procurar saber como funciona o mercado, se informando”, simplifica. Mas por que a Bovespa esco- lheu as mulheres, em vez dos mais velhos ou mais jovens, por exemplo? “Além de a mulher ter muita aptidão para investimentos, ela consegue influenciar o namorado, o marido e a família”, justifica Ângela Barros. “Nem sempre a mulher é a titular do investimento, mas ela consegue ter uma influência sobre o homem. Ela está acostumada a tomar conta das finanças no lar”, complementa o raciocínio a outra coordenadora, Inês Bozzini. Ainiciativapareceestardandobonsresultados.Hoje,as mulheres já representam 21,24% das pessoas físicas que investem na Bovespa, fora aquelas que estão em clubes de investimento e não são contabilizadas (um clube corresponde a uma pessoa jurídica). Em 2002, quando o programa foi lançado, elas representavam 18,40% das pessoas físicas investidoras. Mas ainda falta muito. Para †MAIS INFORMAÇÕES NA PÁG. 10 APARECIDA MILITELLI – Organizou, junto com a amiga Rosa, um clube de investimentos %HermesFileInfo:F-10:20060311: F10 FEMININO SÁBADO/DOMINGO, 11/12 DE MARÇO DE 2006 O ESTADO DE S.PAULO DINHEIRO FOTOS MARCELO BARABANI/AE Ângela,omercadode açõesainda não faz parte do cotidiano dosbrasileiros, comoocorreentre a população norte-americana.NosEstadosUnidos,oinvestimento mais procurado é o mercado de ações, ao contrário do Brasil, onde a poupança é o principal. “Todo mundo conhece pelo menos uma história de alguém que perdeu dinheiro com ações. Mas, na realidade, é mais comum ganhar dinheiro do que perder”, fala. CLUBE DA LULUZINHA O embrião do “Mulheres em Ação” foi uma reunião realizada em 2002. Um grupo de tenistas do clube Pinheiros organizou uma palestra para explicar aos interessados–tenistas,namaioria – como funcionava o mercado de capitais. Muitos gostaram e, pouco tempo depois, já estavam organizando clubes de investimentos, que podem ter de 3 a 150 integrantes, com regras simples e cotas de investimento mensais de baixo valor, tornando-se acessível para a maioria da população. AsamigasAparecidadoCarmo Militelli, de 66 anos, e Rosa Gonzalez, de 51 anos, fundaram um clube com alguns dos tenistas do Pinheiros que participaram da reunião. Desde então, as duas amigas não querem saber de abandonar a bolsa de valores. Até a família e os amigos foram influenciados. “Meu marido já investia, mas a minha entradano clubefoiumincentivoa mais,eofezentrarnogrupofun- MODA dado por mim”, conta Rosa. Uma pesquisa realizada pela Bovespa sobre o hábito e o perfil da brasileira mostra que a mulher está mais atenta às própriasfinanças.“Percebemos,sobretudo, que a nova mulher quer participar do mercado de capitais. A seu modo, ela entendeu também que esse mercado, aocapitalizarasempresas,éfontegeradoradeempregos”,aponta a pesquisa. Assim pensa Maria Aparecida Pinto, de 48 anos. Participantede doisclubes e investidorano mercado de ações desde 1976, ela acredita no potencial geradordeempregosdosinvestimen- As mulheres são 21,24% das pessoas físicas investidoras na Bovespa tos. “Investe em ações quem acredita no País. Eu acredito.” Ela garante que nunca perdeudinheiro. “Tive meu primeiro contato com o mercado de açõesquandocompreimeutelefone. Naquela época, a gente recebia ações da empresa no ato da compra. Mas ainda não entendia muito bem como funcionava o mercado e não soube aproveitar”, conta. Contudo, ela foi aprimorando os conhecimentos e escolheu até as empresas prediletas para investir – as do setor elétrico. Mesmo com uma certa expe- MARIA APARECIDA – Investidora desde 1976, nunca perdeu dinheiro riência no ramo, não dispensou a ajuda do programa da Bovespa. “O “Mulheres em Ação” me ensinou mais coisas sobre o mercado. Além disso, mostrou que as histórias positivas são maiscomuns que as negativas.” MariaAparecida explicaque tenta ser disciplinada. Todos os meses, reserva R$ 120,00 para colocar no clube de investimentos. E segue a receita do bom investidor à risca. “Não tenho pressa de ter lucro. Invisto com objetivosclarosecomtempohábilpara teroretornoesperado.” Foi assim que ela conseguiu irparaaDisneyWorld,nosEstados Unidos, com o filho. “Comprei um pacote de ações em 1991. Aguardei o momento ideal easvendiem1996.Comodinheiro, consegui fazer a viagem.” Prova do poder de persuasão feminino é a vontade que seu filho, de 18 anos, tem de se tornar um investidor. “Já disse para ele que eu vou colocá-lo no meu clube de investimentos.” As coordenadorasInês e Ângela concordam que o crescimento feminino no mercado de ações pode representar mais um passo rumo à independência financeira da mulher. “Nós sabemos o que fazer com o nosso dinheiro”, diz Ângela. ● SERVIÇO Programa “Mulheres em Ação”: 0800-7710194; mulheres@bovespa. com.br ROSA GONZALEZ – Levou o marido para o seu clube de investimentos