ISSN 1677-3055
www.revistaanalytica.com.br ANO 11 • Nº 62 • Dezembro 2012 / Janeiro 2013
Uma publicação Eskalab
a revista da instrumentação e controle de qualidade industrial
Revista Analytica
•
Dezembro 2012 / Janeiro 2013
Leia nesta edição
•
Microbiologia em Foco
Tipos de Métodos Rápidos
em Microbiologia – Parte I*
Ano 11 Nº 62
Analytica Legal
O Impacto da Política
Nacional de Resíduos Sólidos
nas Indústrias Brasileiras
Analytica Ambiental
Retrofitting e os Processos
Oxidativos Avançados
R$ 13,90
E Mais • Artigos • Em Foco • Notícias • Livraria
E d i tori a l
Analytica
A revista da instrumentação
e controle de
qualidade industrial
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Se depender do conteúdo da Agenda desta primeira edição do ano, 2013 será um ano bem agitado
para as áreas correlacionadas à Analytica. Separamos alguns dos eventos que acontecerão no decorrer
do ano, como a Pittcon Conference & Expo, em março, e a Analitica Latin America, em setembro. Não
deixe de conferir e mantenha-se por dentro.
Na seção Microbiologia em Foco, nossos parceiros do laboratório BCQ mostram a funcionalidade e
os tipos de testes rápidos em microbiologia. Leia nessa edição a primeira parte deste texto informativo.
Em sua segunda coluna, o engenheiro sanitarista Eduardo Pacheco escreve em Analytica Ambiental
sobre retrofitting. Para saber mais sobre esse processo, não deixe de ler.
Os advogados Guilherme de Carvalho Doval e Diana Viana Alves, do escritório Almeida Advogados, revisitam o tema “Política Nacional de Resíduos Sólidos” nas indústrias nacionais e apresentam uma atualização do ponto de vista jurídico e legal. Saiba mais sobre esse assunto que ainda
vai dar muito o que falar.
Há quase onze anos no mercado editorial, a Analytica tem acumulado muitas experiências, estabelecido fortes relações junto às áreas de controle de qualidade na indústria, bem como no meio acadêmico.
Com isso, um dos seus grandes desafios é servir como um canal de comunicação entre os assuntos de
maior relevância destes parceiros e o leitor. Assim, aproveite a publicação para conferir novidades em
equipamentos, produtos e serviços na seção Em Foco, bem como leia as pesquisas que estão sendo
produzidas nas mais importantes instituições nacionais.
E mantenha contato, nos dê sua opinião, a Revista Analytica está sempre aberta a diálogos com
seus leitores. Precisamos de você para que consigamos manter a qualidade da publicação. Participe!
A Analytica está nas principais redes sociais – Facebook (/RevistaAnalytica) e Twitter (@RevAnalytica),
além de estar disponível para leitura em tablets e smartphones: www.magtab.com.br/revista-analytica
Desejamos a todos um feliz ano novo e uma ótima leitura!
Os editores
ANO XI - Nº 62
(Dez 2012 / Jan 2013)
Redação e administração:
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Ed. Horsa I - cj. 2.315
CEP: 01311-940. São Paulo. SP
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CNPJ.: 74.310.962/0001-83
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A Revista Analytica é uma publicação bimestral da ESKALAB, com distribuição dirigida a
laboratórios analíticos e de controle de qualidade dos setores farmacêutico, alimentício, químico, ambiental, mineração, médico,
cosmético, petroquímico e tintas. Os artigos
assinados são de responsabilidade de seus
autores e não representam, necessariamente, a opinião da revista.
Diretor Executivo: Sylvain Kernbaum (11) 9.8357-9857 ([email protected])
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Editora: Milena Tutumi (Mtb 32.115) (11) 9.8357-9486 ([email protected])
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Contato Publicitário: Amanda Issler (11) 9.8140-8900 ([email protected])
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Secretaria Publicidade/Redação: Luiza Salomão ([email protected])
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Departamento de Assinaturas: Daniela Faria ([email protected])
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Conselho Editorial:
Carla Utescher, Pesquisadora Científica e Chefe da Seção de Controle Microbiológico do Serviço
de Controle de Qualidade do I.Butantan - Cheila Gonçalvez Mothé, Profª. Titular da Escola de
Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Elisabeth de Oliveira, Profª. Titular IQUSP - Fernando Mauro Lanças, Prof. Titular da Universidade de São Paulo e Fundador do
Grupo de Cromatografia (CROMA) do Instituto de Química de São Carlos - Helena Godoy,
FEA/Unicamp - Marcos Eberlin, Prof. de Química da Unicamp, Vice-Presidente das Sociedade
Brasileira de Espectrometria de Massas e Sociedade Internacional de Espectrometria de Massas
- Margarete Okazaki, Pesquisadora Científica do Centro de Ciências e Qualidade de Alimentos
do Ital - Margareth Marques, U.S.Pharmacopeia - Maria Aparecida Carvalho de Medeiros,
Profª. Depto. de Saneamento Ambiental-CESET/UNICAMP - Marina Tavares, Profª. do Instituto
de Química da Universidade de São Paulo - Shirley Abrantes, Pesquisadora Titular em Saúde
Pública do INCQS da Fundação Oswaldo Cruz - Ubaldino Dantas, Diretor Presidente da OSCIP
Biotema, Ciência e Tecnologia, e Secretário Executivo da Associação Brasileira de Agribusiness
Colaboraram nesta edição:
Adan Lucas Rocha, Alda Maria Machado Bueno Otoboni, Alice Yoshiko Tanaka, André Almeida
Soares, Bernadete Feitosa Cavalcanti, Claudete Norie Kunigami, Claudio Hirai, Cleber Antonio
Lindino, Cristiana L. Agostinho, Cristiane Bado, Débora Cristina Moraes, Diana Viana Alves,
Eduardo Pacheco, Fabio Silvestre Bazilio, Guilherme de Carvalho Doval, Janaina Eliza Percio,
Luciana Lopes de Souza Soares, Luciano Nascimento, Marcos Gaertner Brasil, Marcos Lopes
Dias, Marcus Vinicius Justo Bomfim, Marie Oshiiwa, Paulo Sérgio Marinelli, Renata Bonini Pardo,
Rodrigo Justo de Almeida, Shirley de Mello Pereira Abrantes, Vanildo Luiz Del Bianchi
Impressão: IBEP Gráfica
Editoração: Omar Salomão – (11) 995 011 145
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Filiada à Anatec
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Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
07
S umári o
06
Editorial/Expediente
Fale com a gente
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dúvidas, entre em contato com
a gente.
Microbiologia em Foco: Tipos de Métodos
Rápidos em Microbiologia – Parte I
12
Analytica Legal: O Impacto da Política Nacional
de Resíduos Sólidos nas Indústrias Brasileiras
14
Notícias
20
Analytica Ambiental: Retrofitting e os Processos Oxidativos Avançados
22
Em Foco
36
Metrologia em Pauta: Metrologia 2013
ARTIGOS
Cidade de Ouro Preto (MG): próximo evento
38
Avaliação da Produção de Etanol a Partir de Glicose e Xilose Através de Batelada
Alimentada por Leveduras Isoladas da Casca de Uvas (Vitis Spp): Débora Cristina
Moraes e Vanildo Luiz Del Bianchi
44
A Demanda Química de Oxigênio: Questionamentos: Cristiane Bado, Janaina Eliza
Percio e Cleber Antonio Lindino
52
Determinação de Acetaldeído e Contaminantes em Embalagens de PET Pós-Consumo
Reciclado: Luciana Lopes de Souza Soares, Marcus Vinicius Justo Bomfim, Fabio
Silvestre Bazilio, Rodrigo Justo de Almeida, Shirley de Mello Pereira Abrantes, Claudete
Norie Kunigami, Marcos Lopes Dias, Marcos Gaertner Brasil e André Almeida Soares
58
Abrandamento Eletrolítico Associado Com Dosagem Química Para Uso Industrial:
Luciano Nascimento, Cristiana L. Agostinho e Bernadete Feitosa Cavalcanti
64
Minerais Em Fermentados Simbióticos Produzidos Com Leite Humano
Adan Lucas Rocha, Alda Maria Machado Bueno Otoboni, Marie Oshiiwa, Paulo
Sérgio Marinelli, Renata Bonini Pardo e Alice Yoshiko Tanaka
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Anunciantes
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Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
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microbiologia
em foco
TIPOS DE MÉTODOS RÁPIDOS EM
MICROBIOLOGIA – Parte I*
Os métodos rápidos tomaram impulso na década de 90
com o impacto dos custos crescentes com o lead time para a
liberação dos produtos para o mercado consumidor.
Podemos dizer hoje que os métodos rápidos e a automação
fazem parte de uma área dinâmica da microbiologia aplicada
que tem como áreas principais:
• O isolamento dos microrganismos.
• A detecção precoce.
• A identificação dos microrganismos.
• A quantificação dos microrganismos.
Phoenix – depende do crescimento
microbiano, baseia-se na utilização de
substratos bioquímicos e sensibilidade
aos antibióticos
• Tempo de incubação - 3 horas
• Capacidade de 100 amostras por dia
• Biblioteca > 230 espécies bacterianas
Métodos rápidos para identificação microbiana
A identificação microbiana realizada da maneira tradicional é muito trabalhosa, envolvendo a fabricação de inúmeros
meios de cultura, placas para o isolamento seletivo, inúmeros
tubos contendo aminoácidos, açúcares, enzimas etc.
Na década de 60 a 70 surgiram os primeiros sistemas de
identificação miniaturizados que englobam em uma fita por
exemplo todos os testes para a identificação de um grande
número de espécies bacterianas e levedura.
O objetivo foi facilitar o trabalho do microbiologista e possibilitar a identificação mais rápida dos agentes contaminantes ou infectantes.
Estes produtos
foram desenvolvidos com o enfoque
para a microbiologia clínica, sendo
que as outras áreas
como a indústria alimentícia, cosmética
e a farmacêutica
passaram a utilizar
estes produtos posteriormente.
MIDI – SHERLOCK MIS – baseia-se na identificação dos ácidos graxos extraídos de colônias isoladas.
• Tempo de análise de +/- 2 horas
• Capacidade de
100 amostras por
dia
• Biblioteca
de
>1500 espécies
bactérias e fungos e bolores
Vitek – depende do crescimento bacteriano, utilização de
carboidratos e substratos bioquímicos.
• Tempo de incubação 2 a
24 horas
• Capacidade de 30 a 60 amostras
por dia
• Biblioteca > 350 espécies bacterianas e leveduras
Biolog – depende do crescimento microbiano e baseia-se na
utilização de carboidratos
• Tempo de incubação
– 2 a 72 horas
• Capacidade de 100
amostras por dia
• Biblioteca > 2000 espécies bacterianas e
bolores e leveduras
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Pathogenetix - marcação fluorescente do DNA
• Capacidade de identificar culturas mistas
• Bilbioteca extensa > 1000 microrganismos
MALDI-TOF (MATRIX-ASSISTED LASER DESORPTION
IONIZATION – TIME OF FLIGHT)
• Baseia-se na análise e detecção de um grande espectro
de proteínas, capaz de discriminar espécies estreitamente
relacionadas. A matriz que utiliza as proteínas foi mudada
para que possibilitasse as proteínas ribossômicas
• Neste sistema, os microrganismos são colocados em
uma placa que contem uma matriz polimérica.
• A placa é irradiada com um laser que vaporiza a amostra ionizando as moléculas
que são aspiradas e elevadas
a um detector.
• Dependendo da molécula,
o tempo de chegada será diferente (time of flight), os dados
obtidos através destas leituras
são comparados a uma base
algorítmica que contém uma
biblioteca, possibilitando a
identificação de bactérias, leveduras e fungos.
Esta seção é de responsabilidade da BCQ Consultoria e Qualidade.
Mais informações: (11) 5539-6710. www.bcq.com.br
*a segunda parte desse estudo será publicada na Revista Analytica, edição nº 63.
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Analytica legal
O IMPACTO DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS
SÓLIDOS NAS INDÚSTRIAS BRASILEIRAS
Guilherme de Carvalho Doval
Diana Viana Alves
A Lei Federal n°12.305 foi sancionada em agosto de
2010, depois de 21 anos de tramitação no Congresso Nacional, instituindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), determinando um planejamento de ações de empresas geradoras, dos estados e municípios, sendo uma legislação inovadora e promissora, caso sua aplicação de fato
vier a ser efetivada.
Após mais de dois anos de vigência da referida lei, é interessante revisitar o assunto e analisar como os entes públicos
e o setor produtivo tem lidado com este tema de tamanha
relevância para o meio ambiente.
Principais Instrumentos
A PNRS instituiu princípios, objetivos e diretrizes para
a gestão integrada e gerenciamento dos resíduos sólidos,
apontando as responsabilidades dos geradores, do poder
público e dos consumidores, trazendo uma série de responsabilidades para as indústrias quanto à geração e destinação
de resíduos por elas gerados.
Entre os instrumentos definidos no PNRS destacam-se:
(i)A coleta seletiva, que deve ser implementada também
nas indústrias mediante a separação prévia dos resíduos sólidos (nos locais onde são originados), de acordo
com a sua constituição ou composição (úmidos, secos,
industriais, da saúde, da construção civil etc.); e
(ii) A logística reversa, caracterizada pelo conjunto de
ações, procedimentos e meios para coletar e devolver
os resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento em seu ciclo de vida ou em outros ciclos
produtivos. A implementação da logística reversa será
realizada de forma prioritária, para os resíduos previstos
no artigo 33 da Lei, tais como: agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus e outros.
(iii) Instrumentos econômicos para a implementação do
PNRS já foram determinados, como a instituição de
medidas indutoras e linhas de financiamento, incentivos
fiscais e financeiros, além de prioridade nos incentivos e
nas aquisições e contratações governamentais.
Como se percebe, a implantação conjunta destes instrumentos poderia gerar grandes impactos no setor produtivo.
Implantação do PNRS
Já se percebe um movimento, ainda que tímido, para a
implantação dos instrumentos da PNRS.
Pesquisa “Perfil dos Municípios Brasileiros” divulgada
em 2012 pelo IBGE< trazendo dados consolidados de 2011
aponta que cerca de um terço (32,3%) das cidades do país
tinha programa, projeto ou ação de coleta seletiva de lixo em
atividade. Ainda que o percentual esteja muito aquém do desejável, se observa que o ritmo de implementação desta importante ferramenta continua crescendo, já que segundo o
“Índice de Desenvolvimento Sustentável” do mesmo IBGE, o
percentual era de 8,2% em 2000 e 19,5% em 2008.
12
Os desafios acerca da implantação completa da logística
reversa já estão sendo superados por alguns Estados brasileiros. No Estado de São Paulo houve assinatura de termos de
compromisso entre a Secretaria de Meio Ambiente do Estado
de São Paulo e quatro setores da indústria: fabricantes de
óleos lubrificantes, de embalagens de agrotóxicos, de pilhas
e baterias portáteis, e de produtos de higiene pessoal, perfumaria, cosméticos, de materiais de limpeza e afins para constituição de logística reversa.
No âmbito federal, o Comitê Orientador para Implantação
da Logística Reversa publicou em 03/10/2012, deliberação referente a critérios de prioridade para o lançamento de Editais
de Chamamento para a Elaboração de Acordos Setoriais para
Implantação de Logística Reversa, iniciando por: (i) embalagens
plásticas de óleos lubrificantes; (ii) lâmpadas fluorescentes, de
vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; (iii) embalagens em
geral; (iv) produtos eletroeletrônicos e seus componentes; e (v)
medicamentos, seus resíduos e embalagens.
Já os instrumentos econômicos vêm sendo tratados no
Grupo de Trabalho do Comitê Interministerial onde se discutem incentivos por meio de medidas indutoras. Já as
instituições financeiras poderão criar linhas especiais de financiamento. Segundo estudo do Ministério do Meio Ambiente1, as iniciativas ainda que interessantes, são pouco
numerosas e possuem abrangência restrita. Dentre estas
estão: (i) Obtenção de créditos de carbono através de 132
projetos MDL com captura de metano em aterros sanitários,
suinocultura e gestão de resíduos; (ii) Criação de depósitoretorno para óleos vegetais e outros materiais recicláveis;
(iii) Projetos relacionados ao Programa de Coleta Seletiva Solidária, regulamentado pelo Decreto n. 5.940, realizados pela
Polícia Federal, DATAPREV, Correios e Banco Amazonas,
dentre outros.
Sistema Nacional de Informações
Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos
A dificuldade de implantação dos instrumentos criados
pela PNRS se originam da dificuldade de levantamento de
dados necessários à criação das políticas públicas.
Desta forma, se por um lado os municípios e setores da indústria apresentam resultados ainda incipientes,
por outro, o próprio governo federal ainda não conseguiu
concluir a implantação do “Sistema Nacional de Informações
Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos”, cujas informações
subsidiariam todos os entes.
A despeito da previsão legal de implantação do referido
sistema até agosto de 2012, sequer o decreto regulamentador
foi editado, de forma que se verifica uma leniência do próprio
poder público quanto à implantação dos instrumentos legais.
Estudo sobre o PNRS para consulta pública disponível em
http://www.mma.gov.br/estruturas/253/_publicacao/253_
publicacao02022012041757.pdf
1
Guilherme de Carvalho Doval e Diana Viana Alves são advogados do
escritório Almeida Advogados – www.almeidalaw.com.br
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Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
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notícias
Especialização em Química na FFCLRP da USP
O Programa de Pós-graduação em Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
(FFCLRP) da USP está com inscrições abertas para o 1º semestre de 2013. Ao todo são setenta vagas, sendo
quarenta para o Mestrado e trinta para o Doutorado.
Para se inscrever, os interessados devem possuir diploma de nível superior em Química, Engenharia Química,
Farmácia ou áreas afins e procurar o Serviço de Pós-graduação da FFCLRP até 18 de janeiro de 2013.
Informações: (16)3602-3675 / 3602-3681, e-mail [email protected]
Foto: Stock.xchng
Recuperando áreas contaminadas a
partir da determinação de parâmetros de
transporte de poluentes em subsolos
Um projeto recém-concluído no Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT) capacitou uma equipe de
técnicos e pesquisadores a executar uma série de novos ensaios de laboratório referentes ao transporte de poluentes nos subsolos. Estes testes irão permitir a avaliação
da retenção de substâncias tóxicas e as características de materiais alternativos para uso como camadas de impermeabilização de aterros de resíduos e a construção de barreiras in situ de plumas de contaminação. A iniciativa
coordenada pela pesquisadora Giulliana Mondelli, do Laboratório de Resíduos e Áreas Contaminadas, contemplou
também diversas mudanças na infraestrutura laboratorial, como novas instalações e equipamentos adquiridos dentro do projeto de modernização do IPT.
Giulliana buscou a capacitação da equipe para a execução de testes destinados a projetos de investigação,
recuperação e remediação de áreas anteriormente ocupadas por indústrias ou aterros sanitários. Os 12 meses do
projeto permitiram o estudo de uma ampla gama de atividades, incluindo a montagem de sistemas de ensaios no
laboratório do IPT, o estabelecimento dos procedimentos e a coleta de amostras de solos não contaminados no
campus do próprio Instituto para a realização de testes. Quatro novos procedimentos foram contemplados neste
período: ensaio de compactação com compactador automático, ensaio de permeabilidade com parede flexível,
ensaio de coluna com percolação (fluxo) de soluções ou poluentes e ensaio de adsorção em lote.
O ensaio de compactação de solos, que já era realizado manualmente pelo IPT desde a década de 1940, foi
modernizado com o objetivo de preparar corpos de prova cilíndricos e reproduzir as condições de umidade e densidade do campo, marcando o emprego de um sistema automático em uma estratégia de investigação geoambiental
pela primeira vez. Agora, os corpos de provas são preparados por meio do ensaio de compactação ou da coleta
direta de amostras indeformadas em campo; em seguida, eles são extraídos de seus moldes para a execução de
testes de permeabilidade e de coluna e a estimativa dos parâmetros de transporte de poluentes.
Além do compactador automático, um sistema composto de cinco câmaras triaxiais com diferentes regulagens
de pressão foi adquirido. Os recursos do novo equipamento permitem fazer uma série de montagens, como avaliar a
percolação de água deionizada em resíduos para analisar a ocorrência de lixiviação ou testar parâmetros de transporte de um determinado poluente em
amostras de solos não contaminados.
Um dos principais benefícios para
o laboratório será a possibilidade de
lançar mão de tais parâmetros para
aplicação direta em estudos de avaliação de riscos e de fluxo de poluentes
no subsolo, a fim de estabelecer características mais próximas da realidade de campo e fornecer subsídios para
projetos de remediação de subsolos.
Mais detalhes do estudo em:
http://migre.me/clwcw
IPT
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Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
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notícias
O Instituto de Biologia (IB)
da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp) abriu as comemorações de seus 45 anos de
existência, completados este ano.
Em cerimônia no dia 4 de dezembro, a diretora do IB, Shirlei
Pimentel, recordou o pioneirismo
do instituto instalado em 1967,
primeira unidade a ganhar espaço
no campus da Cidade Universitária
em Campinas, em um barracão
que hoje sedia a Diretoria Geral da
Administração.
Em 1969, foi instalada a biblioteca do IB, também a primeira
da Unicamp, localizada onde fica
atualmente a Biblioteca Central
“César Lattes”. A primeira turma
de Ciências Biológicas é de 1971,
mesmo ano em que foi criado o
curso de pós-graduação. Em
1974, foi defendida a primeira
dissertação de mestrado e, em
1978, a de doutorado. Também
em 1974 foi criado o Herbário e
em 1980 ocorreu a primeira reunião da congregação do instituto.
Em 2004, foi implantado o
curso de Farmácia na Unicamp,
outro marco relevante na vida
da instituição, também oferecido
pelo IB em corresponsabilidade
com o Instituto de Química, com
a Faculdade de Ciências Médicas
e com participação do Centro
Pluridisciplinar
de
Pesquisas
Químicas, Biológicas e Agrícolas.
Até 1999, o IB tinha dez programas de pós-graduação e, há poucos
dias, comemorou a tese de número
3.500. “Crescemos em qualidade
científica, em prêmios e em estrutura
física. Cada um que por aqui passou contribuiu para essa evolução.
Agora, os mais jovens terão o legado
de continuar administrando o instituto”, disse Pimentel.
16
Agilent Technologies
Escolhe Ron Nersesian
como Presidente Global
A Agilent Technologies informou que seu Conselho
Diretivo Indicou o executivo Ron
Nersesian como presidente mundial da Agilent e seu principal
executivo operacional. Nersesian, que tomou posse imediatamente após a indicação, ocupava anteriormente a vice-presidência executiva da empresa
desde novembro de 2011. Nersesian,
53
anos,
será responsável pelas divisões de Análises Químicas,
Biociências,
Medição
Eletrônica da Agilent, sendo
que os presidentes dessas
áreas passam a se reportar
a ele. Nersesian continuará a reportar para William
Sullivan, CEO da Agilent
Technologies.
Em 1984, Nersesian ingressou na Hewlett-Packard
Co, a empresa predecessora
da Agilent. Desde então, ocupou várias posições de gerenciamento, incluindo a presidência da divisão de medição eletrônica,
de 2009 a 2011. Nersesian é bacharel em engenharia elétrica
pela Universidade de Lehigh, com MBA pela Escola Stern de
Negócios, da Universidade de New York.
“Ron é um líder global empresarial fora do comum”, afirmou
Sullivan. “Ele transformou a divisão de medição eletrônica quando esteve à sua frente, apresentando resultados recordes tanto
em mercados atuais quanto emergentes. No último ano, Ron
apresentou importantes resultados para o aumento de lucratividade da divisão de biociências e análises químicas mesmo enfrentando um cenário econômico adverso”, acrescentou Sullivan.
“A indicação de Ron como presidente é uma oportunidade para
Agilent aproveitar a capacidade de um executivo com um histórico excepcional de crescimento, melhoria dos custos e retorno do
capital investido”, completou.
Uma forma que a comunidade
da Unicamp encontrou para agradecer às pessoas que colaboraram
para o crescimento do IB foi prestando homenagens aos pioneiros
que iniciaram a nobre tarefa de
fazer desenvolver a Biologia. Entre
os lembrados estão os professores Walter Hadler, Crodowaldo
Pavan, Antonio Celso Novaes de
Magalhães, Mohamed Habib, Arício
Xavier Linhares, Maria Luiza Silveira,
Louis Klaczko, Paulo Mazzafera,
Jorge Yoshio Tamashiro e Nilce
Correia Meirelles, e a funcionária
Maria Conceição Francisco, que
atua no IB desde 1983.
Jornal da Unicamp
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
Foto: Divulgação
Instituto de Biologia
da Unicamp abre
atividades dos 45 anos
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notícias
Departamento de
Engenharia de Materiais
da UFSCar celebra 40
anos de existência
Em novembro de 2012, o
Departamento de Engenharia de
Materiais (DEMa) da Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar) organizou diversas atividades em comemoração aos seus 40 anos de existência. Além da outorga do título de
Doutor Honoris Causa ao Professor
Doutor Sérgio Mascarenhas, idealizador do curso de Engenharia de
Materiais na UFSCar, ocorreram eventos como o Seminário da Associação
dos Ex-Alunos de Engenharia de
Materiais da UFSCar (DEMaEx), sob o
tema: 40 Anos do DEMa.
Criado em 1972 com uma proposta pioneira e inovadora na América
Latina, o DEMa se consolidou como
um órgão acadêmico de geração e
desenvolvimento de atividades interdisciplinares de ensino e de prestação
de serviços, com reconhecimento
nacional e internacional junto à comunidade acadêmica e profissional.
Atualmente, o DEMa atua nas áreas
de metais, cerâmicas e polímeros e
conta com grupos interdisciplinares
que desenvolvem atividades no ensino teórico, experimental e prático. Em
40 anos de atividades, foram formados mais de 1.700 engenheiros de
materiais pela UFSCar.
O corpo docente do DEMa é
formado por 43 professores, com
titulação de doutorado e em regime
de dedicação exclusiva. Os professores do Departamento acumulam
inúmeros prêmios nacionais e internacionais, posições de destaque em
editoração em revistas acadêmicas,
agências de fomento à pesquisa,
conselhos de empresas públicas e
privadas e cadeiras em academias de
ciências do Brasil e no exterior. Além
dos professores, o DEMa também
conta com 26 servidores técnico-administrativos e colaboradores,
18
que atuam em atividades administrativas e acadêmicas do Departamento.
Atualmente, o corpo discente é formado por 450 alunos na graduação
em Engenharia de Materiais e 150 alunos no Programa de Pós-Graduação
em Ciência e Engenharia de Materiais
(PPGCEM).
APROBIO debate
política nacional de
biocombustíveis
O diretor superintendente da
APROBIO Julio Minelli representou
a entidade na Audiência Pública da
Comissão de Agricultura e Reforma
Agrária do Senado Federal, ocorrida
no fim de novembro passado, que
debateu o Projeto de Lei 219 sobre
a proposta de uma política nacional
para biocombustíveis.
O diretor defendeu a necessidade
da adoção de um sistema de garantia
da manutenção do Selo Combustível
Social para as pequenas usinas de
biodiesel, de maneira que seu desempenho nos leilões da ANP cubra pelo
menos os custos com o Selo na compra de matéria prima e fornecimento
de insumos e assistência técnica à
agricultura familiar.
Sobre o PL 219, Minelli pontuou, sobre o Art. 4º do PL, que
trata das atribuições do Ministério
da
Agricultura,
Pecuária
e
Abastecimento, que algumas delas
já foram definidas em legislações
posteriores, o que, para ele, demanda uma reavaliação deste ponto.
Quanto ao Art. 10, que propõe
o uso de óleo vegetal como combustível, mesmo que em situações
especiais, o diretor da APROBIO
ponderou que, embora o inventor do
motor a diesel tenha feito seu primeiro
engenho funcionar movido a óleo de
amendoim, o desenvolvimento tecnológico dos motores para o uso de
diesel fóssil gera problemas de manutenção ao usarem só o óleo vegetal.
Para tanto foi desenvolvido o
biodiesel, ou seja, para que esses
motores pudessem rodar com até
100% de outro tipo de óleo, que
não o diesel, sem problemas. Minelli
citou o exemplo de Curitiba, que
tem 34 ônibus rodando com biodiesel puro desde 2009. Na véspera da
audiência, a comitiva da Federação
Internacional de Futebol (FIFA) que
vistoriou as obras para a Copa de
2014 na cidade, viajou em desses
ônibus, por iniciativa da APROBIO.
De 2008 a 2011 foram agregados ao PIB mais de R$ 12 bilhões
e que com uma mistura de 20% de
biodiesel no diesel poderia somar
mais R$ 47 bilhões por ano. Na
comparação com o diesel fóssil, o
biocombustível tem uma capacidade de gerar 113% a mais de empregos e um PIB 35% maior.
Os fatores que poUm levantamento sobre
dem
levar medicamencontaminação em medicamentos
tos e dispositivos médicos a apresentarem contaminantes químicos
e microbiológicos estão reunidos na obra “Sources of Contamination
in Medicinal Products and Medical Devices”, de autoria de Denise Bohrer.
Professora e pesquisadora da Universidade
Federal de Santa Maria (RS) nos programas de pós-graduação em Química e Ciências Farmacêuticas,
Denise trabalhou durante três anos para conseguir os
resultados alcançados.
O livro está disponível no endereço:
http://migre.me/clxkK
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
19
Analytica
ambiental
Retrofitting e os Processos
Oxidativos Avançados
Eduardo Pacheco
Todos que trabalham com sistemas de tratamento
de água e efluentes acabam se deparando, mais cedo
ou mais tarde, com a necessidade de um “retrofitting”.
Essa é mais uma palavra da língua inglesa que acabou
sendo incorporada ao vocabulário do nosso dia-a-dia e
a melhor tradução para ela é “reabilitação”.
Pois bem, quando é que precisamos reabilitar um
sistema e por quê? Vamos a alguns exemplos:
1) Aumento da vazão:
Essa situação é muito comum, tanto nas indústrias
como no saneamento básico. O dimensionamento das estações de tratamento de água e de efluentes toma como
base algumas premissas que podem estar equivocadas ou
que simplesmente não se confirmam ao longo do tempo.
Se uma indústria projeta e constrói seus sistemas imaginando um certo consumo de água e uma certa geração de
efluentes com um horizonte de 15 ou 20 anos e, passados
cinco anos da instalação recebe, por exemplo, um aporte
de capital que lhe permite dobrar sua produção, não se
pode dizer que foi uma falha de planejamento. Ao contrário, pode-se até dizer que seja um “bom problema”. No
entanto, alterações de vazão estão diretamente relacionadas ao tamanho das estações, ou seja, se a tecnologia do
sistema vai permanecer a mesma, os tanques (reatores)
deverão ser aumentados na mesma proporção das novas
vazões. E se não houver área suficiente para essa ampliação? Aí haverá um verdadeiro “gargalo” que pode até inviabilizar os planos de crescimento.
que pode resultar em elevados consumos de produtos
químicos e energia elétrica, bem como elevadas despesas com mão-de-obra e manutenção. Esses custos todos compõem o que chamamos de “OPEX” (Operating
Expenditures) e são muito significativos num mercado
cada vez mais competitivo e cada vez menos favorável
à produção industrial brasileira. Se economizar na produção já é algo desejável, economizar no tratamento de
efluentes é simplesmente obrigatório.
4) Novas exigências legais:
No artigo que escrevi na edição anterior (nº 61 – Out
/ Nov) falei um pouco sobre a nova Portaria 2914 do
Ministério da Saúde que regulamenta os padrões para a
água potável e que trouxe novas preocupações às concessionárias públicas devido às exigências de monitoramento de novos compostos. Da mesma forma, uma
estação de tratamento de esgotos sanitários ou efluentes industriais que foi concebida para atender a legislação para descarte em corpos d’água agora se depara
com a também recente regulamentação CONAMA 430
de 13 de Maio de 2011 do Ministério do Meio Ambiente, que traz novidades como o “fator de toxicidade”.
Ou seja, já não basta monitorar parâmetros como DBO
e DQO (demandas bioquímica e química de oxigênio),
mas sim verificar se, após o tratamento, o efluente ainda é tóxico aos organismos bioindicadores.
3) Necessidade de redução de custos operacionais:
Um sistema muito antigo e já depreciado pode ter
uma concepção de tratamento também muito antiga,
5) Reuso dos efluentes tratados:
A maior motivação que uma empresa tem na busca
de um sistema de reuso de efluentes é mesmo a questão econômica. É claro que os aspectos ambientais,
éticos e até mesmo de marketing empresarial ajudam
na tomada de decisão, mas se não houver um ganho
real e mensurável, nada feito. Ocorre que esta viabilidade econômica está cada vez mais presente não só na
indústria, como também na área pública, seja pela falta
de água bruta de boa qualidade, seja pelo aumento dos
custos de tratamento. A SABESP, por exemplo, firmou
um contrato exemplar com a empresa FOZ do Brasil
(Grupo ODEBRECHT), no qual se criou uma SPE (Sociedade de Propósitos Específicos) denominada “Projeto AQUAPOLO”. Em resumo, essa empresa construiu
um sistema de tratamento complementar (terciário)
dentro da ETE - ABC de forma a qualificar o efluente
para seu consumo no Pólo Petroquímico de Capuava, que fica a menos de 20 Km dali. São quase 1.000
m³/h de efluentes que antes eram jogados de volta ao
20
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
2) Mudança nas características
da água ou do efluente:
Um exemplo real e preocupante disso é o que
ocorre nos sistemas de abastecimento de água do
Estado de São Paulo, onde as estações de tratamento foram dimensionadas e construídas há muito anos, quando os mananciais não eram poluídos
e contaminados. Os sistemas não têm capacidade
para remover excesso de matéria orgânica, hormônios e outros compostos complexos que acabam
sendo indevidamente lançados nos rios.
Da mesma forma, uma indústria pode ter que alterar
completamente seu sistema de tratamento de efluentes
devido a uma alteração da linha de produtos.
rio Tietê e que agora têm uso produtivo. O sistema de
tratamento da ETE - ABC é do tipo secundário, pelo
tradicional processo de Lodos Ativados. O tratamento
complementar escolhido foi o “MBR – Membrane Bio
Reactor” ou Biorreator a Membranas, que é um processo biológico no qual o decantador secundário é substituído por membranas de ultrafiltração e será objeto do
meu próximo artigo.
Pois bem, uma das alternativas que os gestores de
sistemas de tratamento de água e efluentes têm para
um projeto de retrofitting é o que chamamos de “Processos Oxidativos Avançados” ou “POA”. Trata-se de
uma boa opção quando se tem, por exemplo, uma água
bruta com excesso de compostos orgânicos complexos e dissolvidos ou um efluente com excesso de compostos não biodegradáveis.
Os produtos oxidantes mais utilizados e seus respectivos potenciais de oxidação – Eh ( V ) são :
Cloro gás
Cl2
1,36
Hipoclorito de Sódio
NaOCl
1,49
Hipoclorito de Cálcio
Na(OCl)2
1,49
Dióxido de Cloro
ClO2
1,95
Ozônio
O3
2,07
Oxigênio
O2
1,23
Peróxido de Hidrogênio
H2O2
1,72
Permanganato de Potássio
KMnO4
1,70
A necessidade de buscar elementos com maior potencial de oxidação para situações cada vez mais complicadas do nosso dia-a-dia é que motivou a criação do
“Radical Hidroxil”, cuja representação é: (•OH). O seu
potencial de oxidação é 2,80, ou seja, bem superior ao
dos produtos tradicionais.
Uma das formas para a produção desse Radical Hidroxil é o processo “fotoquímico” com a utilização da
radiação ultravioleta com frequência de onda 100 a 400
nm - faixa que está entre a luz visível os Raios X, conforme ilustração abaixo.
De forma simplificada, temos as seguintes situações
para aplicação da radiação UV (na faixa mostrada no
quadro anterior) para Peróxido de Hidrogênio e Ozônio:
Peróxido de Hidrogênio:
H2O2 + hv è 2 (•OH)
Ozônio:
O3 + hv + H2O è H2O2 + O2
H2O2 + hv è 2 (•OH)
2 O3 + H2O2 è 2 (•OH) + 3 O2
Estas são apenas duas das muitas formas que existem de se conseguir um composto oxidante mais forte
e de reação mais rápida. É verdade, no entanto, que
nem sempre essa prática será suficiente para resolver
definitivamente o problema de um sistema de tratamento de água ou efluente, mas pode representar um
“upgrade” provisório (e satisfatório) enquanto se procura pela solução final.
Eduardo Pacheco é Engenheiro Sanitarista e Diretor Técnico do Portal
Tratamento de Água - www.tratamentodeagua.com.br
1000 meters
1 meter
0.6
0.5
Yellow
Orange
Green
Blue
0.4
Violet
Visible
light
Microwaves
1000 micrometers
Long-wave radiation
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Infrared
1 micrometers
Ultraviolet
Television, FM radio
Short-wave radio
Long radio waves
Standart AM radio
Broadcast band
0.7
Red
X rays
Gamma rays
0.001 micrometers
Short-wave radiation
21
em foco
Tecnologia de alto
padrão em plantaspiloto de laboratório
A Alem Mar possui uma parceria de muitos anos com a empresa
inglesa ARMFIELD, que oferece
uma linha exclusiva de plantas-piloto projetadas para replicar
processos de fabricação industrial
em escala laboratorial. Permitindo
a pesquisa e desenvolvimento de
materiais das mais variadas aplicações, para desenvolver e testar
novas formulações, otimizando
tempo e diminuindo gastos. Estas
plantas-piloto são de fácil instalação, podendo ser utilizadas com
diversos tipos de materiais. Todos
os equipamentos são fabricados
com materiais resistentes, compactos e de fácil operação, atendendo as normas de segurança e
higiene alimentar.
Plantas-piloto são de fácil instalação, podendo
ser utilizadas com diversos tipos de materiais
Para uma ampla gama de aplicações em alimentos, cervejaria,
condimentos, confeitos, cremes,
meio de cultura, sorvetes, caldos,
leite, rações, fármacos, refeições
prontas, temperos, sopas e iogurtes. A ARMFIELD fabrica também
uma completa linha de equipamentos didáticos e laboratoriais,
com a mais alta tecnologia e tradição no mercado mundial, para
utilização nas áreas de engenharia,
escolas técnicas de nível superior,
centros de pesquisas etc..
Pensando na necessidade desta tecnologia no Brasil, a Alem
Mar, representante exclusiva da
ARMFIELD, tornou essa possibilidade de real alcance.
Conheça os equipamentos e
suas especificações entrando em
contato com a empresa.
Saiba Mais
(11) 3229-8344
[email protected]
Sistema VSG da Greiner Bio-One é mais rápido e seguro
A Velocidade de Sedimentação Globular (VSG) é um dos testes laboratoriais mais frequentemente prescritos. Pode ser usado como uma prova indeterminada para as reações inflamatórias, acompanhamento do seu desenvolvimento, bem como para
monitorar o tratamento. A Greiner Bio-One produz e comercializa, desde 1996, o Sistema VSG (manual e automatizado) que,
seguindo as recomendações do International Council for Standardization in Haematology (ICSH), adota como referência o
Método de Westergren, disponibilizando tubos para coleta de sangue a vácuo contendo o aditivo Citrato de Sódio 3,2%, na
proporção de 1 parte de solução de citrato para 4 partes de sangue (4NC).
Também, conhecida como reação de Biernacki devido ao seu inventor Edmund Biernacki, a VSG é a taxa a qual os glóbulos
vermelhos do sangue precipitam em um período de uma hora. O sangue anticoagulado é colocado em um tubo na posição
vertical e a taxa de precipitação dos glóbulos vermelhos é medida em mm/h (realizada através do método de Westergren).
Qualquer inflamação presente irá aumentar a VSG, mas como este é um teste de triagem, não pode ser utilizado para
diagnosticar uma doença específica. Exemplos do aumento da velocidade de sedimentação são: artrite reumatoide, doenças
da tiroide, tuberculose e gravidez. Níveis inferiores aos normais podem ocorrer, por exemplo, em: anemia falciforme, insuficiência cardíaca congestiva ou baixa quantidade de proteína plasmática devido a doença hepática ou renal.
A VSG é orientada pelo equilíbrio entre os fatores pró-sedimentação, principalmente de fibrinogênio e fatores resistentes a sedimentação, tais como a carga negativa dos eritrócitos. Se um processo inflamatório está presente, a proporção elevada de fibrinogênio
no sangue faz com que os glóbulos vermelhos se unam uns aos outros. Esses aglomerados precipitam mais rapidamente.
Os primeiros tubos para VSG produzidos pela Greiner Bio-One eram de vidro. Em 2010, a empresa lançou os tubos de
plástico (polipropileno) inquebráveis, sendo a única do mundo a disponibilizar mais esta facilidade para o mercado. Além de
serem mais seguros, os tubos possuem uma vida útil de doze meses.
As principais vantagens do Sistema VSG da Greiner Bio-One são: análise em sistema automatizado (fechado) e manual; coleta realizada em tubo plástico inquebrável, com marca de preenchimento que indica o nível
correto da amostra; resultados em 30 e 60 minutos; identificação de amostras com código de barras,
Saiba Mais
eliminando erros; controle de qualidade de dois níveis validado e o volume de amostra coletada é re(19) 3468-9600
duzido (1,5 ou 2,0 ml). A Greiner Bio-One também oferece uma gama de analisadores automatizados,
[email protected]
para avaliações rápidas e confiáveis.
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em foco
Análises por espectroscopia Raman de microesferas portadoras de fármacos
Imagens
Raman
inViaStreamLine
Plus™ mostram
detecção de
distribuição
ubíqua do
material
polímero das
microesferas,
com o AF
delimitado nos
microdomínios
As microesferas biodegradáveis são portadores ideais de fármacos, para antibióticos e para sua aplicação direta em locais de cirurgia músculo-esquelética. A percepção
da formação de portadores de fármacos e a eficácia na liberação da substância ativa é
de importância fulcral para melhorar a concepção de sistemas transportadores de substâncias ativas.
Durante as cirurgias são requeridas a esterilização consequente e ambientes acéticos
para evitar infecções microbianas da ferida. A identificação correta de patogênicos permite a prevenção efetiva e o tratamento da infecção mediante a administração de antibióticos apropriados. Antibióticos como o ácido fusídico (AF) são altamente eficientes
contra Staphylococci, que geralmente provocam infecções em articulações prostéticas.
O transporte por circulação sistêmica (indiretamente até ao local a tratar, via fluxo
sanguíneo ou mediante o sistema digestivo) de AF apresenta o risco de complicações,
incluindo a falta de vasos sanguíneos em algumas zonas da ferida, bem como efeitos secundários para o sistema como, por exemplo, náuseas e dores de estômago. A pesquisa mostrou que a aplicação direta de antibióticos aos locais de cirurgias traz vantagens significativas, comparada com o transporte
sistémico; não só podem ser atingidos níveis de concentração mais altos nos tecidos e uma liberação prolongada do fármaco, como também podem ser evitados simultaneamente efeitos secundários para o sistema.
Foi usada a imagiologia Raman inVia StreamLine Plus™ para caracterizar microesferas carregadas
com AF e construídas com matérias de matrix diferentes: poli(DL ácido lactico-co-glicólico) (PLGA), poli(L
ácido lático) (PLLA) e poli(3-hidroxibutírico) ácido-co-3-hidroxivalérico (PHBV), para poder perceber o mecanismo de liberação do fármaco.
As imagens Raman mostram os microdomínios de AF nas microesferas dos materiais selecionados. Investigações mais profundas sobre a eficácia da liberação do fármaco a partir destas microesferas fornecerão
informações para a otimização do desenho dos sistemas transportadores de fármacos.
Agradecimentos: C. Yang, S. Gilchrist and H. Burt, Divisão de Farmacêutica e
Biofarmacêutica, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de British
Columbia, Vancouver, BC, Canada. O trabalho Raman foi parte de um estudo,
de Yang et al, publicado em Pharmaceutical Research, 2009, 26 (7): 1644-1656.
Bioagri recebe Certificado de
Qualidade em Biossegurança (CQB)
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio) concedeu recentemente à Bioagri – a Mérieux NutriSciences Company o Certificado de Qualidade em Biossegurança. A medida permite que a
empresa esteja habilitada a realizar estudos com a
finalidade de avaliar o potencial de risco ambiental
através da condução de estudos nas áreas de ecotoxicologia, mutagênese, toxicologia de produtos
geneticamente modificados (OGM) e ensaios de resíduos de agrotóxicos - a última com aprovação anterior da CTNBio.
A CTNBio é uma instância colegiada multidisciplinar, criada através da lei nº 11.105, de 24 de mar-
24
Saiba Mais
(11) 4195-2866
[email protected]
ço de 2005, cuja finalidade é prestar apoio técnico
consultivo e assessoramento ao Governo Federal na
formulação, atualização e implementação da Política Nacional de Biossegurança relativa a OGM, bem
como no estabelecimento de normas técnicas de segurança e pareceres técnicos à proteção da saúde
humana, dos organismos vivos e do meio ambiente,
para atividades que envolvam a construção, experimentação, cultivo, manipulação, transporte, comercialização, consumo, armazenamento, liberação e
descarte de OGM e derivados.
Saiba Mais
(19) 3429-7741
[email protected]
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em foco
Luvas Criogênicas Tempshield
A Biosystems disponibiliza para seus clientes os
mais avançados produtos e equipamentos importados com tecnologia de ponta, cumprindo com seu
papel no mercado, apoiando o desenvolvimento técnico e científico do país. Dentre as principais marcas
estão a Axygen (plásticos e reagentes para Biologia
Molecular), TPP (plásticos para cultivo celular), G-Biosciences (reagentes em geral e produtos para
protêomica), Biotek (espectrofotômetros e leitoras
de multidetecção de última geração) e Vilber Lourmat (sistemas de fotodocumentação).
Buscando garantir a tecnologia e a versatilidade de seus produtos, a Biosystems comercializa luvas criogênicas da Tempshield que oferecem alto nível de proteção térmica multicamadas
às mãos e braços, contra temperaturas extremamente frias, em atmosferas frias, em situações de
transmissão de frio por contato com objetos frios,
ou para proteção contra respingos de líquidos
frios. Utilizadas numa série de aplicações e em
uma grande variedade de condições.
Algumas de suas aplicações são trabalhos que
empregam nitrogênio líquido e manipulação de gelo
seco, sendo utilizadas em diversos tipos de laboratórios, câmaras frias e freezers. As luvas ainda possuem multicamadas isolantes que fornecem máxima
proteção térmica, são respiráveis, resistentes à água e
oferecem flexibilidade, leveza e principalmente conforto, pois um forro impermeável adicional mantém
as mãos e braços aquecidos.
Disponíveis em dois modelos, as luvas criogênicas suportam temperaturas de até -160°C com ótimo
desempenho e segurança, características essenciais
quando a funcionalidade é importante e a segurança
é crítica.
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0800 7031012
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LAS do Brasil e IKA - Parceria já
de sucesso apresenta o Evaporador
Rotativo RV10 CONTROL
A LAS do Brasil, já líder em distribuição de padrões de qualidade, agora soma forças e apresenta sua nova linha de distribuição IKA – tecnologia Alemã – que fornece toda a linha de
equipamentos para laboratórios e planta-piloto.
Destaque para o Evaporador Rotativo modelo RV10 CONTROL com cinco anos de garantia, a maior do mercado. O RV
10 control da IKA pode ser precisamente controlado, trabalha de
forma totalmente automática. O software integrado permite uma
série de ajustes que podem ser armazenados, bem como definidos, como configurações específica do usuário na biblioteca. É
a escolha mais completa, segura e confiável. A LAS do Brasil fornece mais informações sobre os benefícios que este equipamento pode oferecer para os laboratórios.
Conheça também todas as linhas de representação LAS. Mais
informações podem ser obtidas em www.lasdobrasil.com.br.
Software integrado permite
uma série de ajustes
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em foco
Chega ao mercado a terceira
geração da consagrada tecnologia de
dissolução sem banho da Distek
Altmann apresenta cabine
de luz Spectraligth QC para
avaliação visual de cores
O Symphony 7100 vem para consolidar esta tecnologia como a melhor opção para quem procura associar
alta tecnologia com rapidez, praticidade e confiança. O
sistema não utiliza banho hidrostático, atingindo em 15
minutos, a temperatura programada por meio de jaquetas térmicas, economizando água e energia elétrica. É o
único do mercado capaz de operar em um mesmo teste,
com rotação, temperatura e aparatos diferentes em cada
cuba, tornando-se uma importante ferramenta para o desenvolvimento analítico.
Sensor de temperatura embutido na haste, registrando durante todo teste, a temperatura dentro de cada cuba
onde está ocorrendo a dissolução, trazendo mais confiabilidade ao seu ensaio. Todos os recursos do equipamento são operados a partir de um único display colorido,
sensível ao toque, com uma interface intuitiva e de fácil
operação, onde é possível acessar o manual do equipamento, armazenar e editar até 100 métodos, guardar dados
de qualificação, imprimir resultados e muito mais, tudo
isso com níveis diferenciados de acesso e protegidos por
senhas. Desde os primeiros modelos, a tecnologia bathless
da Distek mostrou que a dissolução de comprimidos pode
ser mais rápida, prática, limpa e econômica.
A Chemetric é a responsável pela Distek no Brasil. Conheça a linha completa da empresa que mais apresenta
inovações associadas à dissolução de comprimidos em
www.chemetric.com.br
Novo lançamento da X-rite, a Spectraligth QC é uma revolucionária cabine que possui sete iluminantes (única no
mercado mundial) e se destaca principalmente por atender todas as especificações e normas requeridas nesta área,
como a norma ASTM, que pede o ajuste total do LUX.
Nestes modelos foram instalados sensores que mantêm a
máxima irradiação do LUX compensando o desgaste das lâmpadas pelo tempo de uso, possui comunicação via USB com o
PC com programa utilitário que permite operar, configurar, criar
relatórios e rotinas de desempenho, além do controlador digital.
Mais informações podem ser encontradas no site da Altmann: www.altmann.com.br
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(21) 2426-6251
[email protected]
Sete iluminantes destacam equipamento no mercado
Saiba Mais
(11) 2198-7198
[email protected]
Dissolutor de 14 Vasos melhora
produtividade nos laboratórios
Com o aumento crescente por pressões dentro das indústrias farmacêuticas voltadas para o aumento de produtividade nos departamentos de controle
de qualidade e estudos de bioequivalência e biodisponibilidade, o mercado
oferece um sistema de dissolução com 14 Vasos, sendo 12 Vasos para amostras mais dois vasos para o padrão e branco.
Sistemas como estes podem ser acoplados a amostradores, diluidores
e injetores de amostras automatizados, que permitem que o aparelho
comece a trabalhar automaticamente a partir de determinadas condições
pré-estabelecidas pelo operador, realizando
Saiba Mais
assim o ensaio e coletando as amostras au(11) 2086-2174
tomaticamente.
[email protected]
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28
Sistema permite trabalho automatizado
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em foco
Novo analisador fotométrico automático
de alimentos, bebidas e água
A Thermo Scientific, líder mundial a serviço da ciência,
apresenta o analisador fotométrico Gallery que automatiza
todas as etapas da análise e gera resultados reprodutíveis
em poucos minutos. Com design compacto, o Gallery é
especialmente adequado para rotina e controle de quali- Alimentos, bebidas e água analisados automaticamente
pelo Gallery da Thermo Scientific (anuncio na pág. 33)
dade de alimentos, bebidas e águas.
A automação e determinação simultânea de multicomponentes em uma única amostra garantem maior produtividade e desempenho do laboratório. A cubeta
exclusiva DECAcell de volume pequeno permite o emprego de pequenas quantidades de reagentes (tipicamente 200uL) e a redução dos custos operacionais. Kits de reagentes prontos para uso eliminam a preparação
demorada das soluções com economia adicional de custos.
São características do Gallery:
•Capacidade para até 200 testes/hora
•Detecção de analitos em níveis muito baixos (ng / µg)
•Várias possibilidades de supressão de interferentes para eliminar efeitos de matriz
•Automação de procedimentos sofisticados de diluição
•Carrossel para combinação de amostras e reagentes, com até 54 posições
•Leitor de código de barras que permite a identificação automática de amostras e reagentes
•Monitoramento dos reagentes em tempo real
•Protocolos automáticos de início e término dos testes
•Acesso às amostras, reagentes e cubetas, sem interrupção dos testes
Saiba Mais
•Faixa de comprimentos de onda de 275 a 880 nm
(11) 2162-8080
•Unidade eletroquímica opcional para medidas de condutividade e pH
[email protected]
•Interface gráfica intuitiva
Lançamento Kinetex 1,3 e 5 µm:
melhora instantânea dos métodos
A Phenomenex representada exclusivamente
pela Allcrom no Brasil, lança a coluna Kinetex™ 1,3
e 5 µm com Tecnologia Core-Shell.
As colunas Kinetex 1,3 µm apresentam eficiência
superior às colunas sub 2 µm existentes no mercado,
gerando um aumento inicial na resolução Cromatográfica com picos mais altos e maior sensibilidade
ajudando você a obter o máximo de desempenho do
seu sistema de UHPLC.
Solução
cromatográfica
completa
30
A Kinetex™ 1,3 µm está disponível inicialmente
na fase C18.
A coluna Kinetex 5 μm possibilita aumentar imediatamente a resolução, produtividade e sensibilidade de métodos que utilizam colunas de 3 e 5 µm. Ao
utilizar métodos das farmacopeias, o trabalho será
bastante facilitado pela substituição direta da coluna.
Esta partícula Core Shell foi especialmente desenvolvida para o uso em sistemas de HPLC padrão
ou modelos mais antigos que possam ter limitações
de pressão. Está disponível nas fases C18, XB-C18,
PFP e Phenyl-Hexyl.
Este lançamento é uma solução cromatográfica
completa desde HPLC, UHPLC até a escala Preparativa.
Para mais informações entre em contato com a
representante ou visite o site www.allcrom.com.br/
kinetex para obter mais informações.
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em foco
Banhos ultrassônicos Elma
A Nova Analítica apresenta
a mais recente parceria iniciada
com a empresa alemã Elma, especialista em unidades de limpeza
ultrassônica. Com mais de 50 anos
no mercado, oferece uma gama
completa de equipamentos para
preparo de amostras e limpeza de
instrumentos de laboratório. Com
modelos que podem ir de 0,5 a 90
Equipamentos estão divididos em três linhas específicas
litros, todas as linhas são equipadas com painel à prova d’água e
de fácil operação, além de timer e
sistema aquecimento que vai de
30 a 80°C.
Os equipamentos se dividem
em três linhas:
•Linha E (37Kz) – Destinada
exclusivamente a limpeza
de materiais e instrumentos
de laboratório;
•Linha S (37Kz) - Indicada
para limpeza de materiais e
preparo de amostras, inclui
a função “degas” para degaseificação ou homogeneização, emulsão, e dispersão
de partículas em amostras;
•Linha P (37Kz e 80Kz) –
Com duas frequências ul-
trassônicas, é indicada tanto
para a limpeza de materiais
de laboratório quanto de
peças sensíveis como capilares, além de incluir a função
“degas” para degaseificação
de amostras ou solventes de
HPLC e de líquidos de limpeza;
Conheça mais os produtos
Elma e encontre o ideal para sua
aplicação!
Para mais informações, acesse
www.novanalitica.com.br
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(11) 2162-8080
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PerkinElmer: vanguardista em análise térmica
Desde a comercialização de seu primeiro DSC em 1963, a PerkinElmer esteve na vanguarda da tecnologia
e inovação de produtos em análise térmica.
Agora, a empresa oferece o novo STA 8000 para estudo de polímeros, materiais cerâmicos, metais, energia
e mais outras diversas aplicações. Isso tudo é possível, pois o novo STA 8000 é um TGA/DTA/DSC e opera
na faixa de 15 a 1600°C, com sistema de controle e troca de gases integrado.
Além disso, o STA 8000 possui as seguintes características:
•Fácil posicionamento e troca de amostra manual;
•Equipamento de pequeno porte, permite otimização do espaço de seu laboratório;
•Temperatura da amostra e da referência medidas para melhor qualidade dos dados;
• Linha base do DTA plana;
• Forno compacto permite melhor distribuição da temperatura resultando em maior sensibilidade;
•Resfriamento rápido para maior produtividade;
•Temperatura inicial de 15°C para melhor coleta dos dados de evaporação de umidade
A PerkinElmer oferece a melhor solução para as aplicações, através do amplo leque de hifenações: HPLC-ICP/MS,
TGA-IR, TGA-MS, TGA-CG/MS, TGA-IR-CG/MS, UV-DSC, UV-DMA e HG-DMA.
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32
STA 8000 para estudo de polímeros, materiais cerâmicos,
metais, energia e mais outras diversas aplicações
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
33
em foco
Ensaios Simple Western: a reinvenção do Western Blot
Sally, da ProteinSimple, é um equipamento compacto de bancada capaz de executar simultaneamente 96 amostras de ensaios Simple Western,
com base no tamanho das moléculas, equivalente ao tradicional método
em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE). As amostras em ensaio Simple Western são tratadas com SDS / TDT e então desnaturadas por calor. Após essa
etapa são carregadas em capilares, separadas por tamanho e imobilizadas
na parede capilar por meio de um método próprio de captura UV. As proteínas alvo são imunomarcadas com anticorpo HRP seguido de detecção
quimioluminescente amplificada. Sally permite a automação total do processo de Western blot, o que resulta em aumento da reprodutibilidade e
diminuição significativa de tempo.
Ensaios Simple Western executados com Sally são uma reinvenção do
Western blot, automatizando todas as etapas manuais associadas ao processo. Com Sally são possíveis resultados altamente reprodutíveis, quantitativos, confiáveis e sensíveis à especificidade da proteína. O processo de
Simple Western agiliza o tempo geral de obtenção de resultados para cerca
de 3-5 horas, com um tempo total de prática inferior a uma hora.
Autonomia, total automatização e consistência
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Siemens lança no Brasil controlador de nível por ultrassom SITRANS LUT400
Com a proposta de atender os
setores de mineração, food & beverage, além de águas e efluentes, a
Siemens apresenta ao mercado o
controlador de nível por ultrassom
SITRANS LUT400. Aliando alta
precisão, design compacto, facilidade de uso e avançado sistema
de processamento digital de sinais,
o controlador SITRANS LUT400
é compatível com toda a família
Echomax de transdutores ultrassônicos de nível, o que garante
uma ampla gama de aplicações
industriais, desde o simples monitoramento de nível em tanques pequenos ou grandes, até a medição
de vazão em canais abertos.
Patenteado pela Siemens, o
avançado algoritmo de processamento digital de sinais “Sonic Intelligence”, assegura uma medição
precisa e confiável do nível, seja
34
em faixas pequenas ou grandes
de até 60m. Entre as principais
indústrias em que o equipamento pode ser aplicado estão Água
e efluentes: tanques de reagentes
utilizados no tratamento de água,
medição de vazão em canais
abertos, estações elevatórias de
efluentes; Mineração: nível em
britadores, tanques de armazenamento de água e reagentes e de
pilhas de minérios; e Alimentos e
bebidas: nível de produtos diversos em tanques pequenos ou de
processo. Além destes setores, o
SITRANS LUT400 também pode
ser utilizado em outras aplicações, em que seja necessária a
medição de nível por tecnologia
sem contato. As características do novo
controlador de nível por ultrassom da Siemens integram a ele-
vada precisão; interface local com
teclado incorporado, que permite
facilidade de uso e configuração;
entrada para sensor de temperatura externa para maior exatidão;
compatibilidade com o software SIMATIC PDM; três relés para
alarme ou controle e display remoto (opcional). Entre os demais
diferenciais técnicos do SITRANS
LUT400 estão menus de configuração; amplo display LCD (com
backlight); algoritmo de processamento de sinais “Sonic Intelligence”; Datalogger incorporado
(memória flash de 1.5 Mb); saída
analógica de 4-20mA (com protocolo HART); montagem em parede e tubo de 2” ou trilho DIN.
Saiba Mais
www.siemens.com/industry
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
35
Metrologia
em pauta
metrologia 2013
Metrologia e Qualidade para
o Desenvolvimento Sustentável
Vivemos hoje num mundo onde a preocupação de aliar o desenvolvimento econômico à sustentabilidade estão na ordem
do dia. O Metrologia 2013 será realizado pouco mais de um ano após a Rio+20, quando inclusive dados e medições sobre as
condições do planeta foram amplamente discutidos.
Hoje, como no passado, as medições e a avaliação da conformidade são fatores essenciais para o desenvolvimento que
garanta a melhoria das condições de vida sem comprometer o futuro daqueles que virão.
Assim, realizar o Metrologia 2013 em Ouro Preto (MG) é um meio de refletir sobre a história de nosso desenvolvimento,
levando-nos a encarar a construção do futuro como um desafio a todos os brasileiros.
O Metrologia 2013 será a sétima edição do Congresso Brasileiro de Metrologia. Realizado pela Sociedade Brasileira de
Metrologia em parceria com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), o congresso tem por objetivo
reunir pessoas e instituições para a construção de estratégias voltadas à disseminação da cultura da metrologia e avaliação da
conformidade como fatores essenciais ao desenvolvimento sustentável de nossa sociedade.
Contará com sessões para apresentação de trabalhos científicos para a discussão de temas atuais da metrologia e da avaliação da conformidade, bem como os desafios que se apresentam e as perspectivas futuras. Além disso, como nos congressos
anteriores, será realizada uma sessão especialmente devotada à Educação em Metrologia e Avaliação da Conformidade, bem
como à discussão e ao desenvolvimento de técnicas para a disseminação da Metrologia e da Avaliação da Conformidade na
formação profissional.
Também contará com a Expo Metrologia 2013, feira e exposição de equipamentos de medição.
Nessa edição do Metrologia 2013, a Escola Nacional de Tecnologia Industrial Básica – ENTIB, da SBM, promoverá
cursos presenciais em diversas áreas de interesse da Metrologia e Avaliação da Conformidade, nos dois dias seguintes
ao Congresso.
Anote:
Local: Centro de Artes e Convenções da UFOP em Ouro Preto. Serão utilizados todos os espaços. (salas de gerenciamento,
teatros Ouro Preto e São João Del Rei, Salão Mariana, Salão Diamantina, Espaço Tiradentes).
De: 24 a 27 de novembro de 2013.
Após o Congresso, nos dias 28 e 29 de novembro, será realizada mais uma sessão presencial da Escola Nacional de Tecnologia
Industrial Básica – ENTIB, com a oferta de minicursos a serem anunciados na página do evento, mas que exigirão inscrição própria.
SITE: www.metrologia2013.ufop.br
Foto: Gisele Vieira Rodovalho
Ouro Preto é provida de um grande potencial histórico-cultural. Recebeu o título de Cidade Patrimônio
mundial da humanidade pela UNESCO e, portanto, é
conhecida internacionalmente. Detentora de grande riqueza cultural e urbanística, a cidade atrai milhares de
turistas todos os dias proporcionando aos visitantes o
intercâmbio cultural local.
A cidade possui estrutura hoteleira, alimentícia e turística suficiente para a recepção do público esperado.
Está localizado na cidade, também, um amplo Centro
de Convenções, local onde o evento será realizado,
provido dos recursos necessários para a realização da
conferência. Além disso, possuímos diversas empresas
para o apoio logístico e de recursos físicos, humanos,
audiovisuais etc.
36
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
37
Artigo
AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE ETANOL A PARTIR
DE GLICOSE E XILOSE ATRAVÉS DE BATELADA
ALIMENTADA POR LEVEDURAS ISOLADAS DA CASCA
DE UVAS (VITIS SPP)
EVALUATION ETHANOL PRODUCTION FROM GLUCOSE
AND XYLOSE, PER YEASTS ISOLATED OF THE SKIN
GRAPES (VITIS SPP) FED BATCH
RESUMO
O resíduo do processo fermentativo da vinicultura (casca da uva) possui material lignocelulósico
com potencial para a produção de etanol. Através da hidrólise ácida ou enzimática obtêm-se monossacarídeos fermentescíveis, principalmente glicose e xilose. A glicose é convertida em etanol
por Saccharomyces cerevisiae. Entretanto, grande parte dos microrganismos não produz etanol
da xilose, incluindo S. cerevisiae. Este estudo procurou isolar microrganismos fermentadores deste açúcar a partir da casca de uvas Rubi, Thompson, Niagara (Vitis spp) obtidas da Ceagesp / São
José do Rio Preto. Para tanto, alíquotas destes materiais foram semeadas nos meios de cultivo
contendo xilose e glicose. Os microrganismos obtidos foram pré-identificados. A fermentação foi
conduzida na forma de batelada alimentada. O consumo de xilose e rendimento etanólico foram
calculados. As leveduras isoladas da uva Rubi denominadas RL1 e RL5 foram as únicas a produzir etanol com rendimentos ao redor de 0,10g de etanol por g de açúcar consumido.
Débora Cristina Moraes* e
Vanildo Luiz Del Bianchi
Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” Instituto
de Biociências, Letras e Ciências
exatas de São José do Rio Preto.
*Correspondência:
E-mail:[email protected]
Palavras-chave: Produção de Etanol. Glicose e Xilose. Leveduras. Casca de Uva.
ABSTRACT
The residue of the fermentation process of viticulture (grape skins) has the lignocellulosic material
with potential for ethanol production. By acid hydrolysis or enzymatic fermentable monosaccharide is obtained, mainly glucose and xylose. Glucose is converted to ethanol by Saccharomyces
cerevisiae. However, most micro-organisms not producing ethanol from xylose, including S. cerevisiae. This study sought to isolate microorganisms fermenting this sugar from the bark of Rubi
grapes, Thompson, Niagara (Vitis spp) obtained from Ceagesp / Sao Jose do Rio Preto. For this
purpose, aliquots of these materials were grown in culture media containing xylose and glucose.
The microorganisms were pre-identified. The fermentation was conducted as fed batch. The consumption of xylose and ethanol yields were calculated. The yeasts of the grape called Rubi RL1 and
RL5 were the only ones to produce ethanol with yields around 0.10 g ethanol /g sugar consumed.
Keywords: Ethanol Production. Glucose and Xylose. Yeasts. Skin Grapes.
INTRODUÇÃO
O Brasil tornou-se destaque no cenário econômico
mundial por conta de sua ampla atividade agrícola, porém, devido a esta atividade, está entre os países que mais
geram resíduos agroindustriais. Dessa forma, é necessário buscar alternativas de reaproveitamento ou criação de
novos produtos para evitar que estes subprodutos sejam
fonte de poluição e agressão ao meio ambiente. Segundo
Oliveira et al. (2009), a indústria vinícola tem grande interesse nestas tecnologias, já que os subprodutos gerados
por ela são de lenta decomposição causando grande impacto ambiental. Dentro deste setor os principais são a
casca e a semente de uva.
38
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
Existem diversos estudos que mostram a utilização dos subprodutos da indústria vinícola, como a fabricação de farinha de
semente e casca de uva que possui um grande poder antioxidante (OLIVEIRA et al., 2009), a utilização da casca de uva para
produção e caracterização de aromas de frutas (UENOJO, 2003).
Uma outra maneira é a utilização deste resíduo agroindustrial
para a produção de etanol a partir da celulose e hemicelulose
da casca de uva. A utilização de biomassa (bagaço, cascas de
frutas) para a produção de álcool combustível pela rota química
e biológica envolve basicamente dois processos: hidrólise dos
polissacarídeos contidos nos materiais lignocelulósicos em açúcares e a fermentação destes em etanol.
Existem inúmeras técnicas para a hidrólise destes materiais
lignocelulolíticos, como a enzimática que se baseia na utilização
de enzimas produzidas por microrganismos capazes de hidrolisar
os materiais que compõem a casca de uva e materiais de outros
vegetais. As mais utilizadas são as celulases e hemicelulases originadas de microrganismos como Penicillium echinulatum e Pleurotus ssp. (MENEZES; DILLON 2007). Outra técnica muito usada é a
hidrólise ácida, que compreende a utilização de ácidos, tais como
ácido sulfúrico, ácido clorídrico, ácido acético, ácido peracético e
ácido fosfórico associada com o tratamento térmico. Nesses processos há a formação de açúcares fermentescíveis os quais serão
submetidos a fermentação para a produção de etanol (CUZENS,
1997; TEIXEIRA, 1999; GÁMEZ, 2006). O produto obtido no processo de hidrólise da celulose são as hexoses: açúcares com moléculas de seis carbonos, como a glicose; esta é fermentada facilmente pela Saccharomyces cerevisiae. No entanto, na hidrólise da
hemicelulose são produzidos açúcares de cinco carbonos, como a
xilose, sendo a biotransformação desta pentose a etanol um desafio, pois o metabolismo da xilose procede mais lentamente que o
da glicose, provocando a inibição alcoólica sobre o microrganismo
que metaboliza as pentoses (ROSSELL, 2006). Além disso, poucos microrganismos têm capacidade de converter xilose em etanol. Na literatura encontram-se dados referentes a microrganismos
fermentadores de xilose, como a levedura Pichia stipitis que tem
se mostrado promissora para aplicação industrial. Esta fermenta a
xilose rapidamente com alta produção de etanol e aparentemente
não produz xilitol (DELLWEG et al., 1984; DU PREEZ et al., 1986); e
os provenientes de modificações genéticas, como a Zymomonas
mobilis e a Escherichia coli KO11, que são capazes de produzir
etanol a partir de hexoses e pentoses, segundo Takahashi (1998),
com uma eficiência de conversão de 95%.
Nas uvas Rubi, Thompson e Niagara (Vitis spp) existem várias
leveduras naturalmente presentes como Saccharomyces cerevisiae, Candida valida, Kloeckera apiculata e Pichia membranaefaciens, dentre as quais Candida e Pichia são gêneros capazes de
fermentar xilose em etanol (DU PREEZ et al., 1986), além de representarem uma nova fonte de microrganismos para processos
biotecnológicos (CARMONA, 1995).
Este trabalho buscou isolar linhagens microbianas da casca
de uvas (Vitis spp), capazes de fermentar a xilose e a glicose em
etanol utilizando o processo de batelada alimentada e contribuir
com as novas tecnologias para o aumento de produção alcoólica
sem grande expansão agrícola.
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
METODOLOGIA
Amostras de casca de uva
As uvas selecionadas foram de três variedades: Rubi,
Thompson e Niagara, obtidas no CEAGESP de São José do
Rio Preto–SP, no mês de março de 2011.
Isolamento de microrganismos
fermentadores de xilose da casca de uva
Foram colocados 20g (massa úmida) de cada amostra de
casca de uva (previamente lavadas com água destilada), em
um Erlenmeyer de 1000 mL contendo 500 mL de meio base
de cultura (peptona 0,5% (p:v), MgSO4 0,035% (p:v), K2HPO4
0,05% (p:v), Na2HPO4 0,05% (p:v)), e outros 20g (massa úmida) de cada amostra de casca de uva no mesmo meio base
acrescido de 2% álcool, sendo incubados em agitador orbital
a 32ºC com agitação a 120 rpm por 72 horas. Após o crescimento dos micro-organismos, estes foram estriados no meio
base citado com adição de xilose 2% (p:v) e ágar bacteriológico 1,5% (p:v). Para o isolamento de bactérias, foram adicionados 200ppm de cetoconazol no meio base e para leveduras
200ppm de cloranfenicol. A incubação dos microrganismos
foi feita a 28°C e 32ºC, respectivamente.
Fermentação em batelada alimentada (xilose)
As leveduras RL1 e RL5 foram testadas na fermentação
em batelada alimentada. Elas foram incubadas a 30°C por 48
horas, pH 6,0 e volume final de 40 mL. O meio fermentativo
foi o meio base e a cada 12h a xilose era completada para 2%
através da verificação da concentração do açúcar via análise
de açúcar redutor.
Fermentação em batelada alimentada (glicose)
As leveduras RL1 e RL5 foram testadas na fermentação
em batelada alimentada. Elas foram incubadas a 30°C por 48
horas, pH 6,0 e volume final de 40 mL. O meio fermentativo foi
o meio base e a cada 12h a glicose era completada para 2%.
Métodos analíticos
Pré-identificação dos microrganismos
A análise morfológica do microrganismo foi realizada através de visualização em microscópio óptico usando as objetivas 40x e 100x.
Método de contagem de leveduras
A contagem microbiana foi feita no tempo zero de fermentação (padronização do inoculo inicial) e após o processo fermentativo através de plaqueamento em superfície em meio
PCA (IMEDIA REF M091) e por microscopia óptica em câmara
de Neubauer usando as objetivas de 40x e 100x.
39
Artigo
Quantificação do crescimento por densidade ótica
O crescimento celular foi determinado pela medida da
absorbância a 600nm. Para calcular a concentração, foi feita
uma curva de calibração do peso seco e absorbância obtida
para as leveduras RL1 e RL5.
• Curva de crescimento das leveduras RL1 e RL5
Foi feita uma curva para verificar o crescimento das linhagens de leveduras RL1 e RL5. O meio de cultura utilizado foi o
meio base já citado anteriormente, volume final de 40 mL, pH
6,0 incubadas a 30°C por 48horas.
Foi medido o crescimento através da correlação entre absorbância a 600nm e peso seco mg/mL. A medida foi realizada em 11 pontos dentro das 48horas de fermentação. O
experimento foi realizado em triplicata.
• Cálculos relacionados ao crescimento celular
Fator de conversão substrato a célula (g/g)foi calculado
pela Equação 1.
;
<;
6
I
;
6W 6 I
(1)
Onde,
Xf – concentração celular final (g/L)
X0 – concentração celular inicial (g/L)
St – concentração de substrato total (g/L)
Sf – concentração de substrato final (g/L)
Y x/s – fator de conversão substrato a célula (g/g)
Determinação de açúcares
redutores residuais por ADNS
O consumo de xilose e glicose foi medido por ADNS
(ácido dinitrossalicílico) (MILLER, 1959), utilizando-se de
0,5mL da amostra diluída e adicionando volume igual de
solução de DNS nos tubos de ensaio, fervidos a seguir
durante 5 minutos. A amostra foi resfriada e, em seguida,
adicionou-se 4mL de água destilada. Simultaneamente foi
feita a curva de calibração com diferentes concentrações
de xilose e glicose (P.A. Labsynth). A leitura em espectrofotômetro foi feita a 540nm. Os resultados foram expressos em porcentagem (%).
Determinação da concentração de etanol
feita uma curva de calibração com diferentes concentrações de etanol.
Cálculos relacionados à produção etanólica
Fator de conversão substrato a etanol (g/g)foi determinado pela Equação 2.
<(
( I (
6
(2)
6W 6 I
Onde,
Ef – concentração produto final (g/L)
E0 – concentração produto inicial (g/L)
St – concentração de substrato total (g/L)
Sf – concentração de substrato final (g/L)
Y e/s – fator de conversão substrato a produto (g/g)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Linhagens isoladas
Foram isoladas duas linhagens de leveduras denominadas de RL1 e RL5 da uva rubi, capazes de fermentar os açúcares xilose e glicose em etanol.
As demais linhagens isoladas não produziram etanol.
Fermentação alcoólica de glicose e xilose em etanol
pelo processo de batelada alimentada
A fermentação alcoólica de glicose e xilose pelas leveduras RL1 e RL5 em processo de batelada alimentada foi realizada de acordo com os itens 2.3 e 2.4. Os resultados estão
apresentados nas Tabelas 1, 2, 3 e 4.
Tabela 1. Fermentação de xilose pela levedura RL1 em batelada
alimentada com pH inicial de 6,0, 30°C por 48 horas
Tempo de
fermentação
Concentração
de xilose(i)
Concentração
de xilose (f)
Massa
celular
Produção de
etanol
Horas
g/L
g/L
g/L
g/L
0
20,0
--
0,8
n/a*
12
20,0
10,0
2,3
n/a*
A concentração de etanol foi determinada através
de cromatógrafo a gás Hewlett Packard series II modelo
5890 equipado com coluna SPB-35 e detector de ionização de chama. As temperaturas do injetor e detector
foram mantidas a 230ºC. A temperatura do forno foi programada inicialmente para 40ºC, sendo aumentada a uma
velocidade de 20ºC/min até a temperatura final de 100ºC.
Como gás de arraste foi utilizado nitrogênio e uma taxa
split de 1:5. A amostra do headspace foi retirada por meio
de uma seringa própria para gases. Simultaneamente, foi
A levedura RL1 na fermentação de xilose produziu 5,5 g/L
de biomassa após as 48 horas e 4,3 g/L de etanol a partir de
36,1 g/L de açúcar (somando todas as alimentações) resultando em rendimento Ye/s de 0,11 g/g.
40
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
24
20,0
11,5
4,4
n/a*
36
20,0
11,0
5,3
n/a*
48
20,0
11,2
6,3
4,3
*não avaliado
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
41
Artigo
Tabela 2. Fermentação de xilose pela levedura RL5 em batelada
alimentada com pH inicial de 6,0, 30°C por 48 horas
Tempo de
fermentação
Concentração
de xilose(i)
Concentração
de xilose (f)
Massa
celular
Produção de
etanol
Horas
g/L
g/L
g/L
g/L
0
20,0
--
0,9
n/a*
12
20,0
10,0
2,3
n/a*
24
20,0
10,5
3,2
n/a*
36
20,0
10,7
4,6
n/a*
48
20,0
11,2
5,7
3,9
*não avaliado
A levedura RL5 na fermentação de xilose produziu 4,8 g/L
de biomassa após as 48horas e 3,9 g/L de etanol a partir de
37 g/L de açúcar (somando todas as alimentações) resultando em rendimento Ye/s de 0,10 g/g.
Tabela 3. Fermentação de glicose pela levedura RL1 em batelada
alimentada com pH inicial de 6,0, 30°C por 48 horas
Tempo de
fermentação
Concentração
de glicose(i)
Concentração
de glicose (f)
Massa
celular
Produção de
etanol
Horas
g/L
g/L
g/L
g/L
0
20,0
--
0,8
n/a*
12
20,0
10,0
2,3
n/a*
24
20,0
12,5
3,8
n/a*
36
20,0
12,4
7,12
n/a*
48
20,0
11,9
8,75
3,6
*não avaliado
A levedura RL1 na fermentação de glicose produziu 8,15
g/L de biomassa após as 48horas e 3,6 g/L de etanol a partir
de 33,2 g/L de açúcar (somando todas as alimentações) resultando em rendimento Ye/s de 0,10 g/g.
Tabela 4. Fermentação de glicose pela levedura RL5 em batelada
alimentada com pH inicial de 6,0, 30°C por 48horas
Tempo de
fermentação
Concentração
de glicose(i)
Concentração
de glicose (f)
Massa
celular
Produção de
etanol
Horas
g/L
g/L
g/L
g/L
0
20,0
--
0,6
n/a*
12
20,0
10,0
2,9
n/a*
24
20,0
12,5
3,19
n/a*
36
20,0
13,0
6,2
n/a*
48
20,0
12,5
7,1
3,4
*não avaliado
A levedura RL5 na fermentação de glicose produziu 6,5
g/L de biomassa após as 48horas e 3,4 g/L de etanol a partir
de 32 g/L de açúcar (somando todas as alimentações) resultando em rendimento Ye/s de 0,10 g/g.
Os rendimentos encontrados neste estudo estão abaixo dos
relatados na literatura (GOMES, 1985; RUDOLF et al.,2008; MAT42
SUSHIKA et al., 2009), porém, nota-se que de 12 em 12 horas as
leveduras consomem até a metade do açúcar disponível transformando parte deste em etanol. Contudo, o presente trabalho
utilizou amostras retiradas somente após 48 horas de fermentação, para precisar melhor os resultados o ideal seria retirar uma
alíquota deste fermentado a cada 12 horas e proceder a análise
de etanol, para saber se este consumo do açúcar é direcionado
para a produção de etanol.
Ao analisar a produção de etanol em g/L, os resultados encontrados após 48horas de fermentação são coerentes com
os relatados na literatura, apresentados por Tantirungkig et al.
(1993), com uma linhagem de Saccharomyces modificada geneticamente, a qual produziu 2,7g/L de etanol em meio com 50g/L
de xilose. Os resultados apresentados no presente trabalho são
satisfatórios quando comparados com os obtidos por Gong et al.
(1981), que apresentou uma Candida sp. com produção média
de 1,52 g/L em meio com 5% de xilose. Entretanto, na maioria
dos casos, as leveduras assimiladoras de pentoses convertem
xilose em xilitol que pode ser um potencial inibidor, o que faz
com que a produtividade de etanol seja baixa (GÍRIO et al.,2010).
CONCLUSÃO
Foram isoladas duas leveduras (RL1 e RL5) da casca de uva
(vitis spp) com capacidade de produzir etanol a partir da fermentação de glicose e xilose.
No processo de batelada alimentada com xilose, a levedura
RL1 produziu 3,9 g/L de etanol a partir de 3,7% de xilose. A levedura RL5 na fermentação de glicose por batelada alimentada
mostrou produção de 3,6g/L a partir de 3,3% de glicose
Na fermentação de xilose por batelada alimentada, a levedura RL5 mostrou produção de 3,4g/L de etanol a partir de 3,3% de
açúcar. Para as duas linhagens (RL1 e RL5) e para os dois açúcares (glicose e xilose) são resultados satisfatórios na fermentação
de açúcares por leveduras isoladas de materiais lignocelulósicos,
seria interessante o aprofundamento dos estudos com estas linhagens para comprovar a eficiência destas linhagens em outras
condições de fermentação.
R e f er ê ncias
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Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
43
Artigo
A DEMANDA QUÍMICA DE OXIGêNIO:
QUESTIONAMENTOS
CHEMICAL OXIGEN DEMAND: QUESTIONS
RESUMO
O uso da Demanda Química de Oxigênio (DQO) na caracterização de efluentes é discutido
em termos da legislação vigente, e os métodos colorimétricos e titulométricos são comparados estatisticamente. Para os métodos colorimétricos foram realizados testes mais específicos que indicaram possíveis fontes de erro. A DQO é amplamente utilizada, mas ainda
prevalecem desvios nos resultados que podem afetar as tomadas de decisão. Este fator
é mais crítico em baixos teores de DQO, nas quais as condições de análise afetam mais
significativamente. É preciso repensar novas metodologias que possam substituir as atuais.
Cristiane Bado,
Janaina Eliza Percio e
Cleber Antonio Lindino*
Laboratório de Estudos em
Química Analítica Limpa – LEQAL.
Grupo Interdisciplinar de Pesquisa
em Fotoquímica e Eletroquímica
Ambiental. Universidade Estadual
do Oeste do Paraná
*Correspondência:
Email: [email protected]
Palavras-chave: Efluentes. Meio Ambiente. Desvios. DQO.
ABSTRACT
Use of Chemical Oxygen Demand (COD) in wastewater characterization is discussed in terms of
legislation, and titrimetric and colorimetric methods are compared statistically. For colorimetric
methods more specific tests were performed which indicated possible sources of error. The COD
is widely used, but still prevalent deviations in the results that can affect decision making. This
factor is more critical at low levels of COD, the conditions in which most significantly affect the
analysis. We need to rethink new methodologies that can replace the current ones.
Keywords: Effluent. Environment. Deviation. COD.
INTRODUÇÃO
A preocupação com a geração, disposição e tratamento dos
efluentes líquidos deve-se ao seu elevado potencial poluidor que,
lançados diretamente no meio ambiente ou inadequadamente
tratados, podem causar contaminação, principalmente, nos recursos hídricos e do solo.
Os efluentes líquidos têm origem em diversas fontes, sejam
elas oriundas de atividades industriais ou rurais. Tendo em vista
as características indesejáveis e os problemas que possam trazer
ao meio ambiente e à sociedade são necessários que sejam efetuados tratamentos eficazes que diminuam sua carga poluidora,
alcançando os limites dos parâmetros de lançamento definidos
pela legislação, para que assim possam ser dispostos em rios ou
solo sem que cause danos a estes recursos naturais.
A análise da demanda química de oxigênio (DQO) é um parâmetro utilizado como indicador da concentração de matéria orgânica presente em águas residuárias ou superficiais, sendo muito utilizado no monitoramento de estações de tratamento para a
avaliação da contaminação dos efluentes industriais.
Deve-se ressaltar que a resolução 357/05 do CONAMA (Brasil, 2005) não faz referência ao parâmetro de demanda química
de oxigênio (DQO) na classificação dos corpos d’água e nos
padrões de lançamento de efluentes líquidos, estabelecendo
apenas a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). A Resolução
430/11 do CONAMA (BRASIL, 2011), que complementa e altera a 357/05 continua sem preconizar a DQO nos parâmetros de
lançamento de efluentes. Nos Estados Unidos, o National Sanitation Foundation, ao estabelecer o Índice de Qualidade da Água
- IQA (Brown et al., 1970; Mitchell & Stapp, 2000), os quais alguns
órgãos ambientais estaduais se baseiam, só estabelece a DBO.
Porém, algumas legislações ambientais estaduais estabelecem
limites máximos para este parâmetro no IQA para reservatórios
ou para empreendimentos industriais, como no Paraná (IAP,
2004).
De acordo com o Standard Methods, 20º ed. (APHA/AWWA/
WEF, 1998) o princípio da análise de DQO consiste na oxidação
química da matéria orgânica presente numa amostra em meio
ácido, utilizando-se o ácido sulfúrico (H2SO4) um agente oxidante
forte em excesso, o dicromato de potássio (K2Cr2O7), sendo a
reação catalisada por sulfato de prata (Ag2SO4).
Com isso, a definição de DQO pode ser estabelecida como
a medida da quantidade de oxidante químico necessário para
oxidar a matéria orgânica de uma amostra. É expressa em miligramas de oxigênio por litro (mg O2 L-1).
A determinação da DQO pode ser feita por diferentes métodos, porém permanece o mesmo princípio. Os principais méto-
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45
Artigo
dos utilizados são o titulométrico com refluxo aberto, o titulométrico com refluxo fechado e o colorimétrico com refluxo fechado.
Ainda de acordo com o Standard Methods 20º ed. (APHA,
1998), no método titulométrico com refluxo aberto, a amostra
e os reagentes utilizados são digeridos em balões de fundo
chato por duas horas, sendo posteriormente resfriados. O excesso de dicromato não digerido remanescente é titulado com
uma solução de sulfato ferroso amoniacal (Fe(SO4)2(NH4)2),
determinando-se assim a quantidade de oxidante consumida
na reação.
No método colorimétrico com refluxo fechado, a amostra
é também digerida por duas horas e é medida a absorção do
dicromato residual em espectrofotômetro no comprimento de
onda de 600 nm. Nesta técnica, o íon dicromato que oxida a
matéria orgânica da amostra muda o estado de cromo hexavalente (Cr+6) para o estado de cromo trivalente (Cr+3). Ambas
as espécies de cromo são coloridas e absorvidas na região visível do espectro, porém o íon dicromato (Cr2O7)-2 é fortemente absorvido no comprimento de onda de 400 nm, no qual a
absorção do íon cromo (Cr+3) é muito menor e o íon cromo
absorve fortemente na região de 600 nm na qual o dicromato
tem absorção próxima à zero (APHA, 1998).
Há diferentes vantagens e desvantagens ao utilizar os diferentes métodos para a determinação da DQO, sendo a escolha
definida por parâmetros de tempo de análise, quantidade de reagentes utilizados, quantidade de resíduos gerados, quantidade
de amostras possíveis de serem feitas numa só batelada de análise e exatidão dos métodos.
No método titulométrico com refluxo aberto é empregado
elevado volume de reagentes químicos tóxicos e perigosos (ácido sulfúrico, sulfato de prata, dicromato de potássio, sulfato de
mercúrio) que expõe o analista a situações de risco durante a
análise e também é muito trabalhoso. Além disso, pode-se haver
variação de resultados de análise entre diferentes analistas já que
trata-se da técnica de titulação, sendo seu ponto de viragem algo
não muito fácil de se visualizar, o que possibilita prováveis erros
de observação.
No método colorimétrico por refluxo fechado, são utilizados
basicamente os mesmos reagentes químicos empregados no
método titulométrico, porém em quantidades significativamente menores, sendo possível a determinação de DQO de várias
amostras de uma só vez. Verifica-se também que no método
titulométrico, apesar de utilizar maior volume de reagentes químicos, não há a necessidade de equipamentos mais avançados
comparado ao colorimétrico que necessita do uso de espectrofotômetro para a determinação da DQO.
Os métodos tradicionais de determinação de DQO estão na
contramão dos princípios preconizados pela Química Verde e
precisam ser reavaliados.
Observando as questões levantadas em relação às vantagens e desvantagens dos métodos para a escolha de sua aplicação na rotina de um laboratório é muito importante comparar as
metodologias em diferentes valores de DQO e avaliar a robustez
principalmente do método colorimétrico, que são os objetivos
deste trabalho.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os métodos titulométricos com refluxo aberto e colorimétrico com refluxo fechados foram avaliados, pois são os mais
comumente utilizados em indústrias e laboratórios que efetuam
a análise de DQO em águas residuárias e estão descritos no
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater que trata das análises realizadas em águas e efluentes.
Como padrões de DQO nas concentrações de 193, 200
e 500 mg O2 L-1, utilizou-se o reagente hidrogenoftalato
de potássio, seco em estufa a 110°C por uma hora, como
preconizado no Standard Methods.
Também avaliou-se o valor de DQO de 20 mg L-1, em duas
diferentes metodologias, a do Standard Methods e a modificada
por um laboratório de análise de águas de reservatorios, cujas
principais diferenças são a ausência do uso de HgSO4 e soluções
padrões com baixa concentração de DQO. Este baixo valor de
DQO está preconizado nos limites das classes de águas para o
cálculo do Índice de Qualidade de Águas do Paraná (IAP, 2004).
Para a execução das análises, utilizou-se vidrarias volumétricas calibradas, reagentes grau PA, água deionizada purificada
por osmose reversa, digestor de DQO com refluxo aberto e digestor de DQO com refluxo fechado, além de espectrofotômetro
Hach DR 2000. Avaliou-se o valor da absorvância com o tempo
e a absorção em diferentes comprimentos de onda para os metodos em baixo nível de DQO. Utilizaram-se ferramentas estatísticas, cálculo do erro relativo, teste t de Student e teste F de
Fischer, para a análise dos resultados obtidos em laboratório.
46
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 1 apresenta a curva de calibração utilizando soluções de hidrogenoftalato de potássio nas concentrações
entre 100,00 a 600,00 mg O2 L-1.
$
>2@PJ/
Figura 1. Curva de calibração para análise colorimétrica de DQO
Aplicando-se a regressão linear obteve-se um coeficiente de
correlação (R2) de 0,9949 com equação da reta y= 3,957 x 10-4x –
0,0195, por meio da qual calculou-se os valores de DQO.
Os resultados obtidos pelos métodos colorimétrico e titulométrico para a concentrações de DQO estão demonstrados
nas Tabelas 1 a 3.
Tabela 1. Resultados de DQO teórica e prática pelos métodos
colorimétrico e titulométrico para a concentração de DQO em mg O2 L-1
DQO
nominal
DQO
Teórica1
DQO
Colorimétrico2
DQO
Titulométrico2
193,0
195,0 ± 1,96
173,23 ± 11,81
163,73 ± 13,82
200,0
202,58 ± 2,89
191,91 ± 18,76
213,68 ± 16,93
500,0
501,41 ± 1,76
513,89 ± 17,58
509,86 ± 20,02
calculada a partir das massas pesadas de hidrogenoftalato de
potássio. 2.média de dez determinações.
1.
Tabela 2. Valores de desvio padrão relativo (DPR) para os resultados
da Tabela 1
DQO
nominal
DPR
Teórica (%)
DPR
Colorimétrico (%)
DPR
Titulométrico (%)
193,0
1,00
6,82
8,44
200,0
1,43
9,83
7,92
500,0
0,35
3,42
3,93
Tabela 3. Resultados de erro relativo entre as médias dos valores de
DQO prática e teórica, em mg O2 L-1
DQO
testada
DQO
teórica
DQO
colorimétrico
Erro1 (%)
DQO
titulométrico
Erro2 (%)
193,00
195,00
173,23
11,2
163,73
16,0
200,00
202,59
190,91
5,76
213,68
5,47
500,00
501,41
513,89
2,49
509,86
1,69
O teste t aplicado nas medias dos valores obtidos entre os
dois métodos indicam que há diferença significativa entre os resultados, com exceção na concentração de 500,0 mg O2 L-1. No
caso da concentração de 193,0 mg O2 L-1, o valor de t calculado é
muito próximo do valor de t critico e para a concentração de 200
mg O2 L-1 o valor de t calculado excede o valor critico. Isto mostra
que o intervalo a 95% de confiança entre os métodos não coincidem nestas concentrações, também evidenciados pelos erros
relativos apresentados.
No método colorimétrico são utilizados os mesmos reagentes empregados no método titulométrico, porém em quantidades
menores, faz o uso de agentes catalisadores como o sulfato de
prata que elevam o custo da análise, gera resíduos como cromo
e mercúrio, prejudiciais ao meio ambiente, envolve uma etapa
de digestão que dura de 2 a 3 horas implicando um tempo de
análise elevado, possui baixa repetitividade levando a desvios de
± 5% (Zamora, et. al., 2005).
No método titulométrico, utiliza-se maior volume de reagentes e há maior geração de resíduos. Neste caso, a DQO é determinada pelo volume gasto da solução titulante no qual o ponto
de viragem é dado pela mudança de cor da solução que contém
a amostra, isso pode induzir a erros e resultados variados entre
analistas já que esta mudança de coloração não é tão visível, outro fato é que um pequeno volume de solução titulante (0,50 mL)
fornece uma diferença de concentração de DQO de aproximadamente 20 mg O2 L-1.
Na execução das análises para a determinação de DQO em
baixas concentrações pelo método colorimétrico, inicialmente
construiu-se uma curva de calibração (Figuras 2 e 3) utilizando
soluções de hidrogenoftalato de potássio nas concentrações entre 5 e 55 mg L-1 para o método preconizado no Standard Methods e para o método modificado pelo laboratório. As amostras
foram preparadas em triplicatas.
Para a concentração de 20 mg O2 L-1 e nove replicatas, o método modificado apresentou média de 37,52 mg O2 L-1, com desvio padrão de 3,84 mg O2L-1 e coeficiente de variação de 10,23%.
Já o método do Standard Methods teve uma média de 18,79
mg O2.L-1, com desvio padrão de 3,46 mg O2L-1 e coeficiente de
variação de 18,41%.
.erro relativo entre colorimétrico e DQO teórica
.erro relativo entre titulometrico e DQO teórica
1
2
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$
Os dados apresentados nas Tabelas 1 a 3 mostram que
há dispersão dos resultados em ambos os métodos que diminuem com o aumento no valor de DQO, com valores próximos aos relatados no Standard Methods, cujo coeficiente
de variação para o método titulométrico na concentração de
DQO de 200,00 mg O2 L-1 é de 6,5% e para o método colorimétrico na concentração de DQO de 193,00 mg O2 L-1 é
de 8,5%. Contudo, aplicando o teste F nos desvios padrão
dos resultados práticos de DQO entre os métodos, obtevese valores menores que o valor critico, indicando que não há
diferença estatisticamente significativa entre os métodos no
que refere à precisão.
>2@PJP/
Figura 2. Curva de calibração – método modificado. Equação da reta
de y = 0,0121 + 5,03774 x 10-4x. Correlação de 0,9909.
47
Artigo
Tabela 4. Relação entre os diferentes métodos para análise de DQO
Fonte
Método
LD1 (mg L-1)
Precisão
EPA-NERL
DQO (titulométrico
com refluxo aberto)
50
21,92% DPR
EPA-NERL
DQO (titulométrico
com refluxo fechado)
5
17,6% DPR
EPA-ORD/EPA-OST
DQO (colorimétrico)
3
27,5% DPR
Standard Methods
DQO (titulométrico
com refluxo fechado)
40
11 DP
Standard Methods
DQO (colorimétrico
com refluxo fechado)
50
24% DPR
ASTM
DQO (digestão e
espectrometria)
5
28% DPR
$
>2@PJP/
. limite de detecção.
Fonte: National Environmental Methods Index (NEMI)
1
Figura 3. Curva de calibração – Standard Methods. Equação da reta
de y = 5,3459 x 10-5 + 3,20126 x 10-4x. Correlação de 0,9850.
48
$
OQP
Figura 4. Variação da absorbância com o comprimento de onda
(fenda de 2 nm). Método modificado
$
Estes valores indicam grande dispersão dos resultados. Sabendo-se que a repetitividade do método é a concordância entre
os resultados dentro de um pequeno período com o mesmo analista e a mesma instrumentação, pode-se dizer que os métodos
possuem baixa repetitividade.
Contudo, estes dados não diferem de outros relatados na literatura. O próprio Standard Methods indica que a precisão do método colorimétrico para a concentração de 193 mg O2 L-1 (quase
dez vezes mais concentrado que o adotado nas metodologias
aqui avaliadas) tem desvio padrão relativo de 8,5%. De acordo
com o National Environmental Methods Index (NEMI, 2011) este
valor pode chegar a 24% de desvio.
Estudos (HORWITZ, 1982; ALBERT & HORWITZ, 1997) mostraram também que, ao diminuir o limite de detecção em uma
determinação, o coeficiente de variação aumenta exponencialmente, aumentando o erro relativo e diminuindo a precisão. A
equação CV% = 2(1-0,5 log C) desenvolvida por estes autores mostra
que, para uma concentração de 1 mg L-1, o coeficiente de variação é de 16%. Este valor pode aumentar dependendo da metodologia e dos procedimentos adotados no laboratório.
De acordo com o Índice Nacional de Métodos Ambientais
(NEMI, 2011), entre todos os métodos de DQO, o colorimétrico
de refluxo fechado pelo Standard Methods é o menos preciso. A
Tabela 4 relaciona os métodos existentes para análise de DQO.
Os métodos para baixas concentrações de DQO foram analisados quanto às leituras de absorbâncias com diferentes comprimentos de onda, para avaliar a interferência nas leituras. A
partir da solução padrão de 20 mg L-1 realizou-se as leituras das
absorbâncias nos comprimentos de onda no intervalo entre 596
e 608 nm, com abertura de fenda de 2 nm, em triplicata. O valor
utilizado em determinações de DQO é 602 nm. Os resultados estão expressos nas Figuras 4 e 5.
Observando-se os gráficos 4 e 5, pode-se dizer que no
método 1, o máximo de absorbância encontrado foi em
602nm, porém para o método 2 o máximo de absorbância
encontrado foi em 596nm.
OQP
Figura 5. Variação da absorbância com o comprimento de onda
(fenda de 2 nm). Método do Standard Methods
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$
Em estudo realizado por Sá Costa et. al.(2010), observou-se que em um espectro de UV-Vis o Cr3+ apresenta o máximo de absorvancia em 610 nm, porém este valor pode variar
de acordo com o pH das soluções. Foi observado que para
amostras com pH 3 o máximo de absorbância ocorre em 599
nm e em pH 2 ocorre em 610 nm (Figura 6).
Assim, pode-se relacionar a variação da absorbância com
o comprimento de onda com o pH das amostras. Verificou-se
que o pH das soluções padrão pelo método modificado foi
próximo ao valor de 2 e para o método do Standard Methods,
um pH de 3. Isto justifica o desvio no valor máximo da absorbância para as medidas colorimétricas de DQO e alerta para
o controle rígido do pH e a necessidade de verificação do
máximo de absorção nas medidas.
WPLQ
620

0,90
A


580

0,80
560
540

520

0,75
Pico I
Pico II
500
480
460
0,70

0,60
0,55
0,50



0,40
420
2
3
4
5
6
7
Pico I
Pico II
0,65
0,45
440
Figura 8. Gráfico da absorbância com o tempo. λ = 602nm.
Método do Standard Methods
B
0,85

absorbância
Comprimento de onda (nm)
600
0,35
2
3
pH
4
5


6
7
pH
Figura 6. (A). Relações entre λ versus pH em comprimento de onda
430 nm e 610 nm e (B). Absorbância versus pH obtida para 3 x 10-2
mol L-1 de Cr3+ em comprimento de onda de 610 nm (pico I) e 430 nm
(pico II). Fonte: Sá Costa et. al.(2010)
As Figuras 7 e 8 apresentam os resultados das medidas
de absorbância da solução padrão em função do tempo para
as duas metodologias avaliadas.
$
WHPSRPLQ
Figura 7. Gráfico da absorbância com o tempo. λ = 602nm.
Método modificado
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Observando os gráficos, verifica-se a estabilidade da leitura das soluções até o período de 10 minutos, em seguida há
um aumento na absorbância encontrada para os dois métodos. Este aumento foi de 16,1% para o método modificado e
22,2% para o Standard Methods, até o tempo de 30 minutos.
Esta variação nas leituras pode ter ocorrido por um aumento
na concentração de Cr3+ presente nas amostras. Possivelmente,
o dicromato de potássio pode continuar reagindo com traços de
matéria orgânica ainda presentes na amostra. Outro fator que
pode ter ocasionado esta variação nas leituras das absorbâncias
pode ser uma possível flutuação na intensidade da lâmpada do
espectrofotômetro. Ou ainda, devido ao fato de as concentrações das amostras analisadas serem baixas, pode ocorrer um
erro na linearidade da Lei de Beer-Lambert.
Nem todas as reações colorimétricas seguem a lei de Lambert-Beer, sendo esta válida para condições restritas, em que a
luz utilizada é aproximadamente monocromática, as soluções a
serem analisadas estejam diluídas (baixas concentrações), não
devem estar presentes na mesma solução mais de uma substância absorvente de luz. O limite de linearidade representa o limite de concentração para a qual a lei de Lambert-Beer é válida.
Para concentrações superiores e inferiores ao limite de linearidade observado no desvio da lei de Lambert-Beer, deixa de existir
a proporcionalidade linear entre concentração e absorbância.
(SKOOG et al., 2007)
Os métodos para determinação de DQO possuem desvio
padrão elevado e detecções em baixas concentrações apresentam erros elevados que, muitas vezes, passam despercebidos. Mesmo em relação a métodos automatizados, com o
espectrofotométrico, o desvio na linearidade da Lei de Beer-Lambert pode acarretar desvios consideráveis causados por
deslocamento do comprimento de onda no qual a absorção
é máxima e mudanças na absorbância ao longo do tempo.
Outro fator importante na determinação da DQO é o fato
de que substâncias inorgânicas no estado reduzido, tanto na
49
Artigo
forma particulada quanto dissolvida, interferirem no resultado,
pois podem ser oxidadas pelo dicromato de potássio (AQUINO et. al., 2006). O autor mostrou ainda que a DQO devido
aos sulfetos (1,1 g DQO/g sulfeto) foi em média 60% do valor
teórico. A presença de sulfeto combinado com Fe III (Fe2S3)
reduziu em 18% a DQO causada pelos sulfetos, enquanto
que o sulfeto combinado com o Fe II (FeS) resultou em valores de DQO que foram, em media, 56% do valor teórico, sendo que lipídeos podem não ser oxidados pelo dicromato, mas
oxidados por microrganismos. Para tanto, Vogel, et al. (2000)
propuseram o uso do conceito do número médio de oxidação
do carbono, ou seja, uma relação COT/DQO (carbono orgânico total/demanda química de oxigênio). Baixa relação COT/
DQO indica baixo conteúdo de carbono.
Alternativas às metodologias DQO incluem a metodologia
TOD - Demanda Total de Oxigênio. O TOD também é medido
em mg O2.L-1. A TOD é totalmente correlacionada com o DQO e
reflete o estado de oxidação dos compostos químicos. Porém,
nas condições do procedimento da TOD, todos os compostos
orgânicos são oxidados, o método é totalmente automatizado,
a medição permite a análise em tempo real da demanda de
oxigênio, não são utilizados reagentes químicos, não sofre interferências de carbonatos, haletos, fosfatos e sais.
A desvantagem do método é o custo do equipamento,
porém, como não se utiliza reagentes, pode-se realizar várias determinações em um curto período e, assim, o método
torna-se vantajoso, pois em pouco tempo o custo do equipamento será ressarcido. Segundo o ASTM, o método TOD
possui um LD de 100 mg.L-1, uma precisão de 5% e uma recuperação de até 100% (ASTM, 1998).
Um método eletroquímico foi proposto para a determinação da DQO empregando um eletrodo de Cu/CuO e Ni/NiO e
utilizando-se glicose como padrão (SILVA, 2004). O tempo de
análise foi de aproximadamente 30 minutos e excluiu a necessidade de reagentes tóxicos. Neste procedimento coulométri-
co, a carga elétrica (Q) é relacionada com a concentração das
substâncias orgânicas eletrolisadas e, assim, o autor propôs a
Demanda Eletroquímica de Oxigênio – DEO. A DEO é definida
como o equivalente de O2 da carga consumida durante a oxidação eletroquímica dos compostos orgânicos presentes em uma
amostra. As amostras analisadas pelo método apresentaram um
desvio padrão menor que 0,5% para uma concentração de 2800
mg L-1 de O2, confirmando a repetitividade do método, com limite
de detecção de 152 mg L-1 de O2. Contudo, observou-se que para
o método proposto foi possível determinar a DQO apenas em
amostras contendo carboidratos.
Também Ma et al. 2011, relataram um processo de determinação de DQO por meio de método amperométrico utilizando
um eletrodo compósito de Ti/Sb-SnO2/PbO2. Foi possível obter
uma faixa de concentração entre 0,5 e 200 mg O2 L-1 com limite
de detecção de 0,3 mgO2 L-1 com erro menor que 12% comparado ao método do dicromato. Uma metodologia utilizando fotoeletrocatálise (Mu et al. 2011), determinou DQO na faixa entre 1 e
250 mg O2 L-1, com limite de detecção de 0,95 mg O2 L-1 e desvio
padrão relativo de 1,85%. Outros métodos eletroquímicos são
encontrados na literatura (ZHANGA, 2011; YANGA, 2011).
CONCLUSÃO
A utilização dos resultados das medidas de demanda
química de oxigênio (DQO) para avaliar o potencial poluidor de um efluente ou as condições ambientais no meio
ambiente, deve ser vista com cautela. A pequena precisão
em baixos teores de DQO, as fontes de erro resultantes da
metodologia podem gerar resultados não confiáveis. A utilização de metodologias alternativas deve ser considerada
a partir de um estudo amplo de ensaios interlaboratoriais.
Estas metodologias alternativas devem estar atentas aos
princípios da Química Verde.
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Artigo
Determinação de acetaldeído e
contaminantes em embalagens de pet pósconsumo reciclado
DETERMINATION OF ACETALDEHYDE AND
CONTAMINANTS IN PACKAGINGS OF POST
CONSUMER RECYCLED PET
RESUMO
A produção de garrafas PET [poli (tereftalato de etileno)] cresce progressivamente e, para
evitar danos ao meio ambiente, uma solução é a reciclagem, gerando o PET pós-consumo
reciclado (PET-PCR) grau alimentício. Da embalagem pode haver migração de substâncias
nocivas para o alimento, representando um risco à saúde do consumidor. O presente estudo visou determinar os possíveis contaminantes presentes no PET-PCR, e propor uma metodologia simples e prática capaz de avaliar a presença desses contaminantes, em especial
o acetaldeído, o qual é o principal contaminante de relevância toxicológica. As amostras
usadas foram garrafas, cortadas em flocos, feitas de resina de PET 100% reciclada. A metodologia utilizou cromatografia gasosa, com coluna DB-624, com detector por ionização
em chama e amostragem por headspace. Acetaldeído foi identificado no PET-PCR. Para
confirmação desse resultado foi usado cromatógrafo a gás com headspace, e detector
seletivo de massas, o qual revelou também a presença de etanol, 2-butenal, butanal, ácido
linoleico e ácido oleico. O acetaldeído tem elevado potencial mutagênico e carcinogênico
e, por isso, sua formação e a de seus derivados na elaboração de garrafas PET-PCR deve
ser prevenida e monitorada para evitar que essas substâncias atinjam concentrações de
risco à saúde do consumidor.
Palavras-chave: Garrafas PET. Reciclagem. Acetaldeído. Cromatografia Gasosa.
ABSTRACT
Luciana Lopes de Souza Soares1*,
Marcus Vinicius Justo Bomfim2,
Fabio Silvestre Bazilio2,
Rodrigo Justo de Almeida2,
Shirley de Mello Pereira Abrantes2,
Marcos Lopes Dias3,
Claudete Norie Kunigami4,
Marcos Gaertner Brasil4 e
André Almeida Soares5
Instituto de Tecnologia,
Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro
1
Departamento de Química,
Instituto Nacional de Controle
de Qualidade em Saúde-INCQS,
FIOCRUZ, Rio de Janeiro. E-mail:
[email protected]
2
Instituto de Macromoléculas
Professora Eloisa Mano-IMA,
Universidade Federal do Rio
de Janeiro-UFRJ, Centro de
Tecnologia, Bloco J, Rio de
Janeiro. E-mail: [email protected]
3
Instituto Nacional de Tecnologia,
Rio de Janeiro. E-mail: claudete.
[email protected]
4
The production of poly(ethylene terephthalate) (PET) bottles grows progressively, and to
prevent damage to the environment, recycling is a solution, generating the food grade
post-consumer recycled PET (PET-PCR). From packages it is possible the migration of
substances to food, causing risk to consumer health. The present study aimed to determine
the possible contaminants in the PET-PCR, and propose a simple and practical methodology capable of assessing the presence of these contaminants, especially acetaldehyde,
which is the main contaminant of toxicological relevance. Bottle samples used were cut
into flakes made ​​of 100% recycled PET resin. The methodology uses gas chromatography
with DB-624 column, flame ionization detector and headspace sampling. Acetaldehyde
was identified in the PET-PCR. To confirm this result it was used gas chromatography with
headspace and mass selective detector, which also showed the presence of ethanol, 2-butenal, butanal, linoleic acid and oleic acid. Acetaldehyde has high mutagenic and carcinogenic potential. So its production, and their derivatives, should be prevented and monitored
during PET-PCR- processing to avoid that those toxic substances reach concentrations of
risk to consumer health.
5
Programa de Engenharia de
Sistemas e Computação/COPPE –
UFRJ. E-mail: [email protected]
*Correspondência:
E-mail: [email protected]
Keywords: PET Bottles. Recycling. Acetaldehyde. Gas Chromatography.
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53
Artigo
INTRODUÇÃO
Entre os diversos danos causados ao meio ambiente, um
deles está relacionado com os resíduos plásticos. Esses resíduos, em geral, levam muito tempo para sofrerem degradação
espontânea e, quando queimados, produzem gases tóxicos.
A importância do desenvolvimento sustentável, que tem
na sua base um ambiente saudável para as gerações futuras,
induz a pensar como as organizações poderiam retardar esse
processo de descarte e como transformar a matéria-prima em
material biodegradável. A discussão é fixada na preocupação
com o descarte dos produtos gerados pelas novas tecnologias, que desenvolveram materiais mais leves, baratos e resistentes, dentre eles o polímero denominado tecnicamente
poli (tereftalato de etileno), cuja sigla, PET, é conhecida e amplamente utilizada pelos consumidores de embalagens feitas
com este material plástico.
Segundo o 8º Censo de Reciclagem de PET no Brasil (ABIPET, 2012), em 2011 foram recicladas 294 mil toneladas de PET, contribuindo para a sociedade, tanto no
sentido de aumentar a vida útil dos aterros, quanto para a
inclusão socioambiental e geração de emprego e renda de
famílias excluídas.
Tanto pesquisas bibliográficas quanto de campo evidenciaram a viabilidade econômica, social e ambiental na
reciclagem dos materiais. Cerca de 67% das empresas do
setor de reciclagem planejam investir no PET reciclado nos
próximos 12 meses (ABIPET, 2012).
De acordo com a legislação brasileira, o uso de PET
pós-consumo reciclado (PET-PCR) pode ser utilizado na
elaboração de embalagens em contato direto com os alimentos (PET-PCR grau alimentício) (BRASIL, 2008). Assim,
vários produtos podem surgir a partir da reciclagem do
PET. No entanto, torna-se de grande importância verificar
se este material reciclado se encontra em condições de
uso, sem a presença de substâncias tóxicas capazes de
migrar para a bebida, o que representaria um risco à saúde
do consumidor.
Há mais de 20 anos, numerosos estudos têm mostrado
que componentes químicos de embalagens de alimentos
migram para o alimento (PIRINGER et al., 1998). O acetaldeído é um exemplo de substância tóxica presente nas
paredes da embalagem de PET, e difunde, com o passar
do tempo, para o ambiente e para os produtos acondicionados (NETTO, 2006).
Métodos analíticos simples, que se adequam aos recursos analíticos limitados de países em desenvolvimento,
como o Brasil, permitindo determinar essas e outras possíveis substâncias, precisam ser testados e apresentados.
Com isso será possível verificar o cumprimento da legislação existente como também favorecer o controle sanitário
do uso de embalagens PET-PCR grau alimentício em contato direto com bebidas não-alcoólicas (refrigerantes, sucos, água). Isto permitirá preservar a saúde do consumidor
de possíveis contaminantes, principalmente os tóxicos.
54
FABRIS et al. (2010), através de cromatografia gasosa e detector por ionização em chama (CG-DIC) acoplado à headspace, validaram uma metodologia capaz
de identificar contaminantes voláteis em amostras de
PET reciclado.
FRANZ e colaboradores (2004) fizeram um estudo cujo
objetivo foi identificar e quantificar substâncias em garrafas PET-PCR. O método escolhido foi a cromatografia
gasosa, acoplada à headspace, e como resultado observaram grandes concentrações de limoneno (aromatizante)
e acetaldeído.
Através da cromatografia gasosa com headspace,
WELLE (2008) também observou a presença de acetaldeído, como também de 2-metil-1,3-dioxolano e de etilenoglicol, tanto em amostras de PET-PCR quanto em amostras
de PET virgem.
No estudo de SUGAYA et al. (2001) foi usado headspace acoplado à CG e detector seletivo de massas (EM) para
determinar quantidades traços de acetaldeído em água. A
determinação por estes equipamentos mostrou-se rápida,
acurada e muito mais sensível do que a obtida por extração com solvente.
O acetaldeído (AA) tem sido objeto de controle da qualidade do PET desde que este polímero começou a ser
usado como resina de embalagem para alimentos. O AA
é formado pela degradação do PET durante o processo
de fusão e migra da embalagem de PET para bebidas ao
longo do tempo (MUTSUGA, 2005). Ao AA são atribuídas
as alterações de sabor de água mineral e bebidas carbonatadas (MUTSUGA, 2005).
Existe evidência suficiente em animais experimentais da
carcinogenicidade do AA (IARC, 1995). Foi observado que tal
substância induz câncer nasal em ratos após a administração
por inalação (IARC, 1995), e que pode causar anormalidades
de desenvolvimento embrional in vitro (IARC, 1998).
GARCIA (2010) comprovou que a partir de concentrações próximas a 10 µgkg-1 de acetaldeído é possível observar prejuízos no sistema de reparo do DNA de pulmões,
do cérebro e do fígado de animais.
O presente estudo teve por objetivo propor uma metodologia capaz de avaliar a presença de contaminantes em
PET-PCR, e através desta metodologia confirmar a presença de acetaldeído.
MATERIAL E MÉTODOS
Material
Neste estudo foram utilizadas amostras de garrafas PET-PCR de resina 100% reciclada (técnica bottle to bottle),
de 500 ml, usadas para embalar água mineral (Figura 1). As
amostras foram cortadas em flocos, pesadas até chegarem a
5 g (primeira análise), e envasadas em frascos de vidro de 20
ml de capacidade para headspace.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas análises cromatográficas foi possível verificar a presença
de acetaldeído nas amostras de garrafa PET-PCR, e descartar a
presença dos contaminantes etilenoglicol, dietilenoglicol, trietilenoglicol, 1,3-dioxolano e 2-metil-1,3-dioxolano.
Os resultados obtidos, que confirmam a presença de acetaldeído no material plástico, estão na Figura 2; e na Figura 3
encontra-se o cromatograma de uma solução contendo apenas acetaldeído em água, para fins de comparação e confirmação do tempo de retenção do acetaldeído.
Figura 1. Garrafa PET de água mineral, com resina 100%
reciclada, de 500 mL
A maior parte dos reagentes foi adquirida nos laboratórios Vetec e MERCK, com grau de pureza variando entre
99,5% e 99,9%. O ensaio foi realizado em conformidade com
os requisitos previstos na norma ABNT NBR ISO/IEC 17025
como, por exemplo, o uso de equipamentos, instrumentos e
vidrarias calibrados na Rede Brasileira de Calibração – RBC,
controle rigoroso das condições ambientais e a validação de
softwares para cálculo.
Métodos
Foram feitas análises a fim de confirmar a presença de
possíveis contaminantes, em especial o acetaldeído, nas embalagens de garrafa PET-PCR.
Na análise das garrafas PET de água mineral, com resina
100% reciclada, foram analisadas solução aquosa de acetaldeído, a 10 mgkg-1, e padrões de 2-metil-1,3-dioxolano;
1,3-dioxolano; etilenoglicol; dietilenoglicol e trietilglicol para
efeito de identificação. Foram realizadas em cromatógrafo a
gás CG-DIC da Shimadzu, modelo GC-2010, tendo como gás
de arraste o hélio, com injeção direta, a 150ºC. O CG estava
acoplado a headspace, aquecido a 60º por 1h. Detector por
ionização em chama, a uma temperatura de 240ºC. Foi utilizada uma coluna DB-624 nas dimensões 75m x 0,53 mm x 3,00
μm. Empregou-se uma temperatura inicial de 50ºC (15 min) a
5ºC min-1 até 180ºC (15 min).
Também foram realizadas análises em cromatógrafo a gás
CG-EM, tendo também como gás de arraste hélio, equipado
com detector seletivo de massas, injetor split = 1:50 e temperatura de 220ºC. O CG também estava acoplado ao headspace, com temperatura de equilíbrio a 60ºC por 30 min, com
agitação. Foi utilizada uma coluna HP INNOWAX nas dimensões 30 m x 0,25 mm x 0,5 μm. Empregou-se temperatura
inicial de 40ºC (3 min) a 10ºC min-1 até 250ºC (6 min), sendo
a temperatura do injetor/interface a 250ºC.
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Figura 2. Cromatograma de flocos de garrafa PET-PCR, com resina
100% reciclada
Figura 3. Cromatograma da solução de AA em água, a 10 mgL-1
SAMPERI et al. (2004) estudaram a degradação térmica do PET sob atmosfera inerte a altas temperaturas (270370°C). Como a temperatura de processamento normalmente
é superior à temperatura de fusão do PET (~280°C), as degradações térmicas podem ocorrer pela eliminação dos grupos
terminais lábeis (hidroxílicos e vinílicos) (KHEMANI, 2000).
Eles atribuíram a perda dos grupos finais hidroxílicos e vinílicos à formação de compostos de baixa massa molar, como
o acetaldeído.
55
Artigo
Chama a atenção a ocorrência do pico com tempo de retenção de aproximadamente 7,4 minutos, na Figura 2; sua área
representa 62% do total, e não se assemelha com nenhum dos
padrões utilizados.
Para elucidar qual seria este outro componente presente na
garrafa PET-PCR, em quantidade considerável, foi feita a 2ª análise, onde foi usado CG com detector por EM. A Figura 4 além de
confirmar a presença de acetaldeído nas amostras de PET-PCR,
através de CG-EM, comprova que o que sai a 7,4 min é agua.
A Figura 5 mostra a mesma análise, porém em outra escala,
evidenciando a presença de outras substâncias no PET-PCR.
Através de detector por EM foi possível visualizar a composição
dos voláteis no plástico.
Foi identificada a presença de ftalato de dietila (DEP). Ftalatos
com pesos moleculares relativamente baixos, como o diftalato
de dimetila (DMP), o DEP e o diftalato de dibutila (DBP) são utilizados em solventes e em adesivos, tintas, cosméticos, ceras, inseticidas, produtos farmacêuticos e de uso pessoal (SONNENSCHEIN & SOTO, 1998).
A taxa de transferência dos ftalatos, a partir dos plásticos,
para o meio (como alimentos e materiais líquidos e gasosos) depende de diversos fatores, como: a concentração dos ftalatos
no material, o tempo de estocagem do produto em contato com
o plástico, a temperatura, o grau de agitação e a natureza do
material, sendo que materiais gordurosos tendem a absorver os
ftalatos com mais facilidade (SCHETTLER, 2006).
É possível observar na Figura 6 a presença de DEP até mesmo no cromatograma do frasco de vidro para headspace (vial)
vazio, ou seja, no frasco usado como branco. Isto indica que o
DEP, no presente estudo, pode não ter vindo da embalagem de
PET-PCR, e sim de algo presente em todos os frascos utilizados
nas análises: o septo.
Na análise por CG-EM também apareceram etanol, 2-butenal
e butanal (Figura 4). O etanol é obtido da redução do acetaldeído.
O 2-butenal, também chamado de crotonaldeído, é produzido
pela condensação aldólica do acetaldeído (KIELHORN, 2008).
Está presente em uma variedade de produtos alimentícios, como
azeite, e é usado como precursor de conservantes alimentares,
como ácido ascórbico e trimetil-hidroquinona (precursor da vitamina E). O butanal é um aldeído, e pode ser assimilado pelo
corpo por inalação dos vapores, além de obstruir as vias respiratórias. Causa irritação nos olhos e na pele (DUNLEVY, 2001).
A presença de ácido linoleico e ácido oleico na garrafa PET-PCR (Figura 5) sugere que antes da reciclagem estes óleos foram introduzidos nas garrafas ainda virgens, e que o processo
reciclagem bottle-to-bottle não foi capaz de removê-los. Além
disso, a sensibilidade do equipamento para estes ácidos graxos
indica a importância do uso de luvas descartáveis no manuseio
das embalagens, para que ácidos graxos presentes na pele não
passem para as amostras, mascarando assim, os resultados.
Uma vez confirmada a presença de acetaldeído nas embalagens de PET reciclado, torna-se necessário saber o quanto deste
contaminante pode migrar para a bebida envasada nestas embalagens, tendo em vista que é um dos contaminantes mais carcinogênicos e mutagênicos citados pela bibliografia referente ao PET.
56
Figura 4. Cromatograma dos flocos da garrafa PET-PCR, em
headspace-CG-EM, indicando a presença de acetaldeído
Figura 5. Cromatograma dos flocos de garrafa PET reciclada, em
maior escala. Análise em headspace – CG-EM
Figura 6. Cromatograma por CG-EM de frasco vazio, indicando
presença de ftalato de dietila
CONCLUSÕES
Através do presente estudo foi possível confirmar a presença do acetaldeído e dos seus derivados (etanol, 2-butenal
e butanal) em garrafas PET-PCR através de Cromatografia
Gasosa, com Headspace.
A partir disso é essencial que estudos de migração avaliem o quanto de acetaldeído é transferido da embalagem de
PET-PCR para o alimento, a fim de garantir a segurança dos
diversos consumidores de produtos industrializados.
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Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
57
Artigo
ABRANDAMENTO ELETROLÍTICO ASSOCIADO COM
DOSAGEM QUÍMICA PARA USO INDUSTRIAL
ElectroLYTICAL SOFTENING ASSOCIATED TO
CHEMICAL DOSING FOR INDUSTRIAL USE
Resumo
O abrandamento com cal – soda para tratar águas duras é geralmente aplicado em Estação
de Tratamento de Água – ETA convencional para uso municipal. Para uso industrial, as desvantagens desse processo são a necessidade de longo tempo de detenção para precipitar
íons de cálcio e de magnésio, uma supersaturação associada à formação de carbonato de
cálcio hexahidratado levando a incrustações nos condutos e a necessidade de pós – estabilização química da água final. Este artigo mostra um estudo do comportamento do processo eletrolítico aplicado à remoção da dureza permanente para uso industrial sem e com
a adição de cal. A água usada nos experimentos foi a da rede de distribuição de Campina
Grande (PB). O reator eletrolítico foi feito com chapas de inox e de alumínio em escala de
laboratório. Os resultados mostraram que a produção do coagulante sulfato de alumínio
durante a eletrólise aumentou a flotação tanto de Carbonato de Cálcio, CaCO3 como de
Hidróxido de Magnésio, Mg(OH)2 com precipitação posterior. A comparação com o abrandamento convencional por cal e soda mostrou que o valor de pH obtido foi bem abaixo dos
valores normalmente observados nesse processo. A taxa de remoção de íons de cálcio e de
magnésio obtida foi de 87% em menos de uma hora o que significa um tempo de detenção
20% menor que aquele necessário em ETA convencional.
Luciano Nascimento1*
Cristiana L. Agostinho 2 e
Bernadete Feitosa Cavalcanti3
1*
Departamento de Engenharia
Civil-DEC/UNIPÊ
Departamento de Química-DQ/
CCT-UEPB
2
Departamento de Hidráulica e
Engenharia Civil-DHEC/CTRNUFCG
3
*Correspondência:
E-mail: luciano.
[email protected]
Palavras-chave: Processo Eletrolítico. Remoção de Dureza Permanente. Dosagem Química
para Uso Industrial.
Abstract
Lime softening for treating waters is generally applied in conventional Water Treatment Plant
– WTP for municipal use. For industrial use, the disadvantages of this process are the requirements of a long detention time for calcium and magnesium ions precipitate, a supersaturation associated to the hexahydrate CaCO3 formation leading to incrustations of conduits
and the need of a chemical post stabilization of final water. This paper addresses a study
on the performance of the electrolysis process applied for removing total hardness of water
for industrial use. The water used in experiments was tap water of the reticulation system of
Campina Grande in Paraiba. Results showed that the production of primary coagulant during
electrolysis improved flotation of both calcium carbonate and magnesium hydroxide and its
precipitation. The overall removal rate obtained with this process was 87% at a detention
time less than one hour which is almost 20% less than the time needed in conventional WTP.
Keywords: Electrolysis Process. Permanente Hardness Removal. Chemical Dosing for Industrial Use.
INTRODUÇÃO
O abrandamento com cal e soda é geralmente aplicado em águas com elevado teor de Sólidos Totais Dissolvidos tais como sais de cálcio, de magnésio e de ferro. Nes-
se processo, após a adição de íons hidroxila a um pH acima
de 10,00 ocorre a precipitação de hidróxidos sólidos como,
por exemplo, hidróxido de magnésio, Mg(OH)2. Os íons de
58
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
hidroxila adicionados podem ser ou cal, CaO ou hidróxido de
cálcio, Ca(OH)2. A redução do teor de cálcio é feita aplicando
“soda” ou carbonato de sódio, Na2CO3 no precipitado até que
o cálcio atinja o valor pré – fixado para o uso em particular
(THOMANN & MUELLER, 1987) Geralmente, para uso potável, são admitidos os teores de 60mg/LCaCO3 para cálcio e
5mg/LCaCO3 para magnésio, respectivamente. No controle
da qualidade final da água para uso potável, aplica – se o
Índice de Loewenthal, ILW. Esse índice determina tanto qualitativamente como quantitativamente o potencial de precipitação/ dissolução de CaCO3. Um valor de + 4mg/LCaCO3
(o sinal positivo indica supersaturação e negativo é aplicado
para águas subsaturadas) é indicado para a água final após
abrandamento ou não de modo que ao chegar à casa do
consumidor a água está totalmente saturada com carbonato
de cálcio (ABRIL et al, 2003).
Para uso industrial, a necessidade de controle da Dureza
Total é mais rígida. Um teor máximo de 10mg/LCaCO3 é ainda
aceito com restrições para caldeiras de média a alta pressão. O
Índice ILw é agora “zero”; ou seja, a água deve ser totalmente
saturada com relação ao carbonato de cálcio. Essas condições
são difíceis de serem obtidas em ETAs convencionais mesmo
usando o processo de abrandamento com cal – soda.
O processo de eletrolise tem sido usado para a remoção
de uma série de impurezas de águas residuárias domésticas,
águas eutróficas e resíduos industriais (ALMEIDA et al, 2004).
Em tratamento de água, a eletrólise pode ser definida como
uma combinação dos processos de coagulação, floculação,
flotação e desinfecção. Os efeitos observados são vários
como sejam: desestabilização de coloides (para a remoção
de cor), floculação rápida com o material erodido dos eletrodos, reações de oxiredução eletroquímica com a remoção de
vários poluentes industriais como metais pesados, oxidação
rápida e forte entre outros.
A eletrólise também permite que o cloreto naturalmente
presente na forma dissolvida na água bruta produza íons de
cloreto e outras substâncias antibacterianas melhorando o
processo de desinfecção.
Como processo de tratamento de água, a eletrólise produz dois tipos de água: (i) água alcalina e reduzida e (ii) água
ácida e oxidada. Na área anódica, a água é oxidada quando
o eletrodo metálico é colocado em solução. Há liberação de
elétrons do metal, o pH diminui (pH < 3,0) e a água se torna
acídica e com baixo teor de oxigênio dissolvido (SHEN et al,
2003). No cátodo, a Alcalinidade é estabelecida e a água é
reduzida aumentando o íon hidroxila, OH- o que contribui para
o aumento de pH; a saber (JAMESON, 2005):
2H 2 O + 2e − → H 2 ( g ) + 2OH − ( aq )
Considerando este desempenho da eletrólise, procedeu-se em nível de pesquisa a análise do desempenho da
eletrólise “per se” e a combinação desse processo com
condicionamento químico (dosagem de substâncias químicas) para abrandamento de águas duras. Este artigo
mostra os resultados desse estudo para uso industrial, ou
seja, abrandar a água para um ILw = 0 atendendo também
uma concentração total de dureza variando de 10 a 60 mg/
LCaCO3. A água dura utilizada na pesquisa foi a da rede de
distribuição da cidade de Campina Grande/PB. Essa água
é oriunda do manancial Boqueirão e tratada (sem abrandamento) na localidade do mesmo nome situada a cerca de
50 km de Campina Grande.
PARTE EXPERIMENTAL
Amostra e Determinação
dos parâmetros físicos e químicos
A água usada no estudo após passar pelos processos
de aeração da mistura, floculação e coagulação com sulfato
de alumínio foi sedimentada, filtrada e desinfetada na Estação de Tratamento de Água – ETA de Gravatá e distribuída
para a rede de distribuição da cidade de Campina Grande.
(COPLAN, 1989). Essa água apresentou a seguinte qualidade
química:
“Água de baixa força iônica; teor de sais dissolvidos
abaixo de 1000mg/L. Contudo é uma água com predominância de dureza permanente, ou seja, dureza de difícil remoção
sendo de não carbonato”.
Para a execução do processo eletrolítico foram determinados os seguintes parâmetros: Sólidos Totais Dissolvidos, STD (mg/L), Temperatura em T(ºC), pH, Alcalinidade
Total ou Alcalinidade (mg/LCaCO3), Cálcio, Ca2+ (mg/LCaCO3), Magnésio, Mg2+(mg/LCaCO3), Dureza Total, DT (mg/
LCaCO3), Cloreto, Cl- (mg/L) e Condutividade Elétrica, CE
(mS/m) (COPLAN, 1989). Todos os parâmetros, com exceção da alcalinidade foram obtidos segundo APHA (1998).
A Alcalinidade Total ou Alcalinidade foi obtida aplicando titulação tipo Gran com metodologia segundo CAVALCANTI
(1981), sendo determinada pela equação abaixo na escala
de carbonato de cálcio:
$OF
FD ·
§
¨ Y
¸ YR ¹
©
(2)
(1)
Dessa forma é criada uma área localizada no cátodo
que é altamente insolúvel a depósitos de minerais incrustantes. A forma gasosa de H+ flui para a superfície líquida carreando (por flotação) hidróxidos e sólidos suspensos. Esta
redução produz um aumento nos íons hidroxila.
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
onde,
v1 = volume de ácido forte mineral (HCl) necessário
para titular de volta ao ponto de equivalência do bicarbonato, HCO3- em ml;
vo = volume inicial da amostra, ml;
ca = concentração molar de ácido adicionado ou 0,01 M HCl.
59
Artigo
Estação de tratamento eletrolítico
Uma estação de tratamento eletrolítico foi preparada
em escala de laboratório segundo metodologia de WIENDL
(1998) e de AGOSTINHO et al. (2010). Essa estação constava
dos seguintes reatores e equipamentos (ver Figura 1).
Um reator de dois litros no qual foi imersa a célula eletrolítica constituída de dois eletrodos de aço inox 1020 e duas
chapas de alumínio. Ambas as chapas tinham área de 50 cm2,
espessura de 2 cm e foram colocadas a 0,50cm distante uma
da outra. No canto dos eletrodos foi feito uma abertura de 3
mm localizada a 1,0 cm do eletrodo. A extremidade de um fio
rígido foi isolada. Na colmeia eletrolítica foram colocadas oito
arruelas de plástico de modo a isolar as placas. Os eletrodos
foram confeccionados com furos para a passagem de fios que
foram conectados aos polos de uma bateria com 12V e 36 A
(geralmente é utilizada uma bateria de caminhão) (GERVASIO,
2000). O fio colocado na colmeia eletrolítica apresentava uma
bifurcação na qual uma extremidade era ligada ao polo positivo da bateria (ânodo) e a outra extremidade ao polo negativo
da mesma (cátodo). Os equipamentos de medição usados.
(1) Eletrodo de sacrifício ou Anodo
(2) Cátodo
Coleta de
amostras
Chapa de
Aço Inox
EWENTHAL & MARAIS, 1976). A força iônica que dá uma medida dos sais dissolvidos presentes na água (tratada ou não)
foi obtida usando a equação de Langelier:
, 67'
(3)
onde STD é o teor de Sólidos Totais Dissolvidos da água
(mg/L) que deve ser menor que 1000 mg/L.
O Índice de Loewenthal ILW foi obtido com o uso do STASOFT, Version 3.0 de FRIEND e LOEWENTHAL (1992).
Para a classificação da Dureza Total DT foi usada a escala
Künin expressa em mg/lCaCO3 ou X onde DT < 60X indica
água branda, B; para 61X < DT < 120X a água é moderadamente dura, MoD; 121X < DT < 180X indica água dura, D
e para DT > 180X a água é muito dura, MD. A Dureza Total
da água tratada da rede de Campina Grande tem valor de
355 mg/LCaCO3, ou seja, trata-se de uma água muito dura. A
qualidade química dessa água a partir dos dados da Tabela 1
apresentou a seguinte classificação:
“Água de baixa força iônica (I , 0,10), teor de cloreto adequado; ou seja, água doce para o uso público, mas com tendência corrosiva (teor de cloreto acima de 50,00 mg/L e dissolução de 8mg/LCaCO3 de carbonato de cálcio). Apresenta
– se muito dura com predominância de dureza de não carbonato ou dureza permanente ”.
Os cálculos para abrandamento com o processo cal –
soda foram feitos usando o STASOFT, Version 3.0. Na coluna
(b) estão os resultados teóricos do abrandamento cal e soda,
ou seja, após a adição de 195.56 mg/L Ca(OH)2 e 152,87 mg/L
Na2CO3 para um teor final de dureza da ordem de 60 mg/
Tabela 1. Características experimentais (coluna a), teóricas de abrandamento
com cal e soda (coluna b) e na (coluna c) a pós – estabilização teórica com CO2
da água tratada da rede de Campina Grande, PB para DT 60mg/LCaCO3
Chapa de
Alumínio
Reator de PVC
transparente de 2L
Figura 1. Estação eletrolítica em escala de laboratório
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Resultados iniciais da água tratada e da simulação
teórica do abrandamento com cal – soda
Parâmetros
físico químicos
Coluna (a)
Coluna (b)
Coluna c
Água tCG
tCG + Cal e Soda*
Adição de CO2.(**)
STD, mg/L
595,74
479,01
479,01
T, ºC
25
25
25
pH
7,36
11,02
8,35
Alc, (X)*
100,00
59,22
59,22
Ac, mg/(X)*
116,19
58,07
56,31
Ca2+, (X)*
255,00
60,00
60,00
Mg ,(X)*
100,00
10,00
10,00
Cl-, mg/L
263,00
263,00
263,00
Na+, mg/L
152,86
219,20
219,20
2+
A Tabela 1 na coluna (a) mostra a qualidade da água tratada e distribuída na rede de Campina Grande. Essa água foi
misturada, dosada com sulfato de alumínio para fins de floculação e coagulação, sedimentada em decantador convencional, filtrada e desinfetada com cloro líquido antes de ser
distribuída aos consumidores. Essa água não foi submetida
a nenhum tratamento de abrandamento. Esses resultados
foram acrescidos dos parâmetros força iônica I e Índice de
Loewenthal, ILW que foram calculados teoricamente (LO-
(X)* indica a escala de CaCO3 ou mg/LCaCO3; tCG é a água tratada da rede de
Campina Grande, Cal e soda com adição de base forte Ca(OH)2 ad = 195,56
mg/L e soda ou Na2CO3ad = 152,87 mg/L.(**) Adição de 50,33 mg/L CO2.
60
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
SO4 , mg/L
190,00
190,00
190,00
CE, mS/m
88,33
74,84
74,84
Força Iônica, I
0,015
0,012
0,012
ILW, (X)*
-7,91
0,00
0,00
2-
LCaCO3. Verifica-se na coluna (b) que a adição de base forte,
hidróxido de cálcio, Ca (OH)2 ou cal, CaO aumenta o pH para
um valor tal que permite a precipitação de hidróxido de magnésio, Mg(OH)2. Portanto, a variação na Alcalinidade é dada
por (CAVALCANTI, 1981).
'$OF
+ DG +&2 DG &2 DG 2+ DG
(4)
Ou seja,
'$OF
(5)
2+ DG Como ocorreu precipitação de hidróxido, então:
'$OF
(6)
2+ DG onde “ad” indica adicionado e “ppt” refere-se a precipitado.
Como quantidades iguais de cálcio e de íon oxidrila estão
sendo adicionados, a diferença entre a Alcalinidade e o teor
de cálcio é nula (ABRIL et al, 2003), ou seja:
&2 DG
'$OF
' $OF ± &D '&D
(7)
(8)
Portanto, a diferença entre os valores inicial e final dessa
variação fornecerá a quantidade que foi ou dissolvida ou precipitada de carbonato de cálcio.
A partir da dosagem de cal há também variação na Acidez que
pode ser descrita pesa seguinte equação (CAVALCANTI, 2010).
(9)
&D2 '$F > $FL ± $FI @ 0J 2+ DG
tada de Campina Grande. Os tempos de sedimentação da
água submetida à eletrólise variaram de 0 a 50 minutos. Os
parâmetros Dureza Total (escala CaCO3) e pH foram monitorados de 10 em 10 minutos. Na coluna (b) são apresentados
os resultados de Dureza Total e de pH para a eletrólise acrescida de dosagem de 270 mg/LCa(OH)2. A Figura 2 mostra a
simulação do processo de abrandamento teórico por cal e
soda com adição de, respectivamente, 195, 56 mg/LCa(OH)2
e 152,87 mg/L Na2CO3. A Figura 3 mostra os resultados experimentais (valores médios de três experimentos consecutivos)
da remoção de dureza pelo processo eletrolítico obtidos sem
e com dosagem de 270 mg/L de hidróxido de cálcio, Ca(OH)2.
A Figura 4 ilustra a influência do pH no processo eletrolítico
para a remoção de dureza em função também do tempo de
sedimentação da água submetida à 15 minutos de eletrólise.
Tabela 2. Resultados da remoção de dureza total e do pH após
eletrólise da água tCG sem e com dosagem de 270mg/L Ca(OH)2,
respectivamente
Tempo de
sedimentação
ts(min)
Água tCG após Eletrólise
tCG + Ca(OH)2 ad(*)
DT(mg/
LCaCO3)
pH
DT(mg/LCaCO3)
pH
0
355,00
7,36
355,00
7,36
10
180,00
9,50
250,00
8,28
20
115,00
9,70
200,00
8,50
30
70,00
9.75
110,00
8,62
40
55,00
9,80
90,00
8.80
75,00
8,90
50
tCG = água tratada da rede de Campina Grande, (*) Ca(OH)2 ad =
270,00 mg/L e soda ou Na2CO3ad = 391,58 mg/L.
SSW
onde os índices “i” e “f” indicam, respectivamente, valores inicial e final de um parâmetro. A mudança na Acidez é, portanto, dada por quantidades iguais de precipitação de magnésio
e de hidroxila; ou seja:
(10)
'$F 0J SSW 2+ SSW
Portanto, com a precipitação de magnésio e de hidróxido
ocorre uma diminuição na Acidez conforme se observa na coluna (b) da Tabela 1 a seguir. Para fins de uso público ou para
uso industrial, a água abrandada com características listadas
na coluna (b) da Tabela 1 não é apropriada. Portanto, é necessária uma recarbonatação dessa água, ou seja, a adição
de CO2 para diminuir o pH, a Acidez e a condutividade elétrica
cujos resultados são mostrados na coluna (c) dessa tabela.
Resultados do processo
eletrolítico sem e com dosagem química
A Tabela 2 na coluna (a) mostra os resultados da aplicação do processo eletrolítico durante 15 minutos na água tra-
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
Figura 2. Estudo do comportamento teórico do abrandamento por
cal e soda na água tCG a partir da adição de 195,56 mg/L Ca(OH)2 e
152,87 mg/L Na2CO3, respectivamente
Observando os resultados da Tabela 2 verifica-se que o
eletrodo de alumínio foi erodido e liberou alumínio trivalente
que se complexou (formou par iônico) com o sulfato presente
na água tratada de Campina Grande. Dessa forma, foi produzido o sulfato de alumínio, que é o agente de coagulação mais
usado em Estações de Tratamento de Água. A boa floculação
61
e coagulação permitem uma remoção de até 80% da Dureza
Total da água (KAWAMURA, 1997). Segundo BEZERRIL et al.
(1985), o eletrodo de alumínio do reator eletrolítico confere
um aumento no teor de alumínio em até cinco vezes o valor
permitido pelas normas brasileiras que é de 0,20 mg/L. Para
fins industriais esse teor final de alumínio na água não é preocupante. Contudo, para uso potável a água é inadequada.
As reações do alumínio com sais de bicarbonato são definidas como segue (CAVALCANTI, 1992):
$O
+ 2 o $O 2+ SSW +
(11)
(12)
+&2 + o &2 + 2
A reação geral é dada por (THOMANN & MULLER, 1987)
(13)
$O +&2 o $O 2+ SSW &2 A adição de substância alcalinizante permitiu o aumento
no pH que, embora discreto, favorece esse processo quando comparado com o aumento por dosagem de cal. Com a
adição de cal, o alumínio poderá reagir com o cálcio e a sílica
solúvel de modo a produzir um silicato complexo segundo a
reação (CETESB, 1992)
&D2 $O 2 6L2 + 2 o &D2$O 2 6L2 + 2 (14)
Esse silicato servirá de núcleo de floculação para o hidróxido de alumínio, Al2(OH)3 no processo de clarificação.
O consumo do íon hidrogênio no cátodo prevaleceu em
relação à sua formação no anodo acarretando um aumento de pH.
No decorrer da eletrólise há um aumento de pH devido
à formação de íon hidroxila e diminuição do íon hidrogênio
que foi reduzido a gás H2 escapando para a superfície líquida.
Dessa forma, poderá carrear os sólidos suspensos.
Dureza Total,DT em mg/LCaCO3
Artigo
Variação da Dureza Total em
400
função do pH
DT(mg/L
CaCO3)
350
300
250
200
pH
150
100
50
0
0
3
10
20
30
40
Figura 4. Variação observada na Dureza Total da água tCG
em função do pH e do tempo de sedimentação em minutos,
respectivamente
Pode-se afirmar que o magnésio foi floculado e absorveu outros materiais suspensos da água. Os fenômenos que governam
o movimento das espécies iônicas Ca2+ e CO32- para o eletrodo
são principalmente transporte e reações de transferência de carga eletroquímica (KOSKI-VÄHÄLÄ & HARTIKAINEN, 2001) Essas
soluções ocorrem na interface eletrodo/ solução.
Com relação ao aumento de pH houve também aumento
da condutividade uma vez que ela é proporcional à ionização
de substâncias dissolvidas na água tCG. Quanto maior seu
valor, maior é a transmissão de corrente. Atribui-se o aumento da condutividade no decorrer da eletrólise ao aumento de
íons principalmente a eletrólise com dosagem química.
CONCLUSÕES
Figura 3. Comportamento do abrandamento por eletrólise e por
eletrólise e dosagem de cal em função do tempo de sedimentação
em minutos, respectivamente
As principais conclusões relacionadas ao estudo do processo
eletrolítico para fins de abrandamento de água são as seguintes:
• O processo eletrolítico acelerou a precipitação de carbonato de cálcio. Então, pode-se afirmar que o processo acarreta a formação de precipitados no reator e, dessa forma, a incrustação é reduzida;
• O valor alto de pH observado (pH em torno de 11,00)
assegura uma precipitação total de magnésio da água
de Campina Grande. Formou-se a “albita” (NaAlSi3O8C8)
que é um silicato de alumínio e de sódio que produz
uma excelente flotação;
• Ambos os consumos de energia e erosão dos eletrodos
foram muito baixos. Isto se deve provavelmente à pequena distância usada entre os eletrodos (5 mm). Uma
distância menor poderia baixar o consumo de energia
(uma tensão menor para uma mesma corrente de intensidade). Contudo, isto implicaria na necessidade de limpeza diária dos eletrodos;
62
Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
400
Tempo de decantação
Dureza Toal,DT em mg/LCaCO3
350
td=0
300
250
td=10min
200
150
td=20min
100
td=30min
50
0
td=40min
tCG
tCG : CaO
Água A
Água B
td=50min
• O processo eletrolítico para a remoção de dureza total
não é somente de baixo custo, mas também necessita de menos tempo de tratamento quando comparado com o processo de abrandamento convencional.
Em Estações de Tratamento de Água convencionais, o
tempo de sedimentação varia de 4 horas a 8 horas, enquanto que a água submetida à eletrólise necessita de
menos de uma hora de sedimentação para reduzir ou
eliminar a Dureza Total;
• Para uso industrial, o processo eletrolítico sem e com
dosagem química de substância de abrandamento permite o ajustamento dos parâmetros da fase aquosa –
sólida da água (pH, Alcalinidade, Cálcio) para valores
pré-indicados ao processo industrial em particular.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pelo apoio financeiro deste trabalho.
R e f e r ê n c ia s
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63
A
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o
MINERAIS EM FERMENTADOS SIMBIÓTICOS
PRODUZIDOS COM LEITE HUMANO
MINERALS IN SYMBIOTIC FERMENTED HUMAN MILK
RESUMO
O leite humano é o alimento ideal aos recém-nascidos, cuja composição inclui minerais
essenciais, considerados adequados ao bom funcionamento do organismo. A acidez em
graus Dornic é uma análise de rotina dos Bancos de Leite Humano (BLH) para a garantia da
qualidade do leite e justificada pela suposta relação entre acidez elevada e contaminação
bacteriana. Entretanto, estudos demonstram que valores de acidez acima de 8°D podem ser
resultantes de outros fatores, repercutindo no descarte indevido de grande volume de amostras. O objetivo do presente estudo foi avaliar a possibilidade de reaproveitamento destas
através do desenvolvimento de leites fermentados simbióticos, baseando-se na análise da
composição mineral destes. As formulações foram elaboradas utilizando uma cultura mista
composta pelas cepas Lactobacillus acidophillus 1865 (PharmaNostra) e Bifidobacterium
bifidum 7593 (Embrafarma). Através de um planejamento experimental, duas formulações
foram desenvolvidas, uma com e outra sem a adição de leite de soja. Estas tiveram os elementos Ca, K, Na e Li quantificados via fotômetro de emissão de chama. Os minerais detectados no pool de leite humano utilizado na elaboração dos fermentados apresentaram-se em
concordância com a literatura, além da detecção de lítio em quantidades satisfatórias. Os
teores de todos os minerais para o leite fermentado à base de soja foram maiores que os da
formulação somente com leite. Para ambos, os teores de Ca e Li foram inferiores e de K e Na
superiores ao pool de leite humano. Os resultados demonstraram que as Recomendações
de Ingestão Diária destes nutrientes essenciais, para indivíduos de diferentes faixas etárias,
poderiam ser parcialmente ou totalmente supridas com o consumo dos leites fermentados
simbióticos. Assim, pôde-se confirmar a possibilidade de reaproveitar as amostras de leite
humano, considerando os teores dos referidos minerais em ambos os fermentados.
Adan Lucas Rocha*,
Alda Maria Machado Bueno
Otoboni, Marie Oshiiwa,
Paulo Sérgio Marinelli,
Renata Bonini Pardo e
Alice Yoshiko Tanaka
Faculdade de Tecnologia
(FATEC Marília)
*Correspondência:
E-mail: [email protected]
Palavras-chaves: Leite Humano. Banco de Leite Humano. Acidez Dornic. Leite Fermentado
Simbiótico. Minerais.
ABSTRACT
The ideal food for newborn babies is human milk due to its composition that includes the
essential minerals considered appropriate for the proper functioning of the body. Acidity, in
Dornic degrees (°D), routinely analyzed in Human milk banks to guarantee the quality, is justified because of the hypothetical relationship between high acidity and bacterial contamination. However, studies show that acidity above 8°D can be caused by other factors and thus
this parameter results in the improper discarding of a large number of samples. The objective
of this study was to evaluate the use of discarded donations for symbiotic fermented milk,
based on an analysis of mineral composition. Formulations were prepared using a mixed
culture composed of strains of Lactobacillus acidophilus (1865, PharmaNostra) and Bifidobacterium bifidum (7593, Embrafarma). Two formulations were experimentally developed,
one with and one without the addition of soy milk. The Ca, K, Na and Li of both formulations
were measured by flame emission photometry. The minerals detected in the pool of human
milk used in the preparation of fermented milk were similar to those reported in the literature,
including satisfactory quantities of lithium. The levels of all minerals in the fermented soybased milk were higher than in the formulations of milk alone. For both, the levels of Ca and
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Li were lower than and K and Na higher than in the pool of human milk before processing.
The results showed that the recommendations of daily intake of these essential nutrients by
individuals of different ages can be partially or totally supplied by symbiotic fermented milk
consumption. Hence, it is possibility to use discarded human milk samples with the levels of
these minerals being adequate in both formulations.
Keywords: Human Milk. Human Milk Bank. Dornic Acidity. Symbiotic Fermented Milk. Minerals.
INTRODUÇÃO
O leite humano é o alimento ideal ao recém-nascido, devido
à sua digestibilidade, composição química e microbiológica, sendo que sua administração supre as necessidades energéticas,
garante a nutrição e metabolismo adequados, protege contra
infecções (BORBA et al, 203), além de promover o desenvolvimento físico, psicológico e afetivo do lactente (ALMEIDA, 1986).
É recomendado como alimentação exclusiva até o sexto mês e
complementar até o segundo ano de vida ou mais (ALVES, 2009).
Os minerais pertencem a uma grande classe de micronutrientes, sendo a maioria considerados essenciais. Classificam-se em macrominerais os elementos cuja necessidade
diária é maior ou igual a 100 mg/dia, como Ca, K e Na, e em
microminerais (elementos traço) aqueles em que a quantidade diária é de aproximadamente 15 mg, como é o caso do Li.
Trata-se de elementos fundamentais ao adequado funcionamento do organismo, atuando como componentes estruturais
em tecidos, como cofatores enzimáticos e outras moléculas
fisiológicas (AVEGLIANO, 2009).
No leite materno os minerais estão presentes em uma
forma altamente biodisponível (BORBA, 2001). A concentração mineral do leite humano é maior no colostro, diminuindo
gradualmente ao longo da lactação sendo, portanto, inferior
no leite de transição e maduro (SCARSO, 2008). Os minerais
mais abundantes não têm suas concentrações alteradas em
função da dieta da mãe, sendo eles Ca, P, Mg, Cl, Na e K, no
entanto, Se, I, Zn, Fe e Cu são influenciados por esta variável (SCARSO, 2008). Além dos aspectos nutricionais, fatores
demográficos, psicológicos e socioeconômicos são relatados
como os capazes de exercer a maior influência sobre a composição mineral do leite materno (LÖNNERDAL, 1985).
No leite humano, Na e K estão na fração aquosa, enquanto o Ca se encontra dentro das micelas de caseína, sendo
disponibilizado quando estas são digeridas (SCARSO, 2012).
O Li é um micronutriente essencial ao organismo humano e
suas principais fontes são os vegetais, podendo ser encontrado também na água de algumas regiões. Estudos demonstram ação neuroprotetora do elemento e sua deficiência pode
repercutir em alterações comportamentais negativas (WATSON et al, 2001), (SCHRAUZER, 2001), (NUNES, 2006).
Como apontam alguns estudos, a interrupção do aleitamento materno é comum no Brasil e também em outros países, sendo promotora de complicações ao lactente como o
surgimento de doenças alérgicas e metabólicas, sendo estas
mais comuns em países desenvolvidos, além da correlação
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com o aumento dos indicadores de morbidade e mortalidade
nos países em desenvolvimento (NEJAR et al, 2004). Prejuízos à lactante também são relatados, como aumento na incidência de casos de câncer de mama e de alguns tipos de
câncer de ovário (MORGANO et al, 2005).
O leite da própria mãe é o ideal ao recém-nascido, mas
na ausência deste, os leites provenientes de nutrizes doadoras constituem a segunda melhor opção. A Rede Brasileira de
Bancos de Leite Humano foi criada com o intuito de suprir a
necessidade de lactentes carentes de alimento materno, seja
pela incapacidade do bebê sugar o seio da mãe, quando esta
se encontra separada ou não pode suprir as demandas em
casos de nascimento prematuro, para recém-nascidos de
baixo peso ou que se encontram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), dentre outras causas. São suas atribuições, a
criação de estratégias de incentivo ao aleitamento materno,
coleta, processamento, análises qualitativas, armazenamento
e distribuição de colostro e leite maduro (CAVALCANTE et al,
2005), (RONA et al, 2008).
Dentre as análises de rotina destes centros especializados
para o controle de qualidade dos leites, encontra-se a acidez
em graus Dornic, sendo que valores superiores a 8°D desqualificam o produto para o consumo, limite este justificado pela
relação entre níveis elevados de acidez e a contaminação
bacteriana (ANVISA, 2006). Todavia, outros motivos podem
estar associados a maiores valores de acidez, como a própria
composição do leite, por exemplo, maior teor de ácidos graxos de cadeia longa, definida pela fisiologia e alimentação das
lactantes, além da hidrólise e oxidação destes componentes
após as etapas de processamento nos BLH, degradação que
pode continuar durante a armazenagem sob congelamento e
com o posterior descongelamento, aumentando os níveis de
ácidos graxos livres no leite (LUZEAU et al, 1983).
A principal matéria-prima utilizada como veículo de culturas
probióticas e/ou ingredientes prebióticos é o leite bovino, sendo
seus derivados considerados funcionais (SAAD et al, 2011). Por
sua vez, os leites fermentados são produtos oriundos da fermentação de leite pasteurizado ou esterilizado, por microrganismos
lácticos específicos, viáveis, ativos e abundantes no produto final (MAPA, 2000). Os probióticos mais utilizados são espécies
pertencentes aos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium, e, entre os prebióticos, destacam-se os frutooligossacarídeos (FOS),
capazes de prover benefícios à saúde do hospedeiro, além de
efeitos tecnológicos positivos (SAAD et al, 2011).
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Artigo
Assim, este estudo objetivou avaliar a possibilidade de reaproveitar amostras de leite humano com acidez acima de 8°D,
considerando os teores dos minerais Ca, Na, K e Li de leites
fermentados simbióticos produzidos a partir das mesmas.
Pasteurização do LH
(60°C/20 min)
Homogeneização
do LH: Pool
MATERIAL E MÉTODOS
Matérias-primas
Resfriamento (40°C)
As amostras de leite humano com acidez acima de 8°D
foram disponibilizadas pelo BLH da cidade de Marília-SP
congeladas, sendo mantidas assim até seu uso. A lecitina de soja foi cedida pela empresa Solae, o FOS disponibilizado pela SKL Pharma e os aromatizantes pela Duas
Rodas Industrial. O extrato hidrossolúvel de soja da marca CasaForte foi adquirido em estabelecimento comercial
da cidade. Para a elaboração das formulações utilizou-se
uma cultura mista composta pelas cepas Lactobacillus
acidophillus 1865 (PharmaNostra) e Bifidobacterium Bifidum 7593 (Embrafarma), ambas liofilizadas.
Planejamento experimental
Na Tabela 1 são descritas as duas formulações, cujos teores dos ingredientes seguiram as recomendações de seus
fabricantes e estão de acordo com os limites estabelecidos
na legislação (MAPA, 2000).
Tabela 1. Planejamento experimental dos fermentados simbióticos
Formulações
LH
(mL)
LS
(mL)
FOS
(g)
Emulsificante
(g de lecitina de
soja)
Aromatizante
mL
Essência
1
155
45
6,00
0,20
0,60
Doce de leite
2
200
-
6,00
0,20
0,40
Iogurte
Adição do
pré-inóculo (2%)
Adição do LS
Fermentação
(37°C até pH 5,2-5,3)
Adição de FOS,
lecitina e aromatizante
Armazenamento (5°C)
Figura 1. Fluxograma de desenvolvimento dos fermentados simbióticos
Nota: LH = Leite humano; LS = Leite de soja
As amostras foram incineradas em triplicata para obtenção das cinzas, conforme metodologia preconizada pelo Instituto Adolfo Lutz (2008). A preparação prosseguiu segundo
metodologia adaptada de Morgano et al. (2005), com a diluição dos resíduos obtidos em 1,0 mL de ácido clorídrico
P. A. (Synth), posteriormente transferidos quantitativamente
para balões volumétricos de 25 mL ou 50 mL de acordo com
a capacidade máxima de leitura de cada mineral pelo equipamento, completando-se o volume com água previamente
purificada em coluna de osmose reversa.
Notas: LH = Leite humano; LS = Leite de soja;
Análise estatística
Processamento das formulações
As etapas de preparo da cultura microbiana e dos fermentados (Figura 1) foram realizadas no Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Tecnologia de Marília (FATEC Marília).
Os resultados da análise mineral foram submetidos a um
tratamento estatístico com o uso do teste ANOVA complementado pelo teste de Tukey, através do programa BioEstat,
ao nível de significância de 5% (AYRES, 2005).
Análise da composição mineral
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os teores dos minerais Ca, K, Na e Li foram determinados no Laboratório de Físico-Química da FATEC Marília, pela
técnica de fotometria de emissão de chama (Fotômetro Digimed DM-61), com uso das soluções padronizadas Digimed
DM-S13D 100 ppm e DM-S13 20 ppm de Ca, K, Na, K e Li
para a calibração do equipamento, sendo esta realizada em
concordância com as instruções do fabricante.
Os teores dos elementos minerais quantificados são apresentados na Tabela 2. O teor de 265,83 mg L-1 de Ca encontrado para o pool é semelhante ao valor de 280 mg L-1 (LÖNNERDAL, 1985) descrito na
literatura para este alimento e à média de 263,55 mg L-1 obtida no
trabalho de Morgano et al. (2005), que também analisaram amostras de leite materno cedidas pelo BLH de Marília-SP.
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Tabela 2. Composição mineral em mg L-1 do pool de amostras de LH
e das formulações definidas no planejamento experimental
Amostra
Ca
K
Na
Pool
265,83±53,05ª
443,33±110,04ª
225,00±32,79a
Li
20,00±4,33ª
1
210,00±7,50ª
1544,17±364,81b
1084,17±206,88b
17,50±2,50ab
2
198,33±24,67ª
1345,00±227,16b
765,83±58,65c
9,17±3,82b
Notas: Média ± Desvio-padrão de determinações em triplicata pelo teste
ANOVA complementado pelo teste de Tukey. Letras iguais em uma
mesma coluna não apresentam diferença significativa ao nível de 5%.
A formulação à base de soja apresentou concentração superior de Ca em relação a somente de leite humano, diferença que
pode ser explicada devido a maior quantidade deste no leite de
soja, que contém 1230,00 mg L-1 segundo Heaney et al. (2000),
em comparação com o leite humano, que possui 280,00 mg L-1
segundo Lönnerdal (1985). Os teores de Ca em ambas foi inferior
ao obtido para o pool, porém sem diferença significativa.
Estes resultados estão em concordância com Saad, Cruz e
Faria (2011), que explicam que leites fermentados apresentam
menores teores de Ca, se comparados à matéria-prima utilizada
para sua elaboração. Por outro lado, segundo Roberfroid (2007),
a biodisponibilidade de Ca é aumentada com o consumo de
FOS, prebiótico utilizado no planejamento experimental dos leites
fermentados. Assim, apesar dos leites fermentados elaborados
possuírem menores concentrações de Ca, podem apresentar
maior disponibilidade do mineral.
Os teores dos minerais analisados foram comparados com o
estudo de Pedro et al. (2001) que analisaram 44 amostras de iogurtes naturais e com sabor de frutas de nove marcas diferentes
produzidos a partir de leite bovino e comercializados na cidade
de São Paulo. A média obtida pelos respectivos autores para Ca
foi de 1001,67 mg L-1, muito superior a todas as amostras analisadas no presente estudo.
Segundo Akré (1990), a concentração de Ca no leite humano é menor que em seus substitutos, incluindo o leite de
vaca, no entanto, é mais facilmente absorvido devido a alta
relação com o fósforo (2:1). Maiores teores de fósforo, como
ocorre no leite de vaca, favorece sua absorção, provocando
hipocalcemia neonatal, sendo esta mais comum em bebês
alimentados artificialmente.
De acordo com Lönnerdal (1985) o leite humano possui aproximadamente 525 mg L-1 de K, corroborando com o obtido pelo
presente estudo para o pool (443 mg L-1) e por Morgano et al.
(2005), cuja média foi de 489,76 mg L-1.
Os resultados para o elemento K nas duas formulações foi
significativamente superior ao da amostra de leite humano, como
pode ser observado na Tabela 2. Como as formulações elaboradas apresentaram teores semelhantes é possível que o processo
fermentativo tenha influenciado em dissociações deste macroelemento no leite e consequentemente em sua quantificação.
As altas concentrações observadas podem ser características
do leite das lactantes doadoras das amostras utilizadas para a
formação do pool, uma vez que a composição do leite materno
pode apresentar grande variação (BORBA, 2003).
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A média do teor de K para iogurtes comerciais encontrada
por Pedro et al. (2001) foi de 1430,00 mg L-1, sendo este menor
que o constatado para o fermentado simbiótico com adição do
leite de soja e maior que àquele sem a adição do leite de soja,
elaborados no presente trabalho.
Como consta na literatura, o leite humano apresenta concentração de 180,0 mg L-1 de Na (SCARSO, 2008), sendo este inferior ao quantificado no pool de amostras analisado (225 mg L-1),
mas um resultado próximo à média de 207,21 mg L-1 verificada
por Morgano et al. (2005). Porém, assim como ocorreu na análise
de K, os teores de Na nos fermentados foram significativamente
superiores ao observado no pool e à média de Pedro et al. (2001)
de 514,17 mg L-1, sendo válidas também para este mineral as
mesmas hipóteses levantadas para explicar os altos níveis de K
detectados.
Morgano et al. (2005) apresentam em seu trabalho, além de
resultados médios para os minerais quantificados, também os
valores mínimos e máximos obtidos em suas análises. Estes valores reforçam a hipótese levantada para explicar os elevados
teores de K e Na obtidos para os leites fermentados, pois demonstram a grande variação a que está sujeita a composição do
leite humano, inclusive entre os minerais, uma vez que os valores
máximos apresentados foram de 1159,30 e 933,00 mg L-1 para K
e Na, respectivamente, sendo estes mais semelhantes aos obtidos no presente estudo para os fermentados.
As recomendações diárias para diferentes faixas etárias dos
elementos essenciais quantificados, segundo o Institute of Medicine (1997, 2004) poderiam ser parcialmente ou totalmente supridas com a administração dos leites fermentados desenvolvidos.
O elemento lítio foi identificado em todas as análises, com
maior concentração para o pool de amostras, sendo que o teor
reduzido das formulações possivelmente tenha sido constatado
devido à adição dos ingredientes.
Segundo Schrauzer (2002), a recomendação mínima de ingestão do mineral é de 1 mg dia-1 para adultos de 70 kg, podendo esta ser suprida através da alimentação, sendo possíveis
excessos excretados pelos rins. Porém, crianças, adolescentes,
lactantes, pessoas portadoras de determinadas doenças e pacientes em diálise podem necessitar de maiores quantidades,
bem como em determinadas situações de esforço físico. Assim
como observado para os demais minerais, as médias obtidas de
Li para os fermentados poderiam contribuir com a ingestão diária
necessária deste nutriente.
CONCLUSÕES
O pool de amostras de leite humano reaproveitadas para
a elaboração das formulações apresentou níveis dos minerais
Ca, K e Na condizentes com a literatura pesquisada para este
alimento. Além disso, detectou-se a presença de Li em quantidade satisfatória.
Comparando-se a composição mineral dos leites fermentados produzidos, em relação ao leite humano cru, em ambos
verificaram-se concentrações inferiores de Ca e Li e muito
67
Artigo
superiores de K e principalmente Na. A formulação à base de
soja apresentou maiores teores se comparada àquela elaborada somente com o leite humano.
Mais estudos devem ser realizados para elucidar a
causa potencial dos níveis elevados de K e Na nos fermentados simbióticos. Todavia, os teores de todos os
minerais essenciais estudados poderiam contribuir com
as necessidades de ingestão diária de indivíduos de todas as faixas etárias.
Assim, considerando os níveis destes minerais nos fermentados elaborados, pôde-se confirmar a possibilidade de
reaproveitar as amostras de leite humano.
AGRADECIMENTOS
Ao Banco de Leite Humano de Marília (SP) pela parceria e
doação das amostras.
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Paulavillelanunes.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2012.
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em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v20n1/20.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2012.
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R e f er ê ncias
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rbsmi/v8n3/a04v8n3.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2012.
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anvisa.gov.br/legis/resol/2006/rdc/171_06rdc.htm>. Acesso em: 7 jan. 2012.
LUZEAU, R.; BARROIS, V.; ODIEVRE, M. Acide gras non estérifies et acidité titrable du lait maternel. Arch Fr Pediatr. v. 40, p. 449-451, 1983. SAAD, S. M. I.; CRUZ, A. G.; FARIA, J. de A. F. Probióticos e prebióticos em alimentos: fundamentos e aplicações tecnológicas. São Paulo:
Varela, 2011.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. RDC n. 5, de 13 de novembro de 2000. Padrões de Identidade e Qualidade de Leites
Fermentados. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 nov. 2000. Disponível em: <http://sistemasweb.agricultura.gov.br/
sislegis/action/detalhaAto.do?method=detalhrAtosArvore&tipo=RES&numeroAto=00000005&seqAto=000&valorAno=2000&orgao=DIPOA/MAA
&codTipo=&desItem=&desItemFim=#>. Acesso em: 7 jan. 2012.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008.
AYRES, M. et al. BioEstat 5.0: aplicações estatísticas nas áreas das ciências biomédicas. Belém: Mamirauá. Brasília: Ministério da Ciência e
Tecnologia. Belém: Imprensa Oficial do Estado do Pará, 2005.
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a revista da instrumentação e controle de qualidade
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palavras-chave, abstract, keywords, texto (Introdução,
Materiais e Métodos, Parte Experimental, Resultados e
Discussão, Conclusão) agradecimentos, referências bibliográficas, tabelas e legendas.
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segundo norma ABNT 10520.
As identificações completas de cada referência citadas
no texto devem vir listadas ao fim, citando o sobrenome
do autor em primeiro lugar seguido pela sigla do prenome.
Evite utilizar abstracts como referências. Referências de
contribuições ainda não publicadas deverão ser mencionadas como “no prelo” ou “in press”.
Ex.: SOBRENOME, SIGLAS DO PRENOMES. Título:
subtítulo do artigo. Título do livro/periódico, volume, fascículo. Pg inicial, ano.
Qualquer dúvida entre em contato pelo telefone:
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Dia: 12 de março
Local: São Paulo. SP
Informações: (11) 3721-3245
E-mail: [email protected]
Pittcon Conference & Expo
De: 17 a 21 de março
Local: Pennsylvania Convention
Center – Philadelphia – PA/USA
Informações: http://pittcon.org/
Fluid & Process – 2ª Feira
Internacional de Produtos e
Soluções para a Indústria de
Processos
De: 19 a 21 de março
Local: Expo Center Norte - Pavilhão
Amarelo - São Paulo – SP
Informações: www.fluidprocess.com.br
Curso: Preparo de Amostras para
técnicas espec.(AAS-ICP OES
e ICP-MS ) e Espectrometria de
Absorção Atômica
Dias: 20 e 21 de março
Local: São Paulo. SP
Fone: (11) 3721-3245 E-mail: [email protected]
Curso: Espectrometria de
Emissão Óptica com Fonte de
Excitação por Plasma e Argônio
Dia: 04 de março
Local: São Paulo. SP
Fone: (11) 3721-3245 E-mail: [email protected]
Forind 2013 – 5ª Feira de
Fornecedores Industriais
De: 15 a 18 de abril
Local: Centro Convenções de
Pernambuco. Olinda. PE
www.forindne.com.br/
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On-Line na Mineração Brasileira:
Benefícios e Desafios
Dia: 17 de abril Informações e Inscrições: Instituto
Brasileiro de Mineração
Minas Gerais.
Fone: (31) 3225-0694
E-mail: [email protected]
Curso: Cromatografia
em Fase Líquida de Alto
Desempenho ( HPLC )
Dias: 18 e 19 de abril
Local: São Paulo. SP
Fone: (11) 3721-3245 E-mail: [email protected]
Curso: Segurança em Laboratórios
Físico-Químicos
Dia: 30 de abril
Local: São Paulo. SP
Fone: (11) 3721-3245 E-mail: [email protected]
Curso: Resíduos de Laboratórios,
como Segregar, Armazenar e
Destinar Corretamente
Dia: 09 de maio
Local: São Paulo. SP
Fone: (11) 3721-3245 E-mail: [email protected]
XXI COLAMIQC - Congresso Latino
Americano e Ibérico de Químicos
Cosméticos
De: 14 a 16 de maio
Local: Transamerica Expo Center.
São Paulo. SP
www.colamiqc2013.com.br
42ª Reunião Anual da Sociedade
Brasileira de Bioquímica e Biologia
Molecular
De: 19 a 21 de maio
Local: Foz do Iguaçu. PR
Informações: www.sbbq.org.br/
simposio-sbbq-conesul/
Curso: Espectroscopia no
Infravermelho
Dias: 22 e 23 de maio
Local: São Paulo. SP
Fone: (11) 3721-3245 E-mail: [email protected]
36ª Reunião Anual da Sociedade
Brasileira de Química
De: 25 a 28 de maio
Local: Águas de Lindóia. SP
Informações: www.sbq.org.br/36ra/
XIX Simpósio Nacional de
Bioprocessos
De: 30 de julho a 2 de agosto
Local: Hotel Bourbon Cataratas - Foz
do Iguaçu. PR
Informações: http://sinafermsheb.
com.br/pt-br/node/14
23º Congresso e Exposição
Mundial de Mineração
Mapeando o futuro: Avanços
em Engenharia de Minas
Data: 11 a 15 de agosto
Local: Montreal, Canadá.
Informações e inscrições: www.
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analytica web
Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
www.anvisa.gov.br
Ipen - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
www.ipen.br
Abrabi - Associação Brasileira de Empresas de Biotecnologia
www.abrabi.org.br
Ital - Instituto de Tecnologia de Alimentos
www.ital.sp.gov.br
Abeq - Associação Brasileira de Engenharia Química
www.abeq.org.br
Itep - Instituto Tecnológico do Estado de Pernambuco
www.itep.br
Abifina: Associação Brasileira de Química Fina,
Biotecnologia e Suas Especialidades
www.abifina.org.br
Instituto Uniemp – Fórum Permanente das Relações UniversidadeEmpresa
www.uniemp.org.br
Abiquif: Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica
www.abiquif.org.br
International Institute for Environment and Development
www.iied.org
Abiquim - Associação Brasileira da Indústria Química
www.abiquim.org.br
International Mass Spectrometry Society
www.imss.nl
Abipti - Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica
www.abipti.org.br
International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC)
www.iupac.org
Anpei - Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento
e Engenharia das Empresas Inovadoras
www.anpei.org.br
Laboratório Thomsom de Espectrometria de Massa
http://thomson.iqm.unicamp.br
Capes
www.capes.gov.br
CTGas - Centro de Tecnologia do Gás
www.ctgas.com.br
CETEM - Centro de Tecnologia Mineral
www.cetem.gov.br
Conselho Regional de Química
www.crq4.org.br
Cromatography On-line
www.chromatographyonline.com
Dissolution Technologies
www.dissolutiontech.com
Embrapa
www.ctaa.embrapa.br
Finep – Financiadora de Estudos e Projetos
www.finep.org.br
Fundação Certi
www.certi.org.br
Fundação Osvaldo Cruz
www.fiocruz.br
HPLC Portal
www.hplcweb.com
Instituto Adolfo Lutz
www.ial.sp.gov.br
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
www.ibict.br
Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás
www.ibp.org.br
Instituto Butantan
www.butantan.gov.br
INT - Instituto Nacional de Tecnologia
www.int.gov.br
IPT - Instituto de Pesquisa Tecnológica
www.ipt.br
72
MicrobeLibrary
www.microbelibrary.org
Ministério da Ciência e Tecnologia
www.mct.gov.br
Petroleum Services Association of Canada
www.psac.ca
Portal das Análises
www.portaldasanalises.com.br
Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular
www.sbbq.org.br
Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos
www.sbcta.org.br
Sociedade Brasileira de Controle de Contaminação
www.sbcc.com.br
Sociedade Brasileira de Espectrometria de Massas
www.brmass.com.br
Sociedade Brasileira de Genética
www.sbg.org.br
Sociedade Brasileira de Microbiologia
www.sbmicrobiologia.org.br
Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise
www.sbmm.org.br
Sociedade Brasileira de Química
www.sbq.org.br
United State Pharmacopeia (USP)
www.usp.org
Discuta
Controle de Qualidade Físico-Químico e Microbiológico
[email protected]
Controle Biológico
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Fax: (11) 5539-7902
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www.bcq.com.br
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Qualidade Industrial
R. Benjamin Constant, 1491
75045-190. Anápolis. GO
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Merck Millipore
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Centro Industrial e Comercial de Alphaville
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Nova Analítica
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Revista Analytica • Dezembro 2012/Janeiro 2013 • Nº 62
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