SANTA CRUZ DO SUL DOM LEOMAR BRUSTOLIN MAIO DE 2015 Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” ????????????????????????????? ADEPTOS OU DISCÍPULOS DEVOÇÕES OU SEGUIMENTO PRÁTICA RELIGIOSA OU FÉ PASCAL FUNCIONÁRIO DO SAGRADO OU MISSIONÁRIO REFLEXÃO 1 O FUTURO DA PARÓQUIA E A COMUNIDADE 2 A INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ COMO FONTE DE RENOVAÇÃO DE TODA VIDA PAROQUIAL 3 ENFFRENTANDO RESISTÊNCIAS E ABRINDO CAMINHOS FONTES DA REFLEXÃO 2015-2019 O FUTURO DA PARÓQUIA E A COMUNIDADE Riscos e consequências de uma mudança de época constata-se o aumento progressivo do relativismo, a ausência de referências sólidas, o excesso de informações, a superficialidade, o desejo a qualquer custo de conforto e facilidades, a aceleração do tempo, trazendo desafios existenciais e produzindo incertezas, precariedade, insegurança, inquietação. (DGAE n.21) Tendências desafiadoras individualismo, o fundamentalismo e diversas formas de unilateralismos. A atual crise cultural atinge, de modo particular, a família. “Difunde-se a noção de que a pessoa livre e autônoma precisa se libertar da família, da religião e da sociedade”. Fortes ideologias apresentam, por exemplo, noções confusas da sexualidade, do matrimônio e da família. o laicismo militante, No campo social e econômico, Crescem as ofertas de felicidade, realização e sucesso pessoal, em detrimento do bem comum e da solidariedade. Os pobres são considerados supérfluos e descartáveis, “resíduos e sobras”. Economia caracterizada pela “negação da primazia do ser humano”, É uma “nova idolatria do dinheiro”, sustentada pela ideologia da autonomia absoluta dos mercados, comandada pela especulação financeira. (DGAE n.22) Em consequência, surgem práticas preocupantes de banalização da vida. (DGAE n.23) No âmbito religioso, forte pluralismo, fundamentalismo, emocionalismo e sentimentalismo. I reação contra a sociedade materialista, consumista e individualista, diante do racionalismo secularista a salvação em Cristo é apresentada como sinônimo de prosperidade material, saúde física e realização afetiva. corrente secularista : negação da transcendência, indiferença religiosa e generalização do relativismo. Diluição do sentido de pertença eclesial e do vínculo comunitário ( DGAE n.25) No âmbito católico um considerável número de pessoas se afasta da comunidade eclesial a persistência de uma pastoral de manutenção a compreensão da comunidade como mera prestadora de serviços religiosos a passividade do laicato a concentração do clero em determinadas áreas o mundanismo sob vestes espirituais e pastorais sinais de apegos a ‘vantagens e privilégios celebrações litúrgicas que tendem mais à exaltação da subjetividade do que à comunhão com o Mistério; a utilização de uma linguagem inadequada necessidade de encontrar uma nova figura de comunidade eclesial, acolhedora e missionária. (DGAE n.26) INTRODUÇÃO doc 100 A paróquia é referência para os batizados. Sua configuração social, entretanto, tem sofrido profundas alterações nos últimos tempos. Há dificuldades para que seus membros se sintam participantes de uma autêntica comunidade cristã. Cresce o desafio de renovar a paróquia em vista da sua missão. A PÁROQUIA “não é uma estrutura caduca, precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do pastor e da comunidade.” EG, 28 Novos cenários da fé e da religião Doc 100 vivência da fé na sociedade atual é geralmente exercida numa religiosidade não institucional e sem comunidade, mais ligada aos interesses pessoais. pluralismo liberta as pessoas de normas fixas, mas também as desorienta pela perda das referências fundamentais e gera fragmentação da vida e da cultura. Os meios de comunicação Doc 100 mudam hábitos e atitudes criam necessidades a partir de desejos e influenciaram no consumo e na religião. A internet é um território sem fronteiras que entra diretamente em todos os espaços Novos conceitos de espaço são gerados E os afastados? A missão Doc 100 algumas não conseguem atingir a maior parte das pessoas de sua jurisdição, em vista da grande população ou extensão territorial. Ainda lhes falta ampliar a ação evangelizadora fortalecendo pequenas comunidades que, juntas, formam a única comunidade paroquial. Vencer a mesmice! “A pastoral em chave missionária exige o abandono deste cômodo critério pastoral: ‘fez-se sempre assim’. Convido todos a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respectivas comunidades.” EG 33 Capelas fechadas Doc 100 Na fé cristã não há lugar para capelas fechadas, em forma de sociedade ou clube. Algumas têm diretorias e outras vivem em função de festas, almoços e bailes. Parecem mais um clube social que não tem como finalidade principal a evangelização. Cabe se questionar sobre a identidade de tais comunidades que se esforçam tanto para eventos e quase não há iniciativas missionárias. Falta a cultura da proximidade Doc 100 Há paróquias que projetam a imagem de uma Igreja distante, burocrática e sancionadora. Igualmente os planos pastorais diocesanos e paroquiais precisam ser mais evangélicos, comunitários, participativos, realistas e místicos. reuniões longas, encontros prolixos, metodologias sem interação. Há diferentes cenários de comunidade comunidade centrada no padre 2. Comunidade centrada em trabalhos pastorais e movimentos Comunidade de comunidades Revisão de estruturas obsoletas Doc 100 Cuidar demais das estruturas e da prática levou-nos a muitas formas de ativismo estéril. A primazia do fazer ofuscou o ser cristão. Há muita energia desperdiçada em manter estruturas que não respondem mais às inquietações atuais. O Documento de Aparecida propõe “abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favoreçam a transmissão da fé” Linguagem Somos chamados a anunciar Jesus Cristo em linguagem acessível e atual. Porém, o fazemos mediante abstrações e fórmulas, sem comunicar experiências de fé. Presos a conceitos de difícil compreensão, muitas vezes, não somos capazes de estabelecer relações entre a vida dos que creem e o Mistério de Deus. Novo ser paróquia doc 100 “O problema não está sempre no excesso de atividades, mas sobretudo nas atividades mal vividas, sem as motivações adequadas, sem uma espiritualidade que impregne a ação e a torne desejável.” Comunidade: casa dos cristãos A comunidade cristã é a experiência de Igreja que acontece ao redor da casa [domus ecclesiae]: “Paróquia: esta é a última localização da Igreja; é, em certo sentido, a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas.” É a Igreja que está onde as pessoas se encontram Paróquia é lar - casa 4.6.1 Casa da Palavra 4.6.2 Casa do pão 4.6.3 Casa da caridade – ágape A INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ COMO FONTE DE RENOVAÇÃO DE TODA VIDA PAROQUIAL 3.2. Igreja: casa da iniciação à vida cristã O estado permanente de missão implica uma efetiva iniciação à vida cristã. Cada tempo e lugar têm um modo característico de apresentar Jesus Cristo e suscitar nos corações o seguimento apaixonado à sua pessoa, que a todos convida para com Ele vincular-se intimamente (DGAE n.41) Catequese catecumenal Trata-se de uma catequese de inspiração catecumenal. A adesão que tal processo de inspiração catecumenal promove deve ser feita pela primeira vez, mas refeita, fortalecida e ratificada tantas vezes quantas o cotidiano exigir. Nossas comunidades precisam ser mistagógicas, lugar por excelência da catequese, preparadas para favorecer que o encontro com Jesus Cristo se faça e se refaça permanentemente. (n.43) Atitudes e estruturas Requer uma série de atitudes: acolhida, diálogo, partilha, escuta da Palavra de Deus e adesão à vida comunitária. Implica estruturas eclesiais apropriadas, nos mais diversos lugares e ambientes, sempre disponíveis a acolher, apresentar Jesus Cristo e dar as razões da nossa esperança (1Pd 3,15). (n.45) o lugar da liturgia, celebrada na comunidade dos fiéis, ocupa na ação missionária da Igreja e no seguimento de Jesus Cristo. Por isso, “nenhuma atividade pastoral pode se realizar sem referência à liturgia”. Enfim, ela, fonte de verdadeira alegria (At 2,46), tem um papel fundamental na missão evangelizadora da Igreja, na consolidação da comunidade cristã, e na formação dos discípulos missionários. (n.46) Referenciais Concílio Vaticano II: Ritual de Iniciação Cristã de Adultos 1972 (RICA) Catequese Renovada 1986 Diretório Geral para Catequese 1997 Diretório Nacional para Catequese 2006 Documento d e Aparecida Evangelli Gaudium A Palavra Catecumenato Estado de Catecúmeno Tempo de iniciação Catecúmeno = aquele que se prepara para receber o Batismo Catequese: fazer ecoar aos ouvidos Catecumenato é uma iniciação à fé cristã para ressoar a mensagem de Cristo na pessoa. A iniciação Cristã No início da Igreja,quem abraçava a fé devia percorrer um caminho em preparação à vida cristã. Era um processo progressivo que unia Catequese (instrução), Liturgia (Celebração) e Conversão (vivência da fé). Após um tempo de cerca de três anos a pessoa recebia na Vigília Pascal o Batismo, a Crisma e a Eucaristia. O processo de inspiração Catecumental QUERIGMA : Anúncio alegre e dinâmico das realidades principais de nossa fé: querigma (primeiro anúncio sobre Jesus Cristo, capaz de transformar a vida de quem acolhe a mensagem). Introdutores = padrinhos; acompanhamento personalizado. 1. 1. QUERIGMA: 1)Deus nos ama, mas 2) nosso pecado nos impede de acolher este amor, por isso ele 3)enviou seu Filho Jesus Cristo que morreu na cruz e ressuscitou e assim 4)nos salvou. 5) Jesus Cristo é a nossa vida, nossa alegria: Ele é tudo para nós. 6) O QUE JESUS FEZ POR MIM, PODE FAZER POR VOCÊ TAMBÉM . 2. PRÉ-CATECUMENATO SUPÕE OS INTRODUTORES 3.RITO DE ENTRADA NA CATEQUESE COMUNIDADE ENVOLVIDA 4. CATECUMENATO: Processo de conhecer mais a fé. Aprofundar a fé Creio Pai Nosso Celebrações da Palavra Entrega do Creio Entrega do Pai-Nosso CATEQUISTA 5. PURIFICAÇÃO: Quaresma, revisão de vida e escrutínios e exorcismos. Conversão e mudança de vida (em comunidade) 6. CELEBRAÇÃO DOS SACRAMENTOS: Vigília Pascal. Vivência de acolhida do mistério com a comunidade 7. MISTAGOGIA: Tempo Pascal até Pentecostes: viver a Páscoa. Conduzir ao mistério. QUESTÕES PASTORAIS Trabalho personalizado ( desafio, pois trabalhamos mais rebanho do que ovelhas) Acolher melhor as pessoas nas suas angústias e esperanças Acolher o adulto sem idealizá-lo, perceber suas dificuldades ( seus ritmos de trabalho, estudo e família) Propor um itinerário de iniciação e não de sacramentalização ( mesmo que a demanda seja pelo sacramento_) Aceitar a dinâmica do caminho QUESTÕES PASTORAIS Rever as celebrações litúrgicas: devem ser mais mistagógicas Acreditar no pequeno grupo, resultados pequenos mas sólidos Envolver 0 catecúmeno/catequisando para viver em comunidade ( não apenas par atuar numa pastoral) QUESTÕES PASTORAIS Ministério do Introdutor, acompanhante, padrinho. Formar catequistas de acordo com o método catecumenal, com os conteúdos do CREIO e do PAI NOSSO e com didática Envolver a comunidade integralmente FUNDAMENTO: Leitura Orante da Bíblia RICA Em 6 de janeiro de 1972, foi promulgado o Ritual de iniciação cristã de adultos (RICA), que se configura como um específico e completo itinerário de iniciação. O RICA, herdeiro da reflexão do Concílio, assume a iniciação como um itinerário de fé que começa no catecumenato e culmina na participação do mistério da fé celebrado nos sacramentos da vigília pascal. catecumenato O catecumenato é tomado não como uma escola, mas como uma iniciação de discípulos que descobrem um caminho, por isso contempla o primeiro anúncio. QUERIGMA DISCIPULADO A formação catecumenal, mais do que ser doutrinária é enfocada como discipulado, cuja característica principal consiste em adquirir um modo de ser e de viver consoante ao de Jesus. É preciso escutá-lo, viver em comunidade e cumprir o mandamento fundamental: amar a Deus e ao próximo. Método: vida, catequese e liturgia A metodologia combina três componentes fundamentais e proporciona aos catecúmenos serem iniciados/introduzidos: • Por uma catequese apropriada, disposta em etapas, relacionada com o ano litúrgico e apoiada nas celebrações da Palavra, os catecúmenos chegam à íntima percepção do mistério da salvação. Método... A partir das disposições interiores manifestadas durante o catecumenato, os candidatos adquirem a maturidade espiritual; graças aos ritos litúrgicos, purificam-se pouco a pouco e conservam-se pelas bênçãos divinas. A relação anúncio do anúncio, celebração e vivência do mistêrio, ressalta a unidade que se dá entre celebração da fé e vivência cristã. Sacramentos de Iniciação: batismo, crisma e eucaristia O RICA repropõe o lugar e o sentido tradicional do sacramento de iniciação. O ritual tem a tríplice finalidade: significar de unidade maneira nova a da iniciação, marcar ritualmente os tempos do catecumenato e sublinhar o caráter pascal do batismo. O eixo de sentido do processo de iniciação é dado pela celebração sacramental, não isoladamente, mas como ápice de toda a tarefa evangelizadora. Ritos preparatórios Todo o processo preparatório, em sua fase catecumenal e de purificação, converge para a recepção sacramental, as bênçãos, os exorcismos menores, como também aqueles relacionados aos escrutínios pedem a purificação e o crescimento do indivíduo para que possa receber os sacramentos e os seus frutos pela misericórdia do Pai. Quaresma, vigília e Páscoa Os sacramentos são um ponto de chegada da preparação do cristão, mas eles constituem também o ponto de partida para o maior aprofundamento. A índole pascal, a Vigília Pascal, centro da liturgia cristã, com sua espiritualidade batismal será o ápice desse processo, preparada com seus quarenta dias de teor penitencial. O processo ainda contempla o caminho de aprofundamento da experiência sacramental e da progressiva inserção em Cristo e na Igreja nos cinquenta dias de alegria pascal. Linguagem Entendemos por iniciação cristã, todo o processo que percorre o candidato para ser cristão. Este tem uma fase inicial catecumenal, culmina na participação do mistério de fé celebrado nos sacramentos do batismo, confirmação e eucaristia e tem uma fase posterior, chamada mistagogia. O catecumenato é apenas uma fase do processo. Ainda sobre a linguagem O batismo, mesmo sem um processo de fé, inicia a criança. Ao ser batizada na infância, a pessoa já foi iniciada, uma vez que recebeu a luz da fé de forma infusa; resta completar a iniciação com a recepção dos outros dois sacramentos e submeter-se à conversão do período catecumenal. catequizandos Assim, não consideramos exatas as expressões: “batizado, mas não iniciado”; ou “reiniciar os batizados”; ou então, chamar de “catecúmeno” quem já foi batizado e, portanto, é cristão. Nesses casos é mais apropriado dizer: “completar a iniciação dos batizados” ou “batizados não evangelizados”. Método mistagógico A iniciação nos mistérios, é um método largamente utilizado pelos Padres da Igreja: é“um ensinamento organizado para fazer entender aquilo que os sacramentos significam para a vida, mas que supõe a iluminação da fé que brota dos sacramentos; aquilo que se aprende na celebração ritual dos sacramentos e aquilo que se aprende vivendo de acordo com o que os sacramentos significam para a vida”. 3 elementos do método a interpretação dos ritos sacramentais celebrados à luz da história da salvação (o que aconteceu no Primeiro Testamento torna-se plena realidade em Cristo); a valorização dos sinais sacramentais (água, óleo, pão...) que possibilitam a introdução dos fiéis no mistério celebrado; a abertura que o fiel deve manifestar para as tarefas eclesiais e de transformação do mundo como expressão da nova vida em Cristo. Mistagogia na catequese Voltemos a uma catequese que privilegie o uso de símbolos, assim como estes são celebrados no culto litúrgico. Do contrário, todo sinal ou simbologia indiscriminadamente terá lugar na catequese, porém, o catequizando não encontrará elementos para fazer a ligação com o gesto propriamente litúrgico e a celebração continuará enigmática, algo especializado e fastidioso. A educação dos gestos e dos símbolos empregados na liturgia leva-nos a valorizar o significado do rito celebrado. Um bom método é partir do sentido antropológico daquele sinal (do significado corriqueiro e cotidiano), em um segundo nível notar como este aparece na bíblia e depois analisar o significado que adquire ao ser usado na celebração. Destes três níveis chegamos a um quarto: extraímos o compromisso cristão que o mesmo rito anuncia, celebra para suscitar a fé vivida. Formar discípulos e missionários Vemos que o catecumenato adquire feições próprias de um discipulado, do seguimento de Cristo e consegue, assim, superar a histórica barreira da catequese concebida unicamente como doutrina e da liturgia como ato devocional ou cumprimento do dever de religião. O objetivo é um só: ser configurado no mistério da páscoa de Cristo. TEMPOS E ETAPAS ENFRENTANDO RESISTÊNCIAS E ABRINDO CAMINHOS Doc100 início do capítulo 6 É preciso recuperar o primado de Deus e o lugar do Espírito Santo em nossa ação evangelizadora, pois “nunca será possível haver evangelização sem a ação do Espírito Santo”. Conversões doc 100 A conversão pessoal e a pastoral andam juntas, pois se fundam na experiência de Deus realizada por pessoas e comunidades. “Temos consciência de que a transformação das estruturas é uma expressão externa da conversão interior. Sabemos que esta conversão começa por nós mesmos. Sem o testemunho de uma Igreja convertida, vãs seriam nossas palavras de pastores.” ( Puebla) Conversão para a missão doc 100 A paróquia missionária há de ocupar-se menos com detalhes secundários da vida paroquial e focar-se mais no que realmente propõe o Evangelho. A conversão e a revisão das estruturas não se realizam para modernizar a Igreja, mas para buscar maior fidelidade ao que Jesus quer da sua comunidade. É exigência da missão a renovação dos costumes, estilos, horários e linguagem. 4.2. Igreja: casa da iniciação à vida cristã um processo de iniciação à vida cristã, que conduza ao “encontro pessoal com Jesus Cristo”, no cultivo da amizade com Ele pela oração, no apreço pela celebração litúrgica, na experiência comunitária e no compromisso apostólico, mediante um permanente serviço ao próximo. (DGAE n.83) Capítulo 5 - doc 100 SUJEITOS E TAREFAS DA CONVERSÃO PAROQUIAL Na renovação paroquial, todos estão envolvidos em diferentes tarefas. O fortalecimento das comunidades supõe a multiplicação de ministérios e serviços dos discípulos e discípulas missionários. 5.1 Os bispos Os bispos serão os primeiros a fomentar, em toda a diocese, a conversão pastoral das paróquias. Eles são os responsáveis por desencadear o processo de renovação das comunidades, especialmente na missão com os afastados, chamados a fazer da Igreja casa e escola de comunhão 5.2 Os presbíteros Todo presbítero é chamado a ser padre-pastor, dedicado, generoso, acolhedor e aberto ao serviço na comunidade. Há, contudo, uma sobrecarga de múltiplas tarefas assumidas, especialmente pelos párocos, impostas ou solicitadas pelo bem da comunidade A conversão pastoral da paróquia depende muito da postura do presbítero na comunidade. Será fundamental acolher bem as pessoas, exercer sua paternidade espiritual sem distinções, renovando sua espiritualidade para ajudar tantos irmãos e irmãs que buscam a paróquia. Desse modo estará mais disponível para ir ao encontro de tantos sofredores que nem sempre são bem acolhidos na sociedade e na comunidade eclesial. 5.3 Os diáconos permanentes Aparecida sugere que os diáconos permanentes, acompanhem “a formação de novas comunidades eclesiais, especialmente nas fronteiras geográficas e culturais, aonde ordinariamente não chega a ação evangelizadora da Igreja a conversão paroquial supõe oportunamente a atuação de diáconos permanentes, preferencialmente se eles estiverem morando nessas comunidades urbanas ou rurais. 5.4 Os consagrados Reconhece-se o importante papel dos consagrados e consagradas que desenvolvem seu apostolado nas paróquias, comprometidos diretamente com a ação pastoral, de acordo com seus carismas. Atuem em plena comunhão pastoral com a Igreja Particular, evitando toda ação paralela. Suas promoções vocacionais, seu trabalho em hospitais e escolas e suas diferentes atuações devem estar alinhados com a diocese, para que o vínculo da comunhão seja mantido. Tal vínculo não é apenas jurídico, mas, especialmente, pastoral e missionário. 5.5 Os leigos “A sua ação dentro das comunidades eclesiais é tão necessária que, sem ela, o próprio apostolado dos pastores não pode conseguir, na maior parte das vezes, todo o seu efeito.” é urgente desencadear um processo integral de formação, que seja programada, sistemática e não meramente ocasional, considerando especialmente a Doutrina Social da Igreja. Assim leigos e leigas se compreenderão como sujeitos da comunhão eclesial e engajados na missão. 5.5.1 A família : Nas paróquias participam pessoas unidas sem o vínculo sacramental, outras estão numa segunda união, e há aquelas que vivem sozinhas sustentando os filhos. 5.5.2 As mulheres A Evangelii Gaudium insiste que a presença das mulheres deve ser garantida nos diversos âmbitos onde se tomam as decisões importantes na Igreja e na sociedade 5.5.3 Os jovens Trata-se de fazer uma opção afetiva e efetiva pelos jovens, considerando suas potencialidades. Para isso, é importante garantir espaços adequados para eles nas paróquias, com atividades, metodologias e linguagem próprias, assegurando a participação e o engajamento comunitário. 5.5.4 Os idosos Nas comunidades encontram-se muitos idosos que participam da vida paroquial. Nem sempre eles são escutados em suas preocupações. 5.6 Comunidades Eclesiais de Base Elas “trazem um novo ardor evangelizador e uma capacidade de diálogo com o mundo que renovam a Igreja”, mas para isso é preciso que elas “não percam o contato com esta realidade muito rica da paróquia local. “Mantendo-se em comunhão com seu bispo, e inserindo-se no projeto da pastoral diocesana, as CEBs se convertem em sinal de vitalidade na Igreja Particular. 5.7 Movimentos e associações de fiéis Os movimentos e associações de fiéis, por terem organização supradiocesana, muitas vezes, recebem orientações independentes da diocese, e não raras vezes surgem desconfortos nas suas relações com as paróquias e as comunidades. Tais grupos têm direito de reivindicar sua presença nas dioceses, mas alguns têm receio de que o plano de pastoral lhes prive do carisma especifico. “movimentos e associações não podem colocar-se no mesmo plano das comunidades paroquiais como possíveis alternativas. Ao contrário, têm o dever de serviço na paróquia e na Igreja particular. E é nesse serviço que é dado na estrutura paroquial ou diocesana que se revelará a validade das respectivas experiências no interior dos movimentos e associações.” Critérios não uma catequese ocasional, como preparação para receber algum sacramento, mas continuada. Isso implica melhor formação dos responsáveis um itinerário catequético permanente, assumido pela Igreja Particular que não se limite a uma formação doutrinal, mas integral. (DGAE n.84) Considerar A inspiração catecumenal implica em uma estreita relação entre Bíblia e catequese. Essa mesma inspiração implica, também, uma estreita relação entre a catequese e a liturgia. A catequese assume o caráter de eco do mistério experimentado e vivenciado na liturgia e se abre para a missão (DGAE n.85-86) Catequese e liturgia animar a vida litúrgica de uma comunidade supõe: formar permanentemente a assembleia litúrgica, dedicando especial atenção aos ministros ordenados e às equipes de celebração; preparar as celebrações, respeitando-se as partes que compõem o rito; realizar com dignidade e competência as ações celebrativas; avaliar a preparação e a realização em busca do crescimento na qualidade das celebrações. (DGAE n.87) Formar discípulos A formação dos discípulos missionários precisa articular fé e vida e integrar cinco aspectos fundamentais: o encontro com Jesus Cristo, a conversão, o discipulado, a comunhão, a missão. (DGAE n.91) O processo formativo se constitui em alimento da vida cristã e precisa estar voltado para a missão, que se concretiza no anúncio explícito de Jesus Cristo, vida plena, para todos, em especial para os pobres. A formação não se reduz a cursos. Ela integra a vivência comunitária, a participação em celebrações e encontros, a interação com os meios de comunicação, a inserção nas diferentes atividades pastorais e espaços de capacitação, movimentos e associações. (DGAE n.91) Nova formação “É preciso ter a coragem de levar a fundo uma revisão das estruturas de formação e preparação do clero e do laicato da Igreja que está no Brasil. Não é suficiente uma vaga prioridade da formação, nem documentos ou encontros. Faz falta a sabedoria prática de levantar estruturas duradouras de preparação em âmbito local, regional, nacional e que sejam o verdadeiro coração para o Episcopado, sem poupar forças, solicitude e assistência. A situação atual exige uma formação qualificada em todos os níveis”. PAPA FRANCISCO. 4.3. Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral Seus principais objetivos são: propiciar meios de aproximação das pessoas à Palavra de Deus, para conhecê-la e interpretá-la corretamente; entrar em comunhão e com a Palavra de Deus por meio da oração; evangelizar e proclamá-la como fonte de vida em abundância para todos. (DGAEn.93) Homilia Especial atenção merece a homilia que atualiza a mensagem da Bíblia de tal modo que os fiéis sejam levados a descobrir a presença e a eficácia da Palavra de Deus, no momento atual de sua vida. Ela pode ser “uma experiência intensa e feliz do Espírito, um consolador encontro com a Palavra, uma fonte constante de renovação e crescimento” (DGAE n.95) Sugere-se sejam criadas e fortalecidas equipes de animação bíblica da pastoral. a necessidade de que as pessoas possuam a Bíblia. É necessário ajudar a ler e interpretar corretamente a Escritura, Merece destaque a leitura orante, que favorece o encontro pessoal com Jesus Cristo, o Verbo de Deus (n.96-98) utilizar o espaço “dos novos meios de comunicação social, especialmente a internet com inúmeras redes sociais, que constituem um novo fórum onde fazer ressoar o Evangelho” (DGAE n.100) instituição de ministros e ministras da Palavra e à sua formação continuada (DGAE n.101) 6.1 Comunidades da comunidade paroquial A grande comunidade, praticamente impossibilitada de manter os vínculos humanos e sociais entre todos, pode ser setorizada em grupos menores. A paróquia descentraliza seu atendimento e favorece o aumento de líderes e ministros leigos e vai ao encontro dos afastados. A setorização é um meio. Não basta a demarcação de territórios, é preciso identificar quem vai pastorear, animar e coordenar as pequenas comunidades. Sem essa preparação, a simples setorização não renova a vida paroquial. 6.2 Acolhida e vida fraterna A missão que se impõe às comunidades paroquiais é rever o relacionamento humano que nelas se estabelece. A alegria, o perdão, o amor mútuo, o diálogo e a correção fraterna são apenas alguns indicativos para essa revisão. Não será possível acolher os afastados se aqueles que estão na comunidade vivem se desencontrando. 6.3 Iniciação à vida cristã Para que as comunidades sejam renovadas, devem ser casa de Iniciação à vida cristã, onde a catequese há de ser uma prioridade. Um novo olhar permitirá uma nova prática. A catequese, como iniciação à vida cristã, ainda é desconhecida em muitas comunidades. Um dos grandes desafios da pastoral paroquial é fazer com que os membros das comunidades cristãs percebam o estreito vínculo que há entre Batismo, Confirmação e Eucaristia. Só haverá revitalização das comunidades com uma catequese centrada na Palavra de Deus, expressão maior da animação bíblica da pastoral. 6.4 Leitura Orante da Palavra Sendo Casa da Palavra, a paróquia há de promover uma nova evangelização. Muitos paroquianos ainda não se familiarizaram com a Bíblia. A Palavra é saboreada na experiência comunitária da Leitura Orante. 6.5 Liturgia e espiritualidade Após o Concílio Vaticano II, nas celebrações litúrgicas buscou-se maior participação da assembleia. Entretanto, algumas experiências têm mostrado que às vezes se fala demais e se reza pouco. Corre-se o risco de algumas celebrações serem realizadas sem a espiritualidade devida. Tanto os ministros ordenados quanto as equipes de liturgia precisam vivenciar o que celebram. 6.6 Caridade As comunidades da paróquia precisarão acolher a todos, em especial os moralmente perdidos e os socialmente excluídos, Sem dispensar as muitas iniciativas já existentes na prática da caridade, as paróquias precisam acolher fraternalmente todos: Dependentes químicos, migrantes, desempregados, dementes, moradores de rua, sem-terras, soropositivos, doentes e idosos abandonados 6.7 Conselhos, organização paroquial e manutenção . O Conselho de Assuntos Econômicos também é determinante para a administração dos bens, manutenção e planejamento financeiro da paróquia. Esses conselhos são organismos de participação do laicato. Do Conselho de Pastoral Paroquial deve fazer parte o coordenador do Conselho de Assuntos Econômicos. Álcool Algumas iniciativas não são fáceis de ser aplicadas, mas são urgentes. Uma delas é evitar a comercialização e o consumo de álcool nos espaços da comunidade. Especialmente nas festas dos padroeiros e outros eventos religiosos, a venda de bebida alcoólica contrasta com os programas de defesa da vida e combate à drogadição que a Igreja promove. Uma das drogas mais ameaçadoras da sociedade é o álcool. Entretanto, algumas paróquias, em razão de questões financeiras, culturais ou porque “sempre foi assim”, caem nessa contradição grave. Será preciso encontrar saídas alternativas para a manutenção da comunidade, como a partilha do dízimo. É urgente a conversão das comunidades paroquiais para evitar o contratestemunho de promover o consumo de álcool em quermesses ou outras DÍZIMO Há paróquias que já avançaram na organização do dízimo, outras estão formando a consciência dessa participação. É muito importante, porém, que a implantação do dízimo garanta o seu sentido comunitário: “Deus ama a quem dá com alegria” (2Cor 9,7). É a alegria de doar com liberdade e consciência de ser um sinal de partilha. PARTILHA Evite-se, entretanto, o sentido de taxa ou mensalidade e a ideia de retribuição, segundo a qual é preciso doar para receber a bênção. Igualmente cuide-se para não exagerar nas campanhas de conscientização que muitas vezes causam reação negativa, especialmente entre aqueles que estão afastados da comunidade eclesial. A participação financeira na partilha de recursos com a comunidade paroquial deverá ser um processo desencadeado pelas pequenas comunidades que formam seus discípulos missionários. Conselhos . O Conselho de Assuntos Econômicos também é determinante para a administração dos bens, manutenção e planejamento financeiro da paróquia. Esses conselhos são organismos de participação do laicato. Do Conselho de Pastoral Paroquial deve fazer parte o coordenador do Conselho de Assuntos Econômicos. PARTICIPAÇÃO A sociedade atual vive na interatividade. As pessoas participam, opinam e se posicionam sobre diferentes realidades do mundo. A conversão pastoral supõe considerar a importância dos processos participativos de todos os membros da comunidade paroquial. Para desencadear essa participação, é preciso estimular o funcionamento do Conselho de Pastoral Paroquial Sintonia É necessário, contudo, haver concordância entre o Conselho Pastoral Paroquial e o Conselho de Assuntos Econômicos. Para isso, ambos os conselhos precisam ser formados por discípulos missionários, pessoas que participam ativamente da vida da Igreja. Especialmente o Conselho de Assuntos Econômicos não pode ser uma “diretoria” ocupada apenas com construções e reformas. Os leigos precisam ser apoiados financeiramente em suas comunidades, seja para a realização de cursos e encontros, seja para manter a unidade com a diocese, seja para aprofundar o conhecimento de seu serviço e pastoral. Nova mentalidade Para superar uma mentalidade que reduz a administração à manutenção e construção de bens materiais é preciso proporcionar formação específica para os membros do conselho de assuntos econômicos. As decisões sobre reformas e construções, e o investimento a ser feito na pastoral, na missão e na formação de pessoas da comunidade será de responsabilidade do Conselho de Pastoral Paroquial e sua execução caberá ao Conselho de Assuntos Econômicos 6.13 Sair em missão É urgente ir ao encontro daqueles que se afastaram da comunidade ou dos que a concebem apenas como uma referência para serviços religiosos. Ocasião especial para acolher os afastados pode ser a preparação de pais e padrinhos para o Batismo, a preparação de noivos para o Sacramento do Matrimônio, as Exéquias e a formação de pais de crianças e jovens da catequese. Todas essas situações supõem um olhar menos julgador e mais acolhedor, para receber aqueles que buscam a comunidade pensando apenas no sacramento. 6.14 Breve conclusão Para que a paróquia se converta em comunidade de comunidades, será preciso manter algumas características fundamentais: a) formar pequenas comunidades a partir do anúncio querigmático, unidas pela fé, esperança e caridade; b) meditar a Palavra de Deus pela Leitura Orante; c) celebrar a Eucaristia, unindo as comunidades da Paróquia; d) organizar retiros; E) estabelecer o Conselho de Pastoral Paroquial e o Conselho de Assuntos Econômicos, garantindo a comunhão e participação; f) valorizar o laicato e incentivar a formação para os ministérios leigos; g) acolher a todos, especialmente os afastados, atraindo para a vida em comunidade, expressão da missão;162 h) viver a caridade e fazer a opção preferencial pelos pobres; i) estimular que a igreja matriz e as demais igrejas da paróquia tornem-se centros de irradiação e animação da fé e da espiritualidade; maior atenção aos condomínios e conjuntos de residências populares; k) garantir a comunhão com a totalidade da diocese;163 l) utilizar os recursos da mídia e as novas formas de comunicação e relacionamento; m) ser uma Igreja “em saída missionária”. Refletir Quais as urgências e encaminhamentos que devemos identificar para ocorrer um processo de renovação da catequese e da comunidade? MUITO OBRIGADO Dom Leomar Brustolin [email protected]