O PROGRAMA
PROGRAMA PROPÕE INOVAÇÕES A
PARTIR DO OLHAR ITALIANO
APLICAÇÕES DE
CONHECIMENTOS
LIDERANÇAS DE TODO O PAÍS DESTACAM
SINERGIA E VIVÊNCIAS
INOVAÇÕES
O DESAFIO DE CONCRETIZAR
MUDANÇAS E OPORTUNIDADES
Ed. 2 • Ano 2 Nº 2 • Abr./2015
CONHECIMENTOS QUE PODEM
REVOLUCIONAR
OS PEQUENOS NEGÓCIOS BRASILEIROS
©2015. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – Sebrae
Università Cattolica del Sacro Cuore (UCSC)
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desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos
direitos autorais (Lei n.° 9.610).
INFORMAÇÕES E CONTATOS
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
– Sebrae
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Presidente do Conselho Deliberativo Nacional
Robson Andrade
Diretor-Presidente
Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
Diretora-Técnica
Heloisa Regina Guimarães de Menezes
Diretor de Administração e Finanças
José Claudio dos Santos
Gerente da Unidade Universidade Corporativa Sebrae
Alzira de Fátima Vieira
Gerente-Adjunto da Unidade Universidade Corporativa Sebrae
Paulo Roberto de Melo Volker
REVISTA EXPERIÊNCIAS DE HOJE INOVAÇÕES DE AMANHÃ
Coordenação editorial
Mara Sonia Bauer e Paulo Roberto de Melo Volker
Consultoria de criação e desenvolvimento de metodologia
Monclair Cammarota e Veronica Marques
Editorial
4
Brasil e Itália múltiplos olhares
Artigo
5
Programa de Desenvolvimento
de Lideranças do Sebrae
Programa
6
Conhecimentos para mudar
pequenos negócios
7
O Programa em pauta
11 Amplitudes real e virtual
13 Soluções europeias
Consultoria de edição final de textos
Verônica Marques
15 Visitas técnicas apresentam
negócios italianos
ISSN 2359-4268
21 O programa, a viagem e você
Colaboradores desta publicação:
Alex Silva de Brito / Ana Lúcia de Araújo Lima / André Silva
Spínola / Arestides Bezerra Minervino / Ary Ferreira Junior /
Carlos Alberto de Freitas / Carlos Henderson Tavares Cardoso
/ Carlos José Dias / Carlos Raimundo dos Santos / Célio José
Vieira de Moura / César Reinaldo Rissete / Danilo Lisboa Borges
/ Débora de Aragão Mendonça / Eduardo Jesus Alcântara Filho /
Elaine Maria de Moura Souza / Élcio de Lima Nunes / Eligeneth
Resplande Pimentel / Elizabeth Amélia Monteiro / Enio Albérto
Parmeggiani / Etel Tomaz / Fabiana Gizele Moreira da Costa
/ Fábio Krieger Lopes Reis / Fábio Ravazi Gerlach / Fabrício
César Fernandes / Flávia Roberta Pacheco Donato Bossonaro
/ Flávia Rosa Santos Silva / Francisco Marcelino Fontes Costa
/ Inês Schwingel / Ivan Constant Filho / José Carlos Arruda de
Bessa / José Melquiades Neto / José Ricardo Castelo Campos
/ Juarez Ferreira de Paula Filho / Jussara Siqueira Leite / Kelly
Cristina Valadares de Pinho Sanches / Liane Klein / Lindeti Góes
Ferreira /Lorena Roosevelt de Lima Alves / Luiz Carlos da Silva
/ Marcus Antonio de Souza Lima / Maria de Fátima dos Santos
/ Maria do Socorro Corrêa da Silva / Maria do Socorro Gomes de
Figueiredo / Maria Lucélia Sousa Barros / Mirela Luiza Malvestiti
/ Mirna Vaz da Rocha / Nádia Jaciara Aguiar Castro / Nuberlânia
Ribeiro Batista / Ricardo Wargas de Faria / Richard Batista Maia
/ Roberto Faria Santos Filho / Roberto Tavares Albuquerque /
Rogério Cerqueira Teixeira / Sandra Amarilha / Sandro Rossi de
Carvalho / Sérgio Augusto Monturil de Carvalho / Soraya Neves
de Menezes / Vanessa Gouveia Leite / Vera Helena Lopes /
Viviane Ferran / Volmir José Contreira
Crédito das fotos: colaboradores participantes do curso / Gilmar
Félix / Charles Damasceno / Lucio Bezze
Todos os textos são resultados do Programa Internacional
de Desenvolvimento de Lideranças do Sistema Sebrae,
realizado em Milão, Itália, ao longo de 2014, em parceria
com a Università Cattolica del Sacro Cuore (UCSC) – ALTIS,
Postgraduate Scholl Business & Society.
APLICAÇÃO DE conhecimentos
27 Conhecimentos que extrapolam
muros
30 Comparativo de olhares entre
países
34 Redes de conhecimentos
articulados
38 Conhecimentos que se
transformam em ações
INOVAção
42 Inovações italianas
45 Conhecimentos que engrandecem
a atuação do Sebrae
48 Inovações para pequenos
negócios
51 Inovações em tempo de espera
Editorial
BRASIL
E ITÁLIA
MÚLTIPLOS OLHARES
V
ocê está recebendo o segundo número da Revista ”Experiências de Hoje – Inovações do Amanhã”, criada com o propósito de compartilhar os conhecimentos
e as experiências adquiridas pelos Gerentes do Sistema Sebrae,
que participaram do Programa Internacional de Desenvolvimento de Lideranças.
Esta edição terá como foco os registros e aprendizados dos
participantes durante a terceira etapa do Programa, realizada na
Itália, oportunidade em que viram, na prática, a aplicação dos conceitos adquiridos nas etapas anteriores.
Os relatos retratam a percepção do grupo, construída a partir
das diversas apresentações feitas por autoridades e empresários
italianos, que focaram suas abordagens na realidade dos pequenos negócios na Itália e na Europa, e das visitas técnicas realizadas nas seguintes localidades:
Latteria Soresina e Consorzio Grana Padano; Centro Tessile
Serico; Copan Italia SPA; Polo tecnologico della cosmesi;
Consorzio del Parmigiano Reggiano; Agricoltori Riuniti Piacentini;
Sistema Moda Italia; Kilometro Rosso; Molteni & C e Distretto di
Lumezzane.
A riqueza dos relatos e das vivências permitiu ao grupo fazer
registros de ações possíveis de serem absorvidas, ou adaptadas
pelas suas realidades, ao retornarem ao Brasil. Como resultado,
espera-se que iniciativas como o Programa Internacional de Desenvolvimento de Lideranças forneçam subsídios para que o corpo gerencial possa atender cada vez melhor o público-alvo do
Sebrae e, ainda, que haja um transbordamento dessas informações para uma quantidade não calculada de pessoas que se interessarem pela leitura. Aproveitem!
4 | experiências de hoje inovações de amanhã
ARTIGO
PROGRAMA DE
DESENVOLVIMENTO
DE LIDERANÇAS
DO SEBRAE
O líder como catalisador
das transformações
A
Universidade Corporativa Sebrae foi criada
com a missão de promover um ambiente
de aprendizagem para o desenvolvimento de
competências dos colaboradores internos e externos,
contribuindo para o alcance dos resultados do
Sebrae com os Pequenos Negócios.
Sem descuidar dos demais públicos, em 2012 a UCSebrae
priorizou as lideranças do Sistema Sebrae em suas ações de
formação visando conquistar o engajamento dos líderes em relação ao seu papel educador e como agentes de disseminação, consolidação e transformação da cultura da instituição.
Esse contexto desencadeou o desenho de um Programa de Desenvolvimento de Lideranças que estabeleceu como premissas de aprendizagem a reflexão teórica das práticas, a integração dos pares como
fonte mobilizadora e a disseminação desse aprendizado para suas
equipes, de maneira a aproveitar a sinergia existente entre projetos
e áreas, objetivando sempre a melhoria quantitativa e qualitativa
dos resultados e do clima organizacional.
Esse programa, portanto, reconhece as lideranças da instituição como público fundamental para ações de desenvolvimento, dado que são essas lideranças que mobilizam o
capital humano da organização para o alcance dos objetivos estratégicos da instituição.
Considerando os aspectos apresentados, a parceria com a Universidade Católica de Milão ampliou os
horizontes e as possibilidades de intercâmbio das lideranças do Sebrae com especialistas europeus,
abrindo uma janela de oportunidades para a vivência de experiências internacionais e para a reflexão
teórica das práticas em temas estratégicos para o
Sebrae.
experiências de hoje inovações de amanhã | 5
PROGRAMA
CONHECIMENTOS PARA MUDAR
PEQUENOS NEGÓCIOS
O Programa Internacional para Desenvolvimento de
Lideranças do Sistema Sebrae reuniu representantes de
todas as regiões brasileiras. Foram diversos meses de
aprendizado que reuniram momentos de formação on-line,
intercâmbio na sede da Universidade Corporativa em Brasília,
apresentações de professores internacionais, vivências em
território italiano e a construção colaborativa de pontes
sinérgicas de conhecimento e atuação local e nacional.
Veja alguns números do Programa:
1
9
semana de
vivências
internacionais
na Itália
1
semana de curso
presencial em Brasília
ministrado por
docentes
europeus
C
onjunto
de videoaulas, vídeos
de estudos de caso,
entrevistas, propostas
de leitura e exercícios
interativos
empresas italianas
visitadas
20h
de Educação a
Distância (EAD),
organizadas em 8
unidades didáticas (UD)
2
edições da revista
Experiências de
Hoje – Inovações de
Amanhã criadas
6
meses de
participação
no Programa
70
gestores, incluindo
gerentes da capital,
dos escritórios
regionais e do
Sebrae Nacitonal
O PROGRAMA
EM PAUTA
Gerentes destacam
o valor continuado
gerado pela iniciativa
A
multiplicidade de sotaques,
formatos e informações foi
uma das características marcantes do Programa Internacional
para o Desenvolvimento de Lideranças do Sistema Sebrae. A iniciativa
reuniu 70 gestores em etapas que somaram formação à distância, curso
presencial de cinco dias em Brasília
e vivências práticas em Milão, na Itália.
Além de trazer novos conhecimentos
e experiências profissionais, o curso foi responsável pela promoção de
mudanças e pela abertura de novos
horizontes na vida dos gerentes.
”Foi uma experiência única, pois
pude adquirir novos conhecimentos
e discutir alternativas para melhorar a gestão e a competitividade das
empresas brasileiras. Voltei com um
gostinho de quero mais, mais aprendizagem, mais cultura, mais disposto a me dedicar nos cursos de línguas,
mais e mais”, destaca o gerente do
Sebrae AL, Arestides Bezerra Minervino.
Para a gestora do Sebrae PE, Maria Lucélia Sousa Barros, as três fases
do Programa constituíram importante
instrumento de aprendizado, conciliando teoria, conteúdo e prática, além de
ampliar conhecimentos valiosos para a
aplicação prática das pequenas empresas no estado de Pernambuco.
”O sentimento é de gratidão e
agradecimento ao Sebrae que entende que o sucesso de uma organização em termos de resultados tem
fundamento na qualidade dos seus
recursos humanos para tratar o presente e edificar o futuro. Horizontes
ampliados, é chegada a hora de implementar o que é factível e apropriado à realidade dos pequenos
negócios no Brasil”, ressalta.
Depois das atividades
em EaD, os gestores se
reuniram em Brasília
CONHECIMENTOS
TÉCNICOS E EMPRESARIAIS
Um dos pontos altos do Programa foi permitir a troca de experiências
em diversos momentos, não somente
com os professores que ministraram
as etapas conceituais, como os empresários italianos e os próprios gestores dos diversos estados, que tiveram
a oportunidade de criar novos vínculos
e estabelecer outros olhares de parcerias estratégicas.
”O Programa possibilitou rica agregação de conhecimentos. Como ponto forte, destaco o fato de proporcionar
a troca de experiência, relacionamento
entre colegas de outros estados, experiência internacional e imersão em temas efetivamente úteis e aplicáveis
em nosso dia a dia, trazendo uma visão inovadora e diferente de empreender”, afirma o gestor do Sebrae BA, Alex
Silva de Brito.
A iniciativa também potencializou o desenvolvimento de novos
experiências de hoje inovações de amanhã | 7
Programa
referenciais de atendimento, permitindo que as lideranças do Sebrae pudessem vislumbrar outros cenários
de oportunidade e inserção em níveis
locais e nacionais, além do aprimoramento das estratégias já desenvolvidas para os pequenos negócios.
”Participar foi uma honra e espero
aplicar o conhecimento em benefício
dos clientes atendidos pelo Sebrae no
Maranhão. O Programa me proporcionou ter um novo referencial comparativo. Conhecer um pouco das empresas
visitadas e, até mesmo, das empresas
que frequentei como cliente na Itália, me permitiu identificar e avaliar diferenças marcantes entre o Brasil e a
Itália”, reforça o gerente do Sebrae MA,
Danilo Lisboa Borges.
Para o gestor do Sebrae GO, Eduardo Jesus Alcântara Filho, o Programa possibilitou uma forma prática de
intercâmbio técnico, fornecendo instrumentos mais eficazes para a implementação de estratégias e operações
no Sebrae Goiás. ”Foram apresentados, debatidos e analisados, criteriosamente, fundamentos e conceitos
que estão me permitindo avaliar o
contexto empresarial da atualidade e,
principalmente, o salto que podemos
incentivar para os nossos pequenos
negócios”, explica.
A opinião é compartilhada pela gestora do Sebrae CE, Fabiana Gizelle
Moreira da Costa, que destaca a multiplicidade de formatos como um elemento que aguça o comprometimento
com a microempresa. ”O curso integra conhecimento, análises práticas e
qualitativas nos cenários nacional e
internacional e, intrinsecamente, relacionamento de líderes em uma viagem
que se constrói e reconstrói. Voltamos
mais fortes e determinados a intervir em uma mudança de cultura e de
8 | experiências de hoje inovações de amanhã
fazer, pois estamos mais atentos a
uma necessidade de melhoria contínua nas empresas e em nós mesmos
como agentes de mudanças”, reforça.
NOVAS FORMAS DE COCRIAR
Ao reunir gestores de todo o País
e do Sebrae Nacional, o Programa Internacional para Desenvolvimento de
Lideranças fomentou a formação de
uma nova rede de relacionamentos
entre os profissionais, o que estimulou outras formas de colaboração e de
cocriação e gerou uma rede pulsante
de troca de conhecimentos, experiências e oportunidades. ”Entendo que o
principal ganho obtido com o Programa foi a troca de experiências e vivências, principalmente entre os gerentes
dos diversos estados. A vivência internacional fechou esse processo de integração e compreensão da realidade”,
destaca Fábio Ravazi Gerlach, gestor
do Sebrae SP.
Os conhecimentos adquiridos também provocaram reflexões sobre a
atuação mais efetiva no desenvolvimento territorial, na difusão da inovação para incorporação nos pequenos
negócios e no incentivo à cooperação
para a busca da competitividade em
um país de grande população, extensão geográfica, diversidade cultural e
diferenças regionais. ”Se de um lado
as micro e pequenas empresas brasileiras geram empregos, de outro ainda apresentam baixa produtividade e
renda e uma participação muito pequena no valor agregado ao PIB”, explica a gestora do Sebrae PE, Jussara
Siqueira Leite.
Fábio Krieger Lopes Reis, gerente
do Sebrae RS, analisa que a integração entre gerentes de outros estados,
assim como a heterogeneidade das lideranças regionais e da sede, tornou,
ainda, mais exitosa a interação e consequente troca de conhecimentos.
”Como lideranças, nós possuímos a
obrigação de compartilhar e ser um indutor de mudança e multiplicação deste conhecimento adquirido. Para tanto,
percebo que também devemos atuar
em rede, no sentido mais genuíno desta palavra, através de parcerias internas e externas”, afirma o gestor.
A diversidade de conhecimentos e
trajetórias também é apontada pelo gerente do Sebrae MT, Sandro Rossi de
Carvalho, como um dos destaques do
Programa. ”A soma de conhecimentos
contribuiu para o meu desenvolvimento pessoal e profissional. Cabe ressaltar a vivência com os demais colegas do
Sebrae, a troca de experiências e a rede
de relacionamento criada, pois foi possível conhecer pessoas que eu não conhecia e que dificilmente conheceria em
tão pouco espaço de tempo”, comenta.
OLHARES NACIONAIS E
INTERNACIONAIS
O encontro de visões entre Brasil e
Itália permitiu, ainda, o desenvolvimento de novos cenários de atuação para
as lideranças do Sebrae e de percepções das mudanças necessárias para
os empresários em território nacional.
”O que se viu como grande diferença
entre os perfis brasileiros e italianos é
a forma de enxergar seu papel frente
ao negócio, a necessidade que o negócio exige do empresário e o quanto este
está disposto a se dedicar para os melhores resultados da empresa, além da
consciência de que se ele tratar o negócio de forma profissional o ganho é de
todos”, comenta a gerente Flávia Rosa
Santos Silva, do Sebrae MS.
A mescla de olhares permitiu mapear hiperconexões temáticas que podem
ecoar com sucesso no dia a dia dos
empresários nacionais. ”O Programa
proporcionou uma visão ampliada das
boas práticas existentes nos temas
que são mais importantes para os pequenos negócios que são a cultura
empreendedora, a inovação, a sustentabilidade e o desenvolvimento territorial. Agora é arregaçar as mangas
e mãos à obra!”, explica o gestor do
Sebrae RJ, Ivan Constant Filho.
Ver a prática das empresas italianas possibilitou, também, conhecer novas formas de trabalho, metodologias e
culturas empresariais distintas da brasileira. ”Participar do Programa como
um todo, realmente, foi uma experiência significativa, com o contato com
instrutores renomados e o mergulho
na prática do que foi apresentado teoricamente através de visitas. A própria
vivência na experiência como cliente
também permitiu aprendizagem. Estar num grupo de gerentes com a possibilidade de conhecer uma parte da
Novos conhecimentos
e sinergia foram os
destaques
realidade europeia foi algo gratificante
e inesquecível”, comenta a gerente Lindeti Góes Ferreira, do Sebrae AP.
Ao olhar o mundo pelo prisma italiano, os gestores também puderam
se apropriar de novas possibilidades
de construir projetos colaborativos
e em sinergia com as potencialidades da região. ”O curso me proporcionou uma gama de conhecimentos
e o entendimento da necessidade de
desenvolver as vocações locais de investimento, de contribuir cada vez
mais com a massificação do conhecimento e da necessidade de preservar a cultura local para transformar
oportunidades em negócios”, explica
Maria do Socorro Gomes Figueiredo,
gerente do Sebrae AC.
Para Viviane Ferran, gestora do
Sebrae RS, o Programa mostrou a importância da flexibilidade na inserção
de ações estratégicas nos pequenos
negócios. ”A conclusão é de que não
existem práticas perfeitas, mas, sim,
aquelas que podem nos inspirar a criar
nossos modelos e que valorizem o desenvolvimento do território como um
todo. Apesar de não representar novidade, ouvir que a valorização das diferenças é bastante positiva sempre
reforça nossas crenças. Tenho a convicção de que o programa será amplamente aproveitado e poderemos colher
os frutos por muito tempo”, ressalta.
E se a visão empresarial italiana potencializou outras formas de atuação,
trouxe o reconhecimento dos entraves vistos no Brasil. ”Conhecer um pouco da visão europeia sobre estes temas
fazendo as devidas comparações com o
dia a dia das empresas brasileiras, nos
levou a entender certos comportamentos empreendedores e o porquê de sucessos ou insucessos quando avaliadas
as duas realidades. Durante a viagem,
experiências de hoje inovações de amanhã | 9
Programa
tivemos a oportunidade de ver in loco,
os motivos que levaram um país tão pequeno, quando comparado com a área
geográfica e população do Brasil, a ser
uma das maiores economias do mundo”, ressalta o gestor do Sebrae MT, Volmir José Contreira.
COMPROMISSO COM A MUDANÇA
Após seis meses em um processo de
ebulição de novas ideias e conhecimentos, o Programa reforçou a necessidade
de contínuas mudanças estruturantes
nos pequenos negócios. ”A partir do conhecimento teórico absorvido durante
as etapas on-line e presencial em Brasília e na Itália tive a oportunidade de
conhecer na prática como todos os temas são tratados nas empresas e organizações e, com isso, refletir e identificar
como estes fatores devem ser trabalhados com as empresas do Acre, criando
um modelo próprio baseado na cultura local”, explica a gestora do Sebrae AC,
Soraya Neves de Menezes.
Esse compromisso com a consolidação de outros enredos para os pequenos
negócios é um ponto destacado pela gerente do Sebrae MS, Vanessa Gouveia
Leite. ”O curso ofereceu a oportunidade de aprofundamento em temas como
inovação, sustentabilidade, desenvolvimento territorial, empreendedorismo,
encadeamento produtivo e marco legal
que são de extrema importância para os
pequenos negócios e nos quais podemos fazer a diferença na vida das pessoas e do País. A vivência reforçou que o
tripé inovação, qualidade e preço é o segredo de sucesso das empresas na atualidade”, comenta.
Se de um lado está a necessidade
de observar tendências vistas na Europa, do outro está o delicado processo
de inserção diária destas estratégias
na atuação do Sebrae. ”O aprendizado
10 | experiências de hoje inovações de amanhã
adquirido proporciona uma nova visão
agregativa, visto que os pequenos negócios carecem da disseminação de
novos conhecimentos, tanto no conteúdo de processos e estratégias empresariais, que podem melhorar a gestão
do negócio, como no empreendedorismo e na atuação mercadológica, para
proporcionar o desenvolvimento regional e os ganhos socioeconômicos”,
comenta o gerente do Sebrae SE, José
Melquiades Neto.
No contexto de alternância constante, a inovação sobressai como um
tema estratégico e de fundamental
importância para o alcance de novos
cenários para os pequenos negócios.
”Não existe competitividade, ampliação de mercados, sobrevivência em
uma economia globalizada e longevidade de uma empresa sem investimentos constantes em inovação. O
Sebrae tem incentivado essa prática
aos pequenos negócios, mas há muito
a ser feito”, explica a gestora do Sebrae
AM, Maria do Socorro Corrêa da Silva.
Para o gerente do Sebrae PR, José
Ricardo Castelo Campos, o desenvolvimento territorial e a sustentabilidade
devem ser vistos como eixos estratégicos de inserção nos pequenos negócios.
”A consciência voltada à sustentabilidade também com foco econômico reforça
a importância do tema como estratégia positiva para o crescimento. A inovação e o investimento em pesquisa e
desenvolvimento aparecem, em todas
as experiências vivenciadas, como fator
fundamental para a consolidação tanto
dos distritos italianos como das empresas individualmente”, afirma.
O Programa também mostrou as conexões entre educação e cadeia produtiva como fonte de inspiração para as
empresas brasileiras. ”A forte integração entre o ensino formal e o processo
produtivo foi uma das principais novidades do conjunto de visitas realizado. A
partir do conhecimento dessa realidade,
iniciei conversas com o MEC e também
com instituições de Ensino Superior
com o objetivo de tentar encontrar caminhos para melhorarmos esse cenário
no Brasil”, explica a gerente do Sebrae
NA, Mirela Luiza Malvestiti.
INSPIRAÇÕES PARA O HOJE E PARA
O AMANHÃ
Para o gerente do Sebrae AM, Marcus Antonio de Souza Lima, o Programa trouxe, como inspiração, a troca de
conhecimentos com colegas de outros
estados do Brasil, a visão sistêmica
de temas importantes para atuação
junto com as micro e pequenas empresas e os subsídios para conectar
parceiros locais visando à criação de
um ambiente favorável aos negócios.
”As visitas foram o grande diferencial
do Programa, pois permitiram compreender o processo de inovação e desenvolvimento de produtos e processos,
alguns muito modernos e sofisticados e
outros muito tradicionais. O arranjo institucional entre as próprias empresas
também merece destaque, já que ficou
claro que o foco no mercado e a divisão
de tarefas faz com que a qualidade e a
produtividade sejam fatores de competitividade”, ressalta.
Ao vislumbrar o panorama brasileiro
com as lentes italianas, os gestores potencializaram seus olhares para as diversas riquezas nacionais. ”O grande
aprendizado está no processo de construção do desenvolvimento territorial
unindo a inovação e os aspectos culturais das nossas regiões à agregação de
valor aos produtos e serviços oferecidos
pelas nossas micro e pequenas empresas”, finaliza o gerente do Sebrae PA,
Francisco Marcelino Fontes Costa.
Na Itália,
os gestores
aprimoram
os conteúdos
recebidos durante
o Programa
AMPLITUDES REAL E VIRTUAL
Etapas do Programa
multiplicaram
conhecimentos nos
universos on-line e físico
U
m das características mais inovadoras do Programa Internacional para Desenvolvimento
de Lideranças foi a mescla entre vivências nos ambientes virtual e real.
Ao longo dos seis meses de realização da iniciativa, os gestores puderam
acessar conhecimentos e estudos de
caso através do Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA) da Universidade Corporativa do Sebrae, intercambiar
informações nacionais e internacionais na etapa presencial realizada em
Brasília, conhecer outras experiências
de negócios na missão técnica à Itália e espalhar as vivências e os novos
olhares obtidos por meio das edições
Acesse os conteúdos da primeira
etapa do Programa através do
site lms.uc.Sebrae.com.br ou
faça a leitura do qrcode.
da revista eletrônica Experiências de
Hoje – Inovações de Amanhã.
”Todos os conhecimentos aprendidos no formato de Educação a Distância (EaD) e em Brasília foram essenciais
para chegar à Itália com uma base conceitual do que tenderíamos a encontrar
nas visitas. Isso permitiu o entendimento da realidade das empresas italianas
e me fez ver o quanto elas colocam em
prática a inovação, a sua história, o desenvolvimento do território, o empreendedorismo e as vocações locais”, destaca
o gerente do Sebrae SP, Carlos Alberto de
Freitas.
PRIMEIRA ETAPA: UMA VIAGEM
POR CONTEÚDOS ON-LINE
A primeira etapa foi composta pela
formação à distância, que tinha como
objetivo promover o nivelamento conceitual dos participantes nos temas do
Programa: empreendedorismo, inovação, sustentabilidade, encadeamento
produtivo e desenvolvimento territorial.
Para isso, foram oferecidas 20 horas de
EaD, organizadas em oito unidades didáticas compostas por videoaulas, vídeos de estudos de caso, entrevistas,
propostas de leitura e exercícios interativos em plataforma on-line.
”Em sua totalidade, o Programa reforçou conceitos e agregou em conhecimentos e experiências. As etapas EaD,
presencial em Brasília e, em especial, a
fase internacional, contribuíram para
melhorar nossas referências e promover a reflexão e a fixação dos temas na
teoria e na prática”, explica José Ricardo
Castelo Campos, gestor do Sebrae PR.
Os conteúdos apresentados em formato EaD trouxeram, por exemplo,
olhares sobre o conceito de empreendedorismo, como apoiar esse processo,
como surgem as ideias empreendedoras e a liderança empreendedora nas diversas fases evolutivas das pequenas
e médias empresas. Já o módulo sobre
inovação destacou como esse conceito pode incrementar a competitividade
da pequena empresa, como criar redes
para inovar e como usar essa estratégia
para competir em mercados.
”Todo o conhecimento adquirido no
Sebrae ao longo dos meus 18 anos de
casa aliado ao que foi assimilado durante a fase on-line do Programa e a
fase presencial em Brasília ajudaram a
experiências de hoje inovações de amanhã | 11
Programa
compreender as situações vividas na
fase em Milão, tanto nas palestras e nos
trabalhos em grupo como nas visitas às
empresas. Foi um conjunto de conhecimentos que favoreceu novos aprendizados”, comenta Débora de Aragão
Mendonça, gerente do Sebrae SE.
Os participantes também conheceram as peculiaridades da sustentabilidade nos pequenos negócios, as
políticas que podem ajudar os empreendimentos a incrementar esse aspecto e os diversos modos de conceber o
tema. Outra unidade temática trouxe
o encadeamento produtivo como elemento de colaboração entre pequenos
negócios e ampliação da competitividade, as razões estratégicas para a cooperação entre empresas e os vários
formatos em que essa ação sinérgica
pode acontecer.
”O programa foi fantástico, pois nunca tive a oportunidade de participar de
uma capacitação direcionada para nosso dia a dia do Sebrae com temas totalmente aderentes ao nosso trabalho”,
reforça o gerente do Sebrae DF, Roberto
Faria Santos Filho.
O desenvolvimento territorial também esteve entre as temáticas abordadas na primeira fase do Programa
em conteúdos que ressaltaram a relação entre território e competitividade,
o papel dos setores público e privado
nas políticas de desenvolvimento e as
estratégias para favorecer o enraizamento das empresas. Outra área de conhecimento colocou em pauta o marco
legal e institucional para os pequenos
negócios e apontou caminhos e soluções para a análise dos diversos tipos e
portes de empreendimentos no Brasil e
no mundo.
”Antes da etapa presencial, nós tivemos nivelamentos teóricos sólidos nos temas empreendedorismo,
12 | experiências de hoje inovações de amanhã
sustentabilidade, desenvolvimento territorial, encadeamento produtivo e inovação que foram fundamentais para
qualificar o olhar sobre a realidade, tornando as vivências muito mais ricas,
pois havia uma conexão com os aspectos teóricos”, explica Lorena Roosevelt
de Lima Alves, gestora do Sebrae RN.
SEGUNDA ETAPA: UM MERGULHO
NAS EXPERIÊNCIAS EUROPEIAS
Na segunda etapa do Programa, os
gestores participaram de um curso presencial de cinco dias na sede da Universidade Corporativa, em Brasília (DF). A
formação teve como objetivo principal
aprofundar os temas introduzidos na
primeira etapa considerando as vivências europeias. Foi ministrada por docentes da Itália e de outros países europeus
que apresentaram casos concretos, políticas e instrumentos relacionados ao
empreendedorismo, à inovação, à sustentabilidade, ao encadeamento produtivo e ao desenvolvimento local.
”Gostei muito dos temas escolhidos e a forma como foram abordados. Pude perceber o entrelaçamento
das temáticas e como cada uma é
importante em uma determinada
fase da empresa”, enfatiza a gestora do
Sebrae RR, Nádia Jaciara Aguiar Castro.
Ao mergulhar de forma teórica nas
experiências europeias, os participantes do Programa também foram estimulados a fazer a conexão entre os
temas e o cenário nacional através
das intervenções de especialistas brasileiros, o que permitiu levantar demandas, exigências e pontos críticos à
atuação do Sebrae e ao alcance de novos cenários de oportunidade e aprimoramento nos pequenos negócios.
”No Programa, eu tive a oportunidade de adquirir novas informações
e ampliar os conhecimentos sobre
aspectos relevantes para os pequenos negócios durante as três etapas.
Desta forma, eu poderei contribuir de
modo bastante significativo na multiplicação das informações para o nosso
cliente em temas como a sustentabilidade, o empreendedorismo, a liderança, o encadeamento produtivo e o
marco legal para os pequenos negócios”, explica a gerente do Sebrae AL,
Maria de Fátima dos Santos.
TERCEIRA ETAPA: CONHECIMENTO
COM SOTAQUE ITALIANO
A última fase do programa compreendeu a vivência prática em solo
italiano através do intercâmbio de conhecimentos com empresários locais
e da apresentação de especialistas que
mostraram os diversos aspectos do
empreendedorismo na Europa. Para
essa etapa, os gestores foram divididos em dois grupos e, posteriormente, em subgrupos, o que permitiu uma
troca de experiências e de olhares mais
apurada e marcada pela construção colaborativa de ideias e possibilidades de
incremento das atividades desenvolvidas pelo Sebrae.
”As mudanças provocadas pelo Programa ainda estão em andamento, mas
as principais são referentes às diferenças econômicas e sociais entre Brasil
e Itália. A noção de como é um país de
primeiro mundo ficou muito bem clara e objetiva. Como gestor, eu aprendi
a valorizar mais ainda nossas características, nosso país, cultura e, principalmente, nossos recursos naturais.
Somente assim, conhecendo outras localidades, podemos perceber o quanto
o Brasil é rico em sua biodiversidade e
o motivo pelo qual nossas riquezas são
tão cobiçadas mundialmente”, finaliza o gerente Danilo Lisboa Borges, do
Sebrae MA.
O Programa marca a
colaboração entre Sebrae
e Università Cattolica
del Sacro Cuore
SOLUÇÕES EUROPEIAS
Sinergia entre o antigo e o novo marca a formação
dos gestores em Milão
A
última etapa do Programa Internacional para Desenvolvimento de Lideranças carimbou
o passaporte dos gestores para a Itália. O objetivo foi proporcionar a vivência na prática de casos concretos de
empresas, organizações e territórios
que trouxessem outras reflexões sobre encadeamento produtivo, sustentabilidade, inovação, desenvolvimento
territorial e empreendedorismo, gerando a construção de elos contínuos
de mudança e transformação.
”Mais do que novas visões, o curso e a viagem proporcionaram a consolidação de conhecimentos e novas
visões sobre a importância da competitividade territorial, da confiança, da necessidade de sempre buscar
a competitividade empresarial e da
atuação em redes de cadeia de valor”,
destaca o gerente do Sebrae PR, César Reinaldo Rissete.
O primeiro dia de atividades foi marcado por uma introdução do contexto do empreendedorismo na Europa e
na Itália. As apresentações destacaram
os atores públicos e privados de apoio à
iniciativa empreendedora e as diversas
dinâmicas evolutivas dos pequenos negócios italianos. A pauta trouxe, ainda,
intervenções que destacaram a efervescência da economia global e as estratégias de negócios adotadas no país.
”A etapa presencial foi fundamental para ver o que é possível aplicar do
que foi trabalhado. Na Itália, o foco no
desenvolvimento dos pequenos negócios ficou evidente após a crise econômica da Europa. Isso alavancou um
trabalho de apoio às micro e pequenas
empresas e um olhar mais claro sobre
a necessidade de se estabelecer parcerias, além da criação de redes de desenvolvimento”, esclarece o gestor do
Sebrae MT, Sandro Rossi de Carvalho.
Os dias centrais dos gestores na
Itália foram dedicados às visitas de
campo em pequenos grupos, seguidos de momentos de discussão sobre a experiência, os conhecimentos
adquiridos e as possibilidades de implementação, ainda que de forma
customizada, de iniciativas a serem
desenvolvidas ou que já estão em execução no Brasil.
”Eu considero a viagem espetacular,
rápida e focada, pois nos levou ao coração de exemplos vivos e vencedores
de organizações e territórios que têm
competitividade, sejam de altíssima
tecnologia ou de produção artesanal, e
que consolidam pequenos negócios”,
destaca o gerente do Sebrae SC, Enio
Alberto Parmeggiani.
ROTINA DE APRENDIZADOS
A vivência em solo italiano foi dinâmica, com visitas técnicas pela manhã
e diálogos em grupos pré-definidos no
período da tarde. Este momento de
análise permitia aos gestores a absorção de conhecimentos, o intercâmbio de
olhares e a produção de diversos materiais e ideias a serem replicados para as
equipes do Sistema Sebrae regional e
nacionalmente.
”As visitas foram úteis no sentido
de reforçar conceitos teóricos discutidos em sala de aula, além de permitir uma grande troca de experiências
entre os participantes, o que ocorria,
inclusive, no interior do micro-ônibus.
Apesar de grandes diferenças das
pequenas empresas italianas em relação às pequenas empresas brasileiras, muito conteúdo e aprendizado
foram obtidos, traduzindo-se, agora,
experiências de hoje inovações de amanhã | 13
Programa
no desafio de viabilizar as boas práticas adotadas para a realidade do Brasil”, reforça o gerente do Sebrae RJ,
Ricardo Wargas de Faria.
A rotina de aprendizados proporcionada pelas visitas técnicas e pelos
momentos de alternância de visões
permitiu, ainda, aguçar a percepção
dos gestores para outras maneiras
de empreender e gerar diferenciais
competitivos para empresas, marcas,
pessoas, organizações comunidades
e para o País.
”Esta terceira etapa nos proporcionou o acesso a um conhecimento único
sobre o desenvolvimento das empresas italianas diretamente e como se
inserem no contexto socioeconômico
europeu. O forte sentimento de pertencimento e a proteção dos saberes, do
conhecimento e do modo de produção
são características marcantes em todas as empresas que foram visitadas.
Verificamos que é possível perpetuar
o conhecimento, muitas vezes milenar,
mesmo em meio às ameaças do mercado cada vez mais industrializado e
globalizado”, explica o gestor do Sebrae
MA, Danilo Lisboa Borges.
CONEXÕES PARA TRANSFORMAR
O caminhar por entre empresas
trouxe novas observações sobre como
o empreendedorismo é tratado em economias maduras. ”Verifiquei que a Itália
não é um país que busca o desenvolvimento de empreendedores, mas, sim,
promover diferencial baseado na inovação para suas atuais empresas. Para
isso, investe em pesquisa e desenvolvimento e promove, nos alunos das universidades, a necessidade de criar e
desenvolver a partir das demandas das
empresas, além de proteger e controlar a qualidade dos produtos italianos
com denominação de origem”, explica
14 | experiências de hoje inovações de amanhã
Roberto Tavares de Albuquerque, gestor do Sebrae SC.
A convergência que marca o desenvolvimento do mercado italiano também foi outro ponto apontado. ”O que
mais me chamou a atenção foi o planejamento de longo prazo do país, definindo os setores estratégicos e atuando
com políticas e ações para que a nação
seja, efetivamente, referência mundial”,
comenta a gerente do Sebrae NA, Mirela Luiza Malvestiti.
Na teia de conexões que transformam as empresas italianas, destaca-se, como elemento principal, a atuação
sinérgica dos diversos elos, o que potencializa a inserção nos mercados.
”Na etapa Itália, tivemos a oportunidade de participar de palestras esclarecedoras sobre a realidade de apoio às
micro e pequenas empresas e a relação
à toda organização e governança, com
seus conselhos, consórcios e cooperativas que são exemplos de profissionalismo”, destaca o gestor do Sebrae PI, Élcio
de Lima Nunes.
A diferença de posicionamento empresarial também chamou a atenção
dos gestores. ”Enquanto no Brasil há
uma cultura de colonização e assistencialismo, na Itália existe a cultura do capitalismo e do associativismo. Ainda
estamos sonhando com uma democracia plena e temos uma visão de vítima,
de quem procura culpado pelas agruras sociais e econômicas. Na Itália, eles
já desenvolveram o sentido de pertencimento ao local em que as empresas
e trabalhadores estão localizados, assumindo um papel protagonista e mais
colaborativo”, comenta a gerente do Sebrae MS, Flávia Rosa Santos Silva.
PORTA-VOZES DE MUDANÇAS
A etapa em Milão permitiu aos gestores observar alterações necessárias
em território nacional como a promoção de um conglomerado de empresas
com excelência, o acesso diferenciado
aos recursos financeiros, o apoio à internacionalização e a sustentação do
empreendedorismo a partir do compartilhamento da informação para expansão de condições mais favoráveis.
”Após fazer esta visita à Itália, pude
observar que o Brasil está no caminho
certo. A noção de cooperar para competir, a cadeia de valor, a verticalização
da produção com agregação de valor e
o desenvolvimento de um território são
os principais fatores que precisamos intensificar para que possamos alcançar
o estágio das empresas italianas”, explica o gerente do Sebrae DF, Roberto
Faria Santos Filho.
E se os novos conhecimentos foram
indutores de reflexões que chegarão
aos pequenos negócios, também provocaram incômodos positivos. ”A etapa de capacitação na Itália provocou
uma grande inquietação. Pergunto-me
como uma nação que não tem árvores
é referência em móveis, como um país
que não tem algodão é a grande referência em moda e como um lugar sem
capim é a grande referência em produção de queijos especiais. A resposta é
uma só: inovação”, explica o gerente do
Sebrae TO, José Carlos Arruda de Bessa.
A vivência em um novo universo
também trouxe novos pontos de reflexão que impactarão diretamente as
metodologias brasileiras. ”A compreensão da cultura é fundamental para
interpretarmos o comportamento social estabelecido. Cada movimento de
empatia fortalece a auto compreensão
e gera uma reflexão sobre a forma de
agir. Assim, a reflexão acaba sendo um
indutor de novos comportamentos”, finaliza o gestor do Sebrae RS, Fábio Krieger Lopes Reis.
VISITAS TÉCNICAS
APRESENTAM
NEGÓCIOS
ITALIANOS
O
Programa Internacional para
Desenvolvimento de Lideranças
trouxe visitas técnicas a diversas empresas italianas. A oportunidade permitiu aos gestores conhecer
mais sobre as estratégias e os conceitos que fazem com que os produtos recebam o aclamado selo ”Made in Italy”
e sejam reconhecidos e valorizados
mundialmente.
COPAN ITALIA SPA
A cooperativa, fundada em 1979,
atua na coleta e pré-análise de doenças infecciosas. Conta com 350
funcionários e tem um crescimento
anual de 7% mesmo em momentos
de crise e desaceleração econômica. ”Na Itália, a inovação é fator primordial para que as empresas sejam
competitivas. A maioria possui parcerias com centros tecnológicos ou
tem centros próprios, como a COPAN,
que conta com incubadora particular. Isso estimula a pesquisa voltada
à inovação constante”, explica o gerente do Sebrae AP, Richard Batista
Maia.
O processo de inovação adotado é
contínuo e a empresa investe, ainda, na
retenção de talentos e no conhecimento.
”Com gestão familiar, mas todos os
setores profissionalizados, a Copan
detém 80% do mercado mundial,
sendo líder no segmento. Todo o
processo produtivo, desde a coleta até
a pré-análise de doenças infeccionas, é
auxiliado por máquinas e equipamentos
de última geração”, reforça o gerente do
Sebrae DF, Ary Ferreira Júnior.
Com uma estrutura de 25 mil metros, a empresa tem um modelo de
negócio que une escala, flexibilidade,
inovação e velocidade. ”Chamou atenção a valorização do capital humano.
Todos os modelos visitados registraram a importância das pessoas no processo. Mesmo com elevado grau de
automatização, a COPAN expressa
sua preocupação para reter talentos
A oportunidade
permitiu aos gestores
conhecer estratégias
de negócios
valorizando e aproveitando o conhecimento daqueles que lá estão”, aponta
o gestor do Sebrae GO, Sérgio Augusto
Monturil de Carvalho.
DETALHES DE PRODUÇÃO
A gerente do Sebrae AP, Lindeti Góes
Ferreira, aponta os diferenciais de
sucesso da empresa:
> Tem localização estratégica;
> Conta com sólida rede de parcerias;
> Interioriza a produção, retendo
empregos e competências;
> Protege o conhecimento do negócio;
> Conta com financiamento próprio;
> Dispõe de garantia mínima de dois
fornecedores para cada insumo crítico;
> Insere a inovação nos produtos, no
processo e na gestão;
> Conta com incubadora particular;
> Tem ações de responsabilidade social.
experiências de hoje inovações de amanhã | 15
Programa
LATTERIA SORESINA E CONSORZIO
GRANA PADANO
A cooperativa de laticínios supera
um século de existência e é formada
por mais de 220 criadores de bovinos,
que atuam de forma colaborativa na
cadeia produtiva e na qualificação dos
produtos. ”Chamou atenção a questão
dos valores, os da empresa, os éticos
e os morais, e o quanto geram ao longo do tempo apresentando melhores
resultados econômicos e financeiros
para os negócios. Outro ponto importante é manter o respeito e as boas
relações com todas as partes interessadas”, comenta a gerente do Sebrae
TO, Eligeneth Resplande Pimentel.
O Consórcio Grana Padano está dividido em sete centros de produção e
extrapola a marca de quatro milhões
de litros de leite produzidos, representando cerca de 4% da produção nacional. ”Eu destaco a inovação sem perder
a tradição do fazer, porém com criteriosos processos de higiene. A empresa preserva métodos tradicionais, mas
inova em procedimentos que impactam no processo de criação do rebanho e o desdobramento de produtos
finais. A cooperativa tem o Grana Padano como o produto de maior valor de
mercado, porém desenvolve subprodutos de forma otimizada, customizada e
com iguais critérios e padronizações”,
reforça a gestora do Sebrae CE, Fabiana Gizelle Moreira da Costa.
A empresa é a primeira produtora de
Grana Padano no país e uma das sócias
mais importantes do consórcio que tutela a marca. Do percentual produzido,
18% são exportados. ”O que podemos
selecionar como grande aprendizado
é a fortíssima sensação de pertencimento do território. Os cooperados demonstram claramente que o produto
final dever conter todo o carinho, afeto,
16 | experiências de hoje inovações de amanhã
valores éticos e, principalmente, a qualidade que a marca possui. Uma frase
muito impactante foi dita por um cooperado: devemos transformar nossos valores em qualidade no produto”,
comenta o gerente do Sebrae RJ, Ivan
Constant Filho.
DETALHES SOBRE A
LATTERIA SORESINA
Um dos grupos que visitou a Latteria
Soresina apresentou os seguintes
dados técnicos:
> Cooperativa com 223 cooperados;
> 500 funcionários e 150 terceirizados;
> Início das atividades em 1900;
> Recebe um milhão de litros de leite por
dia;
> Produz 480 mil queijos por ano, sendo
que 65% é Grana Padano;
> Exporta 20%;
> Faturamento 2013: 360 milhões de
euros.
CENTRO TESSILE SERICO
O Centro é uma sociedade de serviços com capital misto público-privado sem escopo de lucro que foi criado
para dar suporte às atividades produtivas do sistema têxtil/vestuário.
Atuando desde 1983, é um instrumento qualificado para o crescimento da cultura têxtil e a salvaguarda do
patrimônio industrial, artesanal, comercial e profissional do território.
”Apesar da região, intimamente relacionada à indústria têxtil, vivenciar
um momento de pós-crise, pode-se
evidenciar um aumento da demanda
pelos serviços do Centro, resultante
do comportamento do empreendedor
local em investir no desenvolvimento
dos produtos, agregando diferenciais
de competitividade difíceis de serem
reproduzidos por outros concorrentes
em um curto espaço de tempo”, reforça o gerente do Sebrae AM, Carlos
Henderson Tavares Cardoso.
A sociedade fornece serviços para
as pequenas e médias empresas da
cadeia produtiva e é um interlocutor
que atende necessidades de testes
e controle de materiais, pesquisa, experimentação e consultorias técnica e
de gestão. ”O Centro possui um grande acervo de livros que preservam milhares de tipos de tecidos e estampas
de diversas épocas. Os alunos consultam para o entendimento de como
eram feitas as tramas, as combinações de cores e as tendências nos séculos passados. Segundo o Professor
Fontana, é preciso entender o passado para tentarmos fazer o futuro em
um mundo em que tudo já existe ou
já foi feito”, explica o gestor do Sebrae
MA, Danilo Lisboa Borges.
Além da formação de profissionais
altamente qualificados, a sociedade criou e faz a gestão de uma marca coletiva de garantia (Seri.co) que
assegura a qualidade e os requisitos de saúde e segurança dos tecidos
e do sistema produtivo do qual nasce o produto com fortes conteúdos de
sustentabilidade. ”A escola favorece o desenvolvimento dos pequenos
negócios à medida que forma mão de
obra especializada. Ao envolver o nível de qualificação dos trabalhadores, possibilita a interação dinâmica
com a vocação econômica do território, reforçando a integração do conhecimento com a prática, garantindo
especialização e 100% de empregabilidade para os alunos”, explica a gerente do Sebrae PE, Maria Lucélia Sousa
Barros.
DETALHES DE
FABRICAÇÃO
A gerente do Sebrae PE, Maria Lucélia
Sousa Barros, destacou aspectos da
fabricação dos tecidos:
> A cidade italiana de Como possui
tradição em seda desde os anos de 1500;
> As lavouras do bicho da seda
desapareceram pelo uso de agrotóxicos e
a mão de obra cara;
> Há cinquenta anos os fabricantes italianos
compram o fio da seda da China;
> Os produtores italianos nunca perderam
a tradição e o reconhecimento mundial
como centro da moda;
> São necessários 200 casulos do bicho da
seda para a fabricação de uma gravata.
CONSORZIO DEL PARMIGIANO
REGGIANO
O Consórcio tem, como missão tutelar, defender o Parmigiano-Reggiano
e sua denominação, promoção e publicidade, além de proteger suas características e distinguir o produto de outras
marcas. ”Esse modelo atua, externamente, de forma efusiva, resguardando e protegendo sua denominação e
acompanhando, em nível mundial, o
uso indevido da marca. Outras ações
contundentes são os acordos internacionais visando promoção, expansão e
publicidade, que refletem, consequentemente, na abertura de novos mercados”, destaca o gerente do Sebrae SC,
Carlos José Dias.
Fundada em 1934, a iniciativa não
tem qualquer atividade comercial de
produção ou venda, mas reúne os 580
produtores da zona de origem, que são
responsáveis por fabricar 108 mil toneladas e representam 15% da produção
italiana de leite. ”Chama muita atenção o trabalho que o Consórcio faz na
região, protegendo a origem dos produtos e, principalmente, garantindo
a qualidade desde a alimentação do
gado leiteiro até o processo produtivo
controlado. Isto é um diferencial e uma
grande inovação do território”, aponta
o gestor do Sebrae SC, Roberto Tavares
de Albuquerque.
Reunindo centenas de unidades
produtivas e milhares de fornecedores de leite, o Consórcio Del Parmigiano
Reggiano exemplifica a conexão entre os vários elos da cadeia para a valorização de um produto. ”Os aspectos
mais relevantes da produção do Parmigiano-Reggiano são a preservação e o
reconhecimento da tradição, o conceito de identidade e de territorialidade,
a autorregulação e autocertificação e
a utilização exemplar dos conceitos de
gestão de marca e narrativa”, esclarece
o gerente do Sebrae NA, Juarez Ferreira
de Paula Filho.
DETALHES DE
FABRICAÇÃO
O gerente do Sebrae NA, Juarez
Ferreira de Paula Filho, destacou
aspectos da fabricação do queijo:
> O Parmigiano-Reggiano é produzido
desde 1200, supostamente pelos
mosteiros beneditinos;
> É um produto com DOP (Denominação
de Origem Protegida);
> Grande parte da produção é feita com
o leite de vacas da raça frisone;
> As vacas só se alimentam de pastagem
natural;
> A casa de queijo trabalha com o leite
cru, fresco e sem conservantes ou
tratamentos;
> A massa é colocada em formas e
descansa por dois ou três dias;
> Em seguida, o queijo é imerso em uma
solução salina por 20 dias;
> Finalmente, segue para o processo de
envelhecimento que pode ser de 12, 18
ou 24 meses.
SISTEMA MODA ITALIA
O Sistema Moda Itália é uma das
maiores organizações mundiais de
representação dos industriais têxteis
e de moda. Reúne um setor que congrega mais de 510 mil empregados e
quase 60 mil empresas e é elo fundamental na economia italiana. ”Vê-se,
muito fortemente, o desenvolvimento
de um território que extrapola questões regionais, mas de país e para o
mundo. Também são muito presentes para o Sistema as questões da
inovação e da especialização, pontos centrais da associação entre as
empresas. É a maior organização do
mundo, mas focada na moda”, comenta o gerente do Sebrae SP, Fábio
Ravazi Gerlach.
As empresas que fazem parte do
Sistema são pequenas e médias e colaboram em cadeia com empresas
maiores. ”O grande aprendizado que
trazemos é que, quer por uma ambiência legal, diferenciada, cuja base negocial, contratual e mercadológica é clara
ou quer pela idade e maturidade que os
negócios possuem em suas expertises,
essas empresas se estruturam em diversas redes de relacionamento de forma competitiva, formando cadeias de
valor”, ressalta a gestora do Sebrae CE,
Fabiana Gizelle Moreira da Costa.
A iniciativa se propõe a coordenar e
promover os interesses do setor e dos
seus associados e representa toda a
cadeia produtiva em âmbitos nacional
experiências de hoje inovações de amanhã | 17
Programa
e internacional e nas relações com instituições, administrações públicas, organizações econômicas, políticas,
sindicais e sociais. ”Temos que mostrar para as empresas brasileiras o espírito empreendedor de que sempre
é possível achar novos caminhos na
busca da competitividade utilizando-se de boa gestão, capacitação, tecnologia, conhecimento, parcerias e uma
grande dose de criatividade para vencer os obstáculos e a concorrência”,
ressalta o gerente do Sebrae RJ, Ivan
Constant Filho.
DETALHES PARA AMPLIAR
OPORTUNIDADES
A gerente do Sebrae CE, Fabiana
Gizelle Moreira da Costa, aponta
características do associativismo
italiano:
> Adequar às abordagens respeitando as
características locais e culturais;
> Especializar e verticalizar a produção;
> Focar o desenvolvimento territorial de
forma econômica;
> A sustentabilidade demandando
inovação;
> A inovação como fator crítico de
sucesso dos negócios.
DISTRETTO DI LUMEZZANE
O distrito produtivo de Lumezzane concentra um alto número de empresas especializadas no tratamento
de metais não ferrosos, como torneiras e válvulas, além de representar um
caso de sucesso na resistência à concorrência chinesa. ”As inovações italianas que mais chamaram a atenção
durante as visitas foram de design de
produto. A marca ‘Made in Italy’ está
18 | experiências de hoje inovações de amanhã
presente no caso das empresas Bugatti e Landa, ambas do mesmo grupo.
A diversificação de produtos e a qualidade apresentada demonstrou a capacidade das empresas em atuar tanto
no mercado italiano como no mercado
externo com foco em inovação, produtividade e qualidade”, esclarece o gestor do Sebrae AM, Marcus Antônio de
Souza Lima.
O desenvolvimento do distrito teve
especial impulso a partir de 1950 em
função da competência técnica, da
notoriedade e da demanda na área
da construção civil, além do estímulo de três empresas líderes que passaram a requisitar produtos acabados
de empresas menores ou a incitar funcionários à condição de subfornecedores. ”O encadeamento produtivo
nasceu naturalmente com a finalidade de descentralizar algumas fases da
produção, configurando-se como um
fator espontâneo do território advindo
do aumento da demanda de produtos.
Posteriormente, essa prática evoluiu
para um sistema em que as grandes
indústrias avalizavam a compra de novos equipamentos realizados no âmbito das pequenas empresas”, explica o
gerente do Sebrae AM, Carlos Henderson Tavares Cardoso.
As 600 empresas localizadas dão
ênfase à inovação tecnológica, à diversificação e à força próprias de um
setor produtivo integrado e flexível.
A postura permitiu incrementar em,
aproximadamente, 16% o valor das exportações entre 2010 e 2011, apesar da
enorme concorrência e do forte crescimento do preço das matérias-primas.
”Os relatos dos empresários contam
a história de sacrifício e inovação para
manter-se no mercado, sendo obrigados a diversificar, usar e desenvolver
competências capazes de mantê-los
competitivos”, comenta o gestor do
Sebrae SC, Enio Alberto Parmeggiani.
DETALHES PARA AMPLIAR
OPORTUNIDADES
O gerente do Sebrae PR, Luiz Carlos da
Silva, destaca aspectos relevantes do
distrito:
> Histórico cultural;
> Especialização produtiva nos produtos
e nos insumos;
> Mão de obra especializada e rede de
fornecedores;
> Importante papel das lideranças
empresariais;
> Existência de agência de
desenvolvimento.
KILOMETRO ROSSO
O Parque Científico Tecnológico é
dedicado aos serviços de promoção,
desenvolvimento e apoio à inovação
para pequenas, médias e grandes empresas. O espaço congrega laboratórios
e centros de pesquisa e desenvolvimento e empresas de alta tecnologia
e serviços avançados. ”O Parque conta
com 42 empresas e com 1500 pessoas empregadas. Consegue-se perceber, pela apresentação do diretor de
Marketing, que há uma rede de inovação, não somente pelos encontros
naturais pelo fato de estarem em um
mesmo ambiente, mas, principalmente, pelos eventos, encontros e rodadas
de inovação provocadas pela organização”, destaca o gestor do Sebrae SC,
Roberto Tavares Albuquerque.
Outras atividades desenvolvidas
no Parque são a criação de novas empresas de alta intensidade de conhecimento e spin-off da pesquisa, a gestão
dos serviços tecnológicos e logísticos
e a promoção de conexões com universidades, instituições científicas,
tecnológicas, financeiras nacionais e
internacionais e com parceiros públicos e privados. ”Verificou-se que, na
Itália, as empresas são bastante enxutas em relação ao número de funcionários. O Kilometro Rosso é um
empreendimento conduzido por apenas oito funcionários. Há uma forte tendência de que as empresas
devam ser cada vez menos onerosas e
mais produtivas”, reforça o gerente do
Sebrae MA, Danilo Lisboa Borges.
Tem, ainda, destaque na iniciativa, o
desenvolvimento de acordos de parceria para apoio à inovação, à valorização
e à transferência tecnológica dos resultados da pesquisa e das atividades
de formação avançada e especializada. ”Observou-se uma forma bastante
distinta de trabalhar, que fomenta largamente a interação entre as empresas instaladas e seus colaboradores.
Diversidade é valor. Eles a chamam de
cross-contamination, que é o relacionamento entre empresas de diferentes setores de atuação”, esclarece a
gestora do Sebrae RS, Viviane Ferran.
DETALHES DE ATUAÇÃO
O gerente do Sebrae SC, Roberto
Tavares Albuquerque, apontou
características do conglomerado
multissetorial:
> O Parque é privado e foi fundado há
mais de dez anos;
> Possui apenas oito funcionários;
> Foi idealizado pela empresa Brembo,
que fabrica freios para grandes
montadoras, inclusive a Ferrari;
> É setorizado em clusters de
inovação: biomedicina e saúde,
construção civil, energia, mecânica e
mecatrônica, automotivo, engenharia
e prototipagem e tecnologia da
informação.
POLO TECNOLOGICO DELLA
COSMESI
O núcleo de desenvolvimento do
setor de cosméticos reúne mais de
cem empresas em diferentes estágios de maturidade, pequenas, médias e grandes. O polo conta com cerca
de três mil colaboradores e as empresas possuem de 13 a 300 funcionários.
Anualmente, o faturamento é de cerca
de 700 milhões de euros. ”O grande diferencial das três empresas visitadas
é que são independentes, mas se intercomplementam, potencializando a
produção de excelência com referência mundial. O desenvolvimento local,
o encadeamento de produção de cosmética e a especialização atuam como
diferenciais competitivos com forte impacto no mercado internacional”,
esclarece a gerente do Sebrae CE, Fabiana Gizelle Moreira da Costa.
Um das características das empresas que integram o polo é que muitas
nasceram como negócios familiares
que, com o passar do tempo, aceitaram investimentos externos. ”A visita foi uma fonte de inspiração, pois se
pode perceber a forte presença do empreendedorismo. O Polo se iniciou com
empresas que se deslocaram de Milão pela pressão sindical e em busca
de terrenos de menor valor. Hoje é um
dos clusters mais organizados, produz
toda a linha de produtos cosméticos e
embalagens e atende as maiores empresas com marca internacional”, comenta a gestora do Sebrae RS, Liane
Klein.
Outra característica do núcleo é
a encubação constante e profissional de negócios. ”O incentivo às novas
startups é feito de forma muito profissional, dando todo o suporte para criação das empresas. A inovação foi outro
conhecimento que ficou evidente e podemos observá-lo em todas as visitas
realizadas. Tivemos a oportunidade de
visitar uma empresa de embalagens
que já patenteou mais de 50 novos
produtos”, destaca o gestor do Sebrae
DF, Roberto Faria Santos Filho.
DETALHES DE ATUAÇÃO
A gestora do Sebrae CE, Fabiana
Gizelle Moreira da Costa, comenta
características do polo de cosméticos:
> O encadeamento produtivo e a
inovação acontecem pela organização,
que permite oferecer a entrega
completa de um produto a partir do
zero;
> A inovação com o desenvolvimento
intensivo de marcas e produtos é o
que integra e mantém o arranjo de
empresas;
> Existe um empreendedorismo
latente na concepção das empresas,
fomentado desde a grande empresa
até as novas que surgem com o
diferencial da especialização.
AGRICOLTORI RIUNITI PIACENTINI
(ARP)
A cooperativa, criada em 1958, tem
como intuito trabalhar com os produtores de tomate da região e aumentar o valor agregado a partir da
produção cooperada e da industrialização. A ARP processa 250 mil toneladas, que são vendidas para 28 países.
experiências de hoje inovações de amanhã | 19
Programa
”Todo o trabalho é feito em 70 dias por
ano. No restante do período, a indústria entra em manutenção e passa por
processo de inovação para que, no momento da produção, tudo possa ocorrer da melhor forma possível”, explica
o gestor do Sebrae MT, Sandro Rossi de
Carvalho.
Alguns destaques são a certificação
de todo o processo de produção para o
mercado internacional e a vanguarda
em soluções de rastreabilidade. A ARP
está presente nos três mercados de referência, o varejo, o food service e o industrial. Produz o concentrado, a pasta
e a polpa de tomate, tomates em cubos,
feijões e ervilhas. ”Existem ações desenvolvidas com foco na sustentabilidade ambiental, como o processo de
reutilização da água, a comercialização
dos resíduos dos tomates e a utilização
da energia solar”, comenta a gerente do
Sebrae PE, Jussara Siqueira Leite.
A profissionalização é um dos principais valores da iniciativa que conta
com um modelo de negócio focado na
especialização da gestão, da inovação e
da sustentabilidade. ”Embora a fábrica
seja da cooperativa ARP, nenhum cooperado trabalha na gestão da fábrica.
Essa atividade é profissional e realizada
por uma pessoa contratada no mercado por sua experiência”, explica o gerente do Sebrae AP, Richard Batista Maia.
DETALHES DE PRODUÇÃO
O gestor do Sebrae AP, Richard Batista
Maia, aponta detalhes da atuação da
ARP:
> Existe a gestão profissional da
cooperativa;
> Há o planejamento da produção, que
não apresenta erros;
20 | experiências de hoje inovações de amanhã
> Existe a garantia 360 graus e a
produção é completamente rastreada
e certificada;
> Acontece o reaproveitamento de
100% da água utilizada no processo
produtivo;
> Existem parcerias para P&D,
a utilização de energia solar,
o aproveitamento do resíduo e
80% dos lucros são reinvestidos na
cooperativa.
MOLTENI & C E.
O grupo, fundado em 1934, conta com quatro marcas e 800 colaboradores responsáveis pela fabricação
de móveis residenciais, empresariais e
especiais para teatros, navios e outros.
Toda a produção é feita na Itália para
garantir a qualidade. ”Eu fiquei bastante impressionado com as inovações
de produto e a associação com grandes nomes da moda, como Armani. A
estratégia abre uma nova perspectiva
de mercado, a do móvel de escritório de
alto luxo. Há, ainda, a forte inserção de
design diferenciado com a utilização de
outros materiais e a inovação de processo, estimulando novas tecnologias produtivas”, comenta o gestor do
Sebrae RJ, Ricardo Wargas de Faria.
A marca se consolidou como alto
padrão de qualidade, pois desenvolve soluções inovadoras atreladas à
praticidade e ao design. As empresas destinam 60% da produção para
o mercado externo e especializado.
”Ao longo dos anos, com as mudanças tecnológicas e ambientais, o grupo vem buscando utilizar a pesquisa
aplicada para o desenvolvimento de
novos e modernos componentes e
materiais, como cimento, metal, alumínio, entre outros”, explica a gestora
do Sebrae PE, Jussara Siqueira Leite.
Tendo como desafios a alta competição e a necessidade de velocidade
nos lançamentos, o grupo fatura mais
de 242 milhões de euros ao ano. ”Há
a colaboração intensa com designers
e a reformulação das linhas de produtos em função do cliente estrangeiro.
A partir de 2000, as marcas assumiram a distribuição por meio de lojas
próprias e franquias. O grupo utiliza múltiplas tecnologias, só adquire
árvores certificadas e tem todas as
certificações”, afirma a gestora do Sebrae AP, Lindeti Góes Ferreira.
DETALHES DE PRODUÇÃO
A gerente do Sebrae AP, Lindeti Góes
Ferreira, destaca os diferenciais de
sucesso do grupo:
> Cobre um conjunto das demandas
para casa, cozinha, escritório, etc.;
> Tem a colaboração intensa com
designers;
> Reformula linhas de produtos em
função do cliente estrangeiro;
> Assume a distribuição por meio de
lojas próprias e franquias;
> Realiza lançamentos anuais;
> Utiliza múltiplas tecnologias;
> Só adquire árvores certificadas;
> Tem todas as certificações.
CONHECIMENTO EM FORMATO
ENTREVISTA
Durante as visitas técnicas, a gestora do Sebrae NA, Etel Tomas, fez uma
entrevista exclusiva com uma das empresas que integram
o Distretto Di Lumezzane. Acesse o vídeo
fazendo a leitura do qrcode.
O PROGRAMA,
A VIAGEM E VOCÊ
As mudanças de olhares profissionais e
pessoais vivenciadas
A
s transformações geradas pelo
Programa Internacional para
Desenvolvimento de Lideranças vão muito além dos conhecimentos adquiridos nas atividades de
EaD, nas aulas presenciais e na viagem à Itália. Cada nova informação,
vivência e experiência vista e intercambiada teve papel fundamental na
mudança de olhar dos gestores sobre sua atuação, sobre o papel do Sebrae e, ainda, sobre as atividades que
podem ser inseridas ou incrementadas para gerar novas oportunidades
para os pequenos negócios. Acompanhe as reflexões, os aprendizados, os
sentimentos, as sensações e as propostas dos gestores para a construção de um novo Brasil.
CAMINHO GRADUAL
”As experiências italianas me fizeram refletir bastante sobre o status de várias iniciativas nacionais e
os desafios que temos para ampliar
seu sucesso e sustentabilidade. O nível de amadurecimento italiano ainda é inalcançável para o Brasil, mas
creio que estamos percorrendo um
bom caminho, lento e gradual. A velocidade dos nossos processos organizativos e de inovação pode e deve ser
melhorada e acelerada em um contexto global de competitividade e não
apenas no nosso contexto local”, André Silva Spínola, Sebrae NA.
EMPREENDER PARA
CONCRETIZAR
”O Programa permitiu uma análise
mais profunda a respeito do empreendedorismo e mostrou que o empreendedor deve buscar alternativas
para a concretização do seu projeto. Pude perceber a importância socioeconômica da inovação, nas óticas
macro e micro, como motor do desenvolvimento do país e da inserção
da empresa no mercado atual de hipercompetição global. Percebi que a
sustentabilidade é um grande desafio para o Sistema Sebrae, pois precisamos trazer para o cotidiano dos
pequenos negócios as práticas de
gestão e as conquistas de mercados e
consumidores por meio de ações, serviços e produtos sustentáveis. Considero que as ações sociais, ambientais
e econômicas formam o tripé da sustentabilidade”, Arestides Bezerra Minervino, Sebrae AL.
experiências de hoje inovações de amanhã | 21
Programa
NOVAS DINÂMICAS
”Esse Programa representou um
novo tempo vivido, talvez o futuro que
queremos para os pequenos negócios,
mesmo considerando algumas diferenças socioculturais. Ficou um forte desejo de contribuir mais e mais para o
desenvolvimento de nossos negócios
e territórios, proporcionando uma nova
dinâmica no mercado, seja por meio de
políticas públicas, de um forte processo
de inovação ou de linhas de crédito específicas para segmentos e setores. As
experiências vivenciadas também me
proporcionaram alguns questionamentos voltados para a adequação de abordagens, respeitando as características
locais e culturais, a avaliação do foco do
desenvolvimento territorial e a sustentabilidade demandando a inovação, que
é um fator crítico de sucesso”, Eduardo
Jesus Alcântara Filho, Sebrae GO.
FAZER ACONTECER
”A educação faz parte da nossa missão e, preparar seus líderes, faz parte da estratégia de gestão de pessoas
para desenvolver as competências necessárias para atender milhões de pequenos negócios espalhados por todo o
22 | experiências de hoje inovações de amanhã
Brasil. Participar do Programa foi uma
oportunidade única de aprendizagem,
reflexão em conjunto com o grupo de
elite dos que ”fazem acontecer” e, acima de tudo, vivências proporcionadas
pelas visitas técnicas. Voltei com a mala
cheia de ideias e com o compromisso de
poder repassá-las com a sensibilidade
necessária e empolgar as unidades do
Sebrae AC para fazer chegá-las à ponta: os executores de projetos”, Elizabeth
Amélia Monteiro, Sebrae AC.
JUNTOS PELO COMUM
”A viagem foi uma experiência muito interessante em vários aspectos: nas
reflexões sobre o que estávamos fazendo e sobre como melhorar, ao verificar
que as realidades das diversas regiões
brasileiras são complexas e desafiadoras e ao trocar experiências com outros
colaboradores do Sebrae, o que foi essencial para que pudéssemos identificar quais as melhorias que temos que
fazer no dia a dia. Esta viagem me proporcionou, como pessoa, um aprofundamento nas reflexões sobre o que está
ao meu alcance fazer para ajudar a melhorar as condições de desenvolvimento
no local em que vivo e nas mudanças de
comportamento e cultura que afetam o
meu entorno. Como gestora, buscarei
compartilhar a experiência como uma
forma de sensibilizar as pessoas próximas de que as dificuldades e as oportunidades estão postas, mas o que são
e como fazer norteiam o futuro, principalmente, respeitando as diferenças e
agindo juntos pelo bem comum”, Flávia
Rosa Santos Silva, Sebrae MS.
AMOR PELO TERRITÓRIO
”Uma das experiências marcantes
foi compreender que o amor pelo território é ingrediente indispensável para
o desenvolvimento de uma região. Impressionante como os colaboradores,
a sociedade e as instituições valorizam
as empresas da localidade. Um fato
que me deixa curioso, pois mesmo dentro de um parque tecnológico, no qual o
segredo faz grande diferença, a principal prática visualizada é o trabalho em
redes, tendo como resultado o trabalho multissetorial, ou seja, a relação entre as empresas de distintas áreas do
conhecimento”, José Carlos de Arruda
Bessa, Sebrae TO.
MUITAS VISÕES E PESSOAS
”Cada viagem aprimora nosso olhar.
Foi particularmente importante revisitar
o modo de se trabalhar em aglomerados produtivos, clusters, redes e reforçar
a importância da nossa atuação no encadeamento produtivo. O programa me
permitiu aprimorar vários conhecimentos, mas, principalmente, ter a sensibilidade de que o Sebrae se faz de muitas
visões e de pessoas diferentes que, juntas, podem implementar muitas mudanças. Não tem quem sabe mais e, sim,
quem pode somar e construir com a sua
pouca experiência um trabalho sempre
mais aperfeiçoado”, Kelly Cristina Valadares de Pinho Sanches, Sebrae NA.
CHEGAREMOS LÁ
”Levei minha experiência de gestora
de projetos e de funcionária do Sebrae
há 20 anos e buscava conhecer outras
realidades que pudessem agregar no
dia a dia junto às empresas. Foi possível
ver que, na Itália, as empresas se unem
para trabalhar em parceria com objetivos bem focados, intenção comercial
de atingir alvos econômicos, buscando
inovar e se proteger do mercado externo. No Brasil, as empresas possuem um
diferencial que é contar com o Sebrae
para apoiá-las. Apesar de várias ações
da União Europeia, percebe-se que não
existe um órgão que oportunize os serviços que são oferecidos pelo Sebrae.
Foi importante ver a realidade na Itália e
perceber que são dois mundos diferentes em momentos históricos diferentes. Acredito que o Brasil tem tudo para
ser uma potência. Precisamos aparar
arestas, melhorar a produtividade, incentivar a inovação e, assim, chegaremos lá”, Liane Klein, Sebrae RS.
ALARGAR O OLHAR
”Conhecer outra experiência cultural,
econômica e histórica, principalmente
relativa ao ‘velho mundo’ com suas peculiaridades seculares sob o prisma do
cabedal teórico conhecido nas etapas
anteriores do curso, constituiu-se em
uma excelente oportunidade para alargar o olhar e as lentes com as quais enxergamos a realidade. Não se trata de
hierarquizar as realidades em escalas
superiores ou inferiores, mas utilizar
os exemplos como contrapontos capazes de fornecer uma interpretação mais
qualificada da realidade. Nós, técnicos
do Sebrae, precisamos refletir sobre
o contexto das micro e pequenas empresas a partir de conceitos profundos
que nos afastem de visões preconceituosas ou reducionistas da realidade.
Neste aspecto, esta capacitação em
muito acrescentou”, Lorena Roosevelt
de Lima Alves, Sebrae RN.
IDENTIFICAR VOCAÇÕES
”O curso confirmou que estamos
atuando na direção certa, na qual a inovação, a sustentabilidade e o desenvolvimento territorial são os grandes
pilares para o crescimento e o fortalecimento dos pequenos negócios no Brasil.
A identificação da vocação e do potencial regional é importante para que os
pequenos negócios tenham competitividade em um mercado cada dia mais
globalizado, foi o que ficou claro durante
as visitas às empresas. Destaco a oportunidade de conhecer in loco outras experiências empreendedoras de um país
que é umas das referências em produtos
com alta qualidade, muita inovação e design italiano traduzido pela marca Made
in Italy. As principais mudanças foram
no sentido de complementar os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos
trabalhando no Sebrae, trazendo mais
experiência para atuar como gestor junto com os pequenos negócios no Amazonas”, Marcus Antônio de Souza Lima,
Sebrae AM.
CUSTOMIZAÇÕES NACIONAIS
”Conhecer a realidade do desenvolvimento dos negócios de pequeno porte
e o contexto do desenvolvimento territorial italiano é sempre rico. Muitos
dos conhecimentos vistos no Programa serão possíveis de fazer as devidas
customizações e poderão ser implementados na realidade brasileira, desde
que seja considerada a peculiaridade de
cada ambiente, sua cultura e seus valores. Temos muitos desafios pela frente
e daí a importância de fazermos a multiplicação das informações e fortalecermos, ainda mais, o papel do Sebrae
como estrategista no desenvolvimento
dos pequenos negócios. Fator importante é a integração do mundo acadêmico com o mundo das empresas,
pois esse é um dos motores da inovação e do desenvolvimento. Como o Brasil é um país jovem, muitas coisas estão
sendo antecipadas, porém ainda estamos em processo de organização, preparando, formando e incentivando para
a criatividade, abrindo novos centros de
pesquisas e buscando aproximar e integrar o mundo acadêmico com o mundo
dos negócios para alavancar a tecnologia, a inovação e a competitividade
global”, Maria de Fátima dos Santos,
Sebrae AL.
VISÃO SISTÊMICA
”O Programa nos apresentou um
conteúdo programático maravilhoso
e em consonância com o planejamento estratégico do Sebrae e suas prioridades de atuação. Mesmo não sendo
temas inéditos, os ensinamentos agregaram ricas informações e orientações.
A viagem nos proporcionou validar o
conhecimento e ter a certeza de que o
Sebrae está no caminho correto, estabelecendo linhas de atuação em inovação, desenvolvimento territorial,
encadeamento produtivo e melhoria
do ambiente de negócios. A consequência direta desse curso é a inserção da
inovação em todos os projetos da Unidade de Desenvolvimento Territorial.
A inovação será disseminada aos pequenos negócios do interior do estado
do Amazonas como uma forma de causar diferencial e agregação de valor. O
programa me ofereceu uma visão sistêmica da economia regional e da forma como os pequenos negócios podem
se relacionar e se apropriar das oportunidades existentes”, Maria do Socorro
Corrêa da Silva, Sebrae AM.
experiências de hoje inovações de amanhã | 23
Programa
LEQUE DE CONHECIMENTOS
”Fiquei feliz pela experiência de
ter contato com uma nova cultura e
um novo olhar sobre meu trabalho e
em como desenvolvê-lo, tomando por
base o leque de conhecimentos disponibilizados para melhor atender às
micro e pequenas empresas, razão de
existência do Sebrae. Ficaram claros
os conceitos trabalhados durante todo
o curso e que, para o desenvolvimento econômico através do desenvolvimento empresarial, são pressupostos
não dissociáveis, a inovação, a sustentabilidade, o conhecimento e o empreendedorismo”, Maria do Socorro
Gomes Figueiredo, Sebrae AC.
AÇÕES IMEDIATAS
”Conhecer as experiências, refletir e trocar opiniões com os colegas,
além do embasamento teórico e dos
conhecimentos dos professores, proporcionaram uma maior internalização dos aprendizados que hoje estão
muito fortes na realização das minhas ações no Sebrae. As experiências e os aprendizados foram tão
impactantes que, na volta, tive vontade imediata de compartilhar com
a equipe, colegas e familiares as histórias e as vivências da viagem. Além
disso, quase imediatamente, agendei
reunião com o MEC com o objetivo de
tentar iniciar alguma ação diferente”,
Mirela Luiza Malvestiti, Sebrae NA.
NOVO MARCO REFERENCIAL
”Essa experiência me fez ratificar
alguns conhecimentos, como a necessidade de estabelecer metodologia
para qualquer ação. O Programa reforçou que tenho que conhecer cada vez
mais a realidade do meu contexto de
atuação profissional e a realidade dos
pequenos negócios para conseguir
24 | experiências de hoje inovações de amanhã
liderar pessoas em prol do desenvolvimento de soluções com um maior
grau de aplicabilidade”, Nádia Jaciara
de Aguiar Castro, Sebrae RR.
SEMPRE EXISTEM
OPORTUNIDADES
”Essa experiência me oportunizou
uma grande reflexão, pois tenho a responsabilidade de partilhar o aprendizado e a experiência com colegas de
trabalho e na atuação junto aos municípios, tanto lideranças locais quanto
empreendedores. Embora tenha ficado maravilhada com alguns aspectos,
considero a nossa realidade existente,
pois na Itália há uma história de dificuldade e superação. Temos dificuldades,
mas temos muitas conquistas quanto ao tratamento diferenciado e favorecido aos pequenos negócios através
da desburocratização, do uso do poder de compras, do Microempreendedor Individual, do acesso ao crédito e
da simplificação de processos, além da
educação empreendedora, da inovação
e da redução da carga tributária através do Simples Nacional. O aprendizado me fez refletir que, no meio das
dificuldades, existem as oportunidades
e que não tenho que ver o tamanho
dos problemas e, sim, a chance para
promover a diferença com um olhar e
atitudes empreendedoras”, Nuberlânia
Ribeiro Batista, Sebrae RR.
ONDE PODEMOS CHEGAR
”O envolvimento do grupo de gerentes que participaram desse Programa é
muito importante para a continuidade
da implementação do aprendizado no
Sistema Sebrae. O curso permitiu aos
participantes um contato com outra realidade, a realidade do que acontece no
primeiro mundo, como pensam e como
enfrentam seus problemas econômicos,
sociais e ambientais mesmo com a
constante internalização de tecnologias.
O pequeno conhecimento adquirido permitirá ter um olhar diferente sobre as
coisas que costumo ver aqui no Brasil.
Agora vejo onde podemos chegar porque
sei que pessoas em outro lugar do planeta já estão lá”, Richard Batista Maia,
Sebrae AP.
SEM MODELOS
“Procurei estabelecer um comparativo de olhares e conhecimentos entre Brasil e Itália. Esse olhar foi meu
companheiro durante todo o período e uma das coisas que me permitiu entender, foi que o caminho para
o desenvolvimento não é replicar no
Brasil o que se faz na Itália, mas, sim
que para o desenvolvimento é preciso
trilhar seu próprio caminho, sem seguir o modelo italiano. Não há modelo. Há práticas que foram forjadas pela
cultura e por todo o contexto social e
econômico daquele país, nas quais
podemos nos inspirar, mas sempre
levando em consideração a nossa realidade, o nosso contexto, os nossos
valores e crenças”, Elaine Maria de
Moura Souza, Sebrae GO.
EXPERIMENTAÇÃO DIFERENCIADA
”Conhecer uma nova realidade,
uma nova cultura e uma nova dinâmica são elementos cruciais para vislumbrar a aplicabilidade dos métodos
e das ferramentas que adotamos no
cotidiano. É extremamente necessário que haja a experimentação de realidades distintas das que estamos
habituados para possibilitar que enxerguemos novas práticas para atendimento das demandas, mesmo que
essas sejam convencionais, nas quais
se ofertam novas entregas para a
continuação do processo evolutivo
em busca da excelência, momentaneamente, plena”, Rogério Cerqueira
Teixeira, Sebrae BA.
INJEÇÃO DE CONHECIMENTO
”O curso é perfeito ao conciliar teoria e vivência. Distribuído em etapas
à distância e presencial, o Programa
nos instiga a pensar diferente, aguçar a criatividade e, ao mesmo tempo, fortalecer nosso senso analítico.
Acredito que os profissionais de uma
instituição de vanguarda como o
Sebrae ganharam um diferencial com
essa injeção de conhecimento, vivências e abstração da rotina. Retorno renovada, trazendo, em minha bagagem,
ideias, conceitos, reflexões e aprendizados internalizados pela experiência vivida e que será aplicada na carteira de
Desenvolvimento Econômico Territorial
(DET) e nas políticas públicas, áreas que
gerencio no Mato Grosso do Sul”, Sandra Amarilha, Sebrae MS.
INOVAÇÃO COMO PORTA
”Uma experiência como o Programa
eleva o nível profissional e também o
comprometimento com o desenvolvimento do país através das micro
e pequenas empresas. É importante transmitirmos essa confiança aos
empreendedores e empresários que
atendemos, tornando-os mais cientes do seu papel perante a sociedade
brasileira. Temos que ampliar nossa
visão gerando perspectivas de um futuro melhor, fortalecendo as redes e
construindo uma cultura voltada para
o coletivo, assim como é feito na Itália.
O curso e a viagem reforçaram minha
percepção de que estamos no caminho certo. Precisamos estimular cada
vez mais os empresários a investirem
em inovação, pois esta é a porta para
elevar o nível de competitividade que
se exige em mercados globalizados”,
Sergio Augusto Monturil de Carvalho,
Sebrae GO.
ESTÍMULO PARA MUDANÇAS
”A oportunidade proporcionada agregou muito conhecimento. Sinto-me
mais preparada, estimulada e com mais
responsabilidade para contribuir na promoção de mudanças no papel de gestora de uma empresa tão conceituada,
com tanta credibilidade e que tem como
foco o desenvolvimento dos pequenos
negócios, como é o Sebrae. Como pessoa e como gestora foi um momento de
autorreflexão, autocrítica, rever conceitos, autodesenvolvimento e reafirmar a
necessidade de buscar melhorias contínuas. Sinto-me orgulhosa e privilegiada em fazer parte desta instituição que
busca, continuamente, a preparação de
seus profissionais apostando no potencial que cada um tem para contribuir fazendo a diferença na ponta”, Soraya
Neves de Menezes, Sebrae AC.
PRODUTIVIDADE COMO TÔNICA
”O Programa foi uma oportunidade de networking, capacitação e benchmarking de algumas práticas de
gestão. Ficou muito claro que estamos
longe, mas muito longe de ser um país
com empresas produtivas. Em todas
as falas, visitas e percepções, a palavra
produtividade foi muito evocada. Pretendo fazer um planejamento de ações
que privilegiem a produtividade como
tônica das ações. A ampliação do conhecimento da história europeia, seus
feitos e sua cultura, com certeza me fizeram uma profissional mais preparada e com mais vivência”, Vera Helena
Lopes, Sebrae MG.
PROTAGONISMO EMPRESARIAL
”Como considerações finais ficaram
reflexões sobre o modelo de atuação do
Sebrae nos territórios, pois a estratégia
não deve substituir o empreendedorismo e o protagonismo empresarial. Outro ponto é avançar no encadeamento
produtivo entre as pequenas e médias
empresas de setores estratégicos para
o País”, Luis Carlos Silva, Sebrae PR.
CRIATIVIDADE PARA EMPREENDER
Faça a leitura do qrcode para ver
o vídeo especialmente preparado
pelo gestor Carlos Raimundo dos
Santos, do Sebrae MT sobre a
importância da criatividade no
empreendedorismo e como o tema
tem especial tratamento na Itália.
experiências de hoje inovações de amanhã | 25
APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS
INSPIRAÇÕES
PARA CRIAR NOVAS
OPORTUNIDADES
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Obter mais informações, comparar
estratégias brasileiras e italianas,
ressaltar percepções do que é novo
e do que precisa de mudança, viver
experiências que extrapolam o
universo cotidiano e usar os registros
adquiridos como pontos de referência
para a atuação do Sebrae. Ao longo do
Programa, os gestores consolidaram
novas inspirações para a construção
de outros pontos de ruptura e
aprimoramento dos pequenos
negócios brasileiros.
CONHECIMENTOS
QUE EXTRAPOLAM MUROS
Visões, conceitos e
reflexões de novas
oportunidades para
os pequenos negócios
A
geração de valor continuado é
uma das soluções para elevar os
empreendimentos brasileiros a
outros patamares de inovação, competitividade, comprometimento territorial
e amplitude de atuação. A participação
no Programa permitiu que os gestores
desenvolvessem novas ponderações
sobre o universo dos pequenos negócios que podem ser a chave para ultrapassar o atual cenário econômico
nacional e criar outros pontos de transição e mudanças.
”O Programa ampliou meu repertório
de análise e intervenção na realidade,
além de gerar importantes referenciais
que me estimulam aos projetos de país
e desenvolvimento que acredito e que
pretendo, no meu microcosmo, ajudar
a construir. É um projeto no qual a inclusão ocorre pela via do trabalho, da
valorização das identidades, da educação e da inovação como molas para a
produtividade. O Brasil precisa de vários olhares e vários paradigmas para
abranger a diversidade e a dimensão do
País”, comenta a gerente do Sebrae RN,
Lorena Roosevelt de Lima Alves.
INOVAR PARA COMPETIR
Empreender a partir de uma mirada
criativa e da diferenciação são desafios
postos aos empresários brasileiros. É
preciso superar os entraves do próprio
contexto para vislumbrar novos cenários
em produtos e serviços. ”Ficou marcante
a questão do empreendedorismo com
foco na inovação, gerado, principalmente, pela especialização produtiva que, por
sua vez, gera qualidade e valor para o
mercado. O empreendedorismo inovador
é a base do encadeamento produtivo, da
sustentabilidade e do desenvolvimento
territorial”, explica o gestor do Sebrae SP,
Fábio Ravazi Gerlach.
Inovar para competir não significa
apenas extrapolar atitudes rotineiras,
mas inserir uma nova crença empresarial baseada em ciclos de diferenciação.
”Em algumas empresas italianas, a cultura tem atributo de valor e está impregnada em seus produtos. Eles têm
obsessão com a inovação, estão internacionalizando devido à necessidade de
conquistar novos mercados e investem
e retém o capital intelectual. A especialização produtiva, a interiorização da
produção e a combinação de qualidade e
preço são fatores que os diferenciam no
mercado global”, destaca a gerente do
Sebrae MS, Vanessa Gouveia Leite.
O conjunto cíclico de talentos que levam uma empresa a inovar está, também, impregnado de aspectos culturais
que encontram eco nas práticas adotadas pelos empresários. ”A Itália, com sua
história milenar, usa como diferencial
competitivo os investimentos em inovação e tecnologia aliados à qualidade,
à tradição e ao design. O Brasil, mesmo
com sua pouca idade, dimensão territorial continental e claras diferenças
regionais, consegue ter, no empreendedorismo e na criatividade de seu povo,
as condições de se tornar uma economia sólida e pujante”, reforça o gestor do
Sebrae RN, Célio José Vieira de Moura.
Ao inovar, os empresários europeus e
brasileiros não estão apenas perpetuando a existência dos negócios, mas garantindo a paridade na concorrência. ”Em
minha bagagem, veio o reforço de que a
inovação constante, aliada à velocidade
nas mudanças e à flexibilidade, é o quesito fundamental para a consolidação da
competitividade no mundo corporativo
como um todo”, comenta o gerente do
Sebrae PR, José Ricardo Castelo Campos.
Enganam-se aqueles que pensam
que a competitividade trazida pela
inovação está somente agregada à
inserção de tecnologias e modernidades. ”A inovação esteve presente em
todos os locais, mas chamou minha
atenção quando visitamos o Consórcio Parmigiano Reggiano e vimos que
todo o processo produtivo do queijo é
auxiliado por máquinas e equipamentos de última geração conciliados com
a preservação da secular técnica de fabricação, fiel à utilizada no século XII”,
explica a gestora do Sebrae GO, Eliane
Maria de Moura Souza.
experiências de hoje inovações de amanhã | 27
APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS
Além dos processos de inovação, há
outros eixos na busca por novas oportunidades. ”Acredito que o segredo do
sucesso dos pequenos negócios na Itália
seja o conhecimento, a inovação, a criatividade e uma dose certa de ousadia.
Para nós, especialistas no assunto, o
grande desafio é conhecer as necessidades dos nossos clientes e ofertar
produtos e serviços que os tornem mais
inovadores, sustentáveis e competitivos,
além de fazer com que eles acreditem
que podem ir sempre mais além”, esclarece a gerente do Sebrae TO, Flávia Roberta Pacheco Donato Bossonaro.
PERTENCER PARA SER
A globalização quebrou as fronteiras dos negócios, porém reforçou as
especificidades locais e atitudes focalizadas. ”Meu maior aprendizado foi
o de que cada território demanda um
modelo próprio de desenvolvimento,
único e no qual é fundamental a combinação de vários fatores internos e
externos ao ambiente, como vocação,
capitais humano e social, infraestrutura, cultura local e, acima de tudo, os
atores locais”, ressalta a gestora do
Sebrae AC, Elizabeth Amélia Monteiro.
O senso de comunidade insere novos valores nos pequenos negócios,
especialmente porque consolida a sobrevivência de milhares de pessoas. ”Os
aprendizados mais importantes foram
relacionados à geração da competitividade e à importância do pertencimento ao território e do orgulho da tradição
O senso de
comunidade
insere novos
valores nos
pequenos
negócios
28 | experiências de hoje inovações de amanhã
´Made in Italy´, além da complexidade da
competição dentro da União Europeia e
da distância entre a realidade das empresas italianas e brasileiras”, pondera
o gestor do Sebrae SP, Carlos Alberto de
Freitas.
O sentimento de pertencimento dos
italianos ganha outros contornos quando se depara com o desafio da competição global. ”Há uma busca constante
pela diferenciação no mercado, procurando sempre aumentar a competitividade empresarial. Todos os setores e as
empresas demonstram a preocupação
com a concorrência internacional e agem
para que possam estar à frente. Nessa
busca, destacam-se investimentos realizados em modernização e na qualidade, não apenas do produtor, mas de
toda a cadeia de fornecedores”, explica
o gerente do Sebrae PR, César Reinaldo
Rissete.
Mesmo com o objetivo de promover
negócios para um país, reforçar o senso de pertencimento passa por olhar
cada universo de forma diferenciada.
”O desenvolvimento territorial deve ser
trabalhado de forma diferente até dentro do mesmo país devido às diferenças
culturais, demográficas, climáticas, etc.”,
reforça o gestor do Sebrae DF, Roberto
Faria Santos Filho.
COLABORAR PARA CRESCER
O intrincado processo de desenvolvimento dos pequenos negócios passa
pela construção de alianças estratégicas
de sustentação, especialmente por sua
importância no tecido econômico dos
territórios. ”A valorização da cultura associativista forjada com base empreendedora tem participação na construção
da competitividade das empresas e dos
territórios, especialmente os de especialização produtiva. Os conhecimentos
do saber fazer permitem aos territórios
e às micro e pequenas empresas, mesmo diante de cenários adversos da
economia mundial, a presença e o fortalecimento diante de mercados competitivos”, explica o gestor do Sebrae SC, Enio
Alberto Parmeggiani.
Somar os diversos atores implica em
olhar para um escopo mais amplo e que
envolve instituições estruturantes do
país. ”Na Itália, a proximidade entre a escola e os empresários é muito forte, o que
permite uma customização dos cursos
à necessidade do mercado. A competitividade de determinado território está
diretamente associada ao envolvimento
cooperado dos empresários, entidades e
escola, considerando os aspectos históricos e culturais e o alinhamento com a
evolução e as demandas do mercado”,
comenta o gerente do Sebrae MG, Fabrício César Fernandes.
O senso de que é necessário colaborar
para crescer permeia todos os relacionamentos das empresas e vai muito além
de uma postura de acesso ao mercado.
”Há grandes diferenças entre o Brasil e
a Itália que não se caracterizam apenas
pelo ambiente de negócio, mas por uma
cultura milenar e pelo foco no desenvolvimento dos territórios, nas vocações
locais e na busca de uma especialização
produtiva de valorização destas economias”, reforça a gestora do Sebrae PE,
Jussara Siqueira Leite.
DESENVOLVER PARA SUPERAR
Superar adversidades passa a demandar o fomento de uma nova atitude
empreendedora pelos empresários e por
todas as instituições que se relacionam
diretamente com os pequenos negócios. ”O que é possível replicar dessa
experiência? Provavelmente, o conceito
de redes de colaboração, em que empresas se unem a centros tecnológicos, universidades e outras empresas
em busca de diferenciais competitivos
A colaboração entre os
empresários acontece
a partir de laços de
confiança
que lhes permitam a sustentabilidade. Devemos massificar que investir
em capacitação, pesquisa, inovação e
mercado, comprovadamente, é o ingrediente indispensável para a competitividade empresarial”, explica a gerente do
Sebrae AP, Lindeti Góes Ferreira.
O trilhar de novos horizontes para os
negócios brasileiros também passa pelo
desenvolvimento de outra consciência
entre os empreendedores. ”Observei o
comportamento dos empresários italianos perante o seu governo. Eles adotam
uma postura independente de políticas
públicas existentes ou preeminentes,
direcionando para si a exclusividade do
sucesso do negócio. Essa constatação
é preponderante, já que internaliza que
é necessário concorrer com as adversidades e inovar nos processos, produtos
e serviços”, comenta o gestor do Sebrae
BA, Rogério Cerqueira Teixeira.
Desenhar caminhos de maior oportunidade para os pequenos negócios
representa, ainda, extrapolar os índices de qualidade inseridos em muitos
produtos e serviços. ”A Itália é uma
referência mundial em qualidade e a
primeira colocada em 235 produtos,
dentre calçados, máquinas e aparelhos para empacotar, moda, azulejos,
barcos, produtos eletrotécnicos, cabos,
maçãs, etc. Essa é a mais significativa
diferença entre Brasil e Itália quando
analisamos a capacidade empresarial”,
reforça a gerente do Sebrae AM, Maria
do Socorro Corrêa da Silva.
Para criar um futuro de excelência
nos mercados nacional e internacional,
os pequenos empresários terão que
superar ainda o desafio do comprometimento. ”Na Itália, há muito menos
paternalismo em relação aos pequenos
negócios. Observamos que os empresários italianos estão muito mais motivados e seus resultados são muito bons. A
reflexão que fica é sobre o investimento
do Sebrae em empresas que não estão
motivadas e mobilizadas para crescer.
Almejam o destino, mas não se comprometem com o caminho”, finaliza a
gerente do Sebrae RS, Viviane Ferran.
experiências de hoje inovações de amanhã | 29
APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS
COMPARATIVO
DE OLHARES
ENTRE PAÍSES
As visões brasileiras
e italianas sobre
os pequenos
empreendimentos
em destaque
A
maturidade italiana se contrapõe à juventude dos empreendimentos brasileiros. Comparar
o posicionamento dos negócios entre
os dois países mostra que, em ambos
os lados, há uma grande enciclopédia
de conhecimentos a ser intercambiada.
Ao longo do Programa, os gestores puderam aprimorar a mirada internacional, o que oferece novas possibilidades
aos pequenos negócios, nacionalmente,
e expande as potencialidades dos territórios, criando potenciais cadeias de
transformações econômicas e sociais.
”Presenciamos, na Itália, uma economia fundamentalmente regida pela Lei
de Mercado, altamente especializada,
com arranjos territoriais maduros e capazes de prover soluções customizadas
30 | experiências de hoje inovações de amanhã
e inovadoras e com reduzida burocracia,
o que contribui para a inserção de uma
significativa parcela dos pequenos negócios na balança comercial exportadora”, explica o gerente do Sebrae AM,
Carlos Henderson Tavares Cardoso.
Mesmo em um cenário globalizado, os países mantêm características
específicas nas relações populacionais, econômicas, institucionais e de
legislação. O Brasil tem mais de 200
milhões de habitantes, número que
chega apenas a 60 milhões na Itália. A
nação europeia tem ainda áreas pouco habitadas em função dos Alpes,
mercado interno limitado e ausência
de florestas e minas, o que demanda
trocas derivadas da capacidade manufatureira.
”Os Produtos Internos Brutos (PIB)
da Itália e do Brasil se aproximam, porém o italiano não é respaldado pelo
mercado interno que justifique a alta
geração de riqueza, pois isto acontece em função da exportação. A Itália importa matéria-prima e exporta
produtos manufaturados. Assim, responder à crise depende da internacionalização das empresas”, comenta a
gestora do Sebrae RN, Lorena Roosevelt de Lima Alves.
A Itália diferencia-se do Brasil
também por ser uma república parlamentar, na qual o primeiro ministro
necessita da legitimidade do parlamento, e por estar distribuída em regiões e
não em estados. O país está entre os
cinco colocados no comércio internacional de manufaturados e tem, como
macro setores, o vestuário, a decoração, a automação e a alimentação, que
são liderados, principalmente, por micro
e pequenas empresas com produtos de
alta qualidade.
”O país se renova e se recria frente às dificuldades. Depois da crise de
2008, foi um momento de grande mudança na estrutura, pois as empresas
e as instituições se uniram em prol do
desenvolvimento comum e passaram
mais fortemente a trabalhar em rede
em busca de aprimoramento e mercados mais competitivos”, explica a
gerente do Sebrae NA, Kelly Cristina
Valadares de Pinho Sanches.
As distinções do
empreendedorismo
foram apresentadas em
diversas reuniões
As apresentações
italianas destacaram
as diversas visões
empresariais
DISTINÇÕES NO
EMPREENDEDORISMO
O contraponto entre os avanços e os retrocessos para o estímulo ao empreendedorismo mostra
uma visão italiana menos favorável
ao surgimento das micro e pequenas
empresas quando comparada ao Brasil, especialmente em função da Lei
Geral das MPEs que intensifica a dinâmica econômica nacional e o desejo
dos brasileiros de empreender.
”Comparativamente, temos desafios importantes no que se refere ao
comportamento empreendedor e das
instituições que oferecem apoio e serviços. Ficou evidente que, na Itália, o
empresário tem a seu alcance linhas
de financiamento com juros decentes,
enquanto no Brasil essas linhas não
são adequadas e oneram, excessivamente, a empresa”, destaca o gestor
do Sebrae PR, César Reinaldo Rissete.
Mesmo em um cenário com mais
desafios para a abertura de novos empreendimentos, os empresários europeus contam com a Small Business
ACT (SBA), política que reúne propostas não obrigatórias de apoio ao empreendedorismo nos países membros
da União Europeia. A iniciativa está
baseada em cinco prioridades básicas: redução da carga tributária, acesso aos financiamentos, acesso aos
mercados, desenvolvimento de competências para expansão das atividades e fomento ao empreendedorismo.
”Não se viu na Itália o fomento ao empreendedorismo. Isto porque empreender por lá é mais difícil,
experiências de hoje inovações de amanhã | 31
APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS
burocrático, caro e arriscado, pois
a falência de uma empresa significa também o fim das chances
do empreendedor tornar-se empresário outra vez. Os estudantes se formam com o objetivo de
ingressar no mercado de trabalho
privado, mas não como novos empreendedores. Mesmo assim, não
deixam de existir novas empresas
surgindo, porém em um ritmo menor que o Brasil”, afirma o gestor do
Sebrae MA, Danilo Lisboa Borges.
Em solo italiano, a cooperação torna-se estratégia para a sobrevivência das empresas de pequeno porte.
Esse modelo organizacional é originado na sinergia de interesses e expressa a maturidade do mercado
europeu, pois possibilita a identificação e a avaliação de forças que interferem na sobrevivência das empresas
de pequeno porte e a introdução do
sistema de produção em massa.
”A cooperação entre empresas consiste em um formato organizacional que configura tipos inovadores de
alianças que ganham notoriedade por
combinar eficácia, informalidade e espontaneidade, rompendo com modelos ortodoxos”, ressalta o gerente do
Sebrae AL, Arestides Bezerra Minervino.
A comparação entre o apetite associativo italiano e o brasileiro
demonstra que, nacionalmente, predominam o individualismo e o imediatismo nas relações. Na Europa, há
a valorização da confiança recíproca e
a mentalidade de ganho coletivo que
são elos históricos em cooperativas,
associações e distritos industriais.
”O ânimo associativo dos italianos é, sem sombra de dúvidas, o
maior destaque em todo o processo de aprendizado prático que vivenciamos. Do ponto de vista de apoio
32 | experiências de hoje inovações de amanhã
estatal, verifica-se uma semelhança
entre os países com iniciativas descoordenadas e muitas reticências do
meio empresarial, que não identifica
esforços eficientes na formatação de
um ambiente de negócios ideal”, reforça o gerente do Sebrae NA, André
Silva Spínola.
cocriação, está incorporado, no DNA
das empresas que são dotadas de
mão de obra altamente especializada
e buscam permanentemente a inovação e a criação de novos produtos
com tecnologias adequadas, o que
são fatores decisivos para enfrentar
a grande concorrência mundial”, comenta o gerente do Sebrae SC, Carlos José Dias.
Fazer mais com menos, ter noção dos limites do desenvolvimento, atentar para as restrições
VISÕES DE MUNDO
O processo histórico distinto dos
países também impacta sua visão
de mundo nos negócios. Do lado italiano, existe uma maior maturidade
das empresas e estratégias que visam o mercado externo e a necessidade de buscar a diferenciação pela
qualidade, design e inovação. Já em
terras brasileiras é necessário ampliar a internacionalização dos produtos e serviços, o que pode oferecer
novas oportunidades de crescimento econômico.
”Percebe-se que o Brasil precisa evoluir muito na visão de mercado internacional. Talvez por ter
uma população enorme e que pode
ser consumidora de seus produtos, o empresariado ainda não tenha uma visão focada no potencial
do mercado externo”, explica
a gestora do Sebrae RS,
Liane Klein.
A colaboração e o
encadeamento produtivo somados ao
Fazer mais
papel das liderancom menos
ças
empresariais
são outros aspectos
que marcam o olhar
italiano nos negócios
e diferenciam-se do posicionamento adotado por
muitos empresários brasileiros.
”O
empreendedorismo,
aliado às culturas da cooperação e da
VALORES
EMPRESARIAIS
ITALIANOS
Limites do
desenvolvimento
Restrições
ambientais
Sustentabilidade
como eixo principal
ambientais e usar a sustentabilidade como eixo principal são valores
permanentemente encontrados na
cultura empresarial italiana e que,
apesar de estarem em pauta em
muitos negócios, ainda não se tornaram atitudes práticas no Brasil.
”Saber que as gerações futuras
precisam viver neste planeta com o
bem-estar de hoje é uma preocupação do dia a dia. Por isso, os empreendedores italianos só pensam ou
buscam oportunidades que tenham a
temática sustentabilidade no escopo
do negócio. Percebe-se que o tema
está resolvido”, reforça a gestora do
Sebrae RJ, Ana Lúcia de Araújo Lima.
Tratar dos resíduos gerados, ir
além do produto para gerar uma experiência e perceber as mudanças
na forma de consumo são outras
atitudes que estão impregnadas na
cultura empresarial italiana. Comparativamente, empresários e consumidores brasileiros ainda não têm
a mesma consciência e o olhar para
além do produto que está sendo comercializado.
”No Brasil, o mercado é menos
exigente e os consumidores possuem necessidades básicas que
precisam de atendimento o que, juntamente com o aumento do poder de
consumo, permitem o atendimento
aos anseios com nível de exigência
e valores agregados ainda incipientes se comparados com países mais
desenvolvidos como a Itália”, finaliza
Ana Lúcia.
SOMATÓRIO DE COMPARATIVOS
As gestoras Débora de Aragão Mendonça, do Sebrae SE, e Sandra Amarillha, do Sebrae MS, somaram comparativos entre os países
que permitem analisar características do empreendedorismo nas duas nações e lacunas de oportunidades para os empreendedores
de pequenos negócios do Brasil.
BRASIL
ITÁLIA
> Há um espírito empreendedor aguçado.
> Há um forte espírito empreendedor.
> As políticas públicas em prol dos pequenos negócios avançam aos
poucos, mas com algumas notórias conquistas.
> As políticas públicas existem com atuações independentes e de acordo com cada
território.
> A inovação ainda é um tema novo e há muito a conquistar.
> A inovação já está incorporada por várias empresas, principalmente as de
tecnologia. Em algumas empresas, a inovação ainda se faz através da mão de obra.
> Existem poucas práticas sustentáveis considerando a dimensão do
País.
> Existem práticas sustentáveis totalmente incorporadas à rotina das empresas.
> Acontece o esforço conjunto de órgãos, governo e instituições,
como o Sebrae, para prover o desenvolvimento do território a
partir do estímulo ao empreendedorismo.
> Acontece a forte valorização do território e a comunidade e as empresas atuam em
prol do desenvolvimento, reforçando sua identidade.
> História e tradição são patrimônios novos
e ainda pouco valorizados.
> Tradição, qualidade e cultura são os principais ativos econômicos.
> Existem iniciativas para desenvolvimento da cultura da
cooperação.
> A cultura da cooperação já está incorporada nos territórios.
> É uma nação federativa com dimensões continentais.
> Tem forte identidade territorial amparada por políticas da União Europeia de
Denominação de Origem Protegida (DOP).
> Existem esforços para a construção de um ambiente favorável aos
pequenos negócios.
> Existe um ambiente de negócios favorável à inovação e à competitividade dos
territórios com suas cadeias de valor, porém sem foco nos pequenos negócios.
> A dinâmica dos mercados globais é flexível.
> Está se esforçando para adaptar-se aos mercados através de uma obsessão pela
inovação e pela qualidade dos produtos.
> Tem humildade corporativa no ciclo de aprendizagem.
> Tem orgulho de pertencimento ao seu território e à União Europeia.
experiências de hoje inovações de amanhã | 33
APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS
COMPETIÇÃO
GLOBAL
Extrapolar os muros do Brasil
e ganhar representatividade
internacional demanda
estratégias que vão além
da produção qualificada.
”As empresas que querem
competir globalmente têm
que investir em conhecimento
e tecnologia, ampliar sua
visão de mercado e se sentir
pertencentes ao território
em que vivem, pois, assim,
há subsídios relevantes para
mudar o cenário destes
empreendimentos e do País”,
comenta o gerente do
Sebrae SP, Carlos Alberto de
Freitas.
VALORIZAÇÃO HISTÓRICA
Todos os negócios estão impregnados de histórias de vida e conhecimentos
territoriais que representam um importante ativo mercadológico. ”Os processos
histórico e cultural em nosso país são diferentes da vivência italiana, na qual estes
aspectos são valorizados, o que é percebido pelos longos anos de existência dos
negócios, pela proteção aos saberes e pelo conhecimento que passa de geração
para geração, mesmo diante de cenários pouco favoráveis ao empreendedorismo”,
reforça o gerente do Sebrae GO, Eduardo de Jesus Alcântara Filho.
REDE DE
CONHECIMENTOS
ARTICULADOS
CULTURA ESPECÍFICA
A globalização tende a apontar práticas
de sucesso arraigadas e que nem sempre
representam a cultura empresarial local.
”O caminho para o desenvolvimento
não é replicar, no Brasil, o que se faz na
Itália como se fosse um modelo. Não há
modelo. Há práticas que foram forjadas
pela cultura e por todo o contexto social
e econômico daquele país, nas quais
podemos nos inspiratr, mas sempre
levando em consideração a nossa
realidade, o nosso contexto e os nossos
valores e crenças”, explica a gestora do
Sebrae GO, Eliane Maria de Moura
Souza.
34 | experiências de hoje inovações de amanhã
COMPROMISSO SUSTENTÁVEL
EXPANSÃO TEMPORAL
A percepção de que o planeta é único altera visões e missões empreendedoras que
adotam uma nova postura frente às linhas de produção. ”No Brasil, ainda está
se iniciando a aplicação de ações relacionadas à sustentabilidade nos processos
empresariais. Em muitos países da Europa, a orientação faz parte da forma de ser
de cada empresa. Assim, o próprio consumidor cobra por este posicionamento ao se
relacionar com os produtos e os serviços”, destaca a gerente do Sebrae MS, Flávia
Rosa Santos Silva.
Há a necessidade de expandir o
pensamento empreendedor para
garantir a transição do curto para
o longo prazo. ”Vivenciamos nas
empresas que todo processo de
gestão é altamente profissional,
planejado com visão de longo
prazo, alto investimento em P&D,
inovação tecnológica, educação
empreendedora e treinamento e
internacionalização das empresas,
de modo que tais características
diferem, e muito, das empresas
brasileiras”, afirma a gestora
do Sebrae TO, Flávia Roberta
Pacheco Donato Bossonaro.
Pensamentos, sentimentos e vivências que
podem revolucionar os pequenos negócios
E
m um cenário repleto de pontos de ruptura, o Programa permitiu aos gestores do Sebrae acumular uma nova bagagem de conhecimentos que têm
alto potencial de mudar a face dos pequenos negócios no Brasil. Conheça
reflexões que mostram caminhos para o desafio de somar cocriação, inovação
e empreendedorismo em mercados cada vez mais competitivos e em que é
preciso pensar, viver e sentir as transformações econômicas e sociais provocadas pelos pequenos negócios todos os dias.
COLABORAÇÃO
MULTIDIMENSIONAL
Os mercados cíclicos demandam
a compreensão de que a atuação
colaborativa é fundamental
para gerar ganhos entre todas
as partes do processo. ”Uma das
principais virtudes italianas é a
capacidade de trabalhar em rede.
Eles possuem uma caraterística
de conseguir compartilhar e atuar
de forma integrada com grande
profissionalismo e foco em resultado.
Esta atuação em rede passa pela
capacidade de mobilizar o território
e pelas parcerias com empresas
internacionais”, ensina o gestor do
Sebrae RS, Fábio Krieger Lopes Reis.
experiências de hoje inovações de amanhã | 35
APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS
INTEGRAÇÃO POLÍTICA
Para somar empreendedorismo,
inovação, sustentabilidade,
encadeamento produtivo,
desenvolvimento territorial e leis de
apoio às micro e pequenas empresas
é necessário criar novos formatos
de conexão entre os organismos de
fomento. ”Perceber as diferenças
locais e regionais levou a uma melhor
compreensão da nossa realidade e dos
caminhos para aumentar a contribuição
no desenvolvimento dos territórios, que
precisam, cada vez mais, da integração
com as comunidades empresarial e
política dos nossos municípios e estados”,
comenta o gerente do Sebrae PI, Élcio
de Lima Nunes.
VALOR COOPERADO
TERRITÓRIOS VALOROSOS
Entender que incrementar as oportunidades de
negócios em localidades passa pela observância de
um rico caldo cultural. ”Chamo atenção quanto à
experiência com o desenvolvimento territorial como
fator de geração de riquezas locais que trouxe, por
sua vez, o modelo europeu e, em particular, o italiano,
como referência para estudos e implementação
do tema no Brasil. O território não mais como um
reservatório físico, onde pessoas moram e instalam
empresas, mas um lugar transformado para empresas
e pessoas se enraizarem no contexto das dinâmicas
sociais, culturais e locais, além do papel da produção
local, como gerador de riquezas, de bens e serviços e
as novas modalidades de análise territorial”, destaca o
gerente do Sebrae BA, Alex Silva de Brito.
36 | experiências de hoje inovações de amanhã
Criar uma nova valorização das cooperativas passa pelo
desenvolvimento de uma estratégia que as inclua como elo
fundamental do negócio. ”Ao invés da ´partilha de sobras` entre
os cooperados, usualmente realizada por nossas cooperativas,
a Latteria Soresina transforma a sobra em aumento do valor
a ser pago pelo leite. Esta diferença gera maior valorização do
cooperado, por consequência maior vínculo com a cooperativa,
e menor índice de ´traição`, por consequência, maior amor
pelo território”, comenta o gestor do Sebrae TO, José Carlos
Arruda de Bessa.
CIÊNCIA INOVADORA
Os caminhos que percorrem a superação de obstáculos nos
pequenos negócios passam, obrigatoriamente, pela rota da
inovação. ”Se o empresário tem a percepção de que pode
e deve inovar, o caminho está aberto para novas ideias
e processos. Percebe-se que na Itália existe uma grande
preocupação com a qualidade e a produtividade e que as
universidades e seus professores estão muito próximos das
empresas, oportunizando que a ciência esteja a serviço das
empresas”, destaca a gerente do Sebrae RS, Liane Klein.
TERRITÓRIOS SETORIAIS
CORRELAÇÕES INSTITUCIONAIS
Reforçar a identidade territorial
e estimular o empreendedorismo
local faz emergir todo o senso de
empoderamento de uma comunidade.
”Os arranjos produtivos locais
italianos são fortes e de muita tradição
com empresas focadas em alta
produtividade e inovação. O intuito
é a consolidação cada vez mais forte
dessas empresas, que são referenciais
nacionais e mundiais”, afirma a
gestora do Sebrae NA, Mirela Luiza
Malvestiti.
As políticas públicas setoriais podem representar o engenhoso impulso
necessário ao nascimento de empreendimentos. ”Foi interessante
perceber o papel da Comunidade Europeia e a correlação com o
desenvolvimento dos pequenos negócios. São 28 países com diretrizes e
temáticas expostas em seus planos estratégicos e táticos e com o apoio
e a articulação para que todos incluam, em suas políticas públicas, o
incentivo aos pequenos negócios”, comenta a gerente do Sebrae AL,
Maria de Fátima dos Santos.
PAIXÃO
TRANSCENDENTE
Empreender em um mundo
novo requer, também, novos
modelos de empresários e
negócios. ”Na Itália, temos
um povo apaixonado pelo
seu território e pela família,
que busca desenvolver seus
territórios através de suas
vocações e da cooperação
entre os vários atores. No Brasil,
temos muita coisa boa, como
o acolhimento e a criatividade
que são frutos da necessidade
de congregar todos os povos
que escolheram essa terra para
viver e ser feliz. No entanto,
encontramos dificuldades no
senso de responsabilidade
com o futuro, fato que afeta
diretamente a competitividade
dos pequenos negócios”,
reforça a gestora do Sebrae
RR, Nádia Jaciara Aguiar
Castro.
CONCEITUAÇÃO EMPREENDEDORA
A observância dos diferentes tipos de empreendedores e seu período de
maturidade pode permear melhores práticas de fortalecimento. ”É preciso
entender que existe o empreendedor 1.0, que é exatamente aquele que
está iniciando seu negócio e precisa do apoio do Sebrae com ferramentas
apropriadas, e o empreendedor 2.0, que está em outro momento de
desenvolvimento e precisa de instrumentos de apoio que possibilitem ajudá-lo
em situações que são totalmente diferentes de quando estava iniciando sua
empresa”, ensina o gestor do Sebrae PA, Francisco Marcelino Fontes Costa.
CONCORRÊNCIA
CONSCIENTE
EMPODERAMENTO
CONSOLIDADOR
Em um mercado de competição não
linear, a solução para enfrentar a
concorrência pode estar na formação
de uma rede multifacetada de atuação.
”Na Itália, as empresas não competem
individualmente, mas, sim, como um
sistema e um conjunto de capacidade
produtiva, de capital físico e humano, de
infraestrutura, de redes, de capacidade
inovadora e de eficiência global do sistema
territorial local. Ressalta-se a importância
dos clusters no desenvolvimento de uma
economia regional, sendo constatado
que se esses arranjos produtivos
existem, o desenvolvimento se faz
predominantemente presente”, afirma a
gerente do Sebrae AC, Soraya Neves de
Menezes.
No girar autônomo dos negócios,
as empresas que têm atitude para
buscar suas metas, ganham novo
fôlego de competitividade. ”Foi
importante perceber como o sistema
empresarial italiano está atuando,
procurando alavancar a economia
com inovação e criatividade, e se
preocupando com a perenidade
de suas empresas, que já estão
na terceira ou quarta geração.
Também ficou clara a visão de
empoderamento das empresas, de
não ficarem esperando pelo governo,
mas de se unirem e buscarem
soluções coletivas para problemas
comuns”, ressalta o gerente do
Sebrae MT, Volmir José Contreira.
experiências de hoje inovações de amanhã | 37
APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS
CONHECIMENTOS QUE SE
TRANSFORMAM EM AÇÕES
A missão de personalizar estratégias
europeias para as demandas locais
M
ais do que se apropriar dos
conteúdos apresentados no
Programa, os gestores têm
o desafio de customizar os conhecimentos e as vivências internacionais
para promover a geração de novos cenários de desenvolvimento dos pequenos negócios no Brasil. Ao compartilhar as visões europeias, eles
poderão também transbordar as margens de atuação nacional promovendo novos momentos de transição nas
economias locais e regionais.
38 | experiências de hoje inovações de amanhã
”Um ponto fundamental é pensar no pequeno negócio voltado para
o mundo. A empresa pode ser de
pequeno porte e pode não ter pretensões de exportação, porém a qualidade de seu produto ou serviço deve
estar atenta ao mercado não só localmente, mas também globalmente. Para isso ser possível, a inovação
deve estar presente em todos os passos destes empreendedores”, destaca o gerente do Sebrae DF, Roberto
Faria Santos Filho.
Personalizar as estratégias mercadológicas italianas para a inserção no Brasil passa, também, pela
criação de uma nova cultura empresarial, pois é necessário um melhor escoamento dos conhecimentos
técnico e acadêmico, o que irá potencializar a criação de novos cenários
para as empresas e o atendimento
de demandas não exploradas.
”A revolução está em investir em
pesquisa e conhecimento, descobrindo produtos melhores ou totalmente inovadores. Percebe-se que
as empresas brasileiras não têm
essa cultura. As universidades ainda estão muito distantes e a aproximação é difícil. Tem-se um longo
caminho a percorrer, pois a inovação é necessária e a pequena empresa não é capaz de sustentar grandes
pesquisas com recursos próprios”,
reforça a gerente do Sebrae RS, Viviane Ferran.
É preciso atentar
para a grande
velocidade de
mudanças nos
pequenos negócios
A integração produtiva e a cooperação entre os diversos atores são outros aspectos que devem ser inseridos
como valores nos pequenos negócios
nacionais. As iniciativas podem ampliar lucros e promover o desenvolvimento local a partir dos talentos, das
experiências e da maturidade de todo
o microcosmo empresarial da região.
”As empresas de médio e grande
porte, âncoras da atividade, buscam
as micro e pequenas para promover
uma relação comercial de confiança,
na qual todos ganham, pois há a agregação de valor aos produtos através
do design e da inovação. Isso acontece a partir dos investimentos das
grandes empresas e vai além na demanda por serviços, insumos e matérias-primas da região e, ainda, na
garantia da qualidade exigida pelo
mercado, o que cria um ciclo virtuoso”,
explica o gestor do Sebrae PI, Élcio de
Lima Nunes.
DESENVOLVER POTENCIAIS
O radar de mudanças para os pequenos negócios aponta a necessidade de olhar mais cuidadosamente
as potencialidades locais para constatar riquezas e oportunidades ocultas. O olhar mais apurado somado a
doses de inovação pode levar à criação de produtos e serviços que, por
serem repletos da regionalidade e da
cultura local, têm, ainda, mais valor no
mercado.
”Faz-se necessário atuarmos
com as lideranças locais quanto ao
potencial da região e observarmos
práticas realizadas em outras localidades que promovem o desenvolvimento local e regional através das
grandes empresas que apoiam as
pequenas, gerando emprego, renda e
desenvolvimento”, destaca a gerente do Sebrae RR, Nuberlânia Ribeiro
Batista.
A estratégia de desenvolver potenciais deve considerar, ainda, o fomento a novas relações entre as
empresas em áreas distintas de conhecimento, gerando proximidade e
intercâmbio de dados que serão úteis
no hoje e no amanhã e que impactarão tanto o negócio quanto a localidade em termos de agregação de valor.
”As relações que as empresas estabelecem entre si, em distintas áreas do conhecimento, geraram uma
proximidade que oportuniza e continua promovendo o usufruto de trocas de informações e experiências.
Resultam, ainda, na geração de um
contexto de mudanças mais competitivo e de comportamentos essenciais ao fortalecimento das empresas,
blindando da concorrência externa e
as mantendo competitivas”, afirma
a gestora do Sebrae MS, Flávia Rosa
Santos Silva.
Em uma nação com dimensões
continentais, construir potencialidades locais passa pelo desafio de entender que existem vários países
dentro do Brasil. Essa percepção deve
ser ampliada ao constatar que, em
um mesmo estado, as realidades são,
em sua maioria, completamente distintas e devem ser trabalhadas com
exclusividade.
”Só conseguiremos efetivar transformações profundas em nossa realidade quando traçarmos planos
baseados em diagnósticos por local
e região e de natureza econômica e
cultural. Não é tarefa fácil, pois temos
que sair de uma realidade local e de
como esta é afetada pela região e pelo
País e, em um processo inverso, como
a realidade do País afeta a região e o
local. Soma-se o desafio de ver tudo
isso funcionando de forma sistêmica”, explica a gerente do Sebrae
RR, Nádia Jaciara Aguiar Castro.
Muito além de desenvolver o orgulho de ser um pequeno empresário, é necessário criar uma cultura de
pertencimento que permita aos empreendedores locais, e à própria comunidade, valorizar os diferenciais que a
tornam única em todo o globo e compreender que essas especificidades
são os degraus para o lucro e para os
desenvolvimentos social e econômico.
”Fazendo um paralelo com o cenário brasileiro, observa-se que ainda
é pouco explorada a força do desenvolvimento territorial. A Itália possui
uma cultura de valorização da comunidade e as empresas também contribuem em prol do desenvolvimento
dos seus territórios, reforçando o
pertencimento, a identidade local e
a cultura da cooperação”, comenta a
gestora do Sebrae AL, Maria de Fátima dos Santos.
experiências de hoje inovações de amanhã | 39
APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS
NOVA CONSCIÊNCIA
Em um cenário globalizado e em
que as mudanças retumbam com
grande velocidade nos pequenos negócios locais, há a missão de antecipar tendências para criar barreiras ou
oportunidades que estejam diretamente conectadas ao escopo mundial,
mas que reflitam os valores e a cultura daquela comunidade.
”Foram-nos apresentadas outras
formas de viver que impactam diretamente a produção empresarial de um
país. E o que isso tem a ver com os
empresários locais brasileiros? Milhares de empresas, como as que estão
ao redor das montadoras automobilísticas, precisarão se reposicionar em
O olhar acurado pode
apontar potencialidades
locais e oportunidades
ocultas
40 | experiências de hoje inovações de amanhã
poucas décadas. A indústria de remédios também precisará redefinir suas
estratégias para investir mais em
medicamentos de prevenção do que
em medicamentos curativos”, reforça
a gerente do Sebrae RJ, Ana Lúcia de
Araújo Lima.
A formação desta nova consciência empresarial implica, ainda, entender
que a construção das novas métricas de
atuação dos negócios locais já começou,
pois o futuro está sendo erguido todos
os dias e em mercados cada vez mais
mutáveis, dinâmicos e sedentos por
conceitos como o capitalismo consciente e a inovação do improviso.
”Muitas empresas estão buscando conhecer nosso país para começar
a operação no mercado brasileiro. Assim, existe uma necessidade de melhoria imediata no profissionalismo
da gestão e, consequentemente, na
produtividade dos negócios. Para esta
complexa tarefa de melhorar estes indicadores, acredito que as empresas
devam atuar em rede de colaboração
em seus diversos sentidos e formas”,
reforça o gestor do Sebrae RS, Fábio
Krieger Lopes Reis.
Desenvolver os empreendedores de
hoje e de amanhã demandará mais do
que conteúdos técnicos e a apropriação de vivências diversas. É necessária
a compreensão de que as tendências
do cenário mundial são apenas referências para inspirar uma atuação
local, que deve ser focada em potencializar as diversas brasilidades.
”Não estamos tratando de um modelo ideal, ”o bom e o errado”, e, sim,
de uma ampliação de horizontes que,
conjugados com a realidade e as potencialidades dos pequenos negócios
do Brasil, fazem surgir uma nova solução, estratégia ou ferramenta apropriada aos negócios das diferentes
localidades do nosso país, respeitando as especificidades de cada território”, comenta a gerente do Sebrae PE,
Maria Lucélia Sousa Barros.
E se as tendências empresariais
globais somam imaginação, concretude e abstração, o Brasil sai na
frente por sua forte cultura empreendedora. ”Há muito que evoluir em
especialização e inovação, com consequente geração de valor. Porém, temos uma massa de empreendedores
e uma atividade empreendedora das
mais intensas do mundo. Se nos próximos anos conseguirmos avançar na
especialização e inovação, seremos
um grande país”, finaliza o gestor do
Sebrae SP, Fábio Ravazi Gerlach.
ASN
inovação
Inovações que promovem
outros cenários
Observar as inovações italianas é perceber que o
desenvolvimento de novos cenários implica a desconstrução
de conceitos e a reconstrução de atitudes empreendedoras
que impactam todos os elos da cadeia empresarial.
A análise também destaca que inovar é erguer patamares
de longo prazo que envolvem aspectos econômicos, sociais
e ambientais em um revolução na cultura de um país.
inovação
INOVAÇÕES
ITALIANAS
Passado, presente e
futuro se unem na
construção de cenários
competitivos
A
Itália encara a inovação como o
fator fundamental para a competitividade. Isso leva ao desenvolvimento de ciclos permanentes
de mudança que têm como características o respeito à história secular
e a manutenção da tradição popular.
O exercício de criar novas possibilidades é repassado, também, de geração
em geração, o que permite o enraizamento deste conceito entre os profissionais e os empreendedores mais
jovens.
”Durante a visita ao Centro Tessile Serico, os conceitos de inovação e
tradição foram bastante evidenciados na condução dos trabalhos. A estampa do tecido foi criada a partir de
uma matriz em 3D e com a utilização
de pedaços de pratos, colheres e copos descartáveis. Criatividade e disciplina são fatores fundamentais para a
produção de novos produtos”, destaca a gerente do Sebrae PI, Mirna Vaz
da Rocha.
A mescla entre o passado, o presente e o futuro é uma das características
marcantes do empreendedorismo italiano. Está representada nas diversas conexões estabelecidas entre os
42 | experiências de hoje inovações de amanhã
pequenos negócios, no formato de
produção que valoriza a comunidade
local e na inserção de olhares diversificados do tecido social que é atingido
por sua atuação.
”Na Itália, as empresas valorizam suas raízes e tradição sem deixar de lado o moderno. A maioria das
empresas não é multinacional. São
pequenas e médias empresas que
conseguiram encontrar um tamanho
ideal que permite que sejam ágeis e
flexíveis, porém focadas no mercado e em inovação constante”, reforça
a gestora do Sebrae AP, Lindeti Góes
Ferreira.
O senso contínuo de inovação
como um movimento econômico presenciado na Itália tem origens mais
profundas, pois está localizado na
base da pirâmide empreendedora.
Essa característica impacta o olhar
que os empresários têm de si e do
propósito dos seus negócios para a
criação de oportunidades para a população e para o país.
”A Itália construiu sua história alicerçada no fazer. Cada empreendimento visitado e cada experiência
relatada nos remetem a uma história centenária e que vem ligada à
história do país. O empreendedorismo faz parte de todo o processo de
crescimento. A inovação e o emprego de novas tecnologias demonstram
que o país e os empreendedores não
param no tempo. Tudo corre em uma
mesma direção”, afirma a gerente do
Sebrae AC, Maria do Socorro Gomes
de Figueiredo.
O girar da inovação continuada
propõe, também, uma nova forma de
envolvimento pessoal e profissional
dos pequenos empresários e dos colaboradores. Essa característica leva
à formação de novas conexões no capital social do empreendimento que
extrapolam os muros do negócio e ganham contornos de cidadania.
”Algo que percebi na Itália foi o envolvimento e a forma inteira como as
pessoas executam suas atividades.
Elas têm um elevado grau de profissionalismo e entrega ao que fazem,
o que as leva à excelência no desempenho e nos resultados”, explica a
O emprego de
novas tecnologias
demonstra que os
empreendedores
do país não param
no tempo
gestora do Sebrae RN, Lorena Roosevelt de Lima Alves.
O reconhecimento internacional
dos produtos italianos está impregnado da motivação empreendedora de
ultrapassar cenários, o que também
está representado no esforço contínuo de pesquisa e desenvolvimento,
qualificação de processos e formação
de profissionais especializados para
atendimento às demandas cada vez
mais aprimoradas.
”É merecedor de registro o conjunto de entidades altamente qualificadas que promove a formação e a
capacitação da mão de obra do distrito industrial. A presença dos institutos técnicos estimula o jovem a possuir
uma formação escolar especializada na
medida em que, ao terminar o curso, é
absorvido pelas empresas da localidade”, explica o gestor do Sebrae AM, Carlos Henderson Tavares Cardoso.
Os investimentos em design também são inovações que promovem
não somente a diferenciação das peças como a ampliação de seu valor
agregado. A marca ”Made in Italy”,
por exemplo, representa mais do que
um item qualificado e desenvolvido
com apurado nível de produção, pois
designa um novo status de produto.
”A forma de atuação das empresas
italianas com foco em inovação, produtividade e qualidade oferece um diferencial competitivo a ser inserido
OITO PONTOS DE ATENÇÃO
NAS INOVAÇÕES ITALIANAS
O gestor do Sebrae NA, Juarez Ferreira
de Paula Filho, destacou oito pontos que
resumem as inovações italianas e que
poderiam oferecer novas oportunidades
para os negócios no Brasil:
> A especialização produtiva dos
territórios.
> A criação de equipamentos públicos de
suporte às empresas para serviços de
certificação, treinamentos, etc.
> A ênfase no desenvolvimento da
inovação tecnológica.
> A importância do design como diferencial
de competitividade (”Made in Italy”).
> O uso do branding (construção, gestão e
proteção de marcas).
> O foco no mercado e a busca da
internacionalização.
> A flexibilização da estrutura produtiva
em favor da redução de custos.
> A cooperação, o encadeamento
produtivo e a autorregulação.
nas empresas brasileiras. Esses aspectos têm o mercado como alvo, ou
seja, tudo é projetado e desenvolvido
para atender demandas específicas
identificadas. As empresas italianas,
por exemplo, têm feito joint venture
com empresas estrangeiras visando a
sua entrada nesses países”, comenta
o gestor do Sebrae AM, Marcus Antonio de Souza Lima.
CONEXÕES REGIONAIS E
INTERNACIONAIS
O desenvolvimento de ineditismos
italianos é somado ao senso de pertencimento, o que oferece aos produtos locais um novo patamar de
inserção e valorização no mercado
experiências de hoje inovações de amanhã | 43
inovação
mundial. Essa característica potencializa, também, a criação de estratégias personalizadas e que valorizam
potencialidades e regionalidades.
”Ficaram muito evidenciadas as
experiências de associativismo nas
regiões e a valorização da denominação de origem dos produtos,
aspecto muito explorado nas embalagens. Cada região do país conta
com um conjunto de produtos reconhecidos por sua origem”, comenta o gerente do Sebrae RJ, Ricardo
Wargas de Faria.
A divisão regional em distritos industriais italianos teve início na década de 90. Para produzir de forma mais
eficiente, pequenas empresas se reuniram em cadeias produtivas com amplo foco no desenvolvimento local. A
estratégia alavancou a economia do
país e sofreu inovações, anos mais
tarde, a partir da globalização, que demandou novos formatos de atuação.
”Uma das razões centrais do interesse na questão do empreendedorismo pelos países que estão aspirando a
uma posição de maior destaque neste
novo milênio, se deve ao fato da constatação de que é justamente no enclave empreendedor que a inovação
tecnológica está mostrando resultados surpreendentes”, reforça a gestora
do Sebrae TO, Flávia Roberta Pacheco
Donato Bossonaro.
Inovar em solo italiano significa,
também, atuar a partir do entendimento de que cada pequeno negócio
tem um papel específico a cumprir,
ao mesmo tempo em que necessita
oferecer sua colaboração para o engrandecimento da economia nacional através do estabelecimento de
parcerias regionais.
”O que mais chamou atenção foram as inovações do polo de
44 | experiências de hoje inovações de amanhã
cosméticos através da forma de trabalhar em rede, da cultura de cooperação e da inovação como foco
de atuação. Cada instituição passa
a ver o seu modelo de intervenção
construído a partir da agregação de
”Durante a visita ao
Centro Tessile Serico, os
conceitos de inovação e
tradição foram bastante
evidenciados na
condução dos trabalhos.
A estampa do tecido foi
criada a partir de uma
matriz em 3D e com a
utilização de pedaços
de pratos, colheres e
copos descartáveis.
Criatividade e
disciplina são fatores
fundamentais para a
produção de novos
produtos”, Mirna Vaz da
Rocha, Sebrae PI.
conhecimento e do que o outro pode
implementar, ou seja, cada um encontra o seu nicho e diminui a concorrência institucional”, explica a gerente do
Sebrae NA, Kelly Cristina Valadares de
Pinho Sanches.
A criação de redes de cooperação
e de inserção no mercado mundial
é outra atitude empreendedora que
está constantemente em inovação
na Itália. Isso acontece não somente
para explorar oportunidades de inserção como, também, para extrapolar as
possibilidades de consumo nacional.
”Devido ao mercado interno reduzido e à região de maior exposição mundial, os empresários italianos
buscaram a internacionalização. Primeiro, foi o movimento por meio de
exportações. Atualmente, há a internacionalização produtiva, mantendo na Itália as partes do processo
que mais agregam valor e localizando plantas e redes de parceiros em
partes que agregam menos”, explica
o gerente do Sebrae PR, César Reinaldo Rissete.
O comparativo entre empresários
italianos e brasileiros demonstra que
as trajetórias histórica e cultural impactam fortemente a formação da
consciência empresarial e a maneira
de gerir os negócios, o que poderia explicar as diversas diferenças entre os
dois países.
”O brasileiro não apresenta o foco
decisório no negócio pelo negócio,
mas uma forma mais pessoal e passional, o que influencia a atuação e a
forma de se relacionar com o mercado, com a concorrência e com o poder
público. Já os empresários Italianos,
atuam no negócio refinando as atividades para melhores resultados, fomentam o uso de ferramentas que
melhoram o desempenho, buscam
dar continuidade aos negócios da família interagindo com as linhas sucessoras e procuram novos negócios
para ampliar as oportunidades existentes”, finaliza a gestora do Sebrae
MS, Flávia Rosa Santos Silva.
CONHECIMENTOS QUE ENGRANDECEM
A ATUAÇÃO DO SEBRAE
As oportunidades de
inserção das estratégias
italianas no cotidiano de
atuação
O desenvolvimento
dos pequenos
negócios brasileiros
acompanha o
cenário mundial
A
formação presencial em Milão
aguçou os olhares dos gestores
para as práticas italianas e para
o potencial de transformação econômica, social e ambiental que pode
ser desenvolvido no Brasil. Participar
do Programa também permitiu analisar as práticas adotadas pelo Sebrae
e criar novas possibilidades de incremento na atuação direta com os pequenos negócios.
”Levei para a Itália o conhecimento
sobre minha localidade e sobre a atuação do Sebrae para a promoção do desenvolvimento econômico numa região
de floresta, rica em matérias-primas e
biodiversidade, mas que padece de políticas públicas que promovam melhoria
de vida. Trouxe para o Sebrae a necessidade de trabalhar em rede e de priorizar
a inovação como solução para o desenvolvimento territorial e para o aumento
da competitividade das empresas locais”, comenta a gerente do Sebrae AM,
Maria do Socorro Corrêa da Silva.
Para o gestor do Sebrae DF, Roberto Faria Santos Filho, a viagem trouxe
reflexões sobre o encadeamento produtivo e a necessidade de inovação.
Outro tema que ganhou novos contornos foi a especialização, indicando
que as micro e pequenas empresas
devem ter atuação específica e não
fazer de tudo, o que garantirá que sejam mais eficientes e competitivas no
atual mercado complexo.
”O encadeamento produtivo é um
termo que está em alta no Sistema
Sebrae e que é vendido para clientes
e parceiros como um pacote fechado.
Pude aprender que temos que adaptar os conceitos de encadeamento,
clusters e arranjo produtivo estudando cada caso individualmente”, reforça.
A opinião é compartilhada pela
gerente do Sebrae RS, Viviane Ferran, que reforça a importância de
observar a realidade do empresário
e sua consciência sobre a necessidade de mudanças, além da motivação
para que as alterações sejam realizadas no cotidiano da empresa e ofereçam novas oportunidades.
”Um dos pontos importantes de
adaptação do conhecimento é o de
buscar inspiração no modelo italiano para adequar a forma de atendimento do Sebrae, principalmente, no
que se refere ao atendimento individual. Não há como impor uma grande interven ção a uma empresa se o
proprietário não tem consciência da
necessidade”, comenta.
experiências de hoje inovações de amanhã | 45
inovação
Outro aspecto destacado pela gestora do Sebrae MG, Vera Helena Lopes, é o impulso no estabelecimento
de relações de confiança que acontece de forma diferente nos dois países.
”O incrível na Itália é que a governança é quase sempre informal, inclusive
na relação com fornecedores. Quase
tudo é feito em relações de confiança.
Isto no Brasil é muito difícil, mas podemos avançar via modelos estabelecidos”, afirma.
INOVAR SEMPRE
A inovação está no topo das estratégias de desenvolvimento empresarial italianas, o que propõe reflexões
sobre a inserção do conceito nos produtos e nos serviços oferecidos pelo
Sebrae para os pequenos negócios,
além da criação de novas formas de
fomento à inserção deste conceito no
cotidiano das empresas.
”Os temas do Programa contribuíram para enfrentar os diversos
desafios e intensificar as ações de sensibilização das empresas para a importância estratégica da inovação como
fator de competitividade e das ações
direcionadas ao aumento da oferta de
serviços tecnológicos adequados à realidade das micro e pequenas empresas.
Tenho plena convicção de que a micro
e pequena empresa no Brasil precisa
ter a inovação como uma condição de
sobrevivência”, esclarece a gestora do
Sebrae AC, Soraya Neves de Menezes.
A reflexão também é feita pelo gerente do Sebrae SP, Fábio Ravazi Gerlach, que destaca o impulsionar da
inovação nos negócios. ”É preciso fazer menos e bem feito com foco no
empreendedorismo inovador, que
gera especialização produtiva, faz
com que o associativismo se paute
por questões de inovação e que, por
46 | experiências de hoje inovações de amanhã
sua vez, entrega valor ao mercado e
promove o desenvolvimento econômico territorial”, explica.
O estímulo à inovação constante, já
desenvolvido pelo Sebrae, pode ser a
chave para a consolidação de pontos de
ruptura, o que permitirá não somente a
sobrevivência de empresas brasileiras
como a transição destes negócios para
outros patamares globais de atuação,
lucros e potenciais transformadores.
”O mais marcante foi o entendimento de que a inovação, a cooperação e a
agregação de valor, trabalhados de maneira constante, foram as soluções encontradas pelas empresas italianas
para competir e garantir seus espaços nos mercados nacional e internacional. Outra questão fundamental foi
a cultura da cooperação, muito forte e
A inovação deve estar
no topo das estratégias
de desenvolvimento
empresarial
presente independentemente do nível empresarial”, ressalta o gerente do
Sebrae PR, José Ricardo Castelo Campos.
E se a inovação pode transformar
lacunas de oportunidade em negócios
concretizados também deve ser vista
como uma atitude que deve estar presente em todas as etapas de atuação
dos pequenos negócios e do Sebrae.
”A busca pela inovação deve ser um
processo constante e profundo, que
precisa de dedicação e estudo, pois
decorre da transformação de conhecimentos e experiências anteriores em
prol de um futuro melhor. Não podemos falar em revoluções, mas em planejamento de ações pautado a partir
da realidade de um lugar”, complementa a gestora do Sebrae RR, Nádia
Jaciara Aguiar Castro.
Ao apontar o futuro, os modelos
de atuação italianos permitem constatar que, apesar das adversidades e
das diferenças de trajetórias, a rota
estratégica de desenvolvimento dos
pequenos negócios brasileiros está direcionada para se equiparar ao que há
de mais avançado e exitoso internacionalmente.
”Os modelos vistos na Itália reforçam que o Sebrae está no caminho certo, pois investe no desenvolvimento
de soluções para alavancar as pequenas empresas com vistas a sobreviver
e se sustentar em uma economia local,
mas com perspectiva mundial. Temos
que intensificar esforços para sensibilizar empreendedores e empresários a fortalecer laços através das redes
de cooperação e investir em inovação,
automação e especialização das pessoas”, comenta o gerente do Sebrae GO,
Sérgio Augusto Monturil de Carvalho.
INSPIRAR E CRIAR
O papel de desenvolver pequenos negócios em todo o Brasil traz ao
Sebrae a responsabilidade de inspirar
empreendedores a criar novas possibilidades de inserção e atuação. Isso
implica em estimular o olhar apurado
dos empresários para mercados com
características cada vez mais múltiplas, globalizadas e em constante formato de cocriação.
”O sistema Sebrae precisa unir
forças para construir o chamamento envolvendo os segmentos público e privado, com engajamento das
instituições de pesquisa e desenvolvimento, para trabalhar todo ciclo do
empreendedorismo. Enquanto Sistema, nós já contribuímos e avançamos
muito com projetos e ações assertivas. Entretanto, o desafio é grande,
pois temos um longo caminho a trilhar
para construir um melhor ambiente
capaz de aumentar a competitividade
dos pequenos negócios”, comenta o
gestor do Sebrae SC, Carlos José Dias.
Estimular o desenvolvimento de
novos formatos de atuação dos empreendimentos brasileiros, demanda,
do Sebrae, o fortalecimento de novas cadeias de valor entre marcas e
pessoas, que entendam a inovação,
a qualificação e a construção colaborativa como elementos fundamentais
para os pequenos negócios nos mercados competitivos.
”O que é possível replicar em nosso país? O conceito de redes de colaboração, em que empresas podem se unir
a centros tecnológicos, a universidades
e a outras empresas em busca de diferencial competitivo que lhes permita
EIXOS DE INCREMENTO
A partir dos conhecimentos obtidos
no Programa Internacional para
Desenvolvimento de Lideranças e
da comparação entre as realidades
brasileira e italiana, o gerente do Sebrae
SC, Roberto Tavares Albuquerque,
propõe pontos de aprendizado e
incremento de atuação:
> Estudar e aplicar, para a realidade
brasileira, os consórcios formados nas
regiões de produção que visam proteger
e controlar a qualidade dos produtos
e a marca regional;
> Promover a integração das
universidades com as empresas,
principalmente no sentido de ajustar as
demandas dos empreendimentos para a
formação de mão de obra;
> Além de promover o empreendedorismo,
dar mais atenção para a
competitividade das empresas,
promovendo não somente a inovação
pontual por meio de consultorias, mas
um ambiente favorável à inovação e à
formação de competências técnicas;
> Promover nos parques tecnológicos um
ambiente favorável à formação de redes
de inovação;
> Incentivar modelos de cooperação com
o objetivo de promover a padronização,
a qualidade e a produtividade dos
arranjos produtivos, visando à
competitividade do território e das
empresas.
a sustentabilidade. O principal ensinamento é continuar fazendo o que fazemos, com mais segurança de que
o caminho a seguir é o da missão do
Sebrae”, finaliza o gestor do Sebrae AP,
Richard Batista Maia.
experiências de hoje inovações de amanhã | 47
inovação
INOVAÇÕES PARA
PEQUENOS
NEGÓCIOS
AGREGAÇÃO DE VALOR
É preciso superar as resistências iniciais para investir em
estratégias que agreguem valor e permitam expandir o
cenário de atuação dos pequenos negócios.
Conceitos italianos que
podem fazer a diferença no
empreendedorismo brasileiro
Houve uma decisão estratégica de investir em design
e inovação, sendo esses dois pontos considerados os diferenciais
italianos de posicionamento de mercado na economia globalizada.
Diferentemente do Brasil, onde ainda faltam políticas e definições
claras de estratégias para desenvolver a economia. Apesar de vários
setores terem a consciência da importância da inovação e do design
para se manter no mercado, eles não os têm como prioridade”,
destaca o gerente do Sebrae PI, Élcio de Lima Nunes.
jornada de meses de dedicação em aulas e visitas técnicas trouxe novos olhares para os gestores do Sebrae que
participaram do Programa Internacional para
Desenvolvimento de Lideranças. Ao finalizar
essa trajetória, os gerentes apontam temas e
estratégias que têm grande potencial de modificar positivamente os pequenos negócios
brasileiros somando atitudes, marcas, organizações, pessoas, produtos e serviços.
As inovações, a pesquisa voltada ao design dos produtos,
os novos produtos, a adequação de processos produtivos, a pesquisa
para entender as exigências do mercado e as concepções do modelo
empreendedor compreendem os mais importantes conhecimentos
adquiridos na visita às empresas italianas. Merecem destaque as
adequações dos processos produtivos e o design dos produtos visto
que o mercado brasileiro se mostra bastante exigente quanto aos
novos formatos, o que representa ganhos em relação aos existentes”,
esclarece o gestor do Sebrae SE, José Melquiades Neto.
A
MAIS COM MENOS
Otimizar processos e recursos para
garantir a sustentabilidade do negócio
e o maior valor agregado. A aprimorada
gestão italiana mostra que é preciso
fazer mais com menos.
48 | experiências de hoje inovações de amanhã
A produtividade é
exercitada com eficiência e eficácia
e o menor número de funcionários.
É fazer mais com menos. Nos três
grupos visitados, foi evidenciado que
o cumprimento de metas de uma
empresa não dependerá do volume
de trabalhadores, mas dos métodos
e metodologias de trabalho, que
acontecem de forma sincronizada”,
destaca a gerente do Sebrae PI,
Mirna Vaz da Rocha.
O mais importante é
reforçar a necessidade das próprias
empresas assumirem as rédeas do seu
desenvolvimento e do crescimento
no mercado. É necessário também
investir em tecnologia e inovação
como diferenciais para o aumento
da produtividade, fazer parcerias que
ajudem a evoluir e ter qualidade no que
estará sendo produzido e ofertado no
mercado”, destaca o gerente do Sebrae
MT, Volmir José Contreira.
Tradição e inovação não são entendidas como instâncias dissociadas,
mas complementares, pois os aspectos ligados à tradição são fundamentais para a
competitividade e a diferenciação dos produtos italianos. Já a inovação é largamente
estimulada e utilizada para reduzir custos e viabilizar os produtos no contexto da
competição global”, explica a gerente do Sebrae RN, Lorena Roosevelt de Lima Alves.
Insisto em dizer que inovação
é uma palavra mágica. Atuar na
potencialização do uso da inovação
pelos pequenos negócios irá garantir
competitividade e longevidade dos
empreendimentos”, finaliza a gerente do
Sebrae AM, Maria do Socorro Corrêa
da Silva.
MELHORIAS CONTINUADAS
O processo de crescimento e
aprimoramento não pode ser
considerado estático e deve estar
em constante movimento de ideias,
atitudes, estratégias e parcerias.
Há muitas questões da realidade
italiana que podemos trazer para inspirar
nossa atuação. Uma é a maior aproximação
entre a educação formal e o setor produtivo.
As escolas técnicas e as instituições de ensino
superior precisam efetivamente formar
profissionais qualificados para trabalhar
nas empresas da região. Outra é a melhora
da produtividade e da competitividade das
empresas brasileiras, principalmente as
indústrias”, reforça a gestora do Sebrae NA,
Mirela Luiza Malvestiti.
Temos que sensibilizar
os empreendedores de que não
podem ficar para trás, pois a
inovação faz parte do processo
evolutivo de toda empresa e,
consequentemente, do seu
crescimento. Por exemplo, a
criação de polos produtivos
em determinadas regiões,
observando o seu potencial,
pode revolucionar os pequenos
negócios, principalmente se
uma grande empresa investir na
localidade”, afirma a gestora
do Sebrae RR, Nuberlânia
Ribeiro Batista.
Fica-se com a certeza de
que o caminho do sucesso passa
pelo aumento da produtividade,
pela internacionalização e
pela inovação. Não é tarefa
fácil introduzir estes conceitos
nos pequenos negócios,
principalmente quando se pensa
nas centenas de padarias, salões
de beleza e comércios que todos
os dias procuram as agências de
atendimento do Sebrae. Além da
dificuldade de entendimento da
importância, tem-se o desafio da
criação de ferramentas compatíveis
com o público”, esclarece a gestora
do Sebrae RS, Viviane Ferran.
REDES DE COLABORAÇÃO
O olhar italiano vê as empresas
da região não como concorrentes,
mas agregadoras de valor para o
empreendimento. Ao consolidar redes
de colaboração locais, o ganho é geral.
Vi na Itália uma forma de
cooperação visionária, na qual os
indivíduos cooperam de uma forma
desarmada e confiante, entendendo
que o êxito será certo, se cumpridas
as responsabilidades de cada parte”,
reforça a gerente do Sebrae GO,
Eliane Maria de Moura Souza.
A habilidade de trabalhar
em redes é um importante
conhecimento que deve ser levado
para as empresas locais e regionais.
Cada vez mais, a capacidade da
empresa de agregar valor aos seus
produtos e se posicionar no mercado
é determinada pelo trabalho em
redes de alta performance”, explica
o gestor do Sebrae PR, César
Reinaldo Rissete.
Um desafio é deslocarmos
o eixo da sobrevivência das empresas
para a competitividade das empresas.
Desse modo, mesmo com a forte
figura do empresário em nossa cultura,
poderemos pensar na empresa
enquanto instituição que permite
perenidade e que se torna mais
inovadora e sustentável no diálogo
que diariamente faz com todas as
partes interessadas”, comenta o
gestor do Sebrae MG, Fabrício César
Fernandes.
experiências de hoje inovações de amanhã | 49
inovação
POLÍTICAS OUSADAS
EMPREENDEDORISMO INOVADOR
Ao consolidar um plano de políticas públicas com metas e
diretrizes claras, os países da União Europeia somam esforços e
compartilham oportunidades e riscos.
Mais do que empreender, as empresas italianas se
desenvolvem tendo a inovação como horizonte em
seus produtos, processos e relacionamentos.
Observando o modus operandi da microeconomia Italiana,
destaca-se a forma como as empresas e os empresários compartilham
e entendem qual é o papel do governo e suas limitações, não
colocando sobre este expectativas sobre seu próprio desempenho e
sobre toda a região. Os empresários assumem o protagonismo sobre
o próprio destino, tomando decisões estratégicas em conjunto que
não afetam somente seus negócios, mas o desempenho do distrito,
da região e do próprio país”, afirma a gestora do Sebrae MS, Flávia
Rosa Santos Silva.
O território se desenvolve e se consolida
muito fortemente a partir da inovação e da
especialização. Eles são muito bons no que fazem
e se associam porque têm ganhos de escala e de
mercado. O associativismo não é fruto de uma
questão social apenas, mas de uma questão
mercadológica. O associativismo é explicado pela
história do país, que já sentiu os prós e contras do
associativismo, mas que assimilou muito fortemente
seus prós. E o fato de serem muito especializados, dá
a eles uma proteção estratégica e uma vantagem
competitiva”, destaca o gerente do Sebrae SP,
Fábio Ravazi Gerlach.
Precisamos de políticas públicas ousadas e de um governo
que compartilhe com a indústria o risco da inovação para que haja
confiança em se lançar em um processo contínuo de agregação de
inovações. Não é uma inovação aqui ou outra adiante. Precisa ser um
fluxo contínuo. Não podemos deixar que os concorrentes se tornem
mais competitivos do que a própria indústria”, comenta o gestor do
Sebrae AL, Arestides Bezerra Minervino.
Implantar políticas públicas que permitem aos pequenos
negócios focarem no exercício de suas atividades econômicas e não
dispensem horas e energia desnecessária na gestão, cumprimento
de suas obrigações tributárias, contabilidade etc. é um desafio que
o Brasil, diferentemente da Itália, tem que vencer”, ressalta Inês
Schwingel, gerente adjunta do Sebrae NA.
Em todas as empresas visitadas na Itália
a inovação, seja a incremental seja a de ruptura,
sempre foi colocada em primeiro plano como sendo
o diferencial competitivo. Está no DNA e tem foco
bem definido no mercado no qual atuam. Já as
valorizações da tradição produtiva e da vocação
local do território permitiram a criação de ambientes
altamente favoráveis à especialização produtiva e
à criação de produtos com a marca ‘Made in Italy’ “,
explica o gestor do Sebrae AM, Marcus Antonio
de Souza Lima.
Há um direcionamento claro da União Europeia para o apoio
as pequenas empresas e para que todos os países membros incluam em
suas políticas públicas o incentivo às mesmas. Os eixos recomendados
são: centros de pesquisa, apoio aos clusters, instrumentos de
financiamento, programas de empreendedorismo e apoio a
internacionalização. Não há uma legislação regulamentada, mas sim
um ato político que os governos assinam e aceitam que irão seguir
para pensar e promover os pequenos negócios”, reforça a gestora do
Sebrae RJ, Ana Lúcia de Araújo Lima.
Dois conhecimentos fundamentais para
revolucionar os pequenos negócios no Brasil são:
diferenciação e especialização. A diferenciação força
o empreendedor a estar sempre se reinventando, a
buscar novas soluções e produtos e a enxergar o que
o mercado está demandando. Já a especialização
faz com que foquem em algum nicho de mercado
se destacando dos demais”, esclarece o gerente do
Sebrae DF, Roberto Faria Santos Filho.
50 | experiências de hoje inovações de amanhã
Os investimentos em
educação, pesquisa e
desenvolvimento irão
gerar novos lucros
INOVAÇÕES EM TEMPO DE ESPERA
Visões italianas que podem criar outros cenários para pequenos negócios
A
cultura empresarial italiana
mistura modernidade e tradição em uma mescla de conhecimentos e estratégias que permitem
as empresas serem protagonistas
mundiais. Em território brasileiro, há
o desafio de reinventar o empreendedorismo, aprimorando processos,
produtos e serviços e personalizando
estratégias europeias para possibilitar o desenvolvimento de novos horizontes de lucros e oportunidades.
”O Brasil precisar reforçar as formas integradas de ações coletivas e
associativas, ou seja, cooperar para
competir. Na Itália, um dos fatores
de grande importância para o desenvolvimento do país foi a união de
grupos em prol do crescimento local,
aproveitando as potencialidades regionais”, destaca a gerente do Sebrae
PI, Mirna Vaz da Rocha.
Compartilhar conhecimentos e
atuar de forma colaborativa são inovações que ainda estão em tempo de
espera no Brasil ou que precisam de
incremento para gerar novas possibilidades de inserção e desenvolvimento para os negócios nacionais.
”Creio que o processo de inovação
compartilhado ainda está longe de
ser aplicado por aqui. A inovação no
contexto dos distritos industriais, realizada em parcerias e por empresas
pequenas e médias encadeadas com
empresas maiores acontece de forma
muito esporádica”, explica o gestor do
Sebrae NA, André Silva Spínola.
A dificuldade de partilhar conteúdos e estratégias para gerar benefícios para toda a cadeia também é
apontada pelo gerente do Sebrae SP,
Carlos Alberto de Freitas. ”Acredito
que as inovações disruptivas, aquelas
que geram novas patentes de produtos ou processos e que ainda não
existem, são as mais difíceis de serem implementadas no Brasil. Isso
acontece porque ainda existem poucas iniciativas de criação e apoio às
spin offs nacionais e de parceria entre
pequenas e grandes empresas para a
geração de inovações”, aponta.
O desafio torna-se, então, criar
uma nova consciência empresarial em que a inovação não seja vista como diferencial competitivo, mas
experiências de hoje inovações de amanhã | 51
inovação
um canal de mudança e desenvolvimento dos negócios a partir de cenários cada vez mais competitivos e
aprimorados.
”A temática da inovação como
um todo deve ser inserida no dia a
dia dos empreendedores brasileiros
para que possam aumentar a chance de sucesso e sustentabilidade
dos negócios. O tema é visto como
caro e inacessível e os pequenos,
muitas vezes, deixam passar várias
oportunidades em função desta visão distorcida”, esclarece o gestor do
Sebrae DF, Roberto Faria Santos Filho.
CONECTAR ETAPAS
Criar laços ainda mais atados entre educação e negócios é outro desafio que deve ser superado no
Brasil. Ao conectar universidades e
empresas, os ganhos acontecem de
ambos os lados, pois há o encontro entre a formação profissional
qualificada, o desenvolvimento de
outras possibilidades e a inserção
dos novos profissionais em postos
de trabalhos técnicos.
”Existe defasagem na preparação
das pessoas para atender com eficiência as demandas setoriais, especialmente capacitação e qualificação
técnica. Precisamos desenvolver
centros de referência nos territórios
com identidade produtiva, escolas e
centros de pesquisa e inovação, sejam estes vinculados a consórcios,
redes flexíveis ou empresas âncoras”, afirma o gestor do Sebrae SC,
Enio Albérto Parmeggiani.
Educar é, também, a aposta do
gerente do Sebrae SP, Fábio Ravazi Gerlach, para desenvolver outros
panoramas nacionalmente. ”O Brasil
ainda precisa evoluir como país, principalmente na educação, para conseguirmos aproveitar, de fato, o que
vemos em outros países. Como isso
A inovação
deve ser
vista
como um
canal de
mudanças
52 | experiências de hoje inovações de amanhã
é de médio e longo prazos, o empreendedorismo inovador pode ser um
caminho mais curto para aproveitar
melhor as oportunidades”, comenta.
No processo de formar novos conhecimentos para os negócios, as
empresas italianas adotam uma
postura diferente das brasileiras,
pois entendem que os investimentos em educação, pesquisa e desenvolvimento irão gerar lucros diretos
e não devem depender, exclusivamente, dos órgãos governamentais.
”A busca por novas tecnologias
é do interesse dos empresários italianos, que utilizam a ciência para o
aprendizado coletivo e a exploração
correta das vocações locais. Por terem uma concorrência mais acirrada
do que no Brasil, entendem que precisam inovar e cooperar para vencer
a concorrência, resultando em uma
competitividade tácita em produtos e processos através do conhecimento adquirido, o qual tem que ser
preservado, mantido e inovado nos
locais de disseminação, como escolas, laboratórios e universidades”,
afirma a gestora do Sebrae MS, Flávia Rosa Santos Silva.
A opinião é compartilhada pela
gerente do Sebrae AM, Maria do Socorro Corrêa da Silva, que aponta caminhos para as conexões
entre negócios e educação. ”Creio
que qualquer inovação dependa do
envolvimento com universidades.
Falta a integração dos centros universitários com o setor empresarial de uma forma mais corriqueira e
pragmática. A ciência ainda está distante dos pequenos negócios brasileiros. Existem boas experiências
acontecendo, mas faz-se necessário
multiplicar e intensificar essa rede
de inovação”, esclarece.
INOVAÇÕES PARA ACELERAR O BRASIL
A gerente do Sebrae RJ, Ana Lúcia de Araújo Lima, apontou dez inovações italianas que
podem apoiar o desenvolvimento dos pequenos negócios no Brasil e elevar as empresas
a novos patamares mundiais.
INTEGRAÇÃO ACADEMIA E EMPRESAS > Fazer esta engrenagem funcionar será um
grande desafio para o desenvolvimento do território. Há interesse dos dois lados, porém, no
Brasil, as universidades ainda plainam basicamente na teoria e não conseguem colocar os
conhecimentos na prática empresarial.
RASTREABILIDADE DOS PRODUTOS > Saber todo o caminho percorrido da matériaprima até o consumidor final é algo que ainda está distante e os italianos falam deste processo
com muita naturalidade.
GESTÃO PROFISSIONAL > As cooperativas visitadas apresentam uma solidez de décadas
de atuação com uma gestão profissional invejável. São modelos de negócios muito bem
difundidos, maduros e lucrativos.
QUALIDADE > A certificação e a preocupação com a qualidade dos produtos não são
diferenciais competitivos, mas exigências mínimas de mercado.
DIRETRIZES CLARAS > Há diretrizes claras sobre quais os setores importantes para
a economia italiana e todos os esforços e recursos são focados. Isso oferece, além de
especialização, muito mais recursos para os setores que trarão divisas para o país.
INOVAÇÃO > A inovação, seja de produto ou processo, é vista como fator crítico de sucesso.
Percebe-se empreendedores incomodados com a mesmice, cheios de ideais e provocativos com
o fazer diferente e a vontade de transformar ideias em negócios lucrativos.
CONFIANÇA > A confiança apresentada entre os empreendedores italianos é
comportamento invejável.
TERCEIRIZAÇÃO > As empresas terceirizam muitas etapas, porém os processos essenciais
são identificados e ficam dentro da empresa, ou seja, a produção pode ser terceirizada, mas a
criação vale ouro e precisa ser parte da inteligência da empresa.
DENOMINAÇÃO DE ORIGEM > A identificação de que aquela peça é de uma região
específica da Itália tem muito significado. O orgulho de ser italiano e de produzir determinados
produtos também fica evidente.
VALORIZAÇÃO DO TERRITÓRIO > A valorização do território em que a empresa
está inserida é algo bonito de ver. A cidade e a região foram mencionadas em todas as
apresentações como um grande diferencial da empresa.
NOVOS CONCEITOS
Outro desafio a superar é a consolidação de conceitos que já fazem
parte do cotidiano das empresas europeias, mas que, no Brasil, são considerados diferenciais competitivos.
É o caso da sustentabilidade, incluindo o econômico, o social e o meio ambiente, que, aos poucos, ganha força
no País, mas que ainda precisa de um
impulso mais contínuo.
”No Brasil, ainda não temos tanta
maturidade empresarial e consciência
ecológica por sermos ricos em recursos naturais e de grande extensão. Boa
parte das micro e pequenas empresas
não é sensível às questões como inovação, sustentabilidade e cooperação
nos padrões italianos. Já surge uma
nova geração de empreendedores e
empresas totalmente focadas em iniciativas muito parecidas e, em alguns
casos, até mais avançadas que as vistas no velho mundo, porém são casos
pontuais e temos um longo caminho a
percorrer”, reforça o gerente do Sebrae
PR, José Ricardo Castelo Campos.
A inserção diferenciada do marketing conectando marcas e pequenos
negócios é outro ponto elencado pelo
gestor do Sebrae RJ, Ricardo Wargas,
que pode fazer grande diferença nos
negócios nacionais. ”A inovação em
marketing é uma experiência que, no
Brasil, ainda é pouco praticada, na qual
grandes nomes empresariais ainda
não se associam no desenvolvimento de produtos consorciados e de valor
incrementado junto ao mercado por
conta da associação de marcas fortes”, explica.
Analisar os conceitos empresariais
italianos deve passar pela compreensão de que os países têm trajetórias
diferentes ainda que estejam competindo no atual mercado globalizado.
”A impressão que se tem é que Brasil
e Itália estão em estágios diferentes
no processo de evolução empresarial,
porém, diante de uma economia globalizada, acelerar o desenvolvimento
da consciência dos empresários brasileiros e das ferramentas utilizadas
se torna um desafio monumental”, finaliza o gerente do Sebrae GO, Sérgio
Augusto Monturil de Carvalho.
Inês Schwingel, gerente adjunta do Sebrae NA destaca que o Brasil ainda possui muitos pontos para
rever e aperfeiçoar, a fim de melhorar
o ambiente para os empreendedores
e permitir que os pequenos negócios
sejam mais competitivos, tal como vimos na Itália.
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A UNIVERSIDADE CORPORATIVA
foi criada em 2008 com o objetivo de implementar a Política de Educação Continuada
do Sistema Sebrae. Os programas educacionais estabelecem vínculos diretos com o
Sistema de Gestão de Pessoas, versão 7.0, o qual estabelece as políticas, diretrizes
e procedimentos que norteiam o autodesenvolvimento, a ascensão profissional e a
meritocracia no Sebrae, segundo o Direcionamento Estratégico 2022.
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