Programa de Educação Continuada a Distância Curso de -ADAPTAÇÃO CURRICULARPARA EDUCAÇÃO ESPECIAL MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. MÓDULO II Níveis de Adaptações Curriculares As adaptações curriculares não devem ser entendidas como um processo exclusivamente individual ou uma decisão que envolve apenas o professor e o aluno. Realizam-se em três níveis: • no âmbito do projeto pedagógico (currículo escolar); • no currículo desenvolvido na sala de aula; • no nível individual. ADAPTAÇÕES NO NÍVEL DO PROJETO PEDAGÓGICO (CURRÍCULO ESCOLAR) As adaptações nesse nível referem-se a medidas de ajuste do currículo em geral, que nem sempre precisam resultar em adaptações individualizadas. As ações adaptativas visam a flexibilizar o currículo para que ele possa ser desenvolvido na sala de aula e atender às necessidades especiais de alguns alunos. As adaptações curriculares no nível do projeto pedagógico devem focalizar, principalmente, a organização escolar e os serviços de apoio. Elas devem propiciar condições estruturais para que possam ocorrer no nível da sala de aula e no nível individual, caso seja necessária uma programação específica para o aluno. Essas medidas podem se concretizar nas seguintes situações ilustrativas: • a escola flexibiliza os critérios e os procedimentos pedagógicos levando em conta a diversidade dos seus alunos; 34 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores • o contexto escolar permite discussões e propicia medidas diferenciadas metodológicas e de avaliação e promoção que contemplam as diferenças individuais dos alunos; • a escola favorece e estimula a diversificação de técnicas, procedimentos e estratégias de ensino, de modo que ajuste o processo de ensino e aprendizagem às características, potencialidades e capacidades dos alunos; • a comunidade escolar realiza avaliações do contexto que interferem no processo pedagógico; • a escola assume a responsabilidade na identificação e avaliação diagnóstica dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, com o apoio dos setores do sistema e outras articulações; • a escola elabora documentos informativos mais completos e elucidativos; • a escola define objetivos gerais levando em conta a diversidade dos alunos; • o currículo escolar flexibiliza a priorização, a seqüenciação e a eliminação de objetivos específicos, para atender às diferenças individuais. As decisões curriculares devem envolver a equipe da escola para realizar a avaliação, a identificação das necessidades especiais e providenciar o apoio correspondente para o professor e o aluno. Devem reduzir ao mínimo, transferir as responsabilidades de atendimento para profissionais fora do âmbito escolar ou exigir recursos externos à escola. 35 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores ADAPTAÇÕES RELATIVAS AO CURRÍCULO DA CLASSE As medidas adaptativas desse nível são realizadas pelo professor e destinam-se, principalmente, à programação das atividades da sala de aula. Focalizam a organização e os procedimentos didático-pedagógicos e destacam o como fazer, a organização temporal dos componentes e dos conteúdos curriculares e a coordenação das atividades docentes, de modo que favoreça a efetiva participação e integração do aluno, bem como a sua aprendizagem. Os procedimentos de adaptação curricular destinados à classe devem constar na programação de aula do professor e podem ser exemplificados nos seguintes exemplos ilustrativos: • a relação professor/aluno considera as dificuldades de comunicação do aluno, inclusive a necessidade que alguns têm de utilizar sistemas alternativos (língua de sinais, sistema braille, sistema bliss ou similares etc.); • a relação entre colegas é marcada por atitudes positivas; • os alunos são agrupados de modo que favoreça as relações sociais e o processo de ensino e aprendizagem; • o trabalho do professor da sala de aula e dos professores de apoio ou outros profissionais envolvidos é realizado de forma cooperativa, interativa e bem definido do ponto de vista de papéis, competência e coordenação; • a organização do espaço e dos aspectos físicos da sala de aula considera a funcionalidade, a boa utilização e a otimização desses recursos; 36 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores • a seleção, a adaptação e a utilização dos recursos materiais, equipamentos e mobiliários realizam-se de modo que favoreça a aprendizagem de todos os alunos; • a organização do tempo é feita considerando os serviços de apoio ao aluno e o respeito ao ritmo próprio de aprendizagem e desempenho de cada um; • a avaliação é flexível de modo que considere a diversificação de critérios, de instrumentos, procedimentos e leve em conta diferentes situações de ensino e aprendizagem e condições individuais dos alunos; • as metodologias, as atividades e procedimentos de ensino são organizados e realizados levando-se em conta o nível de compreensão e a motivação dos alunos; os sistemas de comunicação que utilizam, favorecendo a experiência, a participação e o estímulo à expressão; • o planejamento é organizado de modo que contenha atividades amplas com diferentes níveis de dificuldades e de realização; • as atividades são realizadas de várias formas, com diferentes tipos de execução, envolvendo situações individuais e grupais, cooperativamente, favorecendo comportamentos de ajuda mútua; • os objetivos são acrescentados, eliminados ou adaptados de modo que atenda às peculiaridades individuais e grupais na sala de aula. As adaptações no nível da sala de aula visam a tornar possível a real participação do aluno e a sua aprendizagem eficiente no ambiente da escola regular. Consideram, inclusive, a organização do tempo de modo a incluir as atividades destinadas ao atendimento especializado fora do horário normal de aula, muitas vezes necessários e indispensáveis ao aluno. 37 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores ADAPTAÇÕES INDIVIDUALIZADAS DO CURRÍCULO As modalidades adaptativas, nesse nível, focalizam a atuação do professor na avaliação e no atendimento do aluno. Compete-lhe o papel principal na definição do nível de competência curricular do educando, bem como na identificação dos fatores que interferem no seu processo de ensino-aprendizagem. As adaptações têm o currículo regular como referência básica, adota formas progressivas de adequá-lo, norteando a organização do trabalho consoante com as necessidades do aluno (adaptação processual). Alguns aspectos devem ser previamente considerados para se identificar a necessidade das adaptações curriculares, em qualquer nível: • a real necessidade dessas adaptações; • a avaliação do nível de competência curricular do aluno, tendo como referência o currículo regular; • o respeito ao seu caráter processual, de modo que permita alterações constantes e graduais nas tomadas de decisão. É importante ressaltar que as adaptações curriculares, seja para atender alunos nas classes comuns ou em classes especiais, não se aplicam exclusivamente à escola regular, devendo ser utilizadas para os que estudam em escolas especializadas, quando a inclusão não for possível. Além da classificação, por níveis, as medidas adaptativas podem se distinguir em duas categorias: adaptações de acesso ao currículo e nos elementos curriculares. 38 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 1. ADAPTAÇÕES DE ACESSO AO CURRÍCULO Correspondem ao conjunto de modificações nos elementos físicos e materiais do ensino, bem como aos recursos pessoais do professor quanto ao seu preparo para trabalhar com os alunos. São definidas como alterações ou recursos espaciais, materiais ou de comunicação que venham a facilitar os alunos com necessidades educacionais especiais a desenvolver o currículo escolar. As seguintes medidas constituem adaptações de acesso ao currículo: • criar condições físicas, ambientais e materiais para o aluno na sua unidade escolar de atendimento; • propiciar os melhores níveis de comunicação e interação com as pessoas com as quais convive na comunidade escolar; • favorecer a participação nas atividades escolares; • propiciar o mobiliário específico necessário; • fornecer ou atuar para a aquisição dos equipamentos e recursos materiais específicos necessários; • adaptar materiais de uso comum em sala de aula; • adotar sistemas de comunicação alternativos para os alunos impedidos de comunicação oral (no processo de ensino aprendizagem e na avaliação). Sugestões que favorecem o acesso ao currículo: • agrupar os alunos de uma maneira que facilite a realização de atividades em grupo e incentive a comunicação e as relações interpessoais; 39 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores • propiciar ambientes com adequada luminosidade, sonoridade e movimentação; • encorajar, estimular e reforçar a comunicação, a participação, o sucesso, a iniciativa e o desempenho do aluno; • adaptar materiais escritos de uso comum: destacar alguns aspectos que necessitam ser apreendidos com cores, desenhos, traços; cobrir partes que podem desviar a atenção do aluno; incluir desenhos, gráficos que ajudem na compreensão; destacar imagens; modificar conteúdos de material escrito de modo a torná-lo mais acessível à compreensão etc.; • providenciar adaptação de instrumentos de avaliação e de ensinoaprendizagem; • favorecer o processo comunicativo entre: Aluno-professor; Aluno-aluno; Alunos-adultos; • providenciar softwares educativos específicos; • despertar a motivação, a atenção e o interesse do aluno; • apoiar o uso dos materiais de ensino-aprendizagem de uso comum; • atuar para eliminar sentimentos de inferioridade, menos valia e fracasso. Sugestões de recursos de acesso ao currículo para alunos com necessidades especiais, Segundo necessidades específicas: 40 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Para alunos com deficiência visual • materiais desportivos adaptados: bola de guizo e outros; • sistema alternativo de comunicação adaptado às possibilidades do aluno: sistema braille, tipos escritos ampliados; • textos escritos com outros elementos (ilustrações táteis) para melhorar a compreensão; • posicionamento do aluno na sala de aula de modo que favoreça sua possibilidade de ouvir o professor; • deslocamento do aluno na sala de aula para obter materiais ou informações, facilitado pela disposição do mobiliário; • explicações verbais sobre todo o material apresentado em aula, de maneira visual; • boa postura do aluno, evitando-se os maneirismos comumente exibidos pelos que são cegos; • adaptação de materiais escritos de uso comum: tamanho das letras, relevo, softwares educativos em tipo ampliado, textura modificada etc.; • máquina braille, reglete, sorobã, bengala longa, livro falado etc.; • organização espacial para facilitar a mobilidade e evitar acidentes: colocação de extintores de incêndio em posição mais alta, pistas olfativas para orientar na localização de ambientes, espaço entre as carteiras para facilitar o deslocamento, corrimão nas escadas etc.; 41 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores • material didático e de avaliação em tipo ampliado para os alunos com baixa visão e em braille e relevo para os cegos; • braille para alunos e professores videntes que desejarem conhecer o referido sistema; • materiais de ensino-aprendizagem de uso comum: pranchas ou presilhas para não deslizar o papel, lupas, computador com sintetizador de vozes e periféricos adaptados etc.; • recursos ópticos; • apoio físico, verbal e instrucional para viabilizar a orientação e mobilidade, visando à locomoção independente do aluno. Para alunos com deficiência auditiva • materiais e equipamentos específicos: prótese auditiva, treinadores de fala, tablado, softwares educativos específicos etc.; • textos escritos complementados com elementos que favoreçam a sua compreensão: linguagem gestual, língua de sinais e outros; • sistema alternativo de comunicação adaptado às possibilidades do aluno: leitura orofacial, linguagem gestual e de sinais; • salas-ambientes para treinamento auditivo, de fala, rítmico etc.; • posicionamento do aluno na sala de tal modo que possa ver os movimentos orofaciais do professor e dos colegas; • material visual e outros de apoio, para favorecer a apreensão das informações expostas verbalmente; 42 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Para alunos com deficiência mental • ambientes de aula que favoreçam a aprendizagem, tais como: atelier, cantinhos e oficinas etc.; • desenvolvimento de habilidades adaptativas: sociais, de comunicação, cuidado pessoal e autonomia. Para alunos com deficiência física • sistemas aumentativos ou alternativos de comunicação adaptado às possibilidades do aluno impedido de falar: sistemas de símbolos (baseados em elementos representativos, em desenhos lineares, sistemas que combinam símbolos pictográficos, ideográficos e arbitrários, sistemas baseados na ortografia tradicional, linguagem codificada), auxílios físicos ou técnicos (tabuleiros de comunicação ou sinalizadores mecânicos, tecnologia microeletrônica), comunicação total e outros; • adaptação dos elementos materiais: edifício escolar (rampa deslizante, elevador, banheiro, pátio de recreio, barras de apoio, alargamento de portas etc.); mobiliário (cadeiras, mesas e carteiras); materiais de apoio (andador, coletes, abdutor de pernas, faixas restringidoras etc.); materiais de apoio pedagógico (tesoura, ponteiras, computadores que funcionam por contato, por pressão ou outros tipos de adaptação etc.); • deslocamento de alunos que usam cadeira de rodas ou outros equipamentos, facilitado pela remoção de barreiras arquitetônicas; • utilização de pranchas ou presilhas para não deslizar o papel, suporte para lápis, presilha de braço, cobertura de teclado etc.; • textos escritos complementados com elementos de outras linguagens e sistemas de comunicação. 43 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Para alunos com superdotação • evitar sentimentos de superioridade, rejeição dos demais colegas, sentimentos de isolamento etc.; • pesquisa, de persistência na tarefa e o engajamento em atividades cooperativas; • materiais, equipamentos e mobiliários que facilitem os trabalhos educativos; • ambientes favoráveis de aprendizagem como: ateliê, laboratórios, bibliotecas etc.; • materiais escritos de modo que estimule a criatividade: lâminas, pôsteres, murais; inclusão de figuras, gráficos, imagens etc., e de elementos que despertam novas possibilidades. Para alunos com deficiências múltiplas As adaptações de acesso para esses alunos devem considerar as deficiências que se apresentam distintamente e a associação de deficiências agrupadas: surdez-cegueira, deficiência visual-mental, deficiência físico-auditiva etc. As adaptações de acesso devem contemplar a funcionalidade e as condições individuais do aluno: • ambientes de aula que favoreçam a aprendizagem, como: ateliê, cantinhos, oficinas; • acesso à atenção do professor; 44 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores • materiais de aula: mostrar os objetos entregá-los, brincar com eles, estimulando os alunos a utilizá-los; • apoio para que o aluno perceba os objetos, demonstrem interesse e tenham acesso a eles. Para alunos com condutas típicas de síndromes e quadros clínicos O comportamento desses alunos não se manifesta por igual nem parece ter o mesmo significado e expressão nas diferentes etapas de suas vidas. Existem importantes diferenças entre as síndromes e quadros clínicos que caracterizam as condições individuais e apresentam efeitos mais ou menos limitantes. As seguintes sugestões favorecem o acesso ao currículo: • encorajar o estabelecimento de relações com o ambiente físico e social; • oportunizar e exercitar o desenvolvimento de suas competências; • estimular a atenção do aluno para as atividades escolares; • utilizar instruções e sinais claros, simples e contingentes com as atividades realizadas; • oferecer modelos adequados e corretos de aprendizagem (evitar alternativas do tipo “aprendizagem por ensaio e erro”); • favorecer o bem-estar emocional. 2. ADAPTAÇÕES NOS ELEMENTOS CURRICULARES Focalizam as formas de ensinar e avaliar, bem como os conteúdos a serem ministrados, considerando a temporalidade. São definidas como alterações 45 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores realizadas nos objetivos, conteúdos, critérios e procedimentos de avaliação, atividades e metodologias para atender às diferenças individuais dos alunos. Medidas adotadas para as adaptações nos elementos curriculares: 2.1. Adaptações metodológicas e didáticas Realizam-se por meio de procedimentos técnicos e metodológicos, estratégias de ensino e aprendizagem, procedimentos avaliativos e atividades programadas para os alunos. São exemplos de adaptações metodológicas e didáticas: • situar o aluno nos grupos com os quais melhor possa trabalhar; • adotar métodos e técnicas de ensino e aprendizagem específicas para o aluno, na operacionalização dos conteúdos curriculares, sem prejuízo para as atividades docentes; • utilizar técnicas, procedimentos e instrumentos de avaliação distintos da classe, quando necessário, sem alterar os objetivos da avaliação e seu conteúdo; • propiciar apoio físico, visual, verbal e outros ao aluno impedido em suas capacidades, temporária ou permanentemente, de modo que permita a realização das atividades escolares e do processo avaliativo. O apoio pode ser oferecido pelo professor regente, professor especializado ou pelos próprios colegas; • introduzir atividades individuais complementares para o aluno alcançar os objetivos comuns aos demais colegas. Essas atividades podem realizar-se na própria sala de aula ou em atendimentos de apoio; 46 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores • introduzir atividades complementares específicas para o aluno, individualmente ou em grupo; • eliminar atividades que não beneficiem o aluno ou lhe restrinja uma participação ativa e real ou, ainda, que esteja impossibilitado de executar; • suprimir objetivos e conteúdos curriculares que não possam ser alcançados pelo aluno em razão de sua(s) deficiência(s); substituí-los por objetivos e conteúdos acessíveis, significativos e básicos, para o aluno. 2.2. Adaptações dos conteúdos curriculares e no processo avaliativo Consistem em adaptações individuais dentro da programação regular, considerando-se os objetivos, os conteúdos e os critérios de avaliação para responder às necessidades de cada aluno. São exemplos dessas estratégias adaptativas: • adequar os objetivos, conteúdos e critérios de avaliação, o que implica modificar os objetivos, considerando as condições do aluno em relação aos demais colegas da turma; • priorizar determinados objetivos, conteúdos e critérios de avaliação, para dar ênfase aos objetivos que contemplem as deficiências do aluno, suas condutas típicas ou altas habilidades. Essa priorização não implica abandonar os objetivos definidos para o seu grupo, mas acrescentar outros, concernentes com suas necessidades educacionais especiais; • mudar a temporalidade dos objetivos, conteúdos e critérios de avaliação, isto é, considerar que o aluno com necessidades especiais pode alcançar os objetivos comuns ao grupo, mesmo que possa requerer um período mais longo de 47 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores tempo. De igual modo, poderá necessitar de período variável para o processo de ensino-aprendizagem e o desenvolvimento de suas habilidades; • mudar a temporalidade das disciplinas do curso, série ou ciclo, ou seja, cursar menos disciplinas durante o ano letivo e, desse modo, estender o período de duração do curso, série ou ciclo que freqüenta; • introduzir conteúdos, objetivos e critérios de avaliação, o que implica considerar a possibilidade de acréscimo desses elementos na ação educativa caso necessário à educação do aluno com necessidades especiais. É o caso da ampliação dos componentes curriculares específicos destinados aos portadores de deficiências e de condutas aprofundamento/enriquecimento típicas, curricular e propostos dos para programas os alunos de com superdotação. O acréscimo de objetivos, conteúdos e critérios de avaliação não pressupõe a eliminação ou redução dos elementos constantes do currículo regular desenvolvido pelo aluno; • eliminar conteúdos, objetivos e critérios de avaliação, definidos para o grupo de referência do aluno, em razão de suas deficiências ou limitações pessoais. A supressão desses conteúdos e objetivos da programação educacional regular não deve causar prejuízo para a sua escolarização e promoção acadêmica. Deve considerar, rigorosamente, o significado dos conteúdos, ou seja, se são básicos, fundamentais e pré-requisitos para aprendizagens posteriores. As medidas de adaptações curriculares devem considerar os seguintes aspectos, dentre outros: • ser precedida de uma criteriosa avaliação do aluno, considerando a sua competência acadêmica; • fundamentar-se na análise do contexto escolar e familiar, que favoreça a identificação dos elementos adaptativos necessários que possibilitem as alterações indicadas; 48 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores • contar com a participação da equipe docente e técnica da escola e com o apoio de uma equipe psicopedagógica (integrada por psicólogo, fonoaudiólogo, médico e outros) quando possível e necessário; • promover o registro documental das medidas adaptativas adotadas, para integrar o acervo documental do aluno; • evitar que as programações individuais sejam definidas, organizadas e realizadas com prejuízo para o aluno, ou seja, para o seu desempenho, promoção escolar e socialização; • adotar critérios para evitar adaptações curriculares muito significativas, que impliquem supressões de conteúdos expressivos (quantitativa e qualitativamente), bem como a eliminação de disciplinas ou de áreas curriculares completas. DIVERSIFICAÇÃO CURRICULAR Alguns alunos com necessidades especiais revelam não conseguir atingir os objetivos, conteúdos e componentes propostos no currículo regular ou alcançar os níveis mais elementares de escolarização. Essa situação pode decorrer de dificuldades orgânicas associadas a déficits permanentes e, muitas vezes, degenerativos que comprometem o funcionamento cognitivo, psíquico e sensorial, vindo a constituir deficiências múltiplas graves. Nessas circunstâncias, verifica-se a necessidade de realizar adaptações significativas no currículo para o atendimento dos alunos e indicar conteúdos curriculares de caráter mais funcional e prático, levando em conta as suas características individuais. Alguns programas, devido à expressividade das adaptações curriculares efetuadas, podem ser encarados como currículos especiais. Comumente envolvem atividades relacionadas ao desenvolvimento de habilidades básicas; à consciência 49 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores de si; aos cuidados pessoais e de vida diária; ao treinamento multissensorial; ao exercício da independência e ao relacionamento interpessoal, dentre outras habilidades adaptativas. Esses currículos são conhecidos como funcionais e ecológicos e sua organização não leva em conta as aprendizagens acadêmicas que o aluno revelar impossibilidade de alcançar, mesmo diante dos esforços persistentes empreendidos pela escola. Currículos adaptados ou elaborados de modo tão distinto dos regulares implicam adaptações significativas extremas, adotadas em situações de real impedimento do aluno para integrar-se aos procedimentos e expectativas comuns de ensino, em face de suas condições pessoais identificadas. A elaboração e a execução de um programa dessa natureza devem contar com a participação da família e ser acompanhadas de um criterioso e sistemático processo de avaliação pedagógica e psicopedagógica do aluno, bem como da eficiência dos procedimentos pedagógicos empregados na sua educação. Sistemas de Apoio As decisões sobre adaptações curriculares podem incluir as modalidades de apoio que favorecem ou viabilizam a sua eficácia na educação dos alunos com necessidades especiais. Pode-se definir apoio como recursos e estratégias que promovem o interesse e as capacidades da pessoa, bem como oportunidades de acesso a bens e serviços, informações e relações no ambiente em que vive. O apoio tende a favorecer a autonomia, a produtividade, a integração e a funcionalidade no ambiente escolar e comunitário. São elementos de apoio, dentre outros: 50 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores • as pessoas: familiares, amigos, profissionais, colegas, monitores, orientadores, professores (itinerantes, de sala de recursos, de apoio); • os recursos físicos, materiais e ambientais; • as atitudes, os valores, as crenças, os princípios; • as deliberações e decisões políticas, legais, administrativas; • os recursos técnicos e tecnológicos; • os programas e serviços de atendimento genéricos e especializados. As decisões sobre apoio devem considerar: • as áreas prioritárias a serem apoiadas; • a identificação dos tipos mais eficientes de apoio em função das áreas e aspectos definidos; • as situações em que o apoio deve ser prestado: dentro ou fora da sala de aula, em grupo ou individualmente, prévia ou posteriormente às atividades de ensino-aprendizagem regular; • as funções e tarefas dos diferentes profissionais envolvidos na prestação do apoio, bem como os papéis de cada, nas situações de aprendizagem do aluno. Isso posto, os seguintes pressupostos devem ser considerados: • há diversas modalidades de apoio, sendo algumas mais válidas e adequadas para certos alunos e determinados contextos de ensino e aprendizagem (dependem do tipo de necessidades especiais do aluno, das áreas curriculares focalizadas, das metodologias adotadas, da organização do processo de ensinoaprendizagem, das atitudes prevalecentes com relação ao aluno etc.); 51 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores • as decisões sobre modalidades de apoio devem ser compartilhadas pelas pessoas envolvidas no processo de ensino-aprendizagem (consenso entre os educadores e profissionais que atendam o aluno, adoção de critérios comuns para o trabalho pedagógico e ação conjunta); • as modalidades de apoio devem estar circunscritas ao projeto pedagógico da escola (atender aos critérios gerais adotados pela comunidade escolar, definição das funções do apoio, número de alunos a serem contemplados, tomadas de providências etc.); • as modalidades de apoio devem estar associadas ao número e às características dos alunos, ao local e ao momento onde será ministrado, bem como à sua duração e freqüência (individual, grupal, grupos homogêneos ou mistos, dentro ou fora da sala de aula, temporário ou permanente etc.). Pode-se considerar, ainda, a intensidade do apoio a ser oferecido: • intermitente: episódico, nem sempre necessário, transitório e de pouca duração (exemplo: apoio em momentos de crise, em situações específicas de aprendizagem); • limitado: por tempo determinado e com fim definido (exemplo: reforço pedagógico para algum conteúdo durante um semestre, desenvolvimento de um programa de psicomotricidade etc.); • extensivo: regular, em ambientes definidos, sem tempo limitado (exemplo: atendimento na sala de recursos ou de apoio psicopedagógico, atendimento itinerante); • pervasivo: constante, com alta intensidade e longa duração (ou ao longo de toda a vida), envolvendo equipes e muitos ambientes de atendimento. Indicado para alunos com deficiências mais agravantes ou múltiplas deficiências. 52 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores AVALIAÇÃO E PROMOÇÃO O processo avaliativo é de suma importância em todos os âmbitos do processo educacional para nortear as decisões pedagógicas e retroalimentá-las, exercendo um papel essencial nas adaptações curriculares. Quando relacionado ao aluno, em face de suas necessidades especiais, o processo avaliativo deve focalizar: • os aspectos do desenvolvimento (biológico, intelectual, motor, emocional, social, comunicação e linguagem); • o nível de competência curricular (capacidades do aluno em relação aos conteúdos curriculares anteriores e a serem desenvolvidos); • o estilo de aprendizagem (motivação, capacidade de atenção, interesses acadêmicos, estratégias próprias de aprendizagem, tipos preferenciais de agrupamentos que facilitam a aprendizagem e condições físico-ambientais mais favoráveis para aprender). Quando direcionado ao contexto educacional, o processo avaliativo deve focalizar: • o contexto da aula (metodologias, organização, procedimentos didáticos, atuação do professor, relações interpessoais, individualização do ensino, condições físico-ambientais, flexibilidade curricular etc.); • o contexto escolar (projeto pedagógico, funcionamento da equipe docente e técnica, currículo, clima organizacional, gestão etc.). Quando direcionado ao contexto familiar, o processo avaliativo deve focalizar, dentre outros aspectos: • as atitudes e expectativas com relação ao aluno; 53 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores • a participação na escola; • o apoio propiciado ao aluno e à sua família; • as condições socioeconômicas; • as possibilidades e pautas educacionais; • a dinâmica familiar. Quanto à promoção dos alunos que apresentam necessidades especiais, o processo avaliativo deve seguir os critérios adotados para todos os demais ou adotar adaptações, quando necessário. Alguns aspectos precisam ser considerados para orientar a promoção ou a retenção do aluno na série, etapa, ciclo (ou outros níveis): • a possibilidade de o aluno ter acesso às situações escolares regulares e com menor necessidade de apoio especial; • a valorização de sua permanência com os colegas e grupos que favoreçam o seu desenvolvimento, comunicação, autonomia e aprendizagem; • a competência curricular, no que se refere à possibilidade de atingir os objetivos e atender aos critérios de avaliação previstos no currículo adaptado; • o efeito emocional da promoção ou da retenção para o aluno e sua família. A decisão sobre a promoção deve envolver o mesmo grupo responsável pela elaboração das adaptações curriculares do aluno. As adaptações curriculares são medidas pedagógicas adotadas em diversos âmbitos: no nível do projeto pedagógico da escola, da sala de aula, das atividades e, somente quando absolutamente necessário, aplicam-se ao aluno 54 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores individualmente. Visam ao atendimento das dificuldades de aprendizagem e das necessidades especiais dos educandos e ao favorecimento de sua escolarização. Consideram os critérios de competência acadêmica dos alunos, tendo como referência o currículo regular e buscam maximizar as suas potencialidades, sem ignorar ou sublevar as limitações que apresentam e suas necessidades especiais. Essas medidas adaptativas focalizam a diversidade da população escolar e pressupõem que o tratamento diferenciado pode significar, para os alunos que necessitam igualdade de oportunidades educacionais. Desse modo, buscam promover maior eficácia educativa, na perspectiva da escola para todos. A atual situação em que se encontram os sistemas educacionais revela dificuldades para atender às necessidades especiais dos alunos na escola regular, principalmente dos que apresentam superdotação, deficiências ou condutas típicas de síndromes, que podem vir a necessitar de apoio para a sua educação. A flexibilidade e a dinamicidade do currículo regular podem não ser suficientes para superar as restrições do sistema educacional ou compensar as limitações reais desses alunos. Desse modo e nas atuais circunstâncias, entende-se que as adaptações curriculares fazem-se, ainda, necessárias. Práticas Pedagógicas Inclusivas e suas Implicações Curriculares Neste tópico, a intenção é discutir o papel da escola na organização das adaptações necessárias ao sucesso do aluno portador de deficiência incluído na rede regular de ensino. Para isso, privilegiaremos algumas produções e práticas pedagógicas de sucesso, no âmbito do ensino especial, baseadas no modelo e no referencial teórico sócio-histórico, cujas concepções de educação, de currículo, de conhecimento, de desenvolvimento e aprendizagem, de professor e de aluno são assumidas nesse trabalho. A visão tradicional de currículo que, de modo geral, orienta a organização escolar, pauta em procedimentos, técnicas e métodos preocupados com a 55 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores transmissão de “conhecimentos” e com a fixação destes, através de atividades meramente mecânicas por parte tanto do professor como do aluno. Os conteúdos são selecionados de forma acrítica, sem uma contextualização com a realidade e, na maioria das vezes, desprovidos de sentido para os alunos, concebidos como meros receptores do conhecimento. Entretanto, apesar da prevalência das práticas pedagógicas tradicionais e instrumentalizadoras, pode-se perceber um esforço, cada vez maior, por parte das políticas públicas e dos educadores, em instituir uma prática pedagógica voltada para a qualidade do ensino, amparada numa visão crítica de currículo. A perspectiva crítica de currículo dá um passo importante em relação ao como ensinar – ênfase do currículo tradicional. Pois, apesar de admiti-lo como um importante componente curricular, relaciona-o ao por que, para quê e a quem se dirige o ensino, analisando e discutindo essas questões nas suas relações com o processo ensino/aprendizagem. A função da escola é ensinar, cuja concretização se dá no processo de aprendizagem e de apropriação de conhecimentos e habilidades acumulados na história da humanidade, bem como no de criação de novos conhecimentos que emergem dessas relações sociais, incorporados na história futura, por parte dos envolvidos – professores e alunos. Quando o ensino é concebido dessa forma, rejeita-se a visão de escola como simples transmissora de conteúdos prontos e acabados, desvinculados das realidades dos sujeitos e desprovidos de sentido e significação. O saber, numa visão crítica de currículo, é compreendido na sua amplitude cultural e histórica, onde alunos e professores são sujeitos interativos, orientados por princípios, propósitos e metas, intencionalmente, voltados para a dialética dos saberes. Como nos aponta SAVIANI (1991: 21), “o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens”. 56 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Outro aspecto importante na organização do currículo diz respeito à relação entre conteúdo e método. Na orientação tradicional, o conteúdo está submetido ao método, reduzido a técnicas, recursos e procedimentos didáticos. Porém, para o currículo criticamente organizado, as relações entre conteúdo e método constituem uma unidade de entrelaçamento da função educativa e da participação social, supondo uma trajetória de mediação entre o objeto e o sujeito do conhecimento, ou seja, entre o conhecimento e o uso deste, por parte dos agentes sociais. Assim, algumas questões fazem relevantes: • Em que se constitui o ensino escolar? • Que conteúdos privilegiar? • Como organizá-los? • De que forma garantir as aprendizagens? O currículo deve ser o produto da seleção da cultura onde a escola está inserida. Aqui, compreende-se que a escola não transmite de forma didática os saberes, mas converte o saber histórico e cultural em saberes escolar. O conteúdo, então, será fruto dessa seleção que entende os conhecimentos e os valores como o fio condutor da ação pedagógica. Numa atividade objetiva de relevância social e humana, norteada pela estrutura particular de cada disciplina ou área de conhecimento, visando a captar os processos psicológicos pelos quais alunos e professores se apropriam dos saberes e os processos pelos quais as mediações entre o objeto e sujeitos do conhecimento se fazem presente. No entanto, para que objeto e sujeitos do conhecimento possam ser concebidos histórica e socialmente, pressupõe-se uma ação educacional específica: aquela que viabilize e garanta uma atitude prática significativa. Nesse contexto, o professor assume o papel de mediador dessa relação, onde a interação e a intervenção constantes possibilitem o avanço do aluno no seu processo de desenvolvimento e de conhecimento do mundo, garantindo, assim, uma participação social plena. 57 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores De modo geral, as questões levantadas sobre o contexto escolar se estendem ao currículo da Educação Especial, devendo ser iguais para todos ressalvados às devidas adaptações às necessidades especiais do portador de deficiências. Faz-se importante ressaltar que os conteúdos não podem e nem devem ser selecionados a partir do rebaixamento das metas e dos objetivos a serem atingidos – prática comum e recorrente do ensino especial frente à baixa expectativa de aprendizagem do aluno portador de deficiência. A expressão da baixa expectativa que afeta o aluno do ensino especial, diz respeito, principalmente, ao portador de deficiência mental, considerado incapaz de alcançar um pensamento abstrato; com isso, as práticas pedagógicas se limitam ao uso de métodos que privilegiam o trabalho concreto junto ao aluno, eliminando qualquer experiência de exercício e de desenvolvimento do pensamento abstrato. Porém, se é justamente o desenvolvimento das habilidades de pensamento abstrato o que o portador de deficiência mental mais precisa para impulsionar o seu desenvolvimento, então, não se justifica sua eliminação. Ao contrário, uma prática dessa natureza apenas reforça a deficiência, ao invés de possibilitar o avanço na direção da construção de conceitos. Cabe à escola levar o aluno com deficiência na direção do pensamento abstrato, transformando o seu nível de conhecimento concreto num nível superior de conhecimentos, ou seja, a transformação do desenvolvimento potencial em desenvolvimento real, abrindo novas zonas de desenvolvimento proximal. Uma prática pedagógica mediadora, onde o professor atua na ZDP (zona de desenvolvimento proximal) do aluno, pode ser exemplificada com a situação que se segue, observada numa classe de RM, que funciona numa Escola Pública da cidade de São Paulo . São oito alunos com deficiência mental, em processo de (alfabetização). A professora inicia a atividade de sala de aula contando uma fábula de Esopo– “A raposa e as uvas”. Ao final, pergunta: Vocês gostaram da história? A maioria não responde. Ela insiste: 58 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Professora: Rafael, o que você achou da história? Rafael permanece em silêncio. Professora: Rafael, eu estou falando com você (aproximando-se dele)... O que você Professora: achou Gostei da história? é resposta... não Rafael: Gostou Gostei! de quê? Rafael: Da história. Professora: E você, Natasha? Natasha: Eu queria que ela tivesse comido. Professora: E por que a raposa não comeu as uvas, Victor? Victor: Não quis. Professora: Não quis? Olhem, vou ler novamente e quero que todos prestem atenção... A professora relê a fábula e, logo após, propõem atividades diversificadas para o grupo. Então, reúnem dois alunos, Natasha e Rafael, dando segmento ao processo de interlocução: Professora: Vou ler de novo a fábula para vocês. E sei que podem prestar atenção. Natasha você sabe o que é uma raposa? Natasha: Um bicho. Professora: Isso mesmo. E você Rafa, já viu uma raposa? Rafael: Mas o que é isso...?!! Ela pega a gente. Com esse material, podemos pressupor que tanto Natasha quanto Rafael possuem um conceito de “bicho”, sendo que Rafael amplia seu sentido quando aponta para os perigos de sua natureza. Então, o trabalho da professora não pode permanecer centrado no que essas crianças já conhecem, mas sim levá-las a se apropriarem de algo novo. Professora: Rafa, você tem medo de algum bicho? Rafael: Eu não, eu sou forte. 59 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Professora: Natasha: Que Mais leão, forte não. que Rafael: qualquer Que tubarão, bicho? não. Professora: Vocês viram o tubarão que apareceu na praia de Copacabana? Natasha: Eu vi. Na televisão. Professora: E você Rafa? Rafael: Eu vi. Na televisão. Bateram nele... Mataram. Professora: Esse não foi o que apareceu na praia de Copacabana, mas na praia de Grumari. E as pessoas bateram tanto no tubarão, que acabou morrendo... (Alunos e professora permaneceram por algum tempo falando sobre diversos assuntos, até que o objetivo da atividade proposta fosse, novamente, resgatado). Mas eu ainda não consegui contar a fábula... Eu gostaria que vocês prestassem bem atenção, porque a raposa faz uma coisa e diz outra. Quero ver quem vai saber o que é? A professora, preocupada em não perder de vista seu objetivo principal, levar ao conhecimento das crianças variadas formas de linguagem e possibilitar a competência para interpretá-las. Insistir na atividade, demonstrando acreditar na capacidade de seus alunos para compreenderem o sentido presente no texto, considerando importante que os alunos desenvolvam o senso crítico frente às situações de vida. Uma fábula contém informações nas “entrelinhas”. Nessa forma de discurso, o que se quer dizer, está dito de forma implícita: o explícito nada mais é que o seu oposto. A professora explicita isso para os alunos (“a raposa faz uma coisa e diz outra”), desafiando-os a descobrirem o que está encoberto. Essa atitude da professora movimenta o pensamento das crianças que, para “desvendarem o mistério” (o desafio), têm que questionar investigar, refletir, enfim, exercitar a plasticidade do pensamento. Professora: E aí, quem descobriu porque a Raposa não comeu as uvas? Natasha: Ela não gostou das uvas. 60 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Professora: Como você sabe que ela não gostou? Ela provou? Natasha: Não, ela viu que a uva estava verde. Professora: Você já comeu uva? Alguma uva verde? Rafael: Eu já, minha mãe compra. Professora: E a uva verde que sua mãe compra é azeda? Rafael: Não, é docinha. Professora: Então, se a Raposa não provou as uvas, por que ela disse que estavam ruins? Olha, prestem atenção a esse pedaço: “Mas por mais que tentasse, não conseguia alcançar”. Por que ela não conseguia alcançar as uvas? Rafael: Porque estava alto. Professora: E você, Natasha? Natasha: Estava longe, no alto. Professora: Mas você não disse que a raposa não comeu porque as uvas estavam verdes? Natasha: Não, foi ela que falou. Professora: Sim, foi ela, mas você acreditou... E era verdade que a raposa não comeu por causa da acidez das uvas? Rafael: Não, ela não conseguiu. Professora: O que a Raposa falou e não era a verdade? Natasha: Ela falou que não queria uva e queria. Rafael: Ela não conseguiu pegar a uva e falou que não quis. Ela quis, foi o alto que não deixou. 61 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Professora: Isso mesmo... Muito bem! Será que a gente pode brincar de falar uma coisa e fazer outra? Professora e alunos, então, se envolveram num jogo de faz de conta. Depois de algum tempo, a professora deixa Rafael e Natasha “jogando”, brincando e dirige-se aos outros alunos com novos objetivos em mente. Analisando a situação acima citada, pode-se deduzir que caso o olhar da professora fosse guiado pela baixa expectativa, sua prática não teria avançado para além do concreto, rumo à formação de conceitos. Um olhar focado na deficiência limita o ensino em função das dificuldades dos alunos, não permitindo que os alunos avancem no seu desenvolvimento real, configurando-se como uma atitude paralisante. No entanto, a situação relatada demonstra que a professora vê nos alunos possibilidades de ultrapassarem aquilo que já sabem, por isso busca formas de interação e estratégias de ação para alcançar, junto com os alunos, formas mais complexa de pensamento, tornando possível a construção de pensamentos generalizantes. E, a aprendizagem de novos conhecimentos, forçando caminhos para nos quais os alunos progridam e, ao mesmo tempo, para que novas metas possam ser definidas e novas conquistas alcançadas. A dificuldade de abstração precisa ser superada, inclusive para que o aluno possa compreender e respeitar os limites impostos pala própria vida social, no exercício da cidadania e na internalização dos conhecimentos produzidos e sistematizados pela humanidade. Nesse contexto, a professora instaura um processo dialógico com os alunos, não desiste de sua meta, elevando-a a cada momento. Se analisarmos o discurso impresso entre a professora e seus alunos, podese ver claramente que a ação pedagógica não se prende ao texto, ao que o texto quer dizer. Ao contrário, os interlocutores vão lendo e produzindo sentidos nas condições determinadas pela aula e pelos sujeitos que ampliam os assuntos, relacionando-os à realidade vivida e sentida por eles. A concepção de leitura da professora não é a de codificação e decodificação de letras e fonemas, mas a de 62 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores participação no processo de produção de sentidos, a partir de um lugar social (o da interlocução) e de uma direção (objetivo e metas) historicamente determinados. Resultando em implicações e conseqüências, definindo a formação discursiva como móvel e aberta, cuja relação com as várias outras formações se articula com a ideologia operante, com as visões de mundo dos agentes do diálogo. Segundo Orlandi (1988: 115), o sujeito se relaciona com a significação sob três aspectos: o inteligível sentido atribuído pela codificação / decodificação; o interpretável, levando-se em conta o contexto lingüístico, sua coesão; o compreensível, considerando o processo de significação no contexto da situação, relacionando-se enunciado/enunciação. O processo de interação e interlocução citado, abarca essas três vertentes para a produção de sentidos, uma vez que vai além da superfície do texto: os sujeitos precisam saber ler tecnicamente (codificar / decodificar), precisa pressupor o que o autor quer dizer (interpretar). Contudo, precisam refletir sobre o texto, saber que o sentido pode ser outro, dependendo de como, onde e por quem vai ser lido (compreender o processo de significação) – exigência para o exercício pleno de cidadania. Para garantir o pleno exercício da cidadania, o portador de deficiência mental precisa conhecer e analisar as situações e os fatos da vida cotidiana: locomover-se com autonomia na comunidade; freqüentar os espaços públicos; utilizar dinheiro de forma a não ser enganado; saber ler tecnicamente e criticamente; reconhecer que os sentidos são dados nas relações; refletir sobre o que faz e suas conseqüências práticas etc. Assim, conhecer preço e quantidade de produtos não seria fundamental para o aluno com deficiência mental? Mas para isso, o professor precisa primeiro, acreditar na potencialidade dos alunos para tal, e, depois, organizar o currículo de forma a superação das dificuldades. Vejamos outro exemplo de prática significativa, numa classe de letramento, de RM: Uma professora organiza com sua turma um passeio ao supermercado próximo à escola. Antes, porém, procura dar suporte significativo para que o “passeio” se concretize na apropriação de 63 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores conhecimentos. Em aulas anteriores, propôs que eles executassem uma receita de biscoito, pedindo que os alunos trouxessem de casa uma receita, que fora escolhida dentre as disponíveis. A professora leu a receita para eles, sugerindo que fizessem uma lista dos produtos necessários à confecção do biscoito. Pediu para que os alunos fossem registrando no quadro, em forma de palavras ou desenhos, de acordo com o conhecimento deles. Após, leram a lista e discutiram sobre os produtos, marcas e quantidades. A professora, aproveitando a situação, lança mão de embalagens de diversos produtos e marcas de uso comum na vida diária: sabão em pó, manteiga, achocolatados, refrigerantes, biscoitos. Muitas marcas e produtos são conhecidos pelos alunos, que incluem os conceitos de produto e marca numa mesma categoria. Ela chama atenção para a diferença e para as possibilidades de leitura dos variados textos presentes nas embalagens: nome do produto, da marca, quantidade e peso, endereço postal e eletrônico, lista de ingredientes, datas de fabricação e validade, informações de uso, receitas, código de barras. A proposta percorre vários caminhos e a professora procura não deixar que a turma se afaste do objetivo: a compreensão e a apreensão de várias linguagens. Assim, viabiliza diversas atividades significativas para o desempenho dos alunos: pesquisa em revistas e jornais, confecção de slogans, de textos, de desenhos, brincadeira de faz de conta simulando um supermercado, onde os alunos compram e vendem produtos, recebem dinheiro e dão troco. No dia do passeio, a pesquisadora não esteve presente, porém, o resultado pode ser previsto a partir das atividades desenvolvidas pelos alunos e professora, onde o significado e o conteúdo das mesmas serviram de base para que os sujeitos envolvidos ampliassem suas possibilidades de ação e de compreensão do mundo. A professora assegurou a construção de conhecimentos, pautada na diversidade que constitui a realidade, fundando as relações de ensino na reorganização e na ampliação dos conhecimentos consolidados pelos alunos. A professora adota uma relação de ensino, tendo como ponto de partida os conhecimentos consolidados 64 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores pelos alunos, assentando, assim, novas bases para o desenvolvimento destes. No entanto, é importante ressaltar que, tanto a relação pedagógica como a organização do ambiente, pode favorecer o acesso ao conteúdo curricular. A saber: os alunos tiveram o olhar atento da professora durante todo o tempo da aula; o intercâmbio de idéias foi uma constante; o zelo pelo material pessoal e coletivo é uma regra cobrada e estimulada pela professora; as tarefas propostas foram significativas para os alunos, que as desempenharam de forma prazerosa e com interesse; nenhuma atividade mecânica – cobrir pontinhos, colorir figuras, ligar objetos, cópia de letras – se fez presente. Outro exemplo de prática pedagógica, voltada para a superação das dificuldades acarretadas pela deficiência, é o de uma professora de uma Sala de Recursos – DV. Os alunos estão incluídos no sistema regular de ensino e freqüentam a sala de recurso em turno alternativo ao das atividades de sala de aula regular. Fábio é um jovem de dezessete (17) anos, DF, e que, atualmente, apresenta um quadro de baixa visão. Ele está na quarta série do ensino regular, é ótimo aluno, sua participação social na escola vai além do seu papel de aluno, ele é o presidente do grêmio estudantil. Mas, à medida que sua visão diminui, limita sua ação no mundo, por isso, precisa aprender o sistema Braille de leitura. A escola onde estuda, em turma regular, não oferece à modalidade de SR-DV, então, a professora da sala de recursos de uma outra escola iniciou o trabalho de ensino do Braille. A referida professora recorre a vários recursos técnicos e humanos, que em sua concepção abarcam as necessidades do aluno: desloca-se de seu local de trabalho até à escola dele, duas vezes por mês, para dar suporte ao professor da turma regular – nesses dias, realiza também atendimento individualizado ao aluno; transcreve todo o conteúdo dos livros didáticos para o Braille e de forma ampliada; grava em fita cassete livros de leitura; conversa com os alunos e com os professores da classe, sobre as necessidades de Fábio – localização de carteiras, leitura dos assuntos escritos no quadro, explicação verbal; confecciona materiais didáticos necessários ao 65 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores aprendizado do aluno; disponibiliza máquina braille, lupa, sorobã, reglete para o uso do aluno; orienta a prática dos coordenadores pedagógicos da escola, para que busquem, junto aos professores, saídas para os impasses encontrados no cotidiano da sala de aula e da escola de forma geral. Nos outros dias, Fábio freqüenta a SR-DV sob a responsabilidade da referida professora, cuja localização é a mais próxima de sua residência. O que podemos apreender dessa experiência? Que, apesar das dificuldades, um ensino produtivo e eficiente pode se concretizar; para tanto, devese levar em conta as peculiaridades de cada situação e de cada indivíduo, direcionando as respostas educacionais apropriadas, no sentido de adotar os suportes indispensáveis às aprendizagens. Com as intervenções feitas pelo sistema escolar, o aluno tem seu acesso ao currículo garantido, sua participação social no grupo elevada, suas necessidades específicas atendidas. Uma das expressões mais significativas no processo de inclusão do aluno portador de deficiência no sistema educacional diz respeito ao papel do professor e suas implicações práticas. Outras duas observações, numa mesma turma, podem auxiliar a reflexão dessa questão. Natasha, 15 (quinze) anos, 7ª série, portadora de uma visão subnormal desde os 3 (três) anos de idade, está incluída numa turma regular. O prédio da escola é vertical e foi totalmente reformado de forma a garantir o aceso físico de seus usuários a todos os espaços – elevador, corrimão nas escadas, rampa de acesso à cadeira de rodas na entrada, banheiros acessíveis etc. A escola conta também com outros equipamentos de suporte às aprendizagens dos alunos – DOSVOX, lupa mecânica, máquinas braille, livros transcritos à braille, computadores e programas adaptados para o uso do DV etc. As situações descritas a seguir ilustram o quanto à concepção de educação e de ensino do professor interfere no processo de aprendizagem do aluno. Ambas as situações ocorreram numa mesma turma – da qual Natasha faz parte – e traduzem visões diametralmente opostas sobre o que seja ensinar e aprender. 66 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores • Situação 1 Aula de Artes Cênicas, cinqüenta minutos de duração: a professora inicia a aula fazendo a chamada, dirige-se ao quadro dispondo à matéria, pára e pergunta: Professora: quem tem escala com Natasha, hoje? Thiago: é a Carolina, mas ela não veio. Posso fazer. Professora: ok. Natasha, você pode se sentar ao lado de Thiago, que ele vai ler para você? Eu não vou ditar a matéria, porque é um resumo e vamos precisar dele no quadro, e além do mais hoje nosso tempo será mais curto e assim é mais rápido. A professora escreve no quadro: “Dicionário Teatral (cont.) Letra D”, dispondo abaixo os seguintes conceitos (diretor, dicção, dramaturgia, dramaturgo) e os respectivos significados dicionarizados. Enquanto a professora escreve no quadro, Thiago copia e dita para Natasha, ao mesmo tempo, ambos executam a tarefa de copiar, praticamente, junto com a professora. Ao mesmo tempo em que copiam, conversam sobre vários outros assuntos. A maioria dos alunos demora a finalizar a tarefa que se estende por quase toda a aula. Vez ou outra a professora dirige-se aos alunos, dizendo: “terminaram?”; “fiquem quietos, com essa barulheira”. Não dá para dar aula; “será que vocês podem parar de falar?; “escutem, o barulho já está demais, assim vou apagar o que está no quadro e vocês não vão poder copiar, vão perder a matéria”. Os alunos parecem não ouvir a professora e continuam conversando, gritando, movimentando-se pela sala. Thiago e Natasha conversam entre si, o ambiente da sala vai se tornando cada vez mais barulhentos, os alunos realizam a tarefa de forma 67 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores mecânica. A pesquisadora aproxima de Thiago e Natasha e trava uma comunicação com eles. Pesquisadora: para que vocês estão aprendendo essa matéria? Natasha: ela já deu as outras letras (referindo-se às palavras iniciadas por A, B e C). Thiago: é a continuação. Pesquisadora: o que é dramaturgia, Natasha? Natasha, aproximando o olho do caderno, lê o que está escrito. A pesquisadora, então, colocando o braço sobre o significado de dramaturgo, pergunta: o que é dramaturgo? Tanto Thiago quanto Natasha tentam olhar no caderno para responder. A pesquisadora insiste: “não olhem, tentem lembrar”. Pesquisadora: vamos ver. O que é escrita? Natasha: é escrever! Thiago: é uma forma de registrar. Pesquisadora: e o que é escritor? Natasha e Thiago: é quem escreve... Pesquisadora: então, sem ler, o que é dramaturgia? Natasha: é a arte de escrever para o teatro (repetindo exatamente o significado dado pela professora). Pesquisadora: sem ler, o que é dramaturgo? Natasha : não sei. Thiago: não lembro. 68 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Pesquisadora: o que é cozinha? Natasha: lugar onde se faz a comida. Pesquisadora: e o que é cozinheiro? Natasha: quem faz a comida. Pesquisadora: vamos ver se acertam agora. O que é dramaturgia? Thiago: escrever para o teatro. Natasha: arte de escrever para o teatro. Pesquisadora: e o que é dramaturgo? Natasha: não! É quem escreve? Cara, nunca mais esqueço isso, que fácil, não vou nem precisar estudar para a prova. A professora permanece sentada em sua mesa, esperando que todos acabem de copiar. Cinco minutos antes de terminar a aula, diz: estamos quase na hora, na próxima aula a gente continua, pega suas coisas e sai. • Situação 2 Aula de História, cinqüenta minutos de duração. A professora entra em sala, pede que os alunos se acalmem (todos estão agitados, conversam, movimentam-se pela sala – a aula anterior havia sido a da situação 1) e abram o livro didático. Professora: abra o livro na página 122, capítulo 7. Hoje, nós vamos falar da relação entre religião e política, no regime capitalista. O que é religião para vocês? Alunos: (muitas vozes ao mesmo tempo). 69 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Professora: um de cada vez: você Sabrina. Sabrina: é uma crença. Thiago: é fé. Marcelo: é aquilo que a gente acredita. A professora vai apontando e ouvindo as respostas. Os alunos se agitam, todos querem falar dar suas opiniões... Professora: calma! Alguém nessa aula já ficou sem falar. História só se aprende pensando, falando. Todo mundo vai dar sua opinião, mas cada um na sua hora, porque senão não adianta, ninguém ouve ninguém. A religião trata de que questões? Aluno 1: das coisas da alma. Aluno 2: do espírito. Aluno 3: na Assembléia de Deus tudo é pecado, tudo é errado. Aluno 3: na igreja católica também tem pecado. Aluno 4: no espiritismo tem carma. Professora: e que relação tem a religião com a política? Thiago: acho que tem toda, porque, dependendo da crença, eu não vou ter crítica nenhuma. Natasha: é, tem religião que deixa a pessoa toda bitolada. Aluno 6: é! Eu tenho uma tia que acha que o marido bebe e apronta por causa do encosto, aí vive rezando e ele continua aprontando. Puxa! Não tem nada a ver, ele é malandro mesmo. 70 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Aluno 7: e minha irmã que agora entrou para a Assembléia. Não faz mais nada, ela era da pá virada, mas agora parece uma freira. Só que ela era super legal, agora tá dedo duro, tudo ela conta pra mãe. Outro dia eu saí com uma amiga que minha mãe não gosta e ela contou e eu levei a maior bronca. Isso por acaso é legal? Ser fofoqueira é legal? Se tudo é pecado, isso devia ser também. Professora: ah! Vocês estão me dizendo que a religião interfere nas condutas dos homens, é isso? Vocês conhecem aquela música que se chama Romaria? ‘Sou caipira, pirapora nossa Senhora de Aparecida. Ilumina a mina escura e funda o trem da minha vida...’ Alunos e professora cantam a música, depois à professora lê a letra. Professora: o que acharam? Natasha: parece que tudo acontece porque Deus quer. Se o cara está desempregado, é porque Deus quis assim. Aluno 8: é se está doente, porque Deus quis. Não tem dinheiro... culpa de Deus. Aluno 9: por isso que os empresários se dão bem, porque o povo acha que eles têm dinheiro porque Deus decidiu assim. Então, ninguém se revolta com a exploração. Professora e alunos dão continuidade ao diálogo e a matéria vai sendo internalizada de forma crítica, cada um podendo revelar o que pensa, confrontar-se com os outros. Outras músicas com relação ao tema são lembradas. Professora: na página 124 tem um questionário, respondam em casa e tragam na próxima aula. Natasha, esse capítulo já foi ampliado? Natasha: já, a professora da SR-DV já me entregou. 71 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Professora: ok. Então agora quero que vocês façam uma poesia, uma letra de música relacionando religião e política, mas com uma visão crítica. As Situações 1 e 2, acima relatadas, foram vivenciadas pelo mesmo grupo de alunos; a diferença, portanto, em relação à ação educativa, fica por conta da atuação pedagógica de cada professora. A primeira situação revela uma prática pedagógica mecanicista, baseada num referencial teórico comportamentalista; enquanto a Segunda, baseia-se numa relação dialógica, decorrente de um modelo de educação sócio-histórico. Segundo o modelo mecanicista de educação, o sujeito é concebido como um ser passivo, controlado por forças externas, a conduta humana é compreendida a partir das respostas provenientes dos estímulos recebidos pelo meio externo. As práticas pedagógicas decorrentes do referencial teórico comportamentalista são marcadas pelo condicionamento, cuja relação pedagógica se caracteriza pela hierarquia, cabendo ao professor transmitir os conteúdos, através de treinamentos de funções. O aluno não passa de um mero receptor e reprodutor desses conteúdos e comportamentos previamente selecionados pelo professor. Do ponto de vista mecanicista, o aluno tem um papel passivo no processo de construção do conhecimento. O produto da ação educacional é a repetição do objeto do conhecimento, decorrente de uma ação mecânica, de um treinamento. A atuação da professora da Situação 1 exemplifica a visão mecânica de educação. Aqui, o sujeito é comparado a uma máquina que recebe as informações e executa as tarefas. Assim, o aluno é visto como um mero objeto a ser moldado pelo professor. E, quando a aprendizagem não é realizada, a culpa recai sobre o aluno, cuja capacidade de assimilação e reprodução do conhecimento falhou. O professor se considera o centro do processo, revestido de uma autoridade inquestionável, transmitindo os conteúdos de forma pouco significativa, baseados na memorização e na repetição, privilegiando o treinamento e, assim, afastando as possibilidades de interação, de diálogo e de colaboração entre os sujeitos que compõem a sala de aula. O ensino reduzido a treinamentos e a cópias, sem que o interesse e o prazer 72 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores pelo conhecimento estejam presentes, gera um desânimo em relação às atividades por parte dos envolvidos, tornando-se forte candidato ao fracasso escolar. Quando os alunos conseguem corresponder às expectativas do professor, suas produções não passam de reprodução mecânica dos conteúdos decorados que em pouco tempo são esquecidos, tornando-se inútil ao processo de desenvolvimento do aluno e à interação com o mundo que o cerca. A professora da Situação 1 não consegue despertar o interesse dos alunos pela atividade, tenta controlar a conduta deles por intermédio de gritos e ameaças – “escutem, o barulho já está demais, assim vou apagar o que está no quadro e vocês não vão poder copiar, vão perder a matéria”. As interferências para regular a conduta dos alunos, a morosidade dos alunos em efetuarem a cópia do quadro, o ambiente tumultuado demonstram que a professora não soube organizar a rotina da sala de aula de modo a incentivar o interesse pelo conhecimento e a participação de todos na construção do saber. A professora confunde conhecimento com informação, disciplina com silêncio, aprendizagem com repetição mecânica das informações transmitidas, enfim, supõe que educar seja a mesma coisa que treinar. Tais concepções em nada contribuem para garantir ao aluno o pleno desenvolvimento e o acesso aos conhecimentos curriculares, ao contrário, transforma o espaço escolar num ambiente estéril; afastando o aluno do desejo pelo conhecimento. Analisando a Situação 2, pode-se dizer que a relação travada entre a professora e os alunos está baseada no respeito, onde cada um tem um papel definido, porém interdependentes. Parece claro que para que alguém aprenda alguém deva ensinar: e é o que acontece nesse grupo. A professora, através de uma relação dialética e dialógica com os alunos, garante que o conhecimento seja aprendido com base no significado e na compreensão do que está sendo dito refletido, pensado por todos. A professora concebe seus alunos como agentes sociais, capazes de produzirem conhecimentos a partir das relações travadas com a cultura e a história. Quando inicia a aula, dirige-se aos alunos como sujeitos, onde cada qual tem um nome e uma identidade a ser respeitada e ressaltada, sabe ouvi73 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores los, valoriza o que já conhecem, acredita na capacidade deles e investe na conquista de novos saberes. A relação pedagógica travada na Situação 2 reveste-se de uma autoridade que requer o trabalho sistemático da professora. Na qual se concebendo como mediadora do conhecimento é criativa na condução não somente do saber curricular, mas também da consciência de si, de seus deveres, direitos e responsabilidades, contribuindo para a formação de sujeitos capazes de pensar/repensar, fazer/refazerem o amanhã. Assim, o aluno é visto como um ser que se constitui a partir da relação com os outros sujeitos sociais. Portanto, para que o sucesso escolar seja alcançado, a educação precisa situar-se num espaço de interação e de diálogo. Assim, concebendo o aluno como um ser eminentemente social, sendo o processo de desenvolvimento e aprendizagem o produto de uma construção coletiva, decorrente dos conhecimentos e das intervenções da cultura e da história, cujo curso é móvel e dinâmico e sofre modificações constantes. Vimos, no capítulo 4, que a linguagem possui duas funções: a de comunicação, intercâmbio de idéias e pensamentos; e a intelectualizante. À medida que falo, comunico minhas idéias, ao mesmo tempo em que organizo meu pensamento. Ou seja, no momento da interlocução, o sujeito compreende melhor os conceitos, ampliando-os e, assim, concretizando o próprio pensamento. Por isso, a formação do sujeito tem que ocorrer num espaço de múltiplas vozes para que os sentidos e significados possam ganhar força e serem internalizados pelos sujeitos em formação. A postura da professora da Situação 1 se baseia no treinamento, onde um fala e os outros ouvem e executam – quem mais se beneficia dessa ação é o próprio professor que, quanto mais fala e expõe seu pensamento, mais se apropria de um conhecimento. Já na Situação 2, o conhecimento é algo que pertence a todos, é provisório e flexível, que se renova a cada expressão. A professora dialoga com seus alunos, dando sentido para a aprendizagem e criando significados para o conhecimento curricular. Essa atuação pedagógica localiza-se entre o sujeito e o 74 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores objeto do conhecimento, caracterizando o que Vygotsky denomina de zona de desenvolvimento proximal – espaço intermediário entre o que os alunos já dominam e aquilo que precisam dominar. No entanto, para que o professor possa agir dessa forma, ele tem que dominar o conhecimento, tem que assumir um compromisso com a aprendizagem do aluno, responsabilizando-se pelo acesso dos alunos aos conhecimentos escolares e fornecendo-lhes as bases para o pleno exercício da cidadania. Nesse caso, se o aluno não aprende, é porque o professor não está exercendo sua função, então, fazse necessário mudar as estratégias de ensino – o que só é possível mediante a reflexão, o questionamento e as investigações, que irão fornecer as bases para um replanejamento. Portanto, as visões sobre o desenvolvimento e a aprendizagem determinam: os métodos e processos de ensino; o tipo de relação professor/ aluno; a seleção dos conteúdos a serem ensinados; os procedimentos de avaliação; os critérios de seleção e enquadramento de alunos por turmas. O modelo mecanicista contribui para a ilusão de que o professor ensina quando transmite a informação, ao passo que o sócio-histórico articula com os conhecimentos através do diálogo. Transformando-os em veículo de reflexão da própria prática, privilegiando a autonomia sobre o fazer/agir, que se traduz no como, na razão e, no para quê se aprende e se ensina. O cotidiano da sala de aula deve promover a colaboração e a ajuda mútua, pois nela, é promovido à interação com o outro que o aluno aprende e se desenvolve. O espaço da sala de aula é um local de encontro de saberes, de diferentes conhecimentos, onde todos os envolvidos têm o direito de expressão e de construção de novas maneiras de perceber o mundo. Outro aspecto que a educação deve contemplar no seu curso, trata-se da relação com a comunidade e as famílias. Essa relação situa-se no âmbito dos movimentos sociais, tendo como eixo o conceito de cidadania e sua expressão 75 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores plena, num exercício de movimentos sociais que mobilizam, pressionam e engendram mudanças no rumo da história. “A cidadania não se constrói por decretos ou intervenções externas, programas ou agentes pré-configurados. Ela se constrói como um processo interno, no interior da prática social em curso, como fruto do acúmulo das experiências engendradas. (...) se constrói no cotidiano, através do processo de identidade político-cultural que as lutas cotidianas geram” (GOHN, 1992: 16,17). O caráter educativo dos movimentos sociais pressupõe uma concepção de educação que não se limita à transmissão dos conteúdos curriculares, mas também implica na criação de mecanismos capazes de elaborar estratégias de ação no enfrentamento das demandas e das necessidades da coletividade. Um exemplo dessa dimensão educacional foi observado numa escola pública do Município do Rio de Janeiro. A cada dois meses, a educação especial reúne pais e responsáveis pelos alunos portadores de deficiência para uma avaliação dos processos de aprendizagens e de desenvolvimentos dos alunos, bem como para a discussão e a reflexão de temas sobre as necessidades dos alunos em questão. • A Reunião Os pais foram recebidos pela coordenadora da equipe do IHA, da 8ª CRE, por três representantes da CRE, lotados no ensino especial, e por dois professores itinerantes. 1º momento – recepção dos responsáveis; distribuição de crachás para identificação nominal de cada participante; oferecimento de um lanche. 2º momento – apresentação dos profissionais. 76 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 3º momento – realização de uma dinâmica e apresentação dos pais, sendo incentivados a falarem sobre suas angústias, expectativas e dúvidas. 4º momento – leitura de uma mensagem sobre XXXXXXX. 5º momento – Informações sobre aspectos legais – Constituição Federal, Estatuto da criança e do adolescente, Núcleo Curricular Básico (Multieducação), Lei Orgânica – inclusão social e educacional, bem como das responsabilidades da família e da instituição escolar na construção desse processo. 6º momento – Discussão sobre o papel do professor itinerante, a importância dos atendimentos especializados e da garantia de freqüência dos alunos na escola. 7º momento – avaliação da reunião. 8º momento – distribuição de declarações informando sobre o dia, o local e o horário da reunião para os responsáveis que necessitarem justificar a ausência no trabalho. A interação com as famílias e a comunidade por parte da instituição escolar reverte-se em formas de ação coletivamente organizadas, onde cada sujeito tem consciência de seus deveres e direitos. Tornando-se mais forte para a luta por melhores condições de vida e mais resistente em relação ao descumprimento das leis e das práticas excludentes. “Trata-se, como se vê, de uma concepção essencialmente prática e historicista, que rompe com as concepções metafísicas e abstratas, pois não existe um ‘ordenador’ fora das práticas humanas, nem mesmo uma natureza independente da relação com o homem; como também não é concebível o indivíduo humano fora da sua classe social ou fora das lutas entre as classes. É no interior das lutas, na forma que 77 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores modernamente se desenvolvem, que acontece o processo educativo do novo cidadão” (NOSELLA, 1988: 89). Os deficientes, suas famílias, a comunidade a que pertencem e suas formas de organização e de participação social dão sustentação à luta pelo reconhecimento de seus direitos como cidadãos. A história dessas mudanças, referenciadas nas resoluções, leis e declarações, tem surgido de encontros, manifestações, reuniões e eventos em prol da defesa dos direitos da pessoa portadora de deficiência e sua conseqüente inclusão social. O conceito de inclusão introduz uma nova dimensão política, cuja abrangência não se refere ao indivíduo apenas, mas a toda a sociedade. Esse novo enfoque conduz à reformulação de normas, de regulamentos e de leis referenciados na valorização da pessoa portadora de deficiência e na sua plena inclusão social. A prática dialógica voltada para o planejamento de ações instrumentaliza as famílias, as associações representativas e os próprios indivíduos para desempenharem um novo e significativo papel como agentes de transformações do processo histórico. O resultado dessa prática social, como ressalta a Declaração de Salamanca que ressalta a libertação dos estigmas e rótulos, a aceitação da diversidade e a real inserção no contexto sócio-educacional. Onde garante o atendimento da pessoa portadora de deficiências no sistema educacional regular, e acesso ao currículo básico, através dos suportes necessários ao desenvolvimento pleno de suas potencialidades. Documento de Registros das Adaptações Curriculares Após a decisão de se realizar as adaptações curriculares e de acesso ao currículo para o aluno , é necessário que se registrem as adaptações indicadas. Trata-se de um documento individual, uma vez que as necessidades especiais de 78 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores cada aluno são diferentes. Deve-se elaborar o Relatório Individual de Adaptações Curriculares, contendo as seguintes informações: 1. Identificação do aluno: Nome; Data de nascimento; Filiação; Endereço; Telefone; Tipo e grau da deficiência que possui. 2. Informações sobre a Escolarização: Estabelecimento de ensino atualmente matriculado; série e nível; Dados anteriores à escolarização (“vida particular”); Apoio especializado ou não especializado atual e anterior para a escolarização. 3. Informações sobre atendimentos ou tratamentos recebidos atualmente e no passado. 4. Indicação das Adaptações Curriculares anteriores. 5. Necessidades atuais de Adaptação Curricular e/ou de Acesso ao Currículo. 6. Período indicado para as adaptações, duração prevista para o curso e nível. 79 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 7. Modalidades de apoio (atendimento itinerante, sala de recursos, etc.). 8. Critérios de avaliação adotados. 9. Fontes documentais utilizadas - pareceres, laudos, relatórios, histórico escolar, dentre outros, podem ser anexados ao Relatório Individual das Adaptações Curriculares. 10. Equipe responsável pela indicação das adaptações - registrar os nomes dos integrantes do grupo proponente das adaptações e as funções exercidas na Instituição. Identificar profissionais envolvidos (se houver), suas profissões e o tipo de atuação com o aluno. O Relatório Individual de Adaptação Curricular compõe a pasta do aluno (inclusive para acompanhar transferência), devendo ficar acessível aos seus professores, familiares e órgãos de inspeção escolar. O documento levará a assinatura: da equipe envolvida nas decisões, do diretor do estabelecimento de ensino e do aluno ou de seu responsável. ------------------FIM DO MÓDULO II----------------- 80 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores