Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Ciência dos Materiais I Prof. Nilson C. Cruz Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Estabilidade de Estados Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Primeira lei da Termodinâmica www.sorocaba.unesp.br/gpm Em termodinâmica, a energia total de um sistema é a sua energia interna U. Quando o sistema muda de um estado com energia interna inicial Ui para um estado de energia Uf, ele sofre uma mudança de energia U = Uf - Ui Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Primeira lei da Termodinâmica Funções de estado A energia interna de um sistema é uma função de estado, ela depende apenas do estado atual do sistema, independentemente de como este estado foi atingido. Ou seja U = U (n, p, T,...) Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Primeira lei da Termodinâmica www.sorocaba.unesp.br/gpm A energia interna de um sistema pode ser modificada aquecendo o sistema ou realizando trabalho sobre ele. Assim, U = q + w q = energia transferida por aquecimento w = trabalho realizado sobre o sistema Quando ocorrem mudanças infinitesimais de estado, dU = dq + dw Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Primeira lei da Termodinâmica LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Conservação de energia Como, U = q + w, A energia interna de um sistema isolado permanece constante. Primeira lei da termodinâmica Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Expansão Primeira lei da Termodinâmica Trabalho e calor pex A pex = pressão externa A = área da seção reta dz Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Primeira lei da Termodinâmica LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Trabalho e calor O trabalho realizado para um deslocamento dz do pistão será: dw = - F dz Como F = pexA, dw = - pex dV dV =A dz = variação do volume Se a pressão for constante, w = -pex V Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Primeira lei da Termodinâmica Trabalho e calor Ex. Expansão isotérmica de um gás ideal Para um gás ideal, pV = nRT. Assim, Vf dV w = -nRT = -nRT ln Vf V Vi V i Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Primeira lei da Termodinâmica www.sorocaba.unesp.br/gpm Em geral, dU = dq + dwe + dwexp onde dwe é o trabalho realizado além do trabalho de expansão. Se o volume do sistema é mantido constante e nenhuma outra forma de trabalho é realizado, dU = dqV Indica que o volume não varia Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Capacidade calorífica LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm A energia interna de um corpo aumenta quando sua temperatura é aumentada. CV = U T Energia Interna Temperatura V Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Capacidade calorífica a volume constante www.sorocaba.unesp.br/gpm A grandeza CV = U T V indica volume constante é chamada de capacidade calorífica do sistema a volume constante. Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Capacidade calorífica a pressão constante www.sorocaba.unesp.br/gpm Da mesma forma, Cp = U T p é chamada de capacidade calorífica do sistema a pressão constante. Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Primeira lei da Termodinâmica Capacidade calorífica A capacidade calorífica pode ser usada para relacionar variações na energia interna de um sistema com mudanças na sua temperatura: dU = CV dT (a volume constante) Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Primeira lei da Termodinâmica LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Capacidade calorífica Quando a capacidade calorífica é independente da temperatura, uma variação T na temperatura resulta em uma variação finita U na energia interna: U = CV T Assim, qV = CV T Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Primeira lei da Termodinâmica Entalpia www.sorocaba.unesp.br/gpm Quando o volume do sistema pode variar, parte da energia fornecida como calor pode ser convertida em trabalho de expansão. Trabalho Calor dU dq Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Primeira lei da Termodinâmica Entalpia Quando dU dq, o calor fornecido é igual à variação de uma outra propriedade termodinâmica, a entalpia, H, definida como: H = U + pV p = pressão V = volume Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Primeira lei da Termodinâmica Entalpia Entalpia é uma função de estado ! A variação da entalpia entre dois estados é independente do caminho seguido para ir do estado inicial ao estado final. A variação da entalpia é igual ao calor fornecido ao sistema quando a pressão é mantida constante. Ou seja, dH = dq. (tarefa!) Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Primeira lei da Termodinâmica Entalpia Os processos envolvendo líquidos e sólidos são acompanhados de pequenas mudanças de volume. Assim, se a pressão for baixa, H ≈ U . Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Ex. Primeira lei da Termodinâmica Entalpia A variação de energia interna quando 1 mol de CaCO3 (100g) na forma de calcita (romboédrica) se converte em aragonita (ortorrômbica) é de +0,21 kJ. Sabendo que as densidades destes dois sólidos são, respectivamente, 2,71 e 2,93 g cm-3, calcule a diferença entre as variações da entalpia e da energia interna quando a pressão sobre o sólido é 1 bar (105 Pa). Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Primeira lei da Termodinâmica LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Entalpia Solução: A diferença entre entalpia e energia interna pode ser avaliada em termos da pressão e da diferença entre os volumes molares (Vm = massa molar / densidade) nos dois casos. A mudança na entalpia quando a transformação ocorre é H = H (aragonita) – H (calcita) H = {U (a) +pV (a)} – {U (c) +pV (c)} H = U +p {V (a) – V (c)} = U +p V Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Primeira lei da Termodinâmica www.sorocaba.unesp.br/gpm Entalpia O volume de 1 mol de CaCO3 como aragonita é 34x10-6 m3 e como calcita é 37x10-6 m3. Assim, p V = 105 Pa x (-3)x10-6 m3 = -0,3 Pa m3= -0,3 J Portanto, H -U = p V = -0,3 J (≈0,1% de U ) Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Variação da entalpia com a temperatura LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Se a pressão for mantida constante, a inclinação do gráfico da entalpia em função da temperatura fornece a capacidade calorífica à pressão constante, Cp. Entalpia Energia interna Cp = H T Temperatura p Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Variação da entalpia com a temperatura www.sorocaba.unesp.br/gpm Para pequenas variações na temperatura, H = Cp T ou, qp = Cp T Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Variação da capacidade calorífica com a temperatura www.sorocaba.unesp.br/gpm Uma aproximação empírica para a dependência de Cp com a temperatura é: Cp a bT c T2 a, b, c = constantes independentes da temperatura Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Segunda lei da Termodinâmica www.sorocaba.unesp.br/gpm De acordo com a primeira lei da termodinâmica, existe equivalência entre trabalho e calor como formas de energias. Nem sempre o calor se transforma em trabalho! Por exemplo, uma pedra quente jamais irá transformar sua energia térmica em energia potencial rolando morro acima. Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Segunda lei da Termodinâmica LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm A segunda lei da termodinâmica pode ser enunciada a partir de observações experimentais: É impossível para qualquer sistema sofrer um processo no qual ele absorva calor a uma dada temperatura e converta todo o calor absorvido em trabalho, retornando a um estado idêntico ao inicial. Alternativamente, É impossível que o calor passe espontaneamente de um corpo mais frio para um corpo mais quente. Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Segunda lei da Termodinâmica e Entropia www.sorocaba.unesp.br/gpm A segunda lei da termodinâmica pode ser formulada em termos quantitativos usando o conceito de entropia, que fornece uma estimativa da desordem do sistema. Quando uma quantidade dq de calor é adicionada a um gás ideal, ele se expande realizando um trabalho dw = p dV. Segundo a primeira lei da termodinâmica, Logo, nRT dq = dw = p dV = dV V dq = dV nRT V Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Segunda lei da Termodinâmica e Entropia www.sorocaba.unesp.br/gpm Com a expansão, o gás passa para um estado mais desordenado. Assim, a variação relativa do volume dV /V ( ~dq/T ) fornece uma estimativa do aumento da desordem. A entropia S do sistema pode então ser definida a partir da relação dS = dq T Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Segunda lei da Termodinâmica e Entropia www.sorocaba.unesp.br/gpm Considere que seja possível separar-se a variação da entropia de um sistema, dS, em um termo devido às mudanças internas, dSi e um termo correspondente às trocas realizadas com o ambiente exterior, dSe . Ou seja, dS = dSi + dSe Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Segunda lei da Termodinâmica e Entropia www.sorocaba.unesp.br/gpm Com isto, a segunda lei da termodinâmica pode ser precisamente enunciada como: d Si ≥ 0 Nenhuma transformação que resulte na diminuição da entropia de um sistema pode ocorrer espontaneamente (a entropia é máxima na situação de equilíbrio). Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Entropia www.sorocaba.unesp.br/gpm Nos processos espontâneos, irreversíveis, que ocorrem no interior do sistema, dSi > 0. Quando os processos podem ocorrer tanto em um sentido quanto no outro, os processos reversíveis, dSi = 0 (transformações de equilíbrio). Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Equilíbrio termodinâmico LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Segundo a primeira lei da termodinâmica, a variação da energia interna de um sistema que recebe uma quantidade de calor dq e realiza um trabalho p dV é dU = dq – p dV Como, dq = TdS, em um sistema fechado dU = TdS – p dV Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Potenciais Termodinâmicos www.sorocaba.unesp.br/gpm Nas situações onde o volume do sistema é constante, dU = TdS (volume constante) As variações da energia interna dependem somente das trocas de calor Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Potenciais Termodinâmicos LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Uma outra relação importante é obtida considerando a variação da entalpia (H = U + pV ): dH = dU + p dV + V dp = TdS + V dp Quando a pressão do sistema é constante, dH = TdS ( pressão constante ) As variações da entalpia dependem somente das trocas de calor Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Energia livre LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Um outro potencial termodinâmico útil em situações práticas é a energia livre de Helmholtz, F = U - TS As variações de energia livre são dadas por dF = dU – T dS – S dT = -S dT – p dV Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Energia livre www.sorocaba.unesp.br/gpm Se a temperatura for mantida constante durante o processo, dF = -p dV Representa a energia disponível para a realização de trabalho mecânico (temperatura constante) Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Energia livre LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm Considerando-se F como uma função de T e V, F F dF dT dV T V V T Comparando com dF = - S dT –p dV obtemos F F S e p T V V T Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Entalpia livre LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm A entalpia livre ou energia livre de Gibbs é definida como G = H – TS = U + pV - TS Dessa maneira, dG = dH –T dS – S dT =-S dT + V dp Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Entalpia livre www.sorocaba.unesp.br/gpm Assim, quando a temperatura e a pressão do sistema são mantidos constantes, dG = 0 ( T, p constantes) Por outro lado, considerando G = G (T,p) obtemos G S T p e G V T T Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Equilíbrio em sistemas de um componente www.sorocaba.unesp.br/gpm líquido CFC 1538 ºC -Fe 1394 ºC -Fe CCC 912 ºC -Fe CCC A entalpia livre na forma cristalográfica estável em uma determinada faixa de temperatura deve ser menor que a de qualquer outra forma. Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Equilíbrio em sistemas de um componente líquido 1538 ºC CCC 1394 ºC CFC CCC 912 ºC Energia livre de Gibbs www.sorocaba.unesp.br/gpm G = H- TS CCC CFC CCC Líquido 912 1394 1538 Temperatura (°C) Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Equilíbrio em sistemas de um componente LaPTec Energia livre de Gibbs www.sorocaba.unesp.br/gpm CCC CFC CCC 912 Temperatura (°C) 1394 1538 A diminuição da energia livre com o aumento da temperatura se deve ao aumento do termo –TS. Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Equilíbrio em sistemas de um componente LaPTec Energia livre de Gibbs www.sorocaba.unesp.br/gpm Maior capacidade calorífica CCC CFC CCC 912 Temperatura (°C) 1394 1538 Cp d 2G dS 2 T dT p dT p O raio de curvatura da curva fornece Cp Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Entropia de sistemas com composições variáveis LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm A mistura de componentes miscíveis aumenta a entropia SB SB SA A xB SA B Antes da mistura A xB B Entropia da mistura A xB B Entropia total após a mistura Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Entalpia de sistemas com composições variáveis www.sorocaba.unesp.br/gpm Nos sólidos a variação de volume é pequena. Portanto, H ~ U e podemos usar a energia de ligação para uma análise qualitativa da entalpia de mistura. Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Entalpia de sistemas com composições variáveis LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm HB HA A xB HA HA B A-B Desvio negativo HB HB A xB B A-A B-B A-B Solução ideal A xB B A-A B-B Desvio positivo Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Energia livre de sistemas com composições variáveis www.sorocaba.unesp.br/gpm A energia livre pode ser obtida multiplicando-se a entropia da mistura por T e subtraindo o resultado da curva da entalpia para cada mistura. Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Energia livre de sistemas com composições variáveis LaPTec www.sorocaba.unesp.br/gpm G = H -TS 0 -TS A B Desvio negativo Entalpia, energia livre e TS Entalpia, energia livre e TS H 0 A B Solução ideal Para desvios negativos e soluções ideais, a mistura diminui a energia livre misturas estáveis Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Energia livre de sistemas com composições variáveis www.sorocaba.unesp.br/gpm Desvios positivos Entalpia, energia livre e TS H G 0 A -TS B Em temperaturas altas, TS é predominante e a mistura é estável. Misturas com composições intermediárias podem ter energia livre positiva instabilidade. Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 LaPTec Energia livre de sistemas com composições variáveis A energia livre para duas fases com composições x1 e x2 é menor que a energia para uma única fase com composição x3. Para todas as composições entre x1 e x2, o estado mais estável será uma mistura de duas soluções. Energia livre www.sorocaba.unesp.br/gpm 0 A x1 x3 x2 B Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 Energia livre de sistemas com composições variáveis LaPTec Energia livre www.sorocaba.unesp.br/gpm Líquido e instáveis em todas as composições Líquido + A Composição (%B) B A L L L Temperatura Energia Livre www.sorocaba.unesp.br/gpm Energia Livre LaPTec Energia Livre Ciência dos Materiais I - Prof. Nilson – Aula 8 B