ROBERTA INÊS PRADELLA OS ESTILOS DE LIDERANÇA E SUAS INFLUÊNCIAS NA MOTIVAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS: UM ESTUDO DE CASO Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: CF(T) Maria Verônica Rodrigues da Fonseca Rio de Janeiro 2013 C2013 ESG Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG _________________________________ Assinatura do autor Biblioteca General Cordeiro de Farias PRADELLA, ROBERTA INÊS Os Estilos de Liderança e suas Influências na Motivação dos Funcionários: um Estudo de Caso / Administradora Roberta Inês Pradella - Rio de Janeiro: RJ, 2013. 58 f.: il. Orientador: CF Maria Verônica Rodrigues da Fonseca Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2013. 1. Líder. 2. Motivação. 3. Gestão. I.Título. A Deus: Pela força e a dádiva do aprendizado. A meus Pais: Primeiro, por me fazerem chegar a este mundo. Na infância, o exemplo de família. Na juventude, o direito da escolha do caminho a seguir. A meu Marido: O Homem e Companheiro da minha vida. Ao meu Orientador: Pela ajuda indispensável à realização deste trabalho. Aos Professores: Os quais me mostraram um novo mundo. Aos colegas de curso: O estímulo, o carinho, o cuidado e a todas, sem exceção, as novas amizades que consegui alcançar. AGRADECIMENTOS Ao General Luiz Arnaldo Barreto Araújo, que acreditando no meu potencial me incentivou a esta experiência maravilhosa, mostrando-me novos caminhos e horizontes. Ao Professor CMG(FN) Carlos Antonio Raposo de Vasconcellos, meu primeiro contato na ESG, mostrando seu companheirismo e amizade. A CF(T) Maria Verônica Rodrigues da Fonseca, orientadora incansável e com a qual muito aprendi. “Combati o bom combate, cheguei ao fim do caminho e mantive a minha fé...”(Cap. IV, v.7, apóstolo Paulo, 1ª epístola a Timóteo). RESUMO O estilo de gestão do líder condiciona diretamente a forma de desempenho da equipe de produção, bem como a competência de cada um dos colaboradores para a realização das tarefas. O reconhecimento das competências e habilidades dos liderados pelo líder advém da forma de gestão do líder e pode gerar ou não equipes motivadas e comprometidas. Este estudo tem por objetivo analisar a qualidade de satisfação do trabalho, identificando o nível de influência exercido pelo estilo de liderança adotado pelo líder na motivação dos funcionários. Para isto realiza-se um estudo de caso na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital da Ordem Terceira da Penitência. São também abordadas as principais teorias da liderança, a teoria da liderança situacional e a teoria dos traços, discute-se,ainda, as principais teorias motivacionais, ou seja, a teoria das necessidades de Maslow, teorias da expectativa e equidade, bem como os tipos de motivação existentes. Palavras Chaves: 1. Líder. 2. Motivação. 3. Gestão. ABSTRACT The management style of the leader determines directly the form of performance of the production team, as well as the competence of each employee to perform the tasks. Recognition of skills and abilities led by the leader comes from the leading order management and can not generate or teams motivated and committed. This study aims to analyze the quality of work satisfaction, identifying the level of influence exercised by the leadership style adopted by the leader in employee motivation. For this there will be a case study in the intensive care unit at the Hospital of the Third Order of Penance. Also covers up the main theories of leadership, situational leadership theory and trait theory, discusses the major motivational theories, namely the theory of needs Maslow's theories of expectation and equity, as well as the types of motivation existing. Key Words: 1. Leader. 2. Motivation. 3. Management. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 Estilo de Líder 15 FIGURA 2 Competências potencialmente mais relevantes para a eficácia dos líderes 17 FIGURA 3 As competências subjacentes à inteligência emocional 19 FIGURA 4 Ciclo Motivacional 22 FIGURA 5 Comportamento Motivado dos indivíduos. 23 FIGURA 6 Pirâmide necessidades Maslow 24 FIGURA 7 Matriz de Engajamento: Habilidades. 27 FIGURA 8 Indicadores satisfação no trabalho. 35 GRÁFICO 1 Estilo de Liderança na UTI do Hospital da Ordem Terceira da Penitência. 48 Competências X Eficácia líderes na UTI do Hospital da GRÁFICO 3 Ordem Terceira da Penitência na visão de GOLEMAN 50 (1996) Motivação dos liderados na UTI do Hospital da Ordem GRÁFICO 4 Terceira da Penitência em função da pirâmide motivacional 51 de MASLOW (AMARU, 2000) Motivação dos líderes na UTI do Hospital da Ordem Terceira GRÁFICO 5 da Penitência em função da teoria da equidade de Dalton. 52 (apud Stoner & Freeman, 1999) GRÁFICO 6 Paralelo entre a liderança e o nível motivacional na UTI do 53 Hospital da Ordem Terceira da Penitência. GRÁFICO 7 Paralelo entre a liderança e o nível motivacional na UTI do 54 Hospital da Ordem Terceira da Penitência. GRÁFICO 8 Paralelo entre a liderança e o nível motivacional na UTI do 54 Hospital da Ordem Terceira da Penitência. GRÁFICO 9 Paralelo entre a liderança e o nível motivacional na UTI do 55 Hospital da Ordem Terceira da Penitência. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 10 2 DESENVOLVIMENTO .................................................................... 12 2.1 LIDERANÇA ..................................................................................... 12 2.1.1 Teoria da liderança situacional ...................................................... 13 2.1.2 Teoria dos traços ............................................................................. 15 2.2 MOTIVAÇÃO .................................................................................... 18 2.2.1 Ciclo motivacional ........................................................................... 20 2.3 TIPOS DE MOTIVAÇÃO ................................................................. 21 2.3.1 Motivações intrínseca ...................................................................... 21 2.3.2 Motivação extrínseca ....................................................................... 22 2.4 TEORIAS DA MOTIVAÇÃO ............................................................. 22 2.4.1 Teoria das necessidades de Maslow .............................................. 22 2.4.2 Teorias das expectativas ................................................................. 24 2.4.3 Teoria da equidade ........................................................................ 25 2.5 VISÃO DAS EMPRESAS EM RELAÇÃO À MOTIVAÇÃO ................. 27 2.6 ENDOMARKETING 30 2.7 SATISFAÇÃO DO INDIVÍDUO NO TRABALHO 2.8 STRESS E O TRABALHADOR 2.9 QUALIDADE DE VIDA DENTRO E FORA DO ........................................................................... ............................. 32 ........................................................ 35 TRABALHO ......................................................................................... 36 2.9.1 Cultura organizacional ................................................................. 37 2.9.2 Infraestrutura familiar ....................................................................... 38 2.9.3 Relações interpessoais ................................................................... 39 2.9.4 Fatores intrapessoais ..................................................................... 40 2.9.5 Trabalho, qualidade e ser humano 3 ESTUDO DE CASO: EMPRESA QUALITY MEDICAL 3.1 METODOLOGIA DA PESQUISA 3.2 HISTÓRICO DA EMPRESA 3.3 MODELO DE GESTÃO 3.4 ESTILO DE LIDERANÇA ADOTADO NA UTI DO HOSPITAL DA ................................................ ................... 40 44 ....................................................... 44 .............................................................. 45 ................................................................... 45 VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA .................................................. 47 3.5 COMPETÊNCIA X EFICÁCIA NA UTI DO HOSPITAL DA VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA 3.6 .................................................... 51 PARALELO ENTRE A LIDERANÇA E O NÍVEL MOTIVACIONAL NA UTI DO HOSPITAL DA VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA 4 50 MOTIVAÇÃODOS LÍDERES NA UTI DO HOSPITAL DA VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA ....................................................... 3.8 48 MOTIVAÇÃO DOS LIDERADOS NA UTI DO HOSPITAL DA VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA 3.7 ................................................... .............. 52 .................................................................................... 56 REFERÊNCIAS .................................................................................. 58 CONCLUSÃO 11 1 INTRODUÇÃO Podemos dizer que líder de uma maneira abrangente como sendo o condutor, o guia, aquele que comanda, aquele que consegue ter uma visão global e diferenciada de uma situação. Dentre suas características, tem que saber ensinar e também estar disposto a aprender para que possa exercer sua função principal que é a de conduzir pessoas a alcançar resultados. As pessoas atualmente são consideradas o capital intelectual de uma organização sendo diretamente influenciada pelos lideres. A ética, paciência, disciplina, respeito e o compromisso são as ferramentas utilizadas diariamente pelos lideres e servem de alicerce para dirigir e influenciar as atividades dos seus subordinados. Temos que considerar que a liderança envolve pessoas, bem como uma imposição de uma hierarquia de poder e a capacidade de influenciar de diversos modos seus liderados. O líder pode ser considerado o termômetro de um grupo por gerar estímulos e nortear desempenhos refletindo então diretamente no desempenho e na motivação dos seus liderados. Usar o poder da liderança através da persuasão e da capacidade de influenciar, mostrando o caminho aos liderados para atingimento de um objetivo comum em um ambiente altamente influenciado por forças sociais, formais e informais não é tarefa simples, pois necessita além de tudo da aceitação integral do grupo. Através da motivação, consegue o líder mobilizar os liderados para a ação, a partir de uma relação de necessidade e satisfação, sendo a força que move o sujeito a realizar as ações necessárias de forma a atingir o objetivo proposto. Além disto, mobiliza as capacidades e potencialidades dos liderados a fim de privilegiar seus interesses. Pode-se considerar a motivação um fator intrapessoal que é desencadeado por impulsos e motivos. O estilo de gestão do líder condiciona diretamente a forma de desempenho da equipe da área de produção, bem como a competência de cada um dos colaboradores para a realização das tarefas. O reconhecimento das 12 competências e habilidades dos liderados pelo líder advém da forma de gestão do líder e pode gerar ou não equipes motivadas e comprometidas. A tarefa do gestor é criar na organização, condições para que os liderados se envolvam nas tarefas, mostrando seus talentos, criatividade e estimulando o clima organizacional visando à assertividade e minimizando os conflitos. É um fenômeno relacional, ou seja, os atos influenciam e geram reações nos liderados, reações estas que estimulam as respostas dos lideres. Este estudo tem por objetivo analisar a qualidade de satisfação do trabalho, identificando o nível de influência exercido pelo estilo de liderança adotado pelo líder na motivação dos funcionários. Para isto realiza-se um estudo de caso no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital da Venerável Ordem Terceira. Também aborda-se as principais teorias da liderança, a teoria da liderança situacional e a teoria dos traços. Discute-se as principais teorias motivacionais, ou seja, a teoria das necessidades de Maslow, teorias da expectativa e equidade, bem como os tipos de motivação existentes. A motivação para este estudo advém do conhecimento que o mercado se encontra cada vez mais competitivo e os consumidores cada vez mais exigentes, tornando-se necessário satisfazer os desejos dos clientes e atendê-los com eficiência e para isso, os funcionários devem estar motivados para trabalhar. Invocase a motivação para justificar as variações de determinados comportamentos, sendo importante então entender como o estilo de liderança adotado pode influenciar a motivação do liderado, a compreensão do comportamento humano, um estado interno resultante de uma necessidade que desperta certo comportamento. Pretende-se contribuir com a questão, mostrando que estar motivado é trabalhar produzindo mais e melhor, é atuar de forma mais completa, atendendo aos clientes como eles desejam serem atendidos, sem que haja má vontade ou sentido de obrigação em estar ali. 13 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 LIDERANÇA Neste capítulo, apresento os conceitos de liderança, motivação e as teorias que lhe são atinentes. Existem diversas definições para a liderança. No dicionário Aurélio encontra-se assim definido; ... é um fenômeno de grupo e, por outro, envolve um conjunto de influências interpessoais e recíprocas, exercidas num determinado contexto através de um processo de comunicação humana com vista à obtenção de determinados objetivos específicos. (DICIONÁRIO AURÉLIO, 2002) Já na visão de Peter Drucker (2007), Em crise não há liderança partilhada, quando o barco está afundando o capitão não pode convocar uma reunião para ouvir as pessoas, tem de dar ordens. “Esse é o segredo da liderança partilhada: saber em que situações deve o líder agir como chefe e em que situações atuar como parceiro”. A tarefa do líder é desenvolver líderes, pois toda empresa necessita deles, ainda que muitas negligenciem o seu desenvolvimento. (DRUCKER, 2007, p.160) Para Kotter (1997), A atividade principal de um líder é produzir a mudança. A sua ação deve se pautar sobre três dimensões fundamentais: estabelecer a direção estratégica da empresa, comunicar essas metas aos recursos humanos e motivá-los para que sejam cumpridas. (KOTTER, 1997, p.17) Tanto Drucker (2007) quanto Kotter (1997) consideram que todas as pessoas têm capacidade de serem líderes, devendo ser encorajadas a assumir a posição de líder. Pode-se dizer que liderança é “todas as atividades que influenciam as pessoas, ou seja, que geram a motivação necessária para pôr em prática o propósito definido pela estratégia e estruturado nas funções executivas, a ação de liderar demanda a realização de objetivos com e por meio de pessoas.” (SENGE, 1998, p.8). Percebe-se que os autores definem o conceito de liderança de diversas formas, um aborda as características de um líder (Kotter, 1997); outro a influência do ambiente (Drucker, 2007) e outro os atributos pertinentes aos lideres (Senge, 1998), mas todos têm em comum que o líder produz mudanças e conseguem aliar suas necessidades com a das organizações através dos conhecimentos que possui. 14 2.1.1 Teoria da “liderança situacional” Hersey e Blanchard (2006) desenvolveram uma teoria denominada Liderança Situacional, tendo como premissa de que não existe um único estilo de liderança apropriado para toda e qualquer situação, cita os autores, O líder, liderados e a situação são as variáveis norteadoras do processo de liderança; entretanto, neste modelo a ênfase recai sobre o comportamento do líder em relação aos liderados frente a uma tarefa específica. (HERSEY; BLANCHARD, 2006). Para os autores a teoria da liderança situacional é baseada numa, inter-relação entre a quantidade de orientação e direção (comportamento de tarefa) que o líder face a quantidade de apoio sócio-emocional (comportamento de relacionamento) dado pelo líder e o nível de prontidão (maturidade) dos subordinados no desempenho de uma tarefa, função ou objetivo específico. (HERSEY; BLANCHARD, 2006) Como o comportamento de tarefa, os autores dão ênfase “a medida com que o líder dirige as pessoas, dizendo-lhes o que fazer, quando fazê-lo, onde e como fazê-lo”, ou seja, quais são os objetivos estabelecidos e os papéis dos liderados. No comportamento de relacionamento os autores descrevem o significado “ouvir ativamente as pessoas e apoiar-lhe os esforços”, baseado na comunicação com os liderados, apoiando-os e encorajando-os através de “carícias psicológicas”. O conceito de maturidade é definido como “a capacidade e a disposição das pessoas em assumir a responsabilidade de dirigir seu próprio comportamento“, ou seja, deve ser analisada a maturidade do liderado em relação a uma única tarefa específica. Abaixo, é apresentado um gráfico que visa demonstrar os diversos estilos de líderes. 15 Figura 1: Estilo de Líder. Fonte: HERSEY; BLANCHARD, 2006. Hersey e Blanchard esclarecem que, ...não existe um único modo melhor de influenciar as pessoas. O estilo de liderança que uma pessoa deve adotar com indivíduos ou grupos depende do nível de maturidade das pessoas que o líder deseja influenciar. (HERSEY; BLANCHARD, 2006) Em face disto, se pode dizer que a forma de liderança (E1) define um liderado com nível de maturidade baixo (M1) em relação a uma atividade específica, deverá então se utilizar de um comportamento alto para tarefa e baixo para relacionamento, ou seja, deve o líder definir o que fazer, como fazer, quando e onde executar a tarefa. Já na liderança (E2) o liderado possui o nível de maturidade entre baixo a moderado (M2), deve-se então, por parte do líder, convencer o liderado a realizar a tarefa de acordo com suas orientações. Utiliza-se um comportamento alto tanto para tarefa como para relacionamento. O estilo de liderança (E3) é indicado para o liderado com nível de maturidade entre moderado a alto (M3), deve o líder apoiar os esforços do liderado e 16 juntos participarem dos processos de tomada de decisões. Pode-se dizer que o estilo de liderança, o liderado decide o que fazer, como fazer, quando e onde executar a tarefa. 2.1.2 Teoria dos traços A teoria dos traços se baseia na tese de que a posse de certos traços de caráter e de personalidade influência e define os líderes. Nesta teoria julgava-se ser possível encontrar traços de personalidade universais nos líderes que os distinguiam dos não-líderes. Cita Bergamini que, O enfoque dos traços predominou até a década de quarenta, tendo como grandes contribuintes para o seu sucesso as pesquisas desenvolvidas pelos testes psicológicos muito incrementados à partir de 1920 até 1950..Stogdill e Mann serviram-se dos resultados das pesquisas disponíveis acerca de liderança que datavam de 1904 a 1948, encontrando aproximadamente 124 projetos voltados a esse tipo de enfoque no estudo da liderança. Com revisão desses projetos foi possível chegar a um resultado que permitiu listar aproximadamente 34 traços de personalidade considerados como características típicas da amostragem dos líderes eficazes... Alguns exemplos dos traços encontrados são: sociabilidade e habilidades interpessoais, autoconfiança, ascendência e domínio, participação nas trocas sócias, fluência verbal, equilíbrio emocional e controle, busca de responsabilidade e outros. (Bergamini, 2004, p.33) A teoria dos traços tem como base que os líderes já nascem como tal, não havendo a probabilidade de “fazê-los” posteriormente por meio do uso de técnicas de desenvolvimento pessoal. A visão de liderança parte do pressuposto de que os líderes nascem feitos, e não aprendem a serem líderes. Considera Bergamini (2004, p.35) na Teoria dos Traços que as competências relevantes para a eficácia da Liderança são: Inteligência, criatividade, Fluência verbal, Auto-estima, Estabilidade emocional, Adaptabilidade às situações, Intuição penetrante, Atenção para com as necessidades dos outros, 17 Tolerância ao stress, Iniciativa e persistência na resolução dos problemas, Capacidade de persuasão, desejo de assumir responsabilidades e de ocupar uma posição de poder. Bergamini (2004, p.72) enumera esta abordagem considerando ainda que: 1. Um indivíduo com certos traços tem mais probabilidades de ser um líder eficaz do que as pessoas que deles carecem, mas tal não lhe garante automaticamente a eficácia; 2. A importância relativa dos diferentes traços depende das situações; 3. Mais importante que cada traço é o modo como eles se combinam; 4. Uma característica pode ser irrelevante quando considerada isoladamente, mas adquirir importância quando combinada com outros atributos; 5. A ausência de um dado traço pode ser compensada com a posse de outro. Goleman (2006) utiliza-se da Teoria dos Traços para relacionar as competências mais relevantes para a eficácia dos lideres, conforme tabelas a seguir. Figura 2: Competências potencialmente mais relevantes para a eficácia dos líderes. Fonte: Goleman, 2006. 18 Segundo Goleman (2006, p.37) algumas habilidades emocionais são consideradas importantes para que uma pessoa alcance seus objetivos e alcance sucesso na vida. Dentre elas são citadas o controle do temperamento, adaptabilidade, persistência, amizade, respeito, amabilidade e empatia. O autor apresenta os seguintes níveis de Inteligência Emocional: 1. Auto-conhecimento emocional - Autoconsciência: conhecimento que o ser humano tem de si próprio, de seus sentimentos ou intuição. Esta competência é fundamental para que o homem tenha confiança em si (autoconfiança) e conheça seus pontos fortes e fracos; 2. Controle emocional - Capacidade de gerenciar os sentimentos: é importante saber lidar com os sentimentos. A pessoa que sabe controlar seus próprios sentimentos se dá bem em qualquer lugar que esteja ou em qualquer ato que realize. 3. Auto- motivação - Ter vontade de realizar, otimismo: Pôr as emoções a serviço de uma meta. A pessoa otimista consegue realizar o que planeja, pois tem consciência que todos os problemas são contornáveis e resolvíveis. 4. Reconhecer emoções nos outros - Empatia: saber se colocar no lugar do outro. Perceber o outro. Captar o sentimento do outro. A calma é fundamental para que isso aconteça. Os problemas devem ser resolvidos através de conversas claras. As explosões devem ser evitadas para que não prejudique o relacionamento com os outros. 5. Habilidade em relacionamentos inter-pessoais - Aptidão social: a capacidade que a pessoa deve ter para lidar com emoções do grupo. A arte dos relacionamentos deve-se, em grande parte, saber lidar com as emoções do outro. Saber trabalhar em equipe é fundamental no mundo atual. Vale ressaltar que, em relação às competências, embora sejam relevantes para os lideres, a sua importância depende de vários fatores, entre eles: o nível hierárquico, o tipo, dimensão e estrutura da organização, o grau de centralização da autoridade, as características culturais, etc. A Teoria dos Traços também ignora os fatores situacionais e, embora especificasse traços que quase todos os líderes possuíam, a verdade é que esses mesmos traços são frequentemente possuídos por um grande número de não líderes. 19 Figura 3: As competências subjacentes à inteligência emocional. Fonte: Goleman, 2006. 2.2 MOTIVAÇÃO Conforme Weiss (1999), as pessoas devem ser motivadas para que façam o melhor que há nelas. O resultado de um sistema eficaz de comportamento organizacional é a motivação que quando combinada com as habilidades e capacidades do empregado, resulta na produtividade humana. E parte da motivação do funcionário vem do fato dele saber que tem um papel importante dentro da organização. Os fatores que influem sobre a motivação humana são o trabalho em 20 grupo, o reconhecimento, segurança, integração ao grupo, necessidades fisiológicas, necessidades sociais e necessidade de auto-realização. Para Bekin (2004), a motivação dos funcionários é um processo permanente conferindo dignidade, responsabilidade e liberdade de iniciativa, devendo ser algo integrado ao cotidiano da empresa. Tudo o que é feito no sentido de aproximação da empresa e funcionário, do programa mais sofisticado ao mais simples, inserido no contexto é mérito da empresa. A motivação requer um alimento sem o qual ela não acontece: a informação. Sem informação coerente, clara, verdadeira, lógica, centrada e bem trabalhada, não existem funcionários motivados, por maiores que sejam os benefícios e incentivos. A informação é o produto da comunicação interna e a maior estratégia de aproximação funcionário e empresa. Um processo permanente de motivação do funcionário conferindo-lhe dignidade, responsabilidade e liberdade de iniciativa. Este processo motivacional dever ser algo integrado ao cotidiano da empresa. (BEKIN, 2004) Segundo Chiavenato (2004), a empresa e o empregado são compostos de um programa de rede de comunicação e uma boa empresa para se trabalhar conversando com seus empregados, possui na área de Recursos Humanos o foco e o comprometimento na comunicação com os seus funcionários. Uma empresa procura aumentar sua produtividade com a aquisição de novos equipamentos automatizados, cabendo ao setor de RH recrutarem profissionais ou treinar funcionários para trabalharem neste equipamento, garantindo à organização um suprimento de recursos pessoais experientes e capazes. O principal objetivo é aumentar a capacidade dos empregados de contribuir para a eficácia de organização. O treinamento é projetado para aprimorar as habilidades no trabalho atual e os programas de desenvolvimento são projetados para preparar os empregados para uma promoção. Para Brum (2005) a cultura organizacional é voltada para uma noção de excelência no serviço e valorização dos que lhe prestam serviço, seus funcionários. Havendo sempre a possibilidade de reforçar os treinamentos, pois a união destes aspectos resulta em maior coesão interna e estímulo para a competição eficiente no mercado. O componente motivador nos treinamentos é a possibilidade de o funcionário expressar os seus pontos de vista acerca do treinamento realizado e da experiência acumulada na execução de suas tarefas, pois este é um momento decisivo para seu envolvimento e para valorizá-lo como pessoa e comprometê-lo 21 com os objetivos da empresa. Para Vianna (1999) motivação é a força que nos estimula a agir. Para Kondo (2006) a motivação é uma variável interveniente por que não pode ser vista, vista ou tocada, somente pode ser inferida por meio do comportamento. Em outras palavras, somente podemos julgar quão motivada está uma pessoa mediante a observação de seu comportamento. O administrador tornase eficaz à medida que é capaz de compreender as razões determinantes do comportamento. Com os novos tempos de mudança, transformação e instabilidade, o padrão burocrático cedeu lugar para a inovação e para a necessidade de agregar valor à organização. (CHIAVENATO, 2004, p. 188) Os autores Brum (2005), Kondo (2006) e Rodrigues (2007) conseguem retratar os fatores motivacionais em diferentes aspectos que se auto complementam, tentando explicar por que as pessoas agem de uma maneira diferente de outra mesmo tendo o mesmo objetivo. Podemos observar então que hoje nas organizações existe uma tendência a premiar um funcionário quando este tem um comportamento adequado e em contrapartida punir os funcionários que apresentam um comportamento inadequado, tentando condicionar este comportamento através de influenciais ambientais (treinamentos, etc.) ou tendências sociais. 2.2.1 Ciclo motivacional Segundo Vianna (1999) o ciclo motivacional inicia-se com um estímulo para a satisfação de uma determinada necessidade que se manifesta o que gera uma tensão tradutora de um estado de desequilíbrio do organismo. Tal ciclo é composto de fases que se alternam e se repetem. O organismo humano tende a um estado de equilíbrio dinâmico. Esse equilíbrio se rompe quando surge uma necessidade, o equilíbrio cede lugar a um estado de tensão, que dura enquanto a necessidade não for devidamente resolvida. 22 Figura 4: Ciclo Motivacional. Fonte: Vianna, 1999. A satisfação da necessidade está diretamente proporcional ao estado de equilíbrio, porém quando este ciclo não se completa este conflito não pode ser resolvido. A partir disso, a gestão das organizações precisam ter soluções para os momentos em que as necessidades não forem satisfeitas, como por exemplo, as frustrações, pois seus efeitos negativos estão ligados diretamente ao desempenho desse trabalhador. 2.3 TIPOS DE MOTIVAÇÃO 2.3.1 Motivação intrínseca Segundo Bergamini (2004) esta motivação é uma força que se encontra no interior de cada pessoa. Esses impulsos são considerados como representantes de determinadas formas de comportamento, por meio das quais os seres vivos procuram estabelecer o equilíbrio. Porém, quando estas necessidades não são atendias, ameaça a integridade psicológica do indivíduo. 23 2.3.2 Motivação extrínseca Segundo Bergamini (2004), qualquer comportamento pode ser modificado através das técnicas de condicionamento. Partindo do pressuposto comportamentalista de que o comportamento humano possa ser planejado, modelado ou mudado por meio da utilização adequada dos vários tipos de recompensas ou punições disponíveis no meio ambiente, podemos entender que a motivação extrínseca seria este estímulo interno, positivo que busca uma resposta também positiva, através da modificação de um comportamento inadequado. 2.4 TEORIAS DA MOTIVAÇÃO 2.4.1 Teoria das necessidades de Maslow Vroom (2006) relata que Maslow foi um psicólogo comportamental, que estudou o comportamento dos primatas e, entre 1945 e 1947, ficou conhecido pelo desenvolvimento da Teoria da Motivação Humana. Em sua visão, o comportamento do ser humano pode ser explicado pelas suas necessidades e pelos seus desejos. Quando uma necessidade, em particular se torna ativa, ela pode ser considerada um estímulo à ação e uma impulsionadora das atividades do indivíduo. Essa necessidade determina o que passa a ser importante para o indivíduo e molda o seu comportamento como tal. Para ele, as necessidades são fontes de motivação. Figura 5: Comportamento Motivado dos indivíduos. Fonte: Vroom, 2006. 24 Como se observa na figura anterior, o comportamento motivado advém de uma ação que o indivíduo se obriga a tomar para aliviar uma determinada tensão que pode ser agradável ou desagradável. Maslow acreditava que a tensão era gerada pela presença da necessidade ou desejo. A ação é intencionalmente voltada para um objeto ou objetivo que aliviará a tensão interior. Segundo Maslow (apud Vroom, 2006) a teoria das necessidades humanas, está disposta em cinco níveis, dentre elas compreendem: as necessidades fisiológicas, de segurança, as sociais, as de estima e auto-realização. Logo estão arranjadas em uma pirâmide hierárquica de importância e de influência ao comportamento humano. Figura 6: Pirâmide necessidades Maslow. Fonte: Maslow, apud Vroom, 2006. Necessidades fisiológicas: são necessidades inatas ou biológicas, sua principal característica é a satisfação em garantir a preservação da espécie e sobrevivência do indivíduo. São predominantes sobre necessidades, são elas: fome, abrigo, repouso, sexo, etc. todas as demais 25 Necessidades de segurança: essa necessidade leva o indivíduo a protegerse de qualquer perigo real ou imaginário, físico ou abstrato e quando essas necessidades não são satisfeitas, causam incerteza e insegurança; Necessidades sociais: surgem no comportamento das necessidades de associação, participação e aceitação por parte dos colegas; a amizade, o afeto e o amor são seus pontos altos. Quando essas necessidades não são satisfeitas, conduzem geralmente a falta de adaptação social e à solidão. Necessidades de estima: são as necessidades relacionadas com a autoavaliação e auto-estima, envolve a auto-apreciação, a autoconfiança, necessidade de reconhecimento etc., e quando essas necessidades não são satisfeitas, produz sentimentos de inferioridade e desamparo e que leva desânimo. Necessidades de auto-realização: são as necessidades humanas mais elevadas e que estão no topo da hierarquia, estão relacionadas com autonomia, independência, autocontrole e competência. Enquanto que as quatro necessidades anteriores podem ser satisfeitas com recompensas externas, esta só pode ser satisfeita intrinsecamente com o sentimento de realização. Para Maslow (apud VROOM, 2006) existem ainda duas classes de necessidades de baixo nível que são necessidades que não são satisfeitas externamente. 2.4.2 Teoria da expectativa Segundo Victor Vroom (2006) diferentemente das teorias das necessidades de Maslow, essa teoria se restringe exclusivamente à motivação para produzir, onde uma pessoa pode desejar aumentar sua produtividade quando três condições se apresentam: Objetivos pessoais do indivíduo; Relação percebida entre satisfação dos objetivos e alta produtividade e percepção de sua capacidade de influenciar sua produtividade. Chiavenato (2004) defende que a motivação é o produto do valor previsto atribuído a um objetivo pela probabilidade de alcançar esse mesmo objetivo, ou seja, Motivação = Valência x Expectativa. Onde a Valência é a intensidade da preferência individual de um resultado, sendo a Expectativa à probabilidade de uma determinada ação conduzir a um resultado desejado. Assim, se para uma pessoa é indiferente atingir um determinado objetivo, a valência é zero, logo a mesma será negativa se a 26 pessoa não prefere atingir o referido objetivo, gerando desta forma à falta de motivação. Ao contrário da valência positiva, que indica o desejo do indivíduo em alcançar um determinado resultado final, gerando desta forma motivação. 2.4.3 Teoria da equidade Conforme Dalton (apud STONER; FREEMAN, 2008) defende que os trabalhadores buscam justiça quanto às recompensas recebidas, estabelecendo como parâmetro, as recompensas que seus colegas de trabalho recebem pelo desenvolvimento de atividades semelhantes. O ponto de referência escolhido pelo funcionário aumenta a complexidade da teoria, as evidências indicam que o referencial é uma variável importante nesta teoria. A falta de equidade na remuneração dos funcionários pode trazer sérios problemas, como a falta de confiança no sistema e a desmotivação. A ausência de justiça tende a causar problemas de desempenho para a organização. Portanto, os conceitos de justiça e de equidade são relevantes na motivação dos empregados, não só do ponto de vista de recompensas financeiras, mas em relação a outras recompensas organizacionais. Mihalyi Csikzentmihalyi (apud Stoner; Freeman, 2008) pensou em um conceito de indivíduos que atuam em um “fluxo”, isto pela Teoria da Equidade, as características destes indivíduos que vivenciam o “fluxo” são: 1. Sensação de êxtase: como se você estivesse fora da realidade do dia a 2. Uma grande clareza interior: sabendo o que precisa ser feito e como o dia. trabalho está se desenvolvendo. 3. Saber que o trabalho é realizável: que as competências são suficientes, nem ansiosas ou aborrecidas. 4. Sensação de serenidade: não se preocupa com autonomia, sentimento de crescimento para além das fronteiras do ego - depois de atingir a sensação de transcendência do ego não há mais o que pensar. 5. Oportunidade: completamente focado no presente, não há espaço para o tempo passado. 27 6. Motivação intrínseca: o que quer que produza o "fluxo" se torna sua própria recompensa. A seguir consegue-se verificar a “Matriz do Engajamento” de um individuo em relação as habilidades e as competências criada por Csikzentmihalyi (apud Stoner & Freeman, 2008) Figura 7: Matriz de Engajamento: Habilidades. Fonte: Stoner; Freeman, 2008. 28 Figura 8: Matriz de Engajamento: Competências. Fonte: Stoner; Freeman, 2008. 2.5 VISÃO DAS EMPRESAS EM RELAÇÃO À MOTIVAÇÃO Em 1904, Pavlov divulga suas descobertas a respeito do “Reflexo Condicionamento”, tornando-se o grande inspirador de todos aqueles que mais adiante, desenvolveriam seus estudos dentro da linha behaviorista. Sua experiência realizada com cães, constatou que a comida possui um estimulo externo representado pelo som de uma campainha. Tal fato deu origem a outras teorias que tem como propósito, explicar a motivação organizacional. As recompensas ou as ferramentas motivacionais como são chamada por alguns autores, visam motivar determinados comportamentos através de concessão de recompensas extrínsecas, que são concedidas pela empresa sob a forma de benefícios, dinheiro, privilégios e promoções. Para que as ferramentas sejam úteis, elas precisam ser vista como oportunas e associadas ao desempenho eficaz. Os funcionários precisam acreditar que um determinado nível de esforço individual os fará alcançar os padrões de desempenho e levará ao recebimento de uma bonificação. (VROOM, 2006) 29 As práticas de recompensas fazem com que os membros da organização vejam e acreditem que o bom desempenho resulta em recompensas. Todos os funcionários precisam acreditar no sistema de recompensas, em suma, é preciso manter a credibilidade. Na visão de Bergamin (2004) as possíveis ferramentas utilizadas como meio de estímulo para motivação são: Seguro Saúde Assistência Médica livre escolha Assistência Médica conveniada Seguro de Vida Seguro de Vida em grupo Assistência Odontológica Ticket-refeição Restaurante na empresa Ticket-alimentação Cesta básica Financiamento e empréstimos Automóvel nacional Vale-transporte Manutenção do automóvel Seguro do automóvel Estacionamento Previdência Privada Auxílio para creche ou para babá Assistência Farmacêutica Bolsa de estudos Curso de idiomas Telefone celular Estudos de pós-graduação Instrução dos filhos Aluguel de residência Auxílio no aluguel Transporte fornecido pela empresa Motorista contratado pela empresa 30 Cartão de crédito para despesas pessoais Mensalidade de clube Stock-Options Academia de ginástica Segurança Viagens, entre outros. De todas as teorias avaliadas que se faz a respeito das ferramentas motivacionais na área de motivação de pessoas, a mais importante delas nasce do julgamento, avaliação e valorização que cada empresa faz sobre as ferramentas utilizadas neste processo. Mais do que nunca as pessoas se mostram ávidas por conhecerem como agem e reagem, como e por que escolhem seus próprios objetivos, mediante as recompensas materiais ou simbólicas, oferecidas pelas organizações. (BERGAMIN, 2004). Dentro das organizações, numa visão ampla que os funcionários são movidos através de estímulos. E as organizações são responsáveis por buscar ferramentas motivacionais para o aumento da lucratividade e comprometimento dos funcionários com as empresas. Os elogios são tão importantes quanto às recompensas tangíveis. Através das recompensas os funcionários são autoestimulados ao crescimento profissional, promovendo um ambiente construtivo e fazendo com que, o trabalhar na sua empresa já represente um fator de motivação. (VROOM, 2006) Na visão de Bergamin (2004) entende-se que se faz necessário motivar e incentivar pessoas e equipes a trabalhar da melhor maneira possível, através da construção de um ambiente favorável na empresa, para o funcionário desempenhar de suas capacidades técnicas, humana e intelectual. As percepções dos funcionários em função destes tipos de ferramentas incidem sobre as aplicações motivacionais. Os gestores, de um modo geral, analisam os comportamentos de seus funcionários, para assim estarem motivando de acordo com seus desejos: sejam ganhos materiais ou simbólicos. Para os trabalhadores, a recompensa seguia a rubrica de “um pagamento justo por um dia de trabalho justo”. Os trabalhadores são acionistas da empresa. Seus interesses nas condições de um emprego e trabalho são tão reais quanto o 31 interesse dos acionistas e gerentes. Para o sucesso do negócio, depende de todos os colaboradores da empresa. (VROOM, 2006) Conforme Weiss (1999), as pessoas devem ser motivadas para que façam o melhor que há nelas. O resultado de um sistema eficaz de comportamento organizacional é a motivação que quando combinada com as habilidades e capacidades do empregado, resulta na produtividade humana, e parte da motivação do funcionário que vem do fato dele saber que tem um papel importante dentro da organização. E os fatores que influem sobre a motivação humana é o trabalho em grupo, o reconhecimento, segurança e integração ao grupo, necessidades fisiológicas, necessidades sociais, a necessidade de auto-realização. 2.6 ENDOMARKETING Endomarketing também conhecido como “Marketing Interno” tem se tornado uma ferramenta de extrema importância para a motivação dos funcionários. A razão de tal importância é porque se constitui em um processo cujo foco é sintonizar e sincronizar todas as pessoas que trabalham na empresa na introdução e operacionalização de ações voltadas para a produção. Para seus clientes, as empresas precisam convencer seus funcionários a comprá-lo. O Endomarketing surge como elemento de ligação entre o cliente, o produto, serviço e o colaborador. Um dos principais benefícios que se busca com o endomarketing é o fortalecimento e construção de relacionamentos, compartilhando os objetivos da empresa e fortalecendo estas relações, inserindo a noção de que todos são clientes de todos, também dentro das empresas. Antes de vender um produto para seus clientes, as empresas precisam convencer seus funcionários a comprá-lo. O Endomarketing surge como elemento de ligação entre o cliente, o produto, o serviço e o colaborador. “Endo” vem do grego e quer dizer “ação interior ou movimento para dentro”, sendo assim o Endomarketing quer dizer “marketing para dentro”. É toda e qualquer ação de marketing voltada para a satisfação e aliança do público interno. O intuito é de melhor atender aos clientes externos primeiramente sabendo onde começar e, com quem começar estratégias. 32 Para Kotler, Marketing interno é como uma tarefa bem sucedida de contratar, treinar e motivar funcionários hábeis que desejam atender bem aos consumidores, e ainda associação estabelecida entre o Marketing interno, o treinamento e a motivação dos colaboradores para o atendimento adequado aos consumidores. (KOTLER, 1998, p.83) Como narrado pelo autor acima, torna-se indispensável saber onde começar a aplicar cada objetivo decidido na empresa. Quem melhor pode estar lidando com treinamentos para os demais integrantes, deve saber qual o caminho a pegar, para saber jogar opiniões certas às pessoas específicas. Na visão de Kotler o Endomarketing é a extensão da clássica função do marketing só que voltada para dentro da organização, a qual o autor define como as “ações de marketing voltadas ao público interno da empresa a fim de promover, entre seus funcionários e os departamentos, valores destinados a servir o cliente”. (KOTLER, 2000, p.32). Para o autor citado, este tipo de estratégia será voltada para dentro da empresa. Treinar-se-ia se os funcionários para terem conhecimento do que se pode estar fazendo, para convencer diretamente o cliente do melhor serviço ou produto. Benson e John (2007) narram que, As ferramentas do endomarketing constituem como o treinamento e o desenvolvimento, a comunicação interna e externa plena, a liderança visionária, o fluxo de informações técnicas, entre outras. E ainda afirma que estes e outros componentes administrativos devem ser abordados e enriquecidos quanto aos conteúdos. (BENSON; JOHN, 2007, p.11). Os autores acima tentam mostrar que podemos estar utilizando várias ferramentas para treinar, logicamente, os funcionários capacitados, que poderão ter mais agilidade de descrever cada produto ou serviço que a empresa estará disponibilizando. Não só no âmbito de querer convencer o cliente, é importante deixá-lo bem informado. Ter noção do que o cliente pode estar buscando para ter maior tranquilidade na hora da aquisição de seus produtos ou serviços. Em algum sentido a gestão estratégica dos recursos humanos está de um jeito ou de outro ligado ao endomarketing. O endomarketing deve ser elevado ao status de importância, o qual já goza o marketing no planejamento corporativo. Assim como a empresa busca definir seu posicionamento perante clientes e 33 mercados, inferindo sobre que elementos devem dar sustentação à realização de tais diretrizes, é também sua tarefa eleger suas prioridades, para o endomarketing perante seus públicos internos. E, obviamente, buscar a concretização dessas prioridades. No entendimento de Collins, Cultura organizacional é o conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e que funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a esses problemas. (COLLINS, 2006, p.20) Segundo Porter, A cultura é pensada como um conjunto complexo de valores, crenças e pressupostos que definem os modos pelos quais uma empresa conduz seus negócios. Esse núcleo de crenças e pressupostos são manifestos nas estruturas, sistemas, símbolos, mitos e padrões de recompensas dentro da organização. Seria muito mais fácil ajustar as manifestações de cultura do que modificar o núcleo de crenças e pressupostos básicos de uma organização. No entanto, qualquer estratégia para modificar a cultura organizacional terá de envolver pensamentos e ação tanto no nível das crenças básicas como no de suas manifestações. (PORTER, 1999, P.117). Diante da cultura organizacional, nota-se que para cada tipo de produto/serviço que estará à disposição, deverá ter um funcionário com uma noção de venda para determinado tipo de cliente, pois sem dúvida há muitas culturas diferenciadas e podendo tornar decisivo por não ter noção ou não estar seguro do que está lidando ou como funciona. Segundo Kotler (2000, P.32), “os valores são critérios gerais, padrões ou princípios que as pessoas utilizam para determinar quais comportamentos, eventos e situações são desejáveis ou indesejáveis”. 2.7 SATISFAÇÃO DO INDIVIDUO NO TRABALHO O construto satisfação foi entendido por vários autores como um aspecto da motivação. Kondo (2006, p.91) a esse respeito vincula necessariamente satisfação à motivação afirmando que esta última é "urna função do seu desejo de satisfazer determinadas necessidades". Embora relacionados, a motivação e a satisfação no cargo são conceitos diferentes, tratados de diferentes formas por vários autores, e 34 que a relação da função de urna com a outra também muda, de acordo com a discussão levada por estes autores. Sumariamente, define que a motivação é o desejo ou impulso para suprir ou eliminar uma necessidade qualquer, enquanto que satisfação no cargo é o "grau de satisfação de necessidade derivado do cargo ou nele experimentado.” O estudo de Herzberg em 1959 relatado por Rodrigues (2007) enfoca mais claramente a satisfação e a insatisfação no cargo, o trabalho realizado consistiu em entrevistar 203 engenheiros e contadores ressaltando um evento em que tivessem experimentado bons sentimentos e maus sentimentos no exercício do cargo, bem como a intensidade em que aconteciam. A análise dos dados encontrados levou Herzberg (1959 apud RODRIGUES, 2007) a concluir sobre dois fatores inerentes à questão da motivação e satisfação experimentada no cargo. O primeiro destes fatores refere-se aos chamados fatores motivadores, capazes de gerar a satisfação. Neles, as categorias em que havia ligação direta com o conteúdo do trabalho apresentavam percentuais de alta atitude para com o cargo. O outro grupo de fatores foi chamado de higiênicos e estavam ligados ao contexto do trabalho, ou seja, às condições de trabalho em que ele se dava. Isto porque a existência do cuidado com estes fatores não garantiam que houvesse satisfação, mas sua inexistência provocava insatisfação. Para Kondo (2006) a tendência atual é a de relacionar satisfação com outros fenômenos psicológicos para entender aspectos de um comportamento dentro da organização, podendo ser estes a cidadania organizacional, a qualidade do ambiente social do trabalho ou o moral no trabalho. Este autor descreve estudos acerca de satisfação, que buscam definir a construção de forma unidimensional, onde a satisfação seria uma percepção global do indivíduo acerca do seu trabalho ou de maneira multidimensional, donde a satisfação no trabalho se decomporia em vários aspectos e seriam, portanto, "o somatório de avaliações particulares feitas pelo trabalhador". 35 Figura 9: Indicadores satisfação no trabalho. Fonte: Kondo, 2006. Kondo (2006) relaciona a· satisfação no cargo ao moral, estado de estímulo e encorajamento experimentado no ambiente de trabalho, para explicar o nível de absenteísmo e turnover entre enfermeiras. Este autor discrimina três modos de se manifestar o moral. Primeiro, o moral de cada um dos componentes dos grupos (moral pessoal ou individual). Segundo, o moral do grupo (moral grupal ou coletiva). Terceiro, o moral do indivíduo em relação ao grupo. Os resultados mostraram que a satisfação individual entre os enfermeiros poderia ser um resultado do pagamento ou do trabalho em si, o que não influencia a satisfação do grupo. O relacionamento interpessoal seria o fator relacionado à satisfação do grupo, o moral teria forte correlação também com o reconhecimento. Rodrigues (2007) relata que a falta de uma definição clara de critérios de compreensão dos estados emocionais levou alguns estudiosos, entre eles Watson e Tellegen, 1985; Watson, 1988; Tornkins, 1981, Diener & Emmons, 1985; Bradburn, 1969) a buscarem concepções mais objetivas de bem-estar psicológico, chegando ao conceito de estado de ânimo, para exprimir a estrutura dos estados emocionais. O mesmo autor descreve a evolução do conceito que, estando incluído numa 36 complexidade de afetos seria "o contexto psicológico de natureza afetiva, através do qual o indivíduo, após processar informações oriundas do meio ambiente, organizaria seu pensamento e emitiria suas ações”. Esclarece Rodrigues (2007) que a partir destas premissas os psicólogos sociais investigaram a estrutura do estado de ânimo e suas dimensões. Conta o autor que o bem estar emocional foi discutido por diversos autores, afeto positivo e negativo (Bradburn, 1969), felicidade (Ryff; Keyes, 1995), o afeto e bem-estar psicológico (Diener e Larsen, 1993), satisfação geral com a vida (Ryff, 1995), bem como questões de domínio específico com o trabalho, a renda, relações sociais e vizinhos ( Andrews, 1991). O bem estar emocional é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) um estado dinâmico, que se caracteriza por um grau razoável de harmonia entre as faculdades, as necessidades e as expectativas do trabalhador e as exigências e oportunidades do meio ambiente. Neste estudo o bem-estar psicológico seria o resultado da associação entre um estado de ânimo e um estado consistente de satisfação no trabalho, influenciado por uma condição particular do organismo, o estado de estresse, que surgiria sempre que uma dada situação em que variam a intensidade e a frequência de estímulos, se apresenta ao trabalhador. Isto significa dizer que sempre que ocorre uma mudança de qualquer natureza, seja ela interpessoal ou ambiental, espera-se que variem o grau experimentado de satisfação e de estados de ânimo. O estresse, por sua vez, é uma manifestação física característica e inespecífica, e psicológica que surge quando da interação entre as capacidades do trabalhador e suas expectativas que, sob a exigência do meio, buscaria uma adaptação imediata, biopsiquicamente. 2.8 STRESS E O TRABALHADOR O stress ocupacional interfere na qualidade de vida do trabalhador modificando a maneira como o indivíduo interage nas diversas áreas da sua vida. O pouco tempo dedicado à família em função da preocupação com o trabalho acarreta a falta de suporte e apoio necessário. Na área social, pode ocorrer o isolamento e a consequente falta de amigos. A questão central da qualidade de vida é determinar quais as condições que devem existir para atingir estes melhores índices de 37 produtividade preservando condições de vida saudáveis. Gerar desenvolvimento humano, potencializar capacidades, garantir equilíbrio entre vida profissional e pessoal e dentro de condições favoráveis de bem-estar, segurança e saúde é a meta da Gestão de Pessoas, superando a visão estreita de Recursos Humanos. As consequências do "stress", seja para as pessoas, sejam para as empresas são enormes. (PASQUALI; NOGUEIRA, 1981) O custo do stress nas empresas americanas é de 300 bilhões de dólares anuais. Isso inclui falta ao trabalho, a rotatividade, lesões no trabalho, licença de saúde e processos judiciais que responsabilizam as empresas pela perda de qualidade de vida das pessoas. Na Europa não é muito diferente, uma estimativa da União Européia indica perda de 265 bilhões de euros ao ano, que na conversão representa um valor muito próximo. Este problema ocorre pelo imediatismo, os administradores, executivos, empresários querem resultados rápidos, falta de preparo profissional, aliado a falta de preparo dos consultores contratados para administrar as situações que podem provocar o stress no trabalhador. (PASQUALI; NOGUEIRA, 1981) 2.9 QUALIDADE DE VIDA DENTRO E FORA DO TRABALHO Para Rodrigues (2007), as pessoas que valem à pena, vão atrás de seus sonhos e aprendem a arriscar. Não deixam que o medo domine sua força interior e sua capacidade de transformação. Aceitam o jogo da vida, encaram os desafios. Principalmente sabem que a vida só tem sentido porque se sentem capazes de transformar não apenas a si mesmas, mas também aqueles que amam. Rodrigues (2007), afirma que a escolha da profissão, as características da cultura organizacional configurada pelos valores e práticas predominantes na empresa, a infra-estrutura familiar constituem fatores para qualidade de vida no trabalho. Além disso, as relações interpessoais, os conflitos e em especial a maneira como a pessoa se relaciona na equipe afetam a satisfação no trabalho, a autoestima e a forma como se sente em relação a si mesma. A história de vida e os fatores relativos às variáveis organizacionais resultam atitudes dificultadoras e facilitadoras 38 nas relações de trabalho, intensificando a preocupação e a responsabilidade pela promoção da qualidade de vida. A qualidade de vida trata da experiência emocional da pessoa com seu trabalho, no momento em que tantas mudanças sociais e tecnológicas se instalam de forma intensa e acelerada. Aborda os efeitos desta realidade no bem-estar da pessoa, do ponto de vista emocional e profissional, enfocando as consequências do trabalho sobre a pessoa, e seus efeitos nos resultados da organização. 2.9.1 Cultura organizacional Para Rodrigues (2007), os valores, as crenças predominantes na cultura organizacional configuram cenários que determinam em grande parte a qualidade de vida. A formalidade ou a informalidade no tratamento, a altura das divisórias, os bloqueios no acesso à diretoria, a diferença na decoração constituem os primeiros sinais do que é valorizado na empresa. São muitos os argumentos utilizados para a definição dos privilégios, desde admitir que a empresa é hierarquizada, que determinadas funções requerem benefícios específicos e estão habituadas a um padrão de vida mais elevado, até mascarar a situação através de tentativa de manter em sigilo alguns benefícios. Pode-se afirmar que tudo aquilo que a empresa tenta manter em sigilo todos já sabem. (RODRIGUES, 2007) Para Rodrigues (2007) o tratamento diferenciado, gera aos que os têm, privilégios e sensação de prestígio, contribuindo para aumentar a auto-estima.Para aqueles que aspiram a posições mais elevadas, há uma angustiosa expectativa de promoção; já para os que não acreditam nessa possibilidade resta o pesado sentimento de discriminação e injustiça. Outros valores da cultura organizacional afetam a qualidade de vida: o atendimento prestado ao cliente externo, a importância real a ele atribuída, a forma como suas reclamações são analisadas e encaminhadas, o tratamento aos fornecedores, as relações com a comunidade. Tudo isso configura a imagem da empresa e faz com que as pessoas se orgulhem ou não de a ela pertencerem. (RODRIGUES, 2007) 39 Somam-se aos problemas decorrentes dos valores predominantes na cultura organizacional, os fatores de natureza interpessoal. Mesmo pessoas que gostam do que fazem, podem experimentar insatisfação em decorrência do estilo gerencial ou das relações interpessoais no trabalho. Postura autoritária, desconsideração, gestão centralizadora e ausência de delegação, são algumas das posturas gerenciais apontadas como geradoras de conflitos entre chefes e subordinados. Entre colegas, observa-se a disputa de prestígios e poder, a inveja, o ciúme, capazes de gerar insatisfação e conflitos e, num segundo momento, fazem com que os agraciados se sintam excluídos, perseguidos, infelizes, sem motivação para o trabalho. (RODRIGUES, 2007) 2.9.2 Infraestrutura familiar Relata Nadler (2006) que nas décadas de 50 e 60, no Brasil, a mulher era presença permanente no lar, estruturando os serviços domésticos, orientando e disciplinando os filhos nos deveres escolares ou, no mínimo, assegurando que fossem feitos. Esse quadro alterou-se de forma significativa a partir das duas últimas décadas. Os filhos eram criados pela mãe, que supria o lar e dava total suporte ao marido. “A participação do homem se restringia ao dinheiro e às broncas nos filhos”, por problemas que a mãe não conseguia resolver. Para Nadler (2006) o cenário familiar foi alterado de forma drástica com a entrada quase total da mulher no mercado de trabalho. As tarefas domésticas continuam sendo demandadas e nem sempre têm sido equacionadas via divisão das tarefas entre os membros da família. As refeições fora de casa e a automação de serviços domésticos são acessíveis apenas às camadas sociais que contam com salários mais altos. Grande contingente da população vive outra realidade. A mulher cumpre oito horas de trabalho fora de casa e após o expediente assume outra jornada. Associa-se a isso a impossibilidade de manter empregadas domésticas em horário integral, o que agrava mais o cenário. De acordo com Nadler (2006) o custo emocional e os conflitos decorrentes precisam ser desajustamentos, contabilizados. que nem Resultam sempre em insatisfação, aparecem diretamente, mal-estar mas afeta e a produtividade, o humor, o envolvimento. Muitos dos conflitos entre chefes e 40 subordinados decorrem de desencontros na família, levando vários autores a considerar que é preciso encontrar equilíbrio entre trabalho e família, especialmente nas empresas que alimentam o conflito, passando mensagens como: "se você quer progredir na empresa, precisa estar disposto a fazer sacrifícios". Nadler (2006) acredita que a escola não se adaptou a essa realidade e vem atuando como no cenário anterior. Mantêm as mesmas estratégias de horário parcial, extensas tarefas para serem feitas em casa, sem que a criança conte com alguém que a supervisione ou oriente, além de ter que resistir ao apelo da televisão e do videogame. Investe pouco na seleção e capacitação de professores quando em muitos casos os filhos têm em casa bibliotecas mais ricas do que as da escola ou computadores de última geração. 2.9.3 Relações interpessoais Para Vianna (1999) as relações interpessoais constituem o outro lado da questão. A raiva e o medo são emoções que fazem parte do cenário da vida no trabalho. São sentimentos frequentemente experimentados em todos os seus disfarces e máscaras e resultam do desacerto como erros tratados, da desatenção às perguntas e aos pedidos de esclarecimento, do tratamento áspero e competitivo entre colegas, da falta de sinceridade nas relações e do abuso do poder por parte das lideranças, formais e informais. É frequente observar-se que chefes são tratados com diferença e cortesia, enquanto os demais são tratados com indiferença e até descaso. Contribuições dadas por ocupantes de funções elementares são recusadas, mas a mesma sugestão vinda de cima é acatada e elogiada. Mantém-se ainda o vício de adular os de cima, competir com os colegas de mesmo nível hierárquico. Vianna (1999) acredita que a qualidade de vida não decorre apenas de salário acima do mercado e de invejável plano de benefícios. Para ele resulta do tratamento humano, da gentileza, da leveza nas relações, da possibilidade de expressão de pontos de vista divergentes, do relacionamento sincero, do respeito aos ausentes e do orgulho pelo que se faz. Atenção, elogios e consideração constituem ingredientes indispensáveis quando se busca lealdade, qualidade e produtividade. 41 2.9.4 Fatores intrapessoais Vianna (1999) narra que no ambiente de trabalho, tudo gira em cenário de atitudes, emoções e sentimentos de enorme diversidade, representando a forma particular de cada indivíduo lidar com toda essa realidade, criando nas relações do dia-a-dia uma atmosfera singular de cada organização ou mesmo de cada departamento. Cada setor vive um clima diferente, refletindo a forma de tratamento particular entre membros, uma maneira própria de discutir seus problemas, as formas como os líderes conduzem o trabalho e as pessoas. Para Vianna (1999) grande parte desta forma de reação, é determinada pela história de vida, que configura a maneira como pessoas lidam com emoções que permeiam as relações interpessoais e afetam a qualidade de vida. Os valores característicos da cultura familiar provocam tanto o desenvolvimento da gente empreendedora, estimulada pela novidade e pelo risco, assumindo a coragem de propor e ousar, quanto a mentalidade de pouca iniciativa ou temor de arriscar, sentimentos de insegurança diante do novo, adultos temerosos de lidar com situações novas e imprevisíveis. De acordo Vianna (1999), nem sempre as posturas individuais facilitadoras predominam nas organizações. Os líderes defrontam-se permanentemente com as resistências que resultam muitas vezes de experiências anteriores negativas, tornando o clima marcado pela desconfiança e pela precaução. Numa grande maioria, os empregados trabalham liderados por chefias centralizadoras e competitivas. Os colegas de trabalho nem sempre se enxergam como parceiros, disputam prestígio, estima e competem por interesse. O autoconhecimento e o conhecimento do outro, são componentes essenciais na compreensão de como a pessoa atua no trabalho, dificultando ou facilitando as relações. Dentre as dificuldades mais observadas, destacam-se: falta de objetivos pessoais, dificuldades em priorizar e dificuldade em ouvir. 2.9.5 Trabalho, qualidade e ser humano Bergamini (2004) afirma que o trabalho organizacional é vital e pode ser visto como parte inseparável da vida humana. E a qualidade de vida influencia ou é 42 influenciada por vários aspectos da vida fora do trabalho. Logo se faz necessária, uma análise da vida do trabalhador fora do meio organizacional, para que possa ser medida a importância e interligação. Muito se fala sobre qualidade de vida, mas a satisfação no trabalho não pode estar isolada da vida do indivíduo como um todo. Para Bergamini (2004) os empregados que possuem uma vida familiar insatisfatória têm o trabalho como único ou maior meio para obter a satisfação de muitas necessidades, principalmente as sociais. Logo, este empregado está menos receptivo a problemas, e será menos exigente nos seus critérios para receber a satisfação. O trabalho assume proporções enormes na vida do homem de hoje. Diz o autor que "talvez as organizações sejam atualmente o meio principal para o homem adquirir sua identidade, buscar seu ego ideal". Bergamini (2004) acredita que a qualidade da estrutura da vida, inclui vários indicadores sociais, e percepções individuais com nossa experiência de vida e municipalidade, como lazer, moradia e condições financeiras. Nas pesquisas sobre a satisfação com a vida, têm sido frequentemente tomados como variáveis o sexo, raça, idade, educação, renda familiar, classe socioeconômica, ocupação e estado civil. Bergamini (2004) analisando dados obtidos pelo Centro Nacional de Pesquisa (EUA), concluiu que "os dados explicitam a importância da satisfação com o trabalho para a satisfação com a vida". A pesquisa forneceu subsídios para afirmar que "atitudes gerais das pessoas em relação à vida e ao seu trabalho estão embaraçosamente ligadas". A satisfação com o estado civil foi relacionada positivamente com a satisfação com a vida. Essa conclusão, segundo os autores, "sugere que o nosso contentamento com a vida é uma construção do conceito sobre a satisfação com os domínios específicos da vida, tais como experiência no trabalho e a família". A qualidade de vida é um ponto vital, não só para a realização do homem no trabalho, mas também em toda a sua existência. Nadler (2006) realizou um estudo sobre a importância do trabalho para o ser humano e sua relação com outros domínios da vida. Dois aspectos são inicialmente analisados: os jovens insatisfeitos pelo não atendimento de suas expectativas no primeiro emprego e os velhos insatisfeitos com suas aposentadorias. Quanto aos jovens, o autor diz haver uma grande "lacuna entre a preferência e a realidade na distribuição de trabalho". Quanto aos aposentados, 41% se sentiam mal por terem se aposentado. 43 É importante ressaltar que o autor identificou a família ou a vida fora do trabalho como o primeiro dos maiores motivos para a qualidade de vida. O trabalho aparece em segundo plano, ou seja, atividade fora trabalho, em 1.ª posição; vida familiar, em 2.ª; padrão de vida (que depende do trabalho), em 3.ª; e trabalho em 4.º lugar. Mais de 50% dessa mesma amostra concordam que a maioria das coisas que acontecem em suas vidas envolve direta ou indiretamente seus empregos. As atividades fora do trabalho remunerado, não podem ser todas consideradas lazer. Nadler (2006) alerta para o fato de que o lazer não é simples resíduos de tempo que resta além do trabalho remunerado. Para nos aproximar da definição de lazer como tempo livre, devemos subtrair, do tempo que o indivíduo não está trabalhando remunerado, o tempo gasto no trabalho doméstico, nas compras, nas atividades de manutenção da casa, no cuidado com as crianças e necessidades pessoais. Nadler (2006) vê que, diante dos resultados de todas as pesquisas realizadas, há uma necessidade de repensar a atividade produtiva adaptando-a as necessidades e expectativas do indivíduo. Diz o autor que "usar nas atividades produtivas um tipo não apropriado às nossas capacidades e preferências, é prejudicial ao indivíduo e em longo prazo arriscado para a sociedade". Esse mesmo autor conclui que "uma crescente quantidade de atenção tem sido dada às necessidades de renda das pessoas, cuidados médicos e outros serviços. Entretanto a qualidade de vida é definida não só pelo que é feito para as pessoas, mas também pelo que elas fazem por si próprias e pelos outros". As relações são inseparáveis entre qualidade de vida no trabalho e a qualidade de vida global. Em análise do autor fica patente a expectativa e angústia do trabalhador, quanto à interferência cada vez maior do trabalho em seu espaço de vida. Nadler (2006) afirma que "as inovações tecnológicas aumentam as possibilidades de se trabalhar em casa". Os autores usam a expressão qualidade de vida referindo-se a um bem-estar relacionado ao emprego do indivíduo e à extensão em que sua experiência de trabalho é compensadora, satisfatória e despojada de estresse e outras conseqüências negativas. A literatura tem trazido várias contribuições, explicitando o conflito entre o papel ocupacional e o da família, 44 acreditando que o trabalho em casa, reduziria este nível de conflito, principalmente para as mulheres. Já Rodrigues (2007) vê essa posição com desconfiança. O autor acha que o oposto pode ocorrer e dizem que com o trabalho em casa "é provável que as mulheres, em particular aquelas cujas famílias agem de acordo com uma divisão relativamente tradicional de trabalho, sejam as mais afetadas, mas não é provável que os homens sejam imunes a este tipo de stress, particularmente em famílias que não têm divisão de trabalho." 45 3 ESTUDO DE CASO: EMPRESA QUALITY MEDICAL 3.1 METODOLOGIA DE PESQUISA Fundamentada no referencial teórico anteriormente apresentado, optou-se por realizar um Estudo de Caso que possibilitasse compreender, em uma realidade específica como se dá o exercício da liderança na prática de uma instituição. Segundo André (2005), o estudo de caso surge, na sociologia e na antropologia, ao final do século XIX. O principal propósito, nestas áreas, era realçar características e atributos da vida social. Na Medicina, Psicanálise, Psicologia e Serviço Social objetivavam estudar um caso para fins de diagnose, tratamento e acompanhamento. Na área de Direito, Administração e Medicina foi, e ainda é, utilizado como recurso didático. É fundamental conhecer o que se aprende ao estudar o caso, sendo necessário um estudo da particularidade e da complexidade de um caso singular, o que leva a entender sua atividade dentro de importantes circunstâncias. Para Yin (2005), estudo de caso é uma investigação empírica, um método que abrange tudo – planejamento, técnicas de coleta de dados e análise dos mesmos. Na perspectiva de Merrian (1988, apud André 2005), o conhecimento gerado a partir do estudo de caso é diferente do conhecimento gerado a partir de outras pesquisas porque é mais concreto, mais contextualizado, mais voltado para a interpretação do leitor e baseado em populações de referência determinadas pelo leitor. O estudo de casos se deu através da elaboração de um questionário no qual dizia-se ao pesquisado a origem e a finalidade do questionário. Isto se deve por ser nosso objetivo maior constatar através de perguntas de múltipla escolha as diversas modalidades de compreensão e adaptabilidade destes questionados o modelo de gestão imputado na empresa referida. Tomamos por referencia somente a chefia de diversos setores. O estudo quantitativo e qualitativo empregado neste questionário teve uma abrangência significativa, com intuito de exemplificar cada segmento do estudo sobre os estilos de liderança e suas influências na motivação dos funcionários. . 46 3.2 HISTÓRICO DA EMPRESA A empresa Quality Medical é prestadora de serviços na área de Terapia Intensiva, ou seja, atua gerenciando Unidade de Terapia Intensiva, tendo sido precursora em terceirização, administração e desenvolvimento de Unidades de Tratamento Intensivo. Desenvolve a empresa, um trabalho de consultoria para unidades em desenvolvimento em todos os Estados. O primeiro Hospital que a Quality Medical atuou foi o da Venerável Ordem Terceira. Hospital Filantrópico, com uma capacidade para 500 leitos. Em 1993, no auge da crise pela qual passou a instituição, foi nomeado como interventor um administrador que convidou diversos profissionais para participar de um projeto de soerguimento desta secular instituição. Este administrador terceirizou alguns setores no hospital, dentre eles, a Unidade de Terapia Intensiva, Laboratório, RX, Hemodinâmica, setores estes chamados de setores fechados. Ocorreu então o convite a Empresa Quality Medical para implantação e funcionamento da UTI. A equipe foi formada de imediato, embora a implementação e funcionamento desta unidade tenham sido caracterizados por uma dificuldade extrema, haja vista que toda estrutura hospitalar de apoio, necessária ao trabalho realizado dentro de uma UTI, neste momento era precária. No primeiro ano de funcionamento conseguiu-se expandir o número de leitos de 3 para 8. Para tanto, a empresa adquiriu equipamentos de última geração, bem como buscou no mercado profissional em atuação com alto padrão técnico. Ao longo dos anos, o Centro de Tratamento Intensivo consolidou-se como um dos melhores centros de cuidados de pacientes críticos, com pleno reconhecimento em toda comunidade médica da especialidade. 3.3 MODELO DE GESTÃO A gestão da UTI é composta por médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, nutricionista, psicólogos e técnicos de enfermagem. Cada setor possui uma chefia que participa em todos os segmentos das diretrizes estabelecidas pela direção da empresa. A empresa possui um modus operandi que a diferencia de outras UTIs, sendo caracterizado pelo trabalho continuo de médicos diarista nos turnos da manhã 47 e tarde, reservando os plantonistas apenas para o plantão noturno, mesmo assim sob a supervisão de um diarista. Com isto, consegue-se um segmento “horizontal” na condução clínica dos casos, além de uma relação mais pessoal com o próprio paciente e seus familiares, evitando assim informações desencontradas fornecidas por diversos médicos, muito comuns em UTIs que não adotam este modelo. Na UTI a relação entre o número de profissionais e o número de leitos está acima do previsto, o que garante uma maior segurança e dedicação no tratamento dos graves pacientes internados. Todos os médicos diaristas (supervisores), bem como outras chefias são especialistas. O trabalho é realizado em equipe sem distinção de categorias. Procura-se remunerar acima do mercado, bem como manter um ambiente de trabalho harmônico e uma ótima estrutura física do local. Na ocorrência de qualquer conflito entre os profissionais procura-se adotar a mediação, evitando assim que se prolongue o problema. Quando a chefia percebe algum problema com algum funcionário, logo identifica-se em qual área está com problema e encaminha-se ao setor designado a atuar auxiliando até o final do percurso este profissional, sem nunca expô-lo perante os demais colegas. A UTI possui ainda serviços de Psicologia Clínica, responsável por desenvolver um trabalho junto aos pacientes e familiares, além de uma dinâmica de grupo com a própria equipe. Normalmente se mantém uma reunião cientifica desde o início das atividades, trazendo convidados de outras instituições para uma ampla discussão dos temas atuais da especialidade. A atividade cientifica é uma marca deste serviço, haja vista o volume de publicações elaboradas pelo corpo médico na Revista Brasileira de Terapia Intensiva. Dispõe ainda de uma biblioteca virtual na UTI, onde todos têm acesso à Internet, além de assinatura de periódicos da Especialidade. Trabalha com um sistema informatizado de prescrições medicas, o que agiliza a liberação das medicações e facilita a compreensão de todos pela grafia. Semanalmente realiza-se uma reunião multidisciplinar, Reunião de Garantia de Qualidade, onde se pode discutir com as diferentes coordenações da UTI o andamento do serviço, buscando sempre o aprimoramento. A união do grupo é atônica e o diferencial, pois a equipe mantém-se a mesma desde o seu início, com raríssimas saídas de algum membro que, quando se deu, foi por uma melhor oportunidade de crescimento profissional. Hoje a UTI do Hospital da Venerável Ordem Terceira (VOT) conta com 51 leitos. Mesmo com este quantitativo, pode ocorre uma expansão, isto se deve pelo 48 comprometimento e integração das equipes junto à direção. No controle de qualidade, os familiares recebem uma folha de avaliação quando da alta do paciente, para avaliação do índice de satisfação ou reprovação. Além disto, procurase premiar todo o mês o funcionário que mais se destacou. 3.4 ESTILOS DE LIDERANÇA ADOTADOS NA UTI DO HOSPITAL DA VOT Na visão de HERSEY & BLANCHARD (1986), os líderes da empresa identificariam qual seria o melhor conceito da definição de um líder. Na análise realizada na UTI do Hospital da VOT, buscou-se identificar qual o estilo de liderança predominante, encontrando-se os seguintes resultados conforme gráfico 1: Gráfico 1: Estilo de Liderança no CTI do Hospital da VOT. FONTE: Pesquisa de campo, com os gestores da Unidade de Terapia Intensiva da Venerável Ordem Terceira (VOT) Através desta análise conseguimos avaliar qual e o comportamento predominante dos líderes na UTI do Hospital da VOT em relação aos seus liderados frente às tarefas diárias pela visão de HERSEY & BLANCHARD (1986). Não existe um estilo de liderança único a ser adotado, este depende do estilo da maturidade dos liderados. Conseguimos na análise verificar que os estilos de liderança predominantes na UTI do Hospital da VOT são os de delegação de poder, representando 60% do comportamento dos líderes face aos liderados. 49 Quarenta por cento dos líderes alegam que se utilizam do compartilhamento de tarefas o que demonstra que o liderado possui nível de maturidade alto, conforme gráfico apresentado na página 14 deste trabalho, o que possibilita a utilizar um comportamento baixo tanto para tarefa como para relacionamento. Já dez por cento dos líderes alegam que determinam as tarefas para liderar, pela visão de HERSEY; BLANCHARD (1986), demonstrando que o liderado possui o nível de maturidade entre baixo a moderado, ou seja, o líder precisa determinar as tarefas a ser realizadas pelo liderado. 3.5 COMPETÊNCIAS X EFICÁCIA NO CTI DO HOSPITAL DA VOT Na pesquisa identificamos quais são consideradas as competências mais relevantes para eficácia da liderança na UTI do Hospital da VOT, fundamentada na visão de BERGAMINI (1994) expostos na Teoria dos Traços. Gráfico 2: Competências X Eficácia líderes no CTI do Hospital da VOT na visão de BERGAMINI (1994) FONTE: Pesquisa de campo, com os gestores da Unidade de Terapia Intensiva da Venerável Ordem Terceira (VOT) 50 Conseguimos verificar quais são os traços de caráter e de personalidade e influencia que definem os líderes da UTI no Hospital da VOT. Os traços predominantes são: Inteligência e criatividade 0 Fluência verbal 0 Autoestima elevada 0 Estabilidade emocional 1 Adaptabilidade ás situações 0 Intuição penetrante 0 Atenção para com as necessidades dos outros 3 Tolerância ao stress 0 Iniciativa e persistência na resolução dos problemas Capacidade de persuasão e desejo de assumir responsabilidades e de ocupar uma posição de poder. 6 0 Tabela 1: Traços dos líderes no CTI do Hospital da VOT. Também identificamos quais são consideradas as competências mais relevantes para eficácia da liderança na UTI do Hospital da VOT na visão de GOLEMAN (1996). Gráfico 3: Competências X Eficácia líderes na UTI do Hospital da VOT na visão de GOLEMAN (1996) FONTE: Pesquisa de campo, com os gestores da Unidade de Terapia Intensiva da Venerável Ordem Terceira (VOT) 51 Verificam-se nos dados analisados que uma habilidade emocional foi considerada importante pelos líderes na UTI do Hospital da VOT face à eficácia, compreender o comportamento humano, seguindo pela capacidade técnica da tarefa a ser realizada e capacidade analítica e pensamento lógico. A competência de compreender o comportamento humano refere-se ao autoconhecimento emocional, ou seja, a autoconsciência: conhecimento que o ser humano tem de si próprio, de seus sentimentos ou intuição. Esta competência é fundamental para que o homem tenha confiança em si (autoconfiança) e conheça seus pontos fortes e fracos. Vale ressaltar que em relação às competências, embora sejam relevantes para os lideres, a sua importância depende de vários fatores, entre eles: o nível hierárquico, o tipo, dimensão e estrutura da organização, o grau de centralização da autoridade, as características culturais, etc. A Teoria dos Traços também ignora os fatores situacionais e, embora especificasse traços que quase todos os líderes possuíam, a verdade é que esses mesmos traços são frequentemente possuídos por um grande número de não líderes. 3.6 MOTIVAÇÃO DOS LIDERADOS NA UTI DO HOSPITAL DA VOT Neste tópico identificamos a posição dos liderados na UTI do Hospital da VOT em função da pirâmide hierárquica de importância e de influência ao comportamento humano, conhecida como pirâmide motivacional de MASLOW (AMARU, 2000). Gráfico 4: Motivação dos liderados no CTI do Hospital da VOT em função da pirâmide motivacional de MASLOW (AMARU, 2000) FONTE: Pesquisa de campo, com os gestores da Unidade de Terapia Intensiva da Venerável Ordem Terceira (VOT) 52 Segundo MASLOW (apud AMARU, 2000) a teoria das necessidades humanas está disposta em cinco níveis, dentre elas compreendem: as necessidades fisiológicas, as necessidades de segurança, as necessidades sociais, as necessidades de estima e auto realização, logo estão arranjadas em uma pirâmide hierárquica de importância e de influência ao comportamento humano. Verificamos que os liderados na UTI do Hospital VOT, se encontram em maior número nas boas condições de trabalho, ou seja, são as necessidades relacionadas com a necessidade de segurança, envolve defesa, proteção, entre outros, quando essas necessidades não são satisfeitas, produz sentimentos de inferioridade e desamparo e que leva desânimo. 3.7 MOTIVAÇÃO DOS LÍDERES NA UTI DO HOSPITAL DA VOT Analisaremos, ainda, a motivação dos líderes na UTI do Hospital da VOT através da visão de DALTON (apud STONER; FREEMAN, 1999) que defende que os trabalhadores buscam justiça quanto às recompensas recebidas, estabelecendo como parâmetro as recompensas que seus colegas de trabalho recebem pelo desenvolvimento de atividades semelhantes. Conhecer o liderado em relação às recompensas financeiras e principalmente em relação às recompensas organizacionais demonstra a equidade da relação, líder e liderado. Gráfico 5: Motivação dos líderes na UTI do Hospital da VOT em função da teoria da equidade de Dalton. (apud Stoner; Freeman, 1999) FONTE: Pesquisa de campo, com os gestores da Unidade de Terapia Intensiva da Venerável Ordem Terceira (VOT) 53 Observa-se que 70% dos líderes disseram conhecer os interesses, sonhos e preocupações dos seus liderados, demonstrando que esta uniformidade de opiniões provavelmente advém de uma política interna de recursos humanos, que prioriza a automotivação dos líderes refletindo então sobre a busca de se conhecer mais sobre a vida dos seus liderados. Esta equidade de relação demonstra a motivação dos líderes na UTI do Hospital da VOT. 3.8 PARALELO ENTRE A LIDERANÇA E O NÍVEL MOTIVACIONAL NA UTI DO HOSPITAL DA VOT Neste tópico avaliaremos o reconhecimento do líder ao desempenho da equipe, ou seja, o líder reconhecer que as tarefas executadas pela equipe são reflexos de suas ações conforme cita DALTON. (apud STONER; FREEMAN, 1999) . Gráfico 6: Paralelo entre a liderança e o nível motivacional na UTI do Hospital da VOT FONTE: Pesquisa de campo, com os gestores da Unidade de Terapia Intensiva da Venerável Ordem Terceira (VOT) A maioria dos líderes torna o reconhecimento sua prioridade convidando cada liderado a comparar os resultados obtidos com as metas traçadas, fazendo com que o liderado pense a respeito do assunto ou verificando quais os liderados se encontram com o desempenho abaixo da média e providenciando medidas de recuperação, demonstrando envolvimento com a motivação dos liderados. Os líderes demonstraram coerência tanto em sua política de reconhecimento como nas 54 recompensas, indo de encontro aos dizeres de Victor Vroom, (apud CHIAVENATO, 2000), para que seu reconhecimento fortaleça o desempenho de sua equipe, ele não pode ser fortuito, nem generalizado para o grupo, nem mesmo genérico. Este princípio mostra como os lideres gestores usam o reconhecimento para obter o apoio de seus liderados, reter os talentos e acelerar o desempenho da equipe. Gráfico 7: Paralelo entre a liderança e o nível motivacional na UTI do Hospital da VOT FONTE: Pesquisa de campo, com os gestores da Unidade de Terapia Intensiva da Venerável Ordem Terceira (VOT) No gráfico acima visualizamos o que o líder pensa em relação a sua equipe. Lembrando que a equipe nada mais é do que reflexo de sua liderança, conforme narra VROOM (apud CHIAVENATO, 2000). Observamos que 80% dos líderes entrevistados disseram que têm uma ótima equipe e que procuram compreendê-los. Demonstrando que o reconhecimento reflete os valores organizacionais, estes limitados e definidos com clareza. O reconhecimento pessoal e reforçado, conforme gráfico a seguir, pela transmissão de valores aos liderados pelos líderes ao escutálos em suas opiniões. 55 Gráfico 8: Paralelo entre a liderança e o nível motivacional na UTI do Hospital da VOT FONTE: Pesquisa de campo, com os gestores da Unidade de Terapia Intensiva da Venerável Ordem Terceira (VOT) Conforme narra VICTOR VROOM (apud CHIAVENATO, 2000), o reconhecimento eficaz da equipe é proporcional ao desempenho reconhecido de cada integrante, ou seja, sob medida para cada liderado. Na visão de DANIEL GOLEMAN (1996) a Inteligência é emocionalmente construída através da forma como vivenciamos nossas emoções. Dessa forma, o êxito pode ser produzido por qualquer indivíduo que tenha capacidade suficiente para controlar seus impulsos, agindo com coerência e uma inteligência emocionalmente construída. Observando o gráfico a seguir conseguimos identificar que os lideres tem como preferências participar de ações que visem melhorias e desenvolver trabalhos em equipe o que mostra a disposição de aprender, ou seja, reconhecem os líderes que conhecimento é poder. O líder motivado ama o que faz ou aprende a gostar do que faz e tenta se desenvolver. Tem mais energia para trabalhar e produzir melhor. 56 Gráfico 9: Paralelo entre a liderança e o nível motivacional na UTI Hospital VOT FONTE: Pesquisa de campo, com os gestores da Unidade de Terapia Intensiva da Venerável Ordem Terceira (VOT) Na análise efetuada conseguimos perceber que os líderes na UTI conseguem reconhecer os liderados como parceiros e não como funcionários subalternos. Fazer com que eles sejam reconhecidos pelo trabalho que desenvolvem e elogiá-lo sempre pelos méritos, fazê-los ver o quão são importantes para o sucesso de toda empresa, dando condições dos liderados a aprender e se sentirem desafiados. 57 4 CONCLUSÃO Em nossa pesquisa conseguimos ver a importância e responsabilidade da posição de líder. A busca constante de resultados o leva a necessidade de se relacionar com as pessoas. Temos que considerar imprescindível a necessidade destes profissionais de trabalharem motivados por seus lideres. São estes liderados os responsáveis pela linha de produção, pelo atendimento ao cliente, pela administração e inúmeras outras atividades, e são eles que atingem as metas definidas pela empresa. Conquistar a confiança e comprometimento dos seus liderados visando alcançar um resultado esperado, sendo reconhecido pela equipe, faz parte do dia a dia de um líder bem sucedido. O orgulho do liderado em pertencer à equipe e o compromisso em atingir os objetivos é consequência do estilo de liderança adotado pelo líder. Assim como o filho imita o pai, o liderado também tende a seguir os passos de seus líderes, proporcionalmente ao quanto os admiram. Uma liderança fria, autoritária e distante resultará, muito provavelmente, em equipes desmotivadas, frias, individualistas e descomprometidas, impactando diretamente nos resultados da empresa. Em função disso, muitas empresas têm priorizado a forma de liderança adotada, sendo um dos maiores valores da empresa, estimuladas e acompanhadas a todo tempo. Evidenciou-se também que não existe um estilo de liderança único a ser adotado, este depende do estilo da maturidade dos liderados. Quando uma empresa adota a delegação de poderes, ela demonstra que o liderado possui nível de maturidade alto, o que possibilita a utilizar um comportamento baixo tanto para tarefa como para relacionamento. Utiliza-se também a persuasão para liderar, demonstrando que o liderado possui o nível de maturidade entre baixo a moderado, ou seja, o líder convence ao liderado a realizar a tarefa de acordo com suas orientações, utilizando um comportamento alto tanto para tarefa como para relacionamento. O estudo aponta também que uma habilidade emocional deve ser considerada importante pelos lideres face à eficácia em compreender o comportamento humano. Ou seja, compreender o comportamento humano referese ao conhecimento que o ser humano tem de si próprio, de seus sentimentos ou 58 intuição. Pode-se considerar que esta competência é fundamental para que o homem adquira uma autoconfiança em si, com isto ele passa a conhecer seus pontos fortes e fracos. Tem-se que lembrar que em relação às competências, a sua importância depende de vários fatores. Em relação à motivação dos funcionários da UTI da VOT, evidenciou-se que o reconhecimento pela tarefa realizada é um fator primordial para a motivação dos liderados. Já em relação aos lideres a grande maioria precisa conhecer os interesses, sonhos e preocupações dos seus liderados, isto em decorrência de uma política interna de recursos humanos que prioriza a automotivação dos lideres refletindo então sobre a busca de se conhecer mais sobre a vida dos seus liderados. Diante destes fatos pode-se concluir que a motivação dos lideres e liderados da UTI da VOT advém de uma cultura organizacional voltada para uma noção de excelência no serviço e valorização dos que lhe presta serviço seus funcionários. Conclui-se também que o componente motivador é a possibilidade de o funcionário expressar os seus pontos de vista acerca das tarefas realizadas e da experiência acumulada na execução de suas tarefas, pois este é um momento decisivo para o envolvimento do funcionário, para valorizá-lo como pessoa e comprometê-lo com os objetivos da empresa. A motivação dos lideres e liderados é a força que os estimulam a agir. 59 REFERÊNCIAS ANDRÉ, M. E. D. A. Estudo de Caso em Pesquisa e avaliação educacional. Brasília: Liber Livro Editora, 2005. BEKIN, Saul Faingaus. Endomarketing: como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Rearson, 2004. BENSON, P. Shapiro; JOHN, J.Sviokla. Conquistando Clientes. São Paulo: Makron Books, 2007. BERGAMINI, Cecília. Motivação nas Organizações. 4.ed. São Paulo: Editora Atlas, 2004. BRUM, Medeiros. Respirando Endomarketing. 3. ed. Porto Alegre: L&PM, 2005. CHIAVENATO, Adalberto. Gestão de Pessoas. 3. Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004. COLLINS, Maximarketing. 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