UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA __________________________________________________________________________ ENTENDENDO FATORES QUE INTERFEREM NA SATISFAÇÃO NO TRABALHO MARIA AMÁLIA MORAIS PEREIRA MONOGRAFIA APRESENTADA COMO EXIGÊNCIA PARA OBTENÇÃO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA, SOB ORIENTAÇÃO DA PROFA. DRA. ELIZABETH J. BARHAM. SÃO CARLOS – DEZEMBRO/2003 ÍNDICE INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 5 Conflitos trabalho-família ............................................................................................ 5 Origem dos conflitos trabalho-família ....................................................................... 6 Modelo tradicional de divisão do trabalho................................................................ 6 A importância da presença da mulher em casa ...................................................... 7 Gerenciamento dos conflitos trabalho-família ......................................................... 7 Estresse provocado pelos conflitos trabalho-família............................................... 8 Satisfação no trabalho................................................................................................. 9 Papel das organizações ............................................................................................. 10 Rotinas de trabalho.................................................................................................... 11 A prática de trabalho em turnos ...................................................................... 12 Pesquisa-ação como alternativa para reduzir os conflitos ................................... 14 ESTUDO 1 ........................................................................................................................... 15 Objetivo do estudo ................................................................................................ 15 Local ............................................................................................................................. 16 Participantes................................................................................................................ 17 Instrumento ................................................................................................................ 17 Procedimento .............................................................................................................. 18 Compromisso ético..................................................................................................... 19 Resultados Esperados ................................................................................................ 19 Resultados e Discussão........................................................................................20 ESTUDO 2 ....................................................................................................23 Objetivo do estudo ................................................................................................ 23 Participantes................................................................................................................ 24 Instrumento ................................................................................................................ 24 Procedimento .............................................................................................................. 26 Resultados ................................................................................................................ 26 Tipos e frequência de problemas relacionados a conflitos entre trabalho e familia nos dois grupos de funcionários ................................................................ 29 Atividades pessoais e familiares que deixavam de ser realizadas devido à falta de tempo ..................................................................................................................... 37 Análise da correlação entre os conflitos trabalho-familia e custos para o funcionário ................................................................................................................... 43 Discussão .................................................................................................................. 45 Limitações do estudo .................................................................................................... 46 Referências............................................................................................................... 47 ANEXOS.......................................................................................................................49 ANEXO A… ................................................................................................................ 49 ANEXO B .................................................................................................................... 51 ANEXO C .................................................................................................................... 56 ANEXO D .................................................................................................................. 66 ANEXO E ............................................................... ..................................... 1 ÍNDICE DAS TABELAS TABELA 1: OS TURNOS PREFERIDOS PELOS DOS FUNCIONÁRIOS ENTREVISTADOS .........................21 TABELA 2: DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS DE FUNCIONÁRIOS, CONSIDERANDO A VARIÁVEL ESQUEMA DE TRABALHO .................................................................................................................27 TABELA 3: DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS DE FUNCIONÁRIOS, CONSIDERANDO A VARIÁVEL TURNO DE TRABALHO .................................................................................................................27 TABELA 4: DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS DE FUNCIONÁRIOS, CONSIDERANDO A VARIÁVEL CARGA HORÁRIA ....................................................................................................................28 TABELA 5: TIPOS E FREQÜÊNCIA DE PROBLEMAS ENTRE FUNCIONÁRIOS SATISFEITOS E INSATISFEITOS COM SEU ESQUEMA DE TRABALHO .....................................................................................29 TABELA 6: TIPOS E FREQÜÊNCIA DE PROBLEMAS ENTRE FUNCIONÁRIOS SATISFEITOS E INSATISFEITOS COM SEU TURNO DE TRABALHO ........................................................................................32 TABELA 7: TIPOS E FREQÜÊNCIA DE PROBLEMAS ENTRE FUNCIONÁRIOS SATISFEITOS E INSATISFEITOS COM SUA CARGA HORÁRIA ...............................................................................................34 TABELA 8: FREQÜÊNCIA DOS CUSTOS PESSOAIS PARA FUNCIONÁRIOS SATISFEITOS E INSATISFEITOS COM SEU ESQUEMA DE TRABALHO .....................................................................................37 TABELA 9: FREQÜÊNCIA DOS CUSTOS PESSOAIS PARA FUNCIONÁRIOS SATISFEITOS E INSATISFEITOS COM SEU TURNO DE TRABALHO ........................................................................................39 TABELA 10: FREQÜÊNCIA DOS CUSTOS PESSOAIS PARA FUNCIONÁRIOS SATISFEITOS E INSATISFEITOS COM SUA CARGA HORÁRIA ...............................................................................................40 TABELA 11: CORRELAÇÃO ENTRE DIFERENTES TIPOS DE PROBLEMAS, LIGADOS AOS CONFLITOS ENTRE TRABALHO E FAMILIA ....................................................................................................43 2 RESUMO A discussão sobre o tema conflitos trabalho-família tem se ampliado cada vez mais, devido aos impactos negativos que um desequilíbrio nesta relação pode provocar na saúde do indivíduo, no seu desempenho familiar, em sua família, assim como no seu trabalho. Desta forma, é possível perceber as dificuldades e prejuízos extensos que existem quando uma pessoa enfrenta tais tipos de conflitos. De acordo com a literatura, uma prática organizacional que pode provocar conflitos trabalho-família é a de trabalho em turnos, destacando-se o trabalho em turnos alternados. Em uma empresa de segurança da cidade de São Carlos, foi detectado alto índice de insatisfação com a rotina de trabalho em turnos alternados, por parte dos funcionários. Dessa forma, propôs-se uma intervenção envolvendo o remanejamento de funcionários de turnos alternados (dois dias no turno diurno, dois no noturno seguidos por dois dias de folga), para turnos fixos (quatro dias de trabalho num único turno, seguidos por dois dias de folga) que visava diminuir a ocorrência dos conflitos entre o campo pessoal e profissional. Neste caso, a fixação do turno de trabalho seria conseguida com base no emparelhamento de postos de trabalho. O objetivo seria implementar um projeto piloto para verificar o impacto desta mudança em relação ao nível de satisfação dos funcionários pelo seu turno, assim como em relação à redução dos conflitos trabalhofamília. A variável específica deste trabalho, a ser considerada dentro do plano de remanejamento dos turnos, seria o impacto do remanejamento sobre o funcionário em si, mas também sobre colegas, supervisores e clientes. Nesse sentido, seriam avaliados o desempenho do funcionário e as relações interpessoais envolvendo outras pessoas no local de trabalho, do ponto de vista do próprio funcionário, colegas/supervisores e clientes. No entanto, os resultados da coleta de dados inicial mostraram que, apesar de um forte interesse por parte dos funcionários em sair de turnos alternados, não foi possível emparelhar os postos para permitir o remanejamento dos mesmo, em função de problemas levantados pelos próprios funcionários (por exemplo, falta de pessoas para entrar no turno noturno fixo; demandas físicas ou profissionais no segundo posto incompatível com o perfil do funcionário, etc.) Estas dificuldades impossibilitaram a continuidade da coleta de dados, tal como previsto e indicaram uma necessidade de 3 melhor entender as preferências dos funcionários dos três turnos: diurno, noturno e alternado, o que constitui a segunda etapa da presente pesquisa. A segunda parte do presente trabalho teve como objetivo avaliar se a existência de conflitos trabalho-família poderia ser atenuada caso o funcionário estivesse com rotinas de trabalho que combinavam com sua situação pessoal, observando se ele estava alocado em um esquema ou turno de trabalho ou com a carga horária de sua preferência. Para tanto, realizou-se uma comparação entre um grupo de funcionários que estava trabalhando: (a) no esquema, (b) no turno de trabalho ou (c) com a carga horária de sua preferência e um grupo que não estava satisfeito com estas condições. Observouse que os funcionários com as rotinas de trabalho de sua preferência sofriam um pouco menos com os conflitos entre trabalho e família. No entanto, querendo ou não, a incompatibilidade entre as rotinas de trabalho e uma vida pessoal ou familiar levava todos a sentir quase os mesmos problemas, no geral. 4 INTRODUÇÃO Conflitos trabalho-família No Brasil, existem poucos estudos sobre os conflitos entre trabalho e família, principalmente no que se refere às normas e práticas de trabalho que possam gerar ou intensificar estes conflitos. Estudos realizados com homens e mulheres britânicos, que trabalhavam em tempo integral, demonstraram que os conflitos surgem quando ocorre sobreposição das demandas familiares e de trabalho, que podem ser rotineiras e planejadas, ou imprevisíveis, como doenças de familiares ou de colegas, que interrompem as rotinas normais (Cooper & Lewis, 2000). Conflitos entre trabalho e família podem, então, serem considerados como a conseqüência de toda prática que provoca desequilíbrio nesta díade, nos momentos em que existe uma incompatibilidade na realização de atividades nas duas esferas (Cooper e Lewis, 2000; Faria, 2001; Serra, 2001). Tais conflitos caracterizam-se como problemáticos quando o estresse provocado pela dificuldade de conciliar as demandas do trabalho e da família acarreta dificuldades para o indivíduo e para sua família (custos no trabalho, na família ou para o bem-estar do indivíduo). Os conflitos podem estar relacionados ao tempo (invasão de horários) ou à sobrecarga (cansaço), com parte destes tendo origem no trabalho e a outra parte na família (Gottlieb, Kelloway e Barham, 1998). Os relacionados ao tempo podem surgir devido à existência de demandas das duas esferas simultaneamente – trabalho e família. Os conflitos relacionados à sobrecarga referem-se ao excesso de preocupações e responsabilidades em uma esfera (família ou trabalho), afetando a participação e desempenho na outra. Devido à sobreposição de exigências das duas esferas, os indivíduos precisam optar entre os dois papéis, priorizando as necessidades familiares ou as solicitações do trabalho. Geralmente, o processo de escolha entre as demandas familiares ou de trabalho acaba acarretando custos, tanto para a esfera familiar quanto para a profissional, sobretudo custos pessoais para o indivíduo (por exemplo, falta de sono, de exercício físico, de tempo para comer direito, etc). 5 Sempre que um funcionário tenha que fazer horas extras, esta pessoa deixa de participar de algumas atividades familiares, o que pode provocar conflitos, uma vez que o funcionário retirará horas de seu dia dedicadas à sua família para suprir sua demanda profissional. Esta dificuldade de conciliar as demandas entre o trabalho e a família ficou ainda mais evidente com a entrada da mulher no mercado de trabalho, na década de 70, porque em famílias nas quais a mulher e o homem trabalham fora, não existe mais uma “dona de casa” para cobrir a ausência do outro, assumindo as responsabilidades do parceiro. Origem dos conflitos trabalho-família A probabilidade de encontrar famílias nas quais o homem e a mulher trabalham fora aumentou significativamente na década de 70. Neste período, ocorreu um crescimento econômico e industrial no país, associado a uma queda do nível de renda da população brasileira e a conseqüente necessidade de remuneração complementar para manter o valor aquisitivo do orçamento familiar (Ramos, 1992). O resultado desta mudança sócio-econômica é uma redução no envolvimento em atividades domésticas. Além disso, o casamento está assumindo outras características, se tornando um relacionamento entre duas pessoas que precisam conciliar seus papéis múltiplos no trabalho e na família. É neste sentido que as necessidades familiares concorrem com as atividades profissionais, gerando conflitos, criando a necessidade de questionamento dos antigos papéis ligados ao gênero, anteriormente tão valorizados pela sociedade (Diniz, 1999). Modelo tradicional de divisão do trabalho Os antigos papéis são caracterizados pela atuação do homem como provedor da família. Neste caso, não se espera dele considerar as rotinas familiares para executar seus compromissos profissionais; cumprir toda e qualquer demanda do trabalho é o papel do provedor da família. Já o papel tradicional da mulher constitui-se em sua função de cuidadora familiar, responsável pela realização das obrigações domésticas. Para ela, não existe necessidade de conciliar o trabalho remunerado com a família, pois ela não tem compromissos extrafamiliares. Segundo esta visão, a mulher que trabalha fora seria 6 socialmente julgada de forma negativa, por estar escolhendo o trabalho em detrimento da família. No entanto, este modelo tradicional da divisão do trabalho por gênero não reflete mais a atualidade para muitas famílias brasileiras (Ramos, 1992). Nestas famílias, a participação da mulher no mercado de trabalho implica numa menor disponibilidade para cuidar dos afazeres familiares, o que acaba gerando a necessidade de divisão das tarefas domésticas com outros. A importância da presença da mulher em casa A importância da esposa e o quanto esta esposa é necessária dentro de casa para garantir o sucesso profissional do marido é outro fator que dificulta a implementação de mudanças e abandono dos estereótipos. Mesmo existindo algumas mulheres ocupando cargos de grande relevância em renomadas empresas, e muitas outras praticando atividades profissionais tão exigentes quanto as de seus maridos, são as mulheres que, geralmente, abdicam (em parte ou totalmente) de suas vidas profissionais, devido a necessidades familiares, inclusive dos seus esposos. A presença da mulher em casa representa um componente essencial para o processo de ascensão de muitos homens em suas atividades profissionais, pois, desta maneira, ele pode dedicar mais tempo à sua carreira profissional, sem que esta dedicação prejudique o atendimento de demandas familiares. Gerenciamento dos conflitos trabalho-família Para conciliar as responsabilidades familiares e profissionais, as famílias usam várias estratégias. Para maximizar o tempo disponível para o trabalho remunerado, algumas famílias procuram reduzir a carga de tarefas familiares usando serviços de terceiros, como por exemplo: a utilização de serviços de limpeza pagos, creches ou escolas, peruas para levar/buscar as crianças na escola ou na creche, aquisição de comidas prontas ou realização das refeições fora de casa. Nestes casos, as atividades que precisam ser realizadas, são cumpridas por uma outra pessoa e não pelo casal. A dificuldade presente nesta situação está relacionada com o alto custo financeiro que estes 7 serviços representam, pois muitas famílias podem não dispor deste dinheiro em seu orçamento. Por outro lado, a manutenção do envolvimento pessoal em algumas atividades familiares importantes pode exigir a redução da carga de tarefas no trabalho. Neste sentido, é preciso que as organizações ofereçam certa flexibilidade, para que as pessoas que desejam, possam ter a opção de executar uma tarefa familiar pessoalmente. Este interesse em flexibilidade aparece com maior freqüência entre pessoas que têm filhos ou dependentes idosos ou doentes. Neste caso, as iniciativas das empresas girariam em torno da garantia de flexibilidade de horário; trabalho em tempo parcial e possibilidade de trabalho em casa, entre outros, além de oferecerem alguns benefícios para a família (creche no local de trabalho, por exemplo). Para tanto, é preciso abandonar os estereótipos, conscientizar as organizações e os funcionários da urgência de mudança, para que os casais (com dependentes, principalmente) nos quais ambos os conjugues trabalham fora de casa, possam conciliar as demandas do trabalho e da família. Estresse provocado pelos conflitos trabalho-família Enquanto uma reforma nas políticas organizacionais não ocorre, os funcionários com responsabilidades familiares e profissionais vivem com níveis moderados a altos de estresse (Faria e Barham, 2002). Este estresse provém da impossibilidade de conciliar as exigências do cargo com as exigências/demandas domésticas e familiares. Ele pode causar doenças físicas, aflição psicológica e baixa produtividade. O estresse ocupacional ocorre com maior freqüência em famílias nas quais os dois conjugues trabalham fora de casa, pois se um dos conjugues fosse responsável exclusivamente pelas tarefas domésticas, os conflitos ocasionados pela díade trabalho-família poderiam ser vivenciados menos intensamente. Parte do estresse vem não apenas dos níveis de exigências no trabalho, mas também dos estereótipos e das expectativas tradicionais relacionadas ao gênero. Para algumas pessoas, é difícil conceber um homem que é capaz de escolher a família em detrimento do trabalho, mesmo em alguns momentos. Além das rotinas de trabalho existentes, esse estresse pode ser imposto pela própria pessoa, devido à interiorização da ética do trabalho tradicional. 8 No entanto, é importante ressaltar que muitos casais com dupla carreira conseguem lidar com sucesso com as exigências no campo profissional e familiar, e a maioria, apesar das dificuldades, apresenta um forte sentimento de satisfação e realização pessoal com este estilo de vida. Satisfação no trabalho A satisfação no trabalho é o resultado dos sentimentos positivos e negativos que uma pessoa apresenta em relação ao seu trabalho, ou seja, é uma resposta emocional determinada pela interação das tarefas desempenhadas, das condições físicas e sociais do local de trabalho. Nesse sentido, a satisfação está relacionada com expectativas atendidas das pessoas, o que envolve um “contrato psicológico” que define as expectativas em relação ao que se faz no emprego (produção de coisas e serviços, entre outras contribuições, as quais geram lucro para a empresa) e o que se espera receber em troca, como lucro pessoal (intelectualmente, emocionalmente, fisicamente, financeiramente, etc.). Dessa forma, a satisfação no trabalho reflete o grau no qual os termos do contrato psicológico estão sendo respeitados. Se a percepção do indivíduo é de que existe um equilíbrio entre as contribuições e as compensações no trabalho, a satisfação conseqüentemente será positiva. Satisfação no trabalho também é considerada uma atitude importante que influencia o comportamento do empregado no local de trabalho – como agimos em relação aos outros ou como respondemos a eventos. Assim, entre outros impactos, a satisfação afeta: a) absenteísmo: em comparação com os funcionários insatisfeitos, os que possuem maior satisfação são mais regulares em relação à freqüência no trabalho e apresentam menos ausências sem motivo; e b) a rotatividade: empregados satisfeitos têm menos probabilidade de pedir demissão do emprego, enquanto que os insatisfeitos procuram deixar o emprego assim que possível. O problema da rotatividade é que esta representa despesas adicionais relacionadas a recrutamento, seleção e treinamento, principalmente. De acordo com a literatura, parece que a relação entre satisfação e desempenho é bidirecional. No que diz respeito à influência da satisfação, pesquisas realizadas reunindo 9 informações no nível organizacional, ultrapassando o nível individual, demonstram que organizações com empregados satisfeitos são mais eficientes em comparação com as que possuem empregados menos satisfeitos (Robbins, 1998). Outras variáveis importantes na determinação da satisfação são as relações interpessoais no local de trabalho. De acordo com Robbins 1998, relacionamentos amigáveis e de apoio, tanto com colegas como com supervisores, podem provocar aumento na satisfação pelo fato da situação de trabalho ser um prolongamento da vida social do funcionário, possibilitando que este possa preencher suas necessidades de interação social. Papel das organizações A grande maioria das empresas, no entanto, ainda funciona segundo o modelo social tradicional de divisão do trabalho por gênero, não se preocupando com o papel familiar dos seus funcionários. Assim, as normas e políticas destes locais de trabalho estão desatualizadas no que se refere a famílias nas quais o homem e a mulher trabalham fora. É importante ressaltar a necessidade de criação de políticas organizacionais que reconheçam e garantam ao funcionário a possibilidade de se envolver tanto no papel profissional, bem como no familiar, de acordo com as demandas de cada fase de suas vidas, sem sofrer um tratamento discriminatório no trabalho, e sem qualquer restrição em relação ao gênero. Além de melhorar a satisfação dos funcionários e reduzir o estresse provocado pelos conflitos, a criação de políticas organizacionais mais flexíveis é também benéfica para as organizações em si, porque o bom andamento da organização depende de ter funcionários saudáveis, com famílias saudáveis e de estar sintonizado com as demandas da sua clientela. Por exemplo, empresas na área comercial podem aproveitar funcionários querendo trabalhar em horários não tradicionais para abrir à noite ou nos finais de semana. Desta maneira, a modernização das políticas de trabalho traz melhorias para as empresas, seus funcionários e as famílias destes (Gottlieb, Kelloway e Barham, 1998; Cooper e Lewis, 2000). 10 Rotinas de trabalho A sobrecarga de trabalho é, também, uma importante fonte de estresse para casais com ou sem filhos. Uma dedicação maior (relacionada com o número de horas trabalhadas) à carreira, no início da mesma, é considerada como uma atitude comum adotada pelos jovens empregados para dar um impulso em sua atividade profissional. No entanto, algumas pessoas acabam se sentindo compensadas pelo esforço e, conseqüentemente, satisfeitas no trabalho, não conseguindo e nem desejando abandonar este estilo de vida, mesmo muito depois de se estabelecerem profissionalmente e apesar de tornarem-se pais. Por outro lado, pessoas que não se satisfazem com esta opção se vêem sem meios para abandonar esta postura de dedicação intensa, pois a repentina mudança de preferências entre trabalho-família pode ser vista como falta de empenho ou interesse pelo trabalho. Assim, o tempo excessivo gasto no trabalho é tempo indisponível para a vida familiar, doméstica e individual, ou seja, é no indivíduo e na sua família que aparece o desequilíbrio provocado pela sobrecarga no trabalho. Além disso, a médio e longo prazo, a incapacidade de conciliar demandas de trabalho-família pode ter um impacto negativo na produtividade e eficiência do sujeito no seu papel profissional, a medida que este perde sua saúde física e psicológica. Outras duas fontes geradoras de conflitos trabalho-família que envolvem as rotinas de trabalho, dizem respeito aos horários de trabalho: a) A incompatibilidade de horários entre os conjugues e as outras necessidades familiares, particularmente para aqueles com dependentes. b) A impossibilidade de flexibilizar os horários no emprego, pois a flexibilidade permite que os casais, em especial os pais, encaixem as obrigações familiares no horário de trabalho, quando necessário, e vice-versa. Sem isso, muitas demandas não são atendidas. É importante buscar maneiras de tornar os horários de trabalho mais flexíveis, ou mais cômodos em relação aos horários para atividades familiares, porque a incapacidade de conciliar demandas de trabalho e família pode ter um impacto negativo na motivação, produtividade e eficiência do funcionário. 11 Outra fonte de pressão para os casais é o transbordamento do trabalho para a família (Cooper e Lewis. 2000), o qual pode ocorrer de três maneiras: 1 – transbordamento de trabalho em si: é marcado pela realização de horas extras ou viagem a trabalho, por exemplo, que podem diminuir o tempo dedicado à família. Algumas maneiras para diminuir estes conflitos incluem um maior controle das horas de trabalho, permitir que os funcionários levam trabalho para casa e aceitar que fazer horas extras não pode ser exigido, mas tem que ser conveniente para o trabalhador. 2 – transbordamento de comportamento e atitudes: é caracterizado pelo uso de atitudes e ações do trabalho em casa. Um exemplo deste problema são os indivíduos “do tipo A” que apresentam comportamentos competitivos, hostis, impacientes e muito envolvidos com o trabalho. Estes comportamentos podem levar a pessoa a obter um certo nível de sucesso na sua carreira, mas quando a pessoa age desta mesma maneira em casa, os mesmos comportamentos geram muita insatisfação conjugal e familiar. 3 – transbordamento de emoções: o estresse e a satisfação no trabalho podem ter um impacto sobre a vida fora de lá, da mesma forma que as emoções geradas pelos relacionamentos domésticos podem afetar as experiências no trabalho. Assim, o transbordamento pode ocorrer em ambas as direções e pode ser positivo ou negativo. A prática de trabalho em turnos A prática de trabalho em turnos alternados empregada por várias empresas que funcionam 24 horas por dia, devido a demandas do mercado, é uma rotina de trabalho que pode provocar conflitos trabalho-família. Na última década, tem-se observado a implantação de jornadas flexíveis, irregulares ou mais prolongadas que as usuais oito horas diárias, existindo uma grande diferença nestas incidências, segundo o ramo de atividade. Esta nova reestruturação fez com que mais trabalhadores ficassem expostos às jornadas dos trabalhos noturnos e alternados (Fischer, 1996). No entanto, é importante atentar para o fator humano com relação aos horários não normativos. Segundo Seligmann (1994), é essencial estudar o trabalho em turnos devido às alterações na saúde física, psíquica e social apresentadas por trabalhadores submetidos a essas condições. De fato, tais turnos de trabalho têm sido bastante estudados internacionalmente, dado que o 12 trabalhador em turnos atua em numerosos postos de serviços e sua presença continuará a ser essencial para o funcionamento da sociedade (Fischer, 1996). Considerando as perturbações dos horários disponíveis para dormir e comer, por exemplo, provocadas pelas rotinas de trabalho citadas acima, o trabalho noturno e alternado está associado a um cotidiano essencialmente diferente do adotado pela comunidade em geral, no que concerne aos ritmos sociais e biológicos. Além das conseqüências para a saúde física do trabalhador, são ainda observados efeitos negativos sobre a vida social, segurança e desempenho no trabalho e um aumento de conflitos com a família (Seligmann, 1994). As modificações imprimidas às rotinas e ao convívio doméstico, pelos horários de quem trabalha nos turnos alternados ou noturno, são sentidas tanto pelo trabalhador como por seus familiares. Ampliam-se as responsabilidades que devem ser assumidas pela esposa e o relacionamento do casal costuma ser alterado (Seligmann, 1994). Ao mesmo tempo, a falta de convívio com os filhos empobrece consideravelmente estes relacionamentos. Gradualmente, o cansaço e a falta de participação na vida familiar conduzem a um isolamento maior do trabalhador em relação ao restante da família (Seligmann, 1994). O isolamento social provocado pelos turnos de trabalho tem um efeito negativo sobre o trabalhador e sua família. Além de a família sentir a ausência do membro que trabalha à noite, nos momentos de encontros tradicionais (como refeições, reuniões de pais e mestres, entre outros), a sociedade brasileira, de modo geral, valoriza diferentemente o sábado e domingo e a noite, como dias ou períodos de descanso, mais do que qualquer outro dia ou período durante a semana (Fischer, 1996). Como o tempo de trabalho em turnos pode coincidir com uma parte da vida útil do indivíduo, isto pode interferir significativamente na qualidade de vida de uma pessoa e sua família. As conseqüências destes conflitos são observadas a curto, médio e longo prazo na saúde dos trabalhadores, na segurança do trabalho, na qualidade do que está sendo produzido, na qualidade de vida dos envolvidos, sejam eles os trabalhadores ou suas famílias (Fischer, 1996). No entanto, a gravidade da situação depende de variáveis como: a) características individuais: idade, sexo, estado civil, tempo de trabalho, composição familiar (número de filhos, idade dos filhos, parentes idosos dependentes) e tempo trabalhando em turnos; b) condições do trabalho: riscos de acidentes e doenças, conteúdo 13 das tarefas, relações interpessoais no ambiente de trabalho, ritmo de trabalho, pausas, escala de trabalho em turnos e folgas; c) dinâmica das relações sócio-familiares: pessoas que cuidam das tarefas domésticas, período de trabalho dos pais, filhos, tradições e hábitos domésticos, renda familiar e condições habitacionais. Pesquisa-ação como alternativa para reduzir os conflitos A pesquisa-ação é um processo de mudança que pode ser implementado para identificar uma alternativa de rotina tão satisfatória para os funcionários como para a organização e seus clientes. A pesquisa-ação baseia-se na coleta sistemática de dados, seguida por uma seleção de uma ação, indicada nos dados analisados. O processo de pesquisa-ação é composto por cinco etapas: - Diagnóstico: Neste momento, são coletadas informações sobre problemas gerais da organização, através de entrevistas com os funcionários e revisão de registros para levantar as preocupações dos funcionários. - Análise: Os dados obtidos na etapa do diagnóstico são analisados e sintetizados em áreas de problemas e ações possíveis. - Feedback: Como os alvos do processo de mudança estão envolvidos tanto na determinação do problema como na participação da criação da solução, a terceira etapa consiste em compartilhar com os funcionários o que foi descoberto nos passos anteriores. - Ação: Os funcionários, em conjunto com o responsável, executam as ações específicas para solucionar os problemas identificados. - Avaliação: No último passo, é avaliada a eficácia dos planos de ação, comparando e avaliando as informações obtidas após a ação com os dados iniciais. A pesquisa-ação apresenta como vantagem o fato de estar centrada no problema, isto é, os problemas são ativamente procurados e eles determinarão o tipo de ação que será seguida. Outra vantagem é que, como a pesquisa-ação envolve a participação ativa dos funcionários, a resistência a mudanças tende a ser reduzida. 14 ESTUDO 1 Em um levantamento de informações sobre conflitos trabalho-família em uma empresa de segurança de São Carlos (Faria e Barham, 2002; Serra, Barham e Faria, 2002), foi detectado insatisfação por parte de um grupo específico de funcionários em relação a sua rotina de trabalho. Foi avaliado que rotinas de trabalho oscilante do tipo 4x2, chamados de ping pong (os funcionários trabalham por 4 dias e folgam dois, alternando entre turnos diurnos e noturnos) pode provocar maiores conflitos entre trabalho e família do que outras rotinas de trabalho que são mais normativas na sociedade brasileira. Em função destes resultados, foi elaborado um projeto de intervenção que visava o remanejamento dos funcionários de turnos alternados para um turno fixo (diurno ou noturno, de acordo com a preferência dos participantes). Este projeto justificava-se, primeiramente, pela baixa satisfação dos funcionários que trabalhavam neste turno, assim como pela alta taxa de absenteísmo e rotatividade entre estes, o que acarretava em maiores gastos para a empresa, com pagamento de horas extras para substituição dos mesmos e com treinamento de novos funcionários. Além disso, a implementação do projeto não geraria custos extras para a organização. A empresa concordou em participar da pesquisa proposta e ofereceu todo o apoio interno que fosse necessário para sua execução. OBJETIVO DO ESTUDO A partir da verificação do interesse dos funcionários dos turnos alternados pela proposta de remanejamento dos turnos (de alternado para fixo), seria implementado um projeto piloto para verificar a eficácia da proposta em relação ao nível de satisfação dos funcionários pelo seu turno, assim como em relação à redução dos conflitos trabalhofamília. Esta proposta de pesquisa tem como variável específica a ser considerada, dentro do plano de remanejamento dos turnos, o impacto do remanejamento sobre o funcionário em si, mas também sobre colegas, supervisores e clientes. Nesse sentido, seriam 15 avaliados o desempenho do funcionário e as relações interpessoais envolvendo outras pessoas no local de trabalho, do ponto de vista do próprio funcionário, colegas/supervisores e clientes. MÉTODO Local O grupo Engefort oferece serviços terceirizados, na área de segurança e vigilância, sendo uma empresa de médio à grande porte da região de São Carlos. Dois estudos já foram realizados na empresa, demonstrando a existência de conflitos entre trabalho e família, principalmente no setor operacional (Serra e Barham, 2002; Faria e Barham, 2002). A maioria (91%) dos funcionários do grupo Engefort trabalha no setor operacional como vigilantes, guardetes, recepcionistas, porteiros, entre outros. A maior parte destes funcionários trabalha num esquema de trabalho chamado de “quatro por dois”. Isto é, eles trabalham quatro dias, 12 horas por dia, folgam dois dias, depois voltam trabalhar quatro dias, num ciclo contínuo, sem direito a parar nos feriados, por ser um serviço oferecido 24 horas por dia, 365 dias por ano. Parte dos funcionários trabalha no turno diurno, das 6h00 às 18h00. Outra parte trabalha no turno noturno, das 18h00 às 6h00. Para ter alguém para cobrir as folgas destas pessoas, a empresa contrata funcionários que trabalham em turnos alternados: dois dias de trabalho no período diurno, dois dias no período noturno e dois dias de folga, o que também é uma esquema de trabalho de 4 x 2. Para eliminar a necessidade de trabalhar em turnos alternados nos postos pequenos da empresa (postos com um ou dois funcionários), seria possível “emparelhar” dois postos. Ao invés de trabalhar em turnos alternados para cobrir as folgas de outros funcionários, alternando entre turnos diurnos e noturnos, estas pessoas passarão a trabalhar em locais alternados: dois dias para cobrir a folga de um funcionário de um posto e dois dias para cobrir a folga de outro funcionário num segundo posto, sempre no mesmo horário (ou de dia ou de noite). Desta forma, será necessário ter sempre duas pessoas trabalhando em turnos alternados que queriam modificar seus horários de trabalho, um aceitando trabalhar de noite e a outra aceitando trabalhar de dia. 16 Participantes Participaram do estudo 11 funcionários que trabalhavam em turnos alternados para o Grupo Engefort de São Carlos. Além de manifestar interesse em modificar seu turno de trabalho, eles teriam que concordar com as alterações advindas do remanejamento de turno de trabalho (Anexo A). Nesse sentido, outros critérios para o emparelhamento dos participantes envolviam as características de seu posto de trabalho. Procurou-se emparelhar funcionários trabalhando em postos pequenos, com no máximo dois funcionários, e buscou-se atentar para que a distância entre cada um dos postos que seriam emparelhados e a casa dos funcionários, de forma que esta distância devia ser equivalente (evitando um aumento no tempo para o funcionário ir até seu posto de trabalho). Instrumento O primeiro instrumento utilizado foi um roteiro de entrevista (Anexo B) que visava obter dados preliminares sobre os funcionários que trabalhavam no turno alternado. Este roteiro já foi aprovado pela organização na qual os dados foram coletados, sendo preparado de forma a contemplar a linguagem interna da organização e seus interesses em relação ao assunto. O segundo instrumento que constitui o pré e pós testes foi composto por uma série de questões, usando formatos fechados e abertos, sendo o número de itens variável para cada questão (Anexo C). Esperava-se aplicar este instrumento duas vezes, uma anterior à intervenção, com o objetivo de obter uma linha de base, e a segunda aplicação posterior à mudança nos horários, com o objetivo de verificar o impacto da intervenção. O instrumento procura levantar informações sobre: a) Características gerais do funcionário: perguntas pessoais sobre o participante (tipo de trabalho, sexo, data de nascimento, escolaridade, se está estudando, se pretende voltar a estudar e estado civil). b) O emprego: perguntas sobre o trabalho que é realizado pelo participante (há quanto tempo ocupa o mesmo cargo e está na empresa, renda individual, renda total da casa, dias trabalhados em período de folga no último mês, absenteísmo nos últimos três meses, vantagens e desvantagens do trabalho, relacionamento interpessoal com colegas, desempenho individual, condições de trabalho). 17 c) Família: perguntas sobre a família (levantamento de informações sobre os familiares do funcionário, tempo dedicado às atividades familiares, intimidade na relação familiar, desempenho familiar) d) Conflitos de trabalho com família: escala sobre a invasão do trabalho nos horários familiares e a sobrecarga do funcionário com tarefas originadas no trabalho. e) Conflitos de família com trabalho: escala sobre a invasão da família em horários do trabalho e a sobrecarga do funcionário com tarefas originadas na família. f) Custos no trabalho: questões sobre atividades que não puderam ser realizadas no trabalho, devido às responsabilidades fora dele. g) Custos pessoais: questões sobre atividades que não puderam ser realizadas na vida pessoal ou família, devido às responsabilidades fora dela. h) Custos para a saúde: hábitos e características de vida do trabalhador que levam a problemas de saúde. i) Enfrentamento de estresse: questões para verificar o nível de estresse e quais as estratégias utilizadas para lidar com o estresse. Também se esperava realizar entrevistas curtas (Anexo D) com pessoas da Empresa que mantêm um contato regular com o funcionário (colega ou supervisor, dependendo do posto) e com alguns clientes em cada posto, a fim de avaliar: seu desempenho e suas relações interpessoais no trabalho, antes e após o remanejamento. Procedimento Para garantir respostas confiáveis dos participantes, todos os instrumentos foram aplicados usando uma abordagem que envolve a leitura e explicação dos itens em voz alta e esclarecimento de dúvidas pela pesquisadora, com o preenchimento do instrumento pelo funcionário. Este procedimento facilitava o entendimento dos funcionários e evitou problemas para aqueles com grau de escolaridade abaixo da média (um terço dos funcionários). Era previsto que a realização do projeto envolveria quatro fases. Na primeira, aplicar-se-ia o instrumento para verificar o interesse dos funcionários que trabalhavam em turnos alternados, pela proposta de remanejamento de turnos, assim como levantamento de informações necessárias para a análise dos dados obtidos e implementação do 18 remanejamento. Uma vez verificado o interesse dos funcionários pelo remanejamento, e aceitação do mesmo por parte do supervisor e cliente, esperava-se aplicar o pré-teste para traçar uma linha de base sobre a situação familiar e profissional e os conflitos entre as duas esferas envolvendo os funcionários, os colegas/supervisores e os clientes. A terceira fase seria constituída pela intervenção (mudança de horário) e acompanhamento de impactos sobre o funcionário, seus colegas e clientes nos postos de trabalho, procurando sanar dificuldades não previstas o mais rápido possível. Na última fase, aplicar-se-ia o pós-teste para avaliar a intervenção realizada junto aos funcionários, os colegas/supervisores e os clientes. Compromisso ético No desenvolvimento da pesquisa, todos os cuidados foram tomados para observar os princípios éticos que regem pesquisas com participação voluntária de seres humanos. Acredita-se que a pesquisa realizada não causou nenhum tipo de dano físico, psicológico ou moral aos participantes. Os participantes foram informados claramente dos objetivos dos estudos, antes de solicitada a sua colaboração e do sigilo de suas respostas. Os participantes estão tendo acesso aos resultados e conclusões do estudo realizado com base numa breve apresentação dos resultados, preparada para tal finalidade. Resultados Esperados Segundo a literatura que existe em relação à introdução de horários alternativos de trabalho (Gottlieb, Kelloway & Barham, 1998), mudanças do tipo proposto neste projeto devem melhorar a satisfação do funcionário, sem prejudicar a avaliação do seu desempenho por parte dos colegas/supervisores. Acredita-se que, conforme diminuem as faltas e rotatividade dos funcionários remanejados, a avaliação dos colegas/supervisores e clientes poderá ser não só neutra, como positiva. 19 RESULTADOS E DISCUSSÃO Para uma proposta de mudança como essa ser colocada em prática fez-se necessário um estudo mais aprofundado sobre a situação dos funcionários de turnos alternados, para obter mais informações sobre o real interesse deles pela mudança, além de alguns dados pessoais, uma verificação do cargo que ocupavam e um levantamento da natureza do trabalho que realizavam. Para identificar os funcionários interessados na mudança e, respeitando a preferência deles quanto ao turno desejado, estudar as possibilidades de parear postos (nos postos com somente um funcionário por turno, por onde a mudança começaria), com condições de trabalho parecidas e que fossem de fácil acesso aos funcionários, foi formulado um roteiro de entrevista enfocando essas questões. A partir da análise das entrevistas, esperava-se selecionar 12 funcionários que trabalhavam em turnos alternados que seriam alocados em dois grupos, um experimental e outro controle, sendo que o primeiro participaria efetivamente das alterações propostas e o segundo grupo continuaria no mesmo turno de trabalho. Dessa forma, seria possível comparar os dois grupos ao final do estudo, e inferir as possíveis alterações, decorrentes da mudança de turno alternado para turno fixo. Para participar do projeto, o funcionário deveria manifestar interesse em modificar seu turno de trabalho e concordar com as alterações advindas do remanejamento. Tais mudanças incluiriam um aumento ou diminuição da distância da casa do funcionário em relação ao segundo posto, um aumento no salário para os funcionários alocados no turno noturno e uma redução para os alocados no turno diurno, assim como as diferenças específicas de cada posto de trabalho. Outros critérios para escolha dos participantes seriam as características físicas (ambiente externo ou interno; existência de uma ronda e percurso desta, etc) e sócias (lugares com muito ou pouco contato com pessoas) de seu posto de trabalho. Os participantes deveriam trabalhar em postos pequenos (um funcionário por turno) e a distância entre os postos que seriam emparelhados e as casas dos funcionários, deveria ser equivalente (evitando um aumento no tempo para o funcionário ir até seu posto de trabalho). Os funcionários que não pudessem ser pareados com os colegas, devido ao não cumprimento dos critérios especificados acima iriam compor o grupo controle. 20 Esperava-se que, através do emparelhamento entre dois postos de trabalho, os funcionários insatisfeitos com o turno alternado fossem remanejados para um turno fixo de sua preferência, criando uma opção de mudança para os mesmos. Além disso, através deste estudo poderiam ser avaliados os impactos de uma alteração nas rotinas de trabalho, feita através do remanejamento de turnos alternados para turnos fixos, na qualidade de vida de vigilantes e porteiros, em termos de sua saúde, satisfação no trabalho e diminuição dos conflitos entre trabalho e família. Tabela 1 – Os turnos preferidos pelos dos funcionários entrevistados Turno Diurno Fixo 42,3% Turno Noturno Fixo 11,5% Turno Noturno ou Diurno Fixo 17,3% Permanecer em turno Alternado 21,1% Não trabalhavam em turno 7,7% Alternado Total de Entrevistados 52 funcionários Das quatro fases que constituem o projeto, foram realizadas apenas as duas primeiras. Na primeira fase, na qual foi aplicado o instrumento para levantar os dados dos funcionários e interesse dos mesmos em modificar o turno de trabalho, foram entrevistados 52 funcionários, sendo que 42,3% quiseram trabalhar no turno diurno fixo, 11,5% foram favoráveis à transferência para o turno noturno fixo, 21,1% gostariam de continuar no turno alternado, 17,3% foram favoráveis tanto ao turno diurno como ao noturno fixo e 7,7% dos entrevistados não trabalhavam em turno alternado 1. A partir dessa triagem e da triagem dos funcionários de postos pequenos (por onde a mudança seria iniciada), foram estudadas diversas possibilidades de emparelhamento, de acordo com a preferência de turnos expressadas pelos funcionários, condições de trabalho parecidas nos postos a serem emparelhados e que fossem de fácil acesso aos funcionários. 1 – O termo “folguista” usado ma empresa em questão para se referir ao trabalho em turnos alternados, também era usado em alguns outros contextos, sem envolver turnos alternados. 21 Muitos dos emparelhamentos propostos se mostraram inviáveis, posteriormente, por fatores desconhecidos pelas pesquisadoras durante o estudo das possibilidades nesta primeira etapa do projeto. Dentre estes fatores destacam-se: diferenças de função (vigilantes, porteiros, controladores de patrimônio, líderes, guardetes), diferenças salariais (a organização estudada é composta por três empresas que controlam funções especificas e em comum, porém cada empresa atribui a estas funções salários diferentes), diferentes tipos de clientes (empresas, condomínios, residências, fazendas, bairros, escolas/universidades, shopping, segurança pessoal, monitoramento), características dos funcionários (pessoas com idade avançada não são indicadas para postos com rondas longas a pé, por exemplo) e possíveis problemas de aceitação de mudanças por parte de alguns clientes. Outra dificuldade encontrada foi que alguns dos funcionários de turnos alternados que passaram pela triagem já haviam saído da empresa ou haviam sido alocados para um turno fixo. Este fator deve ser considerado como mais um dado que pode refletir que o turno alternado de trabalho apresenta uma alta taxa de rotatividade, o que também comprova a necessidade de estudá-lo para investigar os motivos deste problema. Além disso, o que determinou a impossibilidade de implementar o projeto ora proposto, além do número restrito de emparelhamentos possíveis, foram questões particulares e isoladas dos funcionários, como vontade de se desligar da empresa ou dificuldade para trabalhar sendo supervisionado. Para dar início à fase de intervenção proposta neste estudo, seria importante viabilizar o remanejamento. Como isto não ocorreu, optou-se por realizar uma análise de banco de dados que possui informações sobre estes funcionários e que poderia indicar algumas justificativas paras as dificuldades encontradas em aplicar uma mudança do tipo previsto. 22 ESTUDO 2 Embora o trabalho que ocorre em horários não normativos (à noite, final de semana, feriados) possa causar dificuldades interpessoais na vida pessoal dos funcionários, dependendo do seu contexto familiar, o trabalho em turnos alternados pode causar maiores efeitos negativos do que o trabalho noturno na saúde biológica do indivíduo. Neste sentido, espera-se que a maioria das pessoas que trabalha em turnos alternados tenha uma qualidade de vida pior do que as pessoas que trabalham em turnos noturnos fixos, e que ambas essas tenham uma qualidade de vida pior do que aquelas que trabalham em turnos diurnos fixos. No entanto, em função de circunstancias pessoais, existem funcionários que realmente preferem trabalhar em turnos noturnos ou alternados, em detrimento dos turnos diurnos. Assim, é necessário sempre levar em conta as preferências dos funcionários para verificar como remanejar funcionários entre turnos para diminuir os problemas associados ao trabalho em horários não normativos. Além disso, é importante lembrar que o turno de trabalho é apenas um dos fatores que podem afetar a divisão de tempo do funcionário entre o trabalho e sua vida pessoal e familiar. Outros fatores importantes incluem o esquema de trabalho (numero de dias de trabalho em relação aos dias de folga, por exemplo, 5 por 2, 4 por 2, 6 por 1, etc) e horas semanais de trabalho. OBJETIVO DO ESTUDO O presente estudo tem como objetivo avaliar se a existência de conflitos trabalhofamília poderia ser atenuada, caso o funcionário estivesse alocado em um esquema, turno ou número de horas a serem trabalhadas de sua preferência. Tendo em vista que um funcionário está submetido a um esquema, turno e número de horas, a preferência por determinado arranjo de esquemas de trabalho ou número de horas poderia ser um fator limitante de mudança para outro turno de trabalho, que promoveria uma nova reorganização na rotina profissional e familiar do funcionário, mesmo o turno sendo o preferido pelo funcionário. Para tanto, realizou-se uma comparação entre um grupo de funcionários que estava trabalhando em um esquema ou turno de trabalho ou número de horas de trabalho 23 de sua preferência e um grupo que quis mudar de esquema, turno ou carga horária, a partir da análise de um banco de dados que contém respostas de um questionário aplicado em 2001, na empresa citada. MÉTODO Participantes Participaram deste estudo 211 funcionários, com idade média de 32 anos, de uma organização privada de médio porte, prestadora de serviços terceirizados da cidade de São Carlos. Dos 211 participantes, a grande maioria (91%) era homem, sendo 60% casados. A escolaridade dos funcionários era alta, sendo que 58% possuíam pelo menos segundo grau completo. Dentre os participantes, a amostra restringiu-se apenas aos funcionários que exerciam na empresa em questão a função de vigilante (líderes e guardetes), representando 64,2% do total de participantes, e os que exerciam a função de porteiro (porteiros e atendentes ao público), que representam 24,1% dos participantes do estudo. É preciso ressaltar que o item sobre a função desempenhada foi respondido por 92,5 dos funcionários que participaram do estudo. Instrumento Foi utilizado um questionário constituído por 28 questões (Anexo E) nomeado “Conflitos entre trabalho e família: Estratégias de enfrentamento” (Barham, Faria e Serra, 2000) para realizar um diagnóstico do equilíbrio entre trabalho e família dos funcionários desta empresa. Para tanto, foram investigados as rotinas de trabalho, a prevalência de conflitos entre trabalho e família, os custos que estes causavam em sua vida profissional e pessoal/familiar, os programas de apoio da empresa aos funcionários e as estratégias que os funcionários utilizavam-se para lidar com o estresse. O instrumento foi criado com base no Questionário de CARNET (1993, 1995) traduzido e revisado em outros projetos de pesquisa brasileiros (Corradi e Barham, 1999, 2000; Paschoal e Barham, 2000; Pratta e Barham, 1999, 2000). 24 Do instrumento, serão utilizados apenas os itens que abordavam os seguintes tópicos: 1) Seu emprego: turno de trabalho atual e preferido, esquema de trabalho atual e preferido, número de horas trabalhadas e que gostaria de trabalhar. 2) Sua família: perguntas sobre os impactos positivos e negativos do emprego na família, o tempo dedicado a atividades familiares e que gostaria de dedicar. 3) Conflitos de família com trabalho: escala tipo Likert de 12 itens sobre a freqüência da ocorrência de conflitos entre as responsabilidades familiares com de trabalho, com origem na família, tendo base no tempo (6 itens) ou na sobrecarga (6 itens). A escala de pontuação variava de 0, “nunca” a 6, “todo dia”. 4) Conflitos de trabalho com família: escala tipo Likert de 12 itens sobre a freqüência da ocorrência de conflitos entre as responsabilidades de trabalho com os familiares, com origem no trabalho, tendo base no tempo (6 itens) ou na sobrecarga (6 itens). A escala de pontuação variava de 0, “nunca” a 6, “todo dia”. 5) Custos no trabalho: questões sobre a freqüência com a qual várias atividades não puderam ser realizadas no trabalho, devido às responsabilidades fora dele. Constou de 15 itens fechados, que mediam a freqüência de ocorrência. A escala de pontuação usada variava de 0, “nunca” a 6, “todo dia”. 6) Custos pessoais: questões sobre a freqüência com a qual várias atividades não puderam ser realizadas na família ou vida pessoal, devido às responsabilidades de trabalho. A escala de pontuação variava de 0, “nunca” a 6, “todo dia”. Tal questão foi constituída por 11 itens, que mediram a freqüência de ocorrência. 7) Estresse: escala tipo Likert de 18 itens, com o objetivo de verificar como os participantes estavam se sentindo no último ano. A escala de estresse era composta por duas sub partes. A primeira parte constava de uma avaliação geral de estresse, sem apontar as origens do estresse, construído por Cohen e Williamson (1988). Este instrumento foi traduzido por Corradi e Barham (2000) e Prattta e Barham (1999). A segunda parte visava avaliar o estresse ligado ao trabalho, adaptando itens de várias escalas de satisfação no trabalho, carga de trabalho e ritmo de trabalho de CARNET (1993). 25 Procedimento Foi realizada uma análise da freqüência de ocorrência de conflitos trabalho-família, comparando um grupo de funcionários que estava trabalhando em: (a) um esquema de trabalho, (b) turno de trabalho ou (c) com carga horária de sua preferência e outro grupo que estava querendo mudar de esquema, turno ou carga horária. Para tanto, foi realizada uma análise de um banco de dados que contém os itens descritos acima. RESULTADOS Análise de dados Dados quantitativos Para os dados quantitativos, foram feitas análises estatísticas descritivas e comparativas para verificar a importância relativa de fatores familiares e do trabalho. Para os dados contínuos, foram calculadas medidas de tendência central (média, moda) e variação (desvio padrão) para cada item, com comparações entre sub-grupos, se houver um número suficiente de participantes, realizados através do teste-t (por exemplo, para comparar a freqüência dos conflitos de família com trabalho entre funcionários que estavam alocados num esquema ou turno de trabalhão ou carga horária de sua preferência e os que estavam querendo mudar seus atuais arranjos de trabalho). Esquema de trabalho Quase todos os funcionários nesta amostra trabalhavam num esquema de quatro dias de trabalho seguidos por dois dias de folga, chamado “4 por 2”. Existiam outros esquemas na empresa, como o “6 por 1” (trabalhando oito horas por dia) e, no setor administrativo, “5 por 2”. 26 Tabela 2 – Distribuição dos grupos de funcionários, considerando a variável esquema de trabalho Satisfação com Cargo/ Função Total (%) esquema Vigilante (%) Porteiro (%) Esquema desejado 38,5 21,1 35,1 Esquema não 61,5 78,9 64,9 80,4 19,6 100 desejado Total Entre os porteiros e vigilantes, 35,1% (1/3) dos funcionários relataram estar no esquema de trabalho desejado e 64,9% (2/3) dos funcionários estavam querendo trabalhar em um esquema diferente. As diferenças entre os vigilantes e porteiros não foram significativas. Turno de trabalho Por ser uma empresa que prestava serviços 24 horas por dia aos seus clientes, teria que existir uma escala de turnos de trabalho para atender a essa demanda. No esquema 4 por 2, existem os turnos diurno, noturno e alternado. No esquema 6 por 1, existem três turnos por dia: matutino, vespertino e noturno. Tabela 3 – Distribuição dos grupos de funcionários estudados considerando a variável turno de trabalho Satisfação com Cargo/Função Total (%) turno Vigilante (%) Porteiro (%) Turno desejado 61,8 54,2 60,2 Turno não desejado 38,2 45,8 39,8 Total 78,8 21,2 100 Em relação aos turnos de trabalho, 60,2% (2/3) dos funcionários estavam trabalhando no turno que gostariam de estar e 39,8% (1/3) não estavam trabalhando no turno de sua preferência. As diferenças entre os vigilantes e porteiros não foram significativas. 27 Carga horária A carga horária média dos funcionários nesta amostra foi 56 horas por semana, sem contar horas extras acumuladas em função de trabalhar num dia de folga para cobrir a falta de um colega. Assim, a carga horária nestas funções foi acima da norma brasileira (até 44 horas semanais). Tabela 4 – Distribuição dos grupos de funcionários estudados considerando a variável carga horária Satisfação com Cargo/Função Total (%) carga horária Vigilante (%) Porteiro (%) Horas desejadas 24,5 15,4 22,7 Horas não desejadas 75,5 84,6 77,3 Total 80,3 19,7 100 Dos participantes que responderam este item, mais da metade (77,3%) não trabalhavam o número de horas desejadas e apenas 22,7% dos respondentes relataram estar satisfeitos com o número de horas que trabalhavam. As diferenças entre os vigilantes e porteiros não foram significativas. 28 Tipos e freqüência de problemas relacionados a conflitos entre trabalho e família nos dois grupos de funcionários Esquema de trabalho Tabela 5 – Tipos e freqüência de problemas entre funcionários satisfeitos e insatisfeitos com seu esquema de trabalho Problemas Funcionários Funcionários Insatisfeitos Satisfeitos Teste -t Freqüência Freqüência Freqüência Freqüência Média Média Média Média a) tempo 0,75 1,2 0,39 0,51 1,68 Família b) sobrecarga 0,70 1,04 0,37 0,62 1,58 1.2 Com a) tempo 1,67 1,43 3,16 1,43 4,05*** b) sobrecarga 1,47 1,18 2,24 1,51 2,3* a) no trabalho 0,59 0,56 0,40 0,46 1,23 b) pessoais 2,60 1,16 2,63 1,44 -0,09 a) Geral 2,05 0,72 2,2 1,25 -0,39 b) ligado ao trabalho 2,46 1,36 3,27 0,78 2,04* 1. Conflitos 1.1 Com origem na origem no trabalho 2. Custos 3. Estresse Nota: Grau de significância do teste: * p< 0,05; ** p< 0,01; *** p< 0,001. Escala de pontuação: 0, “nunca”; 1, “algumas vezes por ano”; 2, “todo mês”; 3, “duas a três vezes por mês”; 4, “uma vez por semana”; 5, “algumas vezes por semana” e 6, “todo dia”. 29 A Tabela 5 indica que, em relação a conflitos com origem na família envolvendo “tempo” (invasão de horários para atividades profissionais), não houve qualquer diferença significativa entre os funcionários que relatavam não estar trabalhando no esquema de sua preferência (n = 42) e os que desempenhavam suas atividades profissionais no esquema de trabalho de sua preferência (n= 22). Ainda considerando os conflitos com origem na família, mas avaliando a “sobrecarga” gerada pelos mesmos, entre o grupo de funcionários que não estavam no esquema de sua preferência (n = 41) e os funcionários que estavam alocados no esquema de sua preferência (n = 26), não foram verificadas diferenças significativas na freqüência de ocorrência de sobrecarga. Considerando os conflitos originados no trabalho, envolvendo “tempo”, que provocam invasão de horários para atividades familiares, foi verificada uma freqüência significativamente maior de problemas entre os funcionários que relataram não estar no esquema de trabalho de sua preferência (n = 38, M = 3,16, dp = 1,43) em relação aos funcionários que disseram estar no esquema de trabalho que mais gostariam (n = 25, M = 1,67, dp = 1,43), t (61) = 4,05, p < 0,001. Os funcionários que não estavam no esquema de sua preferência relataram apresentar em média de “duas a três vezes por mês” os conflitos citados acima, enquanto que os funcionários que estavam no esquema que gostariam relataram vivenciar conflitos originados no trabalho, provocando a invasão de horários para atividades familiares, em média, entre “algumas vezes por ano” e “todo mês”. Ainda com base na tabela 5 é possível perceber que as pessoas que não estavam alocadas no esquema de trabalho de sua preferência mostram uma freqüência significativamente maior de conflitos originados no trabalho, envolvendo “sobrecarga” das atividades profissionais (n = 45, M = 2,24, dp = 1,51) do que os participantes que estavam trabalhando em um esquema de trabalho desejado ( n = 25, M = 1,47, dp = 1,18), t (55) = 2,3, p < 0,05. Estes disseram enfrentar tais conflitos entre “algumas vezes por ano” e “todo mês”, enquanto que os participantes que quiseram de mudar de esquema de trabalho relataram apresentar estes conflitos “todo mês”, em média. Em relação aos custos pessoais, custos no trabalho e estresse geral, não houve diferença significativa entre os funcionários que trabalhavam no esquema desejado e os que querendo trabalhar em outro esquema. 30 No entanto, a Tabela 5 mostra que as pessoas que relataram não estar no esquema de sua preferência apresentaram maior tendência a desenvolver estresse ligado ao trabalho (n = 10, M = 3,27, dp = 0,78) do que os participantes do estudo que afirmaram estar trabalhando em um esquema desejado por eles (n = 19, M = 2,46, dp = 1,36), t (26) = 2,04, p = 0,05. Ou seja, estes relataram vivenciar estresse ligado ao trabalho entre “todo mês” e “duas ou três vezes por mês”, em média, enquanto o outro grupo estudado relatou enfrentar estresse ligado ao trabalho “uma vez por semana”, em média. 31 Turno de trabalho Tabela 6 – Tipos e freqüência de problemas entre funcionários satisfeitos e insatisfeitos com seu turno de trabalho Problemas Funcionários Funcionários Insatisfeitos Satisfeitos Teste -t Freqüência Freqüência Freqüência Freqüência Média Média Média Média a) tempo 0,69 0,98 0,60 0,99 0,4 Família b) sobrecarga 0,50 0,78 0,72 1,11 -0,99 1.2 Com a) tempo 3,48 1,36 2,22 1,43 3,74*** b) sobrecarga 2,52 1,37 1,79 1,47 2,16* a) no trabalho 0,59 0,49 0,53 0,59 0,35 b) pessoais 2,51 1,14 2,67 1,34 -0,49 a) Geral 2,35 1,12 2,10 1,10 0,64 b) ligado ao trabalho 2,94 1,13 2,98 1,53 -0,08 1. Conflitos 1.1 Com origem na origem no trabalho 2. Custos 3. Estresse Nota: Grau de significância do teste: * p< 0,05; ** p< 0,01; *** p< 0,001. Escala de pontuação: 0, “nunca”; 1, “algumas vezes por ano”; 2, “todo mês”; 3, “duas a três vezes por mês”; 4, “uma vez por semana”; 5, “algumas vezes por semana” e 6, “todo dia”. A Tabela 6 mostra que, fazendo uma comparação entre os funcionários que estavam no turno de trabalho desejado e os que não estavam no turno de sua preferência, em relação a conflitos, com origem na família, relacionados ao tempo que dedicavam a atividades familiares, que afetariam o desempenho e satisfação no trabalho, não houve diferença significativa entre os dois grupos. 32 Em relação à sobrecarga devido a conflitos originados na família, avaliados pelo Teste t, não foi verificada qualquer diferença significativa entre os dois grupos citados. Mais uma vez, as pessoas que trabalhavam no turno de sua preferência relataram conflitos com origens no trabalho, envolvendo invasão de horários para atividades familiares, com uma freqüência significativamente menor (M = 2,22; dp = 1,43) do que as pessoas trabalhando em um turno indesejado (M = 3,48; dp = 1,36), t (107) = 3,74, p < 0,001. Isto significa que os funcionários satisfeitos com o turno em que trabalhavam relataram conflitos com origens no trabalho, envolvendo invasão de horários para atividades familiares, em média, “todo mês”, enquanto que os funcionários insatisfeitos afirmaram a existência de tais conflitos entre “duas a três vezes por mês” e “uma vez por semana”, em média. A Tabela 6 mostra que referente à sobrecarga dos conflitos originados no trabalho, os funcionários que não estavam trabalhando no turno desejado apresentaram este tipo de problema com uma freqüência maior (n = 30; M = 2,52; dp = 1,38) do que os participantes que estavam alocados no turno de sua preferência (n = 46; M = 1,80; dp = 1,47) com t (74) = 2,16 e p < 0,05. Ou seja, os funcionários que estavam querendo mudar de turno relataram vivenciar estes conflitos, em média, entre “todo mês” e “duas a três vezes por mês”. No entanto, os funcionários satisfeitos afirmaram vivenciar aqueles conflitos entre “algumas vezes por ano” e “todo mês”, em média. Da Tabela 6 é possível perceber que em relação a custos no trabalho, custos pessoais, estresse geral e estresse ligado ao trabalho, o grupo de funcionários que trabalhava no turno de trabalho desejado e o grupo que não estavam no turno de sua preferência, não relataram diferença estatisticamente significativa. 33 Carga horária Tabela 7 – Tipos e freqüência de problemas entre funcionários satisfeitos e insatisfeitos com sua carga horária Problemas Funcionários Funcionários Insatisfeitos Satisfeitos Teste -t Freqüência Freqüência Freqüência Freqüência Média Média Média Média a) tempo 0,69 1,12 0,53 0,87 3,54** Família b) sobrecarga 0,67 1,09 0,36 0,48 2,39* 1.2 Com a) tempo 2,94 1,42 1,16 1,38 1,60 b) sobrecarga 2,51 1,53 1,27 1,40 0,96 a) no trabalho 0,56 0,49 0,33 0,35 2,08* b) pessoais 2,61 1,33 2,21 1,05 3,06** a) Geral 2,65 1,07 1,55 1,11 0,46 b) ligado ao trabalho 3,26 0,97 1,61 1,19 1,38 1. Conflitos 1.1 Com origem na origem no trabalho 2. Custos 3. Estresse Nota: Grau de significância do teste: * p< 0,05; ** p< 0,01; *** p< 0,001. Escala de pontuação: 0, “nunca”; 1, “algumas vezes por ano”; 2, “todo mês”; 3, “duas a três vezes por mês”; 4, “uma vez por semana”; 5, “algumas vezes por semana” e 6, “todo dia”. Como é possível verificar na Tabela 7, em relação aos conflitos originados na família, envolvendo “tempo” (invasão de horários para atividades profissionais) e “sobrecarga”, além dos custos pessoais e custos no trabalho, tanto para as pessoas que 34 trabalhavam o número de horas desejadas como para as que não estavam satisfeitas com o número de horas que passavam desempenhando atividades profissionais, não foi verificada qualquer diferença significativa. Por outro lado a Tabela 7 mostra que para os conflitos originados no trabalho, envolvendo “tempo” (invasão de horários em atividades familiares), o grupo de funcionários que não trabalhavam o número de horas que gostariam relatava com maior freqüência à existência daqueles conflitos (n = 34; M = 2,94 e dp = 1,42) do que os funcionários que trabalhavam o número de horas que desejam (n = 10; M = 1,16 e dp = 1,39), com t (15) = 3,54 e p < 0, 01. Isto significa que o grupo de funcionários insatisfeitos com o número de horas trabalhadas relatava vivenciar aqueles conflitos de “duas a três vezes por mês”, enquanto que o outro grupo afirmava experienciar os conflitos citados acima, em média, “algumas vezes por ano”. Os funcionários que não trabalhavam o número de horas que desejavam relataram com maior freqüência (n= 35; M = 2,51 e dp = 1,53) a existência de conflitos com origem no trabalho relacionados a sobrecarga, que afetavam a família e as atividades familiares, do que os participantes que estavam trabalhando o número de horas desejadas (n = 11; M = 1,27 e dp = 1,41), t (44) = 2,39, p < 0,05. Isso significa que os primeiros apontavam vivenciar estes conflitos entre ‘todo mês” e “duas a três vezes por mês”, em média, e o outro grupo, “algumas vezes por ano”. Para o grupo de pessoas que não trabalhava o número de horas que gostaria, foi verificado que a freqüência de aparecimento de estresse geral (n = 11; M = 2,65 e dp = 1,07) foi maior em relação às pessoas, as quais estavam satisfeitas com o número de horas que passavam em atividades profissionais (n = 7; M = 1,55 e dp = 1,12), t (16) = 2,08, p < 0,05. Isto significa que o grupo de funcionários insatisfeitos com o número de horas trabalhadas vivenciava estresse geral entre “todo mês” e “duas a três vezes por mês”, enquanto que o outro grupo afirma experienciar os conflitos citados acima, em média, entre “algumas vezes por ano” e “todo mês”. Da mesma forma, os funcionários que não estavam satisfeitos com o número de horas trabalhadas apresentavam com freqüência significativamente maior estresse ligado ao trabalho (n = 11; M = 3,26 e dp = 0,97) do que os funcionários que trabalhavam o 35 número de horas de sua preferência (n = 7; M = 1,61 e dp = 1,19), t (11) = 3,06, p = 0,01. A média dos grupos mostra que os funcionários que compuseram o grupo insatisfeito em relação ao número de horas trabalhadas afirmavam experienciar estresse ligado ao trabalho entre “duas a três vezes por mês” e “uma vez por semana”, enquanto que o grupo satisfeito relatava vivenciar este tipo de estresse entre “algumas vezes por ano” e “todo mês”. Nota-se que o número de pessoas que responderam à pergunta sobre sua carga horária desejada foi muito menor do que o número de pessoas que indicaram o esquema ou turno de trabalho de sua preferência. Não se sabe porque o número de respondentes foi tão menor, neste caso. 36 Atividades pessoais e familiares que deixavam de ser realizadas devido à falta de tempo Esquemas de trabalho Tabela 8 – Freqüência dos custos pessoais para funcionários satisfeitos e insatisfeitos com seu esquema de trabalho Atividades Funcionários Satisfeitos Freqüência Desvio Média Padrão Encontro com outros familiares Encontro com amigos Trabalho voluntário 2,58 2,19 2,96 N Funcionários Insatisfeitos Teste – t Freqüência Desvio N Média Padrão 29 2,71 1,84 45 0,25 2,11 29 3,22 1,73 44 0,55 2,10 2,36 28 1,97 2,23 38 -0,23 Curso de aperfeiçoamento Participação em associações e organizações religiosas e comunitárias Outras atividades de lazer Atividade Física 2,62 2,12 29 2,08 1,73 45 -1,13 2,10 2,12 29 1,78 2,00 41 -0,64 2,66 2,05 30 2,85 1,86 41 0,39 2,27 2,18 29 2,93 2,18 44 1,26 Descansar/Dormir 2,70 2,62 27 3,85 2,33 42 1,86 Cuidar da aparência pessoal Consultar médicos, dentistas e outros profissionais de saúde Se alimentar do modo que gostaria 2,63 2,68 30 3,00 2,57 40 0,58 2,3 2,03 30 2,28 1,98 43 -0,04 3,26 2,69 30 2,80 2,66 42 -0,72 Nota: Grau de significância do teste: * p< 0,05; ** p< 0,01; *** p< 0,001. Escala de pontuação: 0, “nunca”; 1, “algumas vezes por ano”; 2, “todo mês”; 3, “duas a três vezes por mês”; 4, “uma vez por semana”; 5, “algumas vezes por semana” e 6, “todo dia”. 37 A Tabela 8 mostra que, comparando o grupo de funcionários que estava querendo mudar seu esquema de trabalho com o grupo que estava satisfeito em relação ao seu esquema, não foi verificada qualquer diferença significativa entre eles em relação à freqüência com a qual sofreiam custos na sua vida pessoal e familiar. No entanto, é possível perceber que, apesar dos altos valores de desvio padrão apresentados para ambos os grupos em cada item, todos os funcionários, estando eles satisfeitos ou insatisfeitos em relação ao esquema de trabalho, relataram deixar de realizar com alta freqüência atividades importantes como descansar/dormir e de se alimentar do modo como gostariam. 38 Turnos de trabalho Tabela 9 – Freqüência dos custos pessoais para funcionários satisfeitos e insatisfeitos com seu turno de trabalho Atividades Funcionários Satisfeitos Freqüência Desvio Média Padrão Encontro com outros familiares Encontro com amigos Trabalho voluntário Curso de aperfeiçoamento Participação em associações e organizações religiosas e comunitárias Outras atividades de lazer Atividade Física 2,72 2,00 2,95 N Funcionários Insatisfeitos Teste - t Freqüência Desvio N Média Padrão 48 2,42 1,95 35 -0,68 1,78 47 2,70 2,08 33 -0,58 2,41 2,43 46 1,43 1,90 30 -1,96 2,40 1,87 49 1,71 1,77 31 -1,68 2,31 2,10 47 1,25 1,64 32 -2,53 2,70 1,96 47 2,15 1,93 32 -1,22 2,40 2,15 48 2,60 2,24 32 0,40 Descansar/Dormir 3,37 2,55 45 3,67 2,28 31 0,54 Cuidar da aparência pessoal Consultar médicos, dentistas e outros profissionais de saúde Se alimentar do modo que gostaria 2,95 2,62 48 3,61 2,51 31 1,11* 2,18 1,90 48 2,16 2,22 31 -0,06* 2,65 2,45 49 3,87 2,63 32 2,10** Nota: Grau de significância do teste: * p< 0,05; ** p< 0,01; *** p< 0,001. Escala de pontuação: 0, “nunca”; 1, “algumas vezes por ano”; 2, “todo mês”; 3, “duas a três vezes por mês”; 4, “uma vez por semana”; 5, “algumas vezes por semana” e 6, “todo dia”. De acordo com a Tabela 9, não foi observada qualquer diferença significativa entre os dois grupos de funcionários (satisfeitos e insatisfeitos) relacionada a custos pessoais envolvendo encontro com outros familiares, encontros com os amigos, trabalho voluntário, participação em cursos de aperfeiçoamento, participação em associações e organizações 39 religiosas e comunitárias, outras atividades de lazer, atividade física, descansar/dormir, cuidar da aparência pessoal ou consultar médicos, dentistas e outros profissionais de saúde. No entanto, a Tabela 9 mostra que os funcionários que não estavam trabalhando no turno de sua preferência relataram maior tendência em apresentar custos pessoais ligados às dificuldades do modo como gostariam para se alimentar (n=32; M=3,87 e dp=2,63) em relação aos funcionários que apontaram satisfação com seu turno de trabalho (n=49; M=2,65 e dp = 2,45), t (63) = 2,10, p< 0,05. Isso significa que os funcionários insatisfeitos com seu turno de trabalho disseram deixar de se alimentar do modo que gostaria entre “duas ou três vezes por mês” e “uma vez por semana” e os funcionários satisfeitos, entre “todo mês” e “duas a três vezes por mês”. 40 Número de horas trabalhadas Tabela 10 – Freqüência dos custos pessoais entre funcionários satisfeitos e insatisfeitos com o número de horas de trabalho Atividades Funcionários Satisfeitos Freqüência Desvio Média Padrão Encontro com outros familiares Encontro com amigos Trabalho voluntário Curso de aperfeiçoamento Participação em associações e organizações religiosas e comunitárias Outras atividades de lazer Atividade Física 2,08 1,92 3,46 N Funcionários Insatisfeitos Teste – t Freqüência Desvio N Média Padrão 12 2,69 2,02 39 0,92 2,18 13 2,90 1,77 41 -0,84 1,84 2,26 13 2,00 2,40 37 0,20 2,42 2,31 14 2,13 1,87 38 -0,43 2,0 2,3 12 1,60 1,94 38 -0,54 2,84 2,03 13 2,67 2,08 37 -0,26 2,07 2,06 13 2,63 2,33 38 0,81 Descansar/Dormir 2,58 2,61 12 3,60 2,26 37 1,20 Cuidar da aparência pessoal Consultar médicos, dentistas e outros profissionais de saúde Se alimentar do modo que gostaria 2,70 2,53 13 3,07 2,65 39 0,46 2,30 2,17 13 1,97 2,04 39 -0,49 3,75 2,73 12 2,61 2,57 39 -1,32 Nota: Grau de significância do teste: * p< 0,05; ** p< 0,01; *** p< 0,001. Escala de pontuação: 0, “nunca”; 1, “algumas vezes por ano”; 2, “todo mês”; 3, “duas a três vezes por mês”; 4, “uma vez por semana”; 5, “algumas vezes por semana” e 6, “todo dia”. 41 De acordo com a Tabela 10, não foi observada qualquer diferença significativa entre os dois grupos de funcionários (satisfeitos e insatisfeitos) relacionada a custos pessoais, envolvendo encontro com outros familiares, encontros com os amigos, trabalho voluntário, curso de aperfeiçoamento, participação em associações e organizações religiosas e comunitárias, outras atividades de lazer, atividade física, descansar/dormir, cuidar da aparência pessoal, consultar médicos, dentistas e outros profissionais de saúde ou se alimentar do modo como gostaria. 42 Análise da correlação entre os conflitos trabalho-família e custos para o funcionário Tabela 11 – Correlação entre diferentes tipos de problemas, ligados aos conflitos entre trabalho e família Problemas Família – Trabalho (tempo) r Família – Trabalho (tempo) Família – Trabalho (sobrecarga) TrabalhoFamília (tempo) TrabalhoFamília (sobrecarga) Custos no Trabalho N FamíliaTrabalho (sobrecarga) r N TrabalhoFamília (tempo) r N TrabalhoFamilia (sobrecarga) r N Custos no Trabalho Custos Pessoais r r N N __ 0,57 / 85 __ *** __ 0,73 / 75 __ *** 0,58 / 61 *** 0,51 / 59 __ *** Custos Pessoais __ Estresse geral Estresse ligado ao trabalho 0,64 / *** 27 0,60 / *** 30 0,50 / 24 * Notas: r = média; N = número de respondentes; Grau de significância do teste: * p< 0,05; ** p< 0,01; *** p< 0,001. A Tabela 11 mostra que foi encontrada uma correlação significativa entre os conflitos com origem na família, envolvendo a invasão de horários para atividades profissionais, e os de mesma origem, relacionados ao excesso de preocupações e responsabilidades familiares que acabam afetando a participação e desempenho em 43 atividades profissionais. Ou seja, quando a vida familiar interfere com o trabalho, ocorrem choques de horário e uma sensação de cansaço. Da mesma forma, a Tabela 11 indica que existe uma correlação significativa entre os conflitos com orígens no trabalho envolvendo invasão de horários para atividades familiares, e os de mesma origem, relacionados ao excesso de preocupações e responsabilidades profissionais que acabam afetando a participação e desempenho em atividades familiares. Além disso, a Tabela 11 indica que existe uma correlação significativa entre os custos no trabalho e os conflitos originados na família, envolvendo sobrecarga, que afetam o desempenho em atividades no trabalho. Da mesma forma, os custos no trabalho também estão significativamente correlacionados com os conflitos originados no trabalho, relacionados ao excesso de preocupações e responsabilidades profissionais que acabam afetando a participação e desempenho em atividades familiares. Isto é, responsabilidades no trabalho ou familiares em excesso atrapalham o funcionário no seu desempenho profissional, faltando tempo para reuniões, treinamento, atrasos após o almoço, etc. O estresse ligado ao trabalho, segundo a Tabela 11, apresenta uma correlação significativa com os conflitos originados no trabalho, envolvendo invasão de horários para atividades familiares, com conflitos originados no trabalho relacionados a sobrecarga e com custos pessoais. Isto é, um excesso de trabalho (tempo e sobrecarga) até a ponto de criar conflitos na vida familiar, está associado ao estresse no trabalho, como é de se esperar, e aos custos pessoais (deixar de se cuidar como gostaria). 44 DISCUSSÃO Resumo dos principais achados Dos dados apresentados, é possível perceber que, de um modo geral, os funcionários que estavam insatisfeitos com seu esquema ou turno de trabalho ou com sua carga horária relataram enfrentar conflitos entre trabalho e família mais freqüentes do que os funcionários que estavam satisfeitos (não querendo mudar de esquema, turno ou carga horária). Em relação aos custos pessoais, aparecerem diferenças entre funcionários satisfeitos e insatisfeitos com seu turno de trabalho em relação a apenas três itens. No entanto, a freqüência de algumas das dificuldades relatadas pelos funcionários foi expressivo (falta de tempo para se alimentar corretamente, para encontrar amigos e para descansar ou dormir). Considerando as poucas diferenças entre os funcionários satisfeitos e insatisfeitos, uma possível explicação para os dados encontrados seria que o número de horas demandado pela empresa era muito alto (56 horas semanais, em média, sem contar folgas trabalhadas) para todos, estando eles alocados ou não num esquema ou turno de sua preferência. Assim, todos sofriam custos pessoais com a mesma freqüência. Outro dado importante obtido foi que as demandas excessivas no trabalho prejudicavam o próprio trabalho. Foi verificada uma correlação entre a existência de conflitos originados no trabalho (envolvendo tempo e sobrecarga) e os custos no trabalho. Além disso, os conflitos com origens no trabalho (envolvendo tempo e sobrecarga) também estavam correlacionadas com estresse ligado ao trabalho, o que provavelmente diminui a qualidade e produtividade do trabalho desenvolvido pelos funcionários. Estes dados indicam a urgente necessidade de alterar as condições de trabalho dos funcionários da empresa estudada, tanto para beneficiar os funcionários como a própria empresa, que depende de funcionários que prestam a maior qualidade de serviços possível. Em relação ao problema geral com a carga horária, em estudos anteriores realizados nesta empresa (Faria,2001; Serra, 2001), foi detectada um grande interesse no remanejamento dos esquemas de trabalho, assim como dos turnos. O esquema mais desejado era “12 por 36”, o que envolve um dia de trabalho com carga horária de 12 horas, seguido por “um dia” (36 horas) livres. Esta mudança de esquema levaria a uma 45 redução significativa na carga horária, o que pode ser mais importante que uma nova organização dos turnos de trabalho. No entanto, optou-se por alterar rotinas de trabalho relacionadas aos turnos, uma vez que esta reestruturação não acarretaria custos adicionais para a empresa. Por outro lado, os dados analisados no presente estudo mostram a importância de se considerar as três variáveis (esquemas, turnos e número de horas a serem trabalhadas) em uma futura proposta de intervenção e remanejamento de rotinas de trabalho. A impossibilidade de implementar a proposta do estudo 1 demonstra que atentar apenas para uma mudança de turnos é muito limitante, pois não contempla outras variáveis importantes. LIMITAÇÕES DO ESTUDO Considerando o estudo 2, sua principal limitação foi a utilização de um banco de dados criado em 2001 e que provavelmente, devido à alta rotatividade de funcionários da empresa, pode não refletir a realidade atual. Na verdade, a situação deve ter deteriorado mais, pois a empresa contratou muitos funcionários novos, trabalhando em postos novos, sem, no entanto, aumentar o número de supervisores. Assim, as dificuldades, tensões e sobrecarga aumentaram. Em segundo lugar, apesar de terem sido apenas avaliadas as funções de vigilante e porteiro neste estudo, o questionário foi aplicado em funcionários com outros cargos, também do turno alternado, restringindo a possibilidade de se fazer generalizações sobre este grupo de funcionários. No entanto, o número de funcionários em outros cargos que trabalhavam em turnos alternados foi muito pequeno. Por fim, o questionário foi aplicado no final de um dia de treinamento, o que ocorreu ao final de um dia de trabalho (12 horas) para vários funcionários, ou na véspera de voltar a trabalhar (saindo às 22:00 para entrar no serviço na manhã seguinte às 06:00). Isto poderia justificar o baixo número de pessoas respondendo a alguns dos itens. O cansaço pode ser uma explicação plausível, no entanto, itens localizados logo no início do questionário também foram deixados em branco por muitos participantes. É possível que alguns itens não tenham sido compreendidos pelos participantes com menor grau de escolaridade, comprometendo os dados obtidos devido ao baixo número de respostas. 46 IMPLICAÇÕES PARA A ÁREA DE RECURSOS HUMANOS Este estudo mostrou o quanto um processo de mudança organizacional é demorada e complexo. Apesar dos funcionários desta empresa sinalizarem claramente e repetidas vezes que estavam interessados em deixar de trabalhar em turnos alternados, ao final das contas, não foi possível achar um par de funcionários para testar esta idéia. Sem dúvida, existem outras mecanismos, além da auto-seleção, que podem ser usadas para emparelhar os funcionários. Por exemplo, seria possível chamar estes funcionários, em pares, para descobrir se aceitariam tentar o remanejamento, depois de se conhecer e depois de conhecer o segundo posto. Também seria possível sugerir à empresa que ela deva implementar uma nova política para eliminar turnos alternados, e começar remanejar seus funcionários aos poucos, para que trabalharem em dois postos no lugar de dois turnos, a medida que contratam novos funcionários. Ao mesmo tempo, o fato do remanejamento não dar certo também aponta para um outro fator, que parece ser mais crítico nessa história: a carga horária excessiva. Isto nos lembra que, um plano de intervenção só será bem sucedida se ele visa algo que posso fazer uma diferença importante na vida dos funcionários. Aparentemente, a oportunidade de fixar o turno de trabalho não foi mais importante que as dificuldades de trabalhar em dois postos diferentes, uma vez que a carga horária de sempre continuaria vigendo. 47 Referências Barham, E.J., Gottlieb, B.H. e Kelloway, E.K. (1998). Factors affecting managers’ willingness to grant alternative work arrangements. Journal of Occupational Health Psychology, 15, 138- 149. Barham, E.J. e Serra, M.N. (2001). Equilíbrio entre trabalho e família. In: IX Congresso De Iniciação Científica - Universidade Federal De São Carlos. Quarta Jornada Científica da UFSCar (CD). São Carlos, SP. CARNET: The Canadian Aging Research Network (1993). Work and family: The survey findings for the work and eldercare research group. Guelph, ON: Autor. Cooper, C. L. & Lewis, S. (2000). E agora, trabalho ou família? (1ªed.). São Paulo: Tamisa Editora. Diniz, G.(1999). Homens e mulheres frente à interação casamento trabalho: aspectos da realidade brasileira. Em Terezinha Feres Carneiro, Casal e família: Entre a tradição e a transformação. Nau, R.J., 31-54. Faria, G. S. S & Barham, E. J. (2002). Práticas para o equilíbrio entre o trabalho e a família. In: Resumos do XXXII Reunião Anual de Psicologia da Sociedade Brasileira de Psicologia. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Psicologia, p. 312. Paschoal, T. e Barham, E.J. (out. de 2000). Conciliação de trabalho e família : Horários de trabalho alternativos. In: Xxx Reunião Anual de Psicologia da Sociedade Brasileira de Psciologia, 2000, Brasília. Anais da XXX Reunião Anual de Psicologia da Sociedade Brasileira de Psciologia. Pratta, E.M.M., Barham, E.J. (out. de 2000). A importância do suporte social na resolução dos conflitos de trabalho e família: Dados qualitativos. In: XXX Reunião Anual de Psicologia da Sociedade Brasileira de Pscicologia, 2000, Brasília. Anais da XXX Reunião Anual de Psicologia da Sociedade Brasileira de Psicologia. Pratta, E.M.M. e Barham, E.J. (out. de 1999). A conciliação entre trabalho e família e a percepção de suporte social na perspectiva de docentes da rede pública de ensino no interior paulista. Trabalho apresentado na XXIX Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia. Campinas, SP. Anais da XXIX Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia, 216-217. Ramos, I. M. (1992). A mulher no mercado de trabalho brasileiro. Brasília, Ministério do Trabalho e da Administração, 21p. Robbins, S. P.(1998). Mudança Organizacional e administração de estresse. Em Comportamento Organizacional. (8a ed.). pp. 394-422. Rio de Janeiro: Prentice Hall/ Livros Técnicos e Específicos. Robbins, S. P.(1998). Valores, atitudes e satisfação no trabalho. Em Comportamento Organizacional. (8a ed.). pp. 86-102. Rio de Janeiro: Prentice Hall/ Livros Técnicos e Específicos. Serra, M.N., Barham, E.J. & Faria, G S.S. (2002). Melhorando o Equilíbrio entre Trabalho e Família: A Necessidade e Viabilidade da Introdução de Arranjos Alternativos de Trabalho. In: Resumos do XXXII Reunião Anual de Psicologia da Sociedade Brasileira 48 de Psicologia. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Psicologia, p. 323. Strauss, A. & Corbin, J. (1994). Grounded theory methodology: An overview. In N.K. Denzin & Y.S. Lincoln (Eds.) Handbook of qualitative research. Sage: Thousand Oaks, CA. Thiollent, M. (1988). Metodologia da Pesquisa-Ação. São Paulo: Editora Cortez. 49 Anexo A Mudando rotinas de trabalho Como alterar o esquema de turnos alternados Postos com dois ou mais funcionários No lugar de usar três equipes (diurna, noturna e folguista), criar só duas (diurna e noturna). Para cada dois folguistas, um passa para o turno diurno e o outro para o turno noturno. Ao invés de trabalhar em equipes fixas, todos passam a trabalhar em equipes alternadas: dois dias com um colega (ou um grupo de colegas), dois dias com outro colega (ou grupo de colegas). Por exemplo: Num posto que necessita de 2 funcionários........................ Arranjo atual Funcionári Turno original Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6 T T T T T T T T Folga Folga Folga Folga Folga Folga Folga Folga T T T T o 1 2 Diurno Diurno 3 Folguista (Turnos alternados) 4 Folguista (Turnos alternados) 5 6 Noturno Noturno T T Noturn Noturn o o T T Noturn Noturn o o Folga Folga Folga Folga T T Diurno Diurn o T T Diurno Diurn o T T T T 50 Arranjo após o remanejamento Turno novo Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6 1 2 3 Diurno Diurno Diurno (ex-folguista) T Folga T T Folga T T T Folga T T Folga Folga T T Folga T T 4 Noturno folguista) Noturno Noturno T T Folga Folga T T T Folga T Folga T T T T Folga T Folga T Funcionári o 5 6 (ex- 51 Anexo B. Roteiro de Entrevista - Funcionários em turno alternado Dados pessoais Data:____/____/____ 1. Nome: _______________________________________________________ 2. Endereço - Rua:______________________________________ Bairro:_____________________________________ - Instrução para o aplicador : Marque no mapa 3. Sexo:( ) Masculino ( ) Feminino 4. Idade: _________ anos 5. Estado Civil: ( ) casado ou vivendo como casado ( ) viúvo ( ) separado/divorciado ( ) outro__________ 6. Quem mora com você na sua casa? Coloque o primeiro nome, idade e ocupação de cada pessoa (para quem estuda, marque como estudante). Qual a relação familiar entre você e cada uma dessas pessoas? Nome 1 2 3 4 5 6 7 8 Idade Ocupação Grau de Parentesco Sobre seu trabalho 7. Que cargo você ocupa? ____________________________________ 8. Qual é o seu esquema de trabalho? 9. Qual é o seu turno de trabalho? 5x2 Diurno 4x2 Vespertino 6x1 Outro:_________ Noturno Folguista 10. a. Você supervisiona alguém? Sim Não. b. Se sim: Quantas pessoas? ___________ 52 11. Quantos folguistas trabalham no seu turno (incluindo você)?__________ 12. Posto de trabalho: ______________________________________________ Endereço:_________________________________________ - Instrução para o aplicador : Marque no mapa 13.Quanto tempo você leva para ir até seu posto de trabalho? ___________ 14. Como você vai para o trabalho? a) ônibus ( ) d) bicicleta b) carro ( ) e) moto c) carona ( ) f) a pé ( ) ( ) g) outro _________ ( ) Instrução para o aplicador: Verifique onde fica o ponto mais perto da casa do respondente, caso o entrevistado utilize ônibus (marque o ponto de ônibus no mapa). Anote as linhas dos ônibus que passam por esse ponto. Instrução para o aplicador: Neste momento, explique nossa proposta de remanejamento dos horários/local de trabalho para os folguistas, tentando verificar se o participante está entendendo claramente (utilize a folha em anexo que contém o quadro de remanejamento). Explique algumas implicações desta mudança para o folguista, enfatizando o que será alterado e o que não será. 15. Se a Engefort e o cliente do posto onde você trabalha aprovarem o remanejamento dos folguistas, você estará a favor ou contra deixar de trabalhar em turnos alternados para entrar no turno diurno fixo, com postos ou equipes alternadas? Por que?___________ ( ) a favor ( ) contra 16. Se a Engefort e o cliente do posto onde você trabalha aprovarem o remanejamento dos folguistas, você estará a favor ou contra deixar de trabalhar em turnos alternados para entrar no turno noturno fixo, com postos ou equipes alternadas? Por que? __________ ( ) a favor ( ) contra 17.Na Engefort existem três turnos de trabalho: diurno, noturno e alternado (folguista). a. Qual a sua ordem de preferência para estes três tipos de turno? Para aquele que você achar o melhor marque 1, para o segundo melhor marque 2 e para o menos interessante dos três marque 3. Turno Ordem de Preferência Diurno Noturno Alternado (Folguista) b. Explique por quê você prefere o turno que recebeu nota 1. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 53 c. Se existirem mais pessoas interessadas do que vagas no turno que você atribuiu nota 1, quais os critérios que você acha que deveriam ser usados para escolher quem fica neste turno e quem fica com a segunda opção? _______________________________________________________________ Sobre as condições de trabalho no seu posto 18. Para qual tipo de cliente você trabalha? a. ( ) Empresa b. ( ) Bairro (ou residencial, tipo Parque Faber) c. ( ) Condomínio (apartamento) d. ( ) Residência individual e. ( ) Fazenda f. ( ) Escola/Universidade g. ( ) Shopping h. ( ) Segurança pessoal (Guarda costas) i. ( ) Engefort (Monitoramento) Responda agora sobre as condições de trabalho que existem no seu posto e como você se sente em relação a estas. Para cada item, avalie sua satisfação usando a seguinte escala: 1 Totalmente insatisfeito 2 Insatisfeito 3 Nem insatisfeito, nem satisfeito 4 Satisfeito 5 Totalmente satisfeito 19. a. Quantas horas durante um dia de trabalho você fica em pé?_________ b. Qual seu grau de satisfação em relação a isso? _____ 20. a. Quantas horas durante um dia de trabalho você fica sentado? ________ b. Qual seu grau de satisfação em relação a isso? _____ 21. a. É necessário fazer ronda no seu posto? ( ) Sim ( ) Não b. Qual seu grau de satisfação em relação a isso? _____ Se sim, c. Você faz ronda: 1. a pé ( ) Qual a distância percorrida trabalho?__________ 2. de moto ( ) 3. de carro ( ) 22. a. No seu posto de trabalho, você conversa com outras pessoas? ( ) Sim b. Qual seu grau de satisfação em relação a isso? _____ por dia de ( ) Não Se sim, c. Com quem você conversa? 1. Pessoas que moram/trabalham no seu posto? ( ) Sim ( ) Não 2. Pessoas que visitam seu posto? ( ) Sim ( ) Não 3. Colegas da Engefort? ( ) Sim ( ) Não 23. a. No seu posto, quanto tempo por dia você passa em áreas descobertas, exposto ao tempo? ___________ b. Qual seu grau de satisfação em relação a isso? ______ 54 24. No seu posto, qual seu grau de satisfação em relação à adequação da iluminação? _____ 25. No seu posto, qual seu grau de satisfação em relação à adequação da ventilação? _____ 26. Qual seu grau de satisfação em relação à adequação do controle da temperatura? ____ 27.No seu posto, qual seu grau de satisfação em relação ao nível de ruído/barulho? ____ 28.No seu posto, qual seu grau de satisfação em relação ao tamanho do espaço físico que você tem para trabalhar? ____ 29.No seu posto, qual seu grau de satisfação em relação à limpeza do ambiente? ____ 30. No seu posto, qual seu grau de satisfação em relação à modernidade dos equipamentos que você utiliza no seu dia-a-dia? ____ Sobre suas relações com colegas da Engefort no seu posto de trabalho Instrução para o aplicador: Se o respondente trabalha numa equipe com quatro ou mais colegas, pergunte… 31. Além dos seus colegas folguistas, você também encontra com as pessoas do turno diurno e do turno noturno nas trocas de turno. O que você acha destas pessoas? Para cada uma, avalie, numa escala de 1 a 10: (a) seu desempenho profissional, (b) o quanto você acha que a pessoa contribui ao trabalho da equipe, e (c) o quanto você gosta de cada pessoa, usando as seguintes escalas: 1. Desempenho Profissional 1………………………………..5…………………………………10 Muito baixo Médio Muito alto 2. Contribuição ao trabalho da equipe 1………………………………..5…………………………………10 Muito baixo Média Muito alto 3. O quanto gosta da pessoa 1………………………………..5…………………………………10 Não gosto Indiferente Gosto muito Nome do colega Desempenho Profissional Contribuição ao trabalho da equipe O quanto gosta Folguistas: 55 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Turno diurno: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Turno noturno: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 56 Anexo C. Pré e Pós testes – Remanejamento dos trabalhadores de turnos alternados Dados pessoais Data:____/____/____ 1.Nome: _______________________________________________________ 2.Endereço - Rua:______________________________________ Bairro:_____________________________________ 3. Sexo:( ) Masculino ( ) Feminino 4. Idade: _________ anos 5. Estado Civil: ( ) casado ou vivendo como casado ( ) viúvo 6. Qual seu grau de escolaridade? ( ) 1° grau incompleto ( ) 2° grau incompleto ( ) 3° grau incompleto ( ) pós-graduação ( ) separado/divorciado ( ) solteiro ( ) outro__________ ( ( ( ( ) 1° grau completo ) 2° grau completo ) 3° grau completo ) outro ____________ 7. Você está estudando no momento? ( ) sim ( ) não Se não está estudando, pretende voltar a estudar? ( ) sim ( ) não 8. Quais condições facilitariam a sua volta aos estudos? ( ) financeiras ( ) familiares ( ) trabalho. ______________________________________________________ Especifique: Dados sobre seu trabalho 9. Qual é o seu esquema de trabalho? 10. Qual é o seu turno de trabalho? 5x2 noturno 4x2 diurno 6x1 alternado 57 11. Há quanto tempo você trabalha neste esquema de turno alternado?__________________ 12. Na sua opinião, quais as vantagens e desvantagens de trabalhar em seu turno atual? _________________________________________________________________________ 13. Nos últimos três meses, quantos dias você teve que sair do trabalho mais cedo ou chegar mais tarde? 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 + 14. Nos últimos três meses, quantos dias inteiros de trabalho ao todo você esteve ausente? 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 + 15. Nos últimos três meses, quantas vezes você se ausentou por mais de três dias seguidos? 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 + 16. No último mês, quantas vezes você trabalhou nos seus dias de folga? __________________ 17. Usando a escala abaixo indique o número que melhor descreva a sua situação em relação as seguintes frases: 1 2 3 4 5 Concordo plenamente 6 7 Discordo plenamente a)____ Estou planejando permanecer na Engefort no futuro. b)____Tenho me informado com outras pessoas sobre novas oportunidades de trabalho dentro da Engefort. c)____ Tenho me informado com outras pessoas sobre novas oportunidades de trabalho fora da Engefort. d)____ Estou procurando novo cargo dentro da Engefort. e)____ Estou procurando novo cargo fora da Engefort. 58 18.a) Qual a sua renda individual (somando o quanto ganha neste emprego com outras remunerações e depois dos descontos – líquido)? R$___________________ b) Qual a renda total da sua casa (considerando todas as fontes de renda)? R$____________ Dados familiares 19. Quem mora com você na sua casa? Coloque o primeiro nome, idade e ocupação de cada pessoa (para quem estuda, marque como estudante). Qual a relação familiar entre você e cada uma dessas pessoas? Nome 1 2 3 4 5 6 7 8 Idade Ocupação Grau de Parentesco Número total de filhos ________ Se tem filhos que moram juntos, b) Quantas horas por semana você passa fazendo coisas com eles?_________________ c) Você está satisfeita com esta freqüência? 1 Totalmente insatisfeito 2 Insatisfeito 3 Nem insatisfeito e nem satisfeito 4 Satisfeito 5 Totalmente satisfeito 20.a) Você tem filhos que dependem de você, mas que não moram com você? ( ) sim ( ) não Se sim… b) Quantos?___________________ c) Qual a freqüência de contato que você tem com eles (horas/semana)? 59 d) Você está satisfeita com esta freqüência? 1 2 3 4 5 Totalmente Insatisfeito Nem insatisfeito Satisfeito Totalmente insatisfeito e nem satisfeito satisfeito 21. a) Você tem pais ou outros parentes idosos que dependem de sua ajuda? ( ) sim ( ) não Se tem parentes idosos dependentes, b) Quantos?___________________________ c) Qual(is) o(s) tipo(s) de ajuda que você oferece a ele(s)? ______________________________________________________________________ d) Quantas horas por semana você passa em atividades com eles? _______________________________________________________________________ e) Você está satisfeita com esta freqüência? 1 2 3 Totalmente Insatisfeito Nem insatisfeito insatisfeito e nem satisfeito f) Eles moram com você? ( ) sim 4 Satisfeito 5 Totalmente satisfeito ( ) não 22. Quais as dificuldades que você tem para realizar atividades da sua vida pessoal e participar da vida familiar em função de seus horários de trabalho na ENGEFORT? (Dê exemplos.) Conflitos de trabalho com a família Agora que já temos algumas informações gerais sobre você, pediríamos que falasse um pouco sobre como suas atividades do trabalho influenciam a sua vida familiar e pessoal e vice-versa. Usando a escala abaixo, indique qual a frequência com que as coisas a seguir acontecem com você. 0 1 2 3 4 5 6 NA Nunca Alguma Todo Duas ou Uma Alguma Todo Não se s vezes mês três vez por s vezes dia aplica semana por por ano vezes semana por mês Para cada item marque o número que melhor corresponde à sua resposta. 23. Em relação ao tempo... a.___ Tenho que mudar os planos com a minha família por causa de imprevistos no meu trabalho. 60 b.___ Por causa dos compromissos com meu trabalho eu não posso passar tanto tempo com a minha família como gostaria. c.___ Por causa do meu horário de trabalho fica difícil participar das tarefas domésticas. d.___ Tenho que limitar o número de atividades cotidianas com minha família para cumprir os compromissos com meu trabalho. e.___ Meu trabalho me impede de acompanhar familiares em consultas e de participar de acontecimentos especiais e passeios familiares. f.___ Eu realizo atividades de trabalho fora do expediente. 24. Quanto à sobrecarga... a.___ Por causa de minhas demandas no trabalho, tenho pouca energia para fazer as coisas necessárias em casa. b.___ Não presto atenção no que as pessoas de casa dizem porque fico pensando no meu trabalho. c.___ As coisas que estão acontecendo em meu trabalho dificultam a minha concentração em minhas atividades familiares ou tarefas familiares. d.___ Meu trabalho me deixa de mau humor em casa. e.___ Por causa da hora que eu entro e saio do meu trabalho tenho dificuldade de aproveitar meu tempo livre para realizar atividades com meus familiares. f.___ Penso no meu trabalho quando estou em casa. Conflitos da família com o trabalho Indique qual o número que melhor corresponde à frequência em que as coisas a seguir acontecem com você. 0 Nunca 1 Alguma s vezes por ano 2 Todo mês 3 4 Duas ou Uma três vez por vezes semana por mês 5 Alguma s vezes por semana 6 Todo dia NA Não se aplica 25. Em relação ao tempo... a.___ Eu trabalharia mais horas se eu tivesse menos compromissos com minha família. b.___ Os compromissos com minha família interrompem meu trabalho. c.___ Por causa dos compromissos com meus familiares, é difícil para mim assumir novas responsabilidades no meu emprego. d.___ Eu uso tempo do meu trabalho acertando coisas para meus familiares. e.___ Os compromissos com minha família dificultam para mim conseguir o horário de trabalho que eu gostaria. 61 f. ___ Minhas responsabilidades familiares me impedem de participar de atividades profissionais for a do expediente (por ex., treinamentos, escolarização, viagens de trabalho etc) 26. Quanto à sobrecarga... a.___ Quando estou no trabalho, não presto atenção no que as pessoas dizem porque estou pensando na minha família. b.___ As coisas que estão acontecendo na minha vida familiar dificultam minha concentração no trabalho. c.___ Por causa dos horários das atividades familiares, tenho dificuldade para realizar tudo que gostaria no meu trabalho d.___ Por causa dos meus compromissos em casa eu fico cansado no trabalho. e.___ Penso nas coisas que tenho que fazer em casa quando estou no trabalho. f.___ Minha vida familiar me deixa de mau humor no trabalho. Habilidades Sociais Agora eu gostaria que você falasse um pouco sobre como funciona a troca de informações, ou seja, as comunicações, entre você e a pessoa da sua família (especificar:_________) 27- a) Você costuma compartilhar notícias ou informações com esse familiar? ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes b) Com que freqüência isso se realiza? ( ) Nunca ( ) Raramente ( ) Algumas vezes ( )Freqüentemente ( ) Sempre 28- a) Você esta satisfeito(a) com o tipo de conversa que tem com o familiar citado? ( )Sim ( )Não b) Sobre o que conversam geralmente?___________________________________ 29- Tratando-se de intimidade como sendo uma troca de sentimentos e pensamentos pessoais e de poder falar tudo para o outro, você considera o relacionamento com esse familiar como sendo: 1( ) 2( ) 3 ( ) 4( ) 5 ( ) Nada Pouco Razoavelmente Bastante Totalmente Íntimo Íntimo Íntimo Íntimo Íntimo 30a- Com qual freqüência você pode trocar idéias com esse familiar a respeito de coisas que sejam realmente importantes em sua vida? 1( ) Nunca 2( ) Raramente 3( ) Algumas Vezes 4( ) Freqüentemente 5( )Sempre 30b- Você omite alguma informação do familiar? ( )Sim ( )Não 62 31- Com que freqüência você expressa afeto para o familiar, sem ser com palavras (segure a mão, abraça, beija, toque, senta ao lado) ? 1( ) Nunca 2( ) Raramente 3( ) Algumas Vezes 4( ) Freqüentemente 5( )Sempre 32- Você participa das decisões familiares? ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes CUSTOS Custos no Trabalho As próximas questões falam sobre as atividades que você não conseguiu realizar no trabalho, nos últimos três meses, devido as suas responsabilidades fora do trabalho. 33. Usando a escala abaixo, indique se algumas dessas coisas aconteceram, contra a sua vontade. 0 Nunca 1 Alguma s vezes por ano 2 Todo mês 3 4 Duas ou Uma três vez por vezes semana por mês 5 Alguma s vezes por semana 6 Todo dia NA Não se aplica a.___ Não pude participar de algumas reuniões. b.___ Não pude fazer algumas viagens de trabalho. c.___ Não pude aceitar trabalhar horas extras. d.___ Não pude participar de algum treinamento. e. ___ Tive que mudar o dia que participei de um treinamento. f.___ Não pude aceitar uma promoção. g.___ Eu tive um conflito com meu superior. h.___ Eu tive um conflito com um colega de trabalho. i. ___ Eu tive um desentendimento com um cliente no meu posto de trabalho. i.___ Não consegui me concentrar no trabalho. j.___ Tive que interromper meu trabalho para resolver alguma coisa extra trabalho. k.___ Cheguei atrasado. l.___ Precisei de um tempo maior de almoço. m.___ Tive que sair mais cedo do trabalho. n.___ O cansaço diminuiu a qualidade de meu trabalho. o.___ Tive que faltar do meu serviço. Quantas vezes no ano? ____________________ Por falta de tempo, às vezes deixamos de realizar atividades de nossa vida pessoal e familiar que podem ser importantes. Custos Pessoais 63 34. Agora eu falar de algumas atividades especificas e queria que você indicasse quantas vezes você deixou de participar ou de fazer essas coisas nos últimos três meses, devido as suas responsabilidades do trabalho. Em seguida, indique a freqüência com a qual você realizou as seguintes atividades nos últimos três meses e a freqüência com a qual você gostaria de ter realizado estas coisas. 0 (0) Nunca 1 (1) Uma vez por mês 3 4 5 6 (2,5) (4) (10) (30) Duas ou Uma vez Algumas Todo dia três vezes por vezes por por mês semana semana Faltas Atividade Freqüência Real (atual) NA Não se aplica Freqüência Ideal Encontro com outros familiares Encontros com os amigos Trabalho voluntário Curso de aperfeiçoamento Participação em associações e organizações religiosas e comunitárias Outras atividades de lazer Atividade física Descansar/dormir Cuidar da aparência pessoal Consultar médicos, dentistas e outros profissionais da saúde Se alimentar do modo que gostaria Escala de estresse Pediríamos que neste momento falasse um pouco sobre como você anda se sentindo no último ano, diante de atividades a serem feitas e do tempo que você tem para realiza-las. Para isso leia e responda atentamente a escala a seguir: Para cada item, marque o número que melhor corresponde à sua resposta. 0 Nunca 1 Algumas vezes por 2 3 Todo mês Duas ou três vezes por 4 5 6 NA Uma vez Algumas Todo dia Não se por semana vezes por aplica 64 vezes por vezes por ano mês por semana vezes por aplica semana 35. No último ano, pensando em como você estava sentindo, você… a.__ Eu me senti sufocado pelas coisas. b.__ Eu me senti de bem com a vida. c.__ Eu me senti ansioso e/ou preocupado. d.__ Eu me senti capaz de manejar o estresse. e.__ Eu me senti cansado e esgotado. f.__ Eu me senti calmo e relaxado. g.__ Eu tive dificuldade para me concentrar. h.__ Eu me senti cheio de energia. i.__ Eu me senti incapaz de dar conta de tudo. j.__ Eu senti tudo sob controle. k.__ Eu me senti capaz de fazer alguma coisas para diminuir os problemas. l.__ Senti que na minha empresa existe um ambiente de competição exagerado. m.__ Senti que no meu emprego existe mais trabalho para fazer do que tempo para fazê-lo. n.__ Senti que o meu superior fica contente com o meu trabalho. o.__ Eu em senti desanimado diante da repetição e monotonia do meu trabalho. p.__ eu me senti satisfeito com a qualidade de tempo que o trabalho ocupa na minha vida. q.__ Eu me senti contente com a facilidade que existe para expressar minha opinião no trabalho. r.__ Sinto desejo de ter um tipo de vida profissional diferente da atual. s.__ Eu tive dores de cabeça t.___ Eu tive alterações no humor. u.___ Eu tive ansiedade, fadiga e/ou estresse. Caso afirmativo. Qual?_______________________________________ v.___ Eu tive problemas cardíacos (taquicardia, infarto do miocárdio, entre outros) x.___ Eu tive sintoma de azia e/ou gastrite, úlcera, constipação intestinal e inapetência (falta de apetite); problemas de apetite. Caso aformativo. Especifique qual:___________ z.___ Eu tive problemas de hipertensão arterial. Custos para a saúde 36. Hábitos e características de vida do trabalhador Sim não Você fuma? Quantidade diária de cigarros (unidades) Consumo de bebida alcoólica? Quantidade consumida de álcool por semana (ml) Prática de exercício físico Dias por semana de prática de exercício físico Bebe café? 65 Quantidade diária de café ingerido (ml) Tempo que dorme usualmente por dia (número de horas) Dificuldade para adormecer Dificuldade para acordar Dificuldade para manter-se dormindo Você dorme todos os dias em horários fixos? Você toma algum medicamento para dormir ou manter-se acordado? Situação Atual: 37- Atualmente, o que você gosta, valoriza ou acha importante na sua relação com o familiar? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 38- O que você esperava para esta etapa de sua vida? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 39- Comparando com o que você esperava para esta etapa da vida, como você a considera hoje? Numa escala de 1 a 5, sendo 1 ‘muito insatisfeito’ e 5 ‘muito satisfeito’. Grau de satisfação:______ 66 Anexo D Pré e Pós testes: Versão para colegas/supervisores e clientes (Remanejamento dos trabalhadores de turnos alternados para fixos) Dados sobre o funcionário (remanejado ou controle) 1)Nome do funcionário: ________________________________________________ 2)Posto de trabalho que o funcionário ocupa:________________________________ Sobre o entrevistado 3)Nome do entrevistado:_____________________________________________________ 4)Tipo de relação com o funcionário: Colega Supervisor Cliente Avalie seu grau de satisfação sobre as perguntas seguintes utilizando a escala abaixo. 1 2 3 4 5 Totalmente Insatisfeito Nem Satisfeito Totalmente insatisfeito insatisfeito, satisfeito nem satisfeito 5)Qual é o seu grau de satisfação com o desempenho do (nome do funcionário)_______________ em seu trabalho?______ 6)Qual o seu grau de satisfação no que se refere à relação interpessoal entre vocês?______ 7) Usando a escala abaixo, indique se você notou a ocorrência de algumas dessas coisas em relação ao (funcionário alvo) ______________ , e com qual freqüência durante os últimos três meses. 0 Nunca a. b. c. d. e. f. 2 Todo mês 3 4 5 6 2 ou 3 Uma vez Algumas Todo dia vezes por por vezes por mês semana semana NA Não se aplica ___ O funcionário teve um conflito com um colega de trabalho. ___ O funcionário teve um desentendimento com um cliente no seu posto de trabalho. ___ O funcionário chegou atrasado. ___ O funcionário teve que sair mais cedo do trabalho. ___ O funcionário estava cansado, diminuindo a qualidade de seu trabalho. ___ O funcionário faltou. Quantas vezes nos últimos três meses? ___________ 8)a. Do seu ponto de vista, ocorre algum outro tipo de problema no desempenho do funcionário? ____Sim ____Não b.Qual/quais? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ c. Com que freqüência estes problemas ocorram?________________ 67 Anexo E “Rotinas de Trabalho e a vida pessoal” Este questionário faz parte de um programa de pesquisa da UFSCar sobre a relação entre trabalho e família e ao mesmo tempo visa auxiliar a ENGEFORT a entender e a responder a algumas das necessidades de seus funcionários. Sua participação é muito importante para garantir resultados confiáveis que nos possibilitaria compreender todos os pontos de vistas que existem na empresa. No entanto gostaríamos de ressaltar que sua participação é voluntária. Não há necessidade de responder algumas das perguntas caso você não queira. Garantimos que todas as informações serão mantidas em sigilo e ninguém do seu trabalho terá acesso às suas respostas. Agradecemos desde já a sua colaboração. Este questionário aborda assuntos ligados a seu trabalho, sua família e a combinação entre os dois. Não há respostas certas ou erradas. Começaremos com algumas perguntas gerais. I. PERGUNTAS GERAIS 1. Que tipo de cargo/função você ocupa? (por favor, coloque o nome completo de seu cargo/função) 2. Sexo F 3. Data de Nascimento __/__ M (mês e ano). 4. Qual o seu grau de escolaridade? primeiro grau incompleto segundo grau incompleto terceiro grau incompleto pós-graduação 5. Estado civil casado ou vivendo como casado viúvo primeiro grau completo segundo grau completo terceiro grau completo separado/divorciado solteiro 6. a.Que tipo de trabalho seu parceiro faz (Dê o nome completo da função/cargo)? b. Seu parceiro tem o mesmo horário de trabalho toda semana? Sim Não II. SEU EMPREGO 7a. Você supervisiona alguém em seu trabalho (por ex., há alguém que responde diretamente à você?)? Sim Não b. Se sim, quantas pessoas no total e em quantos postos? 8a. Há quanto tempo você está no sua função atual? b. Há quanto tempo você trabalha nesta empresa? ____ pessoas ____ postos ____ anos e ___ meses. ____anos e ____ meses. 68 9. Com qual freqüência mudam seus horários de trabalho (por exemplo, mudar de turno) não levando em conta as folgas trabalhadas (FT)? Nunca A cada três semanas Algumas vezes por ano Quinzenalmente Mensalmente Toda semana Todo dia 10.Quanto ao seu horário de trabalho: Você trabalha em turno: diurno noturno folguista/ping-pong Se você pudesse escolher em qual turno você trabalharia? _______________ Por quê? Seu esquema de trabalho é: 4 por 2 5 por 2 6 por 1. Qual seu dia de folga? _______________ Outros. Qual? _________________ Se você pudesse escolher em qual esquema você trabalharia? _______________ Por quê? Quanto tempo você leva para ir da sua casa ao trabalho? Responda as seguintes questões sem incluir as horas extras remuneradas… a. A que horas você costuma entrar no trabalho? __________________ b. Quantas horas você costuma ter para almoço/jantar?______________ c. A que horas você costuma sair do trabalho?____________________ d. Qual é a sua carga horária oficial por semana?___________ Agora, incluindo as horas extras que você trabalha, na média... e. Quantas horas você realmente trabalha por semana? ___________ f. Quantas horas você gostaria de trabalhar por semana? Por quê? ______________________________________________________________________ g. Quantas horas seu superior imediato gostaria que você trabalhasse por semana?_______ 11. No último mês, quantas vezes você trabalhou no seu dia de folga? _____________ 12a. Quantas horas mensais você passa em reciclagem? _________________ b. Com quanto tempo de antecedência você gostaria de ser avisado sobre os dias das reciclagens ou cursos? ___________dias. 13a. Qual sua renda individual (somando quanto ganha neste emprego com outras remunerações e depois dos descontos – líquido)? R$________________ b. Qual a renda total de sua casa (considerando todas as fontes de renda)? R$_______________ 69 III. SUA FAMÍLIA 14. Quais as dificuldades que você tem para realizar atividades da sua vida pessoal e participar da vida familiar em função de seus horários de trabalho na ENGEFORT? (Dê exemplos.) 15. Quanto ao tempo que você passa em atividades familiares ou pessoais (estudo, exercícios físicos, vida social): a. Quantas horas por semana você gasta com compromissos familiares/pessoais? ________ b. Quantas horas você gostaria de gastar com tais atividades? Por quê? _______________________________________________________________________ c. Quantas horas sua família gostaria que você gastasse?______________________ Para conciliar melhor suas atividades familiares e pessoais com as de trabalho, você gostaria de: d. ter dias de trabalho fixos? Não Sim e. iniciar e terminar seu dia de trabalho mais cedo ou mais tarde do que atualmente? Não pule para a questão 16. Sim… f. Que horas você gostaria de entrar no trabalho?_______________ g. Que horas você gostaria de sair do trabalho?_________________ h. Qual a hora você gostaria de ter para seu almoço e para seu jantar? ______________ IV. CONFLITOS DE TRABALHO COM FAMÍLIA Agora que já temos algumas informações gerais sobre você, pediríamos que falasse um pouco sobre como suas atividades do trabalho influenciam a sua vida familiar e pessoal e vice-versa. Usando a escala abaixo, indique qual a frequência com que as coisas a seguir acontecem com você. 0 1 2 3 4 5 6 NA Nunca Algumas Todo Duas ou Uma vez Algumas Todo dia Não se por vezes por vezes por mês três aplica ano vezes por semana semana mês Para cada item marque o número que melhor corresponde à sua resposta. 16. Em relação ao tempo... a.___ Tenho que mudar os planos com a minha família por causa de imprevistos no meu trabalho. b.___ Por causa dos compromissos com meu trabalho eu não posso passar tanto tempo com a minha família como gostaria. c.___ Por causa do meu horário de trabalho fica difícil participar das tarefas domésticas. d.___ Tenho que limitar o número de atividades cotidianas com minha família para cumprir os compromissos com meu trabalho. e.___ Meu trabalho me impede de acompanhar familiares em consultas e de participar de acontecimentos especiais e passeios familiares. 70 f.___ Eu realizo atividades de trabalho fora do expediente. 17. Quanto à sobrecarga... a.___ Por causa de minhas demandas no trabalho, tenho pouca energia para fazer as coisas necessárias em casa. b.___ Não presto atenção no que as pessoas de casa dizem porque fico pensando no meu trabalho. c.___ As coisas que estão acontecendo em meu trabalho dificultam a minha concentração em minhas atividades familiares ou tarefas familiares. d.___ Meu trabalho me deixa de mau humor em casa. e.___ Por causa da hora que eu entro e saio do meu trabalho tenho dificuldade de aproveitar meu tempo livre para realizar atividades com meus familiares. f.___ Penso no meu trabalho quando estou em casa. V. CONFLITOS DE FAMÍLIA COM TRABALHO Indique qual o número que melhor corresponde à frequência em que as coisas a seguir acontecem com você. 0 Nunca 1 Algumas vezes por ano 2 Todo mês 3 4 5 6 Duas ou Uma vez Algumas Todo dia três por vezes por vezes por semana semana mês NA Não se aplica 18. Em relação ao tempo... a.___ Eu trabalharia mais horas se eu tivesse menos compromissos com minha família. b.___ Os compromissos com minha família interrompem meu trabalho. c.___ Por causa dos compromissos com meus familiares, é difícil para mim assumir novas responsabilidades no meu emprego. d.___ Eu uso tempo do meu trabalho acertando coisas para meus familiares. e.___ Os compromissos com minha família dificultam para mim conseguir o horário de trabalho que eu gostaria. f. ___ Minhas responsabilidades familiares me impedem de participar de atividades profissionais for a do expediente (por por ex., treinamentos, escolarização, viagens de trabalho etc) 19. Quanto à sobrecarga... a.___ Quando estou no trabalho, não presto atenção no que as pessoas dizem porque estou pensando na minha família. b.___ As coisas que estão acontecendo na minha vida familiar dificultam minha concentração no trabalho. c.___ Por causa dos horários das atividades familiares, tenho dificuldade para realizar tudo que gostaria no meu trabalho d.___ Por causa dos meus compromissos em casa eu fico cansado no trabalho. 71 e.___ Penso nas coisas que tenho que fazer em casa quando estou no trabalho. f.___ Minha vida familiar me deixa de mau humor no trabalho. VI. CUSTOS Custos no Trabalho As próximas questões falam sobre as atividades que você não conseguiu realizar no trabalho, nos últimos meses, devido as suas responsabilidades fora do trabalho. 20. Usando a escala abaixo, indique se algumas dessas coisas aconteceram no último ano, contra a sua vontade. 0 Nunca 1 Algumas vezes por ano 2 Todo mês 3 4 5 6 Duas ou Uma vez Algumas Todo dia vezes por três por vezes por semana semana mês NA Não se aplica a.___ Não pude participar de algumas reuniões. b.___ Não pude fazer algumas viagens de trabalho. c.___ Não pude aceitar trabalhar horas extras. d.___ Não pude participar de algum treinamento. e. ___ Tive que mudar o dia que participei de um treinamento. f.___ Não pude aceitar uma promoção. g.___ Eu tive um conflito com meu superior. h.___ Eu tive um conflito com um colega de trabalho. i.___ Não consegui me concentrar no trabalho. j.___ Tive que interromper meu trabalho para resolver alguma coisa extra trabalho. k.___ Cheguei atrasado. l.___ Precisei de um tempo maior de almoço. m.___ Tive que sair mais cedo do trabalho. n.___ O cansaço diminuiu a qualidade de meu trabalho. o.___ Tive que faltar do meu serviço. Quantas vezes no ano? ____________________ Por falta de tempo, às vezes deixamos de realizar atividades de nossa vida pessoal e familiar que podem ser importantes. Abaixo, há algumas questões sobre esse problema. Custos Pessoais Quais as atividades que você não conseguiu realizar na sua vida pessoal e familiar, nos últimos meses, devido as suas responsabilidades do trabalho. 21. Usando a escala abaixo, indique se algumas dessas coisas aconteceram no último ano, contra a sua vontade e o quanto você se sente satisfeito em relação à quantidade de tempo que você tem disponível para realizar cada uma destas atividades. . 72 0 Nunca 1 Algumas vezes por ano -3 Muito insatisfeito 2 Todo mês -2 -1 Atividade 3 4 5 6 Duas ou Uma vez Algumas Todo dia três por vezes por vezes por semana semana mês 0 Nem satisfeito nem insatisfeito Freqüência 1 2 NA Não se aplica 3 Muito satisfeito Razão para não usar Encontro com outros familiares Encontros com os amigos Trabalho voluntário Curso de aperfeiçoamento Participação em associações e organizações religiosas e comunitárias Outras atividades de lazer Atividade física Descansar/dormir Cuidar da aparência pessoal Consultar médicos, dentistas e outros profissionais da saúde Se alimentar do modo que gostaria VI- PROGRAMAS DA EMPRESA DE APOIO AOS FUNCIONÁRIOS As empresas possuem diferentes programas para auxiliar os seus funcionários e mesmo para tornar mais fácil a conciliação das demandas do trabalho e da família. Na tabela abaixo constam vários programas de apoio. Peço que, caso o programa esteja disponível na empresa em que você trabalha, você marque o quanto ele te ajuda, sendo que o 0 corresponde a “não ajuda” e 6 corresponde a “ajuda muito”. Já no caso do programa não estiver disponível, marque o seu grau de interesse em ter o programa disponível, sendo que o 0 corresponde a “nenhum interesse” e o 6 corresponde a “grande interesse”. 73 22. Programas de apoio 2. Seminários sobre: a. Relações interpessoais no trabalho. b. Como organizar seu tempo. c. Como lidar com estresse. d. Tópicos importantes da vida familiar (como auxiliar aos filhos com tarefas escolares, como lidar com filhos adolescentes, como cuidar de um parente idoso com problemas de saúde). 3. Creche no local de trabalho ou convênio com alguma creche particular. 4. Grupos de interesse ou lazer organizados no local de trabalho (time de futebol, oficina de arte, ginástica). 5.Psicólogos ou Assistentes Sociais para fazer atendimentos individuais. 6. Assistência para funcionários que cuidam de familiares idosos ou deficientes. Disponível. Não disponível. O quanto te ajuda? Qual o seu interesse em usar? 0 12 2 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 0 0 0 1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 3 4 4 4 4 5 5 5 5 6 6 6 6 0 0 0 0 1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 3 4 4 4 4 5 5 5 5 6 6 6 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 74 VI. ESCALA DE ESTRESSE Pediríamos que neste momento falasse um pouco sobre como você anda se sentindo no último ano, diante de atividades a serem feitas e do tempo que você tem para realizá-las. Para isso leia e responda atentamente a escala a seguir: Para cada item, marque o número que melhor corresponde à sua resposta. 0 Nunca 1 Algumas vezes por ano 2 Todo mês 3 4 5 6 Duas ou Uma vez Algumas Todo dia três por vezes por vezes por semana semana mês NA Não se aplica 23. No último ano, pensando em como você estava se sentindo, você... a.___ Eu me senti sufocado pelas coisas. b.___ Eu me senti de bem com a vida. c.___ Eu me senti ansioso e/ou preocupado. d.___ Eu me senti capaz de manejar o estresse. e.___ Eu me senti cansado e esgotado. f.___ Eu me senti calmo e relaxado. g.___ Eu tive dificuldade para me concentrar. h.___ Eu me senti cheio de energia. i.___ Eu me senti incapaz de dar conta de tudo. j.___ Eu senti tudo sob controle. k.___ Eu me senti capaz de fazer alguma coisa para diminuir os problemas. l.___ Senti que na minha empresa existe um ambiente de competição exagerada. m.___ Senti que no meu emprego existe mais trabalho para fazer do que tempo para fazê-lo. n.___ Senti que o meu superior fica contente com o meu trabalho. o. ___ Eu me senti desanimado diante da repetição e monotonia do meu trabalho. p. ___ Eu me senti satisfeito com a quantidade de tempo que o trabalho ocupa na minha vida. o.___ Eu me senti contente com a facilidade que existe para expressar minha opinião no trabalho. p.____ Sinto desejo de ter um tipo de vida profissional diferente da atual. q.___ Você tem algum problema de saúde crônico? (por exemplo, enxaqueca, gastrite, alergia, insônia, etc.). Caso afirmativo. Qual?___________________________________________________________________ __________________________________________________________________ VII. ENFRENTAMENTO DE CONFLITOS Todos nós temos responsabilidades familiares seja com pais, irmãos, filhos, avós, cônjuges ou namorados etc; Também precisamos de tempo para cuidar de nós mesmos e para nosso desenvolvimento pessoal (por exemplo, leitura, estudo, religião etc). Além disso, temos nossas atividades de trabalho. Tudo isso, em conjunto, muitas vezes implica em eventuais conflitos entre responsabilidades e em uma carga excessiva. Para lidar com as diversas demandas - profissionais, familiares e de outras atividades da vida pessoal - existem diversos recursos e estratégias que podem facilitar na sua conciliação de uma forma saudável. 24. Abaixo segue uma lista de recursos que algumas pessoas usam para conciliar demandas familiares e de trabalho. Por favor, assinale os recursos que você ou a sua família usam 75 atualmente e para aqueles que não usam, explique o por quê de não usar (por exemplo, por ser caro demais, de qualidade inadequada, por ter um familiar que faça, por não precisar). Usa: Qual a freqüência? Não usa: Qual a razão para não usar? a.Quando quebra alguma coisa, pago alguém para consertar (eletrodomésticos, encanamento, carro etc) b. Eletrodomésticos. Quais?____ ___________________________ ___________________________ ___________________________ c. Compra de comida semi-pronta d. Comer fora, entrega de comida pronta, marmitex, bandejão e. Mandar lavar e passar roupas fora f. Faxineira(diarista) g. Empregada doméstica h. Entrega domiciliar (remédios, supermercado) i. Berçário (creche) j. Babá k. Serviço de perua para levar/ buscar filhos da escola l. Jardineiro m. Casa de repouso/Asilo 25. Além dessas estratégias, o que mais você faz para conciliar suas responsabilidades familiares e de trabalho? 26. Tem-se abaixo uma lista detalhada de estratégias que podem ser usadas em diversas situações de estresse. Pensando especificamente no estresse causado pela sobreposição ou excesso de responsabilidades familiares e de trabalho, mesmo que você já tenha indicado algumas delas nos itens anteriores, marque a freqüência com a qual você utiliza cada uma das seguintes estratégias. 0 Nunca 1 Algumas vezes por ano 2 Todo mês 3 Duas ou três vezes por mês 4 Uma vez por semana 5 Algumas vezes por semana 6 Todo dia 76 a.____ b.____ c.____ d.___ e.____ f..____ g.____ h.____ i.____ j.____ k.____ l.____ m.____ n.____ o.____ p.____ q.____ r.____ s.____ t.____ u.____ v.____ w.____ x..____ y.____ z.____ aa..____ bb.____ cc.____ dd.____ Tento ver o lado positivo da situação. Tento não exigir tanto de mim mesmo. Falo pra mim mesmo que eu deveria dar menos importância as minhas responsabilidades de trabalho. Falo pra mim mesmo que eu deveria dar menos importância a minhas responsabilidades familiares. Eu diminuo minhas exigências em relação a minha colaboração com as atividades domésticas. Falo pra mim mesmo que eu tenho de aceitar minhas responsabilidades de trabalho e família como elas são: não adianta ficar angustiado. Falo para mim mesmo que as dificuldades que tenho para combinar família e trabalho poderiam ser piores. Procuro me fortalecer espiritualmente. Rezo, peço ajuda a Deus. Espero que o tempo dê jeito na situação. Digo para mim mesmo levar as coisas um dia de cada vez. Tento pensar em outras coisas, me distrair e não dar tanta importância ao problema. Tento não pensar nos problemas criados pela combinação de responsabilidades familiares e de trabalho. Evito que minha sensação de sobrecarga interfira no que tenho de fazer. Tento procurar sempre o lado positivo nas situações difíceis. Eu lembro a mim mesmo o que é importante na vida. Tento fugir de minhas responsabilidades (com a família ou com o trabalho) por algum tempo. Tento mostrar ou expressar meus sentimentos às pessoas. Busco suporte e compreensão das pessoas que sabem de minhas responsabilidades de casa e do trabalho. Converso e peço conselho a alguém fora do problema. Peço ajuda a um profissional da área de saúde. Peço um membro de minha família para fazer algum serviço doméstico no meu lugar. Peço a um colega de trabalho que me substitua no trabalho.. Durmo menos para ter as tarefas feitas. Eu extravaso meus sentimentos de alguma maneira. Procuro me esforçar mais em meu trabalho. Estruturo meu tempo muito cuidadosamente. Consigo gerenciar algumas responsabilidades familiares enquanto eu trabalho. Ensino as pessoas de meu trabalho a fazerem as coisas por si mesmas, sem depender de mim. Ensino as pessoas de casa a fazerem as coisas por si mesmas, sem depender de mim. 77