A Pequena Menina, o Pequeno Pato uma fábula para a música de G.P. Telemann "livre liberdade de ser, de criar, de entender, de amar, sorrir, cantar e encantar" Mateus Castello Branco A história de uma pequena menina e de um pato foi elaborada especialmente para as primeiras Fantasias para Flauta Solo de Georg Phillip Telemann. A ideia é de que ela seja lida por um trio junto à peça barroca, em um concerto destinado ao público adulto, mas que acolhe com alegria a presença de crianças. Flautista e dois narradores, que leem em línguas diferentes, desvelam através das melodias e fragmentos da história, a música da língua falada. O texto empresta da obra de Telemann suas articulações, dinâmica, eco, polifonia e passa a soar em um fluxo continuo, em jogo de mostrar-se e esconder-se, que inclui a compreensão da fábula. Uma palavra estrangeira, ainda que não compreendida, soa. Ela se realiza em um espaço provisório, por assim dizer, a caminho da música e da suspeita de que haja uma mensagem. A passagem entre língua estrangeira, língua pátria e melodias, assim como a transparência de sua sobreposição propicia uma multiplicidade de percepções, da qual o público brasileiro, o público bilíngue e até o próprio flautista vivem experiências próprias. Os narradores leem em português e alemão, idiomas que correspondem à minha experiência de brasileira em Berlim. Naturalmente, qualquer outra língua traria suas contribuições à brincadeira de desvelar sons, de velar significados. Efetivamente, o encontro entre idiomas (e isso quer dizer culturas) presenteia nossa criatividade com novos pensamentos, outras fantasias. Na música, a Fantasia é um gênero que se caracteriza pela liberdade formal na composição. Esta liberdade se expande para a interpretação musical em forma de flexibilidade de tempo, em ornamentação, etc. Em português e em alemão, o verbo "fantasiar" [fantasieren], se relaciona à criação de histórias, coisas fantásticas... e nossa pequena menina não é nada além de fantasia! Meninas e patos não têm nenhuma relação com fantasias barrocas para flauta, com exceção desta liberdade criativa: "livre liberdade de ser, de criar", que aqui resulta em uma expressão da simplicidade, bem ao estilo da tradição alemã de se fazer música em casa, entre amigos ou em família [Hausmusik], em cujo contexto a obra de Telemann foi escrita. Nossa Fábula: pequena menina, flauta solo - constrói um encontro sutil e delicado da Marta Castello Branco, 2012 música com a alegria de contar histórias. das kleine Mädchen, die kleine Ente ein Märchen für die Fantasien G.Ph.Telemanns "weite Freiheit von Sein, Schöpfen, Verstehen, Lieben, Lächeln, Zücken, Entzücken..." Mateus Castello Branco Die Geschichte eines kleinen Mädchens und einer Ente wurde besonders für die ersten Fantasien für Flöte Solo von Georg Phillip Telemann ausgearbeitet. Die Idee ist, dass unser zwischen 2009 und 2011 geschriebenes Märchen zusammen mit der Musik der zweiten Hälfte des 18. Jahrhunderts gelesen wird. In diesem Zusammenhang bekommt der Klang des Wortes eine groβe Bedeutung, er nimmt von der Musik ihre Artikulation, Dynamik, Echo, Polifonie und dadurch klingen in einem gleichen Fluss Wort und Klang, welche sich gegenseitig enthüllen und verdecken. Das Märchen ist als Performance eines Trios gedacht: FlötistIn und zwei Erzähler, die in unterschiedlichen Sprachen sprechen und durch diese Zweisprachigkeit das Verständnis der Geschichte in ein Spiel von bekannten und fremden Worten stellen, das der musikalischen Schwingung von sich-Zeigen-und-Verstecken entspricht. Ein Wort klingt, auch wenn es nicht verstanden wird. Das Hören seines Klangs geschieht in einem sozusagen vorläufigen Raum, gleichzeitig auf dem Weg zur Musik und zur Vermutung einer Botschaft. Wortklang zusammen mit Melodien und Geschichte (welche ein Netz von schon verstandenen Worten ist) eröffnet Schichten von Enthüllungen des Märchens, die vom Schwingen seiner Elemente geprägt sind und mit dem Schaffensprozess des Märchens zu tun haben. Beispielsweise kann das deutschsprachige Publikum den Weg eines Mädchens erfahren, das zweisprachige Publikum kann einen Dialog zwischen den Erzählern hören, und der/die FlötistIn spürt die Auswirkung des Textes auf seine/ihre Interpretation. Dieses unterschiedliche Erfahren der Aufführung weckt die Erkenntnis, dass das Enthüllen einer Facette gleichzeitig das Verstecken mancher anderer zur Folge hat. Das was bleibt ist die Schwingung zwischen ihnen, die sich für das Publikum in Form von Wahrnehmungsvielfalt verbreitet. Die Erzähler sprechen auf Portugiesisch und Deutsch, Sprachen, die meiner Erfahrung als Brasilianerin in Berlin entsprechen. Obwohl Deutsch die Sprache des Komponisten der Fantasien war, ist meine ehrliche Vermutung, dass jede andere Sprache zum Spiel von Klang und Bedeutung seinen eigenen Beitrag geben würde. Tatsächlich schenkt das Zusammentreffen von Sprachen (d.h. Kulturen) unserer Kreativität neue Impulse. Abgesehen von neuen Wörtern steht das Annehmen einer fremden Sprache für eine neue Art und Weise, die Welt zu sehen, folglich in der Welt zu sein. In der Musik ist die Fantasie eine Gattung, die sich durch die formelle Freiheit in der Komposition auszeichnet. Diese Freiheit drückt sich auch in der Aufführungspraxis in Form von Flexibilität in Tempo, in Verzierungen etc. aus. Das Verb "fantasieren" (wie im Portugiesischen "fantasiar") bezieht sich auf das Schaffen von Geschichten, von fantastischen Sachen. Und unser kleines Mädchen ist einfach Fantasie! Mädchen und Enten haben nichts mit barocken Fantasien für Querflöte zu tun, auβer mit dieser kreativen Freiheit “weite Freiheit von Sein, von Schaffen”, die sich hier in einem Ausdruck der Einfachheit zeigt, ganz im Stile der Hausmusik, dieser Tradition zur welcher die Flötenfantasien gehören. Zwischen kleinen Mädchen und Flöte Solo baut unser Märchen ein subtiles und zartes Zusammentreffen von Musik mit der Freude, Geschichten zu erzählen. Marta Castello Branco