Introdução As propriedades mais notáveis dos sólidos cristalinos são a dureza, a incompressibilidade e as características geométricas. Estas propriedades podem ser explicadas em termos da Teoria Atômica, envolvendo a idéia de um retículo ou arranjo de átomos permanentemente ordenados, ligados entre si por forças intensas. As propriedades mais notáveis dos gases são a compressibilidade, a fluidez e a capacidade de preencher totalmente qualquer recipiente. A Teoria Cinética explica estas propriedades em termos de um modelo cuja característica central é o movimento desordenado de um grande número de moléculas que raramente exercem ações sensíveis umas sobre as outras. Assim, os sólidos e os gases apresentam comportamentos opostos. Os líquidos apresentam algumas propriedades que aparecem nos gases e algumas que aparecem nos sólidos. Como os gases, são isotrópicos, isto é, suas características físicas não dependem da direção em que são observadas ou medidas, e fluem facilmente por efeito de qualquer diferença de pressão. Como os sólidos, são densos, relativamente incompressíveis e suas propriedades são determinadas pela natureza e intensidade das forças intermoleculares. Em relação à estrutura microscópica, o fato de os líquidos serem isotrópicos significa que não têm estrutura organizada como os sólidos, mas como têm densidades, em geral, apenas cerca de 10% menor do que as dos correspondentes sólidos, suas moléculas devem estar arrumadas com certa regularidade, não apresentando o caos associado aos gases. Gases e líquidos são classificados como fluidos. Fluidos são corpos cujas moléculas não guardam suas posições relativas. Por isso, tomam a forma do recipiente que os contém. Além disso, em condições favoráveis, escoam. Os fluidos são constituídos por um grande número de moléculas em movimento desordenado e em constantes colisões. Para ser exato na análise de qualquer fenômeno que envolva fluidos, devemos considerar a ação de cada molécula ou grupo de moléculas. Tal procedimento é adotado na Teoria Cinética e na Mecânica Estatística e é muito laborioso sob o ponto de vista matemático. Em se tratando de estabelecer relações entre grandezas macroscópicas associadas ao escoamento de fluidos, contudo, podemos substituir o meio molecular real por um meio contínuo, hipotético, facilitando o tratamento matemático. De qualquer modo, a idéia do contínuo deve ser usada apenas nos casos em que conduz a uma descrição razoavelmente aproximada dos fenômenos em questão. Não pode, por exemplo, ser usada na descrição da tensão superficial porque as dimensões características do fenômeno são da ordem do livre caminho médio das moléculas que constituem o fluido. Assim, em primeira aproximação, podemos estudar os fluidos ignorando os fenômenos de tensão superficial, capilaridade e viscosidade e tomando os fluidos como incompressíveis. Em outras palavras, fluidos ideais e, quando for o caso, em regime de escoamento estacionário. A Hidrostática estuda os fluidos ideais em repouso num referencial fixo no recipiente que os contém, considerando o equilíbrio das pressões que atuam em qualquer elemento de volume. Grupo de Ensino de Física da Universidade Federal de Santa Maria A Hidrodinâmica estuda os fluidos ideais em movimento num referencial fixo na tubulação pela qual eles escoam. Contudo, como esse estudo é complexo e difícil, envolvendo matemática avançada, vamos estudar os fenômenos que podem ser descritos apenas com os princípios de conservação da massa e da energia, o primeiro levando à equação da continuidade e o segundo, à equação de Bernoulli. Grupo de Ensino de Física da Universidade Federal de Santa Maria