Programa de Educação Médica Continuada Avaliação crítica dos métodos não invasivos na determinação da fibrose nas hepatites virais de Br a lei ra Soc da Hepatolog ia de apoio si ie realização sociedade brasileira de hepatologia FEderação brasileira de gastroenterologia Editorial Raymundo Paraná Presidente A Sociedade Brasileira de Hepatologia tem como um de seus objetivos primordiais a promoção de Educação Médica Continuada de elevada qualidade científica. Neste projeto ela se propõe a fazê-lo através de discussão de casos clínicos, entrevistas e revisões de atualização sobre temas fundamentais em Hepatologia, abordados por renomados especialistas da área. A Zambon participa desta iniciativa, levando à classe médica a melhor mensagem técnico-científica, com a realização da Sociedade Brasileira de Hepatologia. Nesta edição o médico terá a oportunidade de atualizar seus conhecimentos através da informação mais precisa e atual sobre um importante problema: Avaliação crítica dos métodos não invasivos na determinação da fibrose nas hepatites virais. Editores científicos ALBERTO QUEIROZ FARIAS Professor-Doutor do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Sao Paulo (USP) Coordenador Clinico do Programa de Transplante Hepatico do Hospital das Clinicas da USP. Paulo Lisboa Bittencourt Coordenador da Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia e Coordenador Clínico do Transplante Hépático do Hospital Português, Bahia. realização: apoio: sociedade brasileira de hepatologia FEderação brasileira de gastroenterologia Cortesia: Atha Comunicação e Editora - Criação e Coordenação editorial [email protected] 2 Avaliação crítica dos métodos não invasivos na determinação da fibrose nas hepatites virais Edison Roberto Parise Professor Associado e Chefe do Grupo de Fígado da Disciplina de Gastroenterologia da Universidade Federal de São Paulo INTRODUÇÃO O correto estadiamento da doença hepática é importante para o tratamento e o acompanhamento evolutivo das hepatites crônicas. Inegavelmente, a fibrose do fígado representa o principal determinante (embora não o único) desse estadiamento. O diagnóstico da fibrose hepática é, antes de tudo, morfológico e estabelecido pela análise histológica da biópsia do fígado. Entretanto, por ser método invasivo, não isento de riscos e apresentar problemas de reprodutibilidade (em razão da extensão dos fragmentos obtidos e da variabilidade interobservadores)(1-3), nos últimos anos um grande número de testes não invasivos foram desenvolvidos buscando substituir esse procedimento. Desnecessário dizer que a biópsia hepática é procedimento fundamental no diagnóstico diferencial e na avaliação mais global das lesões associadas à doença e, assim, não pode ser completamente substituído pelos métodos não invasivos. Com a chegada de vários aparelhos de elastometria no Brasil, uma análise crítica se faz necessária. Entretanto, é preciso ponderar que nenhum centro brasileiro (e nos incluímos entre eles) tem vivência suficiente com esses métodos para ditar uma experiência pessoal. Nosso intuito é apenas relatar a experiência já acumulada na literatura para tentar evitar que exageros e simplismos ou ceticismos infundados ganhem corpo no pensamento dos hepatologistas. De qualquer forma, teremos a oportunidade única de desenvolver nossa própria curva de aprendizado e termos nossa própria experiência. Marcadores não invasivos de fibrose hepática Existem basicamente três tipos de marcadores, os biológicos (biomarcadores diretos e indiretos e os testes respiratórios) e os métodos físicos, representados principalmente pela elastometria. Os biomarcadores séricos, quando utilizados isoladamente, apresentaram acurácia diagnóstica limitada e acabaram sendo combinados em índices que apresentavam melhor sensibilidade e especificidade, sendo os mais utilizados nas hepatites virais aqueles apresentados na tabela 1, juntamente com os parâmetros empregados para sua determinação. Desses índices, os mais conhecidos e utilizados em todo Tabela 1. Testes bioquímicos não invasivos no estadiamento da doença hepática viral e seus componentes. Teste índice APRI Marcadores AST e plaquetas Fibrotest Haptoglobina, bilirrubinas, GGT, α2 macroglobulina e apolipoproteína, ALT Fibrometer α2 macroglobulina, plaquetas, tempo de protrombina, AST com ou sem ácido hialurônico Hepascore Idade, gênero, α2 macroglobulina, ácido hialurônico, bilirrubinas, GGT Índice de Forns Plaquetas, GGT, idade, ELF Ácido hialurônico, procolágeno PIIIP, metaloproteinase FIB-4 Idade, AST, ALT e plaquetas mundo são, sem dúvida, o Fibrotest e o APRI. O Fibrotest(4) apresenta uma vasta coleção de trabalhos publicados e já é adotado em alguns países como teste de estadiamento para a hepatite C. O que dificultou seu emprego mais disseminado foi a dificuldade em se obter a fórmula para o cálculo do teste, pelo menos para fins comerciais. O APRI(5,6), pela facilidade de seu cálculo, também teve seu uso disseminado e, embora algumas modificações da fórmula original tenham sido introduzidas para aumentar sua sensibilidade, a fórmula original prevalece na maioria dos artigos, graças à sua praticidade. O teste de Fornes(7) também inclui apenas determinações de fácil acesso na prática diária e seu principal emprego seria na exclusão de fibrose significativa, mesma utilidade que tem sido apregoada para o emprego do FIB-4(8). O Fibrometer(9) representa uma família de testes não invasivos adaptados para as diferentes doenças hepáticas (hepatites virais, álcool, DHGNA) podendo combinar apenas testes indiretos entre si ou testes indiretos com marcadores da matriz (ácido hialurônico) a exemplo do que ocorre com o Hepascore(10). Já o ELF(11) (Enhanced Liver Fibrosis) inclui apenas marcadores diretos (relacionados à 3 4 100 90 80 70 60 50 40 F0 F1 F3 F2 Fibrometer Fibrotest Hepascore F4 APRI FIB4 Figura 1. Desenpenho comparativo dos diferentes marcadores no diagnóstico da fibrose hepática Comparação entre diferentes marcadores bioquímicos não invasivos no estadiamento da fibrose hepática de acordo com a classificação Metavir (modificado de Calés P et al., 20089). FBM Fscan 60 SF-index 50 40 % erro matriz extracelular). Embora os estudos originais de cada um desses testes tenderem a demonstrar sua superioridade sobre os outros, estudos independentes mostram acurácia diagnóstica comparável entre eles(12-14) (em que pese melhor desempenho de alguns testes como Fibrometer, Fibrotest sobre Fornes e APRI), que apresentam especial desempenho no diagnóstico dos pacientes sem fibrose e aqueles com cirrose; já na fibrose intermediária, há uma perda importante da acurácia diagnóstica (figura 1). Esse comportamento pode levar a importante erro de interpretação quando analisamos trabalhos que testam a capacidade discriminante desses testes para o diagnóstico de fibrose significante (≥ F2). Na realidade, quando fazemos esse corte, separamos os dois melhores desempenhos em grupos opostos (F0, F1 x F2, F3, F4). Além disso, quanto mais desbalanceados forem os grupos estudados (maior contigente de cirróticos, por exemplo) maior será a capacidade discriminante do teste. Quando analisamos a área sob a curva desses testes para fibrose significativa, geralmente encontramos valores de 0,80 ou mais. Para o leitor menos atento, isso indicaria um acerto diagnóstico de 80% ou mais. Entretanto, quando analisamos o desempenho do teste para o diagnóstico de cada grau de fibrose tomado isoladamente (figura 1, lembrando que foi extraída de estudo de Calès et al.(9) no desenvolvimento do Fibrometer), observamos que o percentual de acerto para F2 é de apenas 50-60%, mesmo não tratando-se de uma publicação independente. Na figura 2, vemos que a situação não muda para o FibroScan®. É importante citar nesse ponto que parte dessa perda de sensibilidade dos métodos também se deve às dificuldades inerentes da biópsia. O fragmento ideal para a análise histológica teria cerca de 20-25mm de extensão contendo 11 espaços-portas ou mais. No entanto, podemos aceitar para fins de estudos (condição mínima) biópsias com 15mm de extensão e com 8-10 espaços-portas(2). Mesmo nessas condições, vamos encontrar discordância na classificação estrutural entre patologistas diferentes, que se agravam ainda mais quando os fragmentos obtidos estão aquém dessas especificações. Entretanto, em muitos estudos sobre testes não invasivos foram utilizadas percentual significante de biópsias que não apresentavam fragmentos adequados. Outra característica que deve ser levada em conta é que a classificação histológica não é quantitativa em termos de conteúdo de fibrose (um paciente com classificação F2 de metavir não apresenta o dobro de fibrose que o paciente F1, nem a metade do paciente classificado como F4). Assim, o ideal seria correlacionar esses achados dos testes não invasivos com a quantidade de colágeno no fígado, por exemplo. Com esse objetivo, algumas novas classificações da fibrose têm sido sugeridas(15). Entretanto, seria necessário estabelecer o significado clínico desse achado. Sabemos muito bem a história natural de pacientes classificados como F2 em uma biópsia hepática, mas o que significaria encontrar em uma análise histológica um paciente que tivesse o dobro da quantidade de colágeno no fígado ou um pKa que fosse o dobro da medida de um paciente sem fibrose?!! 30 20 10 0 F0 F1 F2 F3 F4 Classificação metavir Figura 2. Percentual de erro na classificação dos pacientes hepatopatas crônicos para Fibrometer (FBM), FibroScan (FS) e o índice de fibrose significante (SF-index) tendo como referência a classificação histológica Metavir (extraído de Boursier et al.(36)). Testes respiratórios A metacetina marcada com carbono 13 (isótopo natural) é o substrato mais utilizado para estudos funcionais hepáticos e teria especial emprego na detecção da cirrose(16). Tivemos a oportunidade de estudar esse teste em nosso meio(17) e encontramos resultados semelhantes aos publicados na literatura; entretanto, esse teste tem contra si o fato de requerer equipamentos especiais e substrato marcado com carbono 13. Elastograma O elastograma por meio de FibroScan® é um novo método não invasivo para avaliação de fibrose hepática através da medida da elasticidade do tecido. Realiza-se a ultrassonografia com um probe especial, que emite ondas de leve amplitude e baixa frequência em velocidade diretamente relacionada à elasticidade hepática. Dois tipos básicos de problemas podem comprometer a acurácia do exame: os problemas técnicos e os inerentes ao paciente ou à doença de base. Entre os problemas técnicos é recomendado pelo fabricante que se obtenham pelo menos 10 medidas válidas, com taxa de sucesso ≥ 60% e com IQR/M (interquartile range/median ratio) ≤ 0,30. Estudos que avaliaram esses parâmetros demonstram que o IQR/M (que mede a taxa de dispersão dos resultados) é o parâmetro que mais impacta na fidedignidade dos dados e que ele deveria, idealmente, ser fixado em ≤ 0,20. Com esses valores, mais de 40% dos exames seriam considerados inconclusivos(18). A experiência do examinador também é apontada como fator de sucesso do exame(19). Entre os problemas relacionados ao paciente ou à doença de base, a atividade necroinflamatória tem especial impacto nas hepatites virais, especialmente na hepatite B e, talvez, em menor grau na hepatite C(20-22), podendo alterar artificialmente os valores obtidos na avaliação da fibrose. Está bem documentado que os pacientes com “flares” de aminotransferases aumentam de maneira importante os valores da determinação da elasticidade do parênquima, de tal modo que pacientes sem fibrose podem apresentar valores em KPa comparáveis à obtida em portadores de cirrose hepática. Na hepatite B, um estudo asiático propôs a correção dos valores do FS pelos níveis de ALT(22). A interferência da esteatose em graus avançados sobre os valores da elastometria tem sido relatada, especialmente na hepatite C(20) e na DHGNA(23). Em pacientes alcoólatras em uso ativo de etanol, os valores da elastometria tendem a superestimar a fibrose(24). Também a ascite, a insuficiência cardíaca congestiva e a colestase extra-hepática são fatores de erro já conhecidos(19). O índice de massa corpórea (IMC) representa importante dificuldade para realização do exame, especialmente em seus extremos. Pacientes extremamente magros (pela dificuldade de posicionar o probe entre os espaços intercostais) e indivíduos obesos (em que o panículo gorduroso subcutâneo altera a velocidade de propagação da onda) podem apresentar falhas na determinação da elastometria hepática. Este último caso afeta especialmente os portadores de doença hepática gordurosa que, em sua maioria, apresentam sobrepeso e obesidade. De fato, Castera et al.(25) demonstraram que o método falha em 8,1% dos casos com IMC entre 25 e 28 e aumenta progressivamente com o crescimento da obesidade, atingindo até 41,7% nos casos com IMC ≥ 40. Segundo esse autor, um em cada cinco exames de elastometria pelo FibroScan, apresenta resultados não confiáveis, sendo o IMC e o despreparo técnico as principais causas de erro. Novos probes estão em desenvolvimento para tentar aumentar a reprodutibilidade do método, especialmente em pacientes obesos(26) (XL probe) e com esteatose(27) (CAP = controlled attenuation parameter). A despeito dos problemas anteriormente apresentados, a determinação da elasticidade hepática tem especial aplicação nos pacientes com cirrose. Nesses casos, quatro meta-análises(28-31) demonstraram elevada sensibilidade e especificidade do exame para o diagnóstico de cirrose com índice de acerto diagnóstico superior a 90% dos casos, inclusive sendo superior aos testes bioquímicos(32), representando, sem dúvida, a grande aplicação do método. Além disso, o FibroScan demonstrou ser capaz de diferenciar as várias etapas da cirrose hepática, como o desenvolvimento de hipertensão portal, descompensação hepática e a presença de hepatocarcinoma(33). Levando em consideração essas limitações dos métodos e ten- tando otimizar o diagnóstico da fibrose significante e avançada, o caminho provavelmente seja o de combinar os diversos testes entre si. A combinação de testes bioquímicos foi introduzida por Sebastiani(34) que utilizou a combinação de APRI e Fibrotest com esse objetivo (SAFE biopsy). O diagnóstico de fibrose significativa (≥ F2) seria feita pelo encontro de um APRI > 1,5 ou a associação de APRI = 0,5-1,5 e FT > 0,49, enquanto que para valores discordantes ou abaixo desses pontos de corte, a biópsia seria necessária. O diagnóstico de cirrose seria feito com APRI > 2 e FT ≥ 0,75. Esse algoritmo evitaria a realização de 43,8% das biópsias de fígado. Posteriormente, Castera et al.(35) propuseram a utilização de FT associado ao FibroScan (FS) (algoritmo de Bordeaux), em que ambos testes são realizados em conjunto e, quando discordantes, é indicada a biópsia. Para o caso de concordância, segue-se o esquema apresentado na figura 3. Nesse caso, a biópsia seria evitada em cerca de 75% dos casos. Posteriormente, um segundo esquema com FS foi apresentado através de sua associação com o Fibrometer(36) (SF-index) que teria melhor performance diagnóstica que os anteriores, com quase 80% de biópsias evitadas. Entretanto, além de incluir várias etiologias de doença hepática, a grande maioria dos pacientes apresentava fibrose ≥ F2. De qualquer forma, a acurácia diagnóstica para F2 foi pouco reduzida com esse método. Outro índice combinando FS com tempo de protrombina e plaquetas e ácido hialurônico também foi descrito(37). Assim, a associação de testes não invasivos parece ser a melhor opção nesse momento, aumentando o grau de confiança no diagnóstico obtido. Até o momento, a grande maioria dos trabalhos concentrou-se no diagnóstico da fibrose. Muitos dos questionamentos e da validade desses testes somente serão respondidos em estudos longitudinais em que os resultados dos testes poderão estabelecer sua valia e até referendar novas classificações para o estadiamento da fibrose, diferentemente do que temos agora. Assim, alguns estudos começam a aparecer, em portadores inativos de hepatite B(38), em pacientes com hepatite C tratados com medicação antiviral(39-41), ou, mais recentemente, seu valor prognóstico em termos de mortalidade(42). Conclusões O advento da elastometria e sua combinação com testes não invasivos parece ser o melhor caminho a ser percorrido. Conforme apresentado anteriormente, esses métodos apresentam especial aplicação nos casos em que temos ausência de fibrose e na fibrose avançada. A concordância dos resultados em dois desses testes nessa área do estadiamento poderá se concretizar como uma forma segura de avaliação desse parâmetro, podendo tornar desnecessária a realização de biópsias hepáticas. Entretanto, nunca será demais enfatizar que a curva de aprendizado é inevitável e necessária e que devemos desenvolver nossa própria experiência com esses métodos, observando com cuidado os fatores de erro de cada um deles. Para a fibrose significativa, na nossa avaliação e de estudo independente recentemente publicado(32), a biópsia hepática ainda será necessária até que estudos mais convincentes sejam apresentados. 5 Referências 1. Garcia-Tsao G, Boyer JL. Outpatients liver biopsy. How safe is it? Ann Int Med. 1993;118:150-3. 2. The French METAVIR Cooperative Study Group. Intraobserver and interobserver variations in liver biopsy interpretation in patients with chronic hepatitis C Hepatology. 1994;20:15-20. 3. Regev A, Berho M, Jeffers LJ, et al. 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Síndromes ductopênicas no adulto: diagnóstico e tratamento José Eymard Moraes de Medeiros Filho Professor Adjunto da Disciplina de Gastroenterologia da Universidade Federal da Paraíba. Coordenador Clínico do Programa de Transplante de Fígado do Estado da Paraíba. Doutor em Gastroenterologia pela Universidade de São Paulo. Ductopenia refere-se à redução do número de ductos biliares intra-hepáticos em um processo patológico que compromete a excreção de sais biliares (colestase). Trata-se de uma definição histopatológica que pode, em fases avançadas da doença, ser sugerida em estudos de imagem (colangiografia endoscópica retrógrada-CPER ou colangiorressonância-CPRM). Histologicamente, define-se ductopenia quando da ausência de ductos biliares em mais de 50% dos espaços porta de um fragmento de fígado com ao menos 10 espaços porta representados. Permanece controverso o mecanismo pelo qual ocorre esta perda, sendo a hipótese mais aceita a de apoptose biliar. Ademais, o equilíbrio entre perda celular e fenômenos regenerativos justifica a potencial reversibilidade da ductopenia em algumas etiologias, notadamente quando pouco avançadas. Várias são as possíveis causas da perda dos ductos interlobulares e septais no adulto, sendo mais comumente referidas etiologias autoimunes, infecciosas, medicamentosas, genéticas e mesmo neoplásicas, como se observa em casos de linfoma de Hodgkin. A cirrose biliar primária é a forma mais comum de ductopenia, presente, mais frequentemente, em mulheres adultas com prurido e bioquímica colestática confirmada histologicamente pela presença de ductopenia e granulomas periductulares, ocasionalmente com a presença da típica lesão florida. Outras doenças colestáticas, como a colangite esclerosante primária (CEP, notadamente, na sua apresentação, acometendo apenas pequenos ductos), sarcoidose, doença do enxerto versus hospedeiro e rejeição celular no contexto de transplante hepático (tanto na forma aguda quanto na crônica) cursam com perda ductal, colestase e suas complicações. Processos infecciosos virais ou bacterianos e o uso de fármacos são também referidos como possíveis causas de colestase e ductopenia. Este último reveste-se de fundamental importância pela elevada incidência, podendo ser responsável por até 20% dos casos de icterícia na população idosa. Habitualmente, observa-se a resolução do processo após a suspensão da medicação, com melhora clínica e laboratorial, podendo, entretanto, progredir para disfunção hepatocelular e insuficiência hepática terminal. Merece especial atenção a ductopenia idiopática do adulto, entidade rara descrita em 1988 por Ludwig et al., provavelmente consistindo em um agrupamento sindrômico de várias entidades, coexistindo causas imunológicas (colangite autoimune ou colangite em hepatite autoimune, com autoanticorpos séricos negativos), colangites virais, CEP apenas de pequenos ductos sem doença inflamatória intestinal associada, dentre outras. O curso clínico é extremamente variado, desde queixas ocasionais até prurido intratável típico das fases avançadas, comumente associados a sintomas gerais como fadiga, adinamia, perda ponderal e, ocasionalmente, nas colestases de longa evolução, dislipidemia, xantomas e xantelasmas e síndrome disabsortiva. O padrão ouro para o diagnóstico reside na histologia hepática, devendo-se excluir as entidades específicas já citadas através de investigação sorológica (autoanticorpos) e imagenológica (CPER/CPRM) antes de se rotular como ductopenia idiopática do adulto, esta de evolução para disfunção celular grave em mais de 50% dos casos. O tratamento, apesar de inespecífico, baseia-se na identificação e tratamento específico da etiologia de base, se passível. Caso contrário, busca-se com a terapêutica otimizar o controle dos sintomas (por exemplo, o uso de colestiramina para tratamento do prurido) e prevenir complicações através de tratamento de suporte e reposição (cálcio e/ou bifosfonados para prevenção e tratamento da perda de massa óssea), existindo poucas alternativas que possam modificar o curso da doença. O uso de ácido ursodesoxicólico tem sido advogado como potencialmente eficaz no controle dos sintomas e na melhora das alterações bioquímicas, sendo isto não raramente observado nas várias entidades ductopênicas acima referidas. Baseia-se seu uso na otimização do fluxo biliar através da eliminação de um sal biliar mais hidrofílico, reduzindo o efeito detergente da estase biliar sobre o epitélio biliar, bem como na modulação imunológica da resposta inflamatória, alterando a expressão de alguns antígenos. Deste modo, apesar de ser uma recomendação baseada em estudos não controlados, a utilização de doses em média de 15mg/kg/dia tem sugerido, além dos benefícios clínicos e laboratoriais já referidos, uma potencial redução na progressão histológica da doença. Por fim, casos refratários aos tratamentos específicos, sintomáticos e ao uso de ácido ursodesoxicólico acima descritos devem ser considerados para transplante hepático. 7 ArtcomentadoNash - 203023 Apresentações: caixas contendo 20 comprimidos de 50, 150 e 300 mg de ácido ursodesoxicólico 202979 URSACOL/PECSBH5/AGOSTO/2011 Reduz a colestase1-6 Referências Bibliográficas: 1. Hirschfield GM et al. Reviews in basic and clinical gastroenterology and hepatology. Gastroenterology. 2010; 139:1481-1496. 2.Trauner M & Graziadei IW. Review article: mechanisms of action and therapeutic applications of ursodeoxycholic acid in chronic liver diseases. Aliment Pharmacol Ther. 1999; 13(8):979-96. 3. Van Erpecum KJ et al. Rationale for therapy with ursodeoxycholic acid in patients with cholestatic liver disease. Neth J Med. 1993;43(5-6):233-8. 4. Palma J et al. Ursodeoxycholic acid in the treatment of cholestasis of pregnancy: a randomized, double blind study controlled with placebo. J. Hepatology. 1997; 27: 1022-1028. 5. Podda M et al. Effects of ursodeoxycholic acid and taurine on serum liver enzymes and bile acids in chronic hepatitis. Gastroenterology. 1990; 98(4): 1044-1050. 6. Attili AF et al. The effect of ursodeoxycholic acid on serum enzymes and liver histology in patients with chronic active hepatitis. A 12-month double-blind, placebo-controlled trial. J Hepatology. 1994;20:315-320. Ursacol®, ácido ursodesoxicólico. Comprimido simples 50, 150 e 300 mg, embalagens com 20 comprimidos. Uso oral - Uso adulto. Indicações: dissolução dos cálculos biliares, formados por colesterol que apresentam litíase por cálculos não radiopacos, com diâmetro inferior a 1 cm, em vesícula funcionante ou no canal colédoco; para pacientes que recusaram a intervenção cirúrgica ou apresentam contraindicações para a mesma; em casos de supersaturação biliar de colesterol na análise da bile colhida por cateterismo duodenal. Cirrose biliar: tratamento da forma sintomática da cirrose biliar primária; alterações qualitativas e quantitativas da bile; colecistopatia calculosa em vesícula biliar funcionante; litíase residual do colédoco ou recidivas após intervenção sobre as vias biliares; síndrome dispéptico-dolorosas das colecistopatias com ou sem cálculos e pós-colecistectomia; discinesias das vias biliares e síndrome associada; alterações lipêmicas por aumento do colesterol e/ou triglicérides; terapêutica coadjuvante da litotripsia extracorpórea. Contraindicações: icterícia obstrutiva e hepatites agudas graves; colecistite, cólicas biliares frequentes, úlcera gastroduodenal em fase ativa; alterações hepáticas e intestinais que interferem com a circulação entero-hepática dos ácidos biliares; insuficiência renal grave; pacientes em estado terminal de cirrose biliar primária. É contraindicado em processos inflamatórios do intestino delgado ou do intestino grosso e em caso de hipersensibilidade aos componentes da fórmula. Precauções e advertências: - Gerais: os cálculos radiotransparentes, que melhor respondem ao tratamento litolítico, são aqueles pequenos e múltiplos em vesícula biliar funcionante; um eventual controle da composição biliar, para verificar a saturação em colesterol, representa importante elemento de previsão para um êxito favorável do tratamento. - Gravidez e/ou lactação: este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica. Informe imediatamente seu médico em caso de suspeita de gravidez. Não há estudos que confirmem ou não a eliminação através do leite materno e, portanto, não é recomendado a mulheres que estejam amamentando. Interações medicamentosas: com antiácidos à base de alumínio, colestiramina, clofibrato e neomicina. Reações adversas: diarreia, dores estomacais, náusea a vômito, constipação intestinal, dor de cabeça, indigestão ou gosto metálico na boca. Posologia e administração: a dose diária deve ser administrada em 2 ou 3 vezes ao dia, após as refeições. Metade da dose diária poderá ser administrada após o jantar. A ingestão antes de deitar aumenta a eficácia do medicamento. - Dissolução de cálculos biliares: 5 a 10 mg/kg de peso corporal, dividida em duas ou três tomadas, por períodos de 4 a 6 meses, pelo menos, podendo chegar a 12 meses. - Sintomas dispépticos: geralmente são suficientes doses de 50 mg três vezes ao dia, ou 150 mg duas vezes ao dia. - Cirrose biliar primária estágio I a III: 12 a 15 mg/kg/dia, dividida em duas a quatro doses, por um período de 9 meses a 2 anos de tratamento. - Cirrose biliar primária estágio IV com bilirrubinemia normal: 12 a 15 mg/kg/dia, dividida em duas a quatro doses, por um período de 9 meses a 2 anos de tratamento, devendo ser realizado controle periódico da função hepática. - Cirrose biliar primária estágio IV com bilirrubinemia elevada: 6 a 8 mg/kg/dia (metade da normal), dividida em duas a quatro doses. - Terapia coadjuvante de litotripsia extracorpórea: 8 mg/kg/dia, associada a 7 mg/kg/dia de ácido ursodesoxicólico, por um período de tratamento que se inicia 2 a 3 semanas antes da intervenção até 1 mês após o procedimento. Não é necessária a redução posológica na insuficiência renal, uma vez que o ácido ursodesoxicólico é excretado predominantemente pela bile e somente uma quantidade muito pequena pela urina. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Registro MS.: 1.0084.0067. A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. 88