Ciências da Saúde/ Medicina/ Clínica Médica/ Endocrinologia
PERFIL GLICÊMICO DOS PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 ATENDIDOS EM AMBULATÓRIOS DO
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE.
Bárbara Costa da Silva
[email protected]
Graduanda em Medicina – Universidade Salvador - UNIFACS
Maria de Lourdes Lima de Souza e Silva
Profa. Dra./ Orientadora
Introdução
O Diabetes Mellitus(DM) não é uma única doença, mas um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresenta
em comum a hiperglicemia, a qual é o resultado de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambos.
O tipo 2 é a forma mais comum de DM e é caracterizado por desordem na ação e secreção da insulina. O crescimento e
envelhecimento populacional, o aumento das taxas de obesidade e sedentarismo e o aumento da sobrevida dos
pacientes diagnosticados são os principais fatores que explicam o aumento da prevalência mundial do Diabetes. As
complicações crônicas do DM são as principais responsáveis pela morbi-mortalidade dos pacientes com a doença. A
identificação do perfil glicêmico dos pacientes com DM 2 em nosso país é um dos passos iniciais para direcionar as
ações de saúde no sentido de reduzir o risco de complicações crônicas da doença. Este estudo pretende descrever o
perfil glicêmico dos pacientes com diabetes mellitus tipo 2, atendidos em um ambulatório do Sistema Único de Saúde,
com o objetivo de comparar variáveis clínicas e metabólicas entre pacientes com e sem controle glicêmico. Assim
possibilitando conhecer a realidade local, servindo de base para futuras intervenções.
Métodos
Estudo descritivo de morbidade, conduzido em ambulatórios do SUS do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS),
localizado na cidade de Salvador, no Estado de Bahia.Os pacientes foram recrutados durante visitas ambulatórias
programadas regularmente, entre agosto de 2013 e fevereiro de 2014. Foram considerados elegíveis para inclusão no
estudo, pacientes com diagnóstico estabelecido de DM 2 e idade maior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos. Sendo
utilizado como critérios de exclusão, pacientes com diagnóstico de doença mental, mulheres grávidas ou em período de
lactância, além daqueles que não realizaram exames de glicemia de jejum, glicemia pós-prandial e hemoglobina glicada
nas últimas três consultas. A amostra foi obtida por conveniência, tendo sido considerado a disponibilidade dos
pacientes para participarem das avaliações, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Esse
emitido em duas vias, ambas assinadas pelo paciente e pesquisador, onde ficou garantido o sigilo das informações
colhidas. No total foram 100 pacientes que preencheram os critérios de inclusão e foram avaliados por meio de um
questionário.
Resultados e Discussão
Com idade média de 58±12,1 anos, a maioria dos pacientes eram do sexo feminino 64%. Desses 40% eram obesos
(obesidade 1: 18%; obesidade 2: 15%; obesidade 3: 7%), 63% hipertensos, 67% dislipidêmicos e dentre o último, 33,3%
apresentaram dislipidemia mista. Dessa população, 14% apresentou controle adequado da hemoglobina glicada, 41%
com controle da glicemia de jejum e 26% com glicemia pós prandial controlada. Ao analisar o Teste T de student houve
uma relação estatística significante (p<0,05) entre hemoglobina glicada e as medias de glicemia de jejum (para Hb1Ac
controlada: 123,2±39,8 e Hb1Ac não controlada: 161,4±67,7) e do HDL (para Hb1Ac controlada: 40,1±8,4 e Hb1Ac não
controlada: 47,9±13,2), onde apresentaram respectivamente p<0,045 e p<0,044. Uma tendência a significância
estatística foi observado entre a hemoglobina glicada e as médias de idade (para Hb1Ac controlada: 51,9±12,7 e Hb1Ac
não controlada: 58,9±12,3) com p<0.056. Não houve diferença de proporções nos pacientes controlados e não
controlados de Hb1Ac quanto ao sexo, etilismo, hipertensão, dislipidemia, neuropatia, complicações cardíacas,
retinopatias, complicações renais, passado de AVE e IMC. Não foram encontradas correlações ao aplicar o teste de
Pearson entre Hb1Ac com a idade, IMC e duração do diabetes.
Conclusões
Os dados desta pesquisa foram na sua maioria semelhantes aos encontrados em outras investigações internacionais e
nacionais, com grande proporção de usuários com DM2 estudados, apresentando controle dos níveis HbA1c, aquém do
preconizado nos consensos. Contudo, o pequeno número da amostra é considerado fator limitante. Assim, os resultados
deste estudo apontam a importância da prática avaliativa como ferramenta para direcionar o planejamento de
intervenções destinadas a contribuir para melhorar a qualidade do manejo do DM. Dessa maneira, é sugestiva a adoção
de estratégias capazes de favorecer maiores parcerias entre profissionais de saúde e pessoas com DM2, porquanto
essa doença requer o automanejo e mudanças de comportamentos. Ainda é recomendável a realização de novos
estudos de avaliação em outros serviços com o objetivo de investigar os demais recortes do processo avaliativo.
Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave: Diabetes Mellitus / Glicemia / Hemoglobina glicada
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