1 DETERMINADAS TÉCNICAS DO SERVIÇO SOCIAL APLICADA AOS PACIENTES ONCOLÓGICOS Arlete Cardoso Soares1 Denise Alencar Donizete2 Elisângela Dias Prudêncio3 RESUMO Este artigo discute algumas técnicas do Assistente Social durante o processo de tratamento aos pacientes ontológicos e a articulação entre os conhecimentos teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-operativos na intervenção profissional dos profissionais de Serviço Social. O objetivo de este estudo trazer uma reflexão critica e chamar a atenção dos profissionais de Saúde e do Serviço Social. Pois, o impacto da doença para o paciente e seus familiares precisa ser compreendido, ou seja, principalmente as condições emocionais, socioeconômicas e culturais dos pacientes e de seus familiares, visto que é nesse contexto que emerge a doença, e é com essa estrutura familiar que vão responder à situação da doença. A pesquisa utilizada é pesquisa bibliográfica e documental com a finalidade de alcançar os objetivos propostos. Palavras-chave: Pacientes Oncológicos; Serviço Social; Técnicas. 1 Bacharel em Serviço Social Faculdade Santo Agostinho. Projeto de Extensão das Faculdades Santo Agostinho – Diagnostico Sócio- Assistencial de Ninheira/MG. Projeto de Extensão das Faculdades Santo Agostinho de Gestão Socioambiental em Parceria com a V&M E-mail. [email protected] 2 Mestre em Serviço Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2007). Especialista em Planejamento e Gestão Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2005). Assistente Social, graduada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2003). Coordenadora do Curso de Serviço Social e professora das Faculdades Santo Agostinho em Montes Claros-MG. Professora da UNIMONTES. Tem experiência na área de orientação e fiscalização do exercício profissional (CRESS); gestão pública de assistência social (Prefeitura Municipal de Chiador); docência Serviço Social (Faculdade Vale do Gorutuba e Faculdades Santo Agostinho), com ênfase em Fundamentos do Trabalho Profissional do Serviço Social e Fundamento Teórico Metodológicos do Serviço Social. E-mail: [email protected] 3 Bacharel em Serviço Social Universidade Norte do Paraná. Fundação Dilson de Quadros Godinho. Projeto de Extensão Diagnóstico Social Montes Claros/MG. Projeto de Extensão da Universidade Norte do Paraná Dia Nacional da Responsabilidade Social. Projeto de Ação Promovendo a Autoestima com Arte Montes Claros/MG 2 1. INTRODUÇÃO O presente artigo nasce de reflexões do número crescente do câncer no Brasil na qual ganha relevância pelo perfil epidemiológico e, que essa doença vem apresentando situações delicadas e critica aos pacientes oncológicos. O conhecimento sobre a situação dessa doença permite estabelecer prioridades de forma direcionada para a modificação positiva desse cenário na população brasileira. A cicatriz do câncer compromete as relações familiares, dificultando a fala sobre a doença, o que é progressivamente maior, frente ao avanço da doença. Constatar a existência da doença traz sofrimento para todos os familiares - daqueles que são potencialmente mais fortes e podem saber do diagnóstico e outros que são mais frágeis e devem ser poupados, dentre estes se incluem os enfermos. Nesta perspectiva, este estudo aborda algumas técnicas do Serviço Social4 aos pacientes oncológicos, entre eles a intervenção. Com o intuito de compreender essa totalidade durante o processo de tratamento também é necessário entender o contexto social, cultural, político e econômico em que está inserido o paciente oncologico. Esses fatores irão influenciar no comportamento podendo afetar sua saúde mental, causando: depressão, ansiedade, sobrecarga, conflito de papéis, incerteza, erosão nos relacionamentos, entre outros problemas, também afeta sua saúde física causando fadiga, declínio da saúde, falta de exercícios, nutrição precária e necessidade de medicamentos. Essa discussão está presente no contexto do Serviço Social e utilizou-se da pesquisa bibliográfica para contribui nos debates, nas reflexões no eixo ético-politico que direciona para a prática profissional em outras ocupacionais, em especial, na área da saúde. Destarte, a diversidade de demandas que são colocadas aos assistentes sociais possui uma intensidade ampla e pode se dizer que caminha pelo público, privado e pelo íntimo parafraseando (MARTINELLI, 2002, p.6). Desse modo, tem-se a precaução de não fragmentar os conteúdos em recortes de tempo sendo o objetivo pensado de modo articulado, sem 4 Segundo Iamamotto (2009), o Serviço Social é um trabalho especializado, expresso sob a forma de serviços, que tem produtos: interfere na reprodução material da força de trabalho e no processo de reprodução sociopolítica ou ídeo-política dos indivíduos sociais. IAMAMOTTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 16°ed. São Paulo. Cortez. 2009. 3 subdivisões e sem senso comum. É o que será exemplificado na qual se procura desenvolver uma análise argumentativa e crítica de tais fatos. Nesse sentido, o trabalho foi estruturado em quatros pontos, com o intuito de corroborar para a compreensão do assunto investigado. No primeiro a introdução que relata brevemente a temática teve por objetivo desenvolver uma análise crítica, a fim de entender a esse contexto, pois o Serviço Social, visto que é uma profissão relacionada com a mudança da sociedade, também com dimensões sociopolítica que comprometem com a luta cotidiana pelo enfrentamento das expressões da questão social5, e com o processo de construção de um mundo mais justo, digno e mais humano. Já no segundo momento ressalta sobre o processo de desenvolvimento da saúde e a inserção do Serviço Social nessa área e sua importância. Logo após esse contexto, elucida sobre algumas técnicas do Serviço Social aplicadas durante o processo de tratamento dos pacientes oncológicos, em especial, a intervenção. E por fim as considerações finais, na qual ressalta a importância dessas discussões. 2. SAÚDE E SERVIÇO SOCIAL No Brasil, com a Constituição Federal de 1988, a Saúde passa a ser reconhecida como Política Pública, ou seja, é dever do Estado e direito do cidadão, ao lado com a Assistência Social e a Previdência Social, constituindo assim o tripé da Seguridade Social. Contudo, os progressos alcançados nesta área são decorrências de lutas, de obstáculos e conquistas da sociedade brasileira através de movimentos sociais que ocorreram ao longo dos anos em nosso país. Diante desse contexto, a organização, a formulação e a implantação do SUS (Sistema Único de Saúde) incidiram em coragem do Movimento de Reforma Sanitária, o qual faz parte do movimento mais amplo de redemocratização do país, tendo seu marco na VIII 5 A Questão Social é expressão das desigualdades sociais constitutivas do capitalismo. Suas diversas manifestações são indissociáveis das relações entre as classes sociais que estruturam esse sistema e nesse sentido a Questão Social se expressa também na resistência e na disputa política. YAZBEK, Maria Carmelita. O significado sócio-histórico da profissão. In: CFESS; ABEPESS. (org.). Serviço Social – Direitos Sociais e Competência Profissionais. 1 ed. Brasília – DF: CFESS/ABEPSS, 2009, v. 1, p.126-141. 4 Conferência Nacional de Saúde em 1986, esse foi um cenário privilegiado para o princípio de diretrizes de reorganização do sistema de saúde no Brasil. Lembrando que o SUS propõe o acesso gratuito aos serviços de Saúde a todos os brasileiros, sendo esta uma conquista singular em termos de direito social, cujo início ocorreu a partir dos anos 1990. Os princípios básicos, do SUS defendem e apresentam a universalidade, igualdade e equidade e, como diretrizes, a descentralização, a integralidade e a participação da sociedade brasileira. Diante desse contexto, a área da saúde é composta por quatorze profissões reconhecidas pelo Conselho Nacional de Saúde. Cada profissão possui seus núcleos de saberes e práticas com vigor de reprodução social nos sistemas de ensino e formação, exercício profissional e trabalho. As profissões de saúde existem em um campo de saberes e práticas que são capazes de interferir no processo de ser saudável adoecer - curar, cujos núcleos de competência se organizam pelas práticas de assistir e práticas de promoção da saúde, que são distintas na medida em que se volta para as pessoas ou às coletividades humanas. O Serviço Social enquanto profissão vai adentrar de forma significativa na área da saúde que passa a requisitar diferentes práticas profissionais, dentre elas, intervenções, acompanhamentos, mediação entre a família e seus direitos sociais entre outros. Assim o assistente social trabalha numa perspectiva multidisciplinar parafraseando (BRAVO & MATOS, 2006). Pois essa inserção do Serviço Social no campo da saúde articula a ação profissional às diretrizes do SUS, o que sinaliza para um estatuto diferenciado da profissão no campo da saúde. Nessa probabilidade de arguição, ou seja, está ancorada em três pontos que sustentam esta abordagem. O primeiro está relacionado à concepção ampliada de saúde e a um novo modelo de atenção dela decorrente, incluindo-se a atenção à saúde como um dos pilares estruturantes dos sistemas públicos de bem estar construídos no século passado (CAMPOS E ALBUQUERQUE, 1999). Próximo ponto ocorre um movimento de reorganização e de atualização das práticas em saúde através de Capacitação Permanente e Continuada e dos Programas de Capacitação e Atualização Profissional em vários níveis, para categorias profissionais e para programas específicos, instituídos pelo Ministério da Saúde. 5 Mediante esse contexto, expandir-se a preocupação com a especificidade do Serviço Social à medida que se observam outras profissões alargando suas ações em direção ao social. Fica claro que essa força que a temática do social e do trabalho com o social vem auferindo no âmbito da saúde, através das diferentes profissões parafraseando (MIOTO, 2004a). E por fim o terceiro ponto ressalta sobre a desqualificação pela qual vem passando os aspectos relacionados ao social, diligente a partir da crítica do formato de alguns dos programas de saúde, em andamento, de âmbito nacional, estadual e municipal. Desde 1997 é considerado pelo Conselho Nacional de Saúde como profissão desta área, estando sua atuação concentrada, prioritariamente, nas ações de caráter emergencial, educação e informação em saúde, planejamento e assessoria, e mobilização de comunidade (COSTA, 2000). Nesse ínterim, no Brasil, as estimativas, para o ano de 2010, serão válidas também para o ano de 2011, e apontam para a ocorrência de 489.270 casos novos de câncer. Os tipos mais incidentes, à exceção do câncer de pele do tipo não melanoma, serão os cânceres de próstata e de pulmão no sexo masculino e os cânceres de mama e do colo do útero no sexo feminino, acompanhando o mesmo perfil da magnitude observada para a América Latina (INCA, 2009). Localização primária Casos novos Percentual Próstata 60.180 30,8% Traquéia, Brônquio e Pulmão 17.210 Cólon e Reto Localização Casos novos primária Percentual Mama Feminina 52.680 27,9% 8,8% Colo do Útero 17.540 9,3% 14.180 7,3% Cólon e Reto 15.960 8,4% Estômago 12.670 6,5% Glândula Tireóide 10.590 5,6% Cavidade Oral 9.990 5,1% Traquéia, Brônquio e 10.110 Pulmão 5,3% Esôfago 7.770 4,0% Estômago 7.420 3,9% Bexiga 6.210 3,2% Ovário 6.190 3,3% 6 Laringe 6.110 3,1% Corpo do Útero 4.520 2,4% Linfoma não Hodgkin 5.190 2,7% Sistema Nervoso Central 4.450 2,4% Sistema Nervoso Central 4.820 2,5% Linfoma não Hodgkin 4.450 2,4% A distribuição dos casos novos de câncer segundo localização primária mostra-se heterogênea entre Estados e capitais do país; o que fica em evidência ao observar-se a representação espacial das diferentes taxas brutas de incidência. As regiões Sul e Sudeste, de maneira geral, apresentam as maiores taxas, enquanto que as regiões Norte e Nordeste mostram as menores taxas. As taxas da região Centro-Oeste apresentam um padrão intermediário (INCA, 2009). Diante desse cenário, fica clara a necessidade de continuidade em investimentos no desenvolvimento de ações abrangentes para o controle do câncer, nos diferentes níveis de atuação, como: na promoção da saúde, na detecção precoce, na assistência aos pacientes, na vigilância, na formação de recursos humanos, na comunicação e mobilização social, na pesquisa e na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) (INCA, 2009). Assim, nas últimas décadas, o câncer ganhou uma dimensão maior, convertendose em um evidente problema de saúde pública mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que, no ano 2030, podem-se esperar 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de mortes por câncer e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com câncer. O maior efeito desse aumento vai incidir em países de baixa e média renda (INCA, 2011). A prevenção primária dessa neoplasia ainda não é totalmente possível em razão da variação dos fatores de risco e das características genéticas que estão envolvidas na sua etiologia. Novas estratégias de rastreamento factíveis para países com dificuldades orçamentárias têm sido estudadas, e, até o momento, a mamografia, para mulheres com idade entre 50 e 69 anos, é recomendada como método efetivo para detecção precoce. A amamentação, a prática de atividade física e a alimentação saudável com a manutenção do peso corporal estão associadas a um menor risco de desenvolver esse câncer (INCA, 2011). A partir do que foi exposta acima, alvitrada do SUS dentro dos princípios elencados veio alicerçada na concepção complexa de saúde isso em todos os aspectos. 7 Postula-se que não é possível compreender ou definir as necessidades de saúde sem levar em conta que elas são produtos das relações sociais e destas com o meio econômico, social e cultural. Por isso que o Serviço Social tem uma atuação dialética diante de atendimentos de demandas de necessidades sociais de seus usuários, produzindo resultados consolidados nas condições sociais materiais políticas e culturais na vida da população com a qual trabalha, viabilizando o seu acesso às políticas sociais, programas, projetos, serviços, recursos e bens e por fim garantindo os direitos na vida da população brasileira parafraseando Yazbek(2009) Em consonância com a autora acima o Serviço Social é uma especialização do trabalho da sociedade, inscrita na divisão social e técnica do trabalho social, o que supõe afirmar o primado do trabalho na constituição dos indivíduos sociais conforme ressalta Iamamoto (2009). Diante disso percebe-se a importância do Serviço Social na área da saúde contribuindo na efetivação de seus direitos dos cidadãos de acordo com a Constituição Federal e por fim consolidando os princípios do SUS. 3. AS TÉCNICAS DO SERVIÇO SOCIAL APLICADAS AOS PACIENTES ONCOLÓGICOS 3.1 Conceito de oncologia e os Pacientes Oncológicos A finalidade oncologia denota-se aplicação de medicamentos quimioterápicos e radioterápicos para arguir as células malignas em pacientes portadores de câncer6. Lembrando que “o surgimento do câncer está, como se sabe,associado ao acúmulo de mudanças genéticas numa mesma célula. [...]” segundo Frances Jones (2007). Cabe destacar que “[...] o câncer é uma doença dinâmica e com características agressivas”. (FRANCES JONES, 2007, p.34). 6 Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acumulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida. Disponível em; http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=322 8 Nesse ínterim, os pacientes oncológicos passam por momentos impactantes durante o processo de tratamento na qual é doloroso. Pois a droga age de maneira destruidora das células onde quer que ela esteja incluso no corpo. Cabe ressaltar que seus familiares precisam ser compreendidos a real situação do câncer, ou seja, devem ser consideradas as condições emocionais, socioeconômicas e culturais dos pacientes oncológicos, visto que é nesse contexto que emerge a doença, e é com essa estrutura sociofamiliar que vão responder à conjuntura da doença. Assim, pretende-se chamar a atenção dos profissionais que atuam na área da oncologia quanto à necessidade de voltarem sua atenção para os pacientes e também um acompanhamento psicossocial familiar, e em toda a sua complexidade, atentando para a singularidade da doença de cada paciente/família, sem perder de vista o caráter coletivo das demandas apresentadas, na perspectiva da qualidade da assistência prestada. 3.2 Umas das técnicas do Assistente Social: Intervenção Segundo o autor ANCONA-LOPEZ (1995, p. 26) afirma que: Intervir vem do latim intervenire, que significa meter-se de permeio, ser ou estar presente, assistir, interpor seus bons ofícios. Meter-se de permeio: indica atuação. Posição ativa de alguém que interfere que se coloca entre pessoas, que de algum modo estabelece um elo, uma ligação. Interpor os seus bons ofícios: ação de quem tem algum preparo em determinada área e põe seus conhecimentos à disposição de quem deles necessita. Ação de quem acredita no que faz. Estar presente: não indica necessariamente uma ação, o que leva a pensar em alguém disponível, que aguarda uma solicitação. Estar presente parece indicar uma posição, alguém a quem se pode recorrer e que está inteiro na situação. Assistir: indica ajuda, cuidados, apoio. Mediante ao significado acima sobre o ato de intervir percebe-se que é condicionado e norteado pela apreensão teórica da realidade concreta. A intervenção se relaciona permanentemente durante o trabalho dos assistentes sociais, por isso que ela é uma técnica importante durante o processo de analise da realidade social. Durante o processo histórico na perspectiva conservadora de Serviço Social entende que o foco da intervenção é o indivíduo que necessita mudar seus hábitos e 9 atitudes para inserir-se na sociedade. Encontra-se respaldada no referencial teórico positivista funcionalista que teve forte influência na prática profissional dos primeiros assistentes sociais (MARTINELLI, 1991). Diante de muitos debates, movimentos sociais, críticas, encontros, congressos sobre a categoria, Serviço Social houve um processo metamorfoses. Atualmente, o Serviço Social constitui-se como uma profissão de modo eminente interventiva. Isso remete à ideia de que existe a precisão de um maior entendimento teórico e metodológico dos assistentes sociais na qual entendem sobre a questão social nos processos de trabalho em que participam e como intervêm sobre a mesma. O profissional deve utilizar seus conhecimentos, autodeterminando, mesmo que relativamente, a sua ação profissional em um sentido contrário à reprodução das relações sociais postas, transformando-as. Ainda nesta contextualização, o trabalho dos assistentes sociais na saúde, em contraposição a um trabalho espontâneo e/ou instintivo, exige uma série de requisitos que perpassa: pela formação profissional e continuada de qualidade; compreensão do campo da seguridade social como direito; organização e planejamento do trabalho profissional com base em estudos e pesquisas; conexão entre programas e equipes e implementação de estratégias e táticas de ação e formação de uma consciência sanitária que demanda uma consciência social sobre a questão: saúde. Diante dessa realidade: na área da saúde, a técnica de intervenção, de Serviço social, continua de forma consolidada e importante nesses processos delicado que é na saúde por isso que precisa o mesmo capacitar-se e aprimorar-se nos conhecimentos para o agir profissional. Em termos conclusivos, a atuação permite a relação teórico-prática, ou seja, como os conhecimentos teórico-metodológicos, técnico-operativos e ético-políticos, são alcançados no espaço acadêmico, são articulados e mediados durante a intervenção profissional. Sendo assim, a discussão é de suma importância, pois ela possibilita mediações entre teoria com a prática a partir da realidade em que a profissão é desempenhada, em um movimento dialético em que a prática proporciona subsídios à construção de conhecimentos teóricos para a implementação de novas intervenções. 10 4. CONSIDERAÇÕES Com o processo histórico, o Serviço Social redimensiona-se e reconstrói-se qualitativamente como profissão, além disso, é reconhecida e inscrita na divisão sóciotécnica do trabalho, tem como desígnio socioeconômico e político adentra na ordem social. Diante disso, a categoria Serviço Social adentrou-se na área da saúde de modo significativo na qual procura dá um suporte aos pacientes oncológico, pois o mesmo, as famílias sofrem um grande impacto em suas vidas durante o tratamento. Embora essas reações dolorosas frente à doença é preciso ser compreendida considerando-se a história de vida de cada paciente e seus familiares, bem como os contextos social, econômico e cultural em que vivem, face às demandas de assistência que se colocam em função da doença e tratamento. Este estudo possibilita entender que o processo de adoecimento tem uma série de determinantes sociais relacionados às condições de vida, o enfrentamento à doença tem relação direta nesses diversos contextos. E o Serviço Social veio para contribuir e tentar garantir os direitos desses pacientes, por isso, os profissionais aplicam alguns técnicas importantíssimas, entre eles, a intervenção, a mediação, os pareceres, os relatórios. Assim, faz-se necessário reconhecer a realidade de vida do paciente e de sua família: a organização familiar, a qualidade das relações, os limites de compreensão da totalidade, o papel do sujeito enfermo na família, o impacto às atividades laborativas dos potenciais cuidadores, as condições habitacionais, a renda familiar. Contudo, compreender a complexidade que é ter um enfermo grave para cuidar, especialmente quando as condições de vida e trabalho são precárias. Cabe destacar também que é preciso exercitar as práticas investigativas, ações de curiosidades científicas e a capacidade de comunicação que a partir dos propósitos definidos de aproximação da realidade social, entusiasmam e influenciam na ascensão dos patamares de formação científico-profissional contribuindo nas áreas ocupacionais, em especial, a saúde. Para tanto, nessas circunstâncias o direcionamento e a intervenção da equipe de saúde, é de suma importância assim, objetivando respostas que contemplem as demandas singularizadas, porque a experiência da doença é única para cada usuário e 11 familiares, e reconhecendo que elas expressam necessidades coletivas que são expressões de determinantes sociais, econômicos e culturais que impõem condições de vida adversas para determinados segmentos da população. As intervenções dos profissionais da saúde e Assistentes sociais junto à família podem reduzir internações desnecessárias. As redes de apoio permitem a distribuição de recursos para famílias em situação de carência e a disseminação da noção de cidadania. 12 REFERÊNCIAS BRAVO, Maria Inês de Souza. Política de Saúde no Brasil. In: MOTA, Ana Elizabete. [et al], (orgs). Serviço Social e Saúde: formação e trabalho profissional. São Paulo: OPAS, OMS, Ministério da Saúde, Cortez, 2006. p.88-110. BRAVO, Maria Inês de Souza; MATOS, Maurílio Castro de. Projeto Ético-Político e sua Relação com a Reforma Sanitária: Elementos para o Debate. In: MOTA, Ana Elizabete. [et al], (orgs). Serviço Social e Saúde: formação e trabalho profissional. São Paulo: OPAS, OMS, Ministério da Saúde, Cortez, 2006. p.197 217. COSTA, M. D. H. O trabalho nos serviços de saúde e a inserção dos (as) assistentes sociais. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 62, p.35-71, 2000. IAMAMOTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 14. ed. – São Paulo: Cortez, 2008. MARTINELLI, M. L. Serviço Social: identidade e alienação. – 7ª ed. São Paulo: Cortez, 2001. INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER - INCA. Estimativas para o ano de 2009 de número de casos novos por câncer, por região. Disponível em: http://inca.gov.br/estimativa/2009/index.asp?link=tbregioes_consolidado.asp? ID=1. Acesso em: 07 de maio, 2012. INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER - INCA. Estimativas para o ano de 2012 de número de casos novos por câncer, por região. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2012/index.asp?ID=2 Acesso em: 28 de maio, 2012. YAZBEK, Maria Carmelita. O significado sócio-histórico da profissão. In: CFESS; ABEPESS. (org.). Serviço Social – Direitos Sociais e Competência Profissionais. 1 ed. Brasília – DF: CFESS/ABEPSS, 2009, v. 1, p.126-141.