ARTIGO ORIGINAL Perfil dos pacientes portadores de nefrolitíase em tratamento ambulatorial em um hospital público do Distrito Federal Fábio Humberto Ribeiro Paes Ferraz,1 Paulo Roberto de Araújo Carvalho2 e Rafael Rocha de Souza3 1 Médico Nefrologista, preceptor do programa de residência em Clínica Médica, Hospital Regional da Asa Norte, Brasília, DF, Brasil 2 Médico-Residente em Clínica Médica, Hospital Regional da Asa Norte, Brasília, DF, Brasil 3 Médico Nefrologista, Hospital Regional da Asa Norte, Brasília, DF. Especialista em Nefrologia pela Sociedade Brasileira de Nefrologia Correspondência: Dr. Fábio Humberto Ribeiro Paes Ferraz. Clínica Renal Life, SMHN quadra 2, bloco C, Edifício Dr. Crispim, sala 1.215, Asa Norte, CEP 70.710-149. Brasília, DF. Internet: [email protected] Recebido em 9-8-2011. Aceito em 10-9-2011. Título resumido. Perfil epidemiológico de portadores de nefrolitíase 1 RESUMO Introdução. A lítiase renal é doença de grande incidência, elevada recorrência e quando não tratada evolui com alto índice de complicações. Objetivo. Determinar o perfil epidemiológico dos pacientes portadores de litíase renal em tratamento ambulatorial regular em um hospital público do Distrito Federal. Método. De janeiro de 2006 a junho de 2011 foram analisados os prontuários de 150 pacientes que se encontravam em seguimento regular no ambulatório de nefrologia do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Dados avaliados: sexo, idade, procedência, tempo de diagnóstico, orientação nutricional prévia, sintomatologia clínica inicial, histórico complicações cirúrgicas, presença de comorbidades, realização e resultado de investigação metabólica, terapia instituída e relato de melhora clínica. Resultados. A média de idade foi 42 ± 15 anos, com predomínio do sexo feminino (67,3%). A maior parte dos pacientes apresentava histórico de litíase há três anos, diagnosticado após quadro de cólica nefrética (68%). Praticamente a metade (48,7%) apresentava alguma co-morbidade clínica e 7,3% referiram antecedentes de intervenções cirúrgicas. A maioria dos pacientes nunca havia recebido orientação nutricional prévia (91,3%). Cerca de 29,3% realizaram investigação metabólica, sendo os principais distúrbios diagnosticados: hipocitratúria e hiperuricosúria. hipercalciúria, A melhora clínica durante seguimento ambulatorial foi relatada por 69,3% dos pacientes. Conclusão. O predomínio do sexo feminino pode ser explicado por maior aderência ambulatorial desta parcela e ou encaminhamento errôneo dos pacientes masculinos exclusivamente a tratamento urológico. Os demais dados são condizentes com os achados na literatura. Palavras-chave. Litíase; nefrolitíase; epidemiologia. 2 ABSTRACT Profile of patients with neprolithiasis in ambulatory treatment in a public hospital of Distrito Federal Introduction. Nephrolithiasis is a disease with high incidence, recurrence and clinical complications, especially when no treated. Objective. To determine the profile of patients with stone renal disease in regular ambulatory treatment in a public hospital located in the city of Brasília, Federal District. Method. 150 medical records of patients in regular treatment in nephrology ambulatory of Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) were analyzed between January 2006 to June 2011. Analyzed data: sex, age, time of diagnosis, previous nutritional orientation, initial clinical symptoms, historic of surgical complications, comorbities, indication and result of metabolic investigation, type of therapy and clinical outcome. Results: The age average was 42 ± 15 years-old, a predominance of female patients (67.3%). Most patients had history of nephrolithiasis for 3 years, diagnosed after renal colic crisis (68%). Almost a half (48.7%) had some clinical comorbity and 7.3% reported a history of surgical interventions. The majority of patients had never received any nutritional orientation (91.3%). About 29.3% were submitted to metabolic investigation, and the disorders diagnosed were: hypercalciuria, hyperuricosuria and hypocitraturia. 69.3% of patients haved clinical improve with nephrologic treatment. Conclusion. The female predominance can be explained by a better adherence of this group and/or an erroneous forwarding of male patients to exclusive urologic treatment. The remaining data were consistent with the findings in the literature. Key words. Lithiasis; nephrolithiasis; epidemiology. INTRODUÇÃO A nefrolitíase é considerada em alguns estudos como um problema de saúde pública.1 Estima-se que de 5 a 15% da população mundial apresentará algum episódio de calculose renal ao longo da vida,2 estando entre o grupo mais susceptível indivíduos do sexo masculino (3:1), de raça caucasiana e de faixa etária jovem, sobretudo entre 20 a 40 anos.3-5 As condições climáticas e os hábitos alimentares também exercem importante influência sobre sua incidência.6 3 O fato de a litíase renal acometer uma população em faixa etária economicamente ativa e apresentar elevados índices de recorrência e de complicações clínicas e cirúrgicas associadas, contribui para que esta patologia tenha expressivo impacto econômico sobre o sistema de saúde, uma vez que é causa frequente de procura e de internação hospitalar.1,7,8 Estudos demonstram ainda aumento progressivo de sua incidência ao longo dos anos, sendo o mesmo atribuído a progressiva elevação dos índices de obesidade, do sedentarismo e de ingesta salina da população mundial.2,8,9 Desta forma, o objetivo deste estudo é avaliar as características epidemiológicas de uma população de pacientes portadores de litíase renal no seguimento ambulatorial de hospital público do Distrito Federal. MÉTODO Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo, em que foram analisados os prontuários dos pacientes com litíase renal em seguimento regular no ambulatório de nefrologia do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), de janeiro de 2006 a junho de 2011. Os prontuários foram resgatados tendo como base o arquivo de dados de um dos ambulatórios de Nefrologia do serviço de nefrologia do HRAN, onde constavam todos os pacientes em seguimento clínico regular definido como três consultas nefrológicas por ano. Ao início desde estudo, contabilizavam-se em seguimento ambulatorial regular 150 pacientes portadores de nefrolitíase, que constituíram a base deste estudo. Os dados analisados foram: 1. Dados epidemiológicos gerais referentes ao histórico do paciente e de sua doença de base: sexo, idade, procedência, tempo de diagnóstico prévio (em anos), histórico de orientação nutricional anterior, sintomatologia clínica inicial (cólica nefrética, infecção urinária, entre outras), antecedente de complicações cirúrgicas prévias e presença de comorbidades (nenhuma, hipertensão, diabetes, doença renal crônica, outras); 2. Dados referentes ao tratamento e desfecho do paciente: realização de investigação metabólica, diagnóstico metabólico, tipo de tratamento instituído e melhora clínica ou não após seguimento clínico. A investigação metabólica foi restrita aos pacientes que apresentavam antecedentes de várias intervenções cirúrgicas prévias e aqueles que mostravam 4 persistência de formação de cálculos mesmo aderentes às medidas dietéticas prescritas. Tal investigação foi realizada pela dosagem de cálcio, ácido úrico, oxalato e citrato em urina de 24 horas, sendo considerados para critérios diagnósticos os seguintes valores : a) hipercalciúria – dosagem de cálcio urinário > 250 mg em mulheres ou > 300 mg em homens b) hiperuricosúria – dosagem de ácido úrico urinário > 750mg em mulheres ou > 800 mg em homens c) hipocitratúria – dosagem de citrato urinário < 320mg em urina de 24 horas em ambos os sexos d) hiperoxalúria – dosagem de oxalato urinário > 44 mg em urina de 24 horas e) distúrbios mistos – definidos como associação entre mais de um dos distúrbios citados no exame de urina de 24 horas de um mesmo paciente . Comparações entre dois grupos foram efetuadas utilizando-se o teste exato de Fisher para variáveis categóricas e o teste t de Student não-pareado, para variáveis contínuas de distribuição normal. Normalidade foi avaliada com a inspeção visual de histogramas e aplicação do teste de normalidade D’Agostino e Pearson omnibus. O teste F foi utilizado para testar a suposição de igualdade de variâncias. Variáveis contínuas de distribuição normal e variáveis categóricas foram descritas como média ± desvio-padrão e percentagens respectivamente. O software R versão 2.11.1 foi utilizado na análise estatística de dados. Todas as probabilidades de significância apresentadas são do tipo bilateral e valores menores que 0,05 foram considerados estatisticamente significantes. O estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa da Secretária de Saúde do Distrito Federal, parecer 268/2011. RESULTADOS Na tabela 1 apresentam-se os dados epidemiológicos gerais dos 150 pacientes. Observa-se predomínio de pacientes do sexo feminino (67,3%), com faixa etária em torno de 42 anos de idade. A maioria dos pacientes era procedente do próprio Distrito Federal, com grande variabilidade acerca do tempo de diagnóstico de litíase renal com mediana de três anos. Como manifestação clínica inicial da doença, a maioria dos pacientes apresentou crise de cólica nefrética, e a infecção urinária 5 isolada ou associada à cólica nefrética ocorreram, respectivamente, em 11,3% e 10% dos casos. No início do seguimento ambulatorial, 7,3% dos pacientes relatavam intervenção cirúrgica prévia, principalmente litotripsia extracorpórea e nefrectomias parciais ou totais. Quase metade dos pacientes apresentava comorbidades sistêmicas, com predomínio de hipertensão arterial, diabetes melitos e doença renal crônica. Mais de 90% dos pacientes nunca havia recebido nenhuma orientação nutricional prévia, incluindo a necessidade de aumento da ingesta hídrica e dieta hipossódica e hipoproteica. Tabela 1. Dados epidemiológicos dos 150 pacientes com nefrolitíase em seguimento regular no ambulatório de Nefrologia do HRAN de janeiro de 2006 a junho de 2011 Parâmetros Valores Idade (anos; média ± desvio-padrão) 42 ± 15 Sexo feminino (%) Procedência do Distrito Federal (%) 67,3 94 Diagnóstico (anos; mediana; extremos) 3 (0 - 15 ) Sem orientação nutricional prévia (%) 91,3 Manifestação clínica inicial (%) Cólica nefrética 68 Infecção urinária 11,3 Ambos 10 Outro 10,7 Sem complicações cirúrgicas (%) 92,7 Co-morbidades (%) Hipertensão arterial sistêmica 19,3 Diabetes melito 2 6,7 Doença renal crônica 8 Outras 14,6 Nenhuma 51,3 Na tabela 2 são expressos dados referentes ao tratamento clínico. Um terço dos pacientes foi submetido à investigação metabólica com urina de 24 horas, sendo os 6 principais diagnósticos firmados: hipercalciúria (38,6%), hipocitratúria (29,5%), hiperuricosúria (25%) e defeitos mistos (6,9%), ou seja, associação de mais de um distúrbio dentre os citados. Nenhum paciente apresentou hiperoxalúria. Quanto a terapia instituída, a maioria foi submetida à orientação dietética associada ou não a terapia antilitogênica, sendo que apenas 8,7% dos pacientes foram encaminhados para tratamento urológico. Tabela 2. Dados referentes ao tratamento dos 150 pacientes portadores de nefrolitíase em seguimento ambulatorial regular no Ambulatório de Nefrologia do HRAN de janeiro de 2006 a junho de 2011 Parâmetros Sem investigação metabólica (%) Valores 70,7 Diagnóstico metabólico (%) Hipercalciúria 38,6 Hipocitratúria 29,5 Hiperuricosúria 25 Defeitos mistos 6,9 Terapia instituída (%) Orientação dietética 60,7 Dieta e medicação específica 30,6 Encaminhamento urológico 8,7 Melhora com o seguimento (%) 69,3 A comparação entre os grupos de pacientes com e sem co-morbidades é expressa na tabela 3. Verificou-se que os pacientes com co-morbidades apresentavam estatisticamente maior faixa etária (p <0,0001), mas não se observaram diferenças quanto as variáveis complicações cirúrgicas, sexo, necessidade de terapia específica como medicações antilitogênicas e ou encaminhamento urológico e relato de melhora com seguimento. 7 Tabela 3. Comparações entre idade, sexo, complicações cirúrgicas, necessidade de terapia específica e melhora com seguimento entre pacientes com e sem comorbidades portadores de nefrolitíase em seguimento ambulatorial regular no HRAN de janeiro de 2006 a junho de 2011 Pacientes sem Pacientes com co-morbidades co-morbidades n = 77 n = 73 36 ± 11,5 49 ± 15,3 < 0,0001* Sexo masculino; n (%) 20 (26) 29 (39,7) 0,08† Complicações cirúrgicas; n (%) 4 (5,2) 7 (9,6) 0,35† Terapia específica; n (%) 27 (35,1) 32 (43,8) 0,31† Melhora com o seguimento; n (%) 56 (72,7) 48 (65,8) 0,38† Parâmetros Idade (anos; média ± DP) * p Teste t de Student não-pareado. †Teste exato de Fisher. DISCUSSÃO Este estudo apresentou as características dos pacientes portadores de nefrolitíase em seguimento ambulatorial regular no Hospital Regional da Asa Norte em um período de cinco anos. A maioria dos pacientes era procedente do próprio Distrito Federal, em sua quase totalidade encaminhada por centro de saúde para seguimento nefrológico especializado. Em vista dos dados já relatados sobre a elevada incidência e prevalência desta patologia, era esperado que o número de pacientes em seguimento em um período tão longo fosse maior. Entretanto, estudos mostram importante dificuldade de aderência deste tipo de paciente ao acompanhamento clínico regular, principalmente quando tal seguimento não é realizado por uma equipe multiprofissional, uma vez que a mesma apresenta importante papel em reforçar a necessidade do seguimento clínico preventivo.1 A idade média do diagnóstico de litíase renal foi similar a encontrada na literatura.3-5 O número de pacientes do sexo feminino em seguimento foi maior, apesar dos estudos clássicos mostrarem maior incidência desta patologia em indivíduos do sexo masculino.10,11 Este dado pode ser explicado pela maior procura das pacientes do sexo feminino por auxílio médico e da maior aderência dessas ao tratamento clínico, ou, talvez, por encaminhamento equivocado dos pacientes do sexo masculino para acompanhamento urológico exclusivo. 8 A maioria dos pacientes apresentou diagnóstico de nefrolitíase após quadro de cólica nefrética. Entretanto, mais de 10% dos pacientes apresentou, como primeira manifestação, infecção de repetição em trato urinário. Esse dado é importante, pois a litíase renal é importante causa de infecções recorrentes em trato urinário, podendo ser a única manifestação clínica na fase inicial da doença.12 Quase metade dos pacientes apresentava co-morbidades clínicas, sobretudo hipertensão arterial, diabetes melito e doença renal crônica. Isso reflete a tendência mundial, uma vez que o progressivo envelhecimento populacional vem contribuindo para que tais patologias se tornem cada vez mais prevalentes.13 Vários estudos demonstram associação importante entre diabetes, obesidade e 9,14-16 incidência de litíase renal. maior Além disso, a própria litíase renal parece estar associada ao aumento na incidência de doença renal crônica e hipertensão.17,18 Esperava-se, em vista destes dados, um número maior de pacientes com complicações cirúrgicas, podendo isto não ter sido verificado pelo número reduzido de pacientes neste estudo, uma vez que tais complicações são frequentes. O dado demonstrado de que para a imensa maioria dos pacientes iniciou seguimento ambulatorial sem nunca ter recebido nenhum tipo de orientação nutricional prévia é extremamente importante, mostrando um profundo desconhecimento da fisiopatologia da doença por parte da classe médica, sobretudo dos clínicos gerais, que realizam o primeiro atendimento. A orientação dietética adequada apresenta um papel cardinal na inibição da litogênese, sobretudo em nossa região, caracterizada por um clima semi-árido, uma vez que as condições climáticas associada a dieta inadequada exercem influência sobre a incidência da litíase renal.6,19-23 Alguns estudos contestam a necessidade de investigação metabólica em todos os pacientes que apresentam nefrolitíase, uma vez que tais exames são onerosos, muitas vezes o distúrbio só é diagnosticado após exames repetidos e pelo fato de uma grande parcela dos casos apresentar melhora significativa apenas com orientação dietética. Desta forma, tal investigação foi em nosso estudo reservada para os casos refratários e ou com histórico de complicações graves, o que explica ter sido realizada em apenas um terço dos pacientes. Vale ressaltar que tal conduta está longe de ser um consenso, havendo opiniões discordantes.24,25 9 O distúrbios metabólicos detectados em nosso estudo, tais como hipercalciúria, hiperuricosúria, hipocitratúria e distúrbios mistos, são compatíveis com os dados encontrados na literatura.26,27 De fato, a litíase renal é doença metabólica, sendo em apenas 5% dos pacientes secundária a alguma doença sistêmica.28 Em nosso estudo, não realizamos diagnóstico de enfermidades sistêmicas como causadoras de nefrolitíase, e também não realizamos diagnóstico de distúrbios metabólicos mais raros, por exemplo, cistinúria e acidose tubular renal, podendo este dado ser explicado pelo número pequeno de pacientes estudados e pela dificuldade dos pacientes em realizar exames mais específicos como gasometria venosa e dosagem de cistina urinária, uma vez que os mesmos não são realizados pelo sistema de saúde.1 O número relativamente pequeno de pacientes encaminhados para seguimento urológico mostra a efetividade do tratamento nefrológico na prevenção da ocorrência e progressão da formação de cálculos, e a expressiva melhora dos pacientes após seguimento nefrológico (quase 70%) também corrobora tal informação, descrita em outros estudos.1 Em conclusão, o trabalho em questão forneceu importantes informações sobre o perfil epidemiológico dos pacientes portadores de litíase renal em seguimento ambulatorial em um hospital público do distrito federal e poderá servir de base para o desenvolvimento de estratégias visando ampliar a assistência nefrológica a tais pacientes. CONFLITOS DE INTERESSES Declaramos a inexistência de conflitos de interesses. REFERÊNCIAS 1. Vannucchi MTI, Geleilete TJM, Bessa EL. Calculose de vias urinárias em ambulatório do sistema único de saúde – estudo de modelo de atendimento em saúde pública. J Bras Nefrol. 2003;25:165-71. 2. Curhan GC, Curhan SG. Dietary factors and kidney stone formation. Compr Ther. 1994;20:485-9. 3. Johnson CM, Wilson DM, O’Fallon WM, Malek RS, Kurland LT. Renal stone epidemiology: a 25-year study in Rochester, Minnesota. Kidney Int. 1979;16:62431. 10 4. Hiatt RA, Dales LG, Friedman GD, Hunkeler EM. Frequency of urolithiasis in a prepaid medical care program. Am J Epidemiol. 1982;115:255-65. 5. Curham GC, Willet WC, Knight EL, Stampfer MJ. Dietary factors and the risk of incident kidney stones in younger women: Nurses' Health Study II. Arch Intern Med. 2004;164:885-91. 6. Rosa TT, Parry DC, Veiga JPR. 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