DECLARAÇÃO POLÍTICA Esta questão da reorganização dos serviços e tudo o que ela implicou politicamente, acaba por determinar o mandato autárquico, depois de quarenta meses passados e agora a sete meses das eleições autárquicas. Foi apresentada a posição dos Membros do Executivo, primeiro na reunião extraordinária de 13 de Dezembro de 2012, em que foi reprovada, por maioria, a proposta apresentada pelo Senhor Presidente da Câmara, elaborada por consultor externo. Como sabem, só eu e o Senhor Presidente da Câmara votámos favoravelmente. Em reunião ordinária, no dia 20 de Dezembro de 2012, e após reflexão e discussão de uma outra proposta, e de ponderadas outras variantes, o Executivo sob proposta do Presidente da Câmara, conforme foi por todos os membros acordado, decidiu por unanimidade o que consta na acta. Embora o modelo orgânico fosse o mesmo reprovado em 13 de dezembro, a decisão de 20 de Dezembro que o aprova, altera a sua vigência e execução. Alguns momentos antes, o mesmo Executivo aprovara por unanimidade um Mapa de Pessoal para 2013, que condicionava o provimento dos cargos dirigentes, a partir do final das comissões de serviço em vigor, porque tinha zero lugares considerados no quadro para dirigentes na nova organização dos serviços. Pensei, sinceramente que a questão se concluíra pela decisão que o Executivo, por unanimidade, tomou em 20 de dezembro de 2012. Era uma decisão, de facto, não muito comum, mas efectiva e inequívoca. Mas não. Soube-se agora, passados cinquenta e nove dias, em diário da república. A decisão conhecida esta semana, tem de ter consequência política. Não é uma decisão simples, não pode ser uma decisão a que não demos a devida atenção. A reorganização aprovada não foi uma decisão à força, todos concordaram, mas esta nova decisão que a altera parece uma decisão forçada. Comprova-se que teve consequência e eficácia na organização, com efeitos a 1 de Janeiro de 2013. Não vou discutir a validade da decisão, embora questione o seu fundamento. Para mim, está tomada. Pode ser esclarecedor questioná-la formalmente, e era até importante se isso fosse decidido. Mas, a decisão tem objectivos e motivos, especificamente políticos, terá de ter também consequências políticas. Cada um tomará as que lhe aprouver. Do ponto de vista do fundamento legal, parece-me pouco certo e informei o Executivo porquê. Haverá por certo melhores opiniões. Mas não me parece contudo, que isso seja o mais importante de tudo o que está em questão. Há uma decisão do Executivo, alterada sem que o órgão tenha sido informado ou aos seus membros dado qualquer conhecimento. Não foi uma decisão qualquer, foi uma decisão difícil, teve um envolvimento externo pouco usual, e foi tratada em duas reuniões do executivo, uma extraordinária, foi discutida primeiro, e decidida por fim, por unanimidade. O Senhor Presidente da Câmara tem todo o direito de tomar as decisões que quiser. E até de querer alterar decisões tomadas, e por isso mudar de opinião. Que o faça as vezes que entender, quando julgar conveniente, nos termos do que a Lei lhe permite. Mas também tem o dever de as explicitar. Sobretudo naquelas em que altera o que o órgão colegial a que preside deliberou, por unanimidade, também com o seu voto, nos termos das competências e atribuições do órgão. E até porque em 20 de Dezembro, quando o Executivo deliberou, já os factos invocados no despacho se tinham consumado, na véspera, aliás, por decisão do próprio Presidente. A transparência não se assegura com omissões ou desinformação. Há pois que ultrapassar este aparente problema de comunicação. Há, provavelmente, explicações e fundamentos a escutar e a procurar compreender. Compete ao Senhor Presidente da Câmara, explicar a sua decisão, e também as razões de não a ter dado a saber, em tempo razoável, a nenhum membro do executivo. E dar-nos conta dos pareceres que suportaram a necessidade da decisão. Se existirem. Ou apenas das razões e da necessidade que em concreto obrigou a esta decisão tão apressada e tão pouco clara. Não o tem que fazer necessariamente hoje, mas é oportuno que o faça nos próximos dias E depois que cada um conclua e decida como entender. 21 de fevereiro de 2013 Mário Sousa Pinto Vice-Presidente e Vereador, eleito pelo Partido Socialista